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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
UNVERSIDADE DE SÃO PAULO
MAURÍCIO VOLCOV VIVEIROS
PLANEJAMENTO NA ESCOLA: O QUE EXISTE E O QUE É POSSÍVEL?
SÃO PAULO
2012
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
MAURÍCIO VOLCOV VIVEIROS
PLANEJAMENTO NA ESCOLA: O QUE EXISTE E O QUE É POSSÍVEL?
Trabalho apresentado à Universidade de São Paulo para obtenção do título de especialista em Gestão do Currículo para Professores Coordenadores.
Orientação: Marcia Regina Fogaça
SÃO PAULO
2012
REDEFOR
Universidade de São Paulo
Planejamento na escola: O que existe e o que é possível? / Maurício Volcov Viveiros, São Paulo : REDEFOR /USP, 2012.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que me proporcionou saúde, paciência e garra para conseguir superar as dificuldades encontradas no curso.
Aos meus pais, Parascovia Virjinia Volcov Viveiros e Antonio de Viveiros, que sempre me incentivaram e me deram os melhores ensinamentos para sempre seguir o melhor caminho.
A minha esposa Jaqueline Cardoso Volcov, por sempre estar ao meu lado, nos melhores e piores momentos, por me ajudar, dar luz, amor, carinho e fazer de mim o homem mais amado do mundo.
Aos meus filhos Kelly Cristina, Maurício Jr. e Lucas Eduardo que são as razões de meu viver,
A Orientadora Profa. Dra. Marcia Regina Fogaça pela paciência e por ter dado toda orientação necessária durante o curso.
A Secretaria de Estado da Educação por ter oferecido o curso e acreditar que, para uma Educação de qualidade, é necessário investir nos profissionais que vivem a Educação e ao corpo docente da USP, que conduziram as orientações com muita confiança e sabedoria.
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................................5
ABSTRACT...............................................................................................................................6
1NTRODUÇÃO.........................................................................................................................7
1. PLANEJAMENTO NA ESCOLA: O QUE É REAL E O QUE É ILUSÃO.........................8
2. AVALIAÇÃO NA ESCOLA: CONCEPÇÕES...................................................................11
2.1. TIPOS DE AVALIAÇÃO.................................................................................................12
2.2. AVALIAÇÃO NA ESCOLA ATUALAMENTE.............................................................14
3. PLANEJAMENTO E PRÁTICA AVALIATIVA NA ESCOLA HOJE..............................16
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................19
RESUMO
O propósito deste trabalho é analisar como é visto o planejamento e a avaliação no
âmbito escolar .
Os aspectos sociais e econômicos sempre foram vistos como elementos responsáveis
pelo fracasso da escola, não atribuindo um grau de importância às ações de planejamento e
avaliação na escola.
O Planejamento sempre foi visto como um apanhado de papéis sem importância e a
Avaliação como uma forma de reproduzir aquilo que o professor passou em aula por meio da
famosa “decoreba”, este trabalha trás formas de se ver o Planejamento e Avaliação em outra
perspectiva, onde se obtém melhores resultados.
Este trabalho teve como base os estudos de Libâneo (1994), Freire (2008), Luckesi
(2005), Hoffmann (1993, 2000) e Vasconcellos (2000) que mostram a perspectiva da
avaliação o planejamento a partir do enfoque histórico e processual, considerando-se o
contexto atual da sociedade, além de algumas perspectivas a partir de bases teóricas, que se
confrontam com a realidade sobre a avaliação e o planejamento.
Palavras-chave
Educação, Avaliação, Planejamento, Sociedade.
ABSTRACT
The purpose of this paper is to analyze as seen planning and evaluation in schools.
The social and economic aspects have always been viewed as elements responsible for the
failure of the school, not assigning a level of importance to the actions of planning and
evaluation in school.
Planning has always been seen as a collection of papers unimportant and evaluation as a way
to reproduce what the teacher has in the classroom through the famous "rote", this works
backwards ways of seeing the Planning and Evaluation in another perspective, where obtains
better results.
This work was based on studies Libâneo (1994), Freire (2008), Luckesi (2005), Hoffmann
(1993, 2000) and Vasconcellos (2000) show that the prospect of evaluation planning from the
historical approach and procedural considering the current context of the society, plus some
perspectives from theoretical, faced with the reality on the evaluation and planning.
Keywords
Education, Assessment, Planning, Society.
