Post on 20-Jul-2020
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
Avaliação, Planeamento e Ação
Joaquim Maria Pires Coelho Júdice Pontes
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Construção
Mestrado integrado em Engenharia Civil
Orientadores
Professor António Morais Aguiar da Costa
Professor Francisco Manuel Caldeira Pinto Teixeira Bastos
Júri
Presidente: Professor Augusto Martins Gomes
Orientador: Professor António Morais Aguiar da Costa
Vogal: Eng.º José Carlos Basto Lino
Novembro de 2016
Não é o mais forte ou o mais inteligente que sobrevive, mas aquele que melhor se adapte à
mudança…
Leon C. Megginson
Agradecimentos
I
Agradecimentos
Embora a presente dissertação se apresente como um trabalho individual, há diversas pessoas
que contribuíram de forma inigualável para o sucesso da mesma. Por essa razão, desejo
expressar o meu profundo agradecimento:
Aos meus orientadores, Professor António Morais Aguiar da Costa e Professor Francisco
Manuel Caldeira Teixeira Bastos, pela total disponibilidade, sempre célere resposta a todas as
minhas dúvidas e questões, pela formação disponibilizada durante a fase preliminar do trabalho,
e pela excelente orientação que proporcionaram no desenrolar do mesmo.
A todos os membros da CT197, nomeadamente os membros da SC1, que se mostraram
sempre disponíveis a intervir no trabalho realizado, acompanhando-o em etapas fulcrais para o
seu sucesso.
Aos meus Pais Luís e Vera e ao meu Avô Júlio, que sempre me apoiaram nas decisões que
tomei ao longo da vida, e me proporcionaram sempre as condições necessárias para atingir tudo
aquilo que tenho e sou, que sempre me guiaram e estiveram ao meu lado nos bons e maus
momentos e pelos concelhos transmitidos. A eles o meu MUITO OBRIGADO.
À minha Irmã Vera, pela companhia e apoio incondicional que sempre me deu, não só nesta
jornada que foi a minha formação académica, mas também ao longo de toda a minha vida. Por
todas as horas de estudo intenso, todos momentos de descontração, todos os exames e
avaliações em que lutamos juntos, és a melhor Irmã do mundo.
À Beatriz Tavares da Costa, pelo carinho que tem por mim, pelo apoio, compreensão e
paciência, por ter estado sempre ao meu lado em todos os momentos e por me ter ensinado a
ser melhor todos os dias.
Ao Manuel Beja da Costa, meu grande amigo de longa data, por tudo o que tem feito, pelo apoio
e motivação, por estar sempre presente e disponível desde que me lembro.
Por fim, a todos os meus amigos, em especial aos membros do Laranjal, pelos infinitos
momentos diversão e descontração que me proporcionaram, por todos os cafés e cartadas, por
todas as festas e jantares.
Obrigado.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
II
Resumo
III
Resumo
O Building Information Modeling (BIM) é considerado, no ambiente da indústria da Arquitetura,
Engenharia e Construção (AEC), como o novo paradigma que irá moldar o setor em Portugal,
desenvolvê-lo e modificá-lo de uma forma radical. Propõe uma metodologia de trabalho que, de
acordo com a literatura académica e estudos de profissionais da área, aumenta drasticamente a
produtividade dos agentes da indústria, reduzindo ao máximo os custos associados às atividades
realizadas. Apresenta-se como uma oportunidade de crescimento sustentado do setor,
estimulando a transparência, integração, cooperação e otimização.
Embora a análise global da maturidade BIM a nível nacional já tenha sido realizada por parte de
outros autores, a par de um inicio da normalização do setor de acordo com o conceito BIM, a
necessidade de criação de objetivos tangíveis para auxiliar o processo de implementação do BIM
por parte de entidades e organizações não tem sido satisfeita. Mesmo que essa esquematização
de etapas a seguir já exista e seja utilizada em variados países, não existe uma relação direta
nem compatibilização com as reais necessidades da indústria em Portugal.
Assim, de modo a contrariar a problemática referida, na presente dissertação foram identificadas
as diferentes vertentes e valências sobre as quais o BIM se desenvolve, definindo-se assim o
que se denominou de categorias, com cada uma a subdividir-se em cinco níveis de maturidade
bem caracterizados. Com base na listagem resultante, e para cada entrada da mesma, foi
realizada uma análise Impacto vs. Esforço, através dos dados recolhidos por meio de um Focus
Group.
Deste modo foi possível determinar diferentes etapas associadas aos dados recolhidos,
definindo-se assim uma estratégia a ser seguida aquando da implementação BIM.
Espera-se que o resultado desta dissertação seja encarado, pelos intervenientes da indústria,
como uma base para o desenvolvimento de uma ferramenta útil e indispensável no processo de
implementação BIM, mas também como uma forma de determinar o estado de maturidade BIM
de uma organização ou mesmo do setor a nível nacional.
PALAVRAS-CHAVE: Building Information Modeling, Implementação BIM, Maturidade BIM,
Indústria AEC.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
IV
Abstract
V
Abstract
The Building Information Modeling (BIM) is considered, in the environment of architecture
Engineering and Construction industry (AEC), as the new paradigm that will shape the sector in
Portugal, develops it and modify it in a radical way. BIM proposes a working method that,
according to academic literature and professional studies of the area, dramatically increases the
productivity of the industry agents, while minimizing the costs associated with the undertaken
activities. It presents itself as an opportunity for sustained sector growth, encouraging
transparency, integration, cooperation and optimization.
Although the overall analysis of BIM maturity at national level has already been carried out by
other authors, along with an early normalization of the sector according to the BIM concept, the
need to establish tangible objectives to assist the process of implementing BIM by entities and
organizations have not been satisfied. Even if the layout of the following steps already exists and
is used in various countries, there is no direct relationship and no compatibility with the real needs
of the AEC industry in Portugal.
Thus, in order to counter the problems mentioned, the present work identify different aspects and
scopes on which BIM is developed, defining what are called categories, with each subdivided into
five levels of maturity well characterized. Based on the resulting list of categories, and for each
input of it, an Impact vs. Effort analysis was performed resorting the data collected through a
Focus Group.
With this analysis it was possible to determine different stages associated with the collected data,
defining a strategy to be followed when implementing BIM.
It is expected that the result of this work is seen, by the industry involved, as the basis for the
development of a useful and essential tool in BIM implementation process, but also as a way to
determine state of BIM maturity of an organization or even of the national industry.
KEYWORDS: Building Information Modeling, BIM Implementation, BIM Maturity, AEC Industry.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
VI
Índice Geral
VII
Índice Geral
Agradecimentos ................................................................................................................. I
Resumo ............................................................................................................................ III
Abstract ............................................................................................................................ V
Índice Geral ..................................................................................................................... VII
Índice de Figuras .............................................................................................................. XI
Índice de Tabelas ........................................................................................................... XIII
Índice de Anexos ............................................................................................................. XV
Lista de Abreviaturas .................................................................................................... XVII
1 Introdução ................................................................................................................ 1
1.1 Enquadramento ................................................................................................. 1
1.2 Objetivos ............................................................................................................ 1
1.3 Estrutura da Dissertação .................................................................................... 2
2 Estado da Arte .......................................................................................................... 3
2.1 O Conceito BIM .................................................................................................. 3
2.1.1 Enquadramento Histórico .......................................................................... 3
2.1.2 O que é o BIM – Building Information Modeling ....................................... 5
2.1.3 Paradigma BIM ........................................................................................... 8
Tecnologia ............................................................................................................. 8
Processos .............................................................................................................. 9
Politicas ................................................................................................................. 9
Informação ........................................................................................................... 9
2.1.4 Interoperabilidade .................................................................................... 10
2.1.5 Dimensões BIM ......................................................................................... 11
BIM 2D ................................................................................................................ 11
BIM 3D ................................................................................................................ 12
BIM 4D ................................................................................................................ 12
BIM 5D ................................................................................................................ 13
BIM 6D ................................................................................................................ 14
BIM 7D ................................................................................................................ 14
2.1.6 Nível de Detalhe ....................................................................................... 15
2.1.7 Vantagens e Desvantagens do BIM .......................................................... 16
2.1.8 Definição de Níveis de Maturidade .......................................................... 17
Nível 0: Pré-BIM .................................................................................................. 18
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
VIII
Nível 1: Modelação ............................................................................................. 18
Nível 2: Colaboração ........................................................................................... 19
Nível 3: Integração .............................................................................................. 20
2.1.9 Níveis de Maturidade – Fases Ciclo de Vida do Empreendimento .......... 21
2.2 Implementação BIM no Mundo ....................................................................... 22
2.2.1 Da implementação Integrada à Normalização ......................................... 22
2.2.2 Caso do Reino Unido ................................................................................ 24
2.3 Implementação BIM em Portugal .................................................................... 28
2.3.1 Estado Atual da Indústria ......................................................................... 28
2.3.2 Iniciativas de Trabalho e Divulgação ........................................................ 29
3 Modelo de Implementação e Maturidade ............................................................. 31
3.1 Visão ................................................................................................................. 31
3.2 Metodologia Geral ........................................................................................... 32
3.3 Intervenientes no processo de trabalho .......................................................... 33
3.4 Definição de Necessidades .............................................................................. 34
3.4.1 Considerações Prévias para a definição de Necessidades ....................... 34
3.4.2 Categorias ................................................................................................. 35
A – Informação – Riqueza dos Dados ................................................................. 36
B – Abrangência do Ciclo de Vida ....................................................................... 36
C – Funções ou Disciplinas .................................................................................. 37
D – Modelo de Gestão ........................................................................................ 38
E – Sincronização ................................................................................................ 38
F – Acessibilidade e Partilha ............................................................................... 39
G – Dimensões .................................................................................................... 40
H – Informação Externa ...................................................................................... 41
I – Infraestrutura ................................................................................................. 41
J – Formato de Informação ................................................................................. 42
K – Formação ...................................................................................................... 43
3.5 Matriz Impacto vs. Esforço .............................................................................. 44
3.5.1 Considerações Prévias para a utilização da Matriz .................................. 45
3.5.2 Processamento de Dados – Matriz Relevância ........................................ 47
3.5.3 Obtenção de Resultados – Escala de Maturidade .................................... 50
3.6 Modelo de Maturidade .................................................................................... 52
3.6.1 Definição de ETAPAS ................................................................................... 52
3.6.2 Interpretação de ETAPAS ............................................................................ 54
Índice Geral
IX
3.6.3 Produto Final - Modelo de Maturidade .................................................... 55
4 Interpretação e Discussão de Resultados .............................................................. 57
5 Conclusões .............................................................................................................. 61
5.1 Considerações finais ........................................................................................ 61
5.2 Limitações ........................................................................................................ 61
5.2.1 Limitações na implementação BIM .......................................................... 61
5.2.2 Limitações do Estudo ................................................................................ 62
5.3 Desenvolvimentos Futuros .............................................................................. 63
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 65
Anexos ............................................................................................................................ 71
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
X
Índice de Figuras
XI
Índice de Figuras
Figura 1. Tempo de adoção do CAD vs. BIM (projeções realizadas em 2011) [26] ......... 5
Figura 2. Curva de MacLeamy - Relação entre Esforço e Cronograma de Projeto [48] .. 5
Figura 3. Interação do BIM nas diferentes fases de projeto ............................................ 6
Figura 4. Modelo de informação BIM (adaptado de [24]) ............................................... 7
Figura 5. Esquematização do paradigma BIM .................................................................. 8
Figura 6. Dimensões BIM (adaptado de [43]) ................................................................ 11
Figura 7. Exemplo de uma planta (2D) gerada a partir de um modelo (3D) desenvolvido pelo software Revit [27] ................................................................................................. 12
Figura 8. Cronograma associado a modelo de informação em Synchro PRO 4D software [28] .................................................................................................................................. 13
Figura 9. Cronograma e estimativa de custos associados ao modelo de informação em Navisworks software [44] ............................................................................................... 13
Figura 10. Análise de eficiência energética do modelo de informação realizada em Revit Software [45] ......................................................................................................... 14
Figura 11. Representação Plana, segundo Succar [4] .................................................... 18
Figura 12. Representação modelo 3D, segundo Succar [4] ........................................... 19
Figura 13. Representação modelos 3D colaborantes, segundo Succar [4] .................... 20
Figura 14. Representação modelo BIM integrado, segundo Succar [4]......................... 20
Figura 15. Fases de um empreendimento segundo níveis de maturidade (adaptado de Succar [4]) ....................................................................................................................... 21
Figura 16. Níveis de maturidade BIM (Figura adaptada de [22]) ................................... 25
Figura 17. Metodologia de trabalho a adotar pela CT 197 SC1 ..................................... 32
Figura 18. Agentes da Indústria AEC que participaram no processo de trabalho ......... 33
Figura 19. Anos de Experiência adquiridos em BIM pelos intervenientes no processo de trabalho .......................................................................................................................... 34
Figura 20. Esquematização da terminologia e hierarquia das categorias e níveis correspondentes ............................................................................................................. 35
Figura 21. Matriz Impacto vs. Esforço ............................................................................ 45
Figura 22. Identificação das diferentes zonas previstas da amostra na matriz Impacto vs. Esforço ....................................................................................................................... 46
Figura 23. Identificação da zona prioritária das amostras na matriz Impacto vs. Esforço ........................................................................................................................................ 46
Figura 24. Sobreposição da escala numérica na matriz Impacto vs. Esforço ................ 47
Figura 25. Amostra de resultados da categoria A inseridos na matriz Impacto vs. Esforço (valores exemplificativos)3 ................................................................................ 47
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
XII
Figura 26. Amostra de resultados da categoria A inseridos na matriz Impacto vs. Esforço com zonas prioritárias identificadas (valores exemplificativos)3 ...................... 48
Figura 27. Representação da matriz de relevância. ....................................................... 49
Figura 28. Valor médio dos diferentes níveis da categoria A inseridos na matriz de relevância (valores exemplificativos)3 ............................................................................ 50
Figura 29. Escala de maturidade para os diferentes níveis da categoria A (valores exemplificativos)3 ............................................................................................. 51
Figura 30. Determinação de Etapas de Maturidade através da escala de maturidade das categorias A e B (valores exemplificativos)3 ............................................................ 53
Figura 31. Modelo de Maturidade ................................................................................. 55
Figura 32. Modelo de Maturidade – ETAPA 1 .................................................................. 58
Figura 33. Modelo de Maturidade – ETAPA 2 .................................................................. 58
Figura 34. Modelo de Maturidade – ETAPA 3 .................................................................. 59
Índice de Tabelas
XIII
Índice de Tabelas
Tabela 1. Intervenientes, Produtos e Relações nas diferentes áreas BIM (adaptado de [4]) ............................................................................................................ 10
Tabela 2. Normas aplicáveis no contexto BIM (tabela retirada de [21]) ....................... 27
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
XIV
Índice de Anexos
XV
Índice de Anexos
Anexo 1 – Categorias com Matriz Impacto vs. Esfoço; Zoneamento; Relevância e Escala de Maturidade ................................................................................................................ 73
Categoria A ................................................................................................................. 75
Categoria B ................................................................................................................. 77
Categoria C.................................................................................................................. 79
Categoria D ................................................................................................................. 81
Categoria E .................................................................................................................. 83
Categoria F .................................................................................................................. 85
Categoria G ................................................................................................................. 87
Categoria H ................................................................................................................. 89
Categoria I ................................................................................................................... 91
Categoria J .................................................................................................................. 93
Categoria K .................................................................................................................. 95
Anexo 2 – Modelo de Implementação e Maturidade .................................................... 97
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
XVI
Lista de Abreviaturas
XVII
Lista de Abreviaturas
2D – Duas dimensões
3D – Visualização tridimensional
4D – 3D + tempo
5D – 4D + custo
6D – 5D + sustentabilidade
7D – 6D + gestão e manutenção
AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção
AIA – American Institute of Architects
APPS – Applications
BDS – Building Description System
BIM – Building Information Modeling
B-rep – Boundary Representation
BS - British Standards
BSI – British Standard Institution
CAD – Computer Aided Design – Desenho Assistido por Computador
CEN/TC – European Committee for Standardization – Technical Committee
CIC – Computer Integrated Construction
CMM – Capability Maturity Model
COBie – Construction Operations Building Information Exchange
COBIM – National Common BIM Requirements
CSG – Constructive Solid Geometry
CT – Comissão Técnica
etc. – et cetera
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
XVIII
GT BIM – Grupo de Trabalho BIM
i.e. – id est
IFC – Industry Foundation Classes
IPD - Integrated Project Delivery
LEED – Leadership in Energy Environmental Design
LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil
LOD – Level of Detail – Nível de Detalhe
NBIMS – National Building Information Modelling Standard
NIBS – National Institute of Building Science
ONS/IST – Organismo Sectorial do Instituto Superior Técnico
OPET – Observatório de Prospetiva da Engenharia e da Tecnologia
PAS – Publicly Available Specification
PTPC – Plataforma Tecnológica Portuguesa de Construção
SC – Subcomissão
SOA – Service Oriented Architecture
UK – United Kingdom
US – United States
VAB – Valor Acrescentado Bruto
vs. – versus
Wi-fi – Wireless fidelity
Introdução
1
1 Introdução
1.1 Enquadramento
A indústria da AEC sempre esteve ligada a importantes desenvolvimentos técnicos e
tecnológicos, crescendo a par de novas maneiras de pensar e agir, de acordo com as suas
necessidades.
O desenvolvimento tecnológico está vinculado obrigatoriamente a modelação, a utilização de
software, que permite representar a realidade em modelos de informação.
Embora o conceito de modelo de informação como base de projeto de Arquitetura, Engenharia,
e Construção já seja largamente utilizado por diversas entidades a nível nacional e internacional,
o facto de esses modelos serem, de alguma forma, inteligentes não se engloba no conceito
básico da modelação simples. Assim surge a necessidade de adoção do BIM como forma de
otimizar processos e fatores associados ao empreendimento.
