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Maria Firmina

dos Reis1822-1917

ALVES, Tony Romerson. Retrato de Maria Firmina dos Reis a pastel seco, 2018.

Vida & obra • Nasceu em São Luís/MA, 1825; faleceu em Guimarães/MA, em 1917• Foi registrada como filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos

Reis. negra, filha ilegítima, era prima do escritor maranhense FranciscoSotero dos Reis por parte da mãe

• Em 1847, foi a primeira professora primária negra a exercer a funçãocomo concursada no Brasil

• A primeira: mulher a publicar obra no Brasil e, ainda mais, mulher negra• Úrsula é o primeiro romance de autoria feminina do Brasil: tema e corlocais (expressão do Machado de Assis sobre originalidade)

• A escritora fora ignorada na época e por gerações posteriores, e ficouesquecida por 122 anos

• Maranhão era conhecida na primeira metade do séc. XIX como AtenasBrasileira – discussão sobre direitos civis e intelectualidade avançados

• Compôs o Hino da Libertação dos Escravos em 1888• O crítico e teórico Horácio de Almeida, em 1975, é quem “redescobre” a

autora e seu romance• Importante ressaltar: seu nascimento é três anos após a independência

do país e seu falecimento é no ano da Semana da Arte Moderna• Dia 11 de Outubro (Nascimento de Maria Firmina) é o Dia da Mulher

Maranhense

Busto em bronze de maria Firmina dos Reis a frente da Biblioteca

Pública Benedito Leite, MA.

Bibliografia

• Úrsula. Romance, 1859.• Gupeva. Romance, 1861/1862 (O jardim dos

Maranhenses) e 1863 (Porto Livre e Eco daJuventude).

• Poemas em: Parnaso maranhense, 1861.• A escrava. Conto, 1887 (A Revista Maranhense n° 3)• Cantos à beira-mar. Poesias, 1871.• Hino da libertação dos escravos. 1888.

• Composições musicais: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra de Gonçalves Dias emúsica de Maria Firmina dos Reis); Hino àMocidade (letra e música); Hino à liberdade dosescravos (letra e música); Rosinha, valsa (letra emúsica); Pastor estrela do oriente (letra emúsica); Canto de recordação (“à Praia de Cumã”;letra e música).

HINO À LIBERDADE DOS

ESCRAVOS

Salve Pátria do Progresso!

Salve! Salve Deus a Igualdade!

Salve! Salve o Sol que raiou hoje,

Difundindo a Liberdade!

Quebrou-se enfim a cadeia

Da nefanda Escravidão!

Aqueles que antes oprimias,

Hoje terás como irmão!

Estrutura da obra.

REIS, Maria Firmina. Úrsula. São Luís: Typographia do Progresso, 1859.

• 1º romance brasileiro de autoria feminina e negra• Tema e ambiente brasileiros (cor local como definiu

Machado de Assis sobre a originalidade dosbrasileiros)

• Além e aquém da estética/padrão romântica• Romance folhetinesco• Dividido em capítulos• Narrador: predominantemente em 3ª pessoa,

discurso indireto, porém com alguns lapsos dediscurso direto (1ª pessoa, arroubos confessionais)

• Podemos dizer que a autora inaugura no Brasil odiscurso indireto-livre

• Autora pré-realista• Linguagem: norma culta padrão informal da época

DUAS PERSPECTIVAS NARRATIVAS

PLANO ROMÂNTICOA ideia de que somos escravos do amor e da

sociedadePLANO REALISTA

Plano de fundo

O narrador se coloca entre a 1ª e a 3ª pessoaDiscursos indireto e indireto-livre

Foco do romance

Idealização e exagero A denúncia e crítica

O amor, a natureza, osofrimento, a morte

A escravidão, a dor, odesajuste, a desigualdade, amisoginia, as violências

• Os nomes de lugares são ocultados por *** e de pessoas por ... talvez porque eram cidades/comarcas ecidadãos reais da época

• Os nomes de pessoas e de locais eram ocultados talvez para tornar a narrativa mais realista

• O amor liberta, corrige, transforma: contudo não aos negros ou aos que eram favoráveis à causa negra

