Moacir Amaral SP - Capital, 1951 -...

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Moacir Amaral SP - Capital, 1951

Artista Plástico

Poeta

Peregrino de Santiago de Compostela

Terapeuta Médico (crm 69280 sp)

Ser à escuta do Ser.

Formação artística começou com Benetazzo e Baravelli em 68 e 69 no Cursinho Universitário preparando pra arquitetura que comecei na FAU USP em 70 e não terminei.

Aos 18 anos eu brincava no quintal e minha arte divagava no espaço da minha individualidade nascente, relacionada principalmente com os acontecimentos do meu ser interior. Fernando Pessoa, Krishnamurti, Macrobiótica Zen.

1970

1976

Graduei-me Médico em 85 pela UFSC, sendo bolsista de Trabalho-Arte nos anos de estudos em Florianópolis e participando de Salões Universitários, recebendo algumas premiações.

1979

1981

Primeira Individual em 81. Até então desenhava.

Aos 28 anos eu contemplava a natureza e, totalmente permeado por ela, deixava marcado no gesto e no traço do meu desenho, algo para o encontro com o outro; textura, cores e vazio eram minha voz para o diálogo. Tai Chi Chuan, Antroposofia.

1987

Agora pinto. Descobri a pintura em 86 morando na Inglaterra (até 88).

Aos 36 anos entendia que as cores eram "feitos e sofrimentos da Luz no seu confronto com as Trevas" (Goethe); que as cores eram Seres supra-sensíveis cujos corpos físicos são as vibrações do espectro da consciência. Seres que se revelam ao olhar e à Alma, aos quais a pintura serve.

1988

Compreendia a História da Arte como expressão do desenvolvimento da Consciência Humana; percebendo que' a criação artística emerge de um estado de ser que reflete o Artista e a sua época, revelando a humanidade e seu devir. Espectro da Consciência, a Filosofia Perene, a Psicologia Transpessoal.

1990

Acêrvo MASC – Museu de Arte de Santa Catarina

Sem título

Autor: Moacir Amaral Neto

Técnica: acrílica sobre eucatex

Ano de criação: 1988

Dimensões: 121 x 175 cm

Pág. 75

1991

Aos 42 anos o desafio maior era a própria Vida. Como conciliar os talentos com a necessidade de ser inteiro. Morrer para a dualidade ilusória do conhecido. Ressurgir na força da Vida que a tudo vive! Ser. Dinâmica Energética do Psiquismo - DEP.

1996

1997

1998

Aos 48 anos sei que tenho algo para compartilhar.

Quando pinto estou revelando a mim

e estou revelando algo que não sou eu,

que é maior do que eu

e vem do mistério de Ser Humano.

Espírito eu chamo.

Algo que é o que é. Fecundo. Real.

Algo que se revela como pintura

e nela se apresenta para um encontro.

1999

2000

2004

2005

2006

2007

2009

2010

Infarto do miocárdio – aneurisma de parede septal. Stent.

2011

Stent inflamou. Entupiu. Cirurgia de revascularização. Ponte de safena. Mamária. Aneurismectomia. 70 minutos em circulação extracorpórea. Edema pulmonar. Hematoma retro-esternal. 25 dias hospitalizado.

2012

.

Aos 60 anos pintar é como respirar, um ato simples e universal, que acontece no viver como ser humano, válido e essencial. Quando pinto, pinto a realidade da pintura. E a Vida, em todo seu potencial, se manifesta; ressurgindo, ressurgindo, ressurgindo sempre. Desejos e medos, dor e prazer, o sofrimento humano resgatado em Arte. E amo.

Sete Lagoas MG Capela de Santa Bárbara (sendo restaurada pelo menino dono que ali brincou sua infância)

Fazenda Olhos Dágua de GGS Semana Santa 2012

Santana do Pirapama, Fazenda Olhos Dágua

Quinta, Sexta feira Santa , Sábado de Aleluia e

Domingo de Páscoa – A Capela de Santa Bárbara

recém restaurada serve como ateliê da pintura das

Estâncias da Paixão. Por Moacir Amaral

Bentonville, Ar, USA - 09/04/2012

Aspectos internos de um sentimento explosivo diante

das pinturas de Moacir Amaral: Estâncias da paixão

de Cristo, na Capela de Santa Bárbara, Fazenda Olho

D’água MG – Brasil. Por Wandêysa Pitaluga

I – Cristo é condenado à morte

Nas mãos da humanidade inconsciente o

sangue sagrado da vida inerte, porém

pulsante. Dos sonhos ao despertar, nos olhos

do Nazareno silencioso e Consciente.

II – Jesus é sobrecarregado com a cruz

Na terra da tela uma referência de areia que se

desmancha e uma pitada de assoalho da fazenda

de nosso passado. No céu escuro surge uma ponte

em forma de cruz que deixa surgir um Ser .Ele se

esparrama de joelhos na “areia” como onda única

de um mar numa noite escura. Há amar neste

oceano!

III – Jesus cai pela primeira vez

A terra é permeável e absorve a figura do Cristo que

cai, mas não morre. A cruz parece reconhecer a

imensidão de seu carregador e parece acarinhá-lo e não

suprimi-lo. O céu ao longe aguarda a caminhada final

do Amado de Jerusalém!

IV – Jesus encontra sua Santíssima Mãe

Maria esplêndida! Linda em sua maior dor. Meus olhos se encantam com a

luz Divina de sua aura, mas vejo uma mulher forte com um grande chapéu

de plumas brilhantes. Uma rainha! A tela com a maioria de tons em azuis é

de um teor completo no feminino! Maria numa túnica em camadas e um

traço de vermelho em seu peito me faz viajar... Poderia ser um pedaço de

linho para enxugar a fronte do filho Amado, mas aos olhos de uma mulher

que ama as mulheres fortes, um detalhe da cor do sangue do Filho do

Homem. Cristo, filho criança, pede o colo da mãe! Cristo, filho adulto, diz

no gesto da mão para a mãe não sofrer! Filho, Francisco de Assis; Mãe

Santíssima, Christian Lacroix!

V – Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz

O céu se retrai na tela como que a se assustar com a presença de um homem

comum, mas atrevido, que interfere no caminho de Deus! É possível?!

Cristo está exausto, é visível, seu corpo está entregue.

O tronco forte de homem jovem e trabalhador de Cirineu contrapõe-se ao corpo

sutil de Deus a caminho da crucificação. Nas costas de Cirineu a marca da

humanidade solidária que carrega a dor do Cristo crucificado e que não soube,

como Simão, entregar o peso de volta ao Deus que pode, sim, carregar!

VI – Verônica enxuga o rosto de Jesus

O céu se retrai em círculos, circular, abaulado. O céu se retrai

feminino e olha a mulher que ama e cuida. Não tem forças para

carregar a cruz, mas chora copiosa e oferece a luz, para absorver a dor

de Deus. Deus sofre, seu Filho se submete e vê nos olhos de Verônica

a salvação das mãos que se lavaram em sangue e o condenaram.

Condenaram seu corpo, mas jamais poderiam impedir o feminino de lhe

enxugar a Alma! Salvem todas as Verônicas, chorosas e dispostas a

absorver a água de Deus, que o mudo será salvo!

VII – Jesus cai pela segunda vez

O Cristo cai, todos temos uma segunda, terceira, quarta, infinitas vezes

para cair, novamente. Onde a humanidade cai repetidas vezes se encontra

a escuridão da Dor do Cristo que cai, mas não deixa a cruz cair!

Onde estão nossas forças de não deixar a cruz cair?

A cruz na luz da tela parece mais leve e o Cristo parece mais forte!

VIII – Jesus consola as mulheres de Jerusalém

A mesma mão adulta que falou com Maria Santíssima. Fala com as mulheres

chorosas, desesperadas, inconformadas em suas cores escuras, distintas. Três

mulheres, três marias, três ângulos, três vidas! A mão do Nazareno enxuga as

lágrimas, conforta o desespero, apazigua o Corpo de Dor que acompanha as

mulheres de todos os tempos! Cristo abençoa as mulheres do mundo e carrega a

cruz para que todas, todas possam chorar e parir!

IX – Jesus cai pela terceira vez

Jesus se contrapõe ao céu!

O último tombo!

Pedro agora pode negá-Lo três vezes!

