Post on 15-Jan-2015
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U�IVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRA�DE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MOTRICIDADE I�FA�TIL
CO�TRIBUIÇÕES DA PRÁTICA DA GI�ÁSTICA OLÍMPICA COMO ESPORTE
DE BASE PARA A AQUISIÇÃO DE HABILIDADES MOTORAS
FU�DAME�TAIS
Lisiane Lewis Xerxenevsky Bergue
Professora Orientadora: �ádia Valentini
Porto Alegre, dezembro de 2005
2
SUMÁRIO
Pág.
1) INTRODUÇÃO.................................................................................................. 7
1.1) Justificativa............................................................................................... 9
1.2) Por que avaliar?........................................................................................ 10
1.3) Objetivos................................................................................................... 11
1.4) Hipóteses................................................................................................... 11
2) REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................... 12
2.1) Breve histórico da Ginástica Olímpica...................................................... 12
2.2) Considerações sobre a Ginástica Olímpica ............................................... 13
2.3) A Ginástica Olímpica como esporte de base para outras habilidades....... 16
2.4) Habilidades Motoras Fundamentais ......................................................... 17
2.5) Dificuldades das crianças nas habilidades motoras fundamentais ............ 21
2.6) Habilidades motoras fundamentais como base para o desporto
especializado. ............................................................................................
22
3) MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 24
3.1) Amostra...................................................................................................... 24
3.2) Instrumento Avaliativo.............................................................................. 24
3.2.1) Movimentos Locomotores............................................................. 25
3.2.2) Movimentos Manipulativos........................................................... 32
3.2.3) Movimentos Estabilizadores.......................................................... 36
3.3) Procedimentos............................................................................................ 40
4) RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 42
5) CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 46
3
6) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 49
ANEXO 1- Proposta de atividade
ANEXO 2 – Tabela mestre
ANEXO 3 - Tabela de avaliação para a habilidade de locomoção
ANEXO 4 - Tabela de avaliação para habilidades manipulativas
ANEXO 5 – Tabela de avaliação para habilidades de estabilização
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AGRADECIME�TOS
O resultado deste trabalho é a soma dos esforços de muitos que contribuíram de
forma efetiva na sua realização, sem os quais jamais seria possível.
Em primeiro lugar a minha professora orientadora Nádia Valentini, que foi uma
nova esperança na minha volta aos estudos, diria que a grande surpresa do curso de
especialização da UFRGS. Uma pessoa nem sempre disponível por seus inúmeros
compromissos e alunos enlouquecidos em busca de suas orientações, mas sempre disposta e
acessível em saciar a nossa sede de conhecimento. Seus ensinamentos estarão para sempre
guardados no meu coração.
À todos os professores e colegas do curso de especialização em motricidade infantil
que contribuíram na construção do meu conhecimento.
Ao casal Sérgio e Luisa Stringhini. Ele por “segurar as pontas” enquanto eu
frequentava as aulas e ela por me incentivar e auxiliar decisivamente para que eu pudesse
concluir o curso.
Ao Coordenador do curso de especialização e Diretor da Escola de Educação Física
da UFRGS Ricardo Pertersen, por estar sempre disponível durante o curso e conceder parte
de uma bolsa sem o qual ficaria difícil, se não impossível iniciar o curso.
À minha família, pais, irmãos, avós, sobrinhos, cunhados e meus sogros pela minha
formação e aprendizado diário que permitiu-me chegar até aqui.
Às minha queridas atletas que suportaram as minhas faltas nos treinamentos de
sextas e sábados para que eu pudesse crescer profissionalmente e assim engrandecer o
5
nosso trabalho. Além do mais foram elas as minha “cobaias” que permitiram a realização
deste estudo. À seus pais pela permissão de poder realizar as avaliações.
Em especial ao meu marido Cristianini, amigo e companheiro que incontáveis vezes
leu meus trabalhos com muita paciência, sempre com uma sugestão. Pelas ausências nas
noites de sexta e por tão tarde ir me buscar na ESEF sem reclamar.
À outras pessoas, não citadas aqui nominalmente, mas que contribuíram de alguma
forma para a construção deste.
Muito obrigado!
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RESUMO
Este trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Motricidade Infantil tem
por objetivo principal apresentar a modalidade de ginástica olímpica como esporte de base
para a aquisição de diversas habilidades motoras fundamentais. Além do referencial teórico
sobre a ginástica olímpica e habilidades motoras fundamentais, o trabalho se concentrou em
avaliar ginastas da ESEF/UFRGS em relação a estas habilidades. Foram avaliadas dez
atletas do sexo feminino, todas praticantes de ginástica olímpica há mais de um ano e com
uma carga de treinamento de no mínimo dez horas semanais. Para esta avaliação foi
utilizada, como instrumento, a análise desenvolvimentista de Gallahue & Ozmun (2001) em
14 habilidades classificados por eles em três categorias de movimento: locomotores,
estabilizadores e manipulativos.
Das ginastas avaliadas, 100% encontraram-se no padrão maduro de
desenvolvimento nas habilidades de locomoção e estabilização e 70% nas habilidades
manipulativas, sendo o chute o pior desempenho com apenas 10% das ginastas no estágio
maduro. Foi enfatizada a importância das habilidades motoras fundamentais no
desenvolvimento das crianças e sugere-se que a ginástica olímpica pode auxiliar na
aquisição do padrão maduro destas, inclusive nas manipulativas desde que sejam oferecidas
oportunidades de uma prática variada dentro da modalidade.
O trabalho apresenta ainda uma proposta de atividade de ginástica para crianças que
desenvolva as habilidades motoras fundamentais utilizando materiais acessíveis e
adaptáveis adequada, portanto, as necessidades infantis.
7
1) I�TRODUÇÃO
No mundo civilizado em que vivemos onde há cada vez menos espaços para nos
movimentarmos, limitados muitas vezes por apartamentos, grades e violência nas ruas, as
crianças estão se tornando carentes de movimentos. Além da falta de espaço, outro fator
que contribui com a inatividade das crianças são as facilidades que a tecnologia nos
proporciona com computadores, elevadores e controles remotos.
Alguns autores, como Marcelino (1990, apud DARIDO & FARINHA, 1995),
salientam que a infância deve ser marcada pela falta de compromisso e obrigações. Porém,
no mesmo trabalho, Bento (1991) afirma que o problema de uma sobrecarga em uma
atividade física é menos perigoso do que a falta de exigências e preocupação excessiva em
querer proteger a criança. Vargas Neto (1999) aponta que a falta de estímulos aos jogos
infantis, bem como menor esforço físico e espaço diminuído, contribui para a “degeneração
hipocinética”. Esta doença é caracterizada pela diminuição da capacidade funcional de
vários órgãos e sistemas. O mesmo autor salienta ainda que estímulos inadequados tornam
as crianças preguiçosas e acomodadas ocasionando deformações da coluna vertebral.