• Parece que a história de amor serve como proteção para que a verdadeira história seja narrada: a dadenúncia da escravidão

A obra em análise...Capítulo por capítulo

Capítulo I: Duas almas generosas

• Descrição da beleza natural do Brasil(elemento ufanista romântico)

• Apresentação do amor e do tom danarrativa

• Apresenta um jovem melancólico: +- 25anos, aristocrata

• Tancredo: sofrera um acidente e forasocorrido por um escravo

• O mancebo e o escravo (Túlio) tornam-seamigos

• Discurso de fraternidade e de igualdade deTancredo (p.18)

• Em recompensa, oferecida por Tancredo,Túlio pede generosidade a todos os escravos– discurso da coletividade (p.19)

O discurso direto e o tom da narrativa

Eu amo a solidão; porque a voz do senhor aíimpera; porque aí despese-nos o coraçãodo orgulho da sociedade, que o embola,que o apodrece, e livre dessa vergonhosacadeia, volve a Deus e o busca ― e oencontra; porque com o dom da ubiquidadeEle aí está! (p.9)

O discurso de coletividade de Tulio

― A! meu senhor. ― <<exclamou o escravoenternecido>> ― como sois bom! Continuai, euvo-lo suplico, em nome do serviço que vos presto,e a que tanta importância quereis dar, continuai,pelo céu, a ser generoso, e compassivo para comtodo aquele que, como eu, tiver desventura de servil e miserável escravo! Costumados comoestamos ao rigoroso desprezo dos brancos,quanto nos será doce vos encontrarmos no meiodas nossas dores! Se todos eles, meu senhor, seassemelhasse a vós, por certo mais suave seria aescravidão. (p.19)

O discurso de fraternidade e igualdade de Tancredo

― Cala-te, ó! Pelo céu, cala-te, meu pobre Tulio ―<<interrompeu o jovem cavalheiro>> ― dia virá emque os homens reconheçam que são todos irmãos.Tulio, meu amigo, eu avalio a grandeza de dores semlenitivo, que te borbulha na alma, compreendo tuaamargura, e amaldiçoo em teu nome ao primeirohomem que escravizou a seu semelhante. Sim ―<<prosseguiu>> ― tens razão; o branco desdenhou agenerosidade do negro, e cuspiu sobre a pureza dosseus sentimentos! Sim, acerbo deve ser o seu sofrer, eeles que não o compreendem! Mas, Tulio, espera;porque Deus não desdenha aquele que ama ao seupróximo... e eu te auguro um melhor futuro. E tededicaste por mim! Ó! Quanto me há penhorado! Seeu te pudera compensar generosamente... Tulio ―acrescentou após breve pausa ― ó dize, meu amigo,o que de mim exiges; porque toda a recompensa serámesquinha para tamanho serviço. (p.18)

Capítulo II: O Delírio • Tancredo delira sobre o amor não correspondido por Adelaide (órfã, cap. IV)• Úrsula: filha de Luísa B., cuidava do mancebo – Tulio era escravo delas• Ela está apaixonada pelo mancebo: sofria• Tancredo compreende a amargura da escravidão, e Tulio reconhece isso (p.27-28)

