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MONIQUE ELLIS AGUILAR BORBA
SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE TOMATEIRO VISANDO TOLERÂNCIA AO
ESTRESSE POR DEFICIÊNCIA HÍDRICA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Uberlândia como parte das exigências do Programa de
Pós-graduação em Agronomia - Mestrado, área de
concentração em Fitotecnia, para obtenção do título de
“Mestre” .
Orientador
Prof. Dr. Gabriel Mascarenhas Maciel
Co-orientador
Prof. Dr. Eusímio Felisbino Fraga Júnior
UBERLÂNDIA
MINAS GERAIS - BRASIL
2016
B726s2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.
Borba, Monique Ellis Aguilar, 1991Seleção de genótipos de tomateiro visando tolerância ao estresse por
deficiência hídrica / Monique Ellis Aguilar Borba. - 2016.57 f. : il.Orientador: Gabriel Mascarenhas Maciel.Coorientador: Eusímio Felisbino Fraga Júnior.Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia,
Programa de Pós-Graduação em Agronomia.Inclui bibliografia.
1. Agronomia - Teses. 2. Tomate - Melhoramento genético - Teses. 3. Água na agricultura - Teses. 4. Sementes - Germinação - Teses. I. Maciel, Gabriel Mascarenhas. II. Fraga Júnior, Eusímio Felisbino. III. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Agronomia. IV. Título.
CDU: 631
MONIQUE ELLIS AGUILAR BORBA
SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE TOMATEIRO VISANDO TOLERÂNCIA AO
ESTRESSE POR DEFICIÊNCIA HÍDRICA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Uberlândia como parte das exigências do Programa de
Pós-graduação em Agronomia - Mestrado, área de
concentração em Fitotecnia, para obtenção do título de
“Mestre” .
APROVADA em 29 de Novembro de 2016.
Prof. Dr. Eusímio Felisbino Fraga Júnior UFU
(co-orientador)
Prof. Dr. Jose Magno Queiroz Luz UFU
Prof. Dr. Márcio José de Santana IFTM
Prof. Dr. Gabriel Mascarenhas Maciel
ICIAG-UFU
(Orientador)
UBERLÂNDIA
MINAS GERAIS - BRASIL
2016
À minha mãe Anastácia e a minha querida irmã
Maryna que são meus exemplos
Dedico!
Agradecimentos
À minha família pelo carinho, apoio e compreensão em todos os momentos. Em
especial à minha mãe e irmã que sempre estiveram presentes e são essenciais na minha
vida e também ao meu pai que mesmo de longe me apoiou na conclusão dessa etapa.
Ao meu orientador Prof. Dr. Gabriel Mascarenhas Maciel, um grande exemplo de
profissional, pela oportunidade de participar do Grupo de Estudos em Melhoramento
Genético de Hortaliças (GEN-HORT), pelo auxílio em todos os momentos da realização
do projeto de mestrado, pela paciência, dedicação, e acima de tudo pelos ensinamentos.
Ao meu coorientador Prof. Dr. Eusímio Felisbino Fraga Júnior pela colaboração
e auxílio que foram essenciais para a conclusão do projeto.
Aos amigos do Grupo de Estudos em Melhoramento Genético de Hortaliças
(GEN-HORT), Camila, Débora, Rafael, Nadya, Igor, Guilherme, Aline, Breno, Gregory,
Rafaela e Jaíne que sempre se dispuseram a ajudar. Em especial à Camila, Débora, Rafael,
Igor, Gregory e Breno que foram essenciais para a conclusão dos experimentos.
Ao meu colega Carlos que se dispôs a me auxiliar durante o projeto, pela
colaboração intelectual e técnica.
À professora Maria Cristina Sanches pelo empréstimo do aparelho para realização
do experimento.
Aos meus amigos da pós-graduação em especial à Morgana, Fábio e Lucas que
sempre foram atenciosos e se dispuseram a me auxiliar durante o mestrado.
Aos professores integrantes da banca examinadora, por aceitarem o convite e
disponibilizarem parte de seu tempo para avaliação desse trabalho.
A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a elaboração
desse trabalho meu sincero agradecimento.
SUMARIOCAPÍTULO I ............................................................................................................................... 1
1. INTRODUÇÃO G ERA L..................................................................................................1
2. OBJETIVO GERAL.......................................................................................................... 6
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................6
REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 7
CAPÍTULO II ............................................................................................................................ 11
RESUM O...................................................................................................................................12
ABSTRACT.............................................................................................................................. 13
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................14
2. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 15
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................17
4. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 25
REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 26
CAPÍTULO I I I ......................................................................................................................... 28
RESUM O.................................................................................................................................. 29
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................31
2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 32
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 35
4. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 44
REFERÊNCIAS 45
RESUMO
BORBA, Monique Ellis Aguilar. Seleção de genótipos de tomateiro visando tolerância ao estresse por deficiência hídrica. 2016. 57f Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitotecnia) - Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2016.
O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) se adapta a diversas condições climáticas, no entanto, é sensível à falta de água que pode provocar danos em seu desenvolvimento e produtividade. Este trabalho objetivou selecionar genótipos de tomateiro tolerantes ao estresse hídrico a partir da indução de déficit nas sementes e nas plantas em campo. Dividiu-se a pesquisa em dois momentos. No primeiro momento a seleção ocorreu em laboratório com sementes de tomate do grupo Santa Cruz. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Foram avaliados 17 genótipos, em geração F2RC2 oriundos de um cruzamento interespecífico entre S. lycopersicum e S. pennellii e três testemunhas, sendo uma resistente [acesso selvagem LA-716 (S. pennellii)] e duas suscetíveis (cv. Santa Clara e linhagem pré-comercial (UFU-650). Após serem submetidos ao potencial osmótico de -0,3 MPa os genótipos foram avaliados para: porcentagem de germinação, porcentagem de germinação padrão, porcentagem de primeira contagem, índice de velocidade de germinação, tempo médio de germinação e comprimento inicial e final de radícula. O acesso selvagem, S. pennellii, mostrou-se superior às testemunhas suscetíveis. O genótipo UFU102/F2RC2#71115 destacou-se quando comparado aos outros genótipos F2RC2 e em relação às testemunhas suscetíveis (cv. Santa Clara e UFU-650) e resistente (S. pennellii). Analisando a diversidade genética foi possível a obtenção de oito grupos distintos, sendo tal obtenção um indicativo de variabilidade genética entre os genótipos avaliados. A variável %G (porcentagem de germinação) contribuiu com 33,9% na diferenciação dos genótipos apresentando-se como o critério mais importante a ser avaliado. No segundo momento realizou-se a seleção em tomateiros do tipo minitomate. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com três repetições e oito tratamentos, sendo 5 genótipos F2RC 1 provenientes do cruzamento interespecífico entre a linhagem pré-comercial UFU-222 (S. lycopersicum) versus acesso selvagem LA-716 (S. pennellii) e outros três genótipos utilizados como testemunhas: duas suscetíveis (UFU-222; cv. Santa Clara) e uma resistente (S. pennellii). O experimento foi conduzido em ambiente protegido com monitoramento da densidade de fluxo, radiação solar global, temperatura do ar, umidade relativa do ar e do potencial mátrico no substrato. As características fisiológicas coletadas foram: temperatura foliar, CO2 interno, transpiração, condutância estomática e assimilação de CO2 determinadas pelo analisador portátil de gás no infravermelho - IRGA. Para os níveis de clorofila a e b utilizou-se o medidor portátil clorofiLOG (CFL-1030, Falker) e para o potencial hídrico foliar utilizou- se a câmara de pressão tipo Scholander (SoilMoisturemodel3000). Todos os parâmetros avaliados apresentaram valores significativos entre os genótipos. A tolerância ao déficit hídrico do S. pennellii selvagem não é determinada exclusivamente por caracteres morfo- anatômicos podendo ser caracterizada por medidas gasosas e de potencial hídrico foliar. Sendo a eficiência instantânea no uso da água possivelmente a principal variável resposta que caracteriza esse acesso. Genótipos da população UFU22/F2RC1#2 se destacaram entre os demais como os mais promissores apresentando elevadas taxas fotossintéticas associadas à baixa condutância estomática e transpiração.
PALAVRAS-CHAVE: Estresse abiótico; trocas gasosas; potencial hídrico.
i
1Comitê Orientador: Gabriel Mascarenhas Maciel - UFU (Orientador) e Eusímio Felisbino Fraga Júnior
ii
ABSTRACT
BORBA, Monique Ellis Aguilar. Selection of tomato genotypes to stress tolerance by water deficiency. 2016. 57f Uberlândia: UFU, 2016. Dissertation (Master Program Agronomy/Crop Science) - Federal University of Uberlândia, Uberlândia.1
The tomato crop adapts to different climatic conditions however it is sensitive to the lack of water which can damage its development and productivity. This study aimed to select tomato genotypes tolerant to stress by water deficiency from the deficit induction in seeds and plants in the field. The research was divided into two moments. In the first moment the selection was done in the laboratory with tomato seeds of the Santa Cruz group. A completely randomized design was used with four replications. 17 genotypes were evaluated in the generation F2BC2, which were obtained from an interespecific cross between Solanumpennellii and Solanum lycopersicum L. and three check treatments, one resistant [wild access LA-716 (S.pennellii)] and two susceptible (cv. Santa Clara and precommercial line UFU-650). After subjected to the osmotic potential of -0,3 MPa, the genotypes were evaluated for: germination percentage, standard germination percentage, first counting percentage, germination velocity index, average time of germination and initial and final length of radical. In fact, the wild access, S. pennellii, was better than the susceptible check treatment. The genotype UFU102/F2BC2#71115 was highlighted when compared to the others F2BC2 genotypes and in relation to the three check treatments, susceptible (cv. Santa Clara and UFU-650) and resistant (S. pennellii). Analyzing the genetic diversity, 8 different groups were obtained, thus being an indicative of genetic variability between the evaluated genotypes. The variable %G (percentage of germination) contributed with 33,9% in the diversification of the genotypes, presenting itself as the most important criterion, to be evaluated. In the second moment the selection was in mini tomatoes. We used a completely randomized design with three replications and eight treatments in which there were five F2BC1 genotypes from the interspecific cross between the pre-commercial strain UFU-222 (S. lycopersicum) versus wild accession LA-716 (S. pennellii), and three genotypes used as check treatments, two susceptible (UFU-222; cv Santa Clara.); and one resistant (S. pennellii). The experiment was conducted in a greenhouse with monitoring of the flux density, solar radiation, air temperature, relative humidity and the matric potential in the substrate. The collected physiological characteristics were: leaf temperature, internal CO2, transpiration, stomatal conductance and CO2 assimilation, determined by portable gas analyzer infrared - IRGA; Chlorophyll levels a and b by using a hand-held chlorophyll meter clorofiLOG (CFL- 1030, Falker) and leaf water potential using a pressure chamber type Scholander (SoilMoisturemodel3000). All parameters evaluated showed significant values among genotypes. The water stress tolerance of wild Solanum pennellii is not solely determined by morphological and anatomical characters, it can be characterized by gas measurements and leaf water potential. The instantaneous efficiency in water use is possibly the main variable response that characterizes this access. Genotypes from the population UFU2 2 /F2BC 1#2 were highlighted among the others as the most promising featuring high photosynthetic rates associated with low stomatal conductance and transpiration.