A prática esportiva sistemática pode contribuir positivamente para o
desenvolvimento do ser humano. Fisicamente observam-se benefícios como a melhoria da
aptidão física relacionada à saúde e o desenvolvimento das capacidades físicas,
fundamentais para a formação de futuros atletas. Nos aspectos psicológicos e sociais podem
ser observados benefícios como a cooperação, a socialização, a melhoria da auto-estima e a
disciplina. No entanto esta prática sistemática apresenta-se ineficiente dentro da escola.
8
No trabalho de Guedes & Guedes (1997) os autores analisaram, entre outros
propósitos, o nível de intensidade dos esforços oferecidos durante as aulas de educação
física para relacionar com objetivos direcionados à promoção da saúde. O estudo foi
realizado em Londrina, Paraná, em 15 diferentes escolas utilizando-se como instrumento a
observação direta. A conclusão foi de que se perde tempo excessivo na organização e
transição das atividades, o que ocasiona poucas oportunidades para a participação efetiva
em atividades que resultem em ganhos no desenvolvimento e aprimoramento da aptidão
física. Neste sentido Valentini (2002) afirma que se crianças e jovens não participarem de
atividades físicas vigorosas durante esta fase, que produzam ganhos efetivos na aptidão
física ou otimização das habilidades motoras esportivas, não irão incorporar a prática
esportiva na vida adulta.
Somam-se ainda outros estudos que corroboram o de Guedes & Guedes (1997)
concluindo que estudantes de diversas faixas etárias, inclusive adultos, na sua maioria não
atingem níveis maduros de desenvolvimento nas habilidades motoras fundamentais
(PELLEGRINI & CATUZZO, 1991; MANOEL, 1994; ISAYAMA E GALLARDO, 1998;
SURDI & KREBS, 1999; COPETTI, 2000; ZANON & ROCHA, 2000).
A não aquisição de habilidades motoras fundamentais pode acarretar sérios
problemas na aquisição de habilidades mais específicas e importantes para o dia-a-dia
(MANOEL, 1994). A educação física escolar tem grande relevância no desenvolvimento
destas habilidades podendo ser auxiliada por uma modalidade que desenvolve uma gama de
habilidades e capacidades motoras, como por exemplo, a ginástica olímpica (GO).
A GO é considerada como esporte de base em muitos países como por exemplo a
Alemanha, berço deste esporte. Para Leguet (1987) seus fundamentos são ações motoras
9
básicas para o desenvolvimento humano podendo ser praticada por crianças a partir de dois
anos de idade em escolas, academias, clubes e universidades (SCHELEGEL & DUNN,
2001). Esta modalidade traz benefícios no desenvolvimento motor de diversas habilidades e
proporciona aos seus praticantes situações diferenciadas do seu cotidiano como rolar, saltar,
girar no ar com diferentes eixos de rotação, equilibrar-se, pendurar-se e balançar-se.
Somando-se a uma prática variada dentro da GO, pode-se obter ganhos significativos no
desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais sendo um “trampolim” para o
aprimoramento de habilidades específicas relacionadas ao esporte.
1.1) Justificativa
A GO pode ser implementada como um meio facilitador de desenvolvimento de
diversas capacidades e melhoria da aptidão física. Um programa de GO diversificado pode
igualmente auxiliar no desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais.
Diversos treinadores de GO ressaltam a facilidade com que as atletas desta
modalidade esportiva se movimentam. Dentro de um ginásio de ginástica é fácil verificar
que se locomovem e se equilibram com adequação, o que também é observado nas
brincadeiras de roda, com e sem bola, onde se pode admirar a noção viso-motora e espaço-
temporal das ginastas.
Quando se misturam atletas e não-atletas nas aulas de educação física fica mais
visível a diferença entre um grupo e outro. Os ginastas conseguem se expressar acima dos
padrões esperados para qualquer atividade. Eles tornam-se “...os goleadores em jogos de
10
futebol, os cestinhas no basquete, os medalistas no atletismo e em muitas outras
modalidades esportivas...” (NISTA-PICCOLO, 2005, p. 30).
Foi com base na literatura e em anos de observação que surgiu a motivação para
investigar as habilidades motoras fundamentais de atletas de GO. Assim, o tema central
deste trabalho pode ser sintetizado na questão: será que as ginastas possuem níveis de
desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais similares aos dos estudantes
brasileiros?
1.2) Por que avaliar?
Avaliar é imprescindível em qualquer nível de atividade seja em escolares,
praticantes de qualquer modalidade esportiva, iniciação à competição ou alto rendimento. É
através dela que observa-se e analisa-se aspectos como o nível de desenvolvimento em que
se encontram os alunos. Além disso, é uma maneira de motivá-los e ainda uma forma de
verificar a consistência do trabalho de técnicos e professores. Com base nos resultados
obtidos em diferentes avaliações pode-se fazer ajustes pertinentes para um melhor
desenvolvimento, sendo os instrumentos utilizados bem como os critérios que serão
adotados diferentes em cada contexto.
O processo avaliativo, dentro da ginástica olímpica se dá basicamente em duas
direções: a avaliação física e a avaliação técnica. O aspecto motor, referente às habilidades
motoras fundamentais, não é em geral avaliado.
11
1.3) Objetivos
• Investigar as habilidades motoras fundamentais locomotoras, estabilizadoras e
manipulativas de atletas de GO da ESEF/UFRGS;
• Comparar os dados obtidos nesta avaliação com estudos publicados por outros
autores;
• Propor um programa de ginástica como base para a aquisição de diversas
habilidades motoras, principalmente as locomotoras, estabilizadoras, manipulativas
e as relacionadas com o esporte.
1.4) Hipóteses
- Ginastas, entre sete e 13 anos, demonstrarão desempenho correspondente ao
estágio maduro de desenvolvimento na maioria das habilidades motoras de
locomoção, manipulação e estabilização;
- Comparativamente com outros estudos com escolares, as atletas de GO
demonstrarão níveis de desenvolvimento superiores em todas as habilidades
avaliadas.
12
2) REFERE�CIAL TEÓRICO
2.1) Breve histórico da Ginástica Olímpica
O termo ginástica origina-se do grego gymnádzein que significa “treinar” e, em
sentido literal, “exercitar-se nu”, a forma como os gregos praticavam os exercícios. Johann
Friedrich Ludwig Christoph Jahn é considerado o “pai da ginástica”. Ele foi o inventor do
termo “turner” que significa praticar ginástica.