INTRODUÇÃO
Muitas pessoas acreditam que os fatores sociais e econômicos são o maior problema
da aprendizagem na escola e que o fracasso escolar está muito ligado às condições
econômicas que um aluno menos favorecido apresenta, o que reflete na capacidade de
aprender frente aos demais.
Essa realidade presente nas escolas e impregnado em alguns setores da sociedade e do
meio acadêmico motivou a escrita desta produção, pois a teoria mostra o contrário da prática.
Por acreditar que a educação é um local de mediação social, todos tem total
capacidade, desde que haja interesse, de aprender as competências e habilidades relevantes,
proporcionado por metodologias bem aplicadas e de espaço de aprendizado significativo.
O estudo apresentado é resultado de um levantamento bibliográfico, junto a uma base
de leitura, passada pela coordenadora do curso Gestão do Currículo para Coordenadores, onde
se buscou um aprofundamento teórico sobre a questão do planejamento e da avaliação no
contexto da escola. A partir da análise descritiva da pesquisa realizada, se teve como
objetivos: compreender a relação entre planejamento e avaliação a partir de sua constituição e
organização no campo educacional, tendo como suporte fundamentos teóricos existentes; e
refletir sobre a prática educativa referente ao planejamento e a avaliação enquanto processos
necessários a prática docente.
Tento, através deste trabalho, proporcionar formas de adquirir melhores resultados no
ensino-aprendizagem com relação ao planejamento e a avaliação escolar, onde o educador
deverá preocupar-se em modificar suas ações em sala de aula, repensando sua prática
pedagógica, para por fim alcançar o objetivo proposto.
1. PLANEJAMENTO NA ESCOLA: O QUE É REAL E O QUE É ILUSÃO
O planejamento sempre fez parte da história da sociedade. O ser humano sempre
pensou em suas ações. O ato de pensar sobre o que fez ou fará, são formas de planejamento.
Aurélio Buarque (2001) define planejamento como: 1. Ato ou efeito de planejar. 2.
Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, seguindo roteiro e métodos
determinados. Para Celso Pedro Luft (2005) PLANEJAR – 1. Fazer o plano, a planta, o
esboço de; projetar. 2. Estabelecer o desígnio, o fito de; tencionar.
Uma das preocupações que tenho e sempre busco passar aos professores que
coordeno, é que todos tem que ter a exata noção do que seja planejar.
Vasconcelos (2000) diz que planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um
conjunto de ações a serem realizadas e agir de acordo com o previsto. Planejar não é, pois,
apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensa. O
planejamento enquanto construção e transformação de representações é uma mediação teórica
metodológica para a ação que em função de tal mediação passa a ser consciente e intencional.
(VASCONCELLOS, 2000, p. 79)
Na educação, o planejamento assume uma função importante, quando ela não leva ao
ser que se destina o planejamento, a reproduzir mecanicamente conceitos, mas desde que a
educação não é um processo mecânico, cujos resultados podem ser predeterminados ou pré-
definidos.
Libâneo (1994) está sempre presente em nossas discussões, pois mostra, por exemplo,
que a ação docente dentro do contexto social em que o aluno está inserido, mostra que:
O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação
docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. A escola, os
professores e os alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece
no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e culturais que
caracterizam a sociedade de classes (LIBÂNEO, 1994, p. 222).
O planejamento na educação consiste em um conjunto de ações, coordenadas entre si,
com o objetivo de obter bons resultados, a partir da análise de questões, da ação educativa que
se está planejando.
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Para a construção de um planejamento, é necessário decisão, organização,
sistematização e previsão para se garantir a eficácia de uma ação planejada, nos contextos da
vida social e cultural. A finalidade de um planejamento é realizar ações que mostrem, o que se
pretende alcançar, não buscando receitas prontas e modelos, mas bases eficazes que norteará
seus planejamentos futuros.
Na realização de um “planejamento real” temos que levantar hipóteses que favoreçam
um bom rendimento, contemplando objetivos, gerais e específicos, atividades programadas,
materiais a serem utilizados, o tempo e o espaço utilizado e que haja espaço para a ação de
replanejar, quando necessário.
O planejamento apresenta diferenças de acordo com sua finalidade. Temos assim, o
planejamento da escola, curricular e de ensino. O primeiro refere-se à educação, o que busca
maneiras adequadas para o progresso educacional, a partir da situação presente com
possibilidades futuras.
