Post on 07-Jul-2022
ANA LUIZA DOS ANJOS BORGES LEMOS
Medicamentos potencialmente inapropriados: estudo com idosos em
instituição de Longa Permanência
Dissertação apresentada à Universidade de Franca, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Promoção da Saúde. Orientadora: Profa. Dra. Regina Helena Pires Co-Orientador: Prof. Salvador Boccaletti Ramos
FRANCA 2019
DEDICO este trabalho à Deus, socorro presente na hora da
angústia e guia e autor do meu destino, à minha mãe Neiva e
meu pai Robson que, reconhecendo a importância deste
momento, fizeram com que este e muitos dos meus sonhos se
tornassem possíveis e à minha irmã Ana Cláudia pelo carinho
e apoio.
AGRADECIMENTOS À professora Regina Helena Pires pela orientação, cuidado,
compreensão e amizade dispensados ao decorrer da elaboração deste
trabalho.
Aos docentes do Programa de Promoção da Saúde.
Aos amigos e colegas de classe, em especial, à Ísis Gonçalves Pires
e ao Leonardo Guedes Lopes, pela amizade e alegrias compartilhadas.
Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa
reserva de sabedoria, de experiência e de competência.
Henry Ford
RESUMO
LEMOS, A. L. A. B. Medicamentos potencialmente inapropriados: estudo
com idosos em Instituição de Longa Permanência. 2019. Dissertação
(Mestrado em Promoção de Saúde) –Universidade de Franca, Franca.
A população idosa apresenta características fisiológicas e morfológicas que fazem com que a farmacodinâmica e farmacocinética dos medicamentos sejam diferentes do adulto jovem. Esse fator, associado ao maior número de doenças presente entre os idosos, e, consequentemente, maior número de medicamentos prescritos a esta população (polifarmácia), aumenta o risco de receber um medicamento potencialmente inapropriado (MPI). Esses, quando administrados sem cautela, poderá desencadear intoxicação, interação medicamentosa e aumentar o risco de morbimortalidade, o que pode ser exacerbado nos indivíduos residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) devido à sua maior vulnerabilidade. Este trabalho visou identificar a prevalência de MPI e relacionar a polifarmácia com o risco de reações adversas em idosos residentes em uma ILPI. Os dados foram coletados por meio do questionário Dader de acompanhamento farmacoterapêutico (método adaptado) e de ficha de dados sociodemográficos. O uso inapropriado de medicamentos foi analisado por meio comparativo com os Critérios de Beers e, as interações medicamentosas identificadas com o auxilio do boletim publicado pelo Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos.Os participantes da pesquisa apresentaram idade superior a 60 anos, totalizando 114 participantes incluídos no estudo. A polifarmácia, caracterizada pelo uso de cinco medicamentos concomitantes foi identificada em 82 participantes, embora o número de medicamentos utilizados ao dia tenha variado de um a 12. Dos 78 medicamentos mais prescritos, 37 eram considerados MPI, sendo a carbamazepina o fármaco mais utilizado entre eles. Um total de 106 participantes faziam uso de pelo menos um MPI; 44 receberam pelo menos uma prescrição em que se associava dois MPI que interagiam, podendo resultar em reações adversas que variaram de grau leve à elevado. A cautela na prescrição medicamentosa para os pacientes geriátricos se torna cada vez mais necessária, visto que muitos MPI para idosos bem como as possíveis reações adversas que estes causam já são conhecidos. Estudos que abordam essa temática alertam para a necessidade de implementação de vigilância no cuidado terapêutico aos idosos.Sabendo-se que a reorientação dos serviços de saúde prestados à população é um dos cinco campos de ação da Promoção da saúde,este estudo poderá contribuir para a ampliação dos cuidados prestados a essa população,levando-se em conta a vulnerabilidade e riscos a que estão expostos com a polifarmácia. Palavras-chave: Idosos institucionalizados. Medicamentos Potencialmnte inapropriados. Polifarmácia.
ABSTRACT
LEMOS, A. L. A. B. Potentially inappropriate medications: study with the
elderly in long-term care facilities. 2019. Dissertation (Master of Health
Promotion) – Universidade de Franca, Franca.
The elderly population presents physiological and morphological characteristics that make the pharmacodynamics and pharmacokinetics of drugs act different from young adults. This factor, associated with the higher number of diseases present among the elderly, and, consequently, the higher number of drugs prescribed for this population (polypharmacy), increases the risk of receiving a potentially inappropriate drug, which, administered without caution, may trigger adverse reactions. , intoxication, drug interaction and risk of morbidity and mortality in the elderly. People who live in long stay institutions have greater physical and mental limitations, representing a group of greater vulnerability. To identify the prevalence of potentially inappropriate medications and to relate the use of polypharmacy to the risk of adverse reactions in elderly residents in a long stay institution.Data were collected through the Dader Questionnaire of pharmacotherapeutic monitoring (adapted method) and the sociodemographic data sheet. Inappropriate use of medications was analyzed by comparing with the Beers Criteria.The drug interactions identified with the help of the bulletin published by the Institute for Safe Practice in the Use of Medicines.114 participants were included in the data analysis. The research participants were over 60 years old. Of these, 106 used at least 1 potentially inappropriate drug. 44 received at least one prescription associating two PID that had interaction with each other. Of the 78 most commonly prescribed drugs, 37 were considered potentially inappropriate for the elderly, with carbamazepine being the most widely used among them.Caution in drug prescribing for geriatric patients is becoming increasingly necessary, as many potentially inappropriate drugs for the elderly and their possible adverse reactions are already known. Studies that address this issue serve as a guide for drug therapy in the elderly to be as appropriate as possible.Knowing that the reorientation of health services provided to the population is one of the five fields of action of Health Promotion, this study may contribute to the expansion of the care provided to this population, taking into account the vulnerability and risks to which are exposed with polypharmacy.
Keywords: Institucionalized elderly. Polypharmacy. Potentially inappropriate medications
RESUMEN LEMOS, A. L. A. B. Medicamentos potencialmente inapropiados: estudiar con ancianos en instituciones de cuidado a largo plazo. 2019 Disertación (Maestría en Promoción de Salud) -Universidad de Franca, Franca. La población de edad avanzada tiene características fisiológicas y morfológicas que diferencian la farmacodinámica y la farmacocinética de los medicamentos de los adultos jóvenes. Este factor, asociado con el mayor número de enfermedades presentes entre los ancianos y, en consecuencia, el mayor número de medicamentos recetados a esta población (polifarmacia), aumenta el riesgo de recibir un medicamento potencialmente inapropiado, que, administrado sin precaución, puede desencadenar reacciones, eventos adversos, intoxicación, interacción farmacológica y riesgo de morbilidad y mortalidad en ancianos. Las personas que viven en centros de atención a largo plazo tienen mayores limitaciones físicas y mentales, lo que representa un grupo de mayor vulnerabilidad.Identificar la prevalencia de medicamentos potencialmente inapropiados y relacionar el uso de la polifarmacia con el riesgo de reacciones adversas en las personas mayores que viven en un centro Largo Plazo.Los datos se recopilaron a través del Cuestionario de seguimiento farmacoterapéutico de Dader (método adaptado) y la hoja de datos sociodemográfica. Uso inapropiado de medicamentos mediante análisis comparativo con los Criterios de Beers. Las interacciones medicamentosas identificadas con la ayuda del boletín publicado por el Instituto para la Práctica Segura en el Uso de Medicamentos. 114 participantes fueron incluidos en el análisis de datos. Los participantes de la investigación tenían más de 60 años. De estos, 106 usaron al menos 1 fármaco potencialmente inapropiado. 44 recibieron al menos una receta que asociaba dos MPI que tenían interacción entre sí. De los 78 medicamentos más recetados, 37 se consideraron potencialmente inapropiados para los ancianos, siendo la cabamazepina la más utilizada entre ellos. La precaución en la prescripción de medicamentos para pacientes geriátricos es cada vez más necesaria, ya que se conocen muchos medicamentos potencialmente inapropiados para los ancianos y sus posibles reacciones adversas. Los estudios que abordan este tema sirven como guía para que la terapia farmacológica en los ancianos sea lo más apropiada posible.Sabiendo que la reorientación de los servicios de salud prestados a la población es uno de los cinco campos de acción de la Promoción de la Salud, este estudio puede contribuir a la expansión de la atención prestada a esta población, teniendo en cuenta la vulnerabilidad y los riesgos a los que se enfrenta. están expuestos a la polifarmacia. Palabras clave: Ancianos institucionalizados. Drogas potencialmente inapropiadas. Polifarmacia.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –Distribuição dos idosos (n=114) segundo idade,sexo,estado civil, escolaridade, profissão, renda mensal e tempo de institucionalização, 2019.....................
18
Tabela 2- Medicamentos mais prescritos para os idosos segundo a classificação ATC, nome farmacológico, número de doentes e percentual dos mesmos que os utilizavam....
19
Tabela 3 – Distribuição do número de medicamentos consumidos diariamente pelos idosos estudados de acordo com o número de idosos que os utilizavam bem como o percentual relativo ao total de idosos estudados.................................................................
21
Tabela 4- Distribuição dos participantes da pesquisa de acordo com o número de medicamentos potencialmente inapropriados ingeridos diariamente..................................
25
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Distribuição dos medicamentos potencialmente inapropriados para idosos, detalhando os agravos e o número de idosos que os utilizavam (n / %)............................
22
Quadro 2- Interações medicamentosas entre os fármacos potencialmente inapropriados mais prescritos entre os participantes da pesquisa.............................................................