O objetivo moral dos que praticavam ginástica era alcançar autoconfiança,
autodisciplina, independência, lealdade e obediência. Porém o seu objetivo imediato era
preparar fisicamente os homens da Prússia para expulsar o exército invasor do seu território
(por volta de 1807). A partir de então Jahn inaugurou os campos onde se praticava ginástica
ao ar livre. Mais tarde se passou a praticar ginástica em locais fechados.
Caminhar, correr, saltar, lançar, sustentar-
se são exercícios que nada custam, que podem ser
praticados em toda parte, gratuitos como o ar. Isso o
Estado pode oferecer a todos: para os pobres, para a
classe média e para os ricos, tendo cada um a sua
necessidade.
(JAHN, 1816, apud PÚBLIO, 2005, p. 16)
13
Nicolas J. Cupérus, grande propagador desses exercícios físicos, tinha uma extrema
preocupação com os objetivos da prática da ginástica. Na citação a seguir pode-se perceber
alguns dos benefícios da prática da GO já observados no século XIX, por aquele autor.
Meu ideal será sempre o mesmo, e eu sonho
com o momento no qual as competições serão
supérfluas e que os ginastas se contentarão em ganhar
como prêmio pelos seus esforços o equivalente exato
em saúde, força, agilidade e tenacidade...
(CUPÉRUS, 1881, apud PÚBLIO, 2005, p. 22)
A propagação da ginástica no Brasil teve seu início no Rio Grande do Sul, através
da colonização alemã. A partir de então, diversas sociedades de ginástica foram fundadas,
culminando, em 1978, com a aprovação e homologação do estatuto da Confederação
Brasileira de Ginástica (CBG) pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC) sendo
publicado em 1979 no Diário Oficial (PÚBLIO, 1998).
2.2) Considerações sobre a ginástica olímpica
Segundo a CBG a GO é o conjunto de exercícios corporais sistematizados em que
conjugam a força, a agilidade e a elasticidade. É uma das modalidades desportivas mais
populares do programa olímpico constituindo uma atividade de ação complexa. A
performance dos atletas é avaliada por um quadro de juizes, que consideram as exigências
14
do programa, a qualidade de execução dos movimentos, a composição e a apresentação
olímpica da série.
A modalidade em questão é classificada, segundo Moreno (1994 apud CAFRUNI,
2002), como desporto psicomotriz onde o indivíduo atua sozinho. Smolevskiy &
Gaverdovskiy (1995) concordam com esta classificação ressaltando o fato de ser uma
atividade com ações individuais de coordenação complexa, na qual a técnica tem um papel
fundamental.
Para desenvolver todas as ações motoras necessárias na GO, o ginasta deve possuir
um aparelho locomotor bastante desenvolvido, bem como qualidades motoras, técnicas e
físicas específicas. Ele deve ter força para fazer a repulsão dos braços e pernas, rotações em
todos os eixos do corpo e combinações, posições de equilíbrio e exercícios de força
propriamente ditos.
Além de constituir um esporte por si próprio, a GO é, igualmente, um meio
facilitador de desenvolvimento de diversas capacidades físicas e da melhoria da aptidão
física. Entre elas podem ser destacadas a flexibilidade, a força, a resistência, a velocidade, a
agilidade e a coordenação motora.
Porém, Silva et al. (2003) apontam que atletas de GO têm alta incidência de lesões.
As lesões vão depender muito mais do tipo de treinamento, tipo de equipamento e de que
forma o técnico conduz o treinamento do que propriamente da modalidade. Os autores
revelam ainda que atletas de GO apresentam atrasos na menarca. Este atraso pode estar
relacionado com o comprometimento do crescimento potencial, embora este
comprometimento não esteja bem esclarecido ainda. Por outro lado, Malina (1994, apud
KARAM & MEYER, 1997) demonstra que o treinamento para esportes não influi na
15
estatura final, inclusive na GO. Esta questão está muito mais relacionada com fatores
genéticos do que com o nível e tipo de atividade física.
Em seu trabalho, Vargas Neto (1999) cita um estudo de Personne (1987) o qual
“...comprovou que um praticante de GO pode realizar ao longo de uma temporada mais de
8.000 saltos (impacto altamente traumatizante para as articulações)...” (p.73). O que os
autores não citam é que a GO é praticada em piso elástico, com colchões e meios que
diminuam ou atenuem a quantidade de impacto, como treinamento em fosso de espuma ou
tumble track. Neste sentido, o crescimento ósseo é beneficiado por esta prática, pois sabe-se
que este processo é favorecido por esportes que promovam impacto sobre as articulações.
Desta forma, a mineralização é facilitada resultando em ganhos na massa óssea (Navot,
1981 apud KARAN & MEYER, 1997). Obviamente, para que isto ocorra, os equipamentos
devem ser adequados e o treinamento deve ser conduzido sem exageros.
Os ginastas masculinos participam de seis provas: solo, cavalo com alças, argolas,
salto sobre a mesa, paralelas simétricas e barra fixa. Já as atletas femininas devem
participar de quatro provas: salto sobre a mesa, paralelas assimétricas, trave de equilíbrio e
solo.
No solo e no salto sobre a mesa, tanto para meninos como para meninas, os
movimentos de locomoção são fundamentais porque é através deles que os ginastas
conseguem executar as acrobacias e saltos de dança. Na barra, no cavalo com alças, nas
argolas, nas paralelas simétricas e assimétricas são feitos balanços seguros somente pelas
mãos, o que não deixa de ser um tipo de movimento manipulativo mesmo que seja
empregada a contração de grandes grupos musculares para impulsionar o corpo todo
(TEIXEIRA, 2005). Como o próprio nome sugere, na trave de equilíbrio a estabilidade é
16
primordial: sem esta não se realizam movimentos simples e acrobacias mais complexas.
Schiavon (2003) aponta que o processo de iniciação e vivência da GO trabalha com
movimentações básicas da criança: movimentos fundamentais locomotores, estabilizadores
e manipulativos.
2.3) A ginástica olímpica como esporte de base para outras habilidades
A prática da GO tem uma importância significativa para o desenvolvimento motor
da criança. Com ela o vocabulário motor é aumentado quando as crianças são estimuladas
para a aprendizagem dos seus exercícios, ampliando as habilidades motoras. Os praticantes
de GO são sempre “...os mais ágeis, os mais habilidosos, os mais rápidos...” (NISTA-
PICCOLO, 2005, p. 30). Eles dominam seus corpos e se destacam em outros contextos
esportivos.