KEYWORDS: Abiotic stress; gas exchange; water potential.
1Guidance Committee: Gabriel Mascarenhas Maciel - UFU (Major Professor) and Eusímio Felisbino Fraga Júnior - UFU.
iii
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO GERAL
O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) tem como centro de origem a região
andina onde crescem espontaneamente diversas espécies do gênero Solanum. O primeiro
indício do uso dos frutos do tomateiro na alimentação humana ocorreu no ano de 1554.
Desde sua domesticação no México até sua aceitação na Europa e Estados Unidos por
volta do século XIX, o tomateiro vem passando por processos de melhoramento genético
com consequente melhoria na qualidade dos frutos. No Brasil há evidências de que a
introdução dessa hortaliça ocorreu pela imigração europeia, principalmente a portuguesa
e italiana (ALVARENGA, 2004).
Atualmente o tomateiro é uma hortaliça de grande importância econômica e social
no mundo (HEINE et al., 2015). Seu cultivo é exigente em cuidados fitossanitários e
demanda elevada mão-de-obra. O Brasil está entre os 10 maiores produtores mundiais de
tomate com produção de 4,3 milhões de toneladas cultivados em uma área de 65,2 mil
hectares e produtividade média de 66 ton ha-1. Neste contexto a região sudeste é
responsável por 44% da produção, o centro-oeste 31%, nordeste 14%, sul 11% e norte
0,12% (AGRIANUAL, 2015). A ampla distribuição regional da cultura mostra que as
plantas têm capacidade de adaptação às diversas condições climáticas (ALVARENGA,
2013), sendo isso um fator importante para o mercado consumidor pois as diversas
cultivares podem ser produzidas em diferentes regiões do país.
As cultivares de tomate para consumo in natura podem ser divididas em grupos.
O grupo Santa Cruz apresenta grande demanda no mercado e possui peso médio de frutos
entre 80 e 220 gramas (g); o grupo Salada é representado por frutos graúdos acima de
250g podendo chegar até 500g; e o grupo Italiano ou Saladete apresenta frutos compridos
de diâmetro reduzido. Outro grupo é o denominado grupo Cereja no entanto a melhor
denominação seria Minitomate, já que dentro deste existem padrões diferentes devido a
coloração mais amarelada ou ao formato piriforme em alguns casos (ALVARENGA,
2004). Dentre as diversas cultivares de tomate a demanda e a oferta pelo Minitomate
aumentou nos últimos anos, pois além de ser saboroso e atrativo possui alto valor
agregado (ABRAHÃO et al., 2014). Entretanto para o cultivo dos diferentes grupos de
tomate é importante que a região atenda a algumas exigências climáticas.
1
A região deve apresentar um índice pluvial ou de água disponível para irrigação
ao longo do ciclo da cultura de aproximadamente 700 (mm) bem distribuídos (MELO,
de., 2014), sendo que a maior exigência da planta é no período de floração e crescimento
dos frutos. Há relatos de que o déficit hídrico é muito prejudicial para as plantas de tomate
pois em períodos prolongados limita o crescimento e reduz a produtividade
(ALVARENGA, 2004). Isso se deve ao fato que a água é uma substância considerada
solvente ideal para ocorrência de processos bioquímicos e fisiológicos. Ela pode compor
de 80 a 95% da massa de tecidos metabolicamente ativos das plantas em crescimento,
sendo fundamental como reagente ou substrato em diversos processos tais como
fotossíntese e germinação de sementes (KERBAUY, 2008).
A absorção da água ocorre através das raízes devido a uma diferença de potencial
hídrico no sistema solo-planta-atmosfera. É formado um gradiente de potencial hídrico
que começa na atmosfera, passa pela planta e chega ao solo. O movimento da água ocorre
da região com maior potencial hídrico para outra com menor potencial, por isso a água
desloca por fluxo em massa, do solo para a atmosfera. A absorção e deslocamento de
água no interior da planta tem início com a perda de vapor d’água para a atmosfera através
do processo da transpiração (KERBAUY, 2008). A quantidade de água disponível no solo
e a taxa de transpiração são importantes fatores para determinar o status hídrico das
plantas pois no momento em que a quantidade de água perdida pelo vegetal é maior do
que sua absorção essas podem passar por um período de estresse hídrico (COSTA et al.,
2008).
A ocorrência de déficit hídrico é um dos maiores problemas que afetam a produção
do tomate, visto que pode interferir no desenvolvimento e na produtividade da cultura
(BRAY, 2004). As principais características que as plantas apresentam sob déficit hídrico
são: alteração na permeabilidade da cutícula, redução do turgor, enrolamento das folhas,
redução da área foliar, menor crescimento da parte aérea, maior crescimento do sistema
radicular e abscisão floral (XOCONOSTLE-CAZARES et al., 2010; BASTOS et al.,
2011; VAR SHNEY et al., 2011). Nos frutos as oscilações de umidade no solo resultam
em rachadura, podridão apical, redução no estabelecimento e incidência de frutos ocos
(OZBAHCE; TARI, 2010). Para se adequar a esse período adverso as plantas têm como
estratégia o fechamento dos estômatos, o que reduz a condutância estomática e as perdas
de água por transpiração. No entanto, isso reduz a fotossíntese (XOCONOSTLE-
CAZARES et al., 2010), prejudicando a síntese de energia.
2
O controle da condutância estomática é um processo complexo (BERNIER et al.,
2008). Na condição de déficit hídrico, ocorre a perda de turgor nas células-guarda dos
estômatos. Essas células são responsáveis por sua abertura e fechamento, quando túrgidas
os estômatos abrem e quando flácidas fecham. No momento em que os estômatos estão
fechados, além da redução na perda de água, também ocorre a redução da absorção de
CO2, que implica no processo de fotossíntese (KERBAUY, 2008). Além de afetar de
forma significativa as plantas no seu período de crescimento e desenvolvimento, o déficit
hídrico, dependendo da sua intensidade, pode interferir na germinação das sementes
comprometendo o estande final.
O primeiro passo para a germinação é o processo de embebição. Para que uma
semente germine é necessário que ela seja hidratada. Nessa fase a água atua como
reagente na digestão das reservas internas influenciando na atividade enzimática, na
solubilização e no transporte de fotoassimilados (MARCOS FILHO, 2005; BRADFORD,
1995). Um potencial hídrico externo baixo reduz a quantidade de água disponível para
absorção pelas sementes. Com isso pode ocorrer atraso no início da atividade enzimática,
no desenvolvimento meristemático, na emergência da radícula (HADAS, 1976), redução
da porcentagem de germinação e desuniformidade do estande (DEMIR et al., 2006).
A absorção de água pelas sementes compreende três fases: na primeira fase existe
diferença de potencial hídrico entre o substrato e as sementes. Sendo assim, ocorre uma
rápida absorção da água pela semente que possui potencial hídrico menor. Na segunda
fase ocorre uma redução na taxa de absorção devido ao equilíbrio entre os dois potenciais
e finalmente, na terceira fase, a água volta a ser absorvida rapidamente em função da
ativação metabólica das sementes e produção de substâncias osmoticamente ativas que
reduzem novamente o seu potencial (BEWLEY et al., 2013).
Nota-se que a manutenção do status hídrico do solo é de grande relevância e está
diretamente ligada a disponibilidade de água. Nos últimos anos os conflitos pelo uso e
restrições de consumo da água tornaram-se um fator limitante não só em regiões áridas e
semiáridas, mas também em regiões que possuem recursos hídricos abundantes, porém
incapazes de suprir a elevada demanda (TELLES; COSTA, 2010). Além disso culturas
exigentes em irrigação possuem gastos relevantes com energia. Desde sua domesticação
o tomateiro vem passando por processos de melhoramento que visam a melhoria na
qualidade dos frutos, o que levou a escassez de genótipos com tolerância ao estresse
3
hídrico (ALVARENGA, 2004). Nesse sentido, desenvolver cultivares com tolerância ao
estresse hídrico se torna uma estratégia de menor custo e maior eficiência em regiões de
déficit hídrico (GIROTTO et al., 2012) e uma alternativa para reduzir despesas com
irrigação.
Comercialmente não existem genótipos de tomateiro que reúnam boas
características agronômicas aliados à tolerância ao déficit hídrico e essa carência pode ser
devido à falta de métodos de seleção direto e indireto acreditados e eficazes
(BERENGUER, 2015). A baixa variabilidade genética disponível aliada à suscetibilidade
dos genótipos atuais ao estresse hídrico tem dificultado maiores avanços em programas
de melhoramento genético do tomateiro.
O acesso selvagem LA-716, Solanum pennellii, possui habitat natural oriundo de
regiões quentes e secas e está situado do oriente dos Andes até o oeste da Costa Pacífica
(HOLTAN; HAKE, 2003). Esse acesso apresenta maior eficiência no uso da água em
relação a cultivares comerciais (ROCHA et al., 2016). Sendo assim, torna-se possível a
introgressão de caracteres provenientes de S. pennelii em gerações avançadas de
tomateiro visando tolerância ao estresse hídrico. Apesar de S. pennellii não possuir
potencial agronômico, é possível resgatá-la após o cruzamento interespecífico seguido de
três retrocruzamentos com o background de interesse (MACIEL et al., 2010; MALUF et
al., 2011; MACIEL et al., 2011).
A germinação da semente em solos com baixo potencial hídrico depende de cada
espécie. Em laboratório é possível simular o déficit hídrico através de estudos de
germinação com o uso de soluções aquosas de sacarose, sais, manitol e polietileno glicol.
Esses solutos ao serem adicionados à água reduzem seu potencial hídrico e permitem a
seleção de espécies mais tolerantes (SANTOS et al., 1992). O método indireto com o uso
de soluções aquosas de manitol, um composto químico inerte e não tóxico (ECHER et
al., 2010), tem sido utilizado em diversas espécies (PELEGRINI et al., 2013; SOARES
et al., 2015; COELHO et al., 2010). Berenguer (2015) constatou que o potencial osmótico
adequado para avaliar o estresse hídrico em sementes e plântulas de tomateiro foi de -0,3
MPa.
No campo existem diferentes métodos para estimar as necessidades hídricas das
culturas, como o tensiômetro, a câmara de Scholander (AZEVEDO; SILVA, 1999) e o
IRGA (KERBAUY, 2008) que se baseiam na condição do solo, da planta e da atmosfera.
O tensiômetro é um aparelho conhecido e prático que afere o potencial de água no solo,
4
sendo usado para indicar o momento apropriado de se realizar as irrigações
(MAROUELLI, 2008). A câmara de Scholander permite estimar a tensão de água no
xilema a partir do corte de um ramo ou de uma folha da planta enquanto está transpirando
(GOMES, et al., 2014; GONÇALVES, et al. 2015). O IRGA (Infra-RedGasAnalyser) é
um equipamento que mensura as trocas gasosas e os processos fisiológicos da planta
envolvidos na fotossíntese, como a concentração de dióxido de carbono (CO2), a
condutância estomática e a temperatura foliar entre outros parâmetros (BOSCO et al.,
2009; ROBERTO, et al, 2015).
O uso de métodos diretos para seleção de genótipos tolerantes ao déficit hídrico
apresenta custo elevado e maior tempo de execução, tornando os métodos indiretos mais
vantajosos. Várias pesquisas têm comprovado a eficiência de seleção de genótipos
tolerantes ao déficit hídrico a partir da utilização de diferentes técnicas, como sintomas
visuais, balanço da água no solo, fluxo de seiva, condutância estomática, análises de
trocas gasosas, troca de vapor de água e CO2 entre a folha e atmosfera (BIRHANU;
TILAHUN, 2010; AKSIC et al., 2011; CELEBI, 2014; BEGUM et al., 2012; ROCHA et
al., 2016), no entanto a utilização destas avaliações na seleção de genótipos de tomateiro
são escassas.
5
2. OBJETIVO GERAL
O objetivo geral do presente trabalho foi selecionar genótipos de tomateiro
tolerantes ao estresse por deficiência hídrica em laboratório e campo.
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estimar a variabilidade genética após dois ciclos de retrocruzamento e selecionar
genótipos de tomateiro tolerantes ao estresse por deficiência hídrica induzida por manitol.
Estudar variáveis relacionadas às trocas gasosas e eficiência do uso da água na
seleção de genótipos de tomateiro tolerantes ao estresse por deficiência hídrica.
6
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO II
DIVERSIDADE GENÉTICA E SELEÇÃO EM GENÓTIPOS DE TOMATEIRO
SOB ESTRESSE HÍDRICO INDUZIDO POR MANITOL
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DIVERSIDADE GENÉTICA E SELEÇÃO EM GENÓTIPOS DE TOMATEIRO SOB ESTRESSE HÍDRICO INDUZIDO POR MANITOL
RESUMO
O tomateiro é uma planta que se adapta a diferentes condições climáticas. No entanto, o estresse hídrico, um tipo de estresse abiótico, afeta diretamente o desempenho da cultura. O objetivo do experimento foi estimar a variabilidade genética, após dois retrocruzamentos, e selecionar genótipos de tomateiro tolerantes ao estresse hídrico induzido por manitol. O avanço das gerações foi realizado no campo e o teste de estresse hídrico feito no laboratório, em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Foram avaliados 17 genótipos, em geração F2RC2, provenientes de um cruzamento interespecífico entre Solanum lycopersicum versus Solanum pennellii e três testemunhas, sendo uma resistente [acesso selvagem LA-716 (S. pennellii)] e duas suscetíveis (cv. Santa Clara e linhagem pré-comercial UFU-650). Após serem submetidos ao potencial osmótico de -0,3 MPa, os genótipos foram avaliados quanto à porcentagem de germinação, porcentagem de germinação padrão, porcentagem de primeira contagem, índice de velocidade de germinação, tempo médio de germinação e comprimento inicial e final de radícula. De fato, o acesso selvagem, S. pennellii, mostrou-se superior às testemunhas suscetíveis. O genótipo UFU102/F2RC2#71115, destacou-se quando comparado aos demais genótipos F2RC2 e em relação às três testemunhas, tanto as suscetíveis (cv. Santa Clara e UFU-650) quanto a resistente (S. pennellii). Analisando a diversidade genética foi possível a obtenção de oito grupos distintos, sendo isso um indicativo de variabilidade genética entre os genótipos avaliados. A variável %G (porcentagem de germinação) contribuiu com 33,9% na diferenciação dos genótipos, apresentando-se como o critério mais importante a ser avaliado em estudos de divergência genética na cultura do tomateiro sob estresse hídrico induzido por manitol.
PALAVRAS-CHAVE: Solanum pennellii. Déficit hídrico. Estresse abiótico. Sementes. Plântulas.
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GENETIC DIVERSITY AND SELECTION IN TOMATO GENOTYPES UNDER WATER STRESS INDUCED MANNITOL
ABSTRACT
The tomato crop adapts to different climatic conditions. However, the water stress, a type of abiotic stress, can directly affect the productivity. This experiment aimed to estimate the genetic variability, after two backcrosses, and select tomato genotypes tolerant to water stress induced by mannitol. The advance of the generations was done on the field and the water stress test was done in the laboratory, in a completely randomized design with four replications. 17 genotypes in the generation F2BC2, which were obtained from an interespecific cross between Solanumpennellii and Solanum lycopersicum L. and three check treatments, one resistant [wild access LA-716 (Solanum pennellii)] and two susceptible (cv. Santa Clara and pre-commercial line UFU-650), were evaluated. After being subjected to the osmotic potential of -0,3 MPa, the genotypes were evaluated for: germination percentage, standard germination percentage, first counting percentage, germination velocity index, average time of germination and initial and final length of radical. In fact, the wild access, S. pennellii, was better than the susceptible check treatment. The genotype UFU102/F2BC2#71115 was highlighted when compared to the others F2BC2 genotypes and in relation to the three check treatments, susceptible (cv. Santa Clara and UFU-650) and resistant (S. pennellii). Analyzing the genetic diversity 8 different groups were obtained, this being an indicative of genetic variability between the evaluated genotypes. The variable %G (percentage of germination) contributed with 33,9% in the diversification of the genotypes, presenting itself as the most important criterion to be evaluated in genetic diversity studies in the tomato crop under water stress induced by mannitol.
KEYWORDS: Solanum pennellii. Drought. Abiotic stress. Seeds. Seedling.
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1. INTRODUÇÃO
O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é uma hortaliça de grande importância
econômica e social no mundo (HEINE et al., 2015). O Brasil está entre os 10 maiores
produtores (AGRIANUAL, 2016). A cultura se adapta a diversas condições climáticas
(ALVARENGA, 2013), porém o déficit hídrico, momento em que a quantidade de água
perdida pelo vegetal é maior do que sua absorção (COSTA et al., 2008), é um dos maiores
problemas que afetam sua produção. Ao longo do ciclo essa hortaliça necessita de
aproximadamente 700 mm de água (MELO, de., 2014) bem distribuídos e o fornecimento
inadequado pode interferir no desenvolvimento e na produtividade das plantas (BRAY,
2004).
Os conflitos pelo uso e restrições de consumo da água tornaram-se um
fator limitante não só em regiões áridas e semiáridas, mas também em regiões que
possuem recursos hídricos abundantes, porém incapazes de suprir a elevada demanda
(TELLES; COSTA, 2010). Além disso, culturas exigentes em irrigação possuem gastos
relevantes com energia. Nesse sentido, desenvolver genótipos com tolerância ao estresse
hídrico se torna uma estratégia de menor custo e maior eficiência em regiões de déficit
hídrico (GIROTTO et al., 2012) e uma alternativa para reduzir despesas com irrigação.
Comercialmente não existem genótipos de tomateiro que reúnam boas
características agronômicas aliadas à tolerância ao estresse hídrico, e essa carência pode
ser devido à falta de métodos de seleção acreditados e eficazes (BERENGUER, 2015).
No entanto, o acesso selvagem LA-716, S. pennellii, possui habitat natural oriundo de
regiões quentes e secas, situado no oriente dos Andes até o oeste da Costa Pacífica
(HOLTAN; HAKE, 2003). Ademais, essa espécie apresenta maior eficiência no uso da
água em relação às cultivares comerciais (ROCHA et al., 2016). Sendo assim, é possível
a introgressão de caracteres provenientes de S. pennelii em gerações avançadas de
tomateiro visando tolerância ao estresse hídrico.
O uso de métodos diretos para seleção ao estresse hídrico apresenta custo elevado
e maior tempo de execução, tornando os métodos indiretos mais vantajosos. O método
indireto com o uso de soluções aquosas de manitol, um composto químico inerte e não
tóxico (ECHER et al., 2010), tem sido utilizado em diversas espécies com objetivo de
simular estresse hídrico em condições de laboratório (PELEGRINI et al., 2013; SOARES
et al., 2015; COELHO et al., 2010). Berenguer (2015) constatou que o potencial osmótico
14
adequado para avaliar o estresse hídrico avaliando sementes e plântulas em genótipos de
tomateiro foi -0,3 MPa. No entanto, a baixa variabilidade genética disponível aliada à
suscetibilidade dos genótipos atuais ao estresse hídrico tem dificultado maiores avanços
em programas de melhoramento genético do tomateiro voltados ao tema.
O objetivo deste trabalho foi estimar a variabilidade genética após dois ciclos de
retrocruzamento e selecionar genótipos de tomateiro tolerantes ao estresse hídrico
induzido por manitol.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Análise de Sementes e
Recursos Genéticos (LAGEN) e na Estação Experimental de Hortaliças da Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), no município de Monte Carmelo-MG (18o42’43”S;
47o29’55” W; 873 m de altitude), entre os meses de janeiro de 2013 a julho de 2016.
Para criar a variabilidade genética, em janeiro de 2013 foi realizado o cruzamento
interespecífico Solanum pennellii (acesso selvagem LA-716) versus Solanum
lycopersicum L. (linhagem pré-comercial UFU-650). A linhagem UFU-650 pertence ao
Banco de Germoplasma de Hortaliças da Universidade Federal de Uberlândia-UFU e
possui hábito de crescimento determinado, frutos graúdos (240g) do tipo Santa Cruz e é
suscetível ao estresse hídrico. O acesso selvagem LA-716 apresenta hábito de
crescimento indeterminado, frutos pequenos (12g) e tolerância ao estresse hídrico
(ROUSSEAUX et al., 2005; ROCHA et al., 2016). Após a obtenção da geração F 1 (UFU-
650 x LA-716) foram realizados o primeiro e segundo retrocruzamentos, nos anos 2014
e 2015, respectivamente.
Em janeiro de 2016 foi realizada a autofecundação das plantas F 1RC2, obtendo 17
genótipos F2RC2. Para verificar a germinação em maio de 2016 as sementes foram
submetidas a um pré-teste denominado de germinação padrão (GP), ausente de solução
osmótica. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com 4 repetições
de 25 sementes e 20 tratamentos, sendo 17 genótipos F2RC2 : UFU102/F2RC2#71115;
UFU102/F2RC2#71114;UFU102/F2RC2#7118;UFU102/F2RC2#7117;UFU102/F2RC2#7
122;UFU102/F2RC2#7912;UFU102/F2RC2#7139;UFU102/F2RC2#7917;UFU102/F2RC
2#7714;UFU102/F2RC2#71813;UFU102/F2RC2#71111;UFU102/F2RC2#7189;UFU102/
F2RC2#71013;UFU102/F2RC2#791;UFU102/F2RC2#7812;UFU102/F2RC2#7185;UFU1
15
02/F2RC2#7153; o genitor recorrente UFU-650; o genitor doador, acesso selvagem LA-
716 (S. pennellii); e a cv. Santa Clara, totalizando 80 parcelas representadas por caixas
plásticas transparentes (Gerbox).
Após verificar a GP em cada genótipo, foi realizada nova semeadura visando
seleção indireta de famílias segregantes F2RC2 aplicando solução de Manitol (-0,3 MPa).
