Post on 13-Apr-2018
7/26/2019 Michel Foucault e a Instituio Escolar
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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO RIO DE JANEIROPS-GRADUAO EM FILOSOFIA CONTEMPORNEA
Claudio Ro!"#o M!$do$%a S&'i('o")#
Mi&'!l Fou&aul# ! a I$)#i#ui%*o E)&ola"Po))iilidad!) +!#!"o#,(i&a) ! d! Ru(#u"a da R!("odu%*o
Rio de Janeiro2016
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Claudio Ro!"#o M!$do$%a S&'i('o")#
MIC+EL FOUCAULT E A INSTITUIO ESCOLARPo))iilidad!) +!#!"o#,(i&a) ! d! Ru(#u"a da R!("odu%*o
Trabalho de concluso de curso apresentado aoPrograma de Ps-graduao em FilosofiaContempornea da Pontifcia Universidade Catlicado io de !aneiro " PUC-io como pr#-re$uisito
para a obteno do ttulo de especialista%
P"o!))o" Gu)#a.o C'a#ai/$i!"Orientador
Departamento de Filosofia PUC- Rio
Rio de Janeiro, 11 de maro de 2016
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Todos os direitos reservados. proibida a reproduototal ou parcial do trabalho sem autorizao dauniversidade, do autor e do orientador.
Claudio Roberto Mendona Schiphorst&raduou-se em 'ireito pela Universidade do (stado do io de!aneiro% ) Ps-&raduado em Filosofia da 'iferena e Ps-&raduando em Filosofia *ntiga%*utor dos +ivros, .olidariedade do Conhecimento/ 0oc1Pode Fa2er a eforma (ducacional% 3o Pas/ 3a (scola/ 3aFamlia e Cen4rios e 5bst4culos para a eforma(ducacional/ publicou ainda in6meros artigos em 7ornais decirculao nacional e revistas especiali2adas% Foi .ecret4rio de(stado de (ducao em 899: e de ;
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R!)u0o
(ste trabalho tem por ob7etivo investigar a instituio educacional observando os
conceitos fundamentais da filosofia de >ichel Foucault/ tais como as formaAesdiscursivas/ a disseminao do poder/ a sociedade de controle/ a biopoltica e as
heterotopias/ e ainda traar possveis correlaAes com o espectro de instituiAes sociais
$ue permearam a sua obra% B4 tamb#m o intuito de uma maior compreenso do papel do
professor e das possibilidades heterotpicas no espao escolar%
Pala."a)-&'a.!: Foucault/ educao/ professor/ heterotopia/ instituiAes%
A)#"a
This article aims to investigate the educational institution/ observing the fundamental
ideas of >ichel Foucaults PhilosophD/ as Eell as establishing possible correlations Eith
the spectra of socials institutions that are most studied in his Eor% Gt also intends a
ma7or understanding of the teachers role and the possibilities of heterotopD in the space
of the school%
1!23o"d): Foucault/ philosophD/ education/ teacher/ heterotopD/ institutions%
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Su04"io
esumo%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
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I$#"odu%*o
*o longo da tra7etria de >ichel Foucault h4 um constante enumerar de
instituiAes de proteo e salvaguarda social/ com a correspondente an4lise de
pr4ticas discursivas $ue se consolidam no interior das mesmas e acabam por se
disseminar/ nas dimensAes temporais/ espaciais e relacionais/ vindo a permear o
tecido social como um todo% (las se colocam como criadoras e ao mesmo tempo
reprodutoras de formas de poder $ue se eKercem em m6ltiplas coneKAes inseridas
em lcus conteKtuali2ados% *rvoram procedimentos e liturgias/ bem como
invocam status de legitimidade/ $ue embasa a tra7etria em direo a um
LelevadoM patamar de pretensas isenAes e neutralidades% 3o interior dos
hospcios/ prisAes/ hospitais/ $uart#is e f4bricas/ se desenvolveram saberes $ue semostraram imbricados catali2adores de poderes/ na medida em $ue estes passam a
ser eKercidos pela via do discurso do controle Ninvariavelmente sob o manto do se
estar fa2endo o melhor para o sub7ugado e pela sociedadeO/ com diversas
conse$u1ncias/ dentre elas a mais visvel, a capa2 de minimi2ar/ por substituio/
a presena do castigo fsico como instrumento de mando% * brutalidade/ todavia/
persiste ve2 $ue a produo e instaurao da verdade encerra invariavelmente uma
ao de viol1ncia por eKcluso de outras possibilidades discursivas% * linguagem/ento/ ganha uma nova dimenso epist1mica,
* verdade encontra sua manifestao e seu signo na percepoevidente e distinta% Compete s palavras tradu2i-la/ se o podemQmas no tero mais direito a ser sua marca% * linguagem seretira dos seres para entrar na era de sua transpar1ncia eneutralidade% NF5UC*U+T/ >ichel/ ;
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suficientemente estabelecidas como trilhas a serem/ em momento mais
conveniente e oportuno/ melhor eKploradas%5 fundador do &rupo de Porto *legre de (studos sobre Foucault e a
(ducao/ *lfredo 0eiga-3eto/ corrobora $ue a utili2ao do pensamento do
filsofo franc1s no campo dos estudos sobre educao Lnem # de uso corrente nos
discursos pedaggicos brasileiros e nem mesmo # tomada como refer1ncia em boa
parte da pes$uisa educacional $ue se fa2 em nosso PasM N;ichel/ ;as # sem d6vida no ensino prim4rio $ue esse a7ustamento dascronologias diferentes est4 mais 6til% 'o s#culo 0GG at# aintroduo/ no comeo do s#culo G/ do m#todo +ancaster/ omecanismo compleKo da escola m6tua se construir4 numaengrenagem depois da outra, confiaram-se primeiro aos alunosmais velhos tarefas de simples fiscali2ao/ depois de controledo trabalho/ em seguida/ de ensinoQ e ento no fim das contas/todo o tempo de todos os alunos estava ocupado se7a ensinandose7a aprendendo% NF5UC*U+T/ >ichel/ ;
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>ichel Foucault/A Reproduo/ de ?ourdieu e Passeron e O Mestre Ignorante/ de
!a$ues anciRre/ dentre outras obras referenciadas em nossa bibliografia%* LFuno *utorM/ $ue foi ob7eto de estudo do pensador franc1s na
confer1ncia O que um autor reali2ada em 89=9/ e as possibilidades de
converg1ncia e simetria com a LFuno (ducadorM - em analtica formulada por