26
LISTA DE ABREVIATURAS
AGS
American Geriatric Society
CNS
Conselho Nacional de Saúde
CONEP
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
DCNT
Doenças Crônicas Não Transmissíveis
DDD
Dose Diária Definida
ESF
Estratégia de Saúde da Família
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IE
Índice de Envelhecimento
ILPI
Instituições de Longa Permanência para Idosos
IPEA
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MPI Medicamentos Potencialmente Inapropriados
ODS
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OMS
Organização Mundial da Saúde
PNS
Política Nacional de Saúde
RENAME
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais do Brasil
SUS
Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido
APRESENTAÇÃO
Concluí a graduação em Odontologia pela Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, em dezembro de 2017. Durante a graduação tive o
primeiro contato com a temática idosos quando fiz estágio voluntário em uma
Instituição de Longa Permanência de caráter particular na cidade de Campinas.
Durante o último ano da graduação, na elaboração do TCC, o qual trabalhou a
qualidade de vida de pacientes oncológicos, também tive a oportunidade de
conviver com uma população mais envelhecida.
Após o término da faculdade tive interesse pela área acadêmica, o
que fez com que eu me inscrevesse no processo seletivo no Programa de pós-
graduação da Universidade de Franca. Sendo aprovada nos exames, ingressei
no programa em março de 2018, dando início a minha jornada como aluna
regular a nível de Mestrado.
Com o intuito de desenvolver uma pesquisa que abordasse o público
idoso, encontrei, por meio de uma linha de pesquisa da professora Drª Regina
Helena Pires, minha orientadora, a oportunidade de trabalhar em prol de um
benefício para essa população.
Ainda no ano de 2018, tive a oportunidade de ingressar no curso de
pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade Faveni, de Venda Nova, cuja
temática do estudo abordava a população idosa nas peculiaridades da atenção
primária de saúde do Brasil.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1
1. REVISÃO DA LITERATURA
3
1.1 POPULAÇÃO IDOSA E USO DE MEDICAMENTOS
3
1.1.1 A TOXICIDADE DOS MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO IDOSA
5
1.2 O IDOSO INSTITUCIONALIZADO
6
1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E DIREITO DOS IDOSOS
8
2. JUSTIFICATIVA
11
3. OBJETIVOS
12
3.1 GERAL
12
3.2 ESPECÍFICOS
12
4. MÉTODOS
13
4.1 DESENHO DO ESTUDO
13
4.2 LOCAL DO ESTUDO
13
4.3 ASPECOS ÉTICOS
14
4.4 AMOSTRA E CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
14
4.5 COLETA DE DADOS E OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA
14
5. RESULTADOS
17
6. DISCUSSÃO
28
7. CONCLUSÕES
36
REFERÊNCIAS
37
APÊNDICE
45
ANEXOS
47
1
INTRODUÇÃO
No Brasil, o número de idosos (pessoas ≥ 60 anos de idade) em 1960
era de 3 milhões, aumentando para 7 milhões em 1975, para 14 milhões em
2002, e deverá alcançar 32 milhões em 2020 (VERAS, OLIVEIRA, 2018).
Embora a saúde do idoso tenha sido uma meta federal constante
evidenciada na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e
reforçada, em 2006, pela Portaria nº 2528/GM, de 19 de outubro de 2006, por
meio da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), o
envelhecimento físico e a convivência com doenças crônicas faz dos idosos,
possivelmente, o grupo mais medicalizado e mais necessitado de assistência à
saúde. Além disso,
[ ] A atual prestação de serviços de saúde fragmenta a atenção ao
idoso, com multiplicação de consultas de especialistas, informação
não compartilhada, inúmeros fármacos, exames clínicos e imagens,
entre outros procedimentos. Sobrecarrega o sistema, provoca forte
impacto financeiro em todos os níveis e não gera benefícios
significativos para a saúde, nem para a qualidade de vida. (VERAS;
CALDAS; CORDEIRO, 2013, p. 1933).
Assim, a grande quantidade de medicamentos prescritos para pessoas
com mais de 60 anos, prática denominada polifarmácia, aumenta
consideravelmente o risco de prescrição de um medicamento potencialmente
inapropriado (MPI) para idosos, especialmente, os residentes em Instituições
de Longa Permanência (ILPI).
As ILPI representam uma modalidade de cuidados que tende a crescer,
visto que a oferta de cuidadores familiares apresenta evidências de redução,
dadas as mudanças na família, a redução do seu tamanho e a participação
maior das mulheres no mercado de trabalho. Aproximadamente dois terços
(66,1%) das instituições brasileiras recebem visitas médicas regulares, mas
menos de 50% das instituições recebem visitas do Programa Estratégia Saúde
da Família (CAMARANO et al., 2010).
Como resultado do envelhecimento populacional e do aumento da
sobrevivência de pessoas com redução da capacidade física, cognitiva e
mental, as ILPI não fazem parte apenas da rede de assistência social mas
2
integram-se à rede de assistência à saúde, ou seja, são domicílios coletivos
que oferecem cuidados e algum tipo de serviço de saúde (CAMARANO;
BARBOSA, 2016).
Além disso, na grande maioria, a residência em uma ILPI, provoca um
isolamento social que traz como consequência a perda de identidade, de
liberdade e de autoestima, o que justifica a alta prevalência de transtornos
psicológicos nessas instituições (DE LIMA et al., 2017). O idoso
institucionalizado constitui, em geral, um grupo cuja morbidade apresenta-se
superior à de idosos da comunidade, demandando uma maior necessidade de
ingestão de medicamentos (ROZENFELD, 2007) e, consequentemente, maior
propensão à iatrogenia. Desta forma, a predisposição à ocorrência de
efeitos/reações adversas aos medicamentos e suas consequências nessa
população são maiores.
Segundo Wawruch et al. (2008), “a associação entre o uso de MPI e
certas patologias, como no caso, a depressão, pode ser um importante
marcador do incorreto gerenciamento da doença e a tendência de prescrições
irracionais”.
Assim, identificar as características e os fatores associados ao consumo
de medicamentos por idosos institucionalizados pode auxiliar no planejamento
de ações para promoção do uso racional de medicamentos e,
consequentemente, favorecer uma melhor qualidade de vida para este grupo
etário, além de contribuir para a redução de gastos desnecessários pelo
sistema de saúde.
3
1. REVISÃO DA LITERATURA
1.1 POPULAÇÃO IDOSA E O USO DE MEDICAMENTOS
O envelhecimento da população representa importante questão social e
desafio da saúde pública em todo o mundo. Em 2014, o número de idosos no
mundo ultrapassava 841 milhões, número que chegará aos dois bilhões em
2050 (OMS, 2010). A Organização Mundial de Saúde considera idoso, em
países em desenvolvimento, indivíduos com idade superior a 60 anos (OMS,
2002).
No âmbito nacional, a população passou por drásticas mudanças nos
últimos tempos. Nos anos 1920, os idosos representavam 4% da população,
sendo que a expectativa de vida era de apenas 35,2 anos. O estreitamento da
base da pirâmide populacional brasileira tornou-se mais evidente a partir de
1970, quando a população mudou de uma faixa etária extremamente jovem em
1950/60 para uma sociedade com faixa etária bastante envelhecida, o que
resultou em importantes mudanças na estrutura demográfica do país
(VASCONCELOS; GOMES, 2012).
Assim, o Brasil não pode ser considerado um país de jovens, pois sua
população com mais de 60 anos já ultrapassou 11% da população total,
apresentando uma expectativa de vida de quase 75 anos. Em Minas Gerais,
estado com a menor taxa de fecundidade do país, a população idosa chegará a
8 milhões em 2050, isto é, uma a cada três pessoas terá idade superior a 60
anos (IBGE, 2017).
A maior susceptibilidade às doenças crônicas, acarretadas pelo
enfraquecimento do sistema imunológico, desencadeiam o aparecimento de
enfermidades, geralmente crônicas, dentre as quais as mais comuns são:
hipertensão arterial, diabetes mellitus, demência, doenças cardiovasculares,
entre outros (BRIXNER et al. 2019). Essa característica torna essa população
altamente medicalizada, principalmente, devido à necessidade efetiva de
múltiplos fármacos, genericamente chamada cascata de prescrição a qual
aumenta a possibilidade de receber um Medicamento Potencialmente
Inapropriado (MPI).
4
Segundo Rozenfeld (2003), a maioria dos idosos ingere ao menos um
medicamento ao dia e um terço deles consome cinco ou mais
simultaneamente, sendo que as classes mais utilizadas são os antirreumáticos,
os analgésicos, os psicotrópicos e os cardiovasculares. Em decorrência dessa
situação, é cada vez mais comum entre os idosos a polifarmácia, termo
caracterizado pelo uso de cinco ou mais medicamentos, prescritos ou não
(WHO, 2017).
Muitas vezes, os fármacos têm uma ação tóxica no metabolismo do
idoso e a associação entre eles pode gerar complicações para a sua saúde
(FONSECA et al., 2000). Assim, a polifarmácia no idoso deve ser
adequadamente avaliada.
Estima-se que, no Brasil 23% da população (sobretudo os idosos)
consome 60% da produção nacional de medicamentos por ano (PAIVA et al.,
2014). Vale ressaltar que, a medicalização por doenças crônicas não visa a
cura da doença, não prevendo, assim, a diminuição do uso de medicamentos a
longo prazo. Nota-se com isso, que o estímulo ao consumo de medicamentos
vem aumentando, tratando os medicamentos como bens de consumo e não
mais como bens de serviço que auxiliam na promoção da saúde.
A problemática polifarmácia/idosos é um desafio à saúde pública
mundial. Pérez-Jover et al. (2018), ao pesquisar o problema em bases de
dados, relacionaram 80 artigos, publicados de janeiro de 2000 a outubro de
2015, relatando que a) a maioria dos idosos toma cinco ou mais medicamentos
por dia; b) que em pessoas idosas e polimedicadas a probabilidade de ocorrer
um erro de medicação é maior; c) que pacientes idosos podem entender
informações escritas, mas a apresentação e o formato dos medicamentos são
fatores importantes para a compreensão da prescrição. Os mesmos autores
sugerem que estratégias devem ser aplicadas para reduzir os erros de
medicação.