Tulio reconhece a humanidade de Tancredo

― Homem generoso! Único que soubeste compreender a amargura do escravo! ... Tu que não esmagaste com desprezo aquem traz na fronte estampado o ferrete da infâmia! Porque ao africano seu semelhante disse: ― és meu! ― ele curvou afronte, e humilde, e rastejando qual erva, que se calcou aos pés, o vai seguindo? Porque o que é senhor, o que é livre, temsegura em suas mãos ambas a cadeia, que lhe oprime os pulsos. Cadeia infame e rigorosa, a que chamam: ― escravidão?!...E entretanto este também era livre, livre como pássaro, como o ar; porque no seu país não se é escravo. Ele escuta a nêniaplangente de seu pai, escuta a canção sentida que cai dos lábios de sua mãe, e sente como eles, que é livre; porque a razãolhe diz, e a alma o compreende. Ó! A mente! Isso sim ninguém a pode escravizar. Nas asas do pensamento o homemremonta-se aos ardentes sertões da África, vê os areais sem fim da pátria e procura abrigar-se debaixo daquelas árvoressombrias do oásis, quando o sol requeima e o vento sopra quente e abrasador: vê a tamareira benéfica junto à fonte, que lheamacia a garganta ressequida: vê a cabana onde nascera, e onde livre vivera! Desperta porém em breve dessa doce ilusão,ou antes sonho em que se engolfara, e a realidade opressora lhe aparece ― é escravo e escravo em terra estranha! Fogem-lhe os areais ardentes, as sombras projetadas pelas árvores, o oásis no deserto, a fonte e a tamareira― foge a tranquilidadeda choupana, foge a doce ilusão de um momento, como ilha movediça; porque a alma está encerrada nas prisões do corpo!Ela chama-o para a realidade, chorando, e o seu choro, só Deus compreende! Ela, não se pode dobrar, nem lhe pesam ascadeias da escravidão; porque é sempre livre, mas o corpo geme, e ela sofre, e chora; porque está ligada a ele na vida porlaços estreitos e misteriosos. (p.27-28)

Capítulo III: A declaração de amor

• Tancredo dá a quantia necessária paraTulio alforriar-se (p.30-31)

• Tulio passa dedicar-se ao mancebo por“vontade própria” – EDUCAÇÃO DASERVIDÃO

• Úrsula sofre por conta de seu amorplatônico (p.33)

• O amor platônico parece ser algodesconhecido para Úrsula e ainda maispara o narrador (p.34)

• Tancredo declara-se a Úrsula (p.37)• Tudo é exagerado: ele a conhece

durante o delírio, e ela o corresponde –o amor é um delírio

― Aí de novo entregue a seus pensamentos Úrsulaperguntava a si própria a causa de seus sofrimentos, e àsvezes chegava a persuadir-se que seu fim estava próximo,e sorria-se. Pobre menina!... (p.33)

― Mas amava ela a alguém? Ao cavalheiro? Talvez!Úrsula sentia uma vaga necessidade de ser amada, deamar mesmo; mas em quem empregar esse amor, quedevia ser puro como a luz do dia, ardente como o fogo demadeira resinosa?! Em quem?! Não o sabia ainda. (p.34)

O que sinto por vós ―<<continuou comovido>>―é veneração, e a mulher a que se venera, rende-se umculto de respeitosa adoração, ama-se sem desejos, enesse amor não entra a satisfação dos sentidos. (p.37)

Capítulo IV: A primeira impressão

• Tancredo conta sua história: o amor que tinha pela mãe• Tinha consciência da relação misógina do pai (70 anos) com a mãe: indignava-se (p.46)• Adelaide, primeiro amor dele, era órfã e pobre, por isso ela o rejeitou: o pai dele não

aceitaria a união (p.49)

Não sei porque; mas nunca pude dedicar a meu paiamor filial que rivalizasse com aquele que sentia por minhamãe, e sabeis por quê? É que entre ele e sua esposa estavacolocado o mais despótico poder: meu pai era o tirano de suamulher; e ela, triste vítima, chorava em silêncio, e resignava-secom sublime brandura. (p.46)

Capítulo V: Entrevista

• A mãe de Tancredo era submissa,conscientemente oprimida

• Adelaide compreendia a situação ea impossibilidade da relação comTancredo (p.51)

• O pai, enfim, consente com a uniãodos dois: mediante condição dofilho aguardasse um ano para ocasamento

• Adelaide é muito jovem• O pai conseguiu um emprego para

Tancredo em outra cidade, longe(p.59)

Capítulo VI: A despedida

• A despedida de Tancredo dafamília e de Adelaide

• Fora trabalhar em outracomarca

Capítulo VII: Adelaide

• Tancredo recebe ordenação dogoverno para prestar serviço emoutra comarca após um ano

• Retorna a sua casa, onde encontrauma carta de sua mãe de mesesantes, pouco antes da enfermidadedele – ELA FALECERA

• Retorna a sua cidade mais de umano depois

• Reencontra Adelaide no salão decasa: ela parece de outra classesocial, com vestidos e joias