Ainda segundo esta autora, o trabalho de base de ginástica amplia a capacidade
física das crianças permitindo que elas se expressem acima dos padrões esperados em
qualquer atividade. Quanto mais estímulos a criança tiver, maior será o seu vocabulário
motor. A GO trabalha principalmente na fase de iniciação com exercícios de locomoção e
de equilíbrio, fundamentais para o seu desenvolvimento. Ela ainda proporciona exercícios
diferentes do cotidiano da criança. Saltar, rolar, girar no ar com diferentes eixos e rotações,
equilibrar-se sobre uma trave, balanços em suspensão, entre outras ações, permitirão que a
criança desenvolva sua “...capacidade de criar e agir corporalmente em determinadas
situações” (NISTA-PICCOLO,2005, p. 32).
17
Leguet (1987) traduz os fundamentos da GO como ações motoras básicas para o
desenvolvimento humano podendo a modalidade ser considerada como esporte de base. Ele
ainda destaca que com estas ações motoras é possível oferecer ampla oportunidade de
aquisição de habilidades, aperfeiçoando suas capacidades físicas.
Cafruni (2002) sustenta que a GO possui uma grande variabilidade de movimentos
e combinações, podendo ser desenvolvida tanto em séries iniciais escolares como por
atletas de outras modalidades, pois trabalha elementos acrobáticos, ginásticos, e elementos
nos aparelhos fixos. A GO pode preparar seus praticantes para diversas situações adversas
em outras modalidades esportivas, como por exemplo, uma queda em um lance do
handebol, bem como contribuir para a aquisição de habilidades, como o giro de pivô do
basquetebol e o salto com vara (TSUKAMOTO & NUNOMURA, 2005).
2.4) Habilidades motoras fundamentais
Habilidades motoras fundamentais são padrões observáveis básicos de
comportamento (GALLAHUE & OZMUN, 2001). Quando as crianças estão neste período
de desenvolvimento, reagem com controle e competência motora a vários estímulos. Para
Isayama & Gallardo (1998) é uma fase crítica e sensível a mudanças que determinará o
futuro do indivíduo. Segundo Manoel (1994) nesta fase ocorre a aquisição de novas formas
de controle postural e o refinamento dos movimentos rudimentares.
18
O domínio das habilidades motoras fundamentais é
básico para o desenvolvimento motor de crianças. As
experiências motoras, em geral, fornecem múltiplas
informações sobre a percepção que as crianças têm de si
mesmas e do mundo que as cerca.
(GALLAHUE & OZMUN, 2001, p. 258)
Logo após as crianças dominarem as habilidades motoras rudimentares elas passam
a desenvolver as habilidades motoras fundamentais visto que já se tornam mais
competentes na movimentação espacial e dispõe de ambas as mãos para explorar os objetos
à sua volta. Esta fase de mudança compreende o intervalo entre o segundo ano e o sexto ou
sétimo ano de vida. Sendo assim, é durante a fase pré-escolar que as crianças desenvolvem
as habilidades motoras fundamentais as quais, segundo Gallahue & Ozmun (2001), são
básicas para o desenvolvimento motor. Esta fase se caracteriza por um aumento da
eficiência biomecânica e incorporação de novos elementos à estrutura do movimento
(SEEFELDT, 1980 apud MANOEL, 1994). As habilidades motoras fundamentais são
normalmente divididas em três grupos: locomotores, estabilizadores e manipulativos.
Para a caracterização destas categorias de movimento serão utilizadas duas obras, as
quais constituem referências consagradas na literatura e amplamente citada nos trabalhos
consultados para a realização deste estudo. Além disto, são autores de fácil entendimento,
que consideram a aquisição de habilidades motoras um processo seqüencial partindo de
movimentos simples, desorganizados e sem habilidade para a execução de movimentos
cada vez mais complexos.
19
Gallahue & Ozmun (2001) definem movimentos locomotores como sendo projeções
do corpo no espaço externo, alternando sua localização em relação a pontos fixos da
superfície. Nesta categoria de movimentos se encontram a caminhada, a corrida, os saltos,
entre outros.
Os movimentos estabilizadores compreendem a manutenção do equilíbrio na
relação indivíduo/força da gravidade. Controle postural e ajustes compensatórios estão
diretamente ligados a manutenção do equilíbrio. A estabilidade é o aspecto mais importante
de todos os movimentos visto que sempre encontra-se envolvido. Movimentos axiais, bem
como movimentos que favoreçam a manutenção do equilíbrio estático e dinâmico entre eles
rolar, equilibrar-se em um só pé ou “plantar bananeira”, são exemplos de habilidades
motoras estabilizadoras.
Movimentos manipulativos envolvem o relacionamento de um indivíduo com o
controle de objetos e a aplicação de força e recepção sobre eles. São combinações de dois
ou mais movimentos, estabelecidos na sua forma madura após padrões eficientes de
locomoção e estabilização. Entre estes movimentos encontram-se o arremesso, o chute, a
rebatida e a recepção.
Haywood & Getchell (2003), seguindo esta mesma linha, definem a locomoção
como o ato de mover-se de um lado para o outro envolvendo muitos sistemas e restrições
que interagem entre si. Nesta categoria destacam-se também a caminhada, a corrida e os
saltos.
Os movimentos estabilizadores estão relacionados com a capacidade de uma pessoa
em manter certa posição ou postura sobre uma base, vinculados portanto ao ponto onde está
centrada a atração gravitacional da Terra sobre um indivíduo: o centro de gravidade.
20
Aquelas autoras não apontam movimentos que possam ser testados para definir o estágio de
maturação das crianças. Porém, destacam que este componente está presente em diversas
habilidades esportivas como o levantamento de peso, o judô e a ginástica.
A grande diferença entre as obras consultadas refere-se à classificação dos
movimentos manipulativos, sendo uma categoria única para Gallahue & Ozmun (2001) e
subdivididas para Haywood & Getchell (2003). Nesta subdivisão, pegar, receber e alcançar
são os manipulativos. Já os movimentos onde aplica-se uma força para projetar objetos,
como o arremesso, o chute e a rebatida, são classificados como balísticos.
A análise das habilidades motoras fundamentais pode ser de corpo total ou
segmentada e os estágios de desenvolvimento podem variar de três até oito níveis. Gallahue
& Ozmun (2001) utilizam a primeira análise por ser um método prático, confiável e fácil de
usar, mas recomendam que se a criança não estiver no estágio maduro se faça uma análise
segmentada já que esta é mais minuciosa. Aqueles autores classificam as habilidades
motoras fundamentais em três níveis de desenvolvimento: inicial, elementar e maduro.
O estágio inicial representa as primeiras tentativas de realização do movimento e é
caracterizado por partes mal seqüenciadas, uso restrito ou exagerado do corpo e pouca
coordenação. A integração espacial e temporal é muito pobre. No estágio elementar há uma
melhora da coordenação dos movimentos, porém ainda podem ser restritos ou exagerados.
