Mário faustino

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PESQUISA SOBRE MARIO FAUSTINO

ALUNA:CLEIDIANE ESPINDOLA ALUNA:RICHELLE LOPES ALUNA:MARIANE SARGES ALUNA: SUZIANE

Amante da morte

 “Sinto hoje, no coração, um vago tremor de estrelas

Amante da morte

 “Sinto hoje, no coração, um vago tremor de estrelas

Lançou um único livro de poesia em vida, O Homem e Sua Hora (1955), que a Companhia das Letras acaba de reeditar, numa versão de bolso. Embora não tenha estabelecido um jeito original de versejar, desempenhou um papel decisivo e aglutinador. Representou uma figura de apoio entre duas pontas até então inconciliáveis: a tradição e a transgressão. Permitiu, assim, o surgimento do concretismo e a subseqüente valorização da recriação na tradução. Assumiu uma condição ambivalente de vanguarda na crítica e retaguarda na poesia com o lema "repetir para aprender, criar para renovar". Lançou um único ‘

Lançou um único livro de poesia em vida, O Homem e Sua Hora (1955), que a Companhia das Letras acaba de reeditar, numa versão de bolso. Embora não tenha estabelecido um jeito original de versejar, desempenhou um papel decisivo e aglutinador. Representou uma figura de apoio entre duas pontas até então inconciliáveis: a tradição e a transgressão. Permitiu, assim, o surgimento do concretismo e a subseqüente valorização da recriação na tradução. Assumiu uma condição ambivalente de vanguarda na crítica e retaguarda na poesia com o lema "repetir para aprender, criar para renovar". Lançou um único ‘

Natural de Teresina (PI), morreu precocemente em 1962, aos 32 anos, num desastre aéreo. Em sua trajetória curta, transformou a crítica literária com uma página semanal no Jornal do Brasil, atormentando o compadrio elogioso entre os amigos e enfrentando figurões do porte de Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade. Como tradutor, sincronizou o horário brasileiro com os relógios poéticos da Europa e dos Estados Unidos ao verter Charles Baudelaire, T. S. Eliot, Ezra Pound, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine.

Natural de Teresina (PI), morreu precocemente em 1962, aos 32 anos, num desastre aéreo. Em sua trajetória curta, transformou a crítica literária com uma página semanal no Jornal do Brasil, atormentando o compadrio elogioso entre os amigos e enfrentando figurões do porte de Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade. Como tradutor, sincronizou o horário brasileiro com os relógios poéticos da Europa e dos Estados Unidos ao verter Charles Baudelaire, T. S. Eliot, Ezra Pound, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine.

O som desta paixão esgota a seiva Que ferve ao pé do torso; abole o gesto

De amor que suscitava torre e gruta, Espada e chaga à luz do olhar blasfemo;

O som desta paixão expulsa a cor Dos lábios da alegria e corta o passo

Ao gamo da aventura que fugia; O som desta paixão desmente o verbo

Mais santo e mais preciso e enxuga a lágrima Ao rosto suicida, anula o riso;

O som desta paixão detém o sol, O som desta paixão apaga a lua.

O som desta paixão acende o fogo Eterno que roubei, que te ilumina A face zombeteira e me arruína.

O som desta paixão esgota a seiva Que ferve ao pé do torso; abole o gesto

De amor que suscitava torre e gruta, Espada e chaga à luz do olhar blasfemo;

O som desta paixão expulsa a cor Dos lábios da alegria e corta o passo

Ao gamo da aventura que fugia; O som desta paixão desmente o verbo

Mais santo e mais preciso e enxuga a lágrima Ao rosto suicida, anula o riso;

O som desta paixão detém o sol, O som desta paixão apaga a lua.

O som desta paixão acende o fogo Eterno que roubei, que te ilumina A face zombeteira e me arruína.

Necessito de um ser, um ser humano Que me envolva de ser

Contra o não ser universal, arcano Impossível de ler

À luz da lua que ressarce o dano Cruel de adormecer

A sós, à noite, ao pé do desumano Desejo de morrer.

Necessito de um ser, de seu abraço Escuro e palpitante

Necessito de um ser dormente e lasso Contra meu ser arfante:

Necessito de um ser sendo ao meu lado Um ser profundo e aberto, um ser amado.

Necessito de um ser, um ser humano Que me envolva de ser

Contra o não ser universal, arcano Impossível de ler

À luz da lua que ressarce o dano Cruel de adormecer

A sós, à noite, ao pé do desumano Desejo de morrer.

Necessito de um ser, de seu abraço Escuro e palpitante

Necessito de um ser dormente e lasso Contra meu ser arfante:

Necessito de um ser sendo ao meu lado Um ser profundo e aberto, um ser amado.