No entanto, a implementação BIM surge como um processo complexo, que deve ser abordado
de forma estruturada e sistemática. A necessidade, por parte das entidades implementadoras do
BIM, “…de mapear processos, identificar trocas de informação, adaptar as suas estruturas
organizativas e implementar metodologias e planos de execução BIM integrados…” [47],
incentiva diversos grupos de trabalho dedicados à exploração das potencialidades BIM a
desenvolverem métodos, mapas, guias e orientações como primeiro passo a uma eventual
implementação a nível nacional, assim como a construção de bases para o inicio do processo
de regulamentação e normalização da indústria a par do paradigma BIM.
1.2 Objetivos
A presente dissertação pretende desenvolver um modelo de maturidade BIM plausível. Para tal,
é essencial que esse modelo esteja focado na avaliação de todas as necessidades a que uma
implementação BIM está sujeita, mas que garanta também uma fácil análise visual, tornando o
modelo numa ferramenta útil e imprescindível para a entidade implementadora do BIM. Assim,
tendo como objetivo global o desenvolvimento do referido modelo, as principais metas desta
dissertação são:
1. Análise cuidada do atual estado da indústria da AEC a nível nacional, fazendo o
paralelismo com o presente estado da indústria nos países que apresentam uma
implementação e utilização BIM mais avançada;
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
2
2. Definição de uma listagem de necessidades que se verifiquem essenciais na
implementação do BIM e que representem todas as vertentes sobre as quais o BIM se
desenvolve numa organização;
3. Elaboração de um modelo de avaliação do estado de maturidade, baseado na listagem
de necessidades previamente definida, que funcione como ferramenta auxiliar no
processo de implementação BIM, identificando explicitamente diferentes etapas e metas
a atingir por parte das entidades implementadoras, assim como planos de ação a adotar.
1.3 Estrutura da Dissertação
A estrutura da dissertação obedece a uma divisão em seis capítulos, dos quais o primeiro é a
presente introdução, constituída pelo enquadramento do tema a ser tratado, definição de
objetivos a atingir e descrição da estrutura do documento.
O segundo capítulo trata o estado da arte, apresentando a definição e enquadramento do
conceito BIM, onde se abordam variados temas e fatores que relacionam o conceito em si com
o termo “maturidade” no processo de implementação. Também apresenta uma descrição do
estado de implementação do BIM no Mundo, dando destaque ao exemplo do Reino Unido.
Finalmente descreve o estado atual da indústria a nível nacional e enumera as diversas
iniciativas de trabalho realizadas até à data em prol da adoção do conceito BIM.
No terceiro capítulo é desenvolvido o trabalho que suporta a criação de um modelo de maturidade
BIM, definindo uma metodologia de trabalho, visão e identificação dos intervenientes nesse
processo. É ainda apresentado o primeiro produto da dissertação (listagem de necessidades)
assim como ferramentas de análise utilizadas para a elaboração do modelo de maturidade
(matriz Impacto vs. Esforço e suas derivações e Escalas de Maturidade), e finalmente o modelo
de maturidade.
No quarto capítulo são realizadas, sobre o resultado final do modelo de maturidade, uma
discussão e análise do significado subjacente a esse mesmo modelo.
O quinto capítulo apresenta as conclusões, abordando não só as considerações finais ao
trabalho realizado, como também uma referência às limitações associadas ao trabalho e ao
modelo de implementação e maturidade desenvolvido, e ainda descreve os pontos essenciais a
abordar na continuação do trabalho e desenvolvimentos futuros.
Após o quinto capítulo são ainda apresentadas as referências bibliográficas utilizadas na redação
da presente dissertação e ainda os anexos associados à mesma, contendo as fichas de análise
das diversas categorias e o modelo de implementação e maturidade final.
Estado da Arte
3
2 Estado da Arte
2.1 O Conceito BIM
2.1.1 Enquadramento Histórico
As limitações sentidas com a utilização do conceito tradicional do desenho 2D e a vontade de se
alcançar um plano de representação mais completo e consistente com a realidade, levou à
necessidade de se desenvolver um novo conceito nesta área.
Adicionalmente, a origem da evolução de tecnologias no campo militar e aeroespacial dos
programas que se forma desenvolvendo a partir da segunda metade do séc. XX, as quais
poderiam vir a ser utilizadas no âmbito da arquitetura e da engenharia deram origem a software,
apoiado no desenvolvimento exponencial de produtos relacionados com a computação, que veio
revolucionar o modo como se concretizava até então uma ideia em papel.
Douglas C. Englebart, engenheiro eletrotécnico de carreira, torna-se em 1962, com a sua
publicação “Augmenting Human Intellect” [1], o protagonista de um novo modo de conceber
ideias, antevendo um sistema baseado na utilização de objetos parametrizados e integrados
numa base de dados. Um ano mais tarde, a introdução das relações geométricas surge com o
desenvolvimento de um programa de modelação por Ivan Sutherland.
Depois de se terem dado os primeiros passos em direção à informatização da representação 2D,
surge então nas décadas de 70 e 80 novos métodos de gravação e apresentação de modelos
geométricos, entre eles o método Constructive Solid Geometry (CSG) e o Boundary
Representation (B-rep). Em ambos os métodos é possível verificar a utilização de uma série de
conceitos nos quais o CAD se encontra intrinsecamente relacionado. Entre os mesmos destaca-
se a representação de “cheios” e “vazios” através de funções básicas de interceção, adição e
subtração (CSG) e a representação de fronteiras recorrendo a elementos de pontos, linhas e
superfícies (B-rep) [2].
O início da modelação na construção suportada por base de dados, um dos princípios
fundamentais do conceito BIM e já antecipado por Douglas C. Englebart, foi introduzido por
Charles M. Eastman ainda durante a década de 70, através do desenvolvimento do primeiro
software com base numa biblioteca de elementos representativos utilizados na construção de
modelos.
Professor no Instituto de Tecnologia da Georgia, C. M. Eastman associou ao seu software o
conceito Building Description System (BDS). O conceito tinha como objetivo permitir que uma
descrição de um edifício realizada em computador replicasse ou melhorasse todos os aspetos
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
4
positivos do desenho em papel como meio de elaboração de projeto, e ainda se possível eliminar
algumas das limitações e fraquezas deste.
No seguimento dos referidos acontecimentos, iniciou-se a adoção do processo de representação
da realidade por via computorizada, por parte dos protagonistas do âmbito da Engenharia Civil e
da Arquitetura. Nascia assim o conceito CAD.
Posteriormente, e depois do CAD já ser visto como uma ferramenta intrínseca de trabalho, o
conceito BIM surge como resposta às limitações associadas à projeção baseada em CAD,
começando a ganhar forma através da definição do termo BIM, resultante da fusão do conceito
Norte Americano “Building Product Models” com o conceito Finlandês “Product Information
Model”
Desde os meados dos anos 80 que se verificou um intenso desenvolvimento e investigação em
software que conseguisse compatibilizar as diferentes noções do âmbito BIM e a praticabilidade
destes programas. Neste sentido surge, em 1984 e desenvolvido por Gábor Bojár, o software
Radar CH, que culminaria no conhecido ArchiCAD.
Durante os anos 90, Lenoid Raiz, Irwin Jugreis e David Conant desenvolvem em conjunto as
primeiras versões do software Revit, o qual engloba, para além das noções espaciais e
temporais, um conjunto de outras terminologias fundamentais para a interoperabilidade BIM,
como por exemplo Revisão e Rapidez, termos que surgem associados ao nome do software.
Ao longo das ultimas décadas, verificou-se por parte das entidades detentoras dos programas já
existentes, um esforço em desenvolver metodologias de trabalho colaborativas que permitam a
integração das diversas especialidades de projeto num único modelo de informação. Também
por parte de algumas entidades estatuais já é efetiva a intenção de normalização dos
procedimentos associados a estas metodologias com a intenção de que o BIM passe a ser uma
realidade na AEC, e que a sua implementação possa vir a ser obrigatória.
Segundo a American Istitute of Architects (AIA), numa perspetiva global verificou-se que a
tecnologia CAD demorou cerca de 12 anos a ser completamente implementada na indústria,
enquanto que a tecnologia BIM se estimaria, em 2011, que deveria demorar cerca de metade
desse tempo. A figura 1 representa essa relação temporal, em que as projeções são baseadas
em pesquisa e análise de casos de estudo que sustentam o guia: BIM and Integrated Design:
Strategies for Architectural Practice [26]. No entanto, pode contatar-se que essa realidade ainda
não se observa à data desta investigação, mesmo no território norte americano.
Estado da Arte
5
2.1.2 O que é o BIM – Building Information Modeling
BIM surge no âmbito da AEC essencialmente como uma alternativa de modelação em relação
aos tradicionais métodos utilizados desde o inicio da informatização, como seja a utilização de
ferramentas CAD como base dos diferentes projetos das diversas especialidades. De acordo
com o National Institute of Building Science (NIBS), “…os exemplos do BIM que se verificam
atualmente constituem modelos virtuais de pequenos empreendimentos em software
próprio/privado com a finalidade de apoiar a conceção do projeto…” [3].
Embora muitas utilizações BIM apenas complementem os métodos tradicionais de realização de
empreendimentos, este conceito tem como principal objetivo a coordenação das diferentes
especialidades de uma forma instantânea, rápida, concisa e rigorosa, de modo a reduzir, ou até
eliminar, quaisquer erros de incompatibilidade entre projetos, reduzindo assim custos associados
a alterações não previstas, exponenciando a eficiência na execução da obra e posterior
exploração do bem construído.
Figura 2. Curva de MacLeamy - Relação entre Esforço e Cronograma de
Projeto [48]
Figura 1. Tempo de adoção do CAD vs. BIM (projeções realizadas em 2011) [26]
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
6
Adicionalmente, a adoção do conceito BIM em todas as fases do empreendimento é um fator
igualmente importante para o pleno funcionamento das ferramentas BIM. Deste modo, NIBS
refere que:
“O futuro da modelação BIM compreende a expansão do modelo de informação a mais fases do
ciclo de vida do empreendimento…generalizando processos desse mesmo ciclo de vida e
associando alterações de informação…” [3].
A integração dos diferentes projetos é conseguida pois o BIM consiste numa criação paramétrica,
ou inteligente, de modelos de representação da realidade virtual. A palavra “inteligente” adequa-
se à descrição do conceito porque, ao contrário de um qualquer software CAD, que assume um
modelo 3D baseado em pontos, linhas e superfícies, pelos quais o utilizador posteriormente retira
as suas próprias conclusões e interpretações, um software que se baseie em BIM deverá ter a
capacidade de assumir cada elemento representado no modelo como um elemento por si só,
dotado de um conjunto de características que culminam num determinado impacto sobre os
elementos adjacentes e sobre o modelo de informação. Assim, enquanto que na representação
CAD uma viga de betão armado é assumida pelo software como um conjunto de linhas que
representam a fronteira do elemento, numa representação BIM essa mesma viga é reconhecida
pelo software como um elemento com um determinado volume, composto por um determinado
tipo de betão e um certo número de varões de aço, os quais em conjunto resultam num conjunto
de características físicas, químicas ou mecânicas, identificáveis e quantificáveis, que produzem
os mais diversificados impactos nos restantes elementos que representam o modelo.
Figura 3. Interação do BIM nas diferentes fases de projeto
Estado da Arte
7
Esta capacidade, por parte dos softwares BIM, em reconhecer os elementos do modelo, é
complementada pelo facto de estes mesmos softwares trabalharem segundo uma base de dados
comum a todos os intervenientes de um empreendimento. Deste modo, não só a biblioteca de
elementos é generalizada e acessível a todos, mas também o modelo de representação de
projeto é o mesmo para todas as especialidades, podendo este estar sincronizado entre todos
os intervenientes. Qualquer alteração introduzida pelo Arquiteto no modelo será identificada pelo
Engenheiro, que por sua vez terá a oportunidade de adaptar o dimensionamento a tais
alterações. Este processo multidirecional de interoperabilidade, associado a métodos
automáticos de deteção de incompatibilidades, permite um elevado entendimento entre
especialidades.
Figura 4. Modelo de informação BIM (adaptado de [24])
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
8
2.1.3 Paradigma BIM
As potencialidades do conceito BIM, e a sua capacidade de integração de diferentes sectores
intervenientes no empreendimento, estarão certamente dependentes da adoção de processos
padronizados a par da aquisição de equipamento tecnológico capaz de lidar com os softwares
necessários, e ainda da formação dos futuros agentes e educação de todos os intervenientes
necessária para a manipulação e interpretação correta da informação. Consequentemente surge
assim o paradigma BIM, definido pela tríade: políticas, processos e tecnologia.
Cada vetor encontra-se associado a um grupo de intervenientes, centrados na apresentação de
informação essencial para o empreendimento.
Segue-se uma pequena explicação dos três vetores do referido paradigma BIM, assim como a
interação e troca de informação entre eles. É da maior importância definir claramente todos os
campos de abrangência deste paradigma, pois estes são a base da estrutura BIM (BIM
Framework), a qual mapeia o domínio da dinâmica que permite aos agentes da AEC uma
compreensão dos requisitos de implementação do BIM [4].
Tecnologia
Tecnologia é “…a aplicação do conhecimento científico para propósitos práticos…” [5].
Assim sendo, o acesso à tecnologia é essencial para que qualquer implementação BIM
tenha sucesso na sua vertente prática. Neste campo pode-se incluir como intervenientes
todos aqueles que se dedicam ao desenvolvimento de software, hardware e plataformas
colaborativas requisitadas pelo BIM. Mais concretamente, empresas que desenvolvam
software e equipamento, direta ou indiretamente ligados à conceção do modelo de projeto,
construção e operações.
Figura 5. Esquematização do paradigma BIM
Estado da Arte
9
Processos
Processo é “…uma organização especifica do trabalho de atividades ao longo do tempo e
do espaço, com um início e um fim, definindo claramente atributos e resultados: uma
estrutura de ação…” [6]. No âmbito dos processos pode-se incluir todos os intervenientes
responsáveis pela produção, distribuição, construção, dimensionamento, gestão, operação
e apropriação de empreendimentos de construção, nomeadamente arquitetos, engenheiros,
gestores e distribuidores da indústria da AEC. Em suma, o vetor processos inclui todas as
entidades ativas no desenvolvimento do empreendimento, entidades essas que terão a
obrigatoriedade de estar em constante sintonia com as sequencias de atividades exigidas
pelo BIM.
Politicas
Políticas são “…regras e princípios escritos que guiam a tomada de decisão…” [7]. Para
que a implementação e execução BIM seja padronizada tanto dentro de uma organização
como pelas diferentes entidades da indústria da AEC, as politicas inerentes às tomadas de
decisão terão de estar claramente definidas e compreendidas. No âmbito das políticas
devem ser considerados todos os responsáveis pela preparação/formação dos restantes
intervenientes, a distribuição de pesquisa e benefícios, a alocação de riscos e
responsabilidades e a minimização de possíveis conflitos no seio da indústria. De referir que
estas entidades não produzem resultados ativos no produto BIM, no entanto o seu esforço
resulta em programas educacionais de formação segundo variados níveis e graus de
profundidade e profissionalização, bem como, em guias de preparação, regulamentação
executiva e contratual, as quais regem tanto a elaboração, como a interoperabilidade entre
os esforços de todos os outros intervenientes.
Informação
A definição de todas as entidades envolvidas no conceito BIM é indispensável na
compreensão das dinâmicas e fluxos de informação que decorre da adoção das
metodologias BIM.
As trocas de informação e conhecimento verificáveis são iniciadas pela influência entre
entidades. O termo “influência” transmite por um lado a ideia de que a partilha de informação
é incentivada por uma das partes através de uma necessidade concreta, sendo
posteriormente desenvolvida pela outra parte e, por outro lado, a ideia de que a partilha se
inicia pelo desenvolvimento da informação, o que conduz à criação de uma necessidade.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
10
As diferentes relações entre as vertentes BIM podem ser analisadas na tabela que se segue.
2.1.4 Interoperabilidade
Como se pode constatar, toda a descrição da metodologia BIM converge para a noção de
interoperabilidade.
A palavra “inter-operar” infere, não só a capacidade de um sistema em disponibilizar informação
a outros sistemas, mas também a capacidade desses outros sistemas em interpretar a
informação disponível. A interoperabilidade é “…a habilidade de dois ou mais sistemas ou
componentes em partilhar informação e usar a informação que foi partilhada…” [11], de forma
transparente e eficaz. Sendo o BIM composto por diversos intervenientes de variadíssimos
ramos de atividade, a interoperabilidade surge como um conceito fundamental no sentido de
aglomerar todas os componentes inerentes à realização de um dado empreendimento [10].
Neste sentido foi criado o IFC, um formato de ficheiro comum a todos os softwares BIM. A
BuildingSMART, entidade que criou e desenvolveu o formato IFC, descreve o seu produto como
um formato neutro e aberto dirigido para o OpenBIM [9], conceito que tem como um dos seus
objetivos garantir uma total independência de formatos associados a empresas privadas [8].
Uma vez que a adoção integrada de ficheiros IFC por parte das empresas detentoras da maioria
dos softwares BIM se revelou um processo penoso e demorado, desenvolveu-se o formato
COBie. Este formato permite arquivar a informação relevante para o modelo BIM em formato
excel, com a intenção de que essa informação permaneça numa base de dados atualizável e
Tabela 1. Intervenientes, Produtos e Relações nas diferentes áreas BIM (adaptado de [4])
Politicas Processos Tecnologia
São regras e principios que
guiam a tomada de decisão
São a organização do trabalho de
actividades ao longo do tempo e do
espaço
Todo o software, hardware e plataformas
colaborativas, assim como todo o
equipamento tecnológico relacionado
com a construção
Governos, instituições
educacionais, laboratórios,
companhias de seguros e
instituações reguladoras
Donos de obra, construtoras,
empreiteiros, arquitectos, engenheiros,
estatísticos, investigadores,
distribuidores, fabricantes e gestores
Empresas de desenvolvimento
tecnológico e retalhistas dos seus
produtos
Guias, regulamentos, normas,
contratos e programas
educacionais
Produtos de construção e serviços Software, hardware e plataformas
colaborativas
Influência nos
outros âmbitos
• Pessoal especializado
• Introdução de conceitos
• Casos de estudo para as Políticas
• Feedback para a Tecnologia
• Novo equipamento e soluções
inovadoras para as Politicas e para os
Processos
Influência de
outros âmbitos
• Interoperabilidade da
Tecnologia
• Experiências e conhecimentos
dos Processos
• Desenvolvimento de soluções da
Tecnologia
• Padrões, guias e regulamentos das
Politicas
• Esforços de uniformização das Políticas
• Requisitos dos Processos
Influência
dentro do
mesmo âmbito
• Troca de conhecimentos entre
formadores e investigadores
• Instruções e pedidos de
esclarecimento entre profissionais do
mesmo ramo
• Capacidade de hardware e requisitos
de software
Definição
Intervenientes
Produtos
Relações
Estado da Arte
11
principalmente de fácil acesso por parte de todos os intervenientes do empreendimento [9]. O
BIM+COBie surge então como passo intermédio até que a indústria atinja a maturidade suficiente
para adotar o formato IFC como base da informação BIM.
2.1.5 Dimensões BIM
Para uma melhor compreensão das capacidades das diferentes ferramentas BIM, é importante
definir as diferentes dimensões sobre as quais um empreendimento se pode desenrolar.
Deste modo, Eastman et al. [2] utiliza-se a expressão “nD” como nomenclatura das diversas
dimensões de projeto, em que “n” representa o número de parâmetros abrangidos por
determinada dimensão e “D” é uma abreviação da palavra “dimensions”.
Cada uma das dimensões poderá ser parte integrante de um projeto sem que sejam
consideradas outras dimensões BIM. Isto porque cada dimensão pode ser tratada
independentemente e sem integração num único modelo de informação total.
BIM 2D
A segunda dimensão designada por 2D refere-se a toda a documentão representada no
plano, a qual inclui plantas, alçados, cortes ou pormenores. Abrange essencialmente a
forma tradicional de dimensionamento e projeto de empreendimentos, inserindo-se no
paradigma BIM através da capacidade de geração destas representações planas a partir do
modelo de informação.
Figura 6. Dimensões BIM (adaptado de [43])
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
12
BIM 3D
A terceira dimensão é aquela que permite atribuir ao modelo de informação BIM uma relação
direta visual, em ambiente virtual, com a realidade do objeto construído. É neste ambiente
que se concentram as diferentes entidades intervenientes no empreendimento e é no
modelo que, de uma forma colaborativa, se intervenciona o projeto, procurando-se obter
assim uma representação “as-build” com nível de detalhe adequado.
BIM 4D
É com a quarta dimensão que se introduz a variável tempo no modelo de informação. O 4D
refere-se a toda a análise de atividades que se desenrolem num determinado período
temporal. Assim é possível visualizar no modelo o andamento da obra passo a passo, quer
em fase de projeto quer de acompanhamento dos trabalhos ou simular eventuais cenários
na exploração do empreendimento.
Com uma análise temporal do projeto, o projetista e/ou o gestor da obra poderão comparar
a situação real com a situação em que a obra deveria estar em determinado instante,
ajudando-os a tomar decisões que otimizem custos, prazos ou disponibilidade de recursos.
A quarta dimensão também poderá ser utilizada como fim comercial. A possibilidade de
visualização da realidade virtual em formato de vídeo é uma forma bastante apelativa de
cativar clientes e usuários, informando-o antecipadamente à obra e criando interesse pelo
empreendimento.
Figura 7. Exemplo de uma planta (2D) gerada a partir de um
modelo (3D) desenvolvido pelo software Revit [27]
Estado da Arte
13
BIM 5D
O BIM 5D introduz a variável custo ao modelo de informação. Através da associação de
custos não só aos elementos constituintes do modelo, como também às atividades
relacionadas com a obra, é possível elaborar orçamentos relativos a diferentes fases do
empreendimento, assim como otimizar custos através de uma constante sincronização com
as alterações efetuadas ao projeto. Estas duas últimas dimensões têm-se demonstrado
muito importantes em fases prematuras do processo de um empreendimento para a sua
viabilidade e implementação.
Figura 8. Cronograma associado a modelo de informação em Synchro PRO 4D
software [28]
Figura 9. Cronograma e estimativa de custos associados ao modelo
de informação em Navisworks software [44]
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
14
BIM 6D
A sexta dimensão BIM refere-se à análise de eficiência energética e impacto ambiental dos
empreendimentos. A análise é suportada não só por ferramentas BIM com capacidade para
tal, mas também pelo facto da existência de informação parametrizada no modelo, relevante
para tais análises. Esta informação poderá ir desde dados sobre a iluminação natural,
ventilação, acústica, até coeficientes térmicos dos materiais constituintes, permitindo a
correção e a otimização do projeto segundo estes vetores. No fundo, será toda a informação
que possa conduzir à obtenção de certificados de eficiência energética, como por exemplo,
o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) [30].
A utilidade desta dimensão BIM têm vindo a acentuar-se com o recente aumento da procura
de empreendimentos sustentáveis [29].
BIM 7D
A sétima dimensão BIM é atualmente a última dimensão definida, e caracteriza-se por toda
a informação que permite otimizar a gestão do empreendimento.
Para tal, esta dimensão é composta por informação referente a fabricantes, fornecedores,
informações técnicas dos produtos, garantias, etc. O manuseamento destes dados,
associados ao modelo de informação BIM, permite o planeamento e definição de estratégias
de gestão do ciclo de vida do empreendimento, criação e desenvolvimento de planos de
manutenção sustentáveis, manuais de projeto e exploração, e todas as ferramentas que
possibilitam o “Facility Management” [31].
Figura 10. Análise de eficiência energética do modelo de informação realizada em
Revit Software [45]
Estado da Arte
15
2.1.6 Nível de Detalhe
A definição de nível de detalhe – Level of Detail (LOD) – “…é essencial para que se consigam
descrever os passos pelos quais os elementos do modelo BIM deverão evoluir, respeitando um
processo lógico, desde o mais baixo nível de conceção até ao mais alto nível de precisão na
representação…” [32].
Para tal, foram definidos cinco níveis de detalhe nomeados de LOD 100 até LOD 500. A escolha
desta nomenclatura justifica-se pelo facto de, no futuro, poder ser necessário a atribuição de
níveis de detalhe intermédios.
É também importante a distinção de dois conceitos distintos, mas intrinsecamente ligados ao
conceito de LOD: desenvolvimento e detalhe [33].
Desenvolvimento refere-se à quantidade e complexidade de informação que os elementos do
modelo podem apresentar, podendo ser informação gráfica ou não (paramétrica; dados), e que
influencia diretamente as análises e resultados do modelo BIM.
O termo detalhe apenas se refere à precisão gráfica com que cada elemento representa a
realidade. O detalhe torna-se bastante importante quando se está num ambiente cooperativo,
onde existe a necessidade de fazer com que outro interveniente tenha a mesma interpretação
visual da de quem entreviu no modelo.
De acordo com Bedrick [32], atualmente os níveis de detalhe LOD são os seguintes:
LOD 100. Conceptual – Corresponde a uma representação gráfica simples, através de
símbolos ou formas que constituem um modelo genérico. Pode também
apresentar algum desenvolvimento em termos de informação não gráfica,
nomeadamente, dados suficientes para avaliação de quantidades volumétricas
ou de área genéricas;
LOD 200. Geometria aproximada – Representação do elemento tendo por base formas
genéricas ou objetos simples, dotados de características físicas, quantidades,
local onde se insere e orientação. Pode também apresentar algum
desenvolvimento em termos de informação não gráfica, nomeadamente, dados
suficientes para avaliação de quantidades volumétricas, de área, globais e
específicas, bem como de elementos de construção genéricos;
LOD 300. Geometria precisa – O elemento apresenta-se graficamente com realismo
aproximado, em que as coordenadas geométricas, características físicas,
quantidades, local e orientação são as do objeto real. Pode também apresentar
algum desenvolvimento em termos de informação não gráfica, nomeadamente,
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
16
dados suficientes para avaliação de quantidades volumétricas, de área bem
como de elementos de construção, globais e específicos;
LOD 3501. Este nível de detalhe corresponde a uma transição entre o LOD anterior e o
seguinte, no qual se mantém todas as exigências relativas a componentes
gráficas e informação adicional da LOD 300, com a exceção de nas
características físicas se dever incluir as ligações do elemento correspondente
aos restantes adjacentes;
LOD 400. Fabricação – Graficamente o elemento é uma representação realista do objeto.
Adiciona-se informação relativa ao fabricante, instalação ou qualquer informação
relevante para a utilização do objeto;
LOD 500. As-built – Os elementos que se insiram neste LOD apresentam todo o detalhe
e pormenor da realidade, bem como todas as informações não gráficas
disponíveis associadas ao elemento. Corresponde à recriação virtual do objeto
e apresenta-se como bastante útil quando se recorre ao modelo de informação
nas fases de exploração e manutenção do empreendimento.
2.1.7 Vantagens e Desvantagens do BIM
Antes de se definir os conceitos a ter em consideração no processo de implementação do BIM
em qualquer empresa, fica neste subcapítulo referida uma listagem geral das vantagens e
desvantagens principais que ditam, em geral, a adoção ou não da metodologia BIM.
Segundo Eastman et al. [2] os benefícios da implementação da metodologia BIM podem-se
direcionar para quatro fases/entidades distintas num empreendimento.
Não só do ponto de vista do Dono de Obra que, através da adoção da metodologia BIM, garante
desde o início a exequibilidade do empreendimento, aumentando níveis de qualidade e
performance na construção, mas também do ponto de vista do Construtor e Fornecedores
associados, que beneficiam de uma fácil e rápida adaptação a alterações efetuadas no projeto e
ainda uma melhoria na implementação de técnicas de construção eficientes - Lean Construction
Tecnhiques.
Nas diferentes fases do empreendimento, e dependendo do detalhe do modelo de informação
sobre o qual este se desenrola, torna-se possível uma colaboração continua entre projetos de
1 A LOD 350 corresponde a um nível introduzido posteriormente à definição das LOD originais. Foi advogada e proposta pelo BIM fórum e pela AIA e surgiu da necessidade de diminuir a possibilidade de diferentes interpretações por parte de diversas entidades aquando da atribuição de níveis de detalhe a elementos do modelo [34].
Estado da Arte
17
diferentes disciplinas, evitando e reduzindo incompatibilidades através de correções e alterações
automatizadas. Tal facto proporciona uma otimização da gestão e operação do empreendimento,
permitindo ainda a geração de desenhos 2D durante qualquer fase do empreendimento,
estimativa de custos durante o desenrolar do empreendimento desde a fase de projeto, utilização
de ferramentas de medição de eficiência energética em fase de projeto, entre muitas outras
funcionalidades BIM.
Deste modo, e apesar de automaticamente se associar aos projetistas grande parte dos
benefícios da utilização do BIM, estes estão distribuídos por todos os intervenientes no
empreendimento, sendo que o interesse de implementação do BIM na indústria AEC passa por
todas as áreas de atividade.
No entanto, e como não poderia deixar de ser, a implementação desta metodologia acarreta
necessidades que poderão ser vistas como desvantagens pela indústria, entre elas a mudança
de mentalidade necessária por parte dos intervenientes e o investimento inicial avultado,
caracterizado pela aquisição de software, hardware, formação e alteração do modelo de gestão
e metodologias de trabalho.
2.1.8 Definição de Níveis de Maturidade
A definição de níveis de maturidade BIM, no processo de adoção das metodologias adjacentes
a este novo conceito para a indústria AEC, é essencial para a correta implementação do BIM em
qualquer organização.
Depois de se terem identificado todos os possíveis intervenientes envolvidos, para que um
sistema BIM garanta uma troca de informação bem-sucedida (i.e., minimizando a perca de
informação) e uma interoperabilidade exponenciada, é necessário que aqueles que têm interesse
em implementar as metodologias BIM, o façam com a noção bem clara da sua situação de partida
e com um planeamento evidente do seguimento de atividades subsequentes.
Nesse planeamento de atividades com o objetivo da implementação BIM, Succar considera um
nível introdutório e três níveis de maturidade [4]:
Nível 0: Pré-BIM;
Nível 1: Modelação;
Nível 2: Colaboração;
Nível 3: Integração.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
18
Nível 0: Pré-BIM
O nível introdutório de maturidade BIM pode ser caracterizado pela representação da
informação em 2D. À semelhança do que, regra geral, é utilizado pela maioria das empresas
na indústria AEC, a base de informação de projeto encontra-se planificada em diferentes
representações planas que induzem uma interpretação do modelo, sendo que este poderá
existir, mas apenas formado pela conjugação dessas mesmas representações.
Neste estágio, toda a informação é independente e requer uma associação e interpretação
por parte dos diferentes intervenientes. A colaboração entre as diferentes partes ocorre de
uma forma linear, o que se traduz numa demorada e dispendiosa troca de informação. Sob
condições Pré-BIM, a indústria apresenta normalmente um baixo investimento em
tecnologia e um défice de interoperabilidade [4].
Nível 1: Modelação
A modelação propriamente dita dá inicio à metodologia BIM. Nesta fase de implementação,
existe um esforço por parte de cada disciplina de projeto em criar um modelo base de
representação 3D com informação paramétrica associada.
Embora cada modelo represente uma fonte potencialmente comum de informação para
diferentes indivíduos, a colaboração entre diferentes disciplinas de projeto continua
inexistente por falta de cruzamento de modelos. A troca de informação continua
unidirecional e as comunicações permanecem dessincronizadas e dissociadas [4]. No
entanto, o potencial demonstrado pela modelação 3D dentro de cada especialidade
incentiva os intervenientes a adotarem métodos e tecnologias que os encaminham para a
fase seguinte, a da colaboração.
Figura 11. Representação Plana, segundo Succar [4]
Estado da Arte
19
Nível 2: Colaboração
No seguimento do referido no nível 1, a colaboração surge inerente à modelação 3D da
informação.
Entenda-se por colaboração a capacidade, de diferentes especialidades associadas a um
determinado empreendimento, em partilhar informação e trabalhar sobre um mesmo
modelo, durante a mesma ou em diferentes fases do ciclo de vida deste.
A utilização de um modelo comum ou a partilha de modelos pode implicar a condição do
uso do mesmo software ou, em alternativa, a adoção de ficheiros IFC ou COBie como
formato base na troca de informação.
Embora a comunicação entre os diferentes intervenientes seja ainda algo forçada e pouco
fluída, e a falta de sincronização entre entidades aquando da sua intervenção no modelo
seja evidente, a noção de separação entre diferentes especialidades e diferentes fases do
empreendimento começa a desaparecer.
A possibilidade de intervenção num modelo requer a criação de bibliotecas de elementos
acessíveis a todas as especialidades, com o objetivo de que a interpretação do modelo seja
o mais uniforme possível e este tenha um comportamento fluido em todas as suas vertentes.
É também neste nível de maturidade que se consegue associar as “n” dimensões do
empreendimento com o modelo 3D. Enquanto que até ao nível de maturidade anterior,
informações como custo, tempo de execução, sustentabilidade, gestão de recursos, etc.,
eram dados que estavam associados aos modelos individuais das especialidades e, assim
sendo, esta informação poderia ser apresentada em separado do modelo e sujeita apenas
à interpretação dos respetivos especialistas, com a colaboração surge a necessidade desta
informação estar intrinsecamente ligada ao modelo, facilitando assim a leitura por parte de
todos os intervenientes [4].
Figura 12. Representação modelo 3D, segundo
Succar [4]
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
20
Nível 3: Integração
Depois da implementação da colaboração na metodologia de uma organização, a
integração da informação de uma forma constante e concisa, através de todos os
intervenientes e durante todo o período do empreendimento, é o ultimo fator necessário
para a completa adoção do conceito BIM.
Neste nível de maturidade, o sistema deverá ter por base uma rede de informação
transitável em todas as direções, ligada em rede, e constantemente atualizada. As
intervenções, por parte das diferentes entidades, provocam um efeito instantâneo no modelo
comum ou em todos os modelos colaborantes no projeto [4].
Esta integração em rede permite uma comunicação fluida e associada, comum e atualizada,
exponenciando a uniformidade do empreendimento em todas as suas vertentes.
Fica também disponível uma infinita possibilidade de análise da informação nas inúmeras
dimensões do empreendimento, relacionando dados provenientes de todas as entidades e
de todas as fases do ciclo de vida.
Finalmente, é este nível de maturidade que permite reduzir eficazmente custos associados
a prazos, incompatibilidades, desperdícios, etc.
Figura 13. Representação modelos 3D colaborantes, segundo
Succar [4]
Figura 14. Representação modelo BIM integrado, segundo
Succar [4]
Estado da Arte
21
2.1.9 Níveis de Maturidade – Fases Ciclo de Vida do Empreendimento
A importância da coordenação das diferentes fases do ciclo de vida de um empreendimento não
pode ser descartada no âmbito do sucesso do conceito BIM.
Para tal, é tão importante definir estas mesmas fases, como saber identificá-las ao longo dos
diferentes níveis de maturidade implementados. Essa identificação e sobreposição de fases
funciona como indicador do próprio nível de maturidade.
Assim definem-se três diferentes fases do ciclo de vida de um empreendimento como: Projeto;
Construção; Exploração, para além duma última fase que nem sempre existe e que se considera
abrangida pela fase da Exploração: a Demolição.