Muitos indivíduos permanecem neste estágio através da vida em muitos padrões de
movimento devido, principalmente, à falta de oportunidades para a prática. O estágio
maduro é caracterizado por desempenhos eficientes, coordenados, controlados e com
organização espaço-temporal adequada. É importante ressaltar que, segundo Gallahue &
21
Ozmun (2001), as crianças por volta de seis ou sete anos de idade já estariam aptas para
atingir este estágio em diversos padrões de movimento.
Neste sentido parte-se do pressuposto de que os movimentos iniciam-se de maneira
desorganizada e com muito dispêndio de energia até chegar a níveis de organização e
controle da força utilizada.
2.5) Dificuldades das crianças nas habilidades motoras fundamentais
Anterior ao processo de dominar uma habilidade esportiva se faz necessário
dominar as habilidades motoras fundamentais. Acreditava-se que a escola poderia suprir
esta necessidade, porém diversos estudos, dentre eles o de Pellegrini & Catuzzo (1991) e o
de Surdi & Krebs (1999), além de vários outros apontados por Isayama & Gallardo (1998),
revelam que a maioria dos escolares não está atingindo níveis maduros em diversas
habilidades motoras fundamentais, mesmo parecendo ser este um processo natural
(MANOEL, 1994), pois o desenvolvimento destas habilidades é influenciado fortemente
pelo ambiente e pela tarefa realizada (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
Destaca-se que o estudo de Pellegrini & Catuzzo (1991), onde os autores avaliaram
pré-escolares de seis anos de idade em seis movimentos fundamentais: andar sobre a trave,
correr, saltar na horizontal, arremessar, chutar e quicar. A conclusão do estudo foi que as
crianças se encontravam predominantemente no estágio elementar de desenvolvimento. No
estudo de Surdi & Krebs (1999) os autores avaliaram o padrão motor correr em crianças de
sete a 14 anos e a conclusão foi que o padrão maduro na corrida não estava desenvolvido na
maioria das crianças brasileiras.
22
Estas constatações seguem nos demais estudos feitos no Brasil, apontados por
Isayama & Gallardo (1998). Segundo eles, Perroti Júnior (1991) verificou o arremessar,
saltar e rolar e constatou que a maioria das crianças não se encontrava no estágio maduro de
desenvolvimento. Em outro estudo, Sanches (1992), conclui que entre 70 indivíduos
avaliados uma minoria atingiu o estágio maduro na habilidade de receber. Estes dados
baseados em estudantes brasileiros são extremamente preocupantes, pois demonstram a
limitação de oportunidades de prática na educação física escolar, como sugere Guedes &
Guedes (1997) anteriormente citados. De acordo com Manoel (1984 apud MANOEL,
1994) a aquisição destas habilidades deveria ser um pressuposto básico para caracterizar a
educação física escolar.
A ausência de estágios maduros nas habilidades pode acometer sérios problemas na
aquisição de habilidades mais específicas e importantes para o dia-a-dia (MANOEL, 1994).
Valentini (2002) aponta que a prática intensa de atividade física durante a infância “...só é
observável quando existe o domínio de habilidades motoras fundamentais.”(p. 54). A
prática de atividade física durante a idade adulta, que contribua para uma melhor qualidade
de vida, será dependente dessas atividades vigorosas na infância. Padrões maduros
diminuem a dificuldade frente às habilidades motoras mais complexas e específicas, como
as relacionadas ao esporte.
2.6 ) Habilidades motoras fundamentais como base para o desporto especializado
É uma fase de enriquecimento da etapa fundamental do movimento. As habilidades
locomotoras, estabilizadoras e manipulativas são progressivamente refinadas, combinadas e
23
elaboradas em uma ordem que possam ser utilizadas em uma crescente demanda de
atividades.
Aproximadamente entre os seis e sete anos se inicia a fase de transição das
habilidades motoras fundamentais para as habilidades especializadas condicionadas,
logicamente, a existência de oportunidades de prática adequadas e regulares, ensino
eficiente, encorajamento e motivação. Segundo Gallahue & Ozmun (2001) o estágio do
movimento da habilidade especializada representa o ponto mais alto do processo de
desenvolvimento.
A importância desta fase é exemplificada pelo fato de que uma progressão de
sucesso depende do nível de amadurecimento de desempenho durante a fase motora
fundamental. O desenvolvimento de um padrão motor relaciona-se com níveis aceitáveis de
habilidade e uma eficiente mecânica corporal nas diferentes situações motoras exigidas
(GALLAHUE & OZMUN, 200.).
Zanon & Rocha (2000) analisaram 79 crianças no município de Santa Maria, RS,
que praticavam atletismo e concluíram que o tipo de atividade não está “...compatível com
as necessidades para que os mesmos atinjam o estágio maduro nos padrões de
movimento.”(p. 57). As atividades que as crianças realizam devem propiciar o
desenvolvimento dos padrões maduros nas diversas habilidades motoras fundamentais. Isto
não significa que as crianças não possam praticar atividades especializadas desde cedo. O
importante é que estas atividades sejam condizentes com as necessidades de cada criança
em termos de aquisição de habilidades motoras fundamentais.
24
3) MATERIAL E MÉTODOS
3.1) Amostra
Participaram deste estudo 10 meninas integrantes da equipe de ginástica olímpica da
ESEF/UFRGS na faixa etária de sete a 13 anos de idade. Todas praticam a modalidade há
pelo menos um ano e atualmente a carga horária de treinamento é de no mínimo 10 horas
semanais.
Dentro deste grupo sete são brancas e três da raça negra. Para todas elas a GO é a
única prática de atividade física sistemática e todas participam normalmente das aulas de
educação física nas suas escolas dois períodos por semana. O consentimento informado
para a realização deste estudo foi obtido para cada criança junto aos seus respectivos
responsáveis, tanto para a participação no trabalho, como para a utilização da imagem.
3.2) Instrumento avaliativo
O instrumento avaliativo utilizado foi adaptado do proposto por Gallahue & Ozmun
(2001). A escolha baseou-se no fato de que a metodologia é de fácil acesso e se tratar de
uma avaliação de corpo total. Nesta perspectiva observa-se a mecânica do corpo no
desempenho de habilidades motoras fundamentais de manipulação, locomoção e
estabilidade (GALLAHUE & DONNELLY, 2003 apud VALENTINI & TOIGO, 2004).
Para facilitar o processo de coleta de dados, quatro planilhas foram confeccionadas.
A planilha mestre (assim denominada por dar origem à outras três) encontra-se em anexo
25
com os resultados obtidos e foi sugerida por Valentini & Toigo (2004) que a adaptaram de
uma planilha proposta por Gallahue & Donnelly (2003). As adaptações realizadas no
presente estudo justificam-se pelas peculiaridades do contexto em que foram aplicadas. As
demais planilhas, igualmente em anexo, foram utilizadas para a coleta imediata dos dados.