Segundo Le Couteur et. al. (2004), o paciente geriátrico apresenta
diminuição da saliva e alterações no peristaltismo do estômago; o pH do
estômago dos idosos é menos ácido e seu suco gástrico menos abundante; a
massa muscular é diminuída enquanto há o aumento do tecido adiposo;
também é menor a quantidade de água no organismo, da massa hepática, da
massa e fluxo renais além de uma considerável atenuação da quantidade das
5
proteínas plasmáticas e enzimas importantes na biotransformação dos
medicamentos. No conjunto, esses fatores aumentam significativamente o risco
de toxicidade nessa população.
Durakovi e Vitezi (2013) relataram que existem diferenças significativas
nas diferentes idades em relação à farmacodinâmica e farmacocinética. A
farmacodinâmica está relacionada ao efeito da droga no organismo de acordo
com a sua dosagem e, a farmacocinética, estuda o caminho percorrido pelo
fármaco no organismo desde a absorção até a eliminação, passando pela
distribuição e metabolismo. Um correto diagnóstico clínico sobre os problemas
enfrentados pelos idosos e o conhecimento das diferenças fisiológicas destes
pacientes se fazem necessários para diminuir o risco de toxicidade.
1.1.1. A TOXICIDADE DOS MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO IDOSA
O envelhecimento decorre em alterações anatomofisiológicas que se
constituem em fator de risco à prescrição medicamentosa aos pacientes
idosos. Para Silva et al. (2012), três grandes grupos de fatores contribuem para
o risco de reações adversas aos medicamentos no paciente idoso. O primeiro
grupo seria representado pelo medicamento (efeito principal e o efeito colateral,
as interações, a toxicidade, a superdosagem, a intolerância e a idiossincrasia),
o segundo, pelo próprio paciente (idade, sexo ou peso corporal,
disfuncionabilidade orgânica, hipersensibilidade, defeitos genéticos e
automedicação) e, o terceiro, pelo prescritores (no caso de médicos, os
principais fatores relacionados às reações adversas no idoso seriam a relação
médico-paciente insuficiente, erro de indicação, erro posológico, erro na via de
administração e o desconhecimento das reações adversas e possíveis
interações medicamentosas).
Alguns grupos de pesquisadores têm relacionado o uso de
medicamentos e sua contra-indicação para idosos, sendo que a lista de
medicamentos, proposta por Beers, em 1991 e, revisada em 2015, se constitui
na mais citada mundialmente (AGS, 2015). Outras listagens têm sido
desenvolvidas de acordo com os medicamentos e as práticas de prescrição de
cada país como, por exemplo, a lista PRISCUS, que foi desenvolvida para uso
6
na Alemanha (HOLT et al., 2010) e a lista STOPP (Screening Tool of Older
People’s Prescriptions), desenvolvida em 2006, na Europa e revisada em 2015
(O'MAHONY, 2015).
No Brasil, em 2016, foi publicado o Consenso Brasileiro de
Medicamentos Potencialmente Inapropriados para Idosos, por Oliveira et al.,
visando a validação de conteúdo dos Critérios de Beers (2012) e STOPP
(2006) para a obtenção de critérios nacionais de classificação de MPI para
idosos.
Assim, os medicamentos considerados potencialmente inapropriados,
acarretam em resultados negativos para a saúde do idoso, representados mais
comumente pela confusão mental, quedas e mortalidade (AGS, 2016) e
representam um importante problema clínico que resulta em aumento das
admissões e dos gastos hospitalares (LEIPZIG et al., 1999).
Estudo realizado em Joinville, SC, em 2008, analisou o risco de
interações medicamentosas de pacientes em terapia intensiva. Foram
avaliados 140 pacientes de três unidades de terapia intensiva no período de
dois meses. Dos pacientes analisados, 67,1% apresentaram interação
medicamentosa e 39,2% das 1069 prescrições analisadas também
apresentaram risco potencial. Os autores concluíram que os pacientes
internados têm maior risco às iatrogenias, decorrendo em altos índices de
toxicidade, uma vez que o uso de mais que seis medicamentos/dia aumentava
em 9,8 vezes este risco (HAMMES et al., 2008).
1.2 O IDOSO INSTITUCIONALIZADO
O envelhecimento populacional brasileiro favoreceu o aumento das
iniquidades em saúde e desigualdade social (BRITO, 2008), demandando
melhorias no atendimento à saúde prestado no país e, se constitui em uma das
preocupações das políticas públicas nacionais, que têm como finalidade
recuperar, manter e promover a autonomia e a independência das pessoas
idosas, direcionando medidas consonantes com os princípios do Sistema Único
de Saúde (SUS).
Por outro lado, fatores como a inserção da mulher no mercado de
trabalho, menor número de filhos, conflitos familiares, dificuldades econômicas
7
e psicossociais encontradas pelas famílias para o cuidado ao idoso (sobretudo
para aqueles que apresentam redução da capacidade funcional), contribuem
para que o cuidado ao idoso deixe de ser domínio exclusivo da esfera familiar
e, os mesmos, passem a ser atendidos em Instituições de Longa Permanência
para Idosos (ILPI). No Brasil foram registrados em 2010, 3.548 dessas
instituições, abrigando 83.870 idosos, em 28,8% dos municípios brasileiros
(IPEA, 2010).
No Brasil, 65,2% das ILPI são filantrópicas (CAMARANO; KANSO,
2010). Apesar das dificuldades encontradas, essas instituições conferem um
avanço considerável na proteção e assistência ao idoso. As ILPI deixaram de
ser um local destinado unicamente ao abrigo de idosos e passaram a ter
importância fundamental na assistência integral e promoção da saúde dessas
pessoas (BRITO et al., 2008).
Pesquisa realizada por Oliveira e Rozendo (2014), que visou identificar a
percepção dos idosos quanto aos asilos em que residiam, concluiu que, a
maioria dos idosos pesquisados percebe a Instituição como essencialmente
“um lugar onde possam ser cuidados”, relatando que ter alimentação, um lugar
para morar, tomar banho e repouso é algo gratificante. Muitos mencionaram a
fé como sendo a garantia de que a situação em que estão inseridos lhes
representa seguridade e proteção social.
No entanto, o risco de sobredose e toxicidade em pacientes geriátricos
causados pela polifarmácia, tornam-se ainda mais preocupantes em idosos
institucionalizados. Segundo Gautério et. al. (2012), os idosos que residem em
ILPI, por apresentarem muitas doenças limitantes, fragilidade e baixa
funcionalidade representam o grupo de maior vulnerabilidade.
Pesquisa realizada por Lucchetti et. al. (2010), que analisaram todos os
internos do Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II (ILP para
idosos em São Paulo), observou existência de polifarmácia em 97 dos 209
pacientes pesquisados (46,4%). O estudo também evidenciou correlação entre
presença de polifarmácia e maior tempo de institucionalização e ausência de
relação entre polifarmácia e idade, sexo, uso de medicamentos psiquiátricos e
diagnóstico de sequela de acidente vascular cerebral.
8
1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E DIREITO DOS IDOSOS
Além das diferenças observadas no perfil demográfico do Brasil nas
últimas décadas, as alterações epidemiológicas também foram notáveis. A
diminuição da taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida, tornou a
população brasileira com um número maior de doenças crônico-degenerativas.
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) foram responsáveis por 63%
das causas de mortalidade a nível mundial, e, no Brasil, representaram 74%
dos óbitos (OMS, 2010).
O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), elaborado no Brasil em 2011, a partir da
atenção integrada à saúde, estimulou as ações intersetoriais, a qualidade da
atenção à saúde e o fortalecimento do controle social, visando o controle e o
cuidado às DCNT no país. Nesse sentido, a Secretaria de Atenção à Saúde
elaborou em 2012, a Rede de Atenção às pessoas com Doenças Crônicas, a
fim de que, a partir das ações e serviços já existentes no cotidiano das equipes
de saúde, fosse promovida uma rede de cuidado às pessoas com tais doenças
(BRASIL, 2011).
A saúde, para a população idosa, além de ser representada pelo
controle e a prevenção de doenças crônicas deve ser baseada na interação
entre saúde física, saúde mental, independência financeira, capacidade
funcional e o suporte funcional. Tendo em vista essas condições, as políticas
públicas brasileiras voltadas ao idoso têm caráter protetor e transversal,
objetivando o envelhecimento seguro e digno da população. A Política Nacional
de Saúde do Idoso (2006), por exemplo, não difere deste propósito, ao
apresentar como objetivo específico, por meio das medidas e planos de ações,
a promoção da autonomia, dignidade e seguridade social do idoso (BRASIL,
2006).
Além dessas, outras leis e projetos emergiram no Brasil com a
finalidade de proteger a pessoa idosa. Em 1º de outubro de 2003, a partir da lei
n.º 10.741, criou-se o Estatuto do Idoso, assegurando os direitos fundamentais
à todas as pessoas com faixa etária acima de sessenta anos. Dentre as
principais seguridades endossadas, ressaltou-se o direito à educação, cultura,
9
esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua
peculiar condição de idade; a atenção integral à saúde, por intermédio do SUS,
incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente aos
idosos; o direito à moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou
em instituição pública ou privada. O descumprimento perante esses direitos e
tantos outros enumerados no Estatuto, por qualquer parcela integrante da
população, confere intervenção judicial e aplicação de pena e reclusão
(ESTATUTO DO IDOSO, 2003).
Outro marco para o bem-estar dos idosos foi a implantação da Política
Nacional de Saúde (PNS, 2006), que teve como finalidade primordial recuperar,
manter e promover a autonomia e a independência das pessoas idosas,
direcionando medidas consonantes com os princípios do SUS. Dentre as
diretrizes, pode-se destacar a promoção do envelhecimento ativo e saudável;
atenção integral à saúde, estímulo às ações intersetoriais, fortalecimento da
participação e controle social; divulgação e informação sobre a política e apoio
ao estudo e pesquisa. É importante viver muito, mas é fundamental viver bem.
Assim, preservar a autonomia e a independência funcional das pessoas idosas
é meta em todos os níveis de atenção (GOMES, 2009).