A influência da implementação dos diferentes níveis de maturidade nestas fases do ciclo de vida
do empreendimento passa pela possibilidade de ocorrer sobreposição de diferentes fases ao
longo do desenrolar do empreendimento.
Deste modo, a figura 15 mostra que no nível 1 não existe qualquer tipo de sobreposição temporal
do desenvolvimento das diversas fases. Isto deve-se ao facto de a troca de informação se realizar
unidireccionalmente e a comunicação permanecer dissociada entre entidades.
Figura 15. Fases de um empreendimento segundo níveis de maturidade (adaptado de Succar [4])
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
22
No nível 2 verifica-se que ocorre uma sobreposição temporal entre o final da fase de projeto e o
início da fase de construção. Esta sobreposição advém, não só da colaboração entre diferentes
especialidades num modelo comum ou na partilha de modelos, mas também no envolvimento
dos agentes que podem intervir na definição da construção, uma vez que, as entidades
prioritárias no desenvolvimento do BIM são, tendencialmente, as diretamente relacionadas com
as fases de projeto e construção.
Por último, após a implementação do nível 3, as diferentes fases do empreendimento tendem a
ocorrer quase em simultâneo. A integração da informação e a criação de bases de dados em
rede, acessíveis e sincronizáveis, permitem assim um constante ajuste das diferentes atividades,
possibilitando que os agentes da construção e da exploração sejam parte integrante das
decisões ainda em fase de projeto e implementação. É o nível do Projeto Integrado, que altera
substancialmente o modo de operar tradicional da indústria da construção, um modelo de
operação que implica, por um lado, uma alocação maior de custos no início do processo, mas
por outro um maior controlo e otimização dos custos e dos prazos do empreendimento na sua
globalidade.
2.2 Implementação BIM no Mundo
Tendo em conta que a implementação do BIM na AEC envolve inúmeros estádios, métodos e
intervenientes, o que conduz a um processo longo e penoso, a adoção integral da metodologia
tem-se vindo a demonstrar de difícil aceitação tanto em Portugal, como em muitos dos países
onde se reúnem esforços para atingir esse fim.
2.2.1 Da implementação Integrada à Normalização
Como já referido, o facto da filosofia Integrated Project Delivery (IPD) obrigar a formação e
instrução do pessoal fora dos parâmetros comuns até à data, assim como obrigar a investimentos
avultados em equipamento tecnológico por parte das empresas do ramo, e ainda uma completa
mudança na maneira como se encaram os projetos de engenharia, faz com que nem todos os
intervenientes da indústria adotem imediatamente a metodologia BIM. Ora este facto é
problemático pois para um correto funcionamento do BIM, a interoperabilidade terá de ser
garantida ao longo de todas as fases de projeto, englobando todos os sectores perimetrais à
execução da obra [13].
Estado da Arte
23
Com o objetivo de combater estas adversidades, vários países já criaram, ou estão em processo
de criação, de normas que tornem obrigatório a utilização de plataformas BIM na elaboração e
execução de projetos de engenharia, arquitetura e construção.
Entre estes encontra-se o Reino Unido, que definiu como obrigatório a utilização da metodologia
BIM em obras públicas a partir do ano de 2016. Também se verificam outros casos tais como:
Finlândia, onde desde 2001 que a Senate Properties desenvolve projetos de impulsionamento
do BIM no país e onde em 2007 foi publicada a primeira norma – National Common BIM
requirements, COBIM – de utilização BIM [15]; Singapura, que desde 1999 reúne esforços para
o desenvolvimento de estratégias de adoção do conceito impondo a utilização obrigatória até
2015; o Brasil, mais concretamente no Estado de Santa Catarina onde se exigiu que a
metodologia seja adotada nas obras públicas até 2018 [14]; Norte da Europa (Noruega) onde
através da norma Statsbygg BIM Manual criada por entidades norueguesas, o BIM foi
implementado no ano de 2011 [16].
Também com o intuito de ajudar à implementação correta e criteriosa da metodologia BIM, têm
vindo a desenvolver-se diversos manuais e guias que abordam o assunto. É nos Estados Unidos
da América que se tem dado mais importância a esta questão e, por isso, ao longo dos anos
surgem entidades como o National Institute of Building Science ou a Charles Pankow Foundation
[17], que desenvolveram guias como o National Building Information Modelling Standard [18],
BIM Project Execution Planning guide [19] e BIM Planning Guide for Facility Owners [20]. A título
individual ainda é de referir o guia BIM Handbook: A Guide to Building Information Modeling for
Owners, Managers, Designers, Engineers and Contractors elaborado por Chuck Eastman, Paul
Teicholz, Rafael Sacks e Kathleen Liston [2]. Todos estes manuais e guias têm servido de
auxiliares na implementação do BIM em países por todo o mundo, inclusive os referidos no
parágrafo anterior.
O National Building Information Modelling Standard (NBIMS) é um guia desenvolvido
pelo National Institute of Building Science com o intuito de “… estabelecer padrões
necessários para acelerar a inovação nas áreas de processos e infra-estrutura de modo
a que os utilizadores finais pertencentes às diferentes facetas da indústria possam ter
acesso eficiente à informação necessária para criar e operar instalações otimizadas…”
[35].
Os guias BIM Project Execution Planning Guide e o BIM Planning Guide for Facility
Owners são duas ferramentas que se enquadram no âmbito da Computer Integrated
Construction (CIC) Research Program [19,20].
O primeiro foi desenvolvido em 2007 conjuntamente com a Charles Pankow Foundation,
e têm como objetivo “… garantir que todos os intervenientes BIM estão a par das
oportunidades e responsabilidades associadas com a incorporação do BIM no
seguimento de trabalhos do projeto…”. Este guia fornece um procedimento estruturado
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
24
para criar e implementar um BIM Project Execution Plan, que garanta a comunicação
entre todos os participantes no projeto durante as fases iniciais deste [17].
O segundo, desenvolvido em 2011, surge como resposta a uma necessidade identificada
pelo grupo de trabalho da CIC, que afirmam ser necessário “… desenvolver um guia para
proprietários e operários que inclua procedimentos de desenvolvimento de estratégias
de integração do BIM ao longo de toda a organização…” [17].
A CIC desenvolveu ainda o BIM Planning Website, que funciona como “hub2” para todos
os utilizadores dos referidos guias, e também como auxiliar para o correto uso de
definições BIM.
O BIM Handbook – A Guide to Building Information Modeling for Owners Managers
Designers Engineers and Contractors é um guia desenvolvido por Chuck Eastman, Paul
Teicholz, Rafael Sacks e Kathleen Liston, que aborda a temática da implementação BIM,
oferecendo uma visão e conhecimento profundo das tecnologias BIM, das questões
negociais e organizacionais que advém da implementação BIM e das vantagens que o
BIM proporciona a todos os membros envolvidos no projeto [2].
2.2.2 Caso do Reino Unido
A politica de implementação adotada pelo Reino Unido na questão do BIM é do maior interesse
como objeto de análise e referência. Isto deve-se ao facto de no Reino Unido a adoção do BIM
ter sido considerada obrigatória num curto prazo para obras públicas, tendo sido
consequentemente planeada uma metodologia de implementação que deveria ser seguida pelas
entidades da indústria [25].
De acordo com o BSI B/555 Committee [21], foi desenvolvido um guia normativo que permite à
Indústria britânica não só ter uma referência para a melhor gestão de ativos construídos, como
também suporta a missão do comité na redução do custo total do ciclo de vida, do risco
associado, das emissões de carbono e do tempo médio de término de projetos de engenharia,
arquitetura e construção.
Deste processo de implementação ocorrido no Reino Unido destacam-se duas principais
normalizações:
2 O termo hub define uma localização fictícia central que reúne, separa e distribui informação.
Estado da Arte
25
PAS1192-2 Specification for information management using BIM [22];
AEC (UK) BIM protocol [23].
Com base nestas e noutras normas foi definido o conceito de níveis de maturidade, como forma
de simplificar a descrição das tecnologias e formas de trabalho aquando a implementação da
metodologia BIM.
“A definição de níveis de maturidade surge com o propósito de categorizar trabalhos técnicos e
colaborativos, possibilitando a descrição e o entendimento de processos, ferramentas e técnicas
a serem usadas, e assim permitindo uma simples referência de onde e quando os diversos
documentos devem ser aplicados…” [21].
Normas posteriores, PAS1192-3 e PAS1192-4, visam normalizar as atividades do
empreendimento, ao nível do tratamento da informação do modelo, em fases de exploração e
manutenção e no que respeita à interação com o cliente, respetivamente.
Figura 16. Níveis de maturidade BIM (Figura adaptada de [22])
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
26
Para a melhor compreensão do diagrama dos níveis de maturidade interessa expor as definições
referentes a cada nível:
0. Utilização de formatos em papel ou CAD 2D como mecanismo de troca de informação
de projeto;
1. Utilização de CAD 2D/3D com base nas indicações da norma BS 1192:2007, recorrendo
a ferramentas de colaboração que geram ambientes de troca de informação comuns.
Neste nível já deverão ser considerados estruturas e formatos de informação standard.
No entanto, os diferentes projetos são geridos isoladamente e sem integração;
2. Gestão de modelos 3D com ferramentas BIM, nos quais os elementos constituintes têm
anexada informação e propriedades. Neste nível já existe integração entre os diferentes
projetos, no entanto essa integração ainda está dependente das entidades executantes.
Resultante deste facto surge o termo “pBIM”, ou seja, a integração assenta na
dependência do proprietário. O modelo deverá apresentar uma análise 4D (tempo) e 5D
(custo) associado ao modelo efetuado com ferramentas BIM;
3. Integração completa de informação e processos por parte de todos os intervenientes,
com utilização de formatos IFC. Modelo colaborativo e constantemente atualizado e
acessível. É nesta fase que surge o termo “iBIM”, referente à plena interoperabilidade de
todos os sistemas de informação.
É também de elevada importância a identificação e compreensão das normas associadas aos
níveis de maturidade identificados no diagrama. Deste modo o BSI [21] apresenta a seguinte
tabela com o título e uma breve explicação do enquadramento das normas referidas.
Estado da Arte
27
Standard DateBS 1192:2007 Collaborative production of architectural, engineering and
construction information. Code of practice.
2007
BS 7000-4:2013 Design management systems. Guide to managing design in
construction.
Dec 2013
BS 8541-2: Library Objects for Architecture, Engineering and Construction:
Recommended 2D symbols of building elements for use in building information
modelling.
2011
BS 8541-1: Library Objects for Architecture, Engineering and Construction:
Identification and classification.
2012
BS 8541-3: Library Objects for Architecture, Engineering and Construction: Shape
and measurement.
2012
BS 8541-4: Library Objects for Architecture, Engineering and Construction:
Attributes for specification and assessment.
2012
BS 8541-5: Library Objects for Architecture, Engineering and Construction:
Assemblies.
2014
BS 8541-6: Library Objects for Architecture, Engineering and Construction: Product
Declarations.
2014
PAS 1192-2: Specification for information management for the capital/delivery
phase of construction projects using Building Information Modelling.
Early Adopter document to enable the delivery of HMG BIM strategy projects to
Level 2 maturity indicator. Created as a PAS due to time constraints and low level of
maturity in the practicing industry. Published in February 2013, with a full upgrade
to a British Standard level expected before 2015, the document describes the
Capital delivery phase of the project during design and construction. The document
incorporates the principles of the Soft Landings delivery scheme to ensure a
managed handover into post occupancy and operations.
In December 2013, the PAS was proposed to ISO as a new work item proposal to fill
the gap for international Level 2 guidance. (Results due mid March 2014).
PAS 1192-3: Operational Asset Management – Processes and data for the
commissioning, handover, operation and occupation stages.
Early Adopter document to enable the delivery of HMG BIM strategy projects to
Level 2 maturity indicator. Created as a PAS due to time constraints and low level of
maturity in the practicing industry. Exact dates to be advised due to budget
constraints. This document will offer guidance on the use and maintenance of the
asset information model (AIM) to support the planned preventative maintenance
programme and the portfolio management activity for the life of the asset as well
as the data transfer process between delivery and operational phases.
BS 1192-4: Collaborative Production of Architectural, Engineering and Construction
Information Part 4 – Client information requirements (COBie).
Summer
2014
Feb 2013
March 2014
Tabela 2. Normas aplicáveis no contexto BIM (tabela retirada de [21])
In December 2013, the PAS was proposed to ISSO as a new work item proposal to fill the gap for international Level 2 guidance. (Results due mid March 2014).
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
28
2.3 Implementação BIM em Portugal
A implementação BIM em Portugal ainda se encontra numa fase relativamente atrasada em
relação ao resto da europa e alguns dos países não europeus referidos no capitulo anterior.
2.3.1 Estado Atual da Indústria
A aparente inércia que Portugal exerce sobre a adoção de metodologias de trabalho compatíveis
com o BIM pode ser justificada pela crise económica que se abateu nestes últimos anos a nível
mundial, e que afetou grandemente a indústria da construção em Portugal [36].
O resultado deste fenómeno foi a diminuição abrupta tanto das promoções de concursos de
obras públicas como também dos contratos celebrados, principalmente durante o período 2011
– 2014. Durante igual período verificou-se o aumento do desemprego no sector, suportado por
processos de falência frequentes e despedimentos coletivos.
Adicionalmente, a indústria da construção é à partida caracterizada pela falta de qualificação de
mão-de-obra, pouca coordenação entre os agentes intervenientes na indústria e ainda pela
pouco frequente, ou inexistente prática de metodologias com base em sistematização de
processos [33].
Tais consequências e propósitos, para além de contribuírem para o atraso da indústria nacional
em relação ao panorama internacional, dotam o sector da construção de características únicas
que o distanciam de qualquer outro sector a nível nacional.
No entanto, Gil [37] descreve no seu relatório uma inversão da tendência recessiva do setor no
1º semestre do passado ano de 2015. Os números no desemprego, licenças de construção nova,
créditos à aquisição de habitação e ainda indicadores como o investimento e o valor
acrescentado bruto (VAB) apresentam-se como animadores e permitem realizar previsões
otimistas em relação ao futuro do sector.
Do ponto de vista da implementação do BIM, é da maior importância que a indústria se apresente
de boa saúde, e inversamente, a introdução do BIM é de maior interesse da indústria para que
esta se inove, e se torne competitiva no mercado mundial. Nunca é de mais referir que a indústria
da construção “…movimenta vários sectores, a montante e a jusante da sua cadeia de produção,
daí decorrendo que seja considerado um dos sectores impulsionadores da economia nacional,
não só pelo seu peso específico na criação de riqueza como também de emprego, tendo em
conta o seu óbvio efeito multiplicador, sendo, por isso, uma atividade fundamental para o
crescimento da economia…” [37].
Estado da Arte
29
2.3.2 Iniciativas de Trabalho e Divulgação
Em Portugal, diversas entidades têm tido iniciativas que refletem a intenção e vontade em
aprofundar e dinamizar a adoção do paradigma BIM.
Uma das iniciativas mais dinâmicas e com integração europeia e internacional diz respeito à
criação da Comissão Técnica de Normalização BIM Nacional, a CT197, coordenada pelo
Organismo Sectorial do Instituto Superior Técnico (ONS/IST). Esta CT 197 atua a nível nacional,
refletindo o trabalho da Comissão Técnica de Normalização BIM Europeia, o CEN/TC 442. Está
a desenvolver a normalização no âmbito dos sistemas de classificação, modelação da
informação e processos adotados ao longo do ciclo de vida dos empreendimentos de construção
[40].
Outras iniciativas são ainda de realçar, designadamente as da Plataforma Tecnológica
Portuguesa de Construção (PTPC), que desenvolveu um grupo de trabalho inteiramente
dedicado à abordagem BIM (GT BIM), formado por profissionais experimentados em BIM e por
docentes do ensino superior ligados à indústria AEC [38].
A nível académico realça-se o BIMClub, constituído por um conjunto de pessoas integradas no
âmbito universitário “…envolvidas numa dinâmica de divulgação do BIM em Portugal e curiosas
por apreender, fomentando a partilha de conhecimento e práticas colaborativas…” [39]. Esta
iniciativa tem em vista o estabelecimento de uma plataforma virtual de discussão informal de
temáticas BIM, particularmente dirigidas a estudantes e docentes, formando assim uma
ferramenta complementar ao BIMForum Portugal.
Ainda na perspetiva da formação, foi criado um Curso BIM na Ordem dos Engenheiros, que conta
com a participação de vários docentes pertencentes ao GT BIM e profissionais da indústria AEC
[39].
Também se destaca a organização de eventos por partes destas e de outras entidades que se
têm verificado nestes últimos anos em Portugal. Um dos primeiros eventos BIM em Portugal foi
o Workshop Internacional – Novo Modelo de Informação na Construção – Building Information
Model. Realizado no ano de 2006, este evento foi organizado pela OPET – Observatório de
Prospetiva da Engenharia e da Tecnologia, e teve como objetivo a divulgação de “…modelos
integrados de informação para a construção que permitem evitar prejuízos e os atrasos
resultantes da descoordenação entre informação de plano, anteprojeto, e execução em obra
potenciando as modernas tecnologias…” [46].
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
30
Depois, no ano de 2012, iniciou-se uma vaga importante de disseminação, começando no 1º
Workshop Nacional BIM, com o tema “BIM em Portugal: O estado da arte e o futuro”, promovido
pelo GT BIM, realizado no Auditório do Centro de Congressos do LNEC em Lisboa. Em 2013 foi
lançada a 1ª Conferência Internacional sobre o tema “A Metodologia Building Information
Modelling (BIM) – Uma Mudança de Paradigma” no Porto, tendo tido continuidade no ano de
2014 em Lisboa com a 2ª Conferencia Internacional sobre o tema “Metodologia Building
Information Modeling (BIM) – Desafios para a Superação”. Desde então, a disseminação tem
continuado, de diversas formas e protagonizada por diversas entidades.
Modelo de Implementação e Maturidade
31
3 Modelo de Implementação e Maturidade
Neste Capítulo será analisada e determinada uma primeira aproximação do que poderá vir a ser
um modelo de maturidade BIM utilizado pelas entidades interessadas na adoção desta
tecnologia. Tem por base o conjunto do levantamento do estado da arte e a visão do autor,
entendida como reflexão crítica do estudo efetuado e uma orientação para a obtenção de
resultados.
3.1 Visão
A ideia de implementar o conceito BIM no setor da construção a nível nacional depende de
variados fatores, inclusive da vontade e determinação dos agentes envolvidos direta e
indiretamente na indústria da AEC.
A análise do estado atual da indústria e o seu enquadramento económico, assim como o estudo
e aprendizagem baseados em casos de implementação BIM de sucesso em Portugal são alguns
dos pontos base para o desenvolvimento de um modelo de maturidade BIM adequado, mas não
prescinde da definição daquilo a que se pode chamar de visão/missão a transmitir, e que sirva
de referência para quem venha a utilizar esse mesmo modelo.
Deste modo, o principal objetivo é o de desenvolver o sector da construção de uma forma
integrada e tecnologicamente avançada, desenvolvimento esse liderado por empresas com
pensamento progressivo, constituídas por elementos cada vez mais especializados e
competentes. É com o cumprimento destas diretrizes que se irá atingir níveis de produtividade
exponenciados, formas de trabalhar otimizadas, padrões de sustentabilidade elevados e
sucessivamente aumentados, e um patamar de competitividade que coloca o sector da
construção a par dos mais vanguardistas do âmbito internacional.
Todo e qualquer objetivo estabelecido apresenta desafios no percurso do seu alcance, sendo
que a implementação do BIM não é exceção, apresentando mesmo um nível de complexidade
dificilmente comparável com qualquer outro desenvolvimento que tenha ocorrido na indústria da
construção, ou noutra equiparável.
Assim, e a par de uma normalização precisa e rigorosa, terá todo o sentido o desenvolvimento
de um modelo que permita a avaliação de maturidade BIM, tanto a nível do sector como a nível
organizacional, providenciando ajuda na definição de prioridades no processo de implementação
e progressão do conceito BIM adotado.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
32
3.2 Metodologia Geral
A definição de uma metodologia de trabalho surge, no âmbito da situação atual da indústria em
Portugal, como um primeiro passo fundamental para uma adoção BIM bem-sucedida. Isto porque
a falta de normalização respeitante à implementação do BIM faz com que a definição de níveis
de maturidade, tal como se apresenta no capítulo anterior (caso do Reino Unido), se revele vaga,
pouco precisa e dificilmente adaptável à realidade da indústria.
Em primeiro lugar foi definida uma metodologia de trabalho que corresponde a uma primeira
abordagem à implementação BIM contida no capítulo do Estado da Arte, a qual resultará numa
primeira listagem das necessidades da indústria para a implementação do BIM.
De seguida foi realizado uma discussão em Focus Group com o objetivo de corrigir/completar a
listagem de necessidades efetuada assim como a identificação de falhas presentes na indústria,
falhas essas que os intervenientes do Focus Group consideraram prioritárias para resolução de
maneira a que seja possível uma correta adoção BIM.
Complementarmente, procedeu-se a uma avaliação realizada pelos membros do Focus Group
com o objetivo da recolha de dados sobre essa mesma listagem.
Finalmente, foi realizada uma análise dos dados recolhidos por forma a apresentar um modelo
de maturidade plausível, no qual serão definidas ETAPAS de maturidade contendo as
necessidades definidas nos passos anteriores.
Com o intuito de esquematizar um processo contínuo de trabalho a ser realizado pela CT 197,
nomeadamente os membros da Subcomissão 1 (SC1), apresenta-se de seguida o diagrama com
a metodologia de trabalho a adotar:
Figura 17. Metodologia de trabalho a adotar pela CT 197 SC1
Modelo de Implementação e Maturidade
33
A primeira fase da metodologia de trabalho, denominada de Estado de Arte, na figura 17,
corresponde à análise, não só do estado atual da indústria nacional, como também do
desenvolvimento BIM a nível internacional ocorrido nos últimos anos.
Com o estudo exaustivo destes dois parâmetros, fulcrais na caracterização do ambiente de
trabalho, definiu-se aquilo que se pode denominar de Visão, e que surge como o parâmetro de
transição para a fase seguinte.
Deste modo ficam assim assentes as bases para a elaboração de uma primeira aproximação na
definição de necessidades, correspondente ao documento de arranque para o trabalho que se
segue.
3.3 Intervenientes no processo de trabalho
Por forma a procurar resultados sólidos e sustentados pela realidade atual da indústria para
elaborar a presente dissertação, a segunda fase da metodologia de trabalho foi desenvolvida a
par de uma discussão em modelo Focus Group.
Procurou-se que os intervenientes no Focus Group fossem indivíduos representantes de
diversas áreas da indústria, participantes diretos e/ou indiretos num empreendimento, como
projetistas, construtores, fornecedores de produtos de construção, fornecedores de software,
técnicos especializados de manutenção, gestores, investigadores, entre outros.
Todos os participantes no Focus Group são membros integrantes da Comissão Técnica CT 197
– Building Information Modelling (BIM) – SC1 – Plano de Ação e Maturidade, que surge com o
intuito de desenvolver “normalização no âmbito dos sistemas de classificação, modelação da
informação e processos ao longo do ciclo de vida dos empreendimentos de construção” [42].
De entre os membros da CT197, nomeadamente da SC1, participaram no processo de trabalho
os seguintes agentes:
Figura 18. Agentes da Indústria AEC que participaram no processo de trabalho
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
34
3.4 Definição de Necessidades
3.4.1 Considerações Prévias para a definição de Necessidades
A definição de Necessidades constitui a segunda fase da metodologia de trabalho e considera-
se como o núcleo base para o desenvolvimento de um modelo de maturidade proposto. A
primeira aproximação na definição de necessidades foi desenvolvida de acordo com o estudo
realizado no capitulo 2 do presente documento. Tentou-se abordar todos os ângulos e
perspetivas possíveis e para tal, utilizou-se como documento de suporte o Capability Maturity
Model Verson 2.0. [41].
O referido documento é formado por uma matriz denominada Capability Maturity Model (CMM)
e é parte constituinte do US National BIM Standard, desenvolvido e direcionado para potenciais
utilizadores BIM, para que estes consigam avaliar as suas práticas, a par de um desejado
espectro de funcionalidades técnicas. A ideia subjacente a este documento é a utilização da
matriz como uma ferramenta que permita identificar a localização atual da organização/entidade
em relação ao BIM, assim como planear os passos seguintes, objetivos e aspirações.
Deste modo, as categorias abordadas pela CMM refletem de certa forma as necessidades a que
uma correta implementação do BIM está sujeita. O detalhe e desenvolvimento de cada área de
necessidades, a que se referem nesta dissertação como Categorias, foi adaptado consoante a
opinião e aconselhamento obtido no Focus Group.
É ainda de referir que a adaptação das diferentes categorias abordadas pela CMM e que
conduziram à primeira aproximação na definição de necessidades e consequente listagem de
categorias não foi feita de uma forma direta. Essencialmente ouve um esforço para simplificar as
definições presentes na CMM, por forma a uma utilização mais intuitiva e direta da listagem.
Figura 19. Anos de Experiência adquiridos em BIM pelos intervenientes no processo de trabalho
Modelo de Implementação e Maturidade
35
Como se pode constatar, não só no capítulo seguinte como também no Anexo 1, embora o
número de categorias seja igual (onze categorias), tanto o nome destas, como a definição e
quantidade de níveis por categoria diferem. É evidente que categorias como Informação –
Riqueza dos Dados; Abrangência do Ciclo de Vida; Funções ou Disciplinas; Acessibilidade e
Partilha; e Dimensões, são adaptações fiéis das categorias descritas na CMM e denominadas
de Data Richness; Life-cycle Views; Roles or Disciplines; Delivery Method; e Graphical
Information, respetivamente. No entanto concluiu-se ser necessário uma alteração profunda em
categorias como Sincronização e Formato de Informação, que provêm de certa forma das
categorias Timeliness/ Response e Interoperability/ IFC support, respetivamente, ou mesmo uma
fusão entre as categorias Business Process e Change Management, que originaram a categoria
Modelo de Gestão. Foram ainda adicionadas categorias como Informação Externa, Infraestrutura
e Formação, e excluídas as restantes presentes na CMM.
3.4.2 Categorias
As seguintes Categorias correspondem às diferentes valências nas quais a implementação BIM
se sustenta e que deverão ser tidas em conta no processo de desenvolvimento organizacional
para uma correta adoção BIM. Na segunda fase de trabalhos cada categoria será analisada
individualmente, sendo que a provável correlação entre elas constitui a quarta fase de trabalhos
no seguimento da metodologia definida.
Segue-se a listagem que corresponde às diferentes categorias identificadas, uma breve definição
dessas mesmas categorias e ainda a descrição dos cinco níveis de maturidade associados a
cada categoria. Estes últimos correspondem a cinco níveis crescentes de maturidade no
processo de adoção de cada categoria (1-Inicial; 2-Definido; 3-Gerido; 4-Integrado; 5-Otimizado),
sendo que a forma como foram tratados, com a respetiva terminologia e hierarquização,
apresenta-se na figura 20.
Figura 20. Esquematização da terminologia e hierarquia das categorias e níveis
correspondentes
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
36
A – Informação – Riqueza dos Dados
DO DADO AO METADADO QUE GERA INFORMAÇÃO:
Identifica a integralidade do Modelo de Informação do empreendimento de construção.
Desde o ponto inicial, em que existem muito poucos dados não relacionados, até ao ponto
em que se transformam em informação valiosa e, em última análise, em conhecimento
corporativo sobre uma instalação.
A1. Estabelecida a utilização BIM, no entanto no modelo apenas existem dados de
conteúdo básico.
A2. No modelo, os dados correspondem a informação concreta que pode ser extraída do
modelo.
A3. Os dados armazenados são aceites como fonte primária confiável de Informação que
começa a surgir em pacotes com interação entre esses dados (metadados).
A4. A Informação tem metadados e é considerada como a fonte confiável do modelo,
permitindo a realização de análises ao modelo.
A5. Modelo baseado num ambiente robusto de dados com informação rica e confiável
interligada, permitindo a completa gestão do conhecimento.
B – Abrangência do Ciclo de Vida
PROGRAMA, PROJETO, CONCURSO DE EMPREITADA, CONSTRUÇÃO, EXPLORAÇÃO, MANUTENÇÃO E
REUTILIZAÇÃO:
A abrangência refere-se às fases do projeto e a identificação de quantas fases estão a ser
abordadas em BIM. Começa com o uso de veículos individuais de informação, que se
passam a vincular uns aos outros, gradualmente, aproveitando a informação recolhida por
fontes confiáveis. Esta categoria tem implicações com valor acrescido com base na
eliminação de recolha de dados duplicados.
B1. Utilização de informação dispersa. Nenhuma fase do ciclo de vida é
competentemente informada ou completa ou apenas se consegue começar a dominar
uma única fase do processo, tipicamente, a primeira (podendo ser qualquer outra,
como a da construção).
Modelo de Implementação e Maturidade
37
B2. Já existe informação que é útil em pelo menos três fases do ciclo de vida trabalhadas
em BIM. No entanto há uma total ou quase inexistência de fluxo de informação entre
essas fases do ciclo de vida.
B3. É adicionada mais uma fase do ciclo de vida. Verifica-se a existência de algum fluxo
de informação, desde a fase de projeto até à da construção.
B4. A informação coligida nas fases preliminares do processo flui até às fases da
construção e da Manutenção, suportando a criação de um modelo de custo. Os
custos estão ligados à informação relativa a todas as fases. O cálculo de custos do
Ciclo de Vida pode ser realizado.
B5. Todas as fases do ciclo de vida do empreendimento estão suportadas por informação
contida no modelo, existindo troca de informação fluida entre as diferentes fases.
Existe informação externa ligada ao modelo que permite a realização de análises em
todo o ecossistema da instalação, ao longo da sua vida.
C – Funções ou Disciplinas
ESPECIALIDADES E ATIVIDADES:
As funções referem-se aos agentes envolvidos no processo de negócio e como a
informação flui. Esta característica é fundamental para reduzir o custo de recolha de dados.
As várias disciplinas poderão ser envolvidas em mais de um ponto de vista, atuando cada
uma tanto como um fornecedor como um consumidor de informação.
C1. A função corresponde a uma tarefa específica e nenhuma ou apenas uma função é
suportada em BIM.
C2. As funções correspondem a pelo menos duas tarefas específicas que são totalmente
suportadas em BIM, não necessitando de meios alternativos para realizar seus
trabalhos.
C3. As funções de planeamento, projeto e construção são totalmente suportadas em BIM,
não necessitando de meios alternativos para realizar seus trabalhos.
C4. As funções internas ao empreendimento, desde o planeamento, até à manutenção
são totalmente suportadas em BIM, não necessitando de meios alternativos para
realizar seus trabalhos.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
38
C5. Todos os trabalhos relacionados com instalações internas e externas ao
empreendimento dependem exclusivamente do BIM para realizar seus trabalhos.
D – Modelo de Gestão
A INTEGRAÇÃO DA INFORMAÇÃO E O PROCESSO DE NEGÓCIO:
Define como são realizados os processos de negócios, valorizando que a recolha e a
manutenção dos dados seja efetuada em tempo real, para que quaisquer mudanças físicas
sejam refletidas na parte correspondente do processo de negócio. Se os dados são reunidos
como um processo separado, consequentemente, será mais difícil garantir fiabilidade
quanto à sua precisão. Se os dados e as informações são obtidos como parte do processo
de negócio, então a recolha de dados é uma exigência e uma consequência.
D1. Alguns dos processos de negócio são concebidos para recolher informação que
possibilitam recolher informação em BIM.
D2. A maioria dos processos de negócio são concebidos para recolher informação que
possibilitam recolher informação em BIM.
D3. Todos os processos de negócios são concebidos para recolher informações como
são realizadas, mas poucos são capazes de manter os dados em BIM.
D4. Todos os processos de negócios são concebidos para recolher informações como
elas são realizadas e todos são capazes de manter os dados em BIM.
D5. Todos os processos de negócios foram concebidos para recolher e manter os dados
atualizados em tempo real em BIM.
E – Sincronização
ATUALIDADE/RESPOSTA:
Refere-se à capacidade de manter a informação atualizada, contrariando a existência de
informação estática no desenvolvimento do processo. A sincronização da informação ao
longo do processo garante que não existe perca de dados e promove respetiva manutenção
da fiabilidade. A níveis mais elevados de exigência, obriga a ágil comunicação entre
diversos intervenientes, que possuem informações complementares.
Modelo de Implementação e Maturidade
39
E1. Informação apresenta-se estática ao longo do ciclo de vida do empreendimento e tem
de ser atualizada manualmente sempre que necessário.
E2. Informação contínua estática, no entanto, começam a surgir modelos de organização
de informação que ajudam a uma atualização manual mais rápida e precisa da
informação.
E3. Introdução de sistemas automáticos (e/ou Push) de sincronização em algumas
partes/setores do empreendimento para a informação, introduzida e atualizada no
modelo, mas com necessidade de verificação manual.
E4. Praticamente toda a informação introduzida e atualizada no modelo é sincronizada e
atualizada através de sistemas automáticos. Pode ser ainda necessário uma
verificação manual. Alguma da informação pode ainda ser sincronizados por Push.
E5. Toda a informação que é introduzida e atualizada no modelo é sincronizada
automaticamente sem qualquer intervenção humana. Os processos de atualização
da informação são perfeitamente credíveis e não carecem de verificação manual.
F – Acessibilidade e Partilha
DISPONIBILIZAÇÃO DOS DADOS:
A disponibilização dos dados é fundamental para o sucesso de um processo. Se os dados
só estão disponíveis numa máquina, a partilha só pode ocorrer de forma isolada por e-mail
ou cópia impressa. Num ambiente de rede estruturada, se a informação é centralmente
armazenada ou acessível promove-se o compartilhamento. Se o modelo é do tipo de
Arquitetura Orientada a Serviços (SOA - Service Oriented Architecture) num ambiente web,
isso permite a disponibilização da informação num ambiente controlado para todos os
agentes autorizados. A segurança da informação deve ser projetada em todas as fases.
F1. O BIM só é acessível a partir de uma única estação de trabalho e não tem nenhuma
garantia de informações built-in. Partilha de informação realizada manualmente, e
efetuada através de meios físicos.
F2. O BIM não está em rede mas há controlo sobre quem acessa o BIM. A Informação é
inserida manualmente através de acesso controlado por meio de password.
F3. O BIM está alocado a uma rede local em ambiente pequeno (escritório), na qual é
controlada a entrada de dados e recuperação. A Informação é inserida total ou
parcialmente através de sistemas automáticos de atualização/sincronização.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
40
F4. O BIM está num ambiente em rede, que é considerado seguro, apesar de não estar
suportado por uma rede estruturada e orientada a serviços (cloud). A Informação em
rede está disponível em qualquer local e a qualquer interveniente.
F5. O BIM está em um ambiente de rede centralizado, do tipo Web Centric, e é
disponibilizado como um serviço cloud, que permite entrar e aceder à informação. O
acesso é controlado automaticamente e a informação inseria através de sistemas de
upload automáticos do modelo de informação.
G – Dimensões
INTEGRAÇÃO E CAPACIDADE DE ANÁLISE:
A construção do modelo de informação vai determinar a dimensão do modelo BIM, em
função da capacidade de extração dos diversos tipos de informação pertinente e crucial
para a ampla compreensão do empreendimento, em qualquer fase do seu ciclo de vida.