A seguir serão apresentados os movimentos avaliados, bem como os requisitos
necessários para se atingir um padrão maduro proposto pelos autores.
3.2.1) Movimentos Locomotores
Corrida
Difere da caminhada por existir uma fase de vôo sem contato com a superfície de
apoio sendo o seu padrão maduro fundamental para uma efetiva participação nas atividades
relacionadas aos esportes (Quadro 1, Figura 1).
26
Quadro 1 – Seqüência de desenvolvimento para a corrida
Padrão maduro para a corrida
1 Máxima extensão da passada e de sua velocidade
2 Fase de vôo definida
3 Extensão completa da perna de apoio
4 Coxa de trás paralela ao solo
5 Oscilação vertical dos braços em oposição às pernas
6 Braços dobrados em ângulos aproximadamente retos
7 Mínima ação de rotação do pé e da perna de trás
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 1
Padrão maduro para a corrida, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
Salto Horizontal
É um movimento explosivo onde todas as partes do corpo agem de maneira
coordenada. É um padrão motor complexo que exige o pouso sobre os dois pés (Quadro 2,
e Figura 2).
27
Quadro 2 – Seqüência de desenvolvimento para o salto horizontal
Padrão maduro do salto em distância horizontal
1 Braços se movem para o alto e para trás durante o agachamento
preparatório
2 Durante o impulso, braços se inclinam para frente com força e
alcançam altura
3 Braços mantêm-se altos durante toda a ação do salto
4 Tronco inclinado em ângulo aproximado de 45 graus
5 Ênfase maior na distância horizontal
6 Agachamento preparatório profundo e consistente
7 Extensão completa de tornozelos, joelhos e quadris ao impulsionar
8 Coxas mantêm-se paralelas ao solo durante o vôo; pernas pendem
verticalmente
9 Peso corporal inclina-se para a frente ao pousar
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 2
Padrão maduro para o salto horizontal, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
28
Salto Vertical
Projeção verticalmente do corpo no ar e requer a aterrissagem sobre os dois pés
(Quadro 3, Figura 3).
Quadro 3 - Seqüência de desenvolvimento para o salto vertical
Padrão maduro para o salto vertical
1 Agachamento preparatório com flexão de joelhos entre 60 e 90
graus
2 Extensão firme dos quadris, joelhos e tornozelos
3 Elevação dos braços coordenada e simultânea
4 Inclinação da cabeça para cima com olhos focalizados no alvo
5 Extensão total do corpo
6 Elevação do braço de alcance com inclinação do ombro combinada
com abaixamento do outro no auge do vôo
7 Pouso controlado bastante próximo ao ponto de partida
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 3
Padrão maduro para salto vertical, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
29
Salto de uma altura
Movimento similar aos encontrados nos saltos horizontal e vertical envolvendo o
impulso de uma base pequena, elevação no ar e pouso sobre os dois pés (Quadro 4, Foto 4,
Figura 4).
Quadro 4 - Seqüência de desenvolvimento para o salto de uma altura
Padrão maduro para o salto de uma altura
1 Impulso com os dois pés
2 Fase de vôo controlada
3 Uso eficiente de ambos os braços para as laterais, conforme
necessário, para controlar equilíbrio
4 Os pés pisam a superfície mais baixa ao mesmo tempo, com os
dedos primeiro
5 Flexão de joelhos e do quadril proporcional à altura do salto
6 Flexão de joelhos e quadril congruente com a altura do salto
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 4
Padrão maduro para o salto de uma altura, adaptado de Gallahue &Ozmun (2001).
30
Saltito
Impulso e pouso feitos com o mesmo pé (Quadro 5, Figura 5).
Quadro 5 - Seqüência de desenvolvimento para o saltito com um pé só
Padrão maduro para o saltito em um pé só
1 Perna oposta a de sustentação flexionada a 90 graus ou menos
2 Coxa oposta a de sustentação se eleva com movimento vertical
firme do pé de sustentação
3 Maior inclinação do corpo
4 Ação rítmica da poerna oposta à de sustentação (balanço pendular
auxiliando a produção de força)
5 Braços se movem juntos em elevação rítmica enquanto o pé de
sustentação deixa a superfície de contato
6 Braços não são necessários para o equilíbrio, mas são usados para
aumentar a produção de força
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 5
Padrão maduro para o saltito em um pé só, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
31
Galope e deslizamento
Envolve a combinação de dois movimentos: a passada e o salto, com o mesmo pé sempre
na frente. Quando é realizado para frente é denominado de galope e para a lateral de
deslizamento (Quadro 6, Figura 6).
Quadro 6 - Seqüência de desenvolvimento para galope e deslizamento
Padrão maduro para o galope e deslizamento
1 Ritmo moderado
2 Ação rítmica e suave
3 Perna de trás pousa ao lado ou atrás da perna de condução
4 Ambas as pernas flexionadas em ângulos de 45 graus durante o vôo
5 Padrão de vôo baixo
6 Combinação de contato calcanhar-dedo
7 Braços não são necessários para o equilíbrio; mas podem ser
usados para outros propósitos
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 6
Padrão maduro para o deslizamento, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
32
3.2.2) Movimentos Manipulativos
Chute
É uma forma de bater em que o pé é utilizado para fornecer força ao objeto. Alguns
fatores influenciam o tipo de chute como a trajetória e a altura da bola quando esta é
contatada (Quadro 7, Figura 7).
Quadro 7 - Seqüência de desenvolvimento para o chute
Padrão maduro para o chute
1 Braços oscilam em oposição um ao outro durante a ação do chute
2 Tronco se inclina na cintura durante o acompanhamento
3 Movimento da perna que chuta se inicia no quadril
4 Perna de sustentação se inclina levemente ao contato
5 Aumenta a extensão da oscilação da perna
6 Acompanhamento é alto; pé de sustentação se eleva sobre os dedos
ou deixa a superfície totalmente
7 Alcance da bola pode ser feito por uma corrida ou por um grande
salto
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 7
Padrão maduro para o chute, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
33
Ato de apanhar – recepção
Envolve a ação das mãos com o objetivo de parar objetos arremessados (Quadro 8,
Figura 8).
Quadro 8 - Seqüência de desenvolvimento para a recepção
Padrão maduro para a recepção
1 Não há reação de desvio
2 Olhos seguem bola até as mãos
3 Braços se mantêm relaxados nas laterais, e antebraços se mantêm
na frente do corpo
4 Braços se movem diretemente para a bola ao contato para absorver
força da bola
5 Braços se ajustam à trajetória da bola
6 Polegares se mantêm em oposição um oa outro
7 Mãos agarram a bola em movimento simultâneo e de bom ritmo
8 Dedos agarram mais efetivamente
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 8
Padrão maduro para a recepção, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
34
Arremesso por cima do ombro
Os componentes variam conforme a forma, a precisão ou a distância que se pretente
empregar, além da posição inicial assumida (Quadro 9, Figura 9).