Em 2015, foi elaborada a Agenda 2030 que elaborou os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS), elencando 17 itens que conjuntamente
têm por meta analisar as condições ou situações de riscos que se relacionam à
combinação das mudanças ambientais, climáticas e sociais. Especialmente, o
ODS 3 que tem por lema “assegurar uma vida saudável e promover o bem-
estar para todas e todos, em todas as idades” atentou-se positivamente à
saúde do idoso. Dentre as propostas, destaca-se: oferecer aos gestores em
saúde informações e indicadores que auxiliem a tomada de decisões e o
planejamento de ações voltadas à população idosa, tanto no âmbito municipal
como estadual; oferecer informações acerca das condições de saúde e
qualidade de vida da população idosa nos diferentes níveis à pesquisadores e
interessados na temática e propor indicadores diretos ou indiretos de
monitoramento de metas e diretrizes pactuadas pelas políticas e programas
nacionais e internacionais.
O ODS 10, que primordialmente enfoca a “redução das desigualdades”,
também se direciona ao idoso, incluindo suas propostas de qualidade de vida,
10
preservação da autonomia, independência funcional e igualdade como
necessidades sociais.
Ainda, a Constituição Federal coloca a saúde como um direito de todos e
é um dever do Estado garanti-la. O Ministério da Saúde preocupado com a
fragilidade da saúde do idoso, decorrente do acompanhamento por diversos
médicos especialistas, sem homogeneização dos tratamentos e sem
comunicação entre eles, o que, frequentemente, leva à iatrogenia e à
polifarmácia, implantou a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, cuja
distribuição e correta organização é de responsabilidade da Estratégia de
Saúde da Família (ESF) (BRASIL, 2018).
A Caderneta permite o registro e o acompanhamento, pelo período de
cinco anos, de informações sobre dados pessoais, sociais e familiares, das
condições de saúde e os hábitos de vida da pessoa idosa, identificando suas
vulnerabilidades, além de ofertar orientações para seu autocuidado. O
profissional de saúde com acesso à caderneta, poderá gerenciar e harmonizar
o tratamento (SECOLI, 2010). Não obstante os esforços governamentais
relativos à saúde da pessoa idosa,
“...predominam as referências ao idoso como aquele sobre o qual pesa uma condição de fragilidade e um estado de passividade e incapacidade diante das exigências da vida... os asilos ou ILP devem apontar a família como um lugar importante para o assentamento do idoso e a saúde dessas pessoas deve ser uma preocupação fundamental” (JUSTO; ROZENDO, 2010, p. 481).
A Promoção da Saúde, segundo a OMS, engloba cinco campos de
ação: implementação de políticas públicas saudáveis, criação de ambientes
saudáveis, capacitação da comunidade, desenvolvimento de habilidades
individuais e coletivas e reorientação de serviços de saúde (OMS,2017).
As decisões em qualquer campo das políticas públicas têm
influências favoráveis ou desfavoráveis sobre a saúde da população. Por isso,
os estudos fundamentados nos campos de ação da promoção da saúde podem
propor estratégias que visam a promoção da saúde para todos os indivíduos.
11
2. JUSTIFICATIVA
A administração de medicamentos está associada à um aumento
substancial da morbimortalidade entre os idosos, principalmente devido às
alterações anatomofisiológicas que têm consequências ao nível da
farmacocinética e farmacodinâmica devido à necessidade efetiva de múltiplos
medicamentos. Esses fatores aumentam o risco à prescrição de MPI e,
consequentemente, à toxicidade e às reações adversas.
Além disso, o envelhecimento populacional tem se tornado importante
questão social no Brasil. Estima-se que, em 2031, o índice de envelhecimento
seja de 102,3 o que significa que haverá 102,3 idosos para cada 100 jovens
(IBGE, 2018). Nota-se, um aumento da demanda por serviços sociais e de
saúde dadas as dificuldades econômicas e psicossociais encontradas pelas
famílias para o cuidado ao idoso. Este cuidado se torna ainda mais difícil para
aqueles que apresentam redução da capacidade funcional, o que tem
aumentado também a procura por ILPI.
Dessa maneira, justifica-se a necessidade de estudos que abordem a
multiplicidade de medicamentos e seus efeitos no organismo do idoso,
sobretudo em pacientes institucionalizados, de maneira a alertar os
profissionais de saúde envolvidos quanto ao risco potencial dessas interações
a fim de minimizar efeitos tóxicos e gastos evitáveis com internações, o que
contribuirá para uma melhora na qualidade de vida desses idosos.
12
3. OBJETIVOS
3.1. GERAL
Identificar a prevalência de medicamentos potencialmente inapropriados
e relacionar o uso de polifarmácia com o risco de reações adversas em idosos
residentes em uma Instituição de Longa Permanência.
3.2. ESPECÍFICOS
Identificar o perfil farmacoterapêutico dos idosos residentes na
Instituição de Longa Permanência estudada;
Identificar os medicamentos potencialmente inapropriados para
idosos segundo a frequência e o grupo farmacológico;
Identificar possíveis interações medicamentosas;
Apontar os principais eventos adversos associados ao uso de
medicamentos potencialmente inadequados e as especificidades de
suas consequências.
13
4. MÉTODOS
4.1. DESENHO DO ESTUDO
Trata-se de estudo transversal, prospectivo, explicativo-analítico que
analisou o uso de medicamentos entre idosos residentes em uma ILPI, no
estado de Minas Gerais. Estudo transversal porque a exposição ao fator ou
causa esteve presente ao efeito no mesmo momento ou intervalo de tempo
analisado, segundo Campana et al. (2001). Prospectivo porque acompanhou
os pacientes ao longo do tempo (GIL, 2008). Explicativo-analítico porque
identificou os fatores que determinaram ou que contribuíram para a ocorrência
dos fenômenos e envolveu uma avaliação mais aprofundada das informações
coletadas no estudo (NETO et al. 2002; SOARES et al. 2002).
4.2 LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi realizado em cidade do interior de Minas Gerais, com
114.458 habitantes, sendo estimada uma população idosa de 9.957 pessoas e
renda per capita de R$ 802,97 (IBGE,2018). A ILPI onde foi realizado o estudo
conta com 78 funcionários, sendo dois médicos (um psiquiatra e um clínico
geral), um assistente social, um enfermeiro, um fisioterapeuta, um
fonoaudiólogo, um psicólogo, um nutricionista, um profissional de educação
física, uma recreadora, um auxiliar de farmácia, 17 técnicos de enfermagem, 19
cuidadores, nove funcionários na assepsia, seis funcionários na lavanderia e
duas cozinheiras. Além disso, há uma responsável pelo setor de recursos
humanos, porteiros, motoristas, cabelereira, costureira e auxiliar de
manutenção.
A ILPI é de caráter filantrópico, dando assistência continuada e
permanente aos idosos, funcionando em sede própria e ocupando hoje uma
área de 30.000 m². É composta por uma ala masculina e uma ala feminina,
além de áreas comuns de convívio como capela, jardins e estacionamento.
Cada ala possui 20 quartos e 10 banheiros e, ainda conta com uma cozinha,
três secretarias, uma recepção e uma enfermaria.
14
4.3 ASPECTOS ÉTICOS
Inicialmente, foi solicitado à direção da ILPI, permissão para realização
da pesquisa. Após autorização, conforme a resolução 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS) em Pesquisa e da Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa (CONEP) envolvendo seres humanos, o projeto foi encaminhado ao
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Franca, sob protocolo nº
03355418.0.0000.5495 e aprovado sob parecer nº 3.062.125 (ANEXO 1).
Também foi elaborado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), contendo informações gerais sobre o estudo em linguagem clara e
objetiva, além de mencionar que a participação era de livre e espontânea
vontade, com possibilidade de desistência a qualquer momento (ANEXO 2).
4.4 AMOSTRA E CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
A população de estudo constituiu-se de pessoas com idade igual ou
superior a 60 anos (faixa etária estabelecida para o idoso no Brasil, de acordo
com a Lei nº 8842 de 4 de janeiro de 1996), que residiam na ILPI estudada,
totalizando 114 pacientes. Os dados foram coletados no período de janeiro a
maio/2019.
Foram selecionados para o estudo os indivíduos que atendiam aos
seguintes critérios: ter 60 anos de idade ou mais; ter registro em prontuário
médico e fazer uso de cinco ou mais medicamentos concomitantemente,
caracterizando a polifarmácia (WHO, 2017, p.10).
4.5 COLETA DE DADOS E OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA
O idoso elegível para o estudo foi convidado a participar da pesquisa.
A assistente social, contratada da instituição, foi a responsável pelo
fornecimento dos dados sociodemográficos de todos os participantes. A ficha
para dados sociodemográficos coletou informações como nome, data de
nascimento, naturalidade, estado civil, profissão, nível de escolaridade, renda
mensal e tempo de institucionalização (APÊNDICE 1).
15
O questionário adaptado do método Dáder (ANEXO 3) de
acompanhamento farmacoterapêutico possibilitou a coleta de dados sobre os
medicamentos utilizados pelo idoso, posologia e modo de administração. O
questionário Dáder tem sido utilizado em estudos brasileiros similares
(OLIVEIRA; NOVAES, 2012; MARQUES, 2012; SÁ; FORTES, 2014), sendo
desenvolvido na Espanha por Daniel Sabater Hernández, Martha Milena Silva
Castro e María José Faus Dader, professores da Universidade de Granada,
traduzido para o português por Inês Isabel Lopes Nunes da Cunha e publicado
em 2010, em Lisboa. Segundo Sá e Fortes,
[ ]... o método Dáder foi criado com o intuito de contribuir para melhorar a efetividade e minimizar os problemas com o tratamento farmacológico, principalmente para aquelas pessoas que fazem uso de dois ou mais medicamentos (SÁ; FORTES, 2014, p. 54).
Os dados para o preenchimento do instrumento foram preenchidos pela
enfermeira contratada da instituição, mediante consulta às anotações do
prontuário do participante.