*leKandre Fiordi de Carvalho - tamb#m merecero espao nesta monografia%3ossa tra7etria eKploratria/ contudo/ no poder4 ir muito al#m de buscar
o melhor entendimento das heterotopias% (stas so espaos reais Ne/ portanto/ no
utpicosO/ todavia no convencionais e $ue escapam sobremaneira regras
eKtremamente valori2adas pela sociedade% Gremos verificar a possibilidade de sua
coeKist1ncia no sistema educacional/ utili2ando ma7oritariamente a perspectiva
das escolas p6blicas dos pases no desenvolvidos/ como eventual planoreferencial emprico de nosso estudo/ isto $uando 74 estivermos prKimos s
conclusAes%Gmportante registrar $ue a crtica a$ui direcionada escola pode ser vista/
por muitos/ como eKcessivamente acentuada/ in7usta pelo aspecto generalista e
com certos di2eres se reportando a uma realidade pret#rita/ parcialmente
ultrapassada ou em franco processo de superao%Cumpre salientar/ ainda a ttulo de esclarecimento/ $ue a$ui no temos
nenhum intuito de tratar propriamente de aspectos de nature2a sociolgica/pedaggica ou histrica da educao/ do magist#rio ou da instituio escolar%
A Fo"0a%*o da Su5!#i.idad! Mod!"$a
5 pensamento de >ichel Foucault elabora uma descrio minuciosa e
refleKiva acerca de como a sub7etividade moderna se constitui e ganha identidade
a partir de sua eKposio a tecnologias de poder $ue se inscrevem em todas as
relaAes humanas/ ou se7a/ no apenas nas oriundas das estruturas Nestatais ou
religiosasO tpicas do eKerccio da opresso e da dominao% ) importante frisar
$ue/ sem se ater a eKarar 7u2os valorativos/ a obra do filsofo se inicia com um
processo denominado ar$ueolgico/ onde com base no meticuloso
aprofundamento em dados histricos originais/ tais como registros p6blicos/
documentos fiscais/ diagnsticos clnicos/ relatrios $uotidianos de #poca/
materiais de propaganda e muitos outros documentos/ se demonstra a relao
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entre moral/ liberdade/ saber e poder como elementos genealgicos da construo
da sub7etividade moderna%* partir de um primeiro con7unto de obras onde se valori2ou a organi2ao
e o eKerccio das tecnologias de poder/ com emanao privilegiada oriunda de
determinadas instituiAes $ue ganharam protagonismo dos s#culos 0GG ao G/
Foucault passa a identificar/ em contraponto/ uma dispersividade infinita
acompanhada de uma profunda permeabilidade social no $ue se refere ao processo
de elaborao e reproduo discursiva%
'e incio/ eu havia $uestionado as unidades preestabelecidassegunda as $uais escandimos tradicionalmente o domnioindefinido/ montono/ abundante do discurso%3o se tratava de contestar o valor de tais unidades ou de $uerer
proibir o seu uso/ mas de mostrar $ue elas reclamavam/ paraserem definidas eKatamente/ uma elaborao terica%NF5UC*U+T/ >ichel/ ;ichel/ ;ichel/ ;
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microestruturas $ue permeiam a sociedade at# os grupos mais diminutos/ as
famlias e o prprio indivduo%3um primeiro momento/ o $ue ocorreu foi uma esp#cie de fuso entre as
estruturas do estado feudal/ com o poder unilateral/ impessoal e baseado na fora/
com o modelo de pastoreio das instituiAes religiosas detentoras e produtoras de
um con7unto de saberes e liturgias $ue/ aplicadas/ tratam de cada pessoa em sua
identidade corporal/ material e de cosmoviso% 5 sacerdote perscruta/
estrategicamente/ as almas atrav#s das confissAes/ den6ncias/ visitas e
mobili2aAes% 5 pastor conhece cada membro de seu rebanho com profundidade e
o estado/ na$uele momento/ buscava novos modelos de promover a sinergia
econSmica entre s6ditos $ue passassem a ser dceis fabricados e fabricantes das
repressAes de foro ntimo e recal$ues de dese7os/ por fora das ra2Aes da moral/ daci1ncia/ enfim do senso comum;%(stava criado o homem moderno cu7o sucesso
eKistencial/ de desenvolvimento de potencialidades e reconhecimento social era
fruto de ren6ncia/ disciplina e intensa dedicao ao trabalho% (nfim o ser humano
definido como normalI%
Foi a partir dos s#culos 0GG e 0GGG $ue as t#cnicas de poder se dirigiram
com maior intensidade para o eiKo da famlia/ assim entendida na acepo da
#poca/ basicamente em duas vertentes, a relao do marido com a mulher e a entrepais e filhos% * gesto da vida passa a sair da dimenso da propriedade absolutista
dos s6ditos/ para a de salvaguarda da sociedade% Temos o incio de um processo
7urdico/ clnico e pedaggico de regulao de dese7os e disposiAes dos corpos% (
com ela as tipificaAes dos comportamentos perverso/ devasso/ antinatural e/ ao
contr4rio/ a distino dos to avidamente estabelecidos padrAes de normalidade
amplamente difundidos na constituio do $ue os 7uristas classificam como !omo
Medius% * poltica do seKo tamb#m produ2iu sua matri2 7urdica/ criminali2andoas atitudes afrontosas aos Lbons costumesM/ sa6de p6blica/ aos direitos de
descend1ncia legtima/ s relaAes de capital e de etnia% * clnica m#dica no se
furtou a produ2ir farto material cientfico para sustentar/ o $ue Foucault chamou
de Limenso falatrioM sobre o tema da masturbao/ especificamente da 7uventude/
2 Conforme F5UC*U+T/ >ichel/ >icrofsica do Poder p4gina 8
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o $ue capturou as atenAes do perodo:% Como de costume produ2indo manuais/
inspirando a vigilncia incessante dos adolescentes e a tentativa de articular
famlias e organi2aAes para combater este LmalM $ue assolava os adolescentes/
com pre7u2os $ue iam da sa6de individual ao surgimento de anomalias de
comportamento seKual na vida adulta% *lgumas escolas europeias alardeavam $ue
em suas instituiAes havia a garantia de $ue a 7uventude no se masturbava/ para a
tran$uilidade das famlias $ue matriculavam seus filhos em regime de internato%
(stranhamente o movimento se circunscreve 7uventude e s classes mais
favorecidas@% 5 preo da virtude seria o da eterna e tena2 vigilncia em busca da
domesticao dos dese7os%