A semeadura dos 17 genótipos F2RC2, do acesso selvagem LA-716 (S. pennellii) tolerante
ao estresse hídrico, da cv. Santa Clara e da linhagem pré-comercial UFU-650 suscetíveis
ao estresse hídrico, foi realizada em caixas plásticas transparentes de 11 x 11 x 3,0 cm
com tampa sobre 2 folhas de papel tipo Germitest. O substrato foi previamente umedecido
na proporção de 2,5 vezes o seu peso seco com solução Manitol (-0,3 MPa). As caixas
plásticas foram vedadas com Parafilm® para reduzir a perda de umidade e acondicionadas
em câmara de germinação tipo BOD a 25°C com fotoperíodo de 12 horas. Foi utilizado
o delineamento inteiramente casualizado com 4 repetições de 50 sementes em cada caixa,
totalizando 80 parcelas.
Para seleção indireta foram avaliados: A- Porcentagem de germinação (%G) na
presença da solução osmótica de Manitol (-0,3MPa) no décimo primeiro dia após a
semeadura por ocasião do final do experimento, considerando-se germinadas as sementes
que emitiram raiz primária. Os resultados foram expressos em porcentagem média com
base no número de plântulas normais; B- Porcentagem de germinação padrão (%GP):
ausente de solução osmótica (testemunha) contabilizando a porcentagem de germinação;
C- Porcentagem de primeira contagem (%PC) - realizada conjuntamente com o teste de
germinação - consistiu do registro das porcentagens de plântulas normais verificadas na
primeira contagem do teste de germinação, feita no quinto dia após a semeadura
(BRASIL, 2009); D- Índice de velocidade de germinação (IVG): calculado pela somatória
do número de sementes germinadas a cada dia dividido pelo número de dias decorridos
entre a semeadura e a germinação (IVG = G 1/N 1 + G2/N2 + ... + Gn/Nn, onde: G 1, G2, Gn =
número de plântulas germinadas na primeira, segunda, até a última contagem e N 1, N2,
Nn = número de semanas desde a primeira, segunda, até a última contagem); E- Tempo
médio de germinação (TMG): obtido por meio de contagens diárias das sementes
germinadas até o décimo primeiro dia após a semeadura e calculado pela seguinte
equação: TMG = !(>>, <7 S n i , em que: TMG é o tempo médio de germinação (dias),
ni é o número de sementes germinadas no intervalo entre cada contagem e ti é o tempo
decorrido entre o início da germinação até a i-ésima contagem; F- Comprimento inicial
16
de radícula (CI, mm): medida realizada (com auxílio de régua milimetrada) no 4°dia após
semeadura nas 50 plântulas consideradas normais nas caixas plásticas. Os valores foram
somados e obtido a média de cada parcela; G- Comprimento final de radícula (CF, mm):
medida realizada (com auxílio de régua milimetrada) no 7° dia após semeadura nas 50
plântulas consideradas normais contidas nas caixas plásticas. Os valores foram somados
e a média de cada parcela foi obtida; H- Também foi determinada a Superioridade relativa
(%) de cada população F2RC2 para as variáveis porcentagem de germinação (%G) e
porcentagem de primeira contagem (%PC) em relação às testemunhas (LA-716; cv. Sta.
Clara ou linhagem pré-comercial UFU- 650) por meio da equação: % relativa = [(C1/C2)
- 1] 100, em que: % relativa: equivale a diferença em porcentagem das populações
F2RC2 em relação às testemunhas. Ci: equivale à %G ou %PC do genótipo a ser calculado.
C2 : equivale à %G ou %PC da testemunha sob a qual deseja-se relacionar a superioridade
(LA-716, cv Sta. Clara ou UFU-650).
Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade (teste de Lilliefors) e
em seguida submetidos a análise de variância por meio do teste F (a = 0,05 e 0,01) em
ambos os experimentos. Foi realizado teste de Scott-Knott (a = 0,05), contrastes
ortogonais de interesse empregando o teste Scheffé (a = 0,05 e 0,01), contribuição relativa
dos caracteres para diversidade (SINGH, 1981) e agrupamento de otimização de Tocher.
Os procedimentos estatísticos foram realizados por meio do programa computacional
GENES (CRUZ, 2013).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após indução do estresse hídrico pode-se observar entre os genótipos avaliados
diferenças significativas para germinação, primeira contagem, índice de velocidade de
germinação, tempo médio de germinação, comprimento inicial e comprimento final
(Tabela 1).
17
TABELA 1. Porcentagem de germinação padrão (%GP) ausente de solução osmótica, porcentagem de germinação (%G), porcentagem de primeira contagem (%PC), índice de velocidade de germinação (IVG), tempo médio de germinação (TMG, dias), comprimento inicial (CI, mm), comprimento final (CF, mm) em genótipos de tomateiro sob potencial osmótico de -0,3 MPa induzido por manitol. Monte Carmelo, Universidade Federal de Uberlândia, 2016.
Genótipo (x) %GP % G %PC IVG TMG(Dias)
CI(mm)
CF(mm)
T1 UFU102/F2RC2#71115 90 a 91,5 a 73,5 a 11,7 a 4,4 a 5,2 a 25 aT2 UFU102/F2RC2#71114 92 a 91 a 77 a 11,3 a 4,6 a 4,2 a 21,5 aT3 UFU102/F2RC2#7118 94 a 85,5 a 73 a 11,2 a 4,3 a 3,5 b 19,2 aT4 UFU102/F2RC2#7117 83 b 77 b 61,5 a 9,4 a 4,8 a 4,4 a 15,5 bT5 UFU102/F2RC2#7122 84 b 76 b 39,5 b 10,1 a 5,1 a 2,1 c 13,3 bT6 UFU102/F2RC2#7912 91 a 74,5 b 44 b 7,7 b 5,7 b 1,6 c 14,2 bT7 UFU102/F2RC2#7139 88 a 70,5 b 50 b 7,5 b 5,2 a 2,5 b 14,4 bT8 UFU102/F2RC2#7917 85 b 70 b 47,5 b 8 b 4,9 a 2,4 b 16,9 bT9 LA-716 98 a 66,5 b 45 b 7,6 b 5,2 a 1 d 9,3 cT10 UFU102/F2RC2#7714 73 b 65 b 50 b 7,6 b 4,9 a 3,3 b 10,1 cT11 UFU102/F2RC2#71813 77 b 53,5 c 40 b 8,1 b 4,8 a 2,6 b 7,8 cT12 UFU102/F2RC2#7im 81 b 53 c 27,5 c 4,9 c 5,9 b 0,3 d 8,5 cT13 UFU102/F2RC2#7189 71 b 49 c 26,5 c 5,4 c 5,7 b 2 c 6,8 cT14 UFU102/F2RC2#71013 67 c 49 c 19,5 c 5,3 c 6,1 b 0,5 d 4,3 dT15 UFU-650 88 a 42 c 12,5 d 3,5 d 6,4 b 0,3 d 6 cT16 UFU102/F2RC2#791 65 c 38,5 d 17,5 c 4,7 c 5,7 b 0,8 d 5,8 cT17 UFU102/F2RC2#7812 81 b 36,5 d 17,5 c 3,3 d 6,3 b 0,3 d 1,7 dT18 UFU102/F2RC2#7185 64 c 29,5 d 20 c 4,1 c 5,4 a 1,2 c 2,5 dT19 UFU102/F2RC2#7153 93 a 29 d 5 d 2,2 d 7,4 c 0,1 d 2,6 dT20 cv. Santa Clara 83 b 27 d 4,5 d 2,1 d 7,2 c 0,2 d 3,2 d
Contrastes de interesse (y) Estimativas dos contrastes
C1= [(T1+T2+T3+T4+T5+T6+T7+T8+T10+T11+T12+T13+T14+T16+
T17+T18+T19)/17)]-(T9)16,9n s 5,4n s 4,4n s 0,4n s
CS
o~ 1,2n s 1,9n s
C2=[(T1+T2+T3+T4+T5+T6+T7+T8+T10+T11+T12+T13+T14+T16+T17+T18+T19/17)]-(T15+T20/2)
4,4ns 26,6** 32,1** 4,4** 1,5** 1,9ns 6,6ns
C3= [(T1+T2/2)]-(T9) 7,0ns 24,8ns 30,3ns 3,9ns 0,7ns 3,7* 14,0**
C4= [(T1+T2/2)] -(T15+T20/2) 5,5ns 56,8** 66,8** 8,7** 2,3** 4,4** 18,6**
(x) Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si, a 0,05 de probabilidade pelo teste de Scott- Knott;(y)**, *- significativo a 0,01 e 0,05 de probabilidade e ns - não significativo, respectivamente, pelo teste Scheffé{(x)
18
O acesso selvagem tolerante ao estresse hídrico (S. pennellii) apresentou
diferenças significativas em relação à testemunha suscetível (linhagem pré-comercial
UFU-650) para a maioria das variáveis avaliadas, exceto para comprimento inicial e final
da radícula. O acesso S. pennellii também apresentou maior tolerância ao estresse hídrico
comparativamente a cv. Santa Clara em todas as características avaliadas, exceto no
comprimento inicial. Considerando as variáveis %G e %PC (Tabela 2), o acesso selvagem
LA-716 (S. pennellii) apresentou superioridade relativa em relação a cv. Santa Clara de
146,3% e 900%, respectivamente. Na figura 1 é possível observar a maior porcentagem
de germinação do acesso LA-716 em relação as duas testemunhas suscetíveis.
FIGURA 1. cv. Santa Clara; Solanum pennellii; UFU-650 (7o dia após semeadura).
O acesso S. pennellii também apresentou superioridade em relação à linhagem
pré-comercial UFU-650, sendo de 58,3% para a variável %G e 260,0% para a variável
%PC. Esses resultados comprovam que o estresse hídrico induzido por manitol no nível
de potencial osmótico de -0,3 MPa proporciona eficiência na seleção dos genótipos
tolerantes em tomateiro. Custódio et al. (2010) verificou em seu trabalho que os potenciais
0; -0,3; -0,6 e -0,9 MPa da solução não promoveram diferenças de germinação em
sementes de feijão. Em contrapartida Ávila et al. (2007), trabalhando com sementes de
canola, observou que quando as sementes foram submetidas até o nível de potencial
osmótico de -0,25 Mpa, estas apresentaram germinação satisfatória e que a partir desse
nível de potencial osmótico ocorreu redução significativa na germinação. O fato da cv.
19
Santa Clara estar entre os piores desempenhos em relação a todos os genótipos avaliados
confirma a suscetibilidade quanto ao estresse hídrico. Por outro lado, a superioridade de
alguns genótipos foi comprovada ao analisar a superioridade relativa entre os genótipos
F2RC2 versus testemunhas suscetíveis e resistente (Tabela 2).
TABELA 2. Superioridade relativa dos 17 genótipos em relação as testemunhas, acesso selvagem S. pennellii (LA-716), cv. Santa Clara e linhagem pré-comercial UFU-650. Monte Carmelo, Universidade Federal de Uberlândia, 2016.