• Adelaide trata Tancredo com friezae confessa: TORNARA-SE ESPOSADO PAI DELE

• A ira de Tancredo• O pai chega em casa: fica em

silêncio; só Adelaide reage

― Silêncio, senhor ― <<bradou-me comorgulho e desdém>> ― silêncio ― estais napresença da mulher de vosso pai, e respeitai-a.― Não, não me hei de calar, ― <<redarguifurioso>> ― não me pode esmagar o teudesdenhoso acento. Monstro, demônio,mulher fementida, restitui-me minha pobremãe, essa que também foi tua mãe, queagasalhou no seio a áspide que havia mordê-la! Ó! Dívida é esta que jamais me poderáspagar; mas a Deus, ao inferno, a pagarás semdúvida. Foi essa a gratidão com que lhecompensaste os desvelos de que te cercou nainfância, a generosidade com que te amou?!(p.70 – cap.VII)

A resposta de Tancredo à traição do pai e deAdelaide:

― Tendes razão, senhora ― <<disse-lhe>> ―Sentis que vos incomodo? Assim deve ser. Eu soupara vós o remorso vivo. Esperai, não será longoo tempo que gastarei aqui; porque também meincomoda a vossa presença; porque nesta casarespira-se um hálito pestilento; porque aquienfim estais vós. Pouco me demorarei ― sóquero dizer-vos:

― Mulher odiosa! Eu vos amaldiçoo.(p.71-72 – cap.VII)

Capítulo VIII: Luísa B.

• A história recente de Luísa B...• Mãe de Úrsula, paralítica há 12 anos

▪Paulo B: marido de Luísa B, era infiel egastara toda a fortuna dela – já falecido

▪Úrsula recém havia nascido▪Paulo fora assassinado e, meses depois,

veio a paralisia• Fato era que ninguém sabia ao certo sabia

quem era o assassino• Comendador F. de P:O irmão de Luísa pagou

as dívidas do falecido, tomou a fazenda dafamília e abandonou a irmã e a sobrinha

• Tancredo promete cuidar e amar Úrsula• Luísa B estava no leito de morte: abençoa a

união dos dois

― Ó! Isso é horrível! E sabeis vós quemfoi o seu assassino?― Não, senhor ― Ninguém, a não ser eu,sentiu a morte de meu esposo. A justiçaadormeceu sobre o fato, e eu, pobremulher, chorei a orfandade de minhafilha, que apenas saía do berço, sem umaesperança, sem um arrimo, e algunsmeses depois, veio a paralisia ― essameia morte ― roubar-me o movimento etirar-me até o gozo ao menos de seguiros primeiros passos desta menina, que océu me confiou.

(p.81)

Capítulo XIX: A preta Susana

• Susana: escrava que cuidou deTúlio como filho▪Triste por ver Túlio partir▪Voz popular e crítica do

romance: a escravidão tiroutudo dela

▪Conta a sua história: daÁfrica ao Cativeiro (p.91-92)

▪As torturas e sofrimentosdo porão do navio negreiroà senzala no Brasil

▪A dor que só pode sersilenciada com a morte(p.95)

A africana limpou o rosto com as mãos, e um momento depoisexclamou:― Sim, para que estas lágrimas?!... Dizes bem! Elas são inúteis, meuDeus; mas é um tributo de saudade, que não posso deixar de render atudo quanto me foi caro! Liberdade! liberdade... a! eu gozei namocidade! ― <<continuou Susana com amargura>> ― Túlio, meufilho, ninguém a gozou mais ampla, não houve mulher alguma maisditosa do que eu. Tranquila no seio da felicidade, via despontar o solrutilante e ardente do meu país, e louca de prazer a essa hora matinal,em que tudo aí respira amor, eu corria as descarnas e arenosas praias,e aí com minhas jovens companheiras, brincando alegres, com sorrisonos lábios, a paz no coração, divagamos em busca das mil conchinhas,que bordam as brancas areias daquelas vastas praias. A! meu filho!Mais tarde deram-me em matrimônio a um homem, que amei como aluz dos meus olhos, e como penhor dessa união veio uma filha querida,em quem me revia, em quem tinha depositado todo o amor da minhaalma: ― uma filha, que era a minha vida, as minhas ambições, aminha suprema ventura, veio selar a nossa santa união. E esse país deminhas afeições, e esse esposo querido, e essa filha tão extremamenteamada, a Túlio! Tudo me obrigaram os bárbaros a deixar! Ó! Tudo atéa própria liberdade! (p.91-92)