Quadro 9 - Seqüência de desenvolvimento para o arremesso por cima
Padrão maduro do arremesso por cima
1 Braço é inclinado para trás na preparação
2
Cotovelo oposto é elevado para equilíbrio como ação preparatória
no braço de arremesso
3 Cotovelo de arremesso se move para frente horizontalmente
enquanto se estende
4 Antebraço gira e polegar aponta para baixo
5 Tronco gira claramente para o lado do arremesso durante ação
preparatória
6 Ombro de arremesso cai levemente
7 Rotação definida através dos quadris, pernas, espinha (sic) e
ombros durante o arremesso
8 Peso no pé de trás durante movimento preparatório
9 Conforme o peso se move, um passo é dado com pé oposto
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 9
Padrão maduro para o arremesso, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
35
Drible – quicar
É uma tarefa complicada que requer o julgamento preciso da distância e trajetória
do objeto e a força empregada. A percepção de profundidade é fundamental para um drible
eficiente (Quadro 10, Figura 10).
Quadro 10 - Seqüência de desenvolvimento para o drible
Padrão maduro para o drible
1 Pés colocados em posição de pequena abertura, com pé oposto para
a frente
2 Leve inclinação do tronco para a frente
3 Bola é segura na altura da cintura
4 Bola empurrada em direção ao chão com acompanhamento de
braços, pulso e dedos
5 Força de movimento para baixo controlada
6 Ação repetida de toque e empurrão iniciada pela ponta dos dedos
7 Acompanhamento visual desnecessário
8 Controle direcional do drible
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 10
Padrão maduro para o drible, adaptado da Gallahue & Ozmun (2001).
36
3.2.3) Movimentos Estabilizadores
Equilíbrio estático – equilíbrio em um pé
O equilíbrio em um só pé é a mensuração mais comum de habilidade de equilíbrio
estático. Para esta habilidade será utilizada a trave de equilíbrio (Quadro 11, Figura
11).
Quadro 11 - Seqüência de desenvolvimento para equilíbrio em um pé
Padrão maduro para equilíbrio em um pé
1 Pode equilibrar-se de olhos fechados
2 Usa braços e tronco conforme necessidade para manter equilíbrio
3 Eleva a perna que não está suportando o peso
4 Focaliza objeto externo enquanto se equilibra
5 Muda para perna não dominante sem perder equilíbrio
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
Figura 11
Padrão maduro para o equilíbrio em um pé, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
37
Equilíbrio dinâmico – caminhar direcionada sobre a trave de equilíbrio
Normalmente para a mensuração desta habilidade a caminhada é feita sobre barra
que variam em comprimento, largura e altura. Como a amostra em questão pratica GO, a
trave de equilíbrio será utilizada, com 5 metros de comprimento, 1,20 metros de altura e 10
centímetros de largura. A caminhada deve ainda ser realizada na meia ponta, ou seja, sem o
apoio dos calcanhares e com os braços horizontalmente em relação ao corpo. O Quadro 12
apresenta o padrão maduro para a caminhada direcionada (Quadro 12, Figura 12).
Quadro 12 - Seqüência de desenvolvimento para a caminhada direcionada
Padrão maduro para a caminhada direcionada
1 Pode caminhar em uma largura de 1 polegada (2,5 cm)
2 Usa ação de passos alternados
3 Olhos focalizados acima da superfície
4 Ambos os braços são usados com consciência para auxiliar o
equilíbrio
5 Pode mover-se para a frente, para trás e para as laterais com
segurança e facilidade
6 Movimentos são fluentes, relaxados e sob controle
7 Pode perder equilíbrio ocasionalmente
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
38
Figura 12
Padrão maduro para a caminhada direcionada, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
Apoios invertidos – parada de mãos
Envolvem posturas nas quais o corpo assume a posição invertida, ou seja, de cabeça
para baixo por alguns segundos (Quadro 13, Figura 13).
Quadro 13 - Seqüência de desenvolvimento para a inversão de apoios
Padrão maduro para a inversão de apoios
1 Boa posição de contato com a superfície
2 Bom controle da cabeça e do pescoço
3 Boa sensação cinestésica de localização de partes do corpo
4 Parece estar em bom controle do corpo
5 Mantém equilíbrio de dois ou três pontos alternando baixo e alto
nível por três segundo ou mais
6 Sai da postura estática sob controle
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
39
Figura 13
Padrão maduro para a inversão de apoios, adaptado de Gallahue & Ozmun (2001).
Rotação corporal – rolamento
Os rolamentos requerem uma quantidade excessiva de controle de equilíbrio e
envolvem a rotação para frente, para trás e para os lados (Quadro 14, Figura 14).
Quadro 14 - Seqüência de desenvolvimento para a rolagem do corpo
Padrão maduro para a rolagem do corpo
1 Cabeça conduz a ação
2 Parte de trás da cabeça toca a superfície bem levemente
3 Corpo permanece em “C” apertado durante todo o movimento
4 Braços auxiliam na produção de força
5 Ritmo do movimento retorna a criança à posição inicial
6 Pode executar rolagens consecutivas controladas
Adaptado de Gallahue & Ozmun, 2001
40
Figura 14
Padrão maduro para o rolamento, adaptado de Gallahue (2001).
3.3) Procedimentos
As avaliações foram realizadas no local de treinamento, ginásio 2 da ESEF/UFRGS,
durante o horário de treino. O local foi isolado por biombos impedindo que fatores externos
interferissem no desempenho das ginastas e evitando assim comparações ou imitações e
constrangimento das mesmas. Uma breve explicação sobre a importância de se fazer as
avaliações foi dada, o que as motivaram a participar.
Após o aquecimento corporal, cada atleta foi avaliada individualmente por um
avaliador durante 20 a 25 minutos. Enquanto uma era avaliada, as outras continuavam o seu
treinamento normalmente. Elas fizeram os testes descalças, da mesma maneira como
praticam a GO, em piso elástico. Antes de cada habilidade elas recebiam as instruções
sobre o movimento a ser realizado e experimentavam uma ou duas vezes para verificar se
tinham obtido o entendimento apropriado. Em nenhum momento houve demonstração por
41
parte do avaliador para evitar possíveis imitações dos movimentos. A ordem das
habilidades seguiu a mesma apresentada anteriormente.