O planejamento curricular tem por finalidade promover a aprendizagem de conteúdos
e a promoção de conhecimentos específicos. O planejamento de ensino, mais específico,
compreende a metodologias aplicadas pelo professor em classe.
Para Vasconcelos o planejamento curricular expressa a proposta geral das
experiências de aprendizagem que serão oferecidas pela escola incorporadas nos diversos
componentes curriculares, tendo como referência os fundamentos da disciplina, área de
estudo, desafios pedagógicos, encaminhamento, proposta de conteúdos, processos de
avaliação (VASCONCELLOS, 2000, p. 95).
Para Madalena Freire, o ato de planejar exige do educador uma ação organizada,
pensando sempre no passado e no futuro, para a construção do presente. Nesse contexto, o
professor deve elaborar seu planejamento buscando sempre responder as seguintes questões:
Planejar para que? Por quê? O que? Para quem? Com o que? Em que espaço? Com que
matérias? Por quanto tempo? (FREIRE, 2008)
O educador deve estar com seu planejamento em dia, cujo desafio se apresenta no dia
a dia. Para isso ele deve estar preparado, ter lido o tema abordado para atingir os objetivos
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propostos, para isso, ele deve acompanhar, interferir, questionar, problematizar, motivando a
mudança.
No planejamento de uma sequência didática, o professor deve ter bem claro o trajeto a
ser seguido, com base na sequência de planejamento: plano da escola, plano de ensino e plano
de aula.
O plano da escola deve ser composto por itens que busque uma finalidade para o
ambiente escolar, considerando-se, a estrutura organizacional da escola contemplada no
projeto político pedagógico.
O plano de ensino expressa a organização de uma sequência didática do professor,
buscando alcançar bons resultados, questionando as metas a atingir, objetivos e conteúdos a
serem vivenciados, dividindo em temas, bimestralmente, semestralmente e anualmente,
especificando a temática por meio da organização de atividades de cada disciplina.
O plano de aula consiste em uma preparação, onde o educador deve rever os
procedimentos, recursos, objetivos gerais e específicos, a sequência didática, os conteúdos, a
fim de atingir os objetivos propostos.
O planejamento é a atividade que orienta a tomada de decisões da escola e dos
professores para alcançar os melhores resultados possíveis.
Planejar, portanto, não é um ato que acontece no vazio. Ele abrange fatores internos e
externos à sua organização, que dependem de negociações e acordos que articulam diferentes
interesses dos envolvidos.
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3. AVALIAÇÃO NA ESCOLA: CONCEPÇÕES
Muito se discute e se escreve sobre a avaliação na escola, mas, o que tem sido motivo
de muitos questionamentos e discussões é que, apesar da grande produção, a prática avaliativa
no campo educacional ainda está marcada por muitos mitos.
A avaliação escolar se constitui numa tarefa constante no trabalho do professor, que
deve refletir o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor quanto dos alunos. A
avaliação tem uma função diagnóstica e de controle do rendimento escolar, considerando-se
que o papel da escola é o de promover a aprendizagem dos alunos.
A prática pedagógica avaliativa deve ser permanente e contínua no processo ensino-
aprendizagem. O educador ao avaliar não deve limitar-se apenas aos testes e provas
bimestrais. Ele deve sim, analisar diariamente seus conteúdos e sua sequência didática,
refletindo sobre questões como: o que ele atingiu? O que pode melhorar?
A função diagnóstica e de controle identifica os progressos e as dificuldades dos
alunos e professores, ao longo de todo processo. Ela ocorre no início, durante e no final do
processo ensino/aprendizagem.
Como meio de constatar a capacidade de ensino/aprendizagem, a avaliação é um
procedimento necessário na escola, entretanto, é preciso considerar, na avaliação, o valor de
expressão dos alunos, favorecendo experiências significativas de aprendizagem.
Libâneo considera que, através dos resultados do aluno, o professor pode verificar
também sua capacidade e eficiência enquanto educador, buscando melhorias para a qualidade
de seu ensino.
A avaliação escolar é um dos componentes do processo de ensino que visa, através da
verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os
objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas
seguintes. (LIBÂNEO, 1994, p. 126)
A avaliação tradicional visa a aprendizagem por meio da “decoreba” onde os alunos
apenas decoram os conteúdos repassados pelo professor, limitados apenas a escutar o que o
professor ordena, através disso, na medida em que o professor pode usá-la como meio de
controle ou mesmo dominação, a “prova” é vista como recurso que causa medo, distorcendo
assim sua finalidade.
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Essa imagem negativa da “prova” foi repassada e vivenciada pelos atuais educadores,
que veem nela uma fantasiosa eficácia.
Para Luckesi, a avaliação da aprendizagem não é e não deve continuar sendo a tirana
da prática educativa, que ameaça e submete a todos. Não se pode confundir mais a avaliação
da aprendizagem com exames, ela deve ser amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva,
diferente dos exames que não são amorosos, são excludentes, não são construtivos, mas
classificatórios, ou seja, a avaliação inclui, traz para dentro.
A avaliação deve ser vista hoje como uma das ferramentas importantes para o avanço
dos alunos. Quando o professor planeja e realiza uma atividade de avaliação (seja qual for sua
natureza e característica) tem de estar consciente de que os alunos também estão atribuindo-
lhes um sentido, enquanto o professor busca o desenvolvimento do aluno e de que, enfim, os
resultados da avaliação dependerão tanto dos significados que os alunos construíram, como do
sentido que eles atribuíram às atividades prévias e à própria atividade de avaliação. Qualquer
atividade de avaliação é, por princípio, parcial quanto à natureza e amplitude das relações que
explora desde que os alunos aprendem sempre mais do que aquilo que o professor é capaz de
captar com as atividades de avaliação. (NASPOLINI, 2009)
Vendo a escola como uma instituição que tem a finalidade de promover a
aprendizagem e o desenvolvimento do aluno, a avaliação deve estar pautada em princípios
que mostrem-na como uma das ferramentas principais para fazer com que todos os alunos
avancem. Para tal, ela deve ser encarada como reorientação para uma aprendizagem melhor e
para a melhoria do sistema de ensino. (ABRAMOVICKZ, 1996)
É preciso superar processos de avaliação que impossibilitam que crianças,
adolescentes, jovens e adultos sejam respeitadas em seu direito a um percurso contínuo de
aprendizagem, socialização e desenvolvimento humano
2.1. TIPOS DE AVALIAÇÃO
De acordo com o jeito em que o educador avalia os alunos no contexto da escola, a
avaliação se apresentará de tipos e formas diferentes.
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A avaliação classificatória ou somativa baseia-se apenas no critério de notas, na
aprovação ou reprovação do aluno, com base em atividades que apenas classificam, onde se
cobra do aluno a memorização mecânica de conteúdos, deixando de se considerar a sua
aprendizagem. Aqueles que não reproduzem aquilo que o professor passa, são
rotulados de fracos.
Esse tipo de avaliação é muito criticada, pois só retrata resultados quantitativos e não
mostra o acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno, além de desconsiderar
necessidades individuais.
O termo “avaliação formativa” tem como base a retomada parcial e
gradativa das dificuldades apresentadas pelos alunos durante o processo de aprendizagem,
percebendo e levantando formas de suprir as dificuldades apresentadas.
Embora tenha havido um grande avanço evolutivo nesse procedimento avaliativo, o
que se tem criticado é o caráter tecnicista, mensurador e classificatório desse tipo de
avaliação, onde se alerta sobre o intrínseco significado ativo da avaliação, da tomada de
decisão. (HOFFMAN, 2000)
A avaliação ajuda a tornar mais claros os objetivos que se pretende buscar. Embora no
início do processo o professor não esteja tão seguro de como buscar seus objetivos, a medida
que ele vai trabalhando e observando as reações dos alunos, os objetivos vão ficando mais
nítidos, possibilitando-lhes tomar novas decisões.
A avaliação diagnóstica tem a função de perceber os conhecimentos prévios do aluno,
investigando qual o melhor rumo a seguir. Este tipo de avaliação contribui para a decisão e o
compromisso de uma avaliação mais democrática, baseada numa metodologia que detecta as
dificuldades na aprendizagem.
O acompanhamento da evolução do aluno na avaliação diagnóstica é feito a partir dos
resultados apresentados, corrigindo os erros, a fim de alcançar os resultados. Nesse
procedimento, o professor, enquanto acompanha o aluno vendo seu desempenho, percebe,
diante desse acompanhamento, como está conduzindo o seu trabalho.
A avaliação diagnóstica tem por objetivo organizar e construir o conhecimento,
observando erros que podem ocorrer, buscando resultados qualitativos.
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A ação avaliativa, enquanto mediação, não está no fim do processo, mas pretende se
fazer presente entre uma tarefa do aluno e a etapa posterior de construção, por ele, de um
saber enriquecido, complementado. O significado principal é o de perseguir o envolvimento
do aluno, sua curiosidade e comprometimento sobre o objeto de conhecimento, refletindo
juntamente com o professor sobre seus avanços e suas dificuldades buscando o
aperfeiçoamento de ambos. (HOFFMANN, 2000, p. 159)
Acompanhar não é assistir, cobrar, mas sim, interferir, questionar, buscando através do
cotidiano a sintonia entre meus objetivos, minha ação, entre teoria e prática, para se construir
e se alcançar um ensino significativo. (FREIRE, 2008, p. 173)
Posso dizer que, a auto-avaliação é a análise dos conteúdos fazendo uma auto-análise
sobre seu rendimento, desenvolvendo sua capacidade de autocrítica, revendo o seu
aprendizado. Na sala de aula, o professor pode avaliar se seus procedimentos metodológicos
deram certo, a partir de diálogos com os alunos, de questionamentos e debates, onde todos
possam expor suas críticas e sugestões. Somente assim, ele poderá saber se seu ensino foi
eficaz ou não.
2.2. AVALIAÇÃO NA ESCOLA ATUALMENTE
O setor educacional sofreu o processo de descentralização e as responsabilidades pela
eficiência e eficácia do ensino passaram a ser administrados pelas escolas diretamente.
A avaliação no mundo atual, em que se tem como referência competência e qualidade
e prioriza resultados quantitativos, tem que ter claro o objetivo do que seja avaliar no contexto
do mundo atual. É preciso que a avaliação não seja mais um instrumento que possibilite a
produção de dados estatísticos, apenas.
“A educação é um processo de reflexão. Assim, a educação é vista como uma prática
social construída historicamente e se move pelo processo de contradição, sendo a realidade
educacional, ao mesmo tempo, reprodutora do sistema e revolucionária.” (FERNANDES,
2001, p. 20).
Ao se falar em educação em uma perspectiva humanizadora, o homem e seu processo
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de formação deverão ser o centro de qualquer prática avaliativa, e não as normas e ritos como
acontecem numa perspectiva burocrática. O processo de avaliação, nesse enfoque, passa a ser
um processo que visa o desenvolvimento do homem e do cidadão, devendo ser pensada sua
prática de uma forma reflexiva.
Além de ser reflexiva, a avaliação tem que apontar caminhos, ajudando o aluno ou a
escola a dar novos passos, a avançar na sua formação e qualificação, de maneira consciente. A
avaliação não só constata, mas também aponta caminhos. (FERNANDES, 2001)
Moretto cita que é necessário redimensionar a prática avaliativa no contexto escolar,
refletindo sobre a sua própria evolução na construção do conhecimento, não tornando os
professores autoritários, nem concebendo a avaliação como instrumento repressivo diante de
uma sentença seletiva final.
A avaliação está sendo executada como uma sentença final para verificar-se a
aprendizagem do educando, que não está sendo satisfatória, suprindo as necessidades do
conhecimento no ensino/aprendizagem.
Não podemos, entretanto, mesmo com as críticas feitas a alguns modelos de
avaliação, desconsiderar este procedimento como algo necessário na escola. A avaliação deve
ser compreendida como um processo intrínseco à educação, desde que o próprio agir
educativo é avaliador, e que não se limita a ação pedagógica na sala de aula, mas envolve toda
a escola.
A avaliação é um processo que depende de um referencial teórico que o fundamenta,
isto é, da concepção de educação que se pratica que sofre influências externas (da sociedade)
e internas (da escola, do currículo), mas também tem um papel importante de influenciar na
formação das pessoas (professores e alunos) envolvidos nesse processo.
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4. UMA PERSPECTIVA DE PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NA ESCOLA
ONDE ATUO
O planejamento é uma etapa fundamental na prática educativa do educador na escola.
É com isso que realizamos na EE Eliza de Oliveira Ribeiro, situada em Itapevi, uma cidade da
Grande São Paulo, reuniões periódicas, visando estudos para aprimoramento dos
planejamentos dos docentes.
Avaliar e planejar, portanto, não são processos neutros, são processos de tomada de
decisões para ações na escola. Diante disso, os ATPCs (Aulas de Trabalho Pedagógico
Coletivo), são utilizados para estas ações. Levo sempre textos teóricos do tema Avaliação e
Planejamento e de outros temas que fazem parte do cotidiano escolar.
