Meu sonho de igreja

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A nossa época está sendo marcada pelas constantes mudanças e avanços em todos os segmentos da vida. Também a igreja não pode fugir desta situação e está sendo atingida em todas as suas áreas de atuação e nas suas bases teológicas. O que no passado parecia ser estável em relação a sua estrutura e seu agir, está sendo questionado profundamente. Neste livro o autor quer encorajar a igreja a se tornar uma espécie de “Arca de Noé” moderna para receber e integrar as pessoas que a procuram.

Transcript of Meu sonho de igreja

HARTMUT WEYEL

MEU SONHO DE IGREJACaracterísticas da Igreja de

Jesus CristoEstruturas bíblicas e perfil moderno

Tradução Werner Fuchs

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Weyl, Hartmut. - Meu sonho de Igreja: características da Igreja de Jesus Cristo : estruturas bíblicas e perfil moderno/ Hartmut Weyel . – tradução Werner Fuchs. – Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2003.

Título do original: So stell ich mir Gemeinde vorBibliografia.

ISBN 85-86249-59-9

02-6266 CDD-262

1. Igreja 2. Igreja - História I. Título

Índice para catálogo sistemático:1. Eclesiologia : Cristianismo 262

Título do Original em alemãoSo stelle ich mir Gemeinde vor

Copyright©1997 Brunnen Verlag Giessen

CapaJaqueline J.V. Firzlaff

RevisãoDoris Körber

Supervisão editorial e de produçãoWalter Feckinghaus

1ª edição brasileiraJaneiro de 2003

Editoração eletrônicaMarianne Richter

Impressão e acabamentoImprensa da Fé

Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela

EDITORA EVANGÉLICA ESPERANÇARua Aviador Vicente Wolski, 353

82510-420 – Curitiba – PRFone: (41) 3022-0390Fax: (41) 3256-3662

E-mail: eee@esperanca-editora.com.brwww.editoraesperanca.com.br

PREFÁCIO ..................................................................................... PRÓLOGO ......................................................................................INTRODUÇÃO ................................................................................SEÇÃO I - O QUE É IGREJA? .......................................................I – Igrejas e congregações hoje ...................................................... II – A Igreja em seu desenvolvimento histórico ............................... A – Primeira Igreja ............................................................. B – As igrejas depois do primeiro século ........................... C – A igreja desde Constantino ......................................... D – A questão eclesial na época da Reforma .................... E – A questão da comunidade eclesial no Pietismo e no movimento de avivamento.................................... F – Igrejas livres e igrejas estatais .....................................III – A questão da igreja hoje ........................................................... A – A crise da igreja estatal da Alemanha .......................... B – Questionamentos às igrejas livres ............................... C – A comunhão dos que crêem – um modelo para hoje e manhã?..................................................................... IV – A questão da igreja de acordo com a Escritura ....................... A – De volta à fonte ............................................................ B – Comunhão ou estruturas eclesiásticas? ..................... C – Avançando em direção aos pais .................................. SEÇÃO II - ESTRUTURAS BÁSICAS DA IGREJA DE CRISTO.............................................................................. As respostas da Reforma não bastam ............................................

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ÍNDICE

O critério do evangelho é que decide .............................................. Os quatro distintivos da igreja de acordo com a Escritura .............. I – A realidade da igreja – a igreja ekklesia ........................ 2 – O conceito ekklesia ...................................................... A – A igreja é o povo de Deus ............................... B – A igreja é o corpo de Cristo ............................. C – A igreja é o templo do Espírito Santo ............. 3 – A igreja é o espaço de vida do povo de Deus .............. 4 – A igreja é igreja visível .................................................. 5 – Igreja é a comunhão dos que crêem ............................ 6 – Deus deseja a unidade da igreja .................................. 7 – A igreja e sua ruptura com o mundo .............................

A AGREGAÇÃO DA IGREJA – A IGREJA COMO KOINONIA .........O serviço da igreja a igreja como diakonia ..................................... 1 – Como Deus reúne seu povo ......................................... 2 – Como Jesus congrega sua igreja ................................. 3 – O termo “koinonia” ........................................................ A – A igreja vive como comunhão de fé ................. B – A igreja pratica o batismo dos crentes.............. C – A igreja se reúne em torno da ceia do Senhor.. D – A igreja vive como comunhão terapêutica ....... E – Admissão e exclusão da igreja são sinais de comunhão ..................................................... Conseqüências ............................................................................... 1 – O acesso à igreja .......................................................... 2 – A porta de acesso à igreja ............................................ 3 – A vida da igreja .............................................................