Um dos traos caractersticos da eKperi1ncia crist da LcarneM/ eposteriormente da LseKualidadeM/ ser4 a de $ue o su7eito #levado em nossas eKperi1ncias a desconfiar fre$uentemente/ e areconhecer de longe/ as manifestaAes de um poder surdo/ 4gil etemvel $ue # tanto mais necess4rio decifrar $uanto # capa2 dese emboscar sob outras formas $ue no a dos atos seKuais%NF5UC*U+T/ >ichel/ ;
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inclusive/ ainda persiste em boa parte da legislao e da doutrina do direito
contemporneo%
* seKualidade da criana # o engodo por meio do $ual a famliaslida/ afetiva/ substancial e celular se constituiu e ao abrigo do
$ual a criana foi subtrada da famlia% N%%%O (la foi um dosvetores da constituio dessa famlia slida% (la foi um dosinstrumentos de troca $ue permitiram deslocar a criana domeio de sua famlia para o espao institucionali2ado enormali2ado da educao% NF5UC*U+T/ >ichel ;icrofsica do Poder 5 3ascimento do Bospital/ Capitulo 0G%!(m nosso pas/ irSnica ou redundantemente denominada Lcontrolada M%
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sa6de p6blica/ segurana/ bem-estar social/ promoo do trabalho e da renda 9% *o
final do s#culo 0GGG/ afirma o filsofo franc1s/ podemos verificar o nascimento
do conceito de populao/ eiKo fundamental da$uilo $ue ele define como
biopoltica,
N%%%O deve ser reinscrito nos $uadros gerais de uma LbiopolticaM/$ue tende a tratar a LpopulaoM como um con7unto de seresvivos e coeKistente/ $ue apresentem traos biolgicos epatolgicos particulares/ e $ue/ por conseguinte/ di2em respeitoa t#cnicas e saberes especficos% NF5UC*U+T/ >ichel/899H,J=O
*tualmente/ os registros biom#tricos avanam sobremaneira% Primeiro por
7ustificativas de nature2a produtiva Ntais como controles de fre$u1ncia/ garantias
de acesso/ proteo a sistemas privados e defesa do er4rioO/ mas logo 74 seassentou no sistema eleitoral e/ em muito breve/ ir4 servir de base de dados para
toda a poltica social e tribut4ria/ instrumentali2ando o biopoder em sua plenitude%
* navegao na internet tamb#m # vigiada por ra2Aes de segurana nacional/ mas
essa viglia tamb#m se presta a estabelecer imensas bases de dados compilando
padrAes de consumo/ subscrio de ideias e o controle sobre dese7os/ prefer1ncias
e aspiraAes%5s telefones port4teis e os demais e$uipamentos com &P. N&lobal
Position .DstemO permitem a locali2ao e a tra7etria de tr1s $uartos da
populao do planeta/ segundo pes$uisa do ?anco >undial8
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*$u#m/ portanto/ do grande poder absoluto/ dram4tico/ sombrio$ue era o poder da soberania/ e $ue consistia em poder de fa2ermorrer/ eis $ue aparece agora/ com essa tecnologia de biopoder/com essa tecnologia do poder sobre a LpopulaoM en$uanto tal/sobre o homem en$uanto ser vivo/ um poder contnuo/cientfico/ $ue # o poder de fa2er viver% NF5UC*U+T/ >ichel/;
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verdades fundamentadas em conceitos seculares/ religiosos ou de
conservadorismo consuetudin4rio e os novos paradigmas alicerados em discursos
obtidos por outras fontes de legitimao,
* troca de eiKo da individuali2ao ocorre $uando o indivduodeiKa de ser formado por mecanismos histrico-rituais e passa aser produ2ido por mecanismos cientfico-disciplinares/ fa2endocom $ue a individualidade do homem memor4vel se7asubstituda pela individualidade do homem calcul4vel%NF53.(C*/ >4rcio/ ;ichel Foucault nos convida e refletir sobre a organi2ao discursiva $ue
embasa e se tradu2 num arcabouo de conhecimento-poder% 5 discurso demanda
sua condio de possibilidade, o acontecimento/ como melhor veremos adiante/
$ue # o momento em $ue a repetio/ aps certo n6mero de ocorr1ncias regulares/
comea a desigualar de seu modelo original deflagrando o processo transgressor
$ue vai reestabelecer um novo vi#s de reprodutibilidade e instaurar uma unidade
temporal8@% * partir dai/ obedecida a determinadas condiAes de possibilidade e a
normas de nature2a no-discursiva/ pode se materiali2ar uma nova verdade/
legitimada por regras estruturais intrnsecas ao discurso/ bem como de seu agente
emanador%
) preciso estar pronto para acolher cada momento do discursoem sua irrupo de acontecimentos/ nessa pontualidade em $ueaparece e nessa disperso temporal $ue lhe permite ser repetido/sabido/ es$uecido/ transformado/ apagado at# nos menorestraos/ escondido bem longe de todos os olhares/ na poeira doslivros% N>GCB(+/ Foucault/ ;iguel de Cervantes - ressaltando sua posiomarcante de insero histrica na transio entre o renascimento e o classicismo/ aomesmo tempo em $ue # eKplorado os teKtos de .ade/ $ue marcaram a germinao de umdiscurso dotado de uma representatividade capa2 de tipificar o ocaso da idade cl4ssica emdireo modernidade% * an4lise de Foucault sobre os personagens !ustine e !ulietteinscritos nas obras da lavra do >ar$ues de .ade/ nos oferece uma perspectiva deesclarecimento did4tico no $ue se refere s modificaAes representativas decorrentes dainstaurao de novos ordenamentos discursivos na dimenso da literatura%
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5 acontecimento enunciativo passa a estabelecer coneKo com outra
ordem de acontecimentos/ tais como a verdade cientfica/ as Lleis da economiaM e
mesmo as produAes das ci1ncias humanas% Todas elas se revestem de uma
viol1ncia eKcludente e necess4ria sua sustentao% * assertiva tomada como
verdadeira estabelece o descarte de todas as demais possibilidades de convvio
discursivo% 3este trilhar/ vamos chegar concluso proposta pelo autor no sentido
de $ue Lno # preciso remeter o discurso longn$ua presena da origem, #
preciso trat4-lo no 7ogo da sua instncia% M8=( no # possvel ou mesmo ra2o4vel
$ue se enKergue essas formaAes de maneira dissociada de suas caractersticas de
multiplicidade/ classificao/ ordenamento e de hierar$ui2ao/ ou se7a a sua
matri2 de positividade% >uito menos/ olvidar sua capacidade de disciplinar
comportamentos e atitudes com base em estatsticas/ n6meros oficiais/ argumentos
de autoridade acad1mica/ descobertas cientficas e estudos revestidos
invariavelmente de LidoneidadeM/ LneutralidadeM/ encadeamento lgico e
Lirretor$uibilidadeM% (stamos diante do $ue Foucault eKaustivamente assevera
como disperso histrica $ue produ2 este movimento atrav#s da temporalidade%
(ste fenSmeno dispersivo constitui/ assim/ uma pr4tica social $ue vai se
disseminando na sociedade e transformando cada pessoa em guardio
disciplinador das posturas individuais e coletivas/ no raro com a ferocidade do
fanatismo dos Lvigilantes do politicamente corretoM%
A I$)#i#ui%*o E)&ola"
Como afirmamos em nossas linhas introdutrias/ merece investigao o
fato de $ue ora Foucault insere a escola no rol das instituiAes 8H/ digamos/ tpicas
de produo de saberes e de sua reproduo/ ora in$uietantemente a eKclu%
Tomando esta premissa/ nos parece frutfero/ para fins did4ticos/ verificar
inicialmente se as caractersticas mais elementares das mesmas encontram pontos
de similitude com a instituio escolar%
5 hospital/ o manicSmio/ a f4brica e a caserna possuem uma organi2ao
altamente hierar$ui2ada% B4 uma profunda regulao $uanto utili2ao dos
16N>GCB(+/ Foucault/ ;icrofsica do Poder/ 5rdem do 'iscurso/ (m 'efesa da .ociedade/apenas apara citar algumas%
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espaos articulados aos tempos/ onde em ambos demandam comportamentos
especficos% (m todas elas verificamos indument4rias/ ritos/ liturgias e a produo
de sub7etividades detentoras do pleno eKerccio do poder disciplinar% 3o h4
eKceo $uanto normali2ao de procedimentos na clnica m#dica/ na
psi$uiatria/ nos sistemas de maKimi2ao da produtividade fabril/ no eKerccio
padroni2ado militar ou na pr4tica pedaggica8J%
3uma viso mais moderna/ podemos aferir indicadores de efici1ncia na
produo de insumos e serviosQ de efic4cia na mobili2ao e esforo militarQ na
profici1ncia escolar comparada ou no sucesso dos procedimentos da medicina
com as estatsticas de diagnstico de LaltaM e a correspondente evoluo dos
pacientes clnicos e psi$ui4tricos em direo normalidade%
Passaremos agora a postular $ue a escola se mostra capa2 de nos oferecer
um material de similitude bastante robusto, ainda # possvel verificar sinetes/
campainhas e sirenes anunciando o tempo de la2er% *s eKpectativas de tantos
professores por classes de alunos imveis e silenciosos/ o ensino Nto tpico na
matem4ticaO adestrador/ com suas infinitas repetiAes procedimentalistas/ a
presena cada ve2 mais demandada de inspetores de disciplina/ coordenadores de
turno/ vigias/ porteiros/ contagem de estudantes/ chamadas/ al#m de cmeras $ue
fre$uentemente evocam o modelo panptico89/ enturmaAes por nveis de
desempenho/ desfiles cvicos/ entonao de hinos/ avaliaAes cognitivas com
car4ter punitivo NsomativasO/ conselhos de classe com amplo espao rotulao de
alunos/ literatura com a pr4tica pedaggica denominada de leitura obrigatria/
classificaAes de toda a ordem/ al#m de tantas outras tecnologias de controle
verific4veis no $uotidiano da escola% 5 cl4ssicoA Produo do racasso -scolar
demonstra como a instituio pode se mostrar a servio destes modelos de
1!Gnteressante verificar a refer1ncia $ue Foucault fa2 $uanto Lregularidade da pr4ticadiscursiva pedaggicaM em comparao s outras instituiAes em *r$ueologia do PoderN;
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organi2ao e de dominao/ especialmente no captulo intitulado L*rtimanhas do
PoderM,
Classificar/ remane7ar/ recuperar/ coisificar% * arbitrariedadepode assumir formas tanto mais sutis $uanto mais 7ustificadast#cnica e cientificamente% (ntre os procedimentos $ue seen$uadram nesta condio/ tr1s chamaram/ em especial/ nossaateno, os crit#rios de formao de classes de primeira s#rie/ apr4tica do remane7amento e as atividades de recuperao%NP*TT5/ >aria Belena .ou2a ;
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'entro deste conteKto/ vale a remisso viso Xantiana do Gluminismo em
seu artigoAu#8l9runge o $ue a$ui nos # mais relevante, a eKegese de Foucault
sobre o mesmo% (le destaca a perspectiva de $ue o alemo entende o movimento
revolucion4rio de 8HJ9 Ncapa2 de instituir um ordenamento constitucional
emanado pela vontade dos homens/ $ue trouKe com ele o de esclarecimento e auto
responsabili2aoO como um momento privilegiado de problemati2ao da prpria
atualidade discursiva/ tendo como esteio o acontecer de um trabalho indefinido de
liberdade%;ichel
Foucault denominou de acontecimento/ distingue o presente do atual/ no sentido
de $ue este 6ltimo encarna um porvir $ue desatuali2a o instante% Gndo al#m do $ue
Xant argumenta em seu teKto/ Foucault valori2a o fato de o autor estar imerso em
um processo de compreenso acerca do momento histrico onde se insere o
Gluminismo/ e ainda diante do fato de se estar elaborando uma an4lise crtica
acerca do et$oslimite vivenciado na$uela ocasio/ $ue havia produ2ido um novo
pensar $ue tradu2ia um acontecimento de descontinuidade em relao ao
pensamento filosfico tradicional;8% Uma possibilidade singular de elaborao de
um processo alternativo e emergente de valorar/ sentir e compreender%
5 filsofo franc1s/ ttulo de concluso/ elabora;;,
* ontologia crtica de ns mesmos deve ser considerada/certamente/ no como uma teoria/ uma doutrina/ nem mesmoum corpo permanente de conhecimento $ue se acumulaQ deveser concebida como uma atitude/ um et$os/ uma vida filosficaem $ue a crtica do $ue somos # tanto a an4lise histrica dos
limites $ue nos so colocadas e testar sua possvel travessia%NF5UC*U+T/ >ichel/ ;
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eKerccio pleno da cidadania # assertiva recorrente nos teKtos relacionados
pedagogia e encontra plena acolhida na fundamentao da legislao pertinente/