Os medicamentos foram alocados segundo a classificação Anatômica
Terapêutica Química (Anatomical Therapeutic Chemical - ATC), reconhecida
pela OMS como padrão internacional para os estudos de utilização de
fármacos, identificação de problemas, intervenções educacionais e
monitoramento dos resultados das intervenções (WHO, 2017). Nesse sistema,
os fármacos são divididos em diferentes grupos, de acordo com o órgão ou
sistema fisiológico onde atuam bem como em acordo com suas propriedades
químicas, farmacológicas e terapêuticas, considerando cinco níveis diferentes:
o primeiro nível, compreende quatorze grupos principais; o segundo nível,
compreende o subgrupo farmacológico/terapêutico; o terceiro e quarto níveis
correspondem aos subgrupos químicos/farmacológicos/terapêuticos e, o quinto
nível, à substância química (WHO, 2013).
Para avaliação do uso inapropriado dos medicamentos, foram
utilizados os Critérios de Beers (ANEXO 4), atualizados em 2015 (AGS, 2015),
que se constitui em uma listagem elaborada pela American Geriatric Society,
considerando os medicamentos disponíveis nos Estados Unidos. Os fármacos
são listados em classes e subclasses farmacológicas que auxiliam na seleção
de medicamentos adequados e na identificação de MPI, sendo subdividida em
cinco categorias: medicamentos que são inapropriados para idosos;
16
medicamentos que devem ser evitados em determinadas doenças ou
síndromes; medicamentos que devem ser usados com precaução em idosos;
medicamentos que necessitam de ajuste de dose conforme a função renal e
medicamentos que podem causar interações medicamentosas. No entanto, no
presente estudo, foram analisados apenas os fármacos classificados em
potencialmente inapropriados para idosos.
Além disso, a disponibilidade dos medicamentos no Brasil, assim como
a disponibilidade nos programas de assistência farmacêutica do Sistema Único
de Saúde no nível da atenção primária (Componente Básico da Assistência
Farmacêutica e o Programa Farmácia Popular do Brasil), pesquisada na
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais do Brasil, edição 2017-
RENAME, realizada por Rezende (2018) – (ANEXO 5) também foi utilizada.
Para esta análise considerou-se apenas o fármaco, independente da sua forma
farmacêutica ou apresentação, disponível na RENAME (2017).
O número de medicamentos foi contabilizado a partir dos usados pelos
idosos e definiu-se a prática de polifarmácia como o uso de cinco
medicamentos ou mais (WHO, 2017, p.10).
As potenciais reações adversas associadas a cada um dos
medicamentos foram identificadas com o auxílio do boletim publicado pelo
Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (OLIVEIRA et al.
2017).
17
5. RESULTADOS
Participaram da pesquisa os idosos com 60 anos ou mais de idade, que
residiam em uma ILPI localizada em uma cidade do estado de Minas Gerais.
Após recolha de dados reuniu-se um total de 114 pessoas que atendiam aos
critérios de inclusão definidos nesta pesquisa.
Na Tabela 1 observa-se a distribuição de idosos segundo idade, sexo,
estado civil, escolaridade, profissão, renda mensal e tempo de
institucionalização.
A idade dos idosos variou de 60 a 94 anos, sendo a faixa etária de
80-89 anos a com maior número de participantes, 51 (44,7%). Um total de 59
mulheres e 55 homens participaram da pesquisa, sendo que 35 (30,7%)
participantes eram viúvos; 29 (25,4%) estudaram por um período de 8 a 10
anos. Do total de idosos, 61 (53,5%) apresentaram-se inativos, não tendo
nenhuma profissão e a renda mensal não foi informada em 42,9% dos idosos,
representando um total de 49 pessoas.
Os medicamentos mais prescritos (em uso por pelo menos três
idosos), para os participantes do estudo, foram classificados segundo a ATC e
descritos na Tabela 2. O medicamento que foi mais vezes prescrito, durante o
período da pesquisa, foi a carbamazepina, administrada à 28 dos 114
indivíduos da amostra. Em segundo lugar, identificou-se a lactulose, com 27
prescrições, seguida pela levotiroxina sódica, administrada à 25 participantes.
18
Tabela 1. Distribuição dos idosos (n=114) segundo idade, sexo, estado civil,
escolaridade, profissão, renda mensal e tempo de institucionalização.
Variáveis sóciodemográficas n %
Idade
60-69 19 16,6
70-79 32 28,0
80-89 51 44,7
90 ou mais 12 10,5
Sexo
Feminino 59 51,8
Masculino 55 48,2
Estado civil
Solteiro 18 15,7
Casado 3 2,6
Viúvo 35 30,7
Separado/divorciado 21 18,4
Não informado 37 32,4
Escolaridade
< 1 ano 10 8,7
1 a 3 anos 15 13,1
4 a 7 anos 23 20,1
8 a 10 anos 29 25,4
10 a 12 anos 13 11,4
13 a 16 anos 16 14,0
> 16 anos 8 7,0
Profissão
Nenhum 61 53,5
Ativo 2 1,7
Aposentado 26 22,8
Pensionista 25 21,9
Renda mensal
Não informado 49 42,9
R$1,00 a R$500,00 28 24,5
R$500,00 a R$1.000,00 20 17,5
R$ > 1.000,00 17 14,9
Tempo de institucionalização
0-5 anos 39 34,2
6-10 anos 45 39,4
11-15 anos 22 19,2
16-20 anos 8 7,2
Fonte: dados da pesquisa
19
Tabela 2- Distribuição dos medicamentos mais prescritos para os idosos
segundo a classificação (ATC), nome farmacológico, número de doentes e
percentual dos mesmos que os utilizavam.
CLASSIFICAÇÃO ATC FÁRMACO NÚMERO DE DOENTES (%)
A01AD05;B01AC06;N02BA01 ÁCIDO ACETILSALICÍLICO
10 (8,7)
M05BA04 ALENDRONATO 5 (4,3) N05BA12 ALPRAZOLAM 3 (2,6) R03DA05 AMINOFILINA 4 (3,5) C01BD01 AMIODARONA 3 (2,6) N05AA01 AMPLICTIL 5 (4,3) C08CA01 ANLODIPINO 9 (7,8) C07AB03 ATENOLOL 4 (3,5) R03DA08 BAMIFILINA 5 (4,3) N07CA01 BETAISTINA 12 (10,5) N04AA02 BIPERIDENO 4 (3,5) A03FA04 BROMOPRIDA 7 (6,1) C09AA01 CAPTOPRIL 4 (3,5) N03AF01 CARBAMAZEPINA 28 (24,5) C07AG02 CARVEDILOL 13 (11,4) C04AX33 CILOSTAZOL 6 (5,2) C10AB08 CIPROFIBRATO 3 (2,6) N06AB04 CITALOPRAM 11 (9,6) N03AE01 CLONAZEPAM 9 (7,8) N05AF05 CLOPIXOL DEPOT 4 (3,5) N06AA09 CLORIDRATO DE
AMITRIPTIALINA 6 (5,2)
S01ED51 CLORIDRATO DE DORZOLAMIDA
4 (3,5)
A11E COMPLEXO B 5 (4,3) N05BA01;N05BA17 DIAZEPAM 7 (6,1) C01AA02 DIGOXINA 3 (2,6) A03AX13 DIMETICONA 14 (12,2) C05CA03 DIOSMINA +
HESPERIDINA 8 (7,0)
A03FA03 DOMPERIDONA 17 (14,9) N06DA02 DONEPEZILA 6 (5,2) N06DX01; N06DA02 DONILA DUO
(MEMANTINA + DONEPEZILA)
3 (2,6)
C09AA02 ENALAPRIL 7 (6,1) N06AB10 ESCITALOPRAM 11 (9,6) C03DA01 ESPIRONOLACTONA 3 (2,6) N05CA24; N03AA02 FENOBARBITAL 12 (10,5) N05CD03 FLUNITRAZEPAM 4 (3,5) N06AB03 FLUOXETINA 4 (3,5)
N05AH04 FUMARATO DE QUETIAPINA
6 (5,2)
20
Continuação
CLASSIFICAÇÃO ATC FÁRMACO NÚMERO DE DOENTES (%)
N03AX12 GABAPENTINA 3 (2,6) A10BB01 GLIBENCLAMIDA 6 (5,2) A10BB12 GLIMEPIRIDA 4 (3,5) N05AD01 HALOPERIDOL 16 (14,0) N05CF02 HEMITARTARATO DE
ZOLPIDEM 5 (4,3)
C03AA03 HIDROCLOTIAZIDA 8 (7,0) N06AA02 IMIPRAMINA 5 (4,3) A06AD11 LACTULOSE 27 (23,6) A02AA04 LEITE MAGNÉSIA 3 (2,6) N04BA02 LEVODOPA +
BENZERAZIDA 5 (4,3)
N05AC LEVOMEPROMAZINA 7 (6,1) H03AA01 LEVOTIROXINA SÓDICA 25 (21,9) N05BA06 LORAZEPAN 7 (6,1) C09CA01 LOSARTAN 16 (14,0) N06DX01 MEMANTINA 4 (3,5) A06AC01 METAMUCIL 7 (6,1) A10BA02 METFORMINA 13 (11,4) N06AX11 MIRTAZAPINA 7 (6,1) N05AH03 OLANZAPINA 7 (6,1) D02AC ÓLEO MINERAL 8 (7,0) A02BC01 OMEPRAZOL 12 (10,5) N02BE01;R05DA04;N02AA59 PARACETAMOL +
FOSFATO DE CODEÍNA 3 (2,6)
C04AD03 PENTOXIFILINA 4 (3,5) N05AC01 PERICIAZINA 3 (2,6) A07EA01 PREDINISONA 5 (4,3) D04AA10 PROMETAZINA 14 (12,2) C07AA05 PROPRANOLOL 3 (2,6) PROSSO CÁLCIO 4 (3,5) A02BA02 RANITIDINA 3 (2,6) N05AX08 RISPERIDONA 6 (5,2) C10AA07 ROSUVASTATINA 4 (3,5) R03AK06 SERETIDE 7 (6,1) N06AB06 SERTRALINA 10 (8,7) C10AA01 SINVASTATINA 20 (17,4) C07AB02 SUCCINATO DE
METROPOL 6 (5,2)
C01DA07 SUSTRATE 5 (4,3) S01XA20 SYSTANE 3 (2,6) A11DA01 TIAMINA 10 (8,7) N06AX05 TRAZADONA 5 (4,3) N03AG01 VALPROATO DE SÓDIO 14 (12,2) C08DA01 VERAPAMIL 6 (5,2)
ATC: Anatomical Therapeutic Chemical (Classificação Anatômica Terapêutico
Química)
21
Uma característica, citada na literatura como particular de idosos que
vivem em ILPI, é uma maior frequência de DCNT, o que contribui para a alta
prevalência de medicalização. Dos 114 idosos pesquisados, 82 (72%) faziam
uso de mais de cinco medicamentos concomitantemente, caracterizando a
polifarmácia, embora o número de medicamentos utilizados ao dia variou de 1
a 12, conforme mostrado na Tabela 3.