Muitas vezes o planejamento é assimilado pelos professores como algo impossível de
acontecer. Tentando superar essa problemática é que a formação continuada se faz presente, a
fim de tornar o planejamento algo possível e extremamente necessário, para que melhorias
aconteçam.
De acordo com Vasconcellos (2006) a elaboração do planejamento é um processo
mental; que precede a ação, mas é relativo a uma situação desejada, e ocorre tendo como
referência as três dimensões da ação humana consciente e intencional: realidade, finalidade e
plano de ação mediadora, considerada como essência da elaboração do planejamento.
De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ) Lei 9394/96,
no que diz respeito a organização da educação nacional, o planejamento é função das
instituições de ensino e o professor tem papel importante nesse contexto, por isso, reuniões de
planejamento no início do ano letivo e no retorno do recesso escolar se faz presente, afim de
nortear a elaboração deste projeto, junto as concepções do Currículo do Estado de São Paulo.
Para ter melhor contato com o que está sendo passado pelo professor e de que forma o
aluno recebe este conhecimento que, “assisto” aulas dos docentes i, a fim de levantar subsídios
para nossas análises coletivas, anoto a forma em que aula é dada, os recursos metodológicos
utilizados, a avaliação final da aula, entre outras coisas.
Hoffmann (1993) cita que a avaliação é o caminho de aprendizagem do aluno, quando
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o professor toma consciência da realidade do educando e, a partir de então, leva-o ao
aprendizado. Cita ainda que a ação avaliativa mediadora se desenvolve em benefício do
educando, por isso, que tento trazer a tona, os benefícios de práticas avaliativas que priorizam
o aprendizado e não os resultados.
Perrenoud (1999) afirma que a avaliação expressa uma relação social entre aluno e
professor, não sendo uma simples medição. Ela prepara decisões (reprovação, passagem para
a série seguinte, certificação) que trazem consequências e modificam o futuro. As provas são
formas de avaliação pouco confiável, que não levam em conta o aprendizado do aluno, que
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abrem espaço ao imprevisto, a decoreba, a trapaça, habilidades que não tem nenhuma relação
com o que se supõe que seja o objeto de avaliação das provas.
Vejo que estamos em um bom caminho. A Educação não pode ser vista sem
perspectiva, uma Educação de qualidade precisa de profissionais que trabalhem em pró dela.
Atos de planejar e avaliar devem ser atos muito bem definidos. Devemos executá-los em uma
perspectiva que exige uma relação democrática entre educador e educando, com o diálogo
como base primordial, na qual compreenderemos toda a sua importância desde o
planejamento, passando pela execução até chegar a avaliação do processo de ensino-
aprendizagem propriamente dita.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivos compreender a relação entre planejamento e
avaliação a partir de sua constituição e organização no campo da educação, tendo como
suporte fundamentos teóricos existentes; e refletir sobre a prática educativa referente ao
planejamento e a avaliação enquanto processos necessários a prática docente. Como resultado
da pesquisa bibliográfica e de minha prática na escola em que atuo, realizando algumas
considerações pertinentes que estão destacadas abaixo.
Grande parte das ações da nossa vida exige um planejamento, isto é, geralmente temos
que estabelecer um plano visando atingir metas.
O planejamento assim como a avaliação são meios que, quando colocados em prática
na escola, podem contribuir para a melhoria da qualidade da educação.
A nova LDB (lei 9393/96) além de estabelecer as responsabilidades das instâncias
governamentais sobre o sistema de ensino, refletindo a orientação que destaca a escola como
foco do processo educacional, define como competências específicas para a escola com
relação ao planejamento: Elaborar e executar sua proposta pedagógica; informar os pais e
responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de
sua proposta pedagógica.
A avaliação é o processo através do qual a escola se conhece, indo às situações que
nela acontecem.
A avaliação institucional é fundamental para a construção do projeto político
pedagógico da escola, mas ela deve ser concebida como um processo participativo e reflexivo
onde todos os educadores devem fazer parte.
O planejamento e a avaliação, portanto, vistos como processos éticos e políticos sobre
os meios e os fins da educação, podem ser poderosos instrumentos para reerguer a
importância e a autoestima dos profissionais da educação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VIEIRA, Sofia Lerche, e ALBUQUERQUE, Maria Glaucia M. Política e planejamento
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