Considera-se a dimensão mais baixa do Modelo BIM aquela que contém informação
geométrica e a mais elevada a que corresponde à fase As Built, e que permite as operações
de manutenção.
G1. Não existe Modelo de Informação, apenas representações 2D e visualização 3D do
projeto em CAD e informação em formato de texto não associada.
G2. Dados centralizados num modelo de informação BIM, permitindo análises
geométricas e dos parâmetros associados, (2D/3D + informação associada) como por
exemplo, mapas de vãos ou de acabamentos.
G3. Modelo de informação BIM executado de forma direcionada para permitir apenas
algumas análises específicas, isoladamente, consoante as fases do processo que
servem.
G4. Modelo de informação BIM permite análises sequenciais interligadas como:
estimativa de tempo (dimensão 4D), de custos (5D) e de sustentabilidade (6D), em
fase de projeto e de lançamento de obra; com base no modelo de informação BIM.
G5. Modelo de informação BIM permite uma análise total do empreendimento, desde a
geométrica (3D) à da Gestão de manutenção (7D), com base no modelo de
informação BIM.
Modelo de Implementação e Maturidade
41
H – Informação Externa
FRONTEIRAS E ABRANGÊNCIA DO MODELO:
No desenvolvimento do processo é fundamental a constante atualização do modelo de
informação BIM em função da informação externa disponível. Esta capacidade de
atualização promove o modelo BIM como principal repositório e centro de comunicação do
empreendimento. O grau de fiabilidade da informação obtida em tempo real é determinante
para a qualidade e brevidade das tomadas de decisão.
H1. Completa desconexão de informação exterior ao empreendimento. A associação de
informação ao modelo é feita manualmente.
H2. Identificação de intervenientes exteriores e localização da informação. A associação
de informação ao modelo ainda é feita manualmente.
H3. Toda a Informação externa armazenada, organizada e acessível, mas não
incorporada automaticamente pelo modelo BIM e as extrações de muitos dados
podem ser obtidas com informações já presentes no modelo. Nesta fase a informação
não é totalmente credível e carece de verificação.
H4. As informações armazenadas no Modelo BIM estão disponíveis em tempo real e,
embora não resultantes de processos de captação e transmissão ao vivo, estão no
lugar para manter a sua precisão. Nesta fase a informação é credível e a verificação
é dispensada.
H5. A informação é continuamente atualizada e disponível a partir de captações e
transmissões ao vivo desde sensores. As respostas às perguntas são quase
imediatas e são precisas e relacionais. Completa integração de toda a informação
exterior ao empreendimento com o modelo BIM. Toda a informação encontra-se
organizada e sincronizada automaticamente com as necessidades de projeto.
I – Infraestrutura
HARDWARE, SOFTWARE E REDE:
O desenvolvimento dos processos digitais depende duma série de equipamentos
(computadores, Servidores, redes locais, etc.), ferramentas (softwares, APPS, etc.) e canais
de comunicação (redes web, wi-fi, etc.), que em conjunto se denominam de infraestrutura.
Esta infraestrutura pode ser mais ou menos complexa e exigente, dependendo dos níveis
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
42
de comunicação e colaboração a implementar. O bom funcionamento em ambiente BIM
depende em grande medida da sua conjugação e otimização.
I1. Inexistência de hardware que suporte a realização de um empreendimento em BIM,
apenas a utilização pontual numa única fase isolada do processo: projeto, construção
ou manutenção.
I2. Equipamento capaz de funcionar em BIM disponível apenas em determinados setores
da organização: em fase de projeto não abrangendo e totalidade dos projetistas; na
construção abrangendo apenas os intervenientes da mesma organização.
I3. Equipamento difundido por toda a organização, mas com função ainda limitada na
realização do empreendimento: em fase de projeto, abrangendo e totalidade dos
projetistas; em fase de construção, abrangendo e totalidade dos intervenientes na
execução.
I4. Plena utilização do equipamento na realização de projeto e execução da obra. Mas
ainda com limitações na partilha de informação.
I5. Utilização de equipamento durante todas as fases do empreendimento, com partilha
e acessibilidade garantida a todos os intervenientes.
J – Formato de Informação
DO ISOLAMENTO DA INFORMAÇÃO À SUA PLENA COMPATIBILIZAÇÃO:
A interoperabilidade ou comunicação entre ferramentas de desenvolvimento BIM é
essencial para a manutenção da integridade da informação, isto é, para a não corrupção,
distorção ou perca de dados na comunicação entre softwares. Neste âmbito, poderão
considerar-se diferentes abordagens, desde a comunicação utilizando formato proprietário
até à utilização de um formato aberto (como o IFC), devidamente organizado. Ainda hoje se
constitui como um dos maiores desafios à correta implementação do BIM.
J1. Não existe qualquer interoperabilidade entre softwares. A informação tem de ser
adaptada sempre que é introduzida.
J2. Existe interoperabilidade entre alguns softwares, mas a informação tem de ser
verificada manualmente.
Modelo de Implementação e Maturidade
43
J3. Existe interoperabilidade entre vários softwares utilizados, e a verificação da
informação pode ser efetuada com recurso a softwares externos aos de produção do
modelo.
J4. Uso pleno de formato de interoperabilidade dentro da organização. O fluxo de
informação com o exterior pode ainda não ocorrer num ambiente compatível.
J5. Interoperabilidade garantida em toda a indústria através de normas e especificações
legais.
K – Formação
INTEGRAÇÃO DO CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO:
Refere-se à cultura da organização para a formação em BIM, desde uma formação
especializada de cariz profissionalizante até à formação académica de graus médio e
superior. Evolui entre uma abordagem elementar e individual e uma visão integrada da
organização e sua rede de trabalho. Visa dotar o processo BIM de todos os meios humanos
capazes de projetar, manipular e gerir informação no modelo e alterar qualquer modelo já
executado.
K1. Inexistência de pessoal com formação BIM. Apenas a intenção de entusiastas.
K2. Presença de um ou dois membros da organização com formação BIM, que distribuem
conhecimento. Consoante a presença no processo do ciclo de vida do
empreendimento, pode dotar essa organização da capacidade de consulta de
modelos e informação BIM.
K3. Equipas, ou departamentos, ou categoria profissionais de alguns setores da
organização com formação em BIM adequada às funções que desempenham. Pode
dotar a organização de alguma capacidade, ainda que limitada, de desenvolvimento
ou manuseamento de modelos de informação BIM.
K4. Alguns setores da organização são constituídos na íntegra por membros com
formação em BIM diferenciada e adequada às funções que desempenham. Existência
de iniciativas de formação dos outros intervenientes da organização para atingirem
uma capacidade idêntica de ação.
K5. Todo a rede de trabalho em torno de uma organização (projectista, construtor, dono
de obra, fiscalização, manutenção, etc), possui formação adequada à implementação
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
44
de um processo colaborativo desenvolvido em BIM, garantindo os vários níveis de
operação no modelo de informação.
3.5 Matriz Impacto vs. Esforço
Com o objetivo de permitir uma análise mais táctil e gráfica, a terceira fase de trabalhos consiste
na criação de uma matriz que relaciona o impacto da adoção de determinado nível das categorias
listadas com o esforço envolvido nessa mesma adoção por parte da entidade/organização.
Deste modo, foi realizada uma avaliação dirigida a todos os membros da Subcomissão 1 (SC1)
da Comissão Técnica CT197 com o intuito de gerar uma amostra de dados credível e
representativa da indústria no âmbito nacional.
A avaliação realizada teve como objetivo a determinação simultânea do impacto e do esforço
que representa o alcance de um determinado nível (1,2,3,4 e 5) proveniente do nível
imediatamente anterior (nenhum, 1,2,3 e 4) para cada uma e todas as categorias (A, B, C, …, J
e K) que, em conjunto, caracterizam a adoção do BIM para a totalidade dos processos que
constituem o ciclo de vida de um empreendimento.
Pretendeu-se que o valor do impacto e do esforço fosse classificado numa escala de 1 a 10, no
qual 1 representa o menor esforço ou impacto e 10 o maior esforço ou impacto que serão
envolvidos no alcance e funcionamento pleno dos respetivos níveis de maturidade para uma
utilização BIM.
É ainda importante referir que, independentemente da experiência que cada membro da
CT197 SC 1 tenha acumulado em BIM até à data, todas as questões foram colocadas com o
intuito de serem respondidas de acordo com o que cada membro achasse plausível, quer para o
impacto que a implementação desse nível acarreta, quer para o esforço que está associado a
essa ação. No fundo, as questões relativas a determinados níveis de maturidade não ficaram
circunscritas àqueles que já os adotaram, mas sim disponíveis a todos, resultando em respostas
não só baseadas na experiência, mas também em perspetivas e expectativas.
Modelo de Implementação e Maturidade
45
Das respostas obtidas foi possível, para cada categoria, a criação de matrizes Impacto vs.
Esforço.
3.5.1 Considerações Prévias para a utilização da Matriz
Previamente à introdução dos resultados na matriz, é da maior importância expor algumas
considerações e previsões em relação ao comportamento esperado desta análise:
Consoante a classificação atribuída a cada nível de cada categoria em função do que se
determina para nível de impacto e nível de esforço, é possível localizar a amostra na
matriz presente na figura 21;
A área dentro da matriz que corresponderá à situação ideal será a representada a verde,
pois reconhece um baixo esforço associado na aquisição de determinado nível para um
impacto máximo na atividade da organização. Esta zona pode ser referida como ideal
ou hipotética;
A área dentro da matriz que corresponderá à pior situação possível, em que a aquisição
de determinado nível não se apresenta como uma mais-valia, uma vez que implica um
Figura 21. Matriz Impacto vs. Esforço
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
46
esforço elevado na sua aquisição, para um impacto reduzido na atividade da
organização, é a representada a vermelho e identificada como zona péssima;
Tendo em conta a provável linearidade na relação entre as variáveis da matriz, ou seja,
uma medida com elevado impacto requererá um elevado esforço associado e uma
medida com baixo impacto requererá um esforço reduzido, pode-se prever que a maior
representatividade da amostra se irá encontrar na diagonal representada com a cor bege
e identificada como zona comum;
Uma vez que apenas serão relevantes, na adoção do BIM, as medidas que apresentem
um nível de impacto considerável e tendo ainda em conta o estado de desenvolvimento
BIM na indústria, poder-se-á considerar como zona aceitável toda a área correspondente
Figura 22. Identificação das diferentes zonas previstas da amostra na matriz Impacto vs. Esforço
Figura 23. Identificação da zona prioritária das amostras na matriz Impacto vs. Esforço
Modelo de Implementação e Maturidade
47
ao nível de impacto médio e alto, que se denomina de prioritária, realçando-se a zona
de esforço médio e baixo, que se denomina de prioritária destacada;
Finalmente, e apenas com o intuito de compatibilizar a escala de 1 a 10 utilizada na
avaliação realizada com a matriz apresentada, que permitiu um tratamento de dados
mais apurado, procedeu-se à subdivisão da área da matriz.
3.5.2 Processamento de Dados – Matriz Relevância
No seguimento da metodologia definida, e após uma recolha de informação (atribuição de valores
para impacto e esforço) o mais representativa possível, todos os dados3 foram introduzidos na
matriz Impacto vs. Esforço.
3 Valores exemplificativos, ou seja, não correspondentes aos valores recolhidos pelas respostas durante a avaliação
realizada, são utilizados e referidos sempre que é necessário recorrer a exemplos concretos para a melhor compreensão dos métodos e raciocínios utilizados tanto na elaboração das matrizes, como na análise desses mesmos resultados.
Figura 24. Sobreposição da escala numérica na matriz Impacto vs. Esforço
Figura 25. Amostra de resultados da categoria A inseridos na
matriz Impacto vs. Esforço (valores exemplificativos)3
0
2
4
6
8
10
0246810
Imp
acto
Esforço
Categoria A
A1
A2
A3
A4
A5
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
48
Com o objetivo de uma maior facilidade na interpretação do significado da matriz representada,
foram também sobrepostos os dados recolhidos com as zonas prioritárias atrás definidas.
Como se pode observar, através do zonamento de regiões prioritárias na matriz Impacto vs.
Esforço é possível retirar conclusões acerca da relevância de determinados níveis de cada
categoria.
Assim, a figura 26 mostra informação relativa a todos os níveis correspondentes à categoria A,
e desta informação pode-se rapidamente concluir que apenas o nível A1 obtém valores na zona
não prioritária, o que significa que estes mesmos níveis tenderão a ter menor relevância quando
comparado com os restantes.
Também é de salientar que os níveis A4 e A5 obtêm valores apenas na zona denominada de
prioritária, o que se conclui que também estes terão menor relevância quando comparados com
o nível A3, o qual obtêm todos os pontos no interior da zona prioritária destacada.
Pelo facto de a avaliação ser feita por especialistas que representam entidades bastante
diferentes, com experiência em BIM variada e uma tendência a atribuir maior relevância aos
níveis que mais se identificam com a função que realizam no desenvolvimento do
empreendimento, pode-se verificar variações consideráveis na localização de diferentes
respostas em relação ao mesmo nível de determinada categoria. Embora não tenham sido
frequentes, é exemplo disso a localização das respostas relativas ao nível A1, que apresentam
a maioria dos resultados na zona não prioritária, mas também apresentam resultados na zona
prioritária e prioritária destacada.
0
2
4
6
8
10
0246810
Imp
acto
Esforço
Categoria A
A1
A2
A3
A4
A5
Figura 26. Amostra de resultados da categoria A
inseridos na matriz Impacto vs. Esforço com zonas
prioritárias identificadas (valores exemplificativos)3
Modelo de Implementação e Maturidade
49
Perante tal dificuldade, foi necessário desenvolver um método que produzisse uma interpretação
mais objetiva, e que daí se pudesse determinar a relevância efetiva de cada nível correspondente
a cada categoria.
Foi então definida uma nova matriz, denominada matriz de relevância, assente na definição da
matriz Impacto vs. Esforço, mas que associe uma classificação numérica dependendo da zona
onde o valor médio das respostas a determinado nível se encontre.
A utilização direta da média das respostas para cada nível nesta nova matriz justifica-se não só
pela simplificação na atribuição da classificação numérica aos diferentes níveis, mas também
pela uniformidade que se verificou nas respostas ao longo de todas as categorias, sendo que
apenas em níveis particulares se identificou variações nas respostas como as já referidas.
Em relação ao sistema de classificação adotado, é importante referir que, como se pode observar
na matriz de relevância, a pontuação atribuída funciona de forma inversa. Isto significa que para
uma zona de maior relevância corresponde uma menor classificação e para uma zona de menor
relevância corresponde uma maior classificação. A adoção deste método justifica-se pelo facto
de posteriormente se construir, com base nesta mesma classificação, uma representação das
relevâncias de todos os níveis, a par de todas as categorias, facilitando assim a interpretação de
resultados e a definição de ETAPAS de maturidade associadas à própria relevância desses
mesmos níveis.
Em relação à numeração propriamente dita, optou-se por atribuir uma classificação descendente
à medida que se percorre as diferentes zonas prioritárias. Assim a zona não prioritária apresenta
uma classificação de 9 a 7, decrescendo no sentido de um menor esforço associado, a zona
prioritária apresenta classificações de 6 e 5, decrescendo no sentido de um maior impacto
associado, e a zona prioritária destacada apresenta uma classificação de 4 a 1, decrescendo no
Figura 27. Representação da matriz de
relevância.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
50
sentido de um maior para menor nível de esforço e simultaneamente no sentido de um menor
para maior nível de impacto.
As fronteiras4 que definem as diferentes zonas de classificação foram determinadas de forma a
serem o mais coerentes possível com as já definidas zonas prioritárias. Por este motivo os
valores de fronteira são diferentes na escala de impacto e na escala de esforço.
3.5.3 Obtenção de Resultados – Escala de Maturidade
Com a atribuição de uma classificação aos valores médios de cada nível das diferentes
categorias (matriz de relevância), e considerando a premissa de que nenhum nível subsequente
poderá ser adotado/implementado sem que o nível precedente o tenha sido, foi então elaborado
um gráfico coluna que representa o valor acumulado de pontos provenientes da classificação
atribuída, cumprindo a hierarquia de níveis dentro de cada categoria.
4 A todos os pontos que se localizem nas fronteiras que separam as diferentes classificações, foi atribuída sempre a menor classificação adjacente, ou seja, foi considerada sempre a maior relevância possível.
Figura 28. Valor médio dos diferentes níveis da
categoria A inseridos na matriz de relevância
(valores exemplificativos)3
0
2
4
6
8
10
0246810
Imp
acto
Esforço
Categoria A
A1
A2
A3
A4
A5
Modelo de Implementação e Maturidade
51
A este acumulado de pontos denominou-se escala de maturidade e apresenta-se representado
na figura 29.
Para que se realize uma correta interpretação dos dados recolhidos aquando apresentados na
referida escala de maturidade é necessário a compreensão dos seguintes pontos:
Quanto mais elevada for a posição da entidade/organização na escala de maturidade,
isto é, quanto mais níveis tiver implementado dentro de determinada categoria, maior o
seu nível de maturidade;
O processo de adoção/implementação BIM poderá decorrer de forma diferente e com
ritmos diferentes ao longo das diversas categorias, no entanto para cada uma delas,
deverá sempre cumprir a hierarquia dos níveis. Isto significa que, para a adoção de
determinada categoria, dever-se-á começar sempre pelo nível 1, acabando na plena
implementação do nível 5;
Quanto menor5 for o acréscimo de pontos na escala de maturidade que determinado
nível proporciona, maior será a sua relevância em termos globais e considerando a
categoria como um todo.
5 Um menor nível apresenta uma maior relevância pois na matriz de relevância a pontuação atribuída a cada entrada é feita numa ordem inversa. Esse facto justifica-se pela possibilidade de, visualmente, se englobar o maior número de níveis relevantes possível dentro de uma etapa, ou seja, abaixo dos níveis de charneira.