A cruz parece voar, já não existe mais. Cristo é maior que a cruz, mas neste

momento reverencia-a, num amor profundo. Honra e reconhecimento à Dor,

para então seguir o caminho. A jornada humana do calvário e da morte!

X – Jesus é despojado de suas vestes

O céu desce e a terra recebe o Corpo de Luz do Cristo Amado. Despido

das vestes, surge o corpo forte, inteiro, rubro, brilhante. A cruz extasia-se

diante do corpo que receberá! Inconsciente cruz que recebe o Corpo

Desperto, o Filho de Deus na inteireza. O corpo despido olha compassivo

a cruz que o receberá!

XI – Jesus é pregado na cruz

A Terra recebe o sangue, o Sangue recebe o calor da madeira, a cruz de

madeira recebe o amor do Cristo que se integra perfeito às mãos que

construíram a Cruz! Deus fez a Cruz! O Pai oferece o caminho de sacrifício

e o Filho acolhe a caminhada e se entrega aos cravos que impedem o

movimento. O Corpo padece, a Alma se liberta! Tudo parece desaparecer...

XII – Jesus morre na cruz

Finalmente! A escuridão toma conta do céu e desmancha-se na terra. A cruz destaca-

se da escuridão como quem quer se despojar dum destino cruel de ver a morte da

esperança humana. De carregar a morte da luz! O Corpo imóvel do Amado Nazareno

reflete a imobilidade do medo, do horror diante do destino escuro que não é escolha. É!

Acaba a dor física, inicia-se a dor psíquica! Fim do martírio fisiológico do homem

renascido em bênçãos dos três Reis Magos. Fim de uma missão grandiosa, início do

entendimento das lágrimas dos céus pela Humanidade! Eis anunciada a morte de

Jesus de Nazaré, escuridão, silêncio, uma tristeza profunda! Solidão! Na tela, a luz

nascendo atrás da cruz, me mostra que a Verdade é viva e virá!

XIII – Jesus é descido da cruz

Cristo no corpomorto. É possível? Cristo seguro por mãos que

sangram mais que seu corpomorto. Corpomorto em folha

descansando nos braços de quem puder acolhê-lo. A luz das chagas

diz respeito à única Verdade do martírio. É o que sai do quadro e

me preenche o olhar! Nada mais...

XIV – Jesus sepultado

A caixa de cristal no centro da Terra. A Terra prenhe das entranhas Daquele que com

suas sandálias deixou pegadas nas terras da Judéia, braços e pernas milagrosos,

músculos e células que inspiraram densas energias e sutilizaram os corações de

ouvidos que ouviram. No centro da Terra os olhos D’Aquele que olhou a humanidade

com a compaixão e viu sete, oito, vinte bilhões de irmãos, em criança, em luta pelo

despertar. O Filho de Deus descansa no ventre do planeta azul. O que será parido

está na permissão que damos ou não à Vida pulsante em cada célula que constitui as

nossas próprias entranhas. Não é separado é Um. A Terra, o ventre, o Corpomorto, O

Filho do Homem, Eu!

Pairando como um sopro Divino, acima da pintura cuidadosa do corpomorto do

Salvador, sua Alma se desprendendo, finalmente partindo...

No luar ,uma esperança de que tudo sempre está em seu devido lugar.

Nas mãos de quem pinta, meu coração feito cores numa profusão de amor e

alegria, morte e ressurreição. A tarefa e serviço maior da alma humana expressa

em sentimentos na Arte!

O caco de telha é receptáculo sagrado das mãos e tintas do meu amor. A argila úmida e

moldada para ser queimada nas altas temperaturas de um forno longínquo, nunca

poderia sonhar que ao enfrentar a morte e a condenação à rigidez, estava seguindo o

destino iluminado de um dia servir à Arte e imortalizar-se na integração química

reagente de suas células às das tintas do artista sensível e único . Mo amor que pôde vê-

la e escolhê-la para ser parte da via crucis na fazenda olho d’água e então, finalmente

ressuscitar em cores, texturas e imagens! Finalmente aquela argila flexibilizou-se

novamente e ressurgiu arte e alegria! Graças damos a todos os artistas do mundo que

dão Vida e permissão! Enfeitam o mundo e oferecem Amor sem cobranças!

Domingo de Páscoa: Cristo Ressurrecto e Santa Bárbara Imortal

2013

2014