Post on 21-Jul-2016
MINHA INICIAÇÃOIMPRESSÕES
Ap.: M.: Gilmar de Moura SantosAo V.: M.: Leandro J. Rezende
Grande Oriente Do BrasilGrande Oriente Santa Catarina
Aug.: R.: L.: S.: Guardiões Da Virtude, nº 4198Agosto 2013
RESUMO
Alguns momentos são marcantes na vida de qualquer pessoa. Existem momentos que se revestem de alegria e outros de tristeza, motivos pelos quais ficamos impossibilitados de ignorá-los, o que permite fiquem gravados em nossa memória. Os momentos alegres são lembrados sempre com prazer ao rebuscarmos nossas lembranças; já os momentos tristes, esses muitas vezes insistentemente nos desafiam, não queremos lembrá-los, mas que eventualmente, nos vem à lembrança, mesmo a contra gosto. Mas também existem momentos que não são alegres, tampouco tristes, mas que, dada a sua importância têm um registro especial em nossa memória.
Palavras-chave: ritual - maçom - simbologia - conhecimento.
Vinte e seis de Julho de dois mil e treze, nunca esquecerei aquela data. Foi um dia para
o qual se antecederam alguns atos, questionamentos, providências e certa dose de
expectativa, afinal eu estava sendo iniciado na Maçonaria, através de um Ritual; o qual,
para mim, se constituiria de um ato em que inúmeras facetas poderiam estar presentes,
já que, de acordo com sua finalidade, qualquer ritual de iniciação se desenvolve de
forma pré-estabelecida, e sempre se caracteriza por um ato significativo, onde sua
descrição e importância nem sempre é aparente.
Mas aquele não foi um ritual qualquer, pois, caracterizou-se por uma verdadeira viagem
simbólica. Feitos os preparativos, e atendidas algumas exigências pré-estabelecidas,
estava eu no horário determinado aguardando no local indicado para me submeter ao
Ritual de Iniciação, o qual, para mim, representava o ingresso em um universo
diferente, de pessoas que inspiravam confiança ao mesmo tempo em que sugeriam
existir algo misterioso que estava faltando para minha formação, dada algumas
afinidades que se apresentavam para com os amigos que influenciaram minha decisão
em aceitar o ingresso na Maçonaria.
Ao ser abordado, pela pessoa que iria me conduzir ao local do ritual, fui orientado de
imediato a evitar o contato visual, e tudo estava envolto em ações dotadas de muito
sigilo, já que ao ser vendado e convidado a acompanhar aquela pessoa, me senti
conduzido por alguém que não conhecia, de uma forma que sugeria não me ser
permitido identificar ou questionar coisa alguma. Então, totalmente vendado e
encapuçado, busquei concentrar-me em pensamentos diversos, que vagavam desde o
momento em que fui convidado até o desenrolar de todos os atos até aquela data e
circunstância.
Portanto, a minha condução se deu, até o local do ritual, de forma velada não sentindo,
porém, em momento algum, qualquer receio ou dúvida, pois acreditava que o
significado de tudo seria dado no momento devido.
A minha iniciação se deu, no meu entender, com uma característica essencialmente
mística e oculta, a partir do momento em que fui abordado e vendado, pois daquele
momento em diante fui submetido a várias circunstâncias destinadas a meditação,
especialmente quando fui conduzido à câmara de reflexão, onde me foi sugerido de
forma expressa que naquele lugar eu deveria permanecer por algum tempo para refletir.
Ali permaneci por algum tempo, com meus sentidos reduzidos, porém aguçados,
tentando avaliar o significado de tudo que estava ao meu redor. Esta etapa antecedeu o
ritual simbólico, o qual foi bastante significativo.
As provas, revestidas de forte simbolismo, me levaram a meditar sobre a condição
humana. As sensações e percepções eram diversas diante da sucessão de situações
muito simbólicas, contando sempre com uma mão atenciosa me cercando. Tive um bom
tempo para ficar pensando em várias coisas, de forma que me foi proporcionado
também um verdadeiro teste de paciência e exame de consciência, pois fui conduzido de
um lado para outro diversas vezes, subindo e descendo escadas, a maior parte do tempo
sentado ouvindo música ambiente, e o resto num silêncio quase sepulcral, mas sentindo
sempre alguém presente me observando e solicito para alguma eventual necessidade.
Os momentos de reflexão, aliados as mensagens emanadas pelo simbolismo, permitiram
e me levaram a avaliar sobre a importância e a necessidade do cumprimento de meus
deveres para com Deus, com meus semelhantes, com a Pátria, com a Família e,
principalmente, comigo: a busca e dedicação ao conhecimento, a compreensão e
dedicação na construção da harmonia entre as pessoas, doar-se e servir ao próximo com
perseverança e em prol da humanidade.
Ao me sentir, de forma sugestiva, retornando ao princípio da vida, morrendo e
renascendo, fui levado a pensar sobre o que realmente importa na vida, qual riqueza
verdadeira, o que podemos e o que devemos edificar, o que fiz de minha vida até aquele
momento e qual o valor de tudo que fiz até então. A conclusão não poderia ser outra,
afinal é inquestionável a absoluta igualdade entre eu e meus semelhantes já que
nascemos, crescemos e morremos, sem nenhuma exceção. A única diferença inegável
está no campo das virtudes e das ações, pois é aqui que nos individualizamos e
eternizamos nossas identidades.
Me deparei com muita simbologia naquela ocasião, durante minha iniciação, na Câmara
de Reflexões, no tumulo do rico, no tumulo do pobre, na morte do profano, no
testamento, interrogatórios, nas viagens e suas provas, no cálice, no juramento e nas
obrigações, as quais destacavam valores, compromissos e condutas que o candidato
assume ao afirmar que deseja ser aceito para fazer parte da Irmandade Maçônica, em
especial confirmar ser "livre e de bons costumes", condição preliminar para ser
admitido na Ordem.
O lado místico através da simbologia, e o lado oculto através do cerimonial, me fizeram
reafirmar a compreensão de que longo é o caminho para o nosso despertar espiritual, no
decorrer de nosso desenvolvimento humano interno que, muitas vezes, por questões de
valores insignificantes nos afastam na maioria das vezes da união consciente com o
criador, e dos laços afetivos com nossos semelhantes, sempre causando vazios e
incompreensões, que são responsáveis pela desarmonia, e que muitas dessas questões se
desenvolvem naturalmente em nosso meio, nos afastando daqueles que são
indispensáveis para a nossa existência, assim como nós o somos. Isso tudo ocorre, na
maioria das vezes, o que não entendemos facilmente, quando buscamos preencher
nossas vidas com coisas que não constituem patrimônio permanente, simplesmente pelo
fato de se lograr um lugar melhor no seio da sociedade, o que não passa de mera ilusão.
Neste sentido, ao morrer o Profano nasceu o Maçom, e esse renascimento está voltado
ao aperfeiçoamento, para uma nova vida permeada pela luz, pela harmonia e pelo amor
fraternal, em busca do conhecimento e da verdade, perseguindo a perfeição e a virtude,
fugindo das paixões e do vício, com os indissolúveis compromissos de: guardar silêncio
absoluto de tudo o que ver e ouvir entre meus irmãos, e ainda de tudo que vier a saber;
vencer as paixões desprezíveis e contrárias a honra, praticando ações humanas que não
sejam incompatíveis com a fraternidade; e, aceitar as leis maçônicas submetendo-me ao
que for determinado em seu nome, através da Ordem na qual me dispus a ser admitido.
Diante do meu compromisso assumido com os mistérios da Ordem, sobre o Livro da
Lei, como prova de aceitação me foram confiados alguns dos segredos, necessários para
distinguir o maçom, sendo eles: o Sinal do Grau, de Ordem e de Saudação (que me
lembrou respeito e retidão); o Toque (em que se dá o reconhecimento entre irmãos, de
forma velada); e, a Palavra Sagrada (relacionada a passagem bíblica, destinada a
reconhecer o maçom).
Referência
Ritual: Rito Adonhiramita / Grande Oriente do Brasil – São Paulo, 2009. Ritual do 1º Grau: Aprendiz – Maçom do Rito Adonhiramita.