$uer na Constituio da ep6blica Federativa do ?rasil/ $uer na +ei de 'iretri2es
e ?ases da (ducao N+ei Federal 9I9:9=O;I%
A Fu$%*o P"o!))o"
3o processo de edificao do $ue Foucault chama de Lsociedade do
discursoM;:a escola tem papel protagonista/ uma ve2 $ue promove a su7eio dos
grupamentos humanos a um con7unto diferente de discursos e o tomar para si das
escrituras% (le compara este mecanismo ao/ tamb#m presente de maneira
privilegiada na instituio escolar/ sistema de leis Nparte do processo de formao
cidadO e institucional da medicina Ncom a difuso dos h4bitos de cuidado/
alimentao e higiene $ue buscam promover a sa6de preventivaO%
5 $ue # afinal um sistema de ensino seno uma rituali2ao dapalavraQ seno uma $ualificao e uma fiKao dos pap#is paraos su7eitos $ue falamQ seno a constituio de um grupodoutrin4rio ao menos difusoQ seno uma distribuio e umaapropriao do discurso com seus poderes e saberesZ
NF5UC*U+/ >ichel/ ;
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$uase aKiom4tico% (ntender $ue o processo educacional pode ser capa2 de ir al#m
das regularidades voltadas a desenvolver habilidades e compet1ncias cognitivas
pressupostas% 'e certa forma ultrapassar os limites do $ue 0DgotsD;@denomina
de L\ona de 'esenvolvimento ProKimal e PotencialM/ estabelecendo a linha de
ruptura em busca da g1nese de uma sub7etividade nova e eminentemente
aut1ntica%
Como 74 foi a$ui citado/ o sistema educacional pode estar colocado/ ao
rev#s/ como microestrutura de reproduo dos saberes $ue do legitimidade ao
processo de afirmao dos poderes% (stes provocara a instituio de um
determinado currculo arbitr4rio/ capa2 de provocar as dispersAes temporais " e
mesmo o es$uecimento de suas matri2es - $ue indu2iram a fabricao dessas
organi2aAes discursivas;=/ $ue ganharam status de apriorihistrico% (ste/ por sua
ve2/ deve ser entendido como a gram4tica da pr4tica discursiva/ coesa em uma
historicidade/ no entanto mut4vel%
eforando a tese/ nos # impossvel conceber a contestao - ainda $ue o
LsempreM este7a condenado a tra2er/ em alguma parte/ uma frao do pensamento
anterior - sem e por isso mesmo/ o completo domnio dos saberes $ue esto a
servio de sua conservao% * cognio/ assim/ tem a capacidade de ser
simultaneamente repetitiva e reprodutiva% Por isto mesmo/ devemos ter clare2a
$uanto a perspectiva de ruptura atrav#s do desenvolvimento da capacidade de
domnio da gnose/ ainda $ue esta ocorra dentro de um processo eminentemente
repetitivo% * $uesto se mostra/ primeira vista/ bastante desafiadora/ depois de
lermos este trecho da obra de ?ordieu e Passeron,
*contece mesmo $uando uma instncia pedaggica tem porfuno principal/ seno 6nica/ reprodu2ir o estilo de vida deuma classe dominante ou de uma frao da classe dominante, aformao do 7ovem ilustre pela colocao numa casa ilustre "
#osterage" ou/ em menor grau/ a formao do gentleman natradicional O"#ord% N?5'G(U/ Pierre e P*..(53/ !ean-Claude/ ;
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ancinRre/ por seu turno/ instiga o leitor atrav#s de uma discusso acerca
da efetiva atividade a ser desempenhada pelo magist#rio/ ou vendo de outra
forma/ como o conhecimento pode ser obstaculi2ado pelo eKerccio do
LeKplicadorM% (le busca demonstrar $ue diversas atitudes do professor $ue
propugnam uma dissimetria entre mestre e aluno ou uma falsa igualdade
intelectual/ acabam por indu2ir a um 6nico caminho epist1mico% 5 autor chega a
e$uiparar atividades de pr4tica pedaggica completamente diferentes/ tais como,
onde o professor se coloca como fonte e o estudante como recept4culo/ as
mediaAes altamente indutoras e ainda o caminho de perguntas e respostas $ue
no resistem a um modelo previsvel e anteriormente bem demarcado% (m outras
palavras/ sistemas de maior ou menos liberdade/ todos eles falsos% * proposta de
desafio cognitivo esconde uma previsibilidade absoluta do local de chegada/ ou
se7a/ um 7ogo de cartas marcadas% 5 *rgelino nos convida a refletir/ em radical
contraposio/ acerca da a$uisio de saberes dentro de uma perspectiva de
absoluta autonomia%
0imos crianas e adultos aprenderem so2inhos/ sem mestreeKplicador/ a ler/ a escrever a tocar m6sica e a falar lnguasestrangeiras% *creditamos $ue esses fatos poderiam se eKplicar
pela igualdade das intelig1ncias% N*3CG3^(/ !ac$ues/;
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(m $ue pese a perspectiva sedutora e radical das assertivas contidas na
obra de ancinRre/ firmamos o ponto de vista de >ichel Foucault/ no sentido de
$ue a autoria # decorr1ncia e diverg1ncia no mesmo ato% ( ele/ inclusive/ no
diminui o protagonismo autoral na histria da arte/ na produo cientfica/ na
literatura/ nas construAes ideolgicas/ enfim da presena ine$uvoca entre os
viventes/ do homem-obra,
(m outras palavras/ diferentemente da fundao de umaci1ncia/ a instaurao discursiva no fa2 parte dessastransformaAes ulteriores/ ela permanece necessariamenteretirada e em dese$uilbrio% NF5UC*U+T/ >ichel/ 5 Wue # um*utorZ 89=9, P4gina ;:O;H%
Tentando dar mais um passo/ a analogia proposta por *leKandre Fiordi de
Carvalho entre a LFuno *utorM/ construda pelo filsofo franc1s;Je a Funo
(ducador proposta por a$uele/ pode nos a7udar a melhor compreender as
possibilidades de atuao do professor/ indo al#m da perspectiva de fonte 6nica de
apresentao de saberes% *o contr4rio/ se colocando como agente mediador e
indutor da possibilidade subversiva $ue o ato de criao eKige% * formao de
sub7etividades $ue # inerente ao papel do educador e a caracterstica reprodutora e
normalista do processo educacional podem/ entretanto/ possibilitar um reeKame/
ou se7a/ um $uestionamento dos privil#gios associados a a$uele discurso/ dando
incio a um movimento transgressor de criao%
Como tentei mostrar/ a criao da funo-autor est4 voltadapara a descontinuidade/ ou se7a/ a instaurao de umadiscursividade $ue afronta e resolve a ordem do entendimentodos ob7etos conhecidos ou # mesmo capa2 de produ2ir oentendimento acerca de um ob7eto outrora no dado
visibilidade% NC*0*+B5/ *leKandre Filordi de/ ;
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5 escritor brasileiro estabelece uma relao de contraste determinante em
sua leitura comparativa com a LFuno *utorM de Foucault reforando/ atrav#s de
seus argumentos/ a possibilidade de similitude transgressora de ambas%
Pois bem/ penso $ue a funo-educador pode se colocar com amesma intensidade/ no no mesmo registro da funo-autor/por#m como um tipo ou meio de intensificar as rupturas nasredes e nos circuitos das ordens discursivas a fim de atuar nacomposio de novas 4reas de sub7etivao humana%NC*0*+B5/ *leKandre Filordi de/ ;
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>ichel Foucault d4 especial 1nfase ao espao/ assim entendido em
diferentes abordagens ao longo de sua obra% 3o livro em $ue &illes 'eleu2e
escreve sobre Foucault/ no captulo destinado a promover a analtica da
Arqueologia do Saber/ h4 um discorrer $ue nos permite assimilar o contraste das
abordagens%
'eleu2e menciona o espao colateral $ue # onde se locali2a o con7unto
remissivo de um grupo de enunciados% 'epois/ ele nos oferece o raciocnio sobre
o espao correlativo $ue concatena su7eitos/ ob7etos e conceitos/ estes no
propriamente associados/ e estando distintos da funo prim4ria $ue a remisso
possui% 'esta feita ela se diferencia do conceito anterior% Finalmente/ o espao
eKtrnseco ou de formaAes no discursivas e eKemplifica o acontecimento
poltico e as novas ordens econSmicas e institucionais% ( # neste 6ltimo aspecto
$ue Foucault caminha no sentido da elaborao de uma filosofia poltica%;9
*$ui/ por isto mesmo/ vamos nos ater a este terceiro entendimento/ o $ue
trata do Ltopos/ o eKtrnseco e de nature2a institucional:%*s pr4ticas de poder
constitutivas da sub7etividade moderna so temporalmente dissecadas ao longo
das obras de >ichel Foucault/ mas o seu entendimento tamb#m demanda um
debruar sobre a distribuio espacial e sua correspondente disciplinari2ao de
condutas/ assuno de pap#is e de eKposio a discursos apropriados Iichel/ *s Palavras e as Coisas/ ;
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se por em lugar algum/ eis $ue # a ideia ausente de lugar $ue lhe concede
eKist1ncia imagin4ria% * heterotopia/ no entanto/ se coloca em posio de afronta
radical e $uase insuport4vel ao pensamento da tradio/ pelo fato de $ue ela
reclama eKist1ncia no mundo%
*s heterotopias in$uietam/ sem d6vida por$ue solapamsecretamente a linguagem/ por$ue impedem de nomear isto ea$uilo/ por$ue fracionam os nomes comuns ou os emaranham/por$ue arrunam de antemo a LsintaKeM e no somente a$uela$ue constri as frases " a$uela menos manifesta/ $ue autori2aLmanter 7untosM Nao lado e em frente umas adas outrasO aspalavras e as coisa% NF5UC*U+T/ >ichel/ ;
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poder/ ao longo de todo o processo de produo da sociedade moderna/ com
grande contribuio no plano de construo e eKerccio da biopolticaI:%
O E)(a%o E)&ola"Passemos ento analisar a instituio escolar/ de maneira muito sint#tica/
para/ logo a seguir/ verificarmos suas possibilidades heterotpicas/ tomando como
roteiro a confer1ncia de 89J:/ 74 citada% * instituio escolar obedece a
parmetros de rotina organi2acional mais ou menos rgidos de acordo com a
proposta pedaggica de cada escola% *inda $ue se7a relativamente f4cil verificar
diversas e importantssimas mudanas evolutivas comparando os modelos do
s#culo 0GGG com os do G/ tais como a eliminao dos castigos corporais/universali2ao da matrcula e incluso dos anormaisI@/ h4/ como dissemos
anteriormente/ uma imensa pr4tica pedaggica calcada na repetio% epetio de
organi2ao do tempo/ com sinos e sirenes definindo hora de ingresso na escola e
na sala de aula/ de ficar calado/ de desenvolver atividades/ de sociali2ao/ de
eKercitar-se/ de danar e de retornar para a famlia%
esultado dessa estruturao do tempo # a matri2 ar$uitetSnica $ue
estabelece espaos de conviv1ncia diferenciados para direo da unidade/ para
professores e alunos/ as salas de aula - onde os agrupamentos despersonali2ados
se formam " e 4reas de ocupao fora da #gide do magist#rio/ onde os inspetores
de mant1m olhos atentos a comportamentos desviantes/ al#m de refeitrios/ salas
de leitura e $uadras esportivas% B4/ inclusive/ manuais governamentais com
ar$uiteturas padroni2adas $ue prescrevem esse modelo voltado aacentuar as
tecnologias de controleI=% (nfim/ no h4 na escola nenhum espao desconectado
de uma orientao de conduta e uma responsabilidade hier4r$uica pela vigilncia
e cumprimento da mesma%
34Como tamb#m de uma dimenso desta $ue adu2 C*.T(+5 ?*3C5/ &uilherme/;(C-F3'(http,EEE%fnde%gov%brprogramasparpar-pro7etos-ar$uitetonicos-para-construcao%
26
http://www.fnde.gov.br/programas/par/par-projetos-arquitetonicos-para-construcaohttp://www.fnde.gov.br/programas/par/par-projetos-arquitetonicos-para-construcaohttp://www.fnde.gov.br/programas/par/par-projetos-arquitetonicos-para-construcao7/26/2019 Michel Foucault e a Instituio Escolar
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Como professa o ad4gio/ lugar de criana # na escola e no # concebvel na
escola a criana solta/ deiKada a si% 5 desafio $uotidiano # patrulhar os banheiros/
as salas de aula na aus1ncia do professor/ o entorno da escola/ o interior do Snibus
escolar e os vesti4rios%
3o interior da sala de aula/ a manuteno das disposiAes das cadeiras e
mesas propiciando ao professor o papel de fonte unit4ria de difuso do
conhecimento e ao estudante a postura de recept4culo paciente% 0erificamos um
con7unto de t#cnicas de gesto da 7uventude no decorrer da aula Nadministrao da
classe escolarO/ voltada a maKimi2ar os esforos reprodutores do docente sem
perder de vista algumas alianas com a medicina no intuito de medicali2ar os