Meteram-me a mim e a mais trezentoscompanheiros de infortúnio e de cativeiro noestreito e infecto porão de um navio. Trinta diasde cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudoquanto é mais necessário à vida passamos nessasepultura até que abordamos as praiasbrasileiras. Para caber a mercadoria humana noporão fomos amarrados em pé e para que nãohouvesse receio de revolta, acorrentados comoanimais ferozes das nossas matas, que se levampara o recreio dos potentados da Europa.Davam-nos a água imunda, podre e dada amesquinhez, a comida má e ainda mais porca:vimos morrer ao nosso lado muitoscompanheiros à falta de ar, de alimento e deágua. É horrível lembrar que criaturas humanastratem a seus semelhantes assim e que não lhesdoa a consciência de leva-los à sepulturaasfixiados e famintos! (p.92-93)

[...] Túlio, meu filho, eu as amo de todo o meucoração, e lhes agradeço: mas a dor, que tenhono meu coração, só a morte poderá apagar! ―meu marido, minha filha, minha terra... minhaliberdade...

e depois ela calou-se, e as lágrimas, quelhe banhavam o rosto rugoso, gotejaram naterra.

(p.94-95)

Capítulo X: A mata

• Tancredo parte• Úrsula encontra uma homem

estranho (seu tio) na mata,mas ele a conhece

• Ele não diz seu nome, porémse declara à moça

• Ela não o corresponde• Então, ele se revela:

Comendador F. de P...

Capítulo XI: O derradeiro adeus

• Certo dia, um escravo do comendador entrega uma carta a LuísaB.

• F. de P... pede perdão à irmã pelos males que lhe causou (p.114)• Assina a carta: Fernando de P...• Úrsula liga os pontos: o caçador misterioso da mata entrou na casa

sem se anunciar ― era Fernando▪ Há 18 anos não se viam por causa do ódio de Fernando por

Paulo B.▪ Fernando vivia solitário, com ilusões amorosas constantes que

o embruteceram• Úrsula desconfia que o tia tenha assassinado seu pai (p.117)• Luísa B. estava prestes a morrer: desejava falar à filha

[...] Seu aspecto, suas ameaças, seu amor violento e libidinoso já otornavam repelente e agora via nele Fernando P..., o perseguidor desua mãe e talvez o assassino de seu pai!... O coração pulsava-lhecom veemência― parecia querer estalar.

(p.117)

Capítulo XII: Foge

• Luísa B. confidencia àÚrsula que Fernandoacabara de confessar oassassinato de Paulo B.(p.121)

• Fernando retornaria nooutro dia com umsacerdote para realizarseu casamento com asobrinha

• Luísa aconselha a filha afugir: “Foge!” foram suasúltimas palavras

• Luísa B. morre

Capítulo XIII: Cemitério

Santa Cruz

• A dor de Úrsula pelamorte da mãe

• Tancredo e Túlio chegama tempo: Úrsula estavaem transe no túmulo damãe (p.129)

Capítulo XIV: O Regresso

• Túlio sente ódio das terras de SantaCruz, onde nasceu e sua mãe morreu

• Fazenda de Fernando

― Se os habitei, perguntais?! A! este é o lugar de meu nascimento;mas que eu detesto, que eu amaldiçoo do fundo da minha alma;porque aqui minha pobre mãe, à força de tratos mais bárbaros,acabou seus míseros dias!― O!― <<exclamou Tancredo vivamente tocado.>>

(p.136 – cap.XIV)

Capítulo XV: O convento de ***

• Úrsula convence Tancredo a fugirem• Abrigaram-se no convento de Nossa

Senhora da ***

Capítulo XVI: O comendador Fernando P...