Tabela 3 – Distribuição do número de medicamentos consumidos diariamente
pelos idosos estudados de acordo com o número de idosos que os utilizavam
bem como o percentual relativo ao total de idosos.
Número de medicamentos Número de idosos Percentual
1 2 1,7
2 4 3,5
3 1 0,9
4 1 0,9
5 57 50,0
6 13 11,5
7 12 10,5
8 7 6,1
9 9 7,9
10 4 3,5
11 3 2,6
12 1 0,9
Total 114 100,0
Fonte: dados da pesquisa.
Dos 78 fármacos, de uso mais frequentes entre os idosos estudados, 37
(47,4%) são considerados MPI, segundo os critérios de Beers (Quadro 1).
Dentre os MPI prescritos, os fármacos com ação no sistema nervoso, seguidos
dos com ação no sistema circulatório foram os mais prescritos. Dentre os seis
MPI mais prescritos, em ordem decrescente, tem-se carbamazepina <
haloperidol < prometazina < fenobarbital < carvedilol < omeprazol (Quadro 1).
Entre os idosos que faziam uso de MPI, 21,7% consumiam um MPI, 29,2 %
receberam dois MPI e 26,4% consumiam três MPI diariamente (Tabela 4).
22
Quadro 1- Distribuição dos medicamentos potencialmente inapropriados para
idosos, detalhando os agravos e o número de idosos que os utilizavam (n/%)
na ILPI estudada.
Medicamento Potencialmente Inapropriado
Agravos Número de idosos (%)
ALPRAZOLAM Causa comprometimento psicomotor e vertigem, aumentando os riscos de quedas, acidentes e fraturas.
3 (2,6)
AMIODARONA É associada a doenças pulmonares e disfunções na tireóide.
3 (2,6)
BIPERIDENO Forte ação anticolinérgica que pode aumentar a constipação.
4 (3,5)
CARBAMAZEPINA Efeitos negativos na performance psicomotora e cognitiva. Comprometimento da coordenação motora e risco aumentado de quedas.
28 (24,5)
CARVEDILOL Dificuldade aumentada na respiração causada por broncoespasmos.
13 (11,4)
CILOSTAZOL Capacidade de causar insuficiência cardíaca e retenção de líquidos.
6 (5,2)
CITALOPRAM Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
11 (9,4)
CLONAZEPAM Causa comprometimento psicomotor e vertigem, aumentando os risco de quedas, acidentes e fraturas
9 (7,8)
CLORIDRATO DE AMITRIPTIALINA
Promove aumento do ritmo cardíaco.
6 (5,2)
DIAZEPAM Causa comprometimento psicomotor e vertigem, aumentando os risco de quedas, acidentes e fraturas.
7 (6,1)
DIGOXINA Risco aumentado de intoxicação sem promover maiores benefícios. O agravos aumentam em doses altas administradas em pessoas com insuficiência cardíaca.
3 (2,6)
DONEPEZILA Promove batimento cardíaco lento e hipotensão ortostática.
6 (5,2)
23
Continuação
Medicamento Potencialmente Inapropriado
Agravos Número de idosos (%)
ESCITALOPRAM Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
11 (9,6)
ESPIRONOLACTONA Aumento dos níveis de potássio no sangue (hipercalemia), causando prejuízos principalmente pessoas com insuficiência cardíaca que fazem uso de anti-inflamatórios esteroidais.
3 (2,6)
FENOBARBITAL Risco de overdose em baixas doses,dependência física e dificuldade na indução do sono.
12 (10,5)
FLUNITRAZEPAM Causa comprometimento psicomotor e vertigem, aumentando os risco de quedas, acidentes e fraturas.
4 (3,5)
FLUOXETINA Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
4 (3,5)
FUMARATO DE QUETIAPINA
Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
6 (5,2)
GABAPENTINA Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
3 (2,6)
GLIBENCLAMIDA Capacidade de hipoglicemia prolongada em idosos.
6 (5,2)
HALOPERIDOL Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
16 (14,0)
HEMITARTARATO DE ZOLPIDEM
Está associado a indução ou agravamento da vertigem e delirium
5 (4,3)
HIDROCLOTIAZIDA Capacidade de intensificação da gota.
8 (7,0)
IMIPRAMINA Está associada a indução ou agravamento da vertigem e delirium
5 (4,3)
24
Continuação
Medicamento Potencialmente Inapropriado
Agravos Número de idosos (%)
LEVOMEPROMAZINA Risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC) e mortalidade.
7 (6,1)
LORAZEPAM Causa comprometimento psicomotor e vertigem, aumentando os risco de quedas, acidentes e fraturas.
7 (6,1)
OLANZAPINA Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
7 (6,1)
ÓLEO MINERAL Potencial de riscos adversos em caso de aspiração/ Ligeiro.
8 (7,0)
OMEPRAZOL O uso prolongado pode causar demência e insuficiência renal. Risco aumentado de osteoporose/ fratura.
12 (10,5)
PERICIAZINA Risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC) e mortalidade.
3 (2,6)
PREDNISONA Risco de efeitos adversos. 5 (4,3)
PROMETAZINA Forte ação anticolinérgica que pode aumentar a constipação.
14 (12,2)
PROPRANOLOL Dificuldade aumentada na respiração causada por broncoespasmos.
3 (2,6)
RANITIDINA Está associada a indução ou agravamento da vertigem e delirium
3 (2,6)
RISPERIDONA Pode causar parkinsonismo. Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
6 (5,2)
SERTRALINA Capacidade de produzir ataxia, risco aumentado de quedas, comprometimento da coordenação motora.
10 (8,7)
VERAPAMIL Capacidade de causar insuficiência cardíaca e retenção de líquidos.
6 (5,2)
Fonte: adaptado de Oliveira, 2017.
25
Tabela 4 – Distribuição dos participantes da pesquisa de acordo com o número
de medicamentos potencialmente inapropriados ingeridos diariamente.
Nº MPI ingeridos Indivíduos %
1 22 21,7
2 31 29,2
3 28 26,4
4 15 13,4
5 6 5,6
6 3 2,8
7 1 0,9
Total 106 100,0
Fonte: dados da pesquisa.
A idade avançada já é fator condicionante para a ocorrência de reações
adversas aos fármacos, sendo que esse risco aumenta com a prescrição de
um MPI. Quando dois MPI interagem entre si, provocam efeitos adversos ainda
mais exacerbados, evidenciando alguns sinais e sintomas indesejados que
podem resultar em manifestações clínicas de grau leve à elevado. Algumas
interações medicamentosas entre MPI já são conhecidas, sendo mostrado no
Quadro 2 as associações de MPI identificadas nos idosos participantes da
pesquisa.
26
Quadro 2 – Interações medicamentosas entre os fármacos
potencialmente inapropriados mais prescritos entre os participantes da
pesquisa.
MPI Interage com Número de participan- tes
Efeitos adversos/ Grau de interação
Amiodarona Hidroclorotiazida 1 Arritmias cardíacas, palpitações e taquicardia/ Grave.
Amiodarona Amitriptialina 1 Arritmias ventriculares/ Grave.
Amiodarona Propranolol 1 Parada cardíada, ritmo cardíaco lento; hipotensão/ Grave.
Carbamazepi-na
Hidroclorotiazida 2 Retenção de líquidos; baixo nível de sódio no sangue. Sintomas como náusea, vômito, confusão mental,fraqueza e espasmos. / Moderado.
Carbamazepi-na
Haloperidol 5 Diminuição do efeito terapêutico do haloperidol/ Moderado
Carbamazepi-na
Amitriptialina 1 Diminui o efeito terapêutico da amitriptialina / Moderado.
Carbamazepi-na
Verapamil 2 Aumento dos efeitos tóxicos da carbamazepina / Moderado.
Carbamazepi-na
Diazepam/ Clonazepam
8 Diminui os efeitos de sedação e indução anestésica dos benzodiazepínicos / Moderado.
Carbamazepi- Na
Omeprazol 2 Diminui os efeitos terapêuticos do omeprazol / Moderado.
Clonazepam/ Diazepam
Omeprazol 3 Prolonga o efeito sedativo e ataxia / Moderado.
Cilostozol Acido acetilsalicílico
2 Aumenta o risco de sangramento/ Moderado.
Digoxina Propranolol 1 Bradicardia excessiva ou taquicardia / Moderado.
Digoxina Hidroclorotiazida 1 Aumento dos sinais de toxicidade por digoxina (fraqueza, dores musculares,
27
batimentos cardíacos irregulares, náuseas)/ Moderado.
Continuação
Digoxina Omeprazol 3 Aumento dos sinais de toxicidade por digoxina (fraqueza, dores musculares, batimentos cardíacos irregulares, náuseas) / Leve.
Fenobarbital Amitriptilina 2 Diminuição dos efeitos terapêuticos da amitriptilina / Leve.