alunos mais agitados e dispersos% 5s conte6dos continuam fre$uentemente
enciclop#dicos/ desconteKtuali2ados/ compartimentali2ados e em via unilateralIH%
3o caso da aprendi2agem das/ no por acaso denominadas/ disciplinas, a +ngua
Portuguesa/ $uando ultrapassa o letramento e a funo social da escrita
ingressando na gram4tica - baseada na memori2ao de regras e
eKcepcionalidades " verificamos o superlativo impacto no desempenho discente%
5 ensino das ci1ncias/ abstrato e ausente de metodologia investigativa/ transforma
o mesmo em um eKerccio de memria de classificaAes e nomes em latim% (sta
organi2ao discursiva promove a sensao de $ue a instituio mudou muito
pouco em relao ao seu modelo original/ ainda $ue tenhamos de levar em conta
$ue a generali2ao da assertiva se7a notavelmente in7usta%
*$ui cabe uma refleKo acerca do intuito de investigar as possibilidades
heterotpicas no espao escolar% * ra2o fundamental # $ue a perspectiva de um
espao de contra posicionamentos/ indecidibilidades/ implosAes de convicAes e
do"as/ ou se7a a problemati2aAes das tecnologias de disciplina e controle poderia
promover ao menos dois resultados de eKtrema importncia para a instituio e aprpria sociedade, em primeiro lugar proporcionar/ atrav#s de uma perspectiva
protagonista do 7ovem/ uma maior insero de sua identidade eKtra escolar no
ambiente da instituio e com isso permitir novos mecanismos de Lassociativismo
3 Conforme C*.T5/ >aria Belena >agalhes e TG(\\G/ .#rgiohttp,EEE%schEart2man%org%brsimondesafios:ensinomedio%pdf/ >(C Parmetros Curriculares
3acionais (nsino >#dio ;
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2!
an4r$uicoMIJcapa2es de elaborar formas discursivas alternativas% 3este mesmo
vi#s/ uma maior apropriao/ por parte dos adolescentes/ do espao escolar/ o $ue
poder4 estimular a difuso das discursividades criadas por fora das sinergias
articuladas nesta elaborao de um tempo essencialmente catico mas/
paradoKalmente/ abrigando certos nveis mnimos de organi2ao% (m segundo
lugar/ a perspectiva/ naturalmente no utpica/ do eKerccio do magist#rio/ tanto
$uanto possvel/ afastado da funo reprodutora e capa2 de criar as condiAes
necess4rias ao processo de autoria% 3este sentido/ registre-se o eKemplo mais
celebradoI9da atualidade/ $ue # o da (scola da Ponte em Portugal $ue busca uma
matri2 heterotpica aambarcando a totalidade da instituio% (ntretanto/ a ideia
fora $ue vem mente como possibilidade de construo deste topos/ heterodoKo
por eKcel1ncia/ # o da educao integral articulada% (Kplico melhor, a educao
integral pode congregar no mesmo espao e de forma simultnea as atividades
culturais capa2es de servir de combustvel para o protagonismo 7uvenil e a
eKpresso das culturas urbano contemporneas e/ numa perspectiva mais
ambiciosa/ articular saberes tendo ainda o estudante como agente da construo de
seu prprio conhecimento/ desenvolvendo assim as dese74veis capacidades de
aprendi2agem ao longo da vida, li#elong learning s8ills62%
'ando se$u1ncia linha de raciocnio inicial/ vamos tentar desenvolver a
heterotopologia da instituio escolar seguindo a classificao did4tica proposta
no teKto de Foucault de 89J:% .egundo ele/ a caracterstica de universalidade da
heterotopia $ue est4 presente em todas as civili2aAes/ tra2 consigo a perspectiva
de $ue cada sociedade produ2a ineKoravelmente um topos-temporal e as divide
em, Lde desvioM ou Lde criseM/ este 6ltimo em processo de eKtino:8/ e mais
presente em sociedades primitivas% 3o parece desarra2oado imaginar a
heterotopia da instituio escolar na categoria L de criseM/ 74 $ue h4/ de fato/ um
3! >elhor eKplicado no par4grafo subse$uente%
3" *lguns estudiosos como o *+0(./ uben https,EEE%Doutube%comEatchZv_>t&DB2Gaf+c se dedicaram ao tema e a imprensa deu ampla cobertura estaeKperi1ncia portuguesa/ dentre ela citamos a (ditora *bril com a evista 3ova (scolahttp,revistaescola%abril%com%brformacao7ose-pacheco-escola-ponte-:H9
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2"
processo agudo de agonia/ onde esto inseridos os adolescentes/ especialmente os
de maior vulnerabilidade econSmica $ue/ em grande parte/ no enKergam na
instituio nada de bom ou proveitoso $ue no se7a a passagem do tempo
aguardando o sinal autori2ativo de finali2ar a 7ornada:;% >as h4 tamb#m a hiptese
descrita por (dson Passeto N;
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3#
5 $ue realmente devemos nos ater # perspectiva da iluso $ue subverte
outra iluso $ue chamamos de realidade/ to falsamente orgnica/ previsvel e
merc1 de um livre-arbtrio tido como infinito,
(nfim/ o 6ltimo trao das heterotopias # $ue elas t1m/ emrelao ao espao restante/ uma funo% (sta se desenvolveentre dois plos eKtremos% 5u elas t1m o papel de criar umespao de iluso $ue denuncia como mais ilusrio ainda$ual$uer espao real/ todos os posicionamentos no interior dos$uais a vida humana # compartimentali2ada% NC*0*+B5/*leKandre/ ;as #/ por suposto/ na vertente da iluso/ $ue o
teKto nos guia numa interessante eKemplificao da tra7etria da arte/ $ue nos
convida subscrio como forma de construo de um espao escolar dotado de
uma heterotopia de forma atpica e $ue lhe permitiria deflagrar neste espao a
energia germinativa de novas pr4ticas discursivas%
Para encerrar este tpico # importante mencionar/ ainda $ue brevemente/
$ue uma nova perspectiva de educao integral/ igualmente dotada de contornos
de ruptura e de autoria/ valendo-se de apropriaAes simblicas pouco
convencionais/ em parcela ou na totalidade do espao escolar% (la poder4 ter como
fundamento filosfico a apropriao da tica do cuidar de sicomo elemento de
libertao66, em suas dimensAes de refleKo biolgica e de edificao de
princpios $ue levam a constituir uma est#tica da eKist1ncia no plano individual do
autoconhecimento/ mas tamb#m do coletivo no coeKistivoda vida%
Co$&lu)6!)