Genótipo SR (G%) LA-716
SR (PC%) LA-716
SR (G%) cv. Sta. Clara
SR (PC%) cv. Sta Clara
SR(G%)UFU-650
SR (PC%) UFU-650
T1 UFU102/F2RC2#71115 37,6 63,3 238,9 1533,3 117,9 488,0
T2 UFU102/F2RC2#71114 36,8 71,1 237,0 1611,1 116,7 516,0
T3 UFU102/F2RC2#7118 28,6 62,2 216,7 1522,2 103,6 484,0
T4 UFU102/F2RC2#7117 15,8 36,7 185,2 1266,7 83,3 392,0
T5 UFU102/F2RC2#7122 14,3 -12,2 181,5 777,8 81,0 216,0
T6 UFU102/F2RC2#7912 12,0 -2,2 175,9 877,8 77,4 252,0
T7 UFU102/F2RC2#7139 6,0 11,1 161,1 1011,1 67,9 300,0
T8 UFU102/F2RC2#7917 5,3 5,6 159,3 955,6 66,7 280,0
T9 LA-716 0,0 0,0 146,3 900,0 58,3 260,0
T10 UFU102/F2RC2#7714 -2,3 11,1 140,7 1011,1 54,8 300,0
T11 UFU102/F2RC2#71813 -19,5 -11,1 98,1 788,9 27,4 220,0
T12 UFU102/F2RC2#71111 -20,3 -38,9 96,3 511,1 26,2 120,0
T13 UFU102/F2RC2#7189 -26,3 -41,1 81,5 488,9 16,7 112,0
T14 UFU102/F2RC2#71013 -26,3 -56,7 81,5 333,3 16,7 56,0
T15 UFU-650 -36,8 -72,2 55,6 177,8 0,0 0,0
T16 UFU102/F2RC2#791 -42,1 -61,1 42,6 288,9 -8,3 40,0
T17 UFU102/F2RC2#7812 -45,1 -61,1 35,2 288,9 -13,1 40,0
T18 UFU102/F2RC2#7185 -55,6 -55,6 9,3 344,4 -29,8 60,0
T19 UFU102/F2RC2#7153 -56,4 -88,9 7,4 11,1 -31,0 -60,0
T20 c v . Santa Clara -59,4 -90,0 0,0 0,0 -35,7 -64,0
Os acessos UFU102/F2RC2#71115 e UFU102/F2RC2#71114 apresentaram maior
tolerância ao estresse hídrico em relação aos demais genótipos. Esses apresentaram
superioridade em relação a cv. Santa Clara de 238,9% e 237,0 % respectivamente para
%G e de 1533,1% e 1611,1% para %PC (Tabela 2). Em relação à linhagem pré-comercial
UFU-650 esses genótipos também apresentaram superioridade de 117,9% e 116,7% para
20
a variável %G e de 488,0% e 516% para a variável %PC. Não só em relação às duas
testemunhas suscetíveis, mas na geração F2RC2, foi possível identificar acessos que foram
superiores em relação ao genitor recorrente doador da característica em questão, entre os
quais estão os acessos UFU102/F2RC2#71115 e UFU102/F2RC2#71114 que
apresentaram superioridade de 37,6% e 36,8% para a variável %G e de 63,3% e 71,1%
para %PC.
Pode-se verificar também que de forma majoritária ocorreu uma queda na %G
quando as sementes foram induzidas ao estresse hídrico e isso ocorreu pela redução na
disponibilidade de água requerida para a ativação e manutenção do metabolismo das
sementes (BEWLEY et al., 2013).
Após analisado a significância dos contrastes de interesse (Tabela 1), pode-se
observar que o C1 e C3 majoritariamente não foram significativos. Isso demonstra que os
genótipos F2RC2 de tomateiro foram semelhantes em relação ao genitor recorrente LA-
716 e indica que o programa de melhoramento apresentou resultado satisfatório referente
a progressos na seleção, uma vez que os novos genótipos trazem consigo alelos do genitor
recorrente que caracterizam a tolerância ao estresse hídrico. Já no C2 pôde-se observar
que as médias obtidas pelos genótipos foram em sua maioria superiores as médias das
testemunhas suscetíveis cv. Santa Clara e linhagem pré-comercial UFU-650. Ao avaliar
o C4 para as variáveis analisadas sob estresse induzido, observa-se que para todas as
características as médias dos tratamentos foram superiores às testemunhas UFU-650 e cv.
Sta. Clara. Os resultados obtidos pelos contrastes reforçam a eficiência de seleção de
genótipos de tomateiro tolerantes ao estresse hídrico a partir de soluções obtidas com
manitol e indicam que os genótipos UFU102/F2RC2#71115 e UFU102/F2RC2#71114
foram promissores em relação à tolerância ao estresse hídrico.
Mediante a análise de agrupamento pelo método de otimização de Tocher (Tabela
3) os genótipos foram separados em 5 grupos. A formação dos grupos indica que houve
variabilidade entre os genótipos estudados. Nove genótipos foram agrupados no grupo I
e dentro dele estão as duas testemunhas suscetíveis (cv. Santa Clara e linhagem pré-
comercial UFU-650), o que indica que esses genótipos são potencialmente sucetíveis ao
estresse hídrico.
21
TABELA 3. Padrão de agrupamento de 20 genótipos de tomateiro com base na divergência genética. Monte Carmelo, Universidade Federal de Uberlândia, 2016.
Grupo Número de Genótipos Genótipos
I 9UFU102/F2RC2#7153, cv. Santa Clara, UFU 650, UFU102/F2RC2#7812, UFU102/F2RC2#791, UFU102/F2RC2#7189, UFU102/F2RC2#71013, UFU102/F2RC2#71111, UFU102/F2RC2#7185
II 8UFU102/F2RC2#7139, UFU102/F2RC2#7917, UFU102/F2RC2#7912, UFU102/F2RC2#7117, UFU102/F2RC2#7714, LA 716, UFU102/F2RC2#7118, UFU102/F2RC2#71114
III 1 UFU102/F2RC2#71115IV 1 UFU102/F2RC2#71813V 1 UFU102/F2RC2#7122
O grupo II foi composto por 8 genótipos e entre eles está a testemunha resistente
LA-716 (S. pennellii) doadora da característica de tolerância ao estresse hídrico. Diante
disso, pode-se afirmar que estes 7 genótipos (UFU102/F2RC2#7139,
UFU102/F2RC2#7917, UFU102/F2RC2#7912, UFU102/F2RC2#7117,
UFU102/F2RC2#7714, UFU102/F2RC2#7118, UFU102/F2RC2#71114) apresentaram
níveis satisfatórios de tolerância ao estresse hídrico que os enquadram no mesmo grupo.
No entanto, isso não indica que esses genótipos foram os melhores para essa
característica. Ao observarmos o teste de médias (Tabela 1) o genótipo
UFU102/F2RC2#71115 foi um dos que apresentou os melhores resultados para ambas as
características estudadas e, ao verificar a formação dos grupos, pode-se observar que esse
genótipo apresentou-se de forma isolada compondo o grupo III. Isso demonstra que a
separação dos grupos pelo método Tocher evidenciou um genótipo com características
melhores do que o doador da tolerância em questão. Esse resultado pode ser explicado
pela segregação transgressiva que ocorre quando os fenótipos de uma geração segregante
excedem os limites estabelecidos pelos valores parentais correspondentes devido à
formação de novas combinações gênicas nas quais o balanço de forças presentes nos
genótipos parentais é quebrado pela recombinação (GRANT, 1964). Assim, sugere-se
22
que o genótipo UFU102-F2RC2-71115 foi o mais promissor para utilização em futuros
programas de melhoramento genético de tomateiro visando níveis satisfatórios de
resistência ao estresse hídrico. A média aglomerada dos 20 genótipos (Tabela 4) revelou
que o genótipo UFU102/F2RC2#71115, que formou sozinho o grupo III, expressa a maior
média para %G (91,5%), %PC (73,5%), IVG (11,7), CI (5,2 mm) e CF (25,0 mm) e
também apresentou o menor tempo médio de germinação (4,4 dias).
TABELA 4. Média aglomerada de 20 genótipos de tomateiro em função de 6 características. Monte Carmelo, Universidade Federal de Uberlândia, 2016.
I II III IV V% G 39,3 75,0 91,5 53,5 76,0%PC 16,7 56,0 73,5 40,0 39,5IVG 3,9 8,8 11,7 8,1 10,1TMG (Dias) 6,2 4,9 4,4 4,8 5,1CI (mm) 0,6 2,8 5,2 2,6 2,1CF (mm) 4,6 15,1 25,0 7,8 13,3
O grupo II que compõe os genótipos semelhantes ao S.pennelli apresentaram a
segunda maior média para %PC (56%), CI (2,8 mm) e CF (15,1 mm). O grupo V
apresentou a segunda maior média para %G (76%), semelhante ao grupo II (75%). O
grupo IV apresentou o segundo menor TMG variável, o qual é importante para detectar a
rapidez das sementes em germinar e consequentemente, em se estabelecer num
determinado local (FERREIRA et al., 2001; BORGHETTI e FERREIRA, 2004). O grupo
I no qual se agruparam as testemunhas sucetíveis apresentou os menores valores para %G,
%PC, IVG, CI, CF e maior valor para TMG. Isso indica que esses genótipos são
suscetíveis ao estresse hídrico. Segundo Kramer (1974), o declínio no crescimento das
plântulas sob estresse hídrico é devido à redução da expansão celular. Ao diminuir a
pressão de turgor, o estresse hídrico afeta a expansão e o crescimento celular, o que
interfere no metabolismo, crescimento e estabelecimento das plântulas (JALEEL et al.
2009).
As características com maiores contribuições relativas para a avaliação da
diversidade dos acessos (Tabela 5) foram, segundo o método de Singh (1981), % de
germinação, índice de velocidade de germinação e comprimento final.
23
Tabela 5. Contribuição relativa dos caracteres %G, IVG, CF (mm), %PC, TMG, CI (mm) para diversidade - SINGH (1981).
Variável S.J Valor em %
%G 1.387,8 33,9
IVG 771,5 18,9
CF (mm) 697,0 17,0
%PC 518,3 12,7
TMG (Dias) 445,7 10,9
CI (mm) 270,3 6,6
Sugestão de variável para descarte: CI
A variável %G contribuiu na diferenciação dos genótipos em 33,9%, sendo este o
critério mais importante. Ao observar a média dos grupos (Tabela 4) para %G é possível
verificar que os genótipos foram expressivamente distintos, possuindo uma variabilidade
de 39,3% no grupo I a 91,5% no grupo III. As variáveis que proporcionaram as menores
contribuições, com menores valores de importância relativa foram % de primeira
contagem, tempo médio de germinação e comprimento inicial. A variável CI foi a que
teve uma menor contribuição. Ao avaliar as médias dos grupos (Tabela 5) pode-se
observar que os genótipos foram homogêneos, apresentando uma variabilidade de apenas
4,6 mm. Essa característica contribuiu com apenas 6 ,6 %, sendo esta apontada como
passível de descarte.
24
4. CONCLUSÃO
O genótipo UFU102/F2RC2#71115 foi o mais tolerante sob estresse hídrico. Por
esse motivo, sugere-se o seu uso em futuros programas de melhoramento genético de
tomateiro visando níveis satisfatórios de tolerância ao estresse por deficiência hídrica.
Houve variabilidade genética entre os acessos avaliados sob estresse hídrico.
A variável %G indicou ser a mais importante para diferenciação dos genótipos
após exposição a condições de estresse hídrico induzido por manitol e a variável Ci foi
sugerida como descarte.
25
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26
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27
CAPÍTULO III
TROCAS GASOSAS E EFICIÊN CIA DO USO DA ÁGUA NA SELEÇÃO DE
GENÓTIPOS DE TOM ATEIRO TOLERANTES AO ESTRESSE PO R
DEFICIÊNCIA HÍDRICA
28
TROCAS GASOSAS E EFICIÊN CIA DO USO DA ÁGUA NA SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE TOM ATEIRO TOLERANTES AO ESTRESSE PO R
DEFICIÊNCIA HÍDRICA
RESUMO
A cultura do tomateiro adapta-se a diversas condições climáticas, no entanto o déficit hídrico pode afetar a produção. Várias pesquisas têm comprovado a eficiência da seleção de genótipos tolerantes ao déficit hídrico a partir de parâmetros fisiológicos, porém a utilização destas avaliações na seleção de tomateiro são escassas. Objetivou-se neste trabalho estudar as variáveis relacionadas às trocas gasosas e eficiência do uso da água na seleção de genótipos de tomateiro tolerantes ao estresse por deficiência hídrica. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com três repetições e oito tratamentos, sendo 5 genótipos F2RC 1 provenientes do cruzamento interespecífico entre Solanum pennellii e Solanum lycopersicum e três testemunhas, duas suscetíveis (linhagem pré-comercial UFU-222; cv. Santa Clara); e uma resistente (S. pennellii). O experimento foi conduzido em ambiente protegido com monitoramento da densidade de fluxo (W m-2), radiação solar global (Qg), temperatura do ar (°C), umidade relativa do ar (%) e o potencial mátrico no substrato (kPa). As características fisiológicas coletadas foram: temperatura foliar (Tleaf), CO2 interno (Ci), transpiração (E), condutância estomática (gs) e assimilação de CO2 (A), determinadas pelo analisador portátil de gás no infravermelho - IRGA; níveis de clorofila a e b, utilizando-se um medidor portátil de clorofila clorofiLOG (CFL-1030, Falker) e o potencial hídrico foliar (Y) com o uso de uma câmara de pressão tipo Scholander (SoilMoisturemodel3000). Todos os parâmetros avaliados apresentaram valores significativos entre os genótipos. A tolerância ao estresse hídrico do acesso selvagem Solanum pennellii não é determinada exclusivamente por caracteres morfo-anatômicos, podendo ser caracterizada por medidas gasosas e de potencial hídrico foliar (Y) sendo a eficiência instantânea no uso da água possivelmente a principal variável resposta que caracteriza esse acesso. A população UFU2 2 /F2RC i # 2
se destacou entre as demais como a mais promissora, apresentando elevadas taxas fotossintéticas associadas à baixa condutância estomática e transpiração.
PALAVRAS-CHAVE: IRGA, clorofila, potencial hídrico.
29
GAS EXCHANGE AND W ATER USE EFFICIENCY IN TOM ATO GENOTYPES SELECTION TOLERANT TO STRESS BY W ATER
DEFICIENCY
ABSTRACT
The tomato crop can be adapted to different climatic conditions, however the water stress can affect production. Several researches have proven the efficiency of selection of genotypes tolerant to water stress from physiological parameters, but the use of these assessments in tomato selection are scarce. This experiment aimed to study variables related to gas exchange and efficiency of water use in the selection of tomato genotypes tolerant to stress by water deficiency. The test was carried out in a completely randomized design with three replications and eight treatments, five F2RC1 which were obtained from an interespecific cross between Solanumpennellii and Solanum lycopersicum L. and three genotypes as check treatments, two susceptible (pre-commercial line UFU-222; cv Santa Clara.); and a resistant (S. pennellii). The experiment was conducted in a greenhouse with flux density monitoring (W m-2), solar radiation (Qg), air temperature (°C), relative humidity (%) and the matric potential in the substrate (kPa). The collected physiological characteristics were: leaf temperature (Tleaf), internal CO2 (Ci), transpiration (E), stomatal conductance (gs) and CO2 assimilation (A), determined by portable gas analyzer infrared - IRGA; Chlorophyll levels a and b by using a hand-held chlorophyll meter clorofiLOG (CFL-1030, Falker) and leaf water potential (Y) using a pressure chamber type Scholander (SoilMoisturemodel3000). All parameters showed significant values among genotypes. The water stress tolerance of wild accession Solanum pennellii is not determined solely by morphological and anatomical characters, it can be characterized by gas measurements and leaf water potential (Y) and the instantaneous efficiency in water use is possibly the main variable response that characterizes this access. The population UFU2 2 /F2BC i # 2 was highlighted among the others as the most promising, featuring high photosynthetic rates associated with low stomatal conductance and transpiration.
KEYW ORDS: IRGA, chlorophyll, water potential.
30
1. INTRODUÇÃO
O cultivo do tomateiro (Solanum lycopersicum L.) possui relevante aspecto
econômico e social no mundo (HEINE et al., 2015), sendo que o Brasil está entre os 10
maiores produtores (AGRIANUAL, 2016). A cultura se adapta a diversas condições
climáticas (ALVARENGA, 2013), porém a ocorrência de estresses abióticos, como o
estresse hídrico, é um dos maiores problemas que afetam a produção desta hortaliça
(YAVUZET et al., 2007; BIRHANU; TILAHUN, 2010; OZBAHÇE et al., 2012; AKSIC
et al., 2011; CELEBI, 2014). Ao longo do ciclo essa hortaliça necessita de
aproximadamente 700 mm de água (MELO, de., 2014) e o déficit hídrico pode interferir
no desenvolvimento e na produtividade das plantas (BRAY 2004).
Nas regiões áridas e semiáridas os conflitos pelo uso da água se tornaram
um fator limitante, no entanto esta realidade também é observada em regiões que possuem
recursos hídricos abundantes porém incapazes de suprir a elevada demanda (TELLES;
COSTA, 2010). Além disso, culturas exigentes em irrigação possuem gastos relevantes
com energia. Nesse sentido, desenvolver genótipos com tolerância ao estresse hídrico se
torna uma estratégia de menor custo e maior eficiência em regiões de déficit hídrico
(GIROTTO et al., 2012) e uma alternativa para reduzir despesas com irrigação.
O processo de domesticação do tomateiro levou à escassez de genótipos que
apresentam tolerância ao estresse hídrico (ALVARENGA, 2004). No entanto, o acesso
selvagem LA-716 (Solanum pennellii), apesar de não possuir boas características
agronômicas, apresenta maior eficiência no uso da água em relação a cultivares
comerciais (ROCHA et al., 2016). Com o melhoramento genético é possível o resgate de
características agronômicas através do cruzamento interespecífico seguido de três
retrocruzamentos com background de interesse (MACIEL et al., 2010; MALUF et al.,
2011; MACIEL et al., 2011).
Métodos diretos para seleção de genótipos tolerantes ao déficit hídrico são
onerosos e demandam mais tempo de execução, o que faz com que os métodos indiretos
sejam mais atrativos. Várias pesquisas têm comprovado a eficiência de seleção de
genótipos tolerantes ao déficit hídrico a partir da utilização de diferentes técnicas, como
sintomas visuais, balanço da água no solo, fluxo de seiva, condutância estomática,
análises de trocas gasosas, troca de vapor de água e CO2 entre a folha e atmosfera
(BIRHANU; TILAHUN, 2010; AKSIC et al., 2011; CELEBI, 2014; BEGUM et al.,
31
2012; ROCHA et al., 2016). No entanto a utilização destas avaliações na seleção de
genótipos de tomateiro são escassas.
Diante disso, o objetivo deste trabalho foi estudar variáveis relacionadas às trocas
gasosas e eficiência do uso da água na seleção de genótipos de tomateiro tolerantes ao
estresse por deficiência hídrica.
2. M ATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Hortaliças
(18°42’43,19” S e 47°29'55,8” W, 873 m de altitude) e no LAGEN (Laboratório de
Análise de Sementes e Recursos Genéticos) da Universidade Federal de Uberlândia-UFU,
Campus Monte Carmelo, no período de maio de 2013 a agosto de 2016.
O material genético utilizado foi proveniente do Banco de Germoplasma de
Hortaliças da UFU. As populações segregantes avaliadas foram provenientes do
cruzamento interespecífico entre a linhagem UFU-222 (S. lycopersicum) versus acesso
selvagem LA-716 (S. pennellii). UFU-222 é uma linhagem pré-comercial, apresenta
frutos pequenos (>18g), 9° brix e é suscetível ao estresse hídrico. O acesso selvagem S.
pennellii possui alto teor de acilaçúcares, frutos pequenos (15g) e tolerante ao déficit
hídrico (ROCHA et al., 2016).
Para a seleção de plantas tolerantes ao estresse hídrico utilizaram-se cinco
populações F2RC 1 provenientes da autofecundação do primeiro retrocruzamento F 1RC1:
UFU22/F2RC1#8, UFU22/F2RC1#9, UFU47/F2RC1#11, UFU22/F2RC1#2,
UFU2 2 /F2RC 1#3 e as testemunhas cv. Santa Clara, linhagem pré-comercial UFU-222 e o
acesso selvagem S. pennellii (ROCHA et al., 2016).
A semeadura dos genótipos foi realizada no dia 05 de maio de 2016, em bandejas
de poliestireno de 200 células preenchidas com substrato à base de fibra de coco. Após
35 dias foi realizado o transplantio em vasos plásticos de 5 L contendo o mesmo substrato
utilizado para produção das mudas. As plantas foram conduzidas em casa de vegetação
do tipo arco, com dimensões de 7 x 21 m e pé direito de 4 metros, coberta com filme de
polietileno transparente de 150 micra, aditivado contra raios ultravioleta e cortinas laterais
de tela branca anti-afídeos. Os tratos culturais foram realizados conforme recomendações
para a cultura até o final do experimento (FILGUEIRA, 2008). Foi utilizado o
32
delineamento inteiramente casualizado (DIC), contendo três repetições, totalizando 24
parcelas. Cada parcela foi representada por uma planta.
As condições meteorológicas no interior da casa de vegetação foram monitoradas
com uma estação meteorológica automática (Figura 2), sendo assim monitoradas a
densidade de fluxo (W m-2) da radiação solar global (Qg) através de piranômetro de
fotodiodo de silício (NRLITE - Campbell Sci.) e a temperatura (°C) e umidade relativa
do ar (%) através de sensor Vaissala (HMP45C - Campbell Sci.). Os sensores foram
instalados no vão central da casa de vegetação acima do dossel da cultura e ligados a um
sistema de aquisição de dados (Datalogger CR1000 - Campbell Sci.), os quais foram
armazenados em intervalos de 15 minutos (valores médios ou integrados).
FIGURA 2. (a) Distribuição dos vasos na casa de vegetação. (b) Estação meteorológica automática instalada no interior da casa de vegetação.
Foram instalados tensiômetros em cada parcela (Figura 3) 20 dias antes da
avaliação (98 DAS) para monitorar a tensão da água no substrato. As irrigações foram
feitas de forma graduada, mantendo a umidade do substrato em condições ótimas (-
10kPa). A partir de 116 DAS (pleno florescimento) as plantas foram submetidas a uma
condição de déficit hídrico, induzindo a tensão de água no substrato à -30 kPa por meio
da suspensão da irrigação. Em 31 de Agosto (118 DAS) foram realizadas as avaliações
de trocas gasosas, índice de clorofila e potencial hídrico foliar.
33
FIGURA 3. Tensiômetros instalados em cada parcela 20 dias antes da avaliação (11/08/2016) para monitoramento da tensão de água no substrato.
Os parâmetros de trocas gasosas foram verificados em três folhas do terço médio
de uma planta em cada parcela no horário da manhã ( ± 8 h), utilizando o equipamento
Infra RedGasAnalazyer (IRGA, modelo LCA-4, AnalyticaDevelopmentCo., Hoddesdon,
Inglaterra) (Figura 4). Foram obtidos: assimilação de CO2 (A), CO2 interno (Ci),
condutância estomática (gs), transpiração (E) e temperatura foliar (T). A eficiência
instantânea do uso da água (EUA) foi calculada a partir da razão entre a assimilação de
CO2 e a transpiração foliar (A/E), a eficiência intrínseca do uso da água (EIUA) foi
calculada a partir da razão entre a assimilação de CO2 e a condutância estomática (A/gs)
e a eficiência instantânea de carboxilação (EIC) através da razão entre a assimilação de
CO2 e o CO2 interno (A/Ci). Os valores foram somados e obtido a média de cada parcela.
FIGURA 4. Análise das trocas gasosas nos tomateiros submetidos ao estresse hídrico com o uso do IRGA no dia 31/08/2016.
34
Os níveis de clorofila a e b foram analisados em duas folhas do terço médio das
plantas utilizando-se um medidor portátil de clorofila clorofiLOG (CFL-1030, Falker),
que fornecem medições relativas do total de clorofila ( 0 a 1 0 0 ), mas que se correlaciona
linearmente com o teor de clorofila total (RIGON et al., 2012). Os valores foram somados
e obtido a média de cada parcela.
O potencial hídrico foliar (Y) foi medido antes do amanhecer (±5 h) com o uso de
uma câmara de pressão tipo Scholander (SoilMoisturemodel3000) (Figura 5), sendo para
isso utilizadas cinco folhas do terço médio da planta. Posteriormente os valores foram
somados e obtido a média de cada parcela.
FIGURA 5. Avaliação do potencial hídrico foliar (Y) com o uso da câmara de Scholander realizadas na manhã do dia 31/08/2016.
Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade (teste de Lilliefors) e
em seguida à análise de variância, sendo as somas dos quadrados médios comparadas
pelo teste F (a = 0,05). Para comparação das médias foi utilizado o teste Tukey (a = 0,05)
utilizando o programa GENES (CRUZ, 2013).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A disponibilidade hídrica no substrato não foi restritiva para demanda hídrica das
plantas (média abaixo de -10 kPa) até o momento da imposição do déficit. Após dois dias
35
da imposição do déficit hídrico, no momento das avaliações fisiológicas, o substrato
estava submetido à tensão moderada (média acima de -25 kPa), garantindo que as plantas
estivessem submetidas a um déficit hídrico moderado para substrato (Figura 6 ).
Marouelli, et al. (2005) indicaram que para tomateiro cultivado em substrato à base de
fibra de coco, após 28 horas da suspensão da irrigação, ocorre estresse hídrico que
promove a perda de turgidez das plantas.
Data
FIGURA 6 . Potencial mátrico (kPa) da água no substrato durante o período de 18 a 31/08/2016.
Em relação às condições meteorológicas no interior da casa de vegetação, a
temperatura média observada foi de 23,4°C, variando entre 15,9 e 33,6°C, estando os
mesmos na faixa ideal para o desenvolvimento da cultura (entre 10 e 34oC)
(ALVARENGA, 2004). A umidade relativa média do período foi de 60,3%, variando
entre 33,5 e 86,4%. A média da radiação solar global e déficit de pressão de vapor
observadas foram 167 W.m-2e 1,38 kPa (Figura 7).
8 0
4 0
0
H o r a r i o
4
3
2
1
0
DTI<XTI0)
H o r á r i o
FIGURA 7. Temperatura (°C), Umidade relativa (%), Radiação Solar Global (W.m-2), Déficit de pressão de vapor (kPa), monitorados no dia 31/08/16.
36
Endres et al. (2010) sugerem que a relação entre temperatura foliar e ambiente
pode ser usada como indicador das condições hídricas da planta o qual, devidamente
obtido, pode ser utilizado para indicar o estresse hídrico. Ao analisar a temperatura foliar
verifica-se que a cv. Santa Clara apresentou uma temperatura 20% superior à temperatura
foliar do acesso selvagem (S. pennellii), sendo que neste as folhas estavam
aproximadamente 3 °C abaixo da temperatura foliar média observada. Os genótipos
das populações UFU2 2 /F2RC i #9 , UFU4 7 /F2RC i # 1 1 e linhagem pré-comercial UFU-222
tiveram comportamento semelhante ao observado para a variedade comercial (cv. Santa
Clara), enquanto que o genótipo da população UFU2 2 /F2RC i # 8 apresentou
comportamento semelhante ao acesso selvagem (Tabela 6 ).
TABELA 6 . Médias de Tleaf - temperatura foliar (°C), gs - condutância estomática (mol m-2 s-1), E - transpiração (mmol m -2 s-1), Ci - CO2 interno (mmol m-2 s-1), A - assimilação de CO2 (pmol m -2 s-1), A/E - eficiência instantânea do uso de água (mmol CO2 mol-1
H2O), A/gs - eficiência intrínseca do uso de água (mmol m -2 s-1 H2O) e A/Ci - eficiência instantânea de carboxilação em genótipos F2RC 1 de tomateiros submetidos ao déficit hídrico.
Genótipo T leaf Gs E Ci A A/E A/gs A/ciT1 UFU22/F2RC1#8 25,60 a 0,05 b 2,18 d 370,44 a 1,57 e 0,72 e 40,90 cd 0,001 eT2 UFU22/F2RC1#9 30,37 d 0,09 c 1,25 c 354,22 a 4,84 c 3,84 c 49,00 c 0,013 bcT3 UFU47/F2RC1#11 30,03 cd 0,09 c 0,76 ab 299,11 bc 1,72 e 2,31 d 20,15 d 0,007 deT4 UFU22/F2RC1#2 28,82 c 0,03 a 0,60 a 251,88 d 3,08 d 5,30 b 119,55 a 0,010 cdT5 UFU22/F2RC1#3 27,25 b 0,05 b 0,80 b 351,00 a 2,56 de 3,22 cd 58,12 c 0,010 cdT6 UFU-222 29,68 cd 0,14 d 2,26 d 258,88 cd 6,51 ab 2,89 cd 45,50 c 0,027 aT7 cv. Santa Clara 30,75 d 0,13 d 2,22 d 234,11 d 6,95 a 3,13 cd 55,01 c 0,031 aT8 Solanum pennellii 25,66 a 0,06 b 0,82 b 338,00 ab 5,62 bc 6,76 a 90,36 b 0,018 b
CV 2,87 15,57 7,70 9,42 19,27 22,88 27,48 28,260Média Geral 28,52 0,08 1,36 307,20 4,11 3,52 59,82 0,014
*Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de significância.
Zeist (2015) não observou o mesmo resultado para este parâmetro, relatando que
não houve diferença significativa entre os genótipos testados quando comparado com
variedades comerciais e o acesso selvagem S. pennellii. No entanto, o mesmo autor não
submeteu os genótipos ao déficit hídrico. Oliveira et al. (2005) afirmaram que a
temperatura foliar tem relação inversa à condutância estomática, pois a diminuição da
condutância estomática proporciona menor transpiração o que leva a um incremento na
temperatura das folhas. No entanto, no presente trabalho não foi possível verificar essa
37
relação devido a algum distúrbio na fisiologia da planta que pode ter afetado esse
mecanismo.
Segundo Taiz e Zeiger (2009), a redução da condutância estomática é a maneira
pela qual as plantas podem se adaptar fisiologicamente às condições de seca. A linhagem
pré-comercial UFU-222 apresentou a maior gs e não diferiu estatisticamente da cv. Santa
Clara (0,13 mol m-2 s-1). Já o acesso S. pennellii apresentou gs significativamente inferior
(54%) quando comparado a essa cultivar.
Os genótipos das populações UFU22/F2RC 1#8, UFU22/F2RC1#2 e
UFU22/F2RC 1#3 tem gs igual ou inferior quando comparado com o acesso S. pennellii.
A redução da condutância estomática decorrente do fechamento dos estômatos reduz as
perdas de água por transpiração, no entanto essa estratégia reflete na redução da taxa
fotossintética (XOCONOSTLE-CAZARES et al., 2010), visto que o fechamento dos
estômatos dificulta a difusão de CO2 que é fundamental para realização da fotossíntese.
A transpiração (E) média observada foi de 1,36 mmol m -2 s-1. As maiores E foram
observadas para os genótipos Santa Clara, UFU22/F2RC i #8 e UFU-222 diferindo
estatisticamente dos demais genótipos. Os genótipos das populações de menor
transpiração foram UFU2 2 /F2RC i # 2 e UFU47/F2RC i #11, sendo que o último não diferiu
estatisticamente dos genótipos da população UFU22/F2RC1#3 e do acesso selvagem S.
pennellii. A baixa taxa de transpiração do acesso S. pennellii evidencia sua capacidade de
tolerância ao déficit hídrico e permite o seu desenvolvimento em regiões áridas, como
relata o trabalho de Easlon e Richards (2009), sendo assim um material promissor na
busca de genótipos de tomateiro tolerantes ao estresse hídrico. A E inferior pode estar
associada a fatores não estomáticos, como variações na cutícula da folha que permite a
redução da perda de água por transpiração.
Segundo Larcher (2000), plantas que são submetidas à deficiência hídrica no solo
ou na atmosfera possuem folhas com uma cutícula mais espessa do que as plantas da
mesma espécie em condições de disponibilidade hídrica adequada. Dessa forma, o acesso
selvagem S. pennellii tem características morfo-anatômicas na folha que lhe permite
tolerância à seca (KEBEDE et al., 1994).
Quanto ao CO2 interno (Ci), os genótipos das populações UFU2 2 /F2RC 1#8 ,
UFU22/F2RC 1#9 e UFU22/F2RC 1#3 não diferem entre si e são semelhantes ao Ci
observado para o acesso S. pennellii, sendo estes superiores ao valor médio observado
38
para o experimento (307 mmol m -2 s-1). Houve diferença significativa entre os genótipos
S. pennellii e cv. Santa Clara, 338 e 234,11 mmol m -2 s-1, respectivamente. Os genótipos
das populações, UFU2 2 /F2RC1#2 e UFU-222 não diferem significativamente da cv. Santa
Clara. A disponibilidade de CO2 para fotossíntese depende da sua difusão da atmosfera
para o mesofilo foliar (KERBAUY, 2008).
De acordo com Machado et al. (2005), o Ci consiste no balanço nulo entre o CO2
que entra e o que sai da câmara subestomática. Valores significativamente superiores de
Ci para alguns genótipos em comparação ao S. pennellii demonstram que os mesmos
proporcionaram maior disponibilidade de CO2 para a ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase-
oxigenase (rubisco). No entanto, no presente trabalho isso não influenciou em maior
assimilação A e isso pode estar relacionado à queda na atividade de enzimas envolvidas
no processo de fixação de CO2 (MACHADO et al., 2005).