Fenobarbital Propranolol 1 Diminuição dos efeitos terapêuticos do propranolol e de outros betabloqueadores (metropolol) / Moderado.
Fenobarbital Prednisona 1 Diminuição dos efeitos terapêuticos da prednisona e outros corticosteróides / Moderado.
Fenobarbital Verapamil 1 Diminuição do efeito terapêutico dos bloqueadores de canal de cálcio/ Moderado.
Haloperidol Amitriptilina 2 Xerostomia, disfunções visuais, retenção urinária, convulsões, tonturas, hipotensão ortostática / Grave.
Prednisona Verapamil 1 Aumento dos efeitos terapêuticos e tóxicos dos corticosteróides / Moderado.
Prednisona Acido acetilsalicílico
2 Aumento do metabolismo do AAS, aumento de ulcerações e sangramentos gastrintestinais / Moderado.
Verapamil Ácido acetilsalicílico
1 Risco aumentado de hemorragias e equimoses / Moderado.
Fonte: adaptado de Oliveira, 2017.
Entre os idosos pesquisados, 44 (38,5%) receberam pelo menos uma
prescrição em que se associava dois MPI que possuíam interação entre si.
28
6. DISCUSSÃO
A instituição asilar, cuja origem remonta à Grécia Antiga, é uma das
formas alternativas não familiares do cuidado ao idoso. No Brasil, embora elas
façam parte da rede de assistência social, em geral, surgem em razão das
necessidades da comunidade (BORN; BOECHAT, 2006) e não da
implementação de uma política de cuidados de longa duração.
A ILPI estudada tinha caráter filantrópico como a maioria das instituições
brasileiras, conforme apontado por Camarano e Kanso (2010). Segundo os
mesmos autores, no Brasil, prevalecem as instituições religiosas vicentinas e,
apenas uma pequena minoria, é pública. Não obstante, os esforços
governamentais e privados para as melhorias na saúde que propiciem um
envelhecimento com autonomia e independência, há uma tendência para a
ampliação no número de ILPI (CAMARGOS, 2013). No entanto, segundo
Camarano e Barbosa (2016), as ILPI brasileiras vivem principalmente do
recurso aportado pelos residentes e/ou familiares, mesmo as filantrópicas.
Os idosos residentes na ILPI estudada eram predominantemente da
faixa etária entre 80-89 anos, viúvos, de ambos os sexos. A faixa etária dos
idosos institucionalizados encontrada assemelha-se a descrita por Moreira et
al. (2016), que relataram idade média de 80 anos para idosos
institucionalizados estudados em Belo Horizonte. Os autores sugerem que a
dependência causada pelo envelhecimento físico demanda cuidados por parte
de terceiros uma vez que cuidadores/familiares, muitas vezes, não estão
preparados para prestar essa assistência. Segundo Giacomin e Couto (2010),
“tal necessidade cresce com o aumento da fragilidade e da idade, e varia
conforme os contextos familiares, culturais e econômicos”.
Em contraste aos estudos de Dantas et al. (2013) e Moreira et al. (2016)
que apontam uma prevalência do sexo feminino, os resultados mostraram uma
distribuição equitativa entre homens e mulheres semelhantemente aos relatos
de Alencar et al. (2017).
Quanto ao estado civil, a maioria dos 114 idosos institucionalizados,
eram viúvos (30,7%). O percentual de viúvos encontrado, 30,7% assemelha-se
29
ao encontrado por Alencar et al. (2012), que avaliaram o perfil de 47 idosos
residentes em uma Instituição de Longa Permanência, relatando um percentual
de viúvos de 34%. Ao se considerar o total de idosos viúvos e solteiros -
46,4%, verifica-se similaridade ao estudo de Ferreira et al. (2012), os quais
apontaram taxa de 40% para esse grupo de idosos, quando avaliaram o perfil
sociodemografico e funcional de 333 idosos institucionalizados.
Quanto ao período de estudo, nossos resultados mostraram que 25,4%
dos participantes, representando a maioria dos participantes, estudou por um
período de 8 a 10 anos, contrastando com os resultados de Alencar et al.
(2012), os quais apontaram que 55,3% dos participantes estudaram por um
período igual ou inferior a 4 anos.
A renda mensal, também tem sido um parâmetro analisado nas
pesquisas envolvendo idosos institucionalizados. Nossos resultados mostraram
que 42,9% dos participantes, não souberam informar a renda mensal.
Entretanto, o estudo de Galhardo et al. (2009), que avaliaram 46 idosos de
duas ILPI identificaram que 72% dos participantes recebiam um salário mínimo
e 28% não apresentavam renda mensal.
Devido à presença de múltiplas comorbidades, é cada vez mais comum
em pessoas com idade superior a 60 anos, a existência de polifarmácia. No
estudo foi identificado que 82 (72%) faziam uso de mais de cinco
medicamentos concomitantemente, embora, o número de medicamentos,
tenha variado de 1 a 12 (Tabela 3). De acordo com os estudos de Durakovíc e
Vitezíc (2013), o número de medicamentos ingeridos pode chegar de 3 a 12 ao
dia. Dados nacionais apontam o uso simultâneo de até 15 medicamentos por
dia (SALES et al., 2017; SMANIOTO; HADDAD, 2013).
Para Carvalho et al. (2012), a polifarmácia está associada
principalmente aos idosos pluripatológicos que fazem acompanhamento com
diversos especialistas de forma desarticulada, ou seja, não há conciliação dos
medicamentos ou avaliação do risco-benefício de todos os medicamentos
prescritos. No entanto, para Rozenfeld (2003) e Silva et al. (2012), o caráter
lucrativo dos serviços privados, a abordagem ideológica e a interação dos
médicos com a indústria farmacêutica podem explicar a qualidade e a
quantidade de medicamentos impróprios consumidos por idosos, bem como o
30
modelo de atenção à saúde, que tem no medicamento sua principal forma de
intervenção.
Lançados como ferramenta para o cuidado ao idoso, o Caderno de
Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa (2007), e a Caderneta do Idoso
(2009), mostraram a preocupação da esfera federal quanto a importância do
registro das medicações, considerando a necessidade de prevenção da
ocorrência de iatrogenias medicamentosas, relacionadas à polifarmácia.
Também possibilita o acompanhamento periódico das condições de saúde do
idoso, possibilitando o desenvolvimento de ações voltadas à recuperação,
promoção, atenção e prevenção de agravos entre esses indivíduos (SCHMIDT
et al., 2019). No entanto, a formação técnico-científica dos profissionais da
saúde, principalmente os da atenção primária, tem se constituído em uma
dificuldade a ser transposta para a operacionalização e efetivação da
ferramenta (SCHMIDT et al., 2019).
Caso haja necessidade da utilização de vários medicamentos
concomitantemente, a OMS recomenda que as medicações prescritas sigam
políticas, procedimentos e protocolos padronizados, que sejam administradas
adequadamente e submetidas às revisões regulares, de maneira a garantir a
produção de benefícios diretos e mensuráveis, com efeitos colaterais mínimos
(FAHRNI et al., 2014; WHO, 2017a). A iniciativa da OMS, buscou também o
empoderamento dos pacientes, familiares e cuidadores, de maneira a envolver
ativamente esses atores nas decisões sobre tratamentos e cuidados, sobre a
importância de realizar questionamentos, de contribuir para detecção de erros,
de reações e de como administrar de forma efetiva os medicamentos.
Uma melhor qualidade de vida para a população idosa, além de
contribuir para a redução de gastos desnecessários pelo sistema de saúde
inclui o uso racional de medicamentos. Os MPI para idosos, ou seja, todos
aqueles que deveriam ser evitados (independente de dose, duração do
tratamento ou circunstâncias clínicas), por serem ineficientes ou por
apresentarem risco desnecessariamente alto para pessoas idosas (risco
excedendo beneficio), foram avaliados com o auxílio dos critérios de Beers,
revisados em 2015 (AGS, 2015). Cerca de 37, dentre os 78 medicamentos
mais prescritos para os idosos estudados, foram considerados MPI.
31
Ferreira et al. (2016), ao estudar a medicação utilizada por 59 idosos
atendidos em uma ILPI do estado de Minas Gerais, identificou 59 diferentes
fármacos mais prescritos para os idosos, sendo que 13 deles foram
considerados MPI.
O envelhecimento, longe de ser apenas um processo biológico, se
configura como um processo sociocultural na atualidade o que tem contribuído
para o aumento de idosos às ILPI, onde os hábitos sedentários, a diminuição
da capacidade funcional e o abandono familiar contribuem para o aumento da
prevalência das morbidades relacionadas ao processo de envelhecimento
(OLIVEIRA et al., 2012; BARROS et al., 2016). Além disso, tem sido mostrado
que idosos com comprometimento da função cognitiva com graus variados de
dependência, por exigirem de suas famílias cuidados mais complexos,
estrutura física adaptada, poder econômico e maior apoio psicossocial, tornam-
se o principal grupo a ser institucionalizado (OLIVEIRA; NOVAES, 2012).
Evidencia-se que o perfil farmacológico dos idosos institucionalizados
estudados apresenta uma predominância de medicamentos com ação sobre o
sistema nervoso central em concordância com estudos internacionais (SHAH et
al., 2012; BAO et al., 2012; CLEGG et al., 2014). Dentre estes, os do subgrupo
psicolépticos podem produzir reações adversas como a sedação, discinesia
tardia, redução dos efeitos anticolinérgicos e distonia o que pode se manifestar
como quedas, fratura de quadril, confusão mental e isolamento social
(TERASSI et al. 2012; GERLACK et al. 2014).
Oliveira e Novaes (2012), associam a elevada prescrição de
psicofármacos para idosos ao despreparo dos prescritores e dos serviços de
saúde para tratar situações comuns aos idosos como insônia, ansiedade e
quadros depressivos. Além disso, há uma precariedade na formação de
recursos humanos preparados para atuar em equipes multiprofissionais no
atendimento à população idosa, reconhecendo as necessidades e
peculiaridades dessa faixa etária (FREITAS; NORONHA, 2013; GERLACK et
al., 2014; LIMA et al., 2017; SCHMIDT et al., 2019).