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O SERVIÇO DA IGREJA A IGREJA COMO DIAKONIA ...................Introdução ........................................................................................ O termo “diakonia” ........................................................................... 2 – O serviço de Jesus por sua igreja ................................. A – A igreja e seus dons ........................................ B – A igreja e seus ministérios .............................. C – A igreja e suas ordens .................................... D – O serviço diaconal e social da igreja .............. E – A igreja e o Estado ..........................................Conseqüências ............................................................................... Resultado ........................................................................................ Síntese ............................................................................................

SEÇÃO IV-O ENVIO DA IGREJA A IGREJA COMO MARTYRIA .............................................................Introdução ........................................................................................1 – O envio apostólico da igreja ......................................................2 – O termo martyria ....................................................................... A – A igreja proclama o reino de Deus ............................... B – A igreja prega a palavra de Deus ................................. C – O envio missionário da igreja ...................................... D – A igreja sofredora e triunfante ...................................... Conseqüências ................................................................................1 – A igreja é um desafio para o mundo ..........................................2 – O mundo é um desafio para a igreja .........................................3 – Igreja convicta e convincente ....................................................Resultado ........................................................................................Meu sonho de igreja ........................................................................Síntese ............................................................................................

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Os temas “desenvolvimento de igrejas”, “fundação de igrejas”, “plantação de igrejas” estão em primeiríssimo lugar na ordem do dia das questões teológicas da atualidade. Mexe com convenções teo-lógicas, círculos de colaboradores, lideranças de igrejas. Em parte é abordado sob premissas negativas: quantos e que tipo de prédios eclesiásticos podem ser financiados? Será que os custos de pessoal não devem ser urgentemente reduzidos, e que prioridades vigorarão nessa situação? Muitas igrejas pensam seriamente em diminuir o nú-mero de cargos, em fundir paróquias e fechar congregações.

É impossível abranger os problemas, em parte dramáticos, das grandes denominações e de diversas igrejas livres. Isso vale acima de tudo para as finanças, para o crescimento numérico da igreja e para a questão da reorientação diante de um profundo processo de secularização.

Diante deste fatos, que reações se observam comumente? Uns procuram tranqüilizar os demais. Outros viajam para países distantes, a fim de estudar congregações numericamente grandes (“mega-igre-jas”). De conformidade com esses modelos projetam, em tom de cam-panha, programas de expansão mais ou menos espetaculares.

No entanto, tenho a impressão de que perguntas eclesiológicas substanciais, que na realidade deveriam estar ligadas a essas ações, são pouco abordadas. Até parecem ser um empecilho.

PREFÁCIO

Na presente obra de Hartmut Weyel o olhar é dirigido – de forma tranqüila – para os questionamentos interiores, espirituais e teológicos quanto à compreensão bíblica de igreja.

Isso acontece em um permanente confronto implícito – e oca-sionalmente também explícito – claro, porém não polêmico, com as realidades eclesiológicas das igrejas evangélicas alemãs. De forma alguma admite o recuo demasiadamente confortável (de quebra-ga-lho) para a “igreja invisível dos verdadeiros fiéis”, por meio do qual a igreja oportunamente se defende contra a crítica e a mudança. Do mesmo modo combate o caráter aleatoriamente pós-moderno de um empreendimento de prestação de serviços religiosos abrangentes, que propõe deixar ser verdadeira uma porção de coisas. O autor toma posições que vale a pena conferir.

Na condição de diretor da missão urbana de Berlim (da qual participam vinte igrejas em Berlim e Brandemburgo) e de pastor de igreja, assinalei o livro com numerosos pontos de interrogação e de exclamação.

Talvez o livro ajude a quebrar o silêncio teológico das igrejas no diálogo e nos questionamentos críticos mútuos sobre a questão ecle-siológica. O diálogo sempre compensa, porque não se trata de querer ter razão, mas de como podemos dar glórias a Deus como igreja de Jesus Cristo.