• O comendador sai à caça do casal• Tinha fama de assassino e de mandante de

assassinatos (p.151)• Consciência pesada de Fernando ao chegar no

cemitério Santa Cruz• Ódio por Úrsula e Tancredo• A perversidade: resolve vingar-se da negra Susana

por não tê-los encontrado no cemitério (p.152)• O feitor, Antero, avisou Susana para fugir, contudo ela

preferiu enfrentar o comendador e seu destino• Um dos escravos denuncia onde Úrsula estava, e

Susana é presa• Fernando está tomado pelo ódio

― Que me tragam sem detença Susana.Ouvis, senhor? Que a tragam de rastos.Que a atem à cauda de um fogoso cavalo,e que o fustiguem sem piedade, e...― Senhor comendador ―<<observou ohomem, que recebia as ordens>> ― elachegará morta.―Morta?... Não, poupem-lhe um resto devida, quero que fale, e demais reservo-lheoutro gênero de morte. (p.152)

Capítulo XVII: Túlio

• Cerimônia de casamentode Tancredo e Úrsula(p.165)

• Túlio desaparece: foraabordado por doishomens e feito emcativeiro, onde estavaFernando

• Fernando sabe de tudo jáe jura matar Tancredo(p.168)

• A fidelidade de túlio aTancredo faz Fernandoordenar que entreguem onegro a Antero (o feitor)

Capítulo XVIII: A dedicação

• Túlio fugiu e deixou Anteroamarrado no tronco para queFernando não desconfiasse dacumplicidade deles

• Foi para o convento• foi surpreendido na estrada pelos

perseguidores: MORTO A TIROS(p.176)

• Tancredo e Úrsula presenciam acena: ele sai atirando e ferelevemente Fernando

• Rendidos: imploram a Fernando• Beijam-se (p.178)• Fernando, covardemente, crava um

punhal no peito de Tancredo (p.179)• Tancredo morre nos braços da

amada: ROMEU E JULIETA

Capítulo XIX: O Despertar

• Fernando perde o sono do dia dacatástrofe

• Úrsula entrou em estado deletargia/choque (p.182-183)

• Ela tornou-se num remorso vivopara Fernando

• Fernando descobre o que é a dor:amava Úrsula, sofria por ela

• Quando ela desperta, sorri paraele: estava louca (p.184-185)

Capítulo XX: A louca

• O corpo de Susana é carregadoenvolto numa rede velha

• Fernando: assassino de Tancredo,Túlio, Paulo B, Susana

• O padre acusa Fernando (p.188)• Úrsula definha lentamente

― Ao contato desses lábios amados, ela abriuseus grandes olhos alquebrados pela dor, ecom um olhar que exprimia a mais singular eindefinível ternura, pareceu dizer-lhe:― Amo-te!Depois esses dois astros de amor, que

guiavam ainda no perigo, ou nas trevas dadesesperação, ao infeliz mancebo, recaíramem seu lânguido torpor.Esse beijo foi a expressão profunda de tão

sublime amor: foi o primeiro, o casto e puroósculo de amor, que o comendador jurou aser o derradeiro.

(p.178 – cap.XVIII)

E o infeliz Tancredo no último transe de suaíntima agonia estendeu os braços e exclamoucom delírio amoroso:― Úrsula! Minha Úrsula!Então a donzela despertou do seu dorido

letargo, abriu os olhos, e num excesso deamor apaixonado, e de uma dor íntima,lançou-se sobre o seu desditoso esposo, eunindo-o ao coração, recebe-lhe o derradeirorespiro.

(p.179-180 – cap.XVIII)

EPÍLOGO capítulo, comentário ou cena, geralmente breve,que, no final de uma narrativa, uma peça teatral,alude ao destino das personagens maisimportantes da ação, depois de ocorrido odesenlace, ou revela fatos posteriores à ação,complementando o sentido.

• 2 anos depois dos acontecimentos• O narrador se coloca na 1ª pessoa do plural (nós)• Os crimes cometidos por Fernando P... ficaram impunes• Fernando: entra para o convento, já velho (p.195-196)

▪ Intitula-se Frei de Santa Úrsula▪Doente, louco, moribundo

• Ficamos sabendo que Úrsula morreu: louca e sofrendo demuita dor (p.197)