Terassi et al. (2012), sugerem acoplar exercícios físicos, alongamentos,
mudanças nos hábitos alimentares, entre outros, a fim de minimizar o consumo
medicamentoso pelos idosos institucionalizados. Já para Secoli (2010), o
profissional de enfermagem tem papel importante, uma vez que tem
32
conhecimentos de farmacologia que o permite identificar interações
medicamentosas e incompatibilidades farmacológicas precocemente. Sales et
al. (2017) reforçam a necessidade tanto da educação continuada dos
profissionais envolvidos quanto a de protocolos clínicos que abordem a
especificidade da farmacoterapia de idosos.
As alterações farmacodinâmicas e farmacocinéticas associadas à
polifarmácia aumentam consideravelmente o risco de sobredose e toxicidade
principalmente em pacientes geriátricos institucionalizados (OLIVEIRA;
NOVAES, 2012; GERLACK et al., 2014). Este estudo, encontrou 23 interações
medicamentosas entre medicamentos considerados MPI, sendo que quatro
delas foram consideradas de alta gravidade. Leonardi et al. (2016), ao
pesquisarem as interações medicamentosas de pacientes idosos
institucionalizados, identificou 57 interações medicamentosas entre todos os
fármacos prescritos, sendo que sete delas foram consideradas graves. Além
disso, Smanioto e Haddad (2013), que avaliaram a farmacoterapia prescrita à
idosos residentes em todas as ILPI situadas em Londrina-PR, relataram 359
eventos de reações adversas sendo que 24,8% foram classificadas como leve,
61,8% como moderada, e 13,4% como grave.
Semelhantemente a estudo prévio, nosso estudo identificou que as
classes de drogas mais comumente envolvidas em reações adversas aos
medicamentos utilizados por idosos institucionalizados incluem os
anticoagulantes e antiagregantes plaquetários, psicotrópicos, diuréticos e
antinflamatórios não hormonais (Gerlack et al., 2014).
Os eventos mais frequentemente provocados são hemorragias e
hematomas, dispepsias, incontinência urinária, tonturas, instabilidade
postural/quedas e alterações cognitivas. Em razão desses sintomas serem
comuns na população idosa, os mesmos podem não ser atribuídos à uma
reação adversa ao medicamento, resultando na prescrição de outra medicação
para conter os sintomas, situação conhecida como cascata iatrogênica
(Gerlack et al., 2014).
Com base nos resultados apresentados e nos estudos que apoiam
nossa discussão, infere-se que a farmacoterapia do idoso possui
singularidades que demandam políticas públicas que colaborem com a atual
realidade epidemiológica e demográfica.
33
O Ano Internacional do Idoso -1999, declarado pela Assembléia Geral da
Organização das Nações Unidas e a Política Nacional de Saúde do Idoso,
criada pela Portaria nº 1395/1999, do Ministério da Saúde (MS), que priorizou
as pessoas idosas, melhorando sua saúde e bem-estar, assegurando
habilitação e ambientes de apoio, representaram passos importantes para o
envelhecimento (VERAS; OLIVEIRA, 2018). Posteriormente, em 2003, no
Brasil, foi promulgado o Estatuto do Idoso que consolidou os direitos conferido
aos idosos, reflexo da política internacional para o envelhecimento pactuada na
Segunda Assembleia das Nações Unidas, realizada em Madri, em 2002
(ROZENDO; JUSTO, 2012; VERAS; OLIVEIRA, 2018).
Outro marco para o bem-estar dos idosos foi a implantação da Política
Nacional de Saúde (PNS, 2006), que teve como finalidade primordial recuperar,
manter e promover a autonomia e a independência das pessoas idosas,
direcionando medidas consonantes com os princípios do SUS. Dentre as
diretrizes, pode-se destacar: promoção do envelhecimento ativo e saudável;
atenção integral à saúde, estímulo às ações intersetoriais, fortalecimento da
participação e controle social; divulgação e informação sobre a política e apoio
ao estudo e pesquisa (ANDRADE et al., 2013).
Em 2015, foi elaborada a Agenda 2030 que elaborou os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), elencando 17 itens que, conjuntamente,
têm por meta analisar as condições ou situações de riscos que se relacionam à
combinação das mudanças ambientais, climáticas e sociais
(KRONEMBERGER, 2019). Especialmente, o ODS 3 que tem por lema
“assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em
todas as idades” atentou-se positivamente à saúde do idoso. Dentre as
propostas, destaca-se: oferecer aos gestores em saúde informações e
indicadores que auxiliem a tomada de decisões e o planejamento de ações
voltadas à população idosa, tanto no âmbito municipal como estadual; oferecer
informações acerca das condições de saúde e qualidade de vida da população
idosa nos diferentes níveis à pesquisadores e interessados na temática e
propor indicadores diretos ou indiretos de monitoramento de metas e diretrizes
pactuadas pelas políticas e programas nacionais e internacionais (KURUVILLA
et al., 2018; GEBREMARIAM; SADANA, 2019).
34
O ODS 10, que primordialmente enfoca a redução das desigualdades,
também se direciona ao idoso, incluindo suas propostas de qualidade de vida,
preservação da autonomia, independência funcional e igualdade como
necessidades sociais (KURUVILLA et al., 2018).
No conjunto, os ODS propõem uma abordagem para melhorar o
desempenho frente aos desafios emergentes, embora seja preconizado, que os
próprios países devem verificar qual a melhor forma de implementá-los de
maneira a garantir serviços acessíveis e de alta qualidade que alinhem às
necessidades de cuidados de saúde de suas populações. Estratégias de
sistemas de saúde como serviços de saúde integrados, centrados nas
pessoas, podem contribuir para operacionalizar a abordagem ao longo da vida
e à implementação de uma cobertura universal de saúde inclusiva para os
idosos (GEBREMARIAM; SADANA, 2019).
Nesse contexto, Veras e Oliveira (2018) idealizaram um modelo de
assistência aos idosos com foco no monitoramento, cuidado e prevenção a
partir de cinco níveis hierárquicos. Neste modelo, os três primeiros níveis
(acolhimento, núcleo integrado de cuidado e atendimento em ambulatório
geriátrico) priorizam basicamente o cuidado pelos profissionais de saúde, que
visam preservar a qualidade de vida e a participação social. Os dois últimos
níveis, cuidado de curta duração (emergência, hospital-dia, atenção domiciliar)
e cuidado de longa duração (instituição de longa permanência, residência
assistida, unidade de reabilitação) são considerados de custo elevado e são
específicos conforme demanda individual. Os autores sugerem que o modelo
pode trazer benefícios não somente aos idosos, mas também qualidade e
sustentabilidade ao sistema de saúde brasileiro (VERAS; OLIVEIRA; 2018).
Levando em consideração todos os riscos e prejuízos que o uso
inadequado de medicamentos causa à saúde do idoso, faz-se necessária o
desenvolvimento de estratégias, programas e políticas que contraponham as
dificuldades existentes e que favoreçam o desenvolvimento social da
população idosa dentro de um quadro adequado de saúde e bem-estar.
Embora a coleta de dados não tenha se baseado na capacidade dos
idosos em se lembrar dos medicamentos que fazem uso, e sim da análise das
prescrições médicas, controlados pelas enfermeiras/técnicos de enfermagem
responsáveis, o fato de o estudo ter sido realizado em apenas uma ILPI se
35
constitui em fator limitante para a generalização dos resultados obtidos. Além
disso, a ILPI estudada, embora aparentemente bem estruturada, abriga uma
população fragilizada, evidenciada pela idade avançada dos participantes e, a
extrapolação destes resultados para outros níveis de cuidado, pode não ser
coerente.
36
7. CONCLUSÃO
- Os idosos estudados nesta pesquisa apresentaram alta prevalência no
uso de medicamentos, sendo que 72% faziam uso de cinco ou mais
concomitantemente.
- Os fármacos com ação no sistema nervoso, seguidos dos com ação no
sistema circulatório foram os mais utilizados. Dentre os fármacos com o maior
número de prescrições, 37 foram considerados MPI, sendo os mais comuns
carbamazepina, haloperidol, prometazina, fenobarbital, carvedilol, omeprazol.
- 92,9% dos participantes da pesquisa faziam uso de pelo menos um
medicamento inapropriado.
- As principais interações medicamentosas observadas foram
representadas pela associação entre os fármacos: Carbamazepina/Haloperidol
e Carbamazepina/Diazepam/Clonazepam que foram prescritas para cinco ou
mais participantes. Outras associações apresentaram risco, sendo que 44 dos
114 idosos apresentaram pelo menos uma interação medicamentosa entre dois
MPI.
- Sugere-se com esta pesquisa que a prescrição medicamentosa em
pacientes geriátricos deva ser realizada com cautela e adequação, a fim de
diminuir os riscos à saúde do idoso. Os resultados apontados neste estudo
podem subsidiar a elaboração de um plano medicamentoso no qual os
benefícios dos medicamentos prescritos sobressaiam aos riscos de reações
adversas aos mesmos, no organismo idoso.
37
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45
APÊNDICE 1
Ficha de dados sociodemográficos
Nome: DN:
Naturalidade (cidade e estado):
Endereço:
Telefones:
E-mail:
Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado / Divorciado ( ) NI
Profissão: ( ) Ativa ( ) Aposentado ( ) Pensionista ( ) Nenhum
Nível de escolaridade (em anos de estudo): ( ) < 1 ano ( ) 1 a 3 anos ( ) 4 a 7 anos ( ) 8 a 10 anos ( ) 10 a 12 anos ( ) 13 a 16 anos ( ) >
16 anos
Renda mensal:
Tempo de Institucionalização:
46
Medicamentos Posologia
Queixas ?
Interação medicamentosa Consequências Risco/ gravidade
47
ANEXO 1
48
49
50
51
52