Analisando a assimilação de CO2 (A) dos genótipos, verificou-se maior A para a
cv. Santa Clara na ordem de 24% superior ao observado para o acesso S. pennellii. Porém,
a A de ambos foi superior quando comparado aos genótipos testados. Ressaltam-se ainda
entre os outros genótipos testados a linhagem pré-comercial UFU-222, que não diferiu
estatisticamente quando comparado aos genótipos suscetível e tolerante (cv. Santa Clara
e S. pennellii, respectivamente) e os genótipos da população UFU2 2 /F2RC 1#9 que têm
assimilação de CO2 semelhante ao observado para o S. pennellii.
O valor médio da assimilação de CO2 observado no experimento é baixo (4,11
pmol m-2 s-1) quando comparado aos resultados experimentais de desempenho de outros
genótipos, 19,37pmol m -2 s-1, sob condições hídricas ótimas (ZEIST, 2015). Isso
comprova que o estresse hídrico tem o potencial de afetar os processos fisiológicos e
bioquímicos dos vegetais, como a fotossíntese (JALEEL et al., 2009; FAROOQ et al.,
2009).
A maior eficiência instantânea no uso da água (EUA) para o acesso selvagem S.
pennellii, em comparação aos demais genótipos, está relacionado ao fato que o mesmo
apresentou baixa E sem acarretar danos ao A. Assim, o acréscimo da EUA ocorre devido
à conservação da taxa fotossintética das plantas, mesmo com decréscimo da gs e da E.
Dentre os genótipos estudados, UFU2 2 /F2RC 1#2 foi o que mais se assemelhou ao acesso
selvagem S. pennellii. O acesso selvagem S. pennellii foi 2 ,2 vezes mais eficiente que a
39
cv. Santa Clara, sendo possivelmente a principal variável resposta que o caracteriza como
material genético tolerante à seca.
A EUA observada neste trabalho está de acordo com Machado et al. (2010) e Zeist
(2015), os quais relacionam a quantidade de água evapotranspirada com a produção de
determinada quantidade de matéria seca. São extremamente desejáveis plantas que
apresentem elevada EUA e absorção de CO2 (JAIMEZA et al., 2005; TAIZ; ZEIGER,
2013). Como as trocas gasosas da planta com a atmosfera são reguladas pelos estômatos,
durante a absorção de CO2 também ocorre a perda de H2O, consequentemente, a redução
dessa perda restringe a entrada de CO2 (SHIMAZAKI et al., 2007). Segundo Taiz e Zeiger
(2 0 1 0 ), para que as plantas tenham maior eficiência de uso da água é essencial que
absorvam o máximo de CO2 com o mínimo de perda de H2O.
O uso mais eficiente da água está diretamente relacionado ao tempo de abertura
estomática (gs), pois enquanto a planta absorve CO2 para a fotossíntese, a água é perdida
por transpiração (E) (CONCENÇO et al., 2007). Foi observado um valor médio de 59,82
mmol m-2 s-1 para a eficiência intrínseca do uso da água (EIUA). A maior EIUA foi
observada para o genótipo UFU2 2 /F2RC 1#2 seguido do acesso S. pennellii. As menores
EIUA foram observadas para os genótipos das populações UFU2 2 /F2RC1#8 e
UFU4 7 /F2RC 1# 1 1 . O acesso S. pennellii foi 64 % mais eficiente quando comparado com
a cv. Santa Clara.
Assim, a manutenção de elevadas taxas fotossintéticas associadas a menores
valores de gs e E são características de plantas tolerantes à menor disponibilidade de água
no solo, que é refletido pela maior EUA e EIUA (MA et al., 2004). Em ambientes com
limitada disponibilidade de recursos (em particular, água e nutrientes), a magnitude
positiva desses parâmetros de eficiência torna-se essencial para o bom funcionamento das
plantas e funcionam como indicadores para monitorar o pleno estabelecimento destas no
campo, assim como para demonstrar a plasticidade fisiológica das espécies em relação
aos fatores abióticos (SANTOS JÚNIOR et al., 2006; FUNK e VITOUSEK, 2007; LI et
al., 2008; SILVA et al., 2008).
A característica eficiência instantânea de carboxilação (EIC) foi maior para a cv.
Santa Clara que não diferiu significativamente da linhagem pré-comercial UFU-222 e foi
72% superior quando comparado com o acesso selvagem S. pennellii para esse parâmetro.
As menores EIC foram observadas para os genótipos das populações UFU2 2 /F2RC 1#8 e
40
UFU4 7 /F2RC i # 1 1 . De acordo com Konrad et al. (2005), a relação entre A e Ci é uma
característica que possibilita estimar os fatores não-estomáticos que estariam afetando o
rendimento fotossintético e consequentemente a produtividade biológica. Esses fatores
podem estar relacionados ao ambiente ou mesmo a própria planta (CAMILLI et al., 2007).
O potencial de água da folha (Y) indica o seu estado energético, cujos gradientes
explicam os fluxos da água no sistema solo-planta-atmosfera (BERGONCI et al., 2000).
Valores próximos de zero significam que a planta, provavelmente, não está sob estresse
hídrico, no entanto, quando a quantificação chegar a valores muito negativos a planta está
sob intenso estresse hídrico (MORANDO et al., 2014).
O valor médio do potencial hídrico foliar (Y) foi de -0,635 Mpa (Tabela 7). O
menor valor observado foi para o genótipo comercial Santa Clara, sendo este 7,7 vezes
inferior ao potencial hídrico foliar observado para o acesso S. pennellii, caracterizando-o
como um material mais suscetível ao déficit hídrico. Os genótipos das populações
UFU2 2 /F2RC i #8 , UFU2 2 /F2RC i #9 , UFU4 7 /F2RC i # 1 1 , UFU2 2 /F2RC i # 2 e UFU-222
foram os materiais que apresentaram potencial hídrico foliar mais próximo ao observado
para o selvagem S. pennellii, sendo estes em média 4 vezes inferior.
TABELA 7. Medidas Yf- potencial de água na folha (MPa), clorofila a clorofila b e clorofila total em genótipos F2RC 1 de tomateiros submetidos ao déficit hídrico.
Genótipo Y f (MPa) Clorofila a Clorofila b Clorofila TotalT1 UFU22/F2RCi #8 -0,536 b 37,68 abc 15,23 ab 52,91 abT2 UFU22/F2RCi #9 -0,463 b 41,41 a 15,10 ab 56,43 aT3 UFU47/F2RCi #11 -0,560 b 40,70 ab 14,31 ab 55,01 aT4 UFU22/F2RCi #2 -0,626 b 38,43 abc 14,76 ab 53,20 abT5 UFU22/F2RCi #3 -0,900 c 36,38 bc 13,15 ab 49,53 abT6 UFU-222 -0,576 b 30,50 d 8,35 c 38,85 cT7 cv. Santa Clara -1,253 d 35,48 c 11,50 bc 46,98 bT8 Solanum pennellii -0,163 a 39,66 abc 17,38 a 57,04 a
c v 10,11 4,29 10,88 5,36
Média Geral -0,635 37,53 13,71 51,24*Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de significância
Zambrano (2004) verificou que enxertias com S. pennellii como parte aérea
possuem melhor controle estomático. Segundo Kerbauy (2008), em situação de estresse
hídrico prolongado a planta fica com os estômatos fechados para manter um maior
41
potencial hídrico que é uma importante característica de tolerância à seca. Trabalhos
realizados por Pillay e Beyl (1990) e Torrecillas et al. (1995) mostram que em S. pennellii,
sob condições de estresse, altos valores de potencial da água na folha estiveram
associados à reduzida gs.
Nas condições do experimento, o teor médio de clorofila a foi de 37,53 mg L-1,
com coeficiente de variação relativamente baixo (4,29%). Os genótipos UFU22/F2RC i #8,
UFU22/F2RC i #9, UFU47/F2RC i #11 e UFU22/F2RC i #2 apresentaram os maiores teores,
não diferindo da testemunha S. pennellii. O genótipo UFU22/F2RC i #3 tem teor
semelhante aos genótipos S. pennellii, cv. Santa Clara, UFU22/F2RC i #8 e
UFU22/F2RC i #2. O menor teor de clorofila a foi observado nas plantas da linhagem pré-
comercial UFU-222. Segundo Rego e Possamai (2011) a quantidade de clorofila em uma
planta varia em função de agentes climáticos. Raven et al. (2007) relatam que a clorofila
a é o principal pigmento relacionado à fotossíntese. O aumento no teor desse pigmento
reflete no aumento da taxa fotossintética das plantas, como observado por Locarno et al.
(2011) no cultivo de rosas em solução nutritiva com variação dos níveis de silício.
Os genótipos apresentaram comportamento semelhante para o teor de clorofila b.
O menor teor foi observado para o genótipo UFU-222, não diferindo estatisticamente da
testemunha cv. Santa Clara. Os genótipos UFU22/F2RC1#8, UFU22/F2RC1#9,
UFU47/F2RC1#11, UFU2 2 /F2RC 1#2 e UFU22/F2RC1#3 não diferem entre as
testemunhas cv. Santa Clara e S. pennellii.
Na variável clorofila Total, que compõe clorofila a e clorofila b, foi observado um
teor médio de 51,24 mg L-1. O menor teor de clorofila total foi observado na linhagem
pré-comercial UFU-222, que diferiu estatisticamente dos demais genótipos estudados. Os
maiores valores foram observados para os genótipos S. pennellii, UFU22/F2RC1#9 e
UFU47/F2RC1#11, que não diferiram estatisticamente dos genótipos UFU2 2 /F2RC 1#8 ,
UFU2 2 /F2RC 1#2 e UFU22/F2RC1#3.
Menores teores de clorofila podem estar relacionados com condições de
temperatura foliar elevadas. Plantas de metabolismo C3 (plantas que formam o 3-
fosfoglicerato como primeiro intermediário estável na fotossíntese) como o tomateiro,
possuem maiores respostas fotossintéticas em temperaturas entre 20 e 25°C. E em caso
de temperaturas em torno de 30°C pode ocorrer menor assimilação de CO2 e a ação de
efeitos deletérios como a degradação da molécula da clorofila (BORRMANN, 2009). No
42
entanto, no presente trabalho não houve essa relação entre temperatura e teor de clorofila
e isso pode ter ocorrido porque a temperatura média máxima atingida pelos genótipos
(30,75°C) não foi suficiente para degradar os pigmentos fotossintéticos.
43
4. CONCLUSÃO
Em todas as variáveis analisadas ficou evidente a superioridade do acesso
selvagem Solanum pennellii em relação às testemunhas suscetíveis, exceto para
assimilação de CO2 e eficiência de carboxilação.
A tolerância ao estresse hídrico do acesso selvagem Solanum pennellii não é
determinada exclusivamente por caracteres morfo-anatômicos, podendo ser caracterizada
por medidas de trocas gasosas e potencial hídrico foliar (Tf).
A população UFU2 2 /F2RC 1#2 se destacou entre as demais sendo a mais
promissora por apresentar elevadas taxas fotossintéticas associadas à baixa condutância
estomática e transpiração que proporciona maior eficiência de uso de água.
44
REFERÊNCIAS
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