5 pro7eto de >ichel Foucault # primordialmente voltado para a
compreenso das matri2es de poder/ $ue produ2iram formaAes discursivas/ $ue
por sua ve2 estabeleceram atores scio-institucionais e $ue levaram apropriao
#tica constitutiva da sub7etividade moderna%
5 rigoroso eKame da e$uao poltica no plano das organi2aAes de
classes # assim contemplada por ele,
44 (stes princpios #ticos so propagados por Foucault em diversos teKtos/ em especialno terceiro volume de Bistria da .eKualidade%
3#
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Uma classe dominante no # uma abstrao/ mas tamb#m no #um dado pr#vio% Wue uma classe se torne dominante/ $ue elaassegure sua dominao e $ue esta dominao se reprodu2a/estes so efeitos de um certo n6mero de t4ticas efica2es/
sistem4ticas/ $ue funcionam no interior de grandes estrat#gias$ue asseguram esta dominao% >as entre a estrat#gia $ue fiKa/reprodu2/ multiplica/ acentua as relaAes de fora e a classedominante/ eKiste uma relao recproca de produo%
5 pensador franc1s nos fa2 ver $ue uma classe dominante no # nem um
construto intelectual como tamb#m no #/ naturalmente/ um a priori histrico:@
*$uela se afirmara atrav#s de estrat#gias sistem4ticas e reprodutoras/ $ue acabam
por serem deflagradas em regime de simetria entre as diferentes classes%
Pode-se/ portanto/ di2er $ue a estrat#gia de morali2ao daclasse oper4ria # a da burguesia% Podese mesmo di2er $ue # aestrat#gia $ue permite classe burguesa ser a classe burguesa eeKercer sua dominao% >as no creio $ue se possa di2er $uefoi a classe burguesa/ como um su7eito ao mesmo tempo real efictcio/ $ue inventou e impSs fora/ ao nvel de sua ideologiaou de seu pro7eto econSmico/ esta estrat#gia classe oper4ria%(F5UC*U+T, >ichel/ >icrofsica do Poder/ edio digital/p4gina 8::O%
* escola/ por derradeiro/ se integra ao con7unto de instituiAes elencadas por
Foucault/ pela sua tipicidade na organi2ao do controle disciplinar/ de
reproduo discursiva e de consolidao repetidora dos saberes servio de um
modelo $ue serve a uma matri2 dominante% 3o entanto devemos admitir a
perspectiva da produo dos novos discursos% 3o # tarefa f4cil imaginar esta
possibilidade na priso/ no hospital ou na f4brica% *inda $ue se7a inteiramente
admissvel no hospcio/ onde o pensamento do louco tende a ser ontologicamente
dissonante e/ portanto/ original% Todavia/ # possvel pensar a escola como
possibilidade de produo de diverg1ncias/ capa2es de produ2ir/ muito al#m de
reprodu2ir/ de autorar/ indo al#m do mero repetir% Wui4 por esta ra2o/ >ichel
45 3o h4 $ue se confundir o a priori histrico a$ui inscrito com seu significadocolo$uial% (le no trata de um conceito ar$ueolgico/ uma realidade dada ou umarcabouo de crenas ou valores sociais de uma #poca especfica% L(ste a priori # o $ue/em determinada #poca/ recorta na eKperi1ncia um campo de saber possvel/ define omodo de ser dos ob7etos $ue nele aparecem/ arma o olhar cotidiano de poderes tericos edefine as condiAes em $ue se pode enunciar sobre as coisas um discurso reconhecidocomo verdadeiro% M Napud >*CB*'5/ oberto/ ;
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Foucault integrante do CollRge de France e/ lembremos/ professor/ tenha tido o
especial cuidado ao tratar da instituio escolar/ raramente a incluindo em sua
conhecida eKemplificao e estudo de modelos institucionais da estrutura social%
Possivelmente ou muito provavelmente/ por$ue haveria de ser ar$ueologi2ada/
genealogi2ada e compreendida na elaborao de uma obra especfica $ue/
infeli2mente/ nunca foi editada%
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R!!"7$&ia) 8ilio/"4i&a)?5'G(U/ Pierre e Passeron/ !ean-Claude% * eproduo% io de !aneiro,
(ditora 0o2es/ ;ichel Foucault e a Constituio do .u7eito% .oPaulo/ .P% ('UC PUC/ ;
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% 5 Wue # um *utorZ (dio 'igital em P'F encontrada a$ui%
http$%%&do.roc'(media.net%anthro%)oucault*autor.pd)
F(U'/ .igmund% 5 >al (star da Civili2ao N89;*&5 89H:X*3T/ Gmanuel% esposta Pergunta o Wue # o Gluminismo% (dio 'igital
oferecida pela +usofia%
http,EEE%lusosofia%netteKtosantoiluminismo8HJ:%pdf%>*CB*'5/ oberto% Foucault a Ci1ncia e o .aber% io de !aneiro/ !% (ditora
\ahar/ ;artin Claret, .o Paulo/ ;, Porto *legre/ ./
;artin Claret, .o Paulo/ .P/ ;