Figura 29. Escala de maturidade para os diferentes
níveis da categoria A (valores exemplificativos)3
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
52
3.6 Modelo de Maturidade
O conceito de ETAPA de maturidade surge como necessidade na criação de metas objetivas no
processo de implementação da metodologia BIM. Um pouco à semelhança do que está
estipulado na PAS1192-2 - Specification for information management using BIM [22], em que são
definidos níveis de maturidade alcançáveis pelas entidades que pretendam adotar a metodologia
BIM, o alcance de determinada ETAPA proporciona uma identificação rigorosa da “localização” da
entidade/organização no que respeita à maturidade BIM e processo de implementação.
A interligação e a relação necessária entre as diferentes categorias implica que o alcance de
determinada ETAPA de maturidade está dependente da implementação de todos os níveis
correspondentes (i.e. todos os níveis 1 implementados implicam alcance da primeira ETAPA de
maturidade), obrigando a implementação de todos os menores5 níveis contidos nessa ETAPA. Os
níveis que determinam a transição de ETAPAS de maturidade, sejam um ou mais, designam-se
de níveis de charneira.
3.6.1 Definição de ETAPAS
Como demostrado na figura 30, e considerando apenas a relação entre as categorias A e B e
com valores exeplilificativos3 para exemplificar o raciocínio utilizado para a determinação das
ETAPAS de maturidade, a primeira ETAPA de maturidade (ETAPA 1) é definida pela classificação
atribuída ao nível 1 da categoria B. Desta forma a ETAPA 1 engloba a implementação de todos
os níveis 1 de todas as categorias (A e B).
Os restantes patamares cumprem o raciocínio de que é nível de charneira aquele que se
encontrar mais acima da ETAPA anterior, englobando todos os níveis correspondentes à ETAPA
que se está a definir.
Como se pode concluir, apenas existirão 5 ETAPAS possíveis, contento cada uma
obrigatoriamente, todos os níveis correspondentes e inferiores. Assim, uma ETAPA pode também
englobar níveis superiores de outras categorias que não contenham os níveis de charneira.
Por forma a exemplificar o raciocínio desenvolvido, na figura 30 pode-se observar que a ETAPA 1
é definida pelo nível B1, englobando todos os níveis 1 existentes.
A ETAPA 2 é definida pelo nível B2, englobando os níveis 1 e 2 da categoria B e os níveis 1, 2 e
3 da categoria A.
Modelo de Implementação e Maturidade
53
A ETAPA 3 tem como nível de charneira o nível B3, englobando não só todos os níveis
correspondentes e inferiores de ambas as categorias, como também o nível 4 da categoria A.
A ETAPA 4 apenas acresce em relação à ETAPA anterior o nível B4, que é o de charneira para esta
nova ETAPA.
Finalmente, a ETAPA 5 é definida pelo último nível da categoria A, completando a implementação
de todos os níveis tanto da categoria A como da categoria B
O raciocínio exemplificado na figura 30 foi o mesmo utilizado na definição de ETAPAS tendo em
conta as onze categorias definidas, sendo sempre cumpridas as condições estabelecidas para
os níveis de charneira, e ainda a condição de que a ultima ETAPA englobe todos os níveis de
todas as categorias, representando assim a plena implementação do BIM.
Figura 30. Determinação de Etapas de Maturidade através da escala de maturidade das
categorias A e B (valores exemplificativos)3
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
54
3.6.2 Interpretação de ETAPAS
Em termos da utilização das ETAPAS definidas nas escalas de maturidade por parte de uma
entidade/organização, é importante referir que o andamento vertical do gráfico em nada
representa ou se assemelha à variável tempo.
Recorrendo novamente à figura 30 para exemplificar o método correto de utilização e
interpretação do conceito de ETAPA na escala de maturidade, seguem-se os seguintes pontos
que esclarecem essa mesma utilização:
A entidade que pretenda alcançar a ETAPA 1 deverá garantir a plena funcionalidade do
nível A1 e B1, podendo ou não ter iniciado a implementação do nível A2;
Se a entidade não implementar completamente ambos os níveis A1 e B1, não terá
atingido a ETAPA 1, independentemente dos restantes níveis implementados. Por
exemplo, se a categoria B estiver completamente adotada (até ao nível B5) mas não
tiver implementado o nível A1, não atinge a ETAPA 1;
Para que a entidade atinja a ETAPA 2, terá obrigatoriamente de ter implementado os
níveis A1, A2, A3, B1 e o nível B2, podendo ou não ter iniciado o processo de
implementação do nível A4.
No fundo, para que determinada ETAPA de maturidade seja alcançada, é necessária a
implementação por completo de todos os níveis que se encontrem abaixo da linha que delimita
a ETAPA, sendo que esse alcance falha se algum destes níveis não for implementado,
independentemente dos restantes.
A adoção plena da metodologia BIM por parte da entidade/organização corresponderá ao
alcance da última ETAPA de maturidade, ETAPA 5, sendo que o processo de implementação
passará obrigatoriamente por todas as ETAPAS estabelecidas.
Modelo de Implementação e Maturidade
55
3.6.3 Produto Final - Modelo de Maturidade
Após a definição precisa e a validação das ETAPAS, apresenta-se na figura 31 a forma final do
modelo de maturidade desenvolvido, onde estão representadas todas as onze categorias,
contendo cada uma os cinco níveis de maturidade atrás definidos.
De igual modo, no modelo estão representadas as cinco ETAPAS resultantes da análise dos dados
recolhidos através da avaliação realizada.
Figura 31. Modelo de Maturidade
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
56
Interpretação e Discussão de Resultados
57
4 Interpretação e Discussão de Resultados
Com o modelo apresentado, e as ETAPAS de maturidade associadas ao modelo bem definidas e
delimitadas, é finalmente possível retirar algumas conclusões acerca dos resultados obtidos.
É importante referir que a amostra, embora tenha sido obtida com o intuito de ser o mais
representativa possível, ainda se caracteriza por ser bastante limitada, sendo que o modelo e
ETAPAS obtidas através de um espectro mais alargado de respostas poderá alterar por completo
a interpretação e ilações relativas ao resultado.
No entanto, considera-se fulcral a tentativa de interpretação da informação que o modelo
apresentado nesta dissertação fornece, mesmo que sirva apenas como guia explicativo para
posteriores interpretações de dados mais abrangentes e completos.
Assim, e recorrendo à figura 31, podemos concluir que:
A categoria que se apresenta como uma mais-valia acumulada em termos da relação
impacto/esforço no processo de implementação é a categoria D - Modelo de Gestão.
É de evidenciar que esta categoria seja a mais relevante e considerada prioritária pelo
modelo na adoção do BIM.
Este resultado demostra a potencialidade da informação retirada através da avaliação
realizada, onde os especialistas envolvidos respondem às questões sem ideias pré-
concebidas e sem o conhecimento do que outros possam achar sobre o mesmo
assunto, facto que os coloca numa posição consciente de reflexividade e seriedade, o
que enriquece o estudo.
As categorias que apresentam uma menos-valia acumulada em termos da relação
impacto/esforço são as categorias B - Abrangência do ciclo de vida e H - Informação
externa.
Embora ambas as categorias definam a última ETAPA de maturidade (ETAPA 5), que
corresponde à fase de implementação plena do BIM, estas podem ser diferenciadas
pelo facto de a categoria B apresentar os níveis B2 e B3 como prioritários em relação
aos homólogos da categoria H. Este facto traduz-se na necessidade de um maior
empenho no desenvolvimento da categoria B numa fase inicial (ETAPA 2).
A ETAPA 1 definida no modelo de maturidade caracteriza-se por uma uniformidade no
desenvolvimento do primeiro nível de todas as categorias. No entanto para o alcance
desta ETAPA, é obrigatória a implementação do segundo nível da categoria D - Modelo
de Gestão, dada a sua relevância adquirida.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
58
Uma possível interpretação para tal facto é a importância de, numa fase inicial de
implementação BIM, a organização se ver obrigada a implementar todas as vertentes
do conceito de uma forma bem distribuída e equilibrada, para garantir desde o início do
processo uma adoção consistente e bem estruturada do BIM.
É na ETAPA 2 definida no modelo de maturidade que surge uma perturbação na
uniformidade do desenvolvimento dos níveis das categorias.
Como se pode observar na figura 33, a categoria D - Modelo de Gestão, novamente
devido à sua relevância, encontra-se completamente inserida nesta ETAPA. As restantes
categorias, com a exceção da categoria que apresenta o nível de charneira da ETAPA 2
(categoria H - Informação externa), já apresentam englobados nesta ETAPA os níveis 2
e 3, sendo que algumas chegam a englobar total ou parcialmente o nível 4.
Tendo em conta que o desenvolvimento da ação relativa à passagem da primeira para
a segunda ETAPA corresponde à segunda grande fase de implementação BIM, após uma
fase introdutória, verifica-se que existe uma grande variação de níveis implementados
nas diferentes categorias para o alcance desta segunda ETAPA.
Figura 32. Modelo de Maturidade – ETAPA 1
Figura 33. Modelo de Maturidade – ETAPA 2
Interpretação e Discussão de Resultados
59
A ETAPA 3 incrementa a adoção dos níveis 4 e 5 das restantes categorias, com a exceção
de alguns níveis das duas categorias de menor relevância: nível 5 da categoria
B - Abrangência do ciclo de vida e níveis 4 e 5 da categoria H - Informação externa.
Como se pode concluir da figura 34, o alcance desta ETAPA supõe já um grande nível
de maturidade BIM, com nove das onze categorias completamente implementadas. Do
ponto de vista de funcionamento, considera-se que uma organização que atinja a
terceira ETAPA já é uma organização que funciona em BIM, e que apenas necessita que
aprimorar alguns pontos para que tenha um funcionamento pleno de acordo com o
modelo.
As restantes ETAPAS (ETAPA 4 e 5) funcionam como término no processo de
implementação BIM. A ETAPA 4 apenas acresce o nível 4 da categoria H, e a ETAPA 5
acresce o nível 5 das categorias B e H, resultando assim no modelo da figura 31.
Deste modo, pode-se concluir que as três primeiras ETAPAS são fulcrais no processo de
implementação BIM, designando-se por ETAPAS BASE, e as duas últimas, de menor
relevância, por ETAPAS FINAIS [ver Anexo 2].
Figura 34. Modelo de Maturidade – ETAPA 3
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
60
Conclusões
61
5 Conclusões
5.1 Considerações finais
O modelo de maturidade desenvolvido e apresentado funciona como ferramenta de auxílio no
processo de implementação BIM.
O trabalho desenvolvido, nomeadamente a amostra a que se recorreu para a angariação de
informação apenas serviu para a validação do modelo e estabelecimento de raciocínios válidos
para o estabelecimento das ETAPAS, formas de interpretação e análise.
A necessidade de divisão do modelo em dois tipos de ETAPAS (Base e Finais), não só funciona
como método de organização e clarificação para aqueles que recorram ao modelo como
ferramenta de auxílio, mas também como uma possível divisão de momentos de implementação
numa indústria tão imatura em BIM como a Indústria Portuguesa.
O desenvolvimento e aperfeiçoamento dos resultados apresentados nesta dissertação,
nomeadamente através do aumento do número de especialistas envolvidos, é de extrema
importância para que futuramente se possa atingir uma implementação BIM com dimensão
nacional, e equiparável à implementação a nível internacional que se têm verificado até à data.
5.2 Limitações
As limitações presentes no âmbito desta dissertação abrangem variados aspetos e fatores. Não
só limites impostos pelas próprias características da indústria da AEC, mas também todas as
limitações caracterizadoras de um Focus Group e associadas ao género de trabalho realizado.
5.2.1 Limitações na implementação BIM
O facto de o paradigma BIM representar uma mudança nos métodos tradicionais que, para
grande parte dos intervenientes na indústria, foram e são os praticados nos seus processos
diários de trabalho, faz com que na sua implementação surjam naturalmente limites e
dificuldades características da inovação. Assim, são consideradas como limitações, entre outras:
A indústria da construção em Portugal se apoiar pouco em processos automáticos e
industriais que a metodologia BIM propõe;
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
62
A fraca implementação de processos de colaboração entre os vários intervenientes na
indústria e a criação de parecerias entre empresas especializadas;
Os elevados custos para a utilização e atualização de softwares específicos BIM, muitas
vezes incomportáveis para a generalidade dos profissionais;
A falta de incentivo nacional para as empresas assumirem riscos em prole de benefícios
a médio e longo prazo;
A demorada adaptação da formação académica e profissional ao conceito BIM, e a
tendência para a tardia abordagem da temática na carreira profissional.
5.2.2 Limitações do Estudo
O resultado do trabalho realizado apresenta-se como um plausível modelo de maturidade BIM,
que poderá vir a ser utilizado como ferramenta na implementação e adoção das metodologias e
processos de trabalho associados. No entanto, não só o desenvolvimento, como também as
utilizações práticas do modelo apresentam algumas limitações que poderão ser ultrapassadas
com a realização de trabalhos futuros. Entre essas limitações, pode-se referir as seguintes:
Os resultados obtidos na avaliação realizada serviram apenas como teste ao modelo
desenvolvido. Isto significa que para uma mais correta e rigorosa definição das ETAPAS
no modelo, implicaria uma amostra de maior dimensão;
O tema abordado sob forma de lista de categorias, que embora tenha sido tratado por
forma a simplificar a sua análise o mais possível, apresenta-se ainda assim bastante
complexo. A impressão transmitida por parte daqueles que realizaram a avaliação
Impacto vs. Esforço foi a de que o seu preenchimento foi penoso e demorado;
O facto das respostas à avaliação se basearem não só na experiência da utilização BIM,
mas também nas expetativas dos especialistas em relação às categorias e níveis em
que não possuíam qualquer experiência;
A dificuldade em verificar se cada especialista representa univocamente o agente que
referiu na avaliação, assim como a intensidade da experiência que adquiriu em BIM a
par do número de anos desta;
A necessidade de explicação do significado das diferentes variáveis envolvidas e
raciocínios a adotar para a utilização do modelo como ferramenta de implementação
BIM.
Conclusões
63
5.3 Desenvolvimentos Futuros
A todos os membros da CT197 - SC1, mas também todos os restantes membros da CT197 e
todos aqueles que abordem o tema da maturidade e implementação BIM, a perspetiva de
trabalho com base na presente dissertação, e que surja como continuação e desenvolvimento
do produto da mesma, terá obrigatoriamente de abordar, entre outros, estes três aspetos:
LISTAGEM DE CATEGORIAS E RESPETIVOS NÍVEIS: A definição correta e rigorosa de cada
elemento dessa listagem é a base para o sucesso do modelo de maturidade. Visto que,
até que as ETAPAS do modelo estejam definidas de uma forma consistente e compacta,
a noção das diferentes prioridades e necessidades que originaram a listagem de
categorias poderá variar, a sua constante atualização, simplificação e modernização é
fulcral para uma descrição do ambiente da indústria o mais rigorosa possível e uma
conciliação o mais perfeita possível entre o modelo de maturidade e a realidade da
indústria;
NÚMERO DE ESPECIALISTAS ENVOLVIDOS NA AVALIAÇÃO: O correto estabelecimento das
ETAPAS de maturidade definidas no modelo está intrinsecamente relacionado com a
dimensão da amostra de resultados obtidos na avaliação realizada. Esta dependência
justifica-se pelo facto de quanto maior e mais representativa for a amostra, mais apurado
e aperfeiçoado será o estabelecimento da classificação da matriz relevância para as
diferentes categorias e respetivos níveis e, consequentemente, as ETAPAS de
maturidade. Deste modo, com o aumento do número de diferentes agentes da indústria
e especialistas envolvidos no trabalho, verifica-se também uma contribuição significativa
para a conciliação o mais perfeita possível entre o modelo de maturidade e a realidade
da indústria. Também o agrupamento de dados consoante o tipo de agente facilita a
análise e interpretação de resultados;
MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO: O desenvolvimento do modelo de maturidade poderá
também passar pela elaboração, com base na informação já recolhida, de esquemas,
gráficos e figuras de mais fácil interpretação, mais intuitivos e de aplicação mais direta
durante o processo de implementação BIM.
Por último, o desenvolvimento, implementação e maturidade do BIM deverá envolver o trabalho
árduo de todos os agentes pertencentes à indústria da AEC em vertentes tão distintas como usos
BIM, sistemas de classificação, requisitos de informação, modelação, formação, entre outros, e
todo este trabalho deverá ser parte integrante do desenvolvimento futuro do paradigma BIM em
Portugal.
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
64
Referências Bibliográficas
65
Referências Bibliográficas
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Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
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Professor Dário Rodrigues Leite. Tese de Graduação em Engenharia Civil, Faculdade de
Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista.
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Management, 138(3), 431-442. doi:10.1061/(ASCE)CO.1943-7862.0000433
[32] Bedrick, J. (2008). Organizing the Development of a Building Information Model. AECbytes,
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[33] Baptista, A. R. R. T. G. (2015). Utilização de ferramentas BIM no planeamento de
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de Engenharia, Universidade do Porto.
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Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
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Building Sciences, https://www.nationalbimstandard.org/about, acedido a 04-07-16
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[38] Venâncio, M. J. L. (2015). Avaliação da Implementação de BIM – Building Information
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Construções Civis, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto.
[39] O que é o BIMCLUB. Site do BIMCLUB, http://bimclub.pt/index.html, acedido a 08-07-16
[40] PTPC na CT 197: A indústria do lado da Normalização BIM. (2015). Site da Plataforma
Tecnológica Portuguesa da Construção, http://www.ptpc.pt/index.php/pt/400-ptpc-na-ct-197-a-
indústria-do-lado-da-normalizacao-bim, acedido a 08-07-16
[41] Capability Maturity Model Version 2.0. (2012). United States: National BIM Standard.