Ao comando de “valendo!” as atletas iniciavam o exercício e os resultados foram
imediatamente repassados para as planilhas. Para cada habilidade avaliada, três tentativas
foram dadas para a execução. Após os resultados foram agrupados na tabela mestre, com os
respectivos resultados. Estes foram anotados conforme a seguinte simbologia:
I – Inicial
E – Elementar
M – Maduro
HE – Habilidade Esportiva
Os materiais utilizados para a realização das avaliações foram:
- bola de borracha média – para o chute e drible;
- bola de borracha pequena – para o arremesso por cima do ombro;
- banqueta – para o salto de uma altura;
- piso macio – para os deslocamentos, saltos, rolamentos e apoio invertido;
- trave de equilíbrio com 1,25 metros de altura, forrada com colchões – para os
equilíbrio estático e dinâmico;
- cones – para demarcar as áreas de avaliações;
- biombos – para isolar o local das avaliações;
- máquina fotográfica digital Sony.
42
4) RESULTADOS E DISCUSSÃO
A estatística descritiva foi utilizada em todos os testes. Os resultados das avaliações
serão apresentados em percentuais, para melhor comparar com outros estudos, já que os
trabalhos consultados se apresentam desta maneira.
Habilidades Locomotoras
Das ginastas investigadas, 100% (n = 10) encontraram-se no estágio maduro de
desenvolvimento nas habilidades de corrida, saltito em um pé só, saltos horizontal e
vertical, salto de uma altura, galope e deslizamento.
Habilidades Estabilizadoras
Das ginastas investigadas, 100% (n = 10) encontraram-se no estágio maduro de
desenvolvimento nas habilidades de equilíbrio estático e dinâmico, rolamento e suporte
invertido.
Habilidades Manipulativas
Das ginastas investigadas, 70% encontraram-se no estágio maduro de
desenvolvimento nas habilidades chute, arremesso, recepção e drible. O resultado destas
habilidades será desmembrado para uma melhor análise.
- 100% (n = 10) das ginastas encontraram-se no estágio maduro de
desenvolvimento para o drible;
43
- 10% (n = 1) das ginastas encontraram-se no estágio maduro e 90% (n = 9) no
estágio elementar de desenvolvimento para o chute;
- 90% (n = 9) das ginastas encontraram-se no estágio maduro e 10% (n = 1) no
estágio elementar para a recepção;
- 80% (n = 8) das ginastas encontraram-se no estágio maduro e 20% (n = 2) no
elementar para o arremesso.
Os resultados obtidos confirmam a primeira hipótese deste estudo onde, na maioria
das habilidades motoras fundamentais de locomoção, de estabilização e de manipulação, as
ginastas demonstraram desempenho maduro de desenvolvimento. A exceção é para o chute
e pode estar relacionada com a falta de oportunidade para a prática, bem como uma questão
cultural em que, ainda nos dias atuais, meninas jogam pouco ou não jogam futebol no nosso
país.
Não foram encontrados estudos que abrangessem a totalidade das habilidades
motoras fundamentais avaliadas nas atletas de GO. Dentro do panorama apresentado será
feito um comparativo entre os estudos que utilizaram, além da análise de movimentos
proposta por Gallahue & Ozmun (2001), também Gallahue (1982, 1994 e 1995), Gallahue
& Ozmun (1997) e Roberton & Halverson (1984).
Independentemente do número de estágios que cada autor classifica o
desenvolvimento de uma habilidade, existe para todos eles um nível inicial, um nível
amadurecido e um ou mais níveis intermediários. Como já comentado anteriormente,
segundo Gallahue & Ozmun (2001) aos seis anos de idade “...as crianças já possuem
potencial desenvolvimentista para estar no estágio amadurecido na maior parte das
44
habilidades motoras fundamentais...” (p. 258). Em vista disto, o padrão amadurecido será o
foco deste trabalho podendo assim os resultados deste trabalho ser comparados com outras
matrizes de análise.
Sanches (1990) avaliou 70 universitários, sendo a metade de cada gênero, todos eles
com idades entre 18 e 24 anos, na habilidade de arremessar. Ele utilizou o autor Gallahue
(1982) para a análise e o resultado encontrado foi que um número reduzido de sujeitos
atingiu o estagio maduro e mais de 50% apresentou o estágio inicial de desenvolvimento.
Para a mesma habilidade, Zanon & Rocha (2000), analisaram 79 crianças entre 10 e 12
anos com a Matriz de Análise de Padrões Fundamentais de Movimento de Gallahue &
Ozmun (1997) e o percentual para o estágio maduro foi de 34,18%, sendo 62,29% para o
estágio elementar e 2,53% para o inicial. Comparando os resultados de Sanches (1990.) e
Zanon & Rocha (2000) com os obtidos no presente estudo observa-se que para a habilidade
de arremessar por cima do ombro as atletas de GO, embora mais jovens, evidenciam
desempenho superior.
O padrão correr foi investigado por Pellegrini & Catuzzo (1991), em seu segundo
experimento, utilizando como referência Roberton & Halverson (1984) em 80 escolares de
sete a 14 anos de idade, sendo encontrado apenas 5% dos avaliados no estágio maduro para
o componente pernas e nenhum sujeito neste estágio para o componente braços. Nesta
mesma habilidade, Zanon & Rocha (2000) encontraram um desempenho bem superior com
91,14% dos avaliados no estágio maduro. Este último se assemelha com os dados obtidos
junto às ginastas em que todas apresentaram desenvolvimentos no nível maduro para esta
habilidade.
45
Zanon & Rocha (2000) analisaram ainda o salto horizontal e o percentual de
crianças encontradas no estágio maduro foi de 41,78%. No estágio elementar a maioria, ou
seja, 53,16% encontraram-se no estágio elementar e 5,06% no estágio inicial de
desenvolvimento. As atletas de GO demonstraram melhores resultados para esta habilidade,
onde novamente todas, ou seja, 100% se encontraram no estágio maduro de
desenvolvimento.
Estes resultados apontam para a confirmação da segunda hipótese deste estudo em
que as atletas de GO demonstraram níveis de desenvolvimento superiores nas habilidades
avaliadas. Entretanto é importante destacar que esta comparação só foi possível para as
habilidades de arremessar, correr e saltar.
46
5) CO�SIDERAÇÕES FI�AIS
Para finalizar, torna-se necessário relatar algumas constatações pertinentes às idéias
apresentados. A primeira delas refere-se ao fato de que são poucos os estudos disponíveis
com relação às habilidades motoras fundamentais em estudantes brasileiros. Quando
existem, as idades dos avaliados nos trabalhos são desencontradas, o que dificulta a
comparação entre eles. Logo, vê-se a importância de realizar mais pesquisas acerca dos
temas aqui discutidos.
Ficou evidenciado que nas habilidades de correr, saltar e arremessar, ou seja,
habilidades locomotoras e manipulativas, as ginastas apresentaram desempenho superior
aos dados obtidos junto à outros estudos consultados. Nas habilidades de estabilização a
comparação não foi possível, mas a totalidade das atletