Manual de Boas Práticas · 3.7 Árvores de Risco Luís Nunes Árvores de Risco Para além da sua...

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Manual de

em Espaços VerdesBragança

Câmara Municipal2010

Boas Práticas

Boas Práticas

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3.7 Árvores de RiscoLuís Nunes

Árvores de RiscoParaalémdasuabelezaeformasgraciosas,aárvo-

reemmeiourbanodesempenhaumasériedefunçõesbenéficas.Devehaverumapreocupaçãoemasseguraravitalidadeeasegurançadasárvoresemmeiourbano,sobretudonasáreasdedomíniopúblicomastambémnasáreasdeusoprivado.Nestesentidoéimportanteoreconhecimentodasdenominadas“árvoresderisco”.

Umaárvoreéconsideradaderiscosepossuiumaestruturadebilitadaaliadaaofactodepoderviraatin-girpessoasoubensemcasodequedatotalouparcial(Dujesiefkenet al.2005;Smileyet al.2007).

Indicam-sealgumasdeficiênciasestruturais,quepodemcontribuirparaqueaárvoreem meio urbano se possa tornaruma“árvorederisco”:

1.Ramoscomdeficienteliga-çãoestruturalaotroncoemresultadoderebentaçãoemzonas que sofreram podasseveras(atarraques).

2 e 3. Limitação do normaldesenvolvimento da parteaéreaeradiculardaárvoredevidoàpresençadelinhaseléctricasnasproximidadesdacopae/ouobrasaoníveldosolo,quereminfra-estru-turassubterrâneasquernopavimento.

4.Cavidadesno troncoe/ou

nosramosdevido,porexemplo,adanosmecâ-nicosoupodridões.

5.Ramospartidosouquesofreramesgaçamento.Aquebraderamospodeterváriascausasiso-ladasouconjugadascomoventosfortes,gelo,neve, excessivo desenvolvimento de ramosporpodasdemanutençãomalconduzidasouausentes.

6.Ramosmortosouamorrerdecimaparabaixo(dieback).Estefenómenopodeserdevidoamúl-tiplos factorescomodeficiênciasnutricionais,perturbaçõesfisiológicasprovocadaspordese-quilíbriosaoníveldacopaousistemaradicular,bemcomoporataquesdepragasoudoenças.

7.Situaçõesdecascainclusacomdesenvolvimen-todeváriosramosapartirdomesmoponto.

Deficiências estruturais que podem conduzir a uma “árvore de risco”.

AdaptadodeISA(2008)

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8.Podridõesenecrosesemferidasmalcicatriza-dasoucavidadesantigas.Asferidasresultantesdocortederamoscomgrandedimensãosãomais susceptíveis de desenvolver podridõesque,senãoforemdevidamentecompartimen-talizadas, podem levar a sérias deficiênciasestruturaisinternas.

Monitorização Umainspecçãodeveterporobjectivoaavaliação

dograuemqueasaúdeeintegridadefísicadaárvoreseencontramafectadase,posteriormente,aavaliaçãodoriscoparaaspessoas.

Devepromover-seasegurançadasárvoresemmeio urbano, quer privadas quer no espaço público.Umainspecçãoregulardasárvorespermitirádetectaratempadamentesituaçõesderisco.Fazerumainspecçãoanualouacadadoisanoséumaboaprática.Emárvores

deriscocomgrandeporteeidadeavançada,pode-sefazermaisdoqueumainspecçãoporano,semprequesejustifique,comoporexemploaseguiraventosintensoseprolongadosouquedaacentuadadeneve.

Aavaliaçãodeárvoresderiscobaseia-sesobre-tudonométododaanálisevisual.Numaanálisedestetipodeve-seobservaratentamenteaárvoreanalisandoavitalidadegeraleprocurandosintomasedefeitos.In-dicam-sealgunsdosprincipaispontosaterematenção:

1. Identificação e Localização - aárvorederiscoeolocaldasuaimplantaçãodevemserreferen-ciados para facilitar o seu acompanhamentocontínuo.

2. Meio Envolvente - averiguarsehálimitaçõesao normal crescimento da parte aérea e dosistemaradiculardaárvore(fiação,canalizaçõessubterrâneas, pavimento); analisar potenciais

A – bifurcação com ligação estrutu-ral forte.B – bifurcação com ligação estrutural fraca (casca inclusa).AdaptadodeShigo(1994)

À esquerda, cavidade no tronco.

Ao centro, fenda no tronco.(Dujesiefkenet al.,2005)

A B

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problemasdedrenagemoudecompactaçãodosolo;identificarpotenciaisalvosnaeventu-alidadedequedadaárvore.

3. Aspecto Geral da Árvore - identificarpossíveisdesequilíbrios na arquitectura da copa e/ouinclinaçãoacentuadadotronco;avaliaravitali-dadegeral,analisandoaspectoscomograusdedesfolhaedescoloração,aexistênciaderamosmortosouamorrerdecimaparabaixo(dieba-ck)eaabundânciaderebentosepicórmicos.Reconhecerpossíveissintomasdapresençadepragasedoenças.

4. Tronco e Ramos - identificardeficiênciasestru-turaiscomoaexistênciaderamoscodominan-tescomuniãofracaporcascainclusa,ramospar-tidosouesgaçados,presençaderachadurasoufendasabertaseprofundasnotroncoeramos,existênciadecavidades(verfiguras),desenvol-

Estruturas de frutificação de fungos.(Dujesiefkenet al.2005)

vimentodepodridões,necrosesoucancrosemferidasresultantesdecortesdapoda.

5. Base do tronco - asinspecçõesaoníveldabasedotroncopodemdarindicaçõesimportantesacercadavitalidadedosistemaradicular,name-didaemqueesteédifícildemonitorizar.Juntaàbasedotroncodevem-seprocurarsinaisdapresençadefungosprejudiciaisàárvorecomoéocasodasestruturasde frutificação (cogu-melos)oudepodridões.Aexistênciadetecidotumoralouemissãodeexsudadosaoníveldotroncotambémpodemestarrelacionadascomproblemasradiculares.

Medidas para a minimização de riscosAescolhadeespéciesbemadaptadas,comum

porteadequadoaolocaldeimplantação,bemcomoacorrectaformaçãodaárvoredesdeasuajuventudesãomedidasqueevitamgrandementeoseuevoluirparaumasituaçãoderisco.

Quando estamos perante uma árvore de risco,para além da própria natureza dos problemas iden-tificados, as medidas a tomar para os solucionar sãoigualmente função da pressão populacional sobre olocalondeaárvoreseencontra.Emáreasdeelevadaafluência de público, não é possível correr quaisquerriscos. Nas zonas de menor pressão populacional, olequedeopçõesémaisvariado.

PodasOsramoscomdeficiênciasestruturais,emconflito

cominfra-estruturas,demasiadodesenvolvidos,assimcomoosramospartidosemortos,devemsercortados,tendo em atenção as regras para uma poda correcta(vercapítulo3.4).

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LimpezadeferidasecavidadesAspodridõespoucoextensas,emferidasresul-

tantesdecortesouemcavidades,podemserlimpasnatentativadequeaárvoreconsigacompartimentalizaraszonasafectadas.

EstabilizaçãodotroncoouderamosQuandohárachadurasoufendasnotroncoou

em ramos e que não afectam consideravelmente aresistênciadaárvore,podemaplicar-secabosdeliga-çãoeabraçadeirascomomeiodesuporte físicoparaaumentararesistênciaeaestabilidade.

RemoçãodaárvoreÁrvoresmortas,árvorescomgravesdeficiências

estruturaiseárvorescomdeclínioacentuadodevidoapodridõesinternas,emriscodeatingirempessoasoubens, devem ser removidas e substituídas por outrasbemadaptadas.

Aavaliaçãodaestabilidadedaárvorenocasodesuspeitadaexistênciadepodridõesinternasdeveserfeitaporprofissionaisrecorrendoaaparelhospróprioscomoéocasodoresistógrafo.

Um outro aspecto importante a ter em conta

prende-secomoimpactodasmedidastomadassobrea vida selvagem. Se simultaneamente conseguirmosatingirosobjectivosdesegurançaeaumentodabio-diversidade,tantomelhor(Shigo,1994).

BibliografiaDujesiefken,D.,Drenou,C.,Oven,P.andStobbe,H.2005.

Arboriculture Practices. In:Konijnendijk,C.,Nilsson,K.,Randrup,T.andSchipperijn,J. (Eds.).Urban

Forests and Trees.Springer.ISA2008.Recognizing Tree Hazards.InternationalSociety

ofArboriculture.Emwww.treesaregood.comShigo,A.L.1994.TouchTrees.Modern Arboriculture. Shigo

andTreesAssociates,USA.Smiley,E.,Fraedrich,B.,andFengler,T.2007.Hazard Tree

Inspection, Evaluation, and Management. In:Kuser,J.,Ed.UrbanandCommunityForestryintheNorth-east.Springer.

Ao lado,evidências de podridão inter-na.

À esquerda,resistógrafo.