Download disponível em http://www.nationalbimstandard.org/nbims-us-
v2/doc/Interactive_BIM_Capability_Maturity_Model_v_2_0_NBIMS.xls
[42] CT 197 - Building Information Modelling. (2016). Site do Instituto Português da Qualidade,
http://www1.ipq.pt/PT/Normalizacao/ComissoesTecnicas/Pages/CT/CT197.aspx, acedido a 09-
08-16
[43] Scope of Servives. (2015). Site da BIM6D Consulting and Performance,
http://bim6d.es/en/scope/, acedido a 09-08-16
[44] BIM Navisworks Services. (2015). Site da Mr. As Built,
http://mrasbuilt.com/MAB_BIM_Navis.html, acedido a 13-09-16
[45] Autodesk and U.S. Department of Energy Team on Open Sourcing Major Update to
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http://inthefold.autodesk.com/in_the_fold/2013/11/autodesk-and-us-department-of-energy-team-
on-open-sourcing-major-update-to-energyplus-engine.html, acedido a 13-09-16
[46] Tavares, L. V., Grilo, A. e Gonçalves, R. J. (2006). Novo Modelo de Informação na
Construção Building Information Model. Workshop Internacional do Observatório de
Prospectiva da Engenharia e da Tecnologia.
[47] Enquadramento Normativo. Site da Comissão Técnica 197 BIM,
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Referências Bibliográficas
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Artech House
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ent_Construction_Strategy_2016-20.pdf
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
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Anexos
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Anexos
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
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Anexos
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Anexo 1 – Categorias com Matriz Impacto vs. Esfoço; Zoneamento;
Relevância e Escala de Maturidade
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
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Anexos
75
Categoria A
Informação – Riqueza dos Dados
DO DADO AO METADADO QUE GERA INFORMAÇÃO:
Identifica a integralidade do Modelo de Informação do empreendimento de construção.
Desde o ponto inicial, em que existem muito poucos dados não relacionados, até ao
ponto em que se transformam em informação valiosa e, em última análise, em
conhecimento corporativo sobre uma instalação.
A1. Estabelecida a utilização BIM, no entanto no modelo apenas existem dados de
conteúdo básico.
A2. No modelo, os dados correspondem a informação concreta que pode ser
extraída do modelo.
A3. Os dados armazenados são aceites como fonte primária confiável de Informação
que começa a surgir em pacotes com interação entre esses dados (metadados).
A4. A Informação tem metadados e é considerada como a fonte confiável do modelo,
permitindo a realização de análises ao modelo.
A5. Modelo baseado num ambiente robusto de dados com informação rica e
confiável interligada, permitindo a completa gestão do conhecimento.
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria A
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria A
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Anexos
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Categoria B
Abrangência do ciclo de vida
PROGRAMA, PROJETO, CONCURSO DE EMPREITADA, CONSTRUÇÃO, EXPLORAÇÃO,
MANUTENÇÃO E REUTILIZAÇÃO:
A abrangência refere-se às fases do projeto e a identificação de quantas fases estão a
ser abordadas em BIM. Começa com o uso de veículos individuais de informação, que
se passam a vincular uns aos outros, gradualmente, aproveitando a informação
recolhida por fontes confiáveis. Esta categoria tem implicações com valor acrescido com
base na eliminação de recolha de dados duplicados.
B1. Utilização de informação dispersa. Nenhuma fase do ciclo de vida é
competentemente informada ou completa ou apenas se consegue começar a
dominar uma única fase do processo, tipicamente, a primeira (podendo ser
qualquer outra, como a da construção).
B2. Já existe informação que é útil em pelo menos três fases do ciclo de vida
trabalhadas em BIM. No entanto há uma total ou quase inexistência de fluxo de
informação entre essas fases do ciclo de vida.
B3. É adicionada mais uma fase do ciclo de vida. Verifica-se a existência de algum
fluxo de informação, desde a fase de projeto até à da construção.
B4. A informação coligida nas fases preliminares do processo flui até às fases da
construção e da Manutenção, suportando a criação de um modelo de custo. Os
custos estão ligados à informação relativa a todas as fases. O cálculo de custos
do Ciclo de Vida pode ser realizado.
B5. Todas as fases do ciclo de vida do empreendimento estão suportadas por
informação contida no modelo, existindo troca de informação fluida entre as
diferentes fases. Existe informação externa ligada ao modelo que permite a
realização de análises em todo o ecossistema da instalação, ao longo da sua
vida.
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria B
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria B
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
79
Categoria C
Funções ou disciplinas
ESPECIALIDADES, ATIVIDADES:
As funções referem-se aos agentes envolvidos no processo de negócio e como a
informação flui. Esta característica é fundamental para reduzir o custo de recolha de
dados. As várias disciplinas poderão ser envolvidas em mais de um ponto de vista,
atuando cada uma tanto como um fornecedor como um consumidor de informação.
C1. A função corresponde a uma tarefa específica e nenhuma ou apenas uma função
é suportada em BIM.
C2. As funções correspondem a pelo menos duas tarefas específicas que são
totalmente suportadas em BIM, não necessitando de meios alternativos para
realizar seus trabalhos.
C3. As funções de planeamento, projeto e construção são totalmente suportadas em
BIM, não necessitando de meios alternativos para realizar seus trabalhos.
C4. As funções internas ao empreendimento, desde o planeamento, até à
manutenção são totalmente suportadas em BIM, não necessitando de meios
alternativos para realizar seus trabalhos.
C5. Todos os trabalhos relacionados com instalações internas e externas ao
empreendimento dependem exclusivamente do BIM para realizar seus
trabalhos.
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria C
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria C
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
81
Categoria D
Modelo de Gestão
A INTEGRAÇÃO DA INFORMAÇÃO E O PROCESSO DE NEGÓCIO:
Define como são realizados os processos de negócios, valorizando que a recolha e a
manutenção dos dados seja efetuada em tempo real, para que quaisquer mudanças
físicas sejam refletidas na parte correspondente do processo de negócio. Se os dados
são reunidos como um processo separado, consequentemente, será mais difícil garantir
fiabilidade quanto à sua precisão. Se os dados e as informações são obtidos como parte
do processo de negócio, então a recolha de dados é uma exigência e uma
consequência.
D1. Alguns dos processos de negócio são concebidos para recolher informação que
possibilitam recolher informação em BIM.
D2. A maioria dos processos de negócio são concebidos para recolher informação
que possibilitam recolher informação em BIM.
D3. Todos os processos de negócios são concebidos para recolher informações
como são realizadas, mas poucos são capazes de manter os dados em BIM.
D4. Todos os processos de negócios são concebidos para recolher informações
como elas são realizadas e todos são capazes de manter os dados em BIM.
D5. Todos os processos de negócios foram concebidos para recolher e manter os
dados atualizados em tempo real em BIM.
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria D
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria D
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
83
Categoria E
Sincronização
ATUALIDADE/RESPOSTA:
Refere-se à capacidade de manter a informação atualizada, contrariando a existência
de informação estática no desenvolvimento do processo. A sincronização da informação
ao longo do processo garante que não existe perca de dados e promove respetiva
manutenção da fiabilidade. A níveis mais elevados de exigência, obriga a ágil
comunicação entre diversos intervenientes, que possuem informações
complementares.
E1. Informação apresenta-se estática ao longo do ciclo de vida do empreendimento
e tem de ser atualizada manualmente sempre que necessário.
E2. Informação contínua estática, no entanto, começam a surgir modelos de
organização de informação que ajudam a uma atualização manual mais rápida
e precisa da informação.
E3. Introdução de sistemas automáticos (e/ou Push) de sincronização em algumas
partes/setores do empreendimento para a informação, introduzida e atualizada
no modelo, mas com necessidade de verificação manual.
E4. Praticamente toda a informação introduzida e atualizada no modelo é
sincronizada e atualizada através de sistemas automáticos. Pode ser ainda
necessário uma verificação manual. Alguma da informação pode ainda ser
sincronizados por Push.
E5. Toda a informação que é introduzida e atualizada no modelo é sincronizada
automaticamente sem qualquer intervenção humana. Os processos de
atualização da informação são perfeitamente credíveis e não carecem de
verificação manual.
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria E
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria E
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
85
Categoria F
Acessibilidade e Partilha
DISPONIBILIZAÇÃO DOS DADOS:
A disponibilização dos dados é fundamental para o sucesso de um processo. Se os
dados só estão disponíveis numa máquina, a partilha só pode ocorrer de forma isolada
por e-mail ou cópia impressa. Num ambiente de rede estruturada, se a informação é
centralmente armazenada ou acessível promove-se o compartilhamento. Se o modelo
é do tipo de Arquitetura Orientada a Serviços (SOA- Service Oriented Architecture) num
ambiente web, isso permite a disponibilização da informação num ambiente controlado
para todos os agentes autorizados. A segurança da informação deve ser projetada em
todas as fases.
F1. O BIM só é acessível a partir de uma única estação de trabalho e não tem
nenhuma garantia de informações built-in. Partilha de informação realizada
manualmente, e efetuada através de meios físicos.
F2. O BIM não está em rede mas há controlo sobre quem acessa o BIM. A
Informação é inserida manualmente através de acesso controlado por meio de
password.
F3. O BIM está alocado a uma rede local em ambiente pequeno (escritório), na qual
é controlada a entrada de dados e recuperação. A Informação é inserida total ou
parcialmente através de sistemas automáticos de atualização/sincronização.
F4. O BIM está num ambiente em rede, que é considerado seguro, apesar de não
estar suportado por uma rede estruturada e orientada a serviços (cloud). A
Informação em rede está disponível em qualquer local e a qualquer
interveniente.
F5. O BIM está em um ambiente de rede centralizado, do tipo Web Centric, e é
disponibilizado como um serviço cloud, que permite entrar e aceder à
informação. O acesso é controlado automaticamente e a informação inseria
através de sistemas de upload automáticos do modelo de informação.
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Categoria F
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Categoria F
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria F
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria F
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
87
Categoria G
Dimensões
INTEGRAÇÃO E CAPACIDADE DE ANÁLISE:
A construção do modelo de informação vai determinar a dimensão do modelo BIM, em
função da capacidade de extração dos diversos tipos de informação pertinente e crucial
para a ampla compreensão do empreendimento, em qualquer fase do seu ciclo de vida.
Considera-se a dimensão mais baixa do Modelo BIM aquela que contém informação
geométrica e a mais elevada a que corresponde à fase As Built, e que permite as
operações de manutenção.
G1. Não existe Modelo de Informação, apenas representações 2D e visualização 3D
do projeto em CAD e informação em formato de texto não associada.
G2. Dados centralizados num modelo de informação BIM, permitindo análises
geométricas e dos parâmetros associados, (2D/3D + informação associada)
como por exemplo, mapas de vãos ou de acabamentos.
G3. Modelo de informação BIM executado de forma direcionada para permitir apenas
algumas análises específicas, isoladamente, consoante as fases do processo
que servem.
G4. Modelo de informação BIM permite análises sequenciais interligadas como:
estimativa de tempo (dimensão 4D), de custos (5D) e de sustentabilidade (6D),
em fase de projeto e de lançamento de obra; com base no modelo de informação
BIM.
G5. Modelo de informação BIM permite uma análise total do empreendimento, desde
a geométrica (3D) à da Gestão de manutenção (7D), com base no modelo de
informação BIM.
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Categoria G
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Categoria G
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Categoria G
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria G
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria G
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
89
Categoria H
Informação Externa
FRONTEIRAS E ABRANGÊNCIA DO MODELO:
No desenvolvimento do processo é fundamental a constante atualização do modelo de
informação BIM em função da informação externa disponível. Esta capacidade de
atualização promove o modelo BIM como principal repositório e centro de comunicação
do empreendimento. O grau de fiabilidade da informação obtida em tempo real é
determinante para a qualidade e brevidade das tomadas de decisão.
H1. Completa desconexão de informação exterior ao empreendimento. A associação
de informação ao modelo é feita manualmente.
H2. Identificação de intervenientes exteriores e localização da informação. A
associação de informação ao modelo ainda é feita manualmente.
H3. Toda a Informação externa armazenada, organizada e acessível, mas não
incorporada automaticamente pelo modelo BIM e as extrações de muitos dados
podem ser obtidas com informações já presentes no modelo. Nesta fase a
informação não é totalmente credível e carece de verificação.
H4. As informações armazenadas no Modelo BIM estão disponíveis em tempo real
e, embora não resultantes de processos de captação e transmissão ao vivo,
estão no lugar para manter a sua precisão. Nesta fase a informação é credível e
a verificação é dispensada.
H5. A informação é continuamente atualizada e disponível a partir de captações e
transmissões ao vivo desde sensores. As respostas às perguntas são quase
imediatas e são precisas e relacionais. Completa integração de toda a
informação exterior ao empreendimento com o modelo BIM. Toda a informação
encontra-se organizada e sincronizada automaticamente com as necessidades
de projeto.
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Categoria H
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Categoria H
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria H
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria H
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
91
Categoria I
Infraestrutura
HARDWARE, SOFTWARE E REDE:
O desenvolvimento dos processos digitais depende duma série de equipamentos
(computadores, Servidores, redes locais, etc.), ferramentas (softwares, APP, etc.) e
canais de comunicação (redes web, wifi, etc.), que em conjunto se denominam de
infraestrutura. Esta infraestrutura pode ser mais ou menos complexa e exigente,
dependendo dos níveis de comunicação e colaboração a implementar. O bom
funcionamento em ambiente BIM depende em grande medida da sua conjugação e
otimização.
I1. Inexistência de hardware que suporte a realização de um empreendimento em
BIM, apenas a utilização pontual numa única fase isolada do processo: projeto,
construção ou manutenção.
I2. Equipamento capaz de funcionar em BIM disponível apenas em determinados
setores da organização: em fase de projeto não abrangendo e totalidade dos
projetistas; na construção abrangendo apenas os intervenientes da mesma
organização.
I3. Equipamento difundido por toda a organização, mas com função ainda limitada
na realização do empreendimento: em fase de projeto, abrangendo e totalidade
dos projetistas; em fase de construção, abrangendo e totalidade dos
intervenientes na execução.
I4. Plena utilização do equipamento na realização de projeto e execução da obra.
Mas ainda com limitações na partilha de informação.
I5. Utilização de equipamento durante todas as fases do empreendimento, com
partilha e acessibilidade garantida a todos os intervenientes.
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Categoria I
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Categoria I
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I5
MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria I
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria I
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
93
Categoria J
Formato de Informação
DO ISOLAMENTO DA INFORMAÇÃO À SUA PLENA COMPATIBILIZAÇÃO:
A interoperabilidade ou comunicação entre ferramentas de desenvolvimento BIM é
essencial para a manutenção da integridade da informação, isto é, para a não
corrupção, distorção ou perca de dados na comunicação entre softwares. Neste âmbito,
poderão considerar-se diferentes abordagens, desde a comunicação utilizando formato
proprietário até à utilização de um formato aberto (como o IFC), devidamente
organizado. Ainda hoje se constitui como um dos maiores desafios à correta
implementação do BIM.
J1. Não existe qualquer interoperabilidade entre softwares. A informação tem de ser
adaptada sempre que é introduzida.
J2. Existe interoperabilidade entre alguns softwares, mas a informação tem de ser
verificada manualmente.
J3. Existe interoperabilidade entre vários softwares utilizados, e a verificação da
informação pode ser efetuada com recurso a softwares externos aos de
produção do modelo.
J4. Uso pleno de formato de interoperabilidade dentro da organização. O fluxo de
informação com o exterior pode ainda não ocorrer num ambiente compatível.
J5. Interoperabilidade garantida em toda a indústria através de normas e
especificações legais.
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Categoria J
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Categoria J
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Categoria J
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria J
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria J
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
95
Categoria K
Formação
INTEGRAÇÃO DO CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO:
Refere-se à cultura da organização para a formação em BIM, desde uma formação
especializada de cariz profissionalizante até à formação académica de graus médio e
superior. Evolui entre uma abordagem elementar e individual e uma visão integrada da
organização e sua rede de trabalho. Visa dotar o processo BIM de todos os meios
humanos capazes de projetar, manipular e gerir informação no modelo e alterar
qualquer modelo já executado.
K1. Inexistência de pessoal com formação BIM. Apenas a intenção de entusiastas.
K2. Presença de um ou dois membros da organização com formação BIM, que
distribuem conhecimento. Consoante a presença no processo do ciclo de vida
do empreendimento, pode dotar essa organização da capacidade de consulta
de modelos e informação BIM.
K3. Equipas, ou departamentos, ou categoria profissionais de alguns setores da
organização com formação em BIM adequada às funções que desempenham.
Pode dotar a organização de alguma capacidade, ainda que limitada, de
desenvolvimento ou manuseamento de modelos de informação BIM.
K4. Alguns setores da organização são constituídos na íntegra por membros com
formação em BIM diferenciada e adequada às funções que desempenham.
Existência de iniciativas de formação dos outros intervenientes da organização
para atingirem uma capacidade idêntica de ação.
K5. Todo a rede de trabalho em torno de uma organização (projectista, construtor,
dono de obra, fiscalização, manutenção, etc), possui formação adequada à
implementação de um processo colaborativo desenvolvido em BIM, garantindo
os vários níveis de operação no modelo de informação.
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Categoria K
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MATRIZ IMPACTO VS. ESFORÇO – ZONEAMENTO PRIORITÁRIO - Respostas relativas aos
níveis da categoria K
MATRIZ DE RELEVÂNCIA – ESCALA DE MATURIDADE - Valores médios e pontuações
atribuídas das respostas relativas aos níveis da categoria K
Zona Prioritária Zona Prioritária Destacada
Anexos
97
Anexo 2 – Modelo de Implementação e Maturidade
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
98
Anexos
99
MODELO DE MATURIDADE – Etapas de implementação BIM
Modelo de Maturidade BIM para a Indústria Nacional
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