Berlim, Setembro de 1996 Hans-Georg Filker

PRÓLOGO

A realidade de que em nossas cidades e povoados não existe apenas uma congregação ou igreja, mas um sem-número às vezes desnorteador de grupos cristãos, confissões, igrejas e congrega-ções, é entendida por muitos não como riqueza, mas como um peso. A pergunta de muitos é: quem, então, tem razão? Como é e onde está a igreja ou congregação à qual se pode pertencer com alegria e convicção?

Com isso está lançada a questão sobre a igreja ou comunida-de eclesial com estruturas bíblicas, que seja verdadeira e ao mesmo tempo atual . Quais são seus distintivos e suas características? Qual é seu aspecto? Como ela vive? São essas perguntas que o presente livro analisa.

As igrejas descritas pelo Novo Testamento têm por base estru-turas que são idênticas em todas as igrejas e formas congregacionais do primeiro cristianismo. Esta obra tenta descobri-las e encorajar-nos para concretizá-las. Porque evidentemente são essas estruturas bási-cas que nos fornecem o projeto original de Deus para a sua igreja.

Cabe distinguir essas estruturas básicas inalteráveis do perfil mutável de uma igreja. O perfil da igreja corresponde à respectiva situação de seu tempo. Por meio do perfil ela tenta ser igreja moder-na. Isso é necessário para que seja igreja para as pessoas de sua época.

O tema do presente livro demandou meu interesse desde que estudei teologia. Foram especialmente os acontecimentos sociais dos anos 1964-1969 e o encontro com colegas estudantes vindos de ou-

tras denominações que me levaram à análise de minha própria com-preensão de igreja.

Em tempos recentes, o desenvolvimento célere e o amplo sur-gimento de congregações alternativas e independentes nos obrigam a jogar luz sobre a questão de como se deve concretizar a igreja de Jesus Cristo de conformidade com o evangelho. Essa é uma questão existencial para todos os cristãos, pois ser cristão sem ser igreja é tão impossível quanto ter uma cabeça sem corpo.

O livro é concebido como um manual de estudo. Ele tenta res-ponder à pergunta sobre a igreja de Jesus Cristo com base na Bíblia e em sólidos resultados do trabalho teológico. Nesse esforço, inten-cionalmente abro mão de critérios científicos formais e do respectivo aparato crítico, a fim de mantê-lo acessível à leitura dos cristãos que tenham interesse e reflitam sobre a questão.

Desejo agradecer de forma muito especial à Igreja Evangélica Livre de Wuppertal-Barmen, Unterdörnen, em que atuei durante 15 anos como pastor. Ela me liberou por algumas semanas para trabalhar neste livro e o apoiou. Igualmente a Igreja Evangélica Livre de Berlim-Moabit, que em 1993 me chamou para ser seu pastor, contribuiu para a edição definitiva, concedendo-me tempo e encorajamento.

Hartmut Weyel

INTRODUÇÃO

Certa pessoa teria dito ao conhecido pregador inglês C. H. Spurgeon (1834-1892) que não podia decidir-se a se tornar membro de uma das igrejas existentes. O motivo alegado era que todas elas ficavam muito aquém do ideal de perfeição. A isso Spurgeon teria res-pondido: “Isso é verdade, não existe uma igreja perfeita. E se o senhor quiser esperar até encontrar alguma, o senhor poderá esperar até in-gressar no céu. Além disso, se por acaso o senhor encontrasse uma igreja perfeita, ela teria de se negar a acolhê-lo, pois tão logo o senhor fosse recebido, aquela igreja deixaria de ser perfeita.”

É verdade: quem levanta a pergunta sobre igreja ou comuni-dade de Jesus Cristo há de orientar-se inicialmente por aquilo que vê diante de si. Verá muitas igrejas e congregações que o decepcionam. Um olhar para a história das igrejas poderia fornecer-lhe indícios sufi-cientes sobre “a miséria do cristianismo” (“Das Elend des Christentu-ms” – É esse o título de um livro de bolso de Joachim Kahl, Reinbek em Hamburgo 1968).

Atualmente constataremos um número crescente de cristãos meramente nominais, que na realidade pertencem a uma igreja, mas que, por não participarem de fato da vida eclesial, tornam mentirosa essa filiação. Veremos a freqüência assustadoramente baixa aos cul-tos em muitas igrejas, ou um estilo de espiritualidade bitolado em nu-merosas congregações, e perguntaremos, de modo irritado: “Isso é a igreja, isso é comunidade de Jesus Cristo?” É verdade: a credibilidade da igreja ou comunidade de Jesus Cristo pode ser motivo de sérias dúvidas para aquele que somente crê no que vê.

Outra razão de irritação reside no sem-número das mais diver-sas denominações e igrejas. Todas reivindicam ser a expressão ver-dadeira da igreja de Jesus Cristo. Algumas reivindicam modestamente ter a verdade, outras se arrogam o direito de ser a “única que salva”.

Por essas razões, muitas pessoas estão profundamente inseguras a respeito da igreja. Quando já não se afastaram há tempo, permanecem indecisas em sua igreja de origem e tão somente dão de ombros. Outros se abstêm de qualquer decisão quanto à igreja a que querem aderir. Fi-cam “de fora” ou interiorizam sua fé, fazendo dela um assunto particular.

Até mesmo pessoas que desejam ser cristãs convictas não raro põem de lado a questão da igreja de Jesus Cristo e se retraem para uma existência cristã individual. As perguntas que ouvimos constante-mente são: “Que proveito tenho eu por me filiar a uma igreja?” ou: “O que, afinal, uma congregação poderá me oferecer?” Essas perguntas freqüentemente são expressão de sua decepção ou também de um curto-circuito no seu raciocínio.

Há séculos que cristãos confessaram sua fé em Deus, o Pai, o Criador do céu e da terra, em Jesus Cristo, seu Filho unigênito, e no Espírito Santo, incluindo nesse credo também a igreja ou a comunhão eclesial. Essa fé que une todos os cristãos foi formulada no “Credo Apostólico”. Nessa oração os cristãos confessam ser uma “igreja san-ta, universal, cristã”. No credo “Niceno-Constantinopolitano”, igual-mente oriundo da igreja antiga, os cristãos confessam há séculos a “igreja una, santa, católica e apostólica”.

Sem dúvida essas confissões com formulações fixas contêm problemas. Não reproduzem completamente o que um cristão crê e confessa. Colocam ênfases teológicas de sua época, que carecem de complementação nos dias de hoje. Servem-se de uma linguagem que em outros tempos causa equívocos, motivo pelo qual precisa ser detalhada através de outros conceitos.

Conseqüentemente, os conceitos “santo”, “católico”, “apostóli-co” e “igreja” não apenas foram estreitados no curso da história, por causa de sua utilização confessional, mas muitas vezes até foram privados de seu significado original. Em sua acepção original, os con-ceitos – isso pode valer como premissa – possuem um fundamento sólido no Novo Testamento. Sob esse aspecto, todos eles constituem um permanente princípio crítico, o qual indica implacavelmente todos os desvirtuamentos na história da igreja e questiona incessantemente toda a insistência conservadora em permanecer na condição em que a igreja se encontra no momento. Portanto, quem leva a sério o credo da igreja una, santa, católica e apostólica, e não apenas a confessa com os lábios, precisa submeter-se às perguntas críticas que são di-rigidas a ele e à sua igreja. Do contrário, estaria se colocando fora da fé que une todos os cristãos. Mais que isso: a pessoa se posicionaria fora do Novo Testamento.

Mas também aquele que confessa em alto e bom som sua fé pessoal no Deus triúno se colocaria fora da fé que une todos os cris-tãos se não afirmasse simultaneamente seu “sim” à igreja una, santa, católica e apostólica. Além disso, ele se distanciaria da confissão do Espírito Santo, por meio do qual surge a verdadeira igreja: povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo.

Portanto, o que se pede é fé. De acordo com a compreensão da Bíblia, fé é confiança entre pessoas, i. é, confiança do ser humano em Deus. Contudo, quando o cristão crê no Deus triúno, inclusive no Es-pírito Santo de Deus, ele crê também na palavra e nos feitos de Deus q ue aconteceram em favor do indivíduo. É por isso que ele pode e há de confessar: Creio na igreja una, santa, católica e apostólica, porque creio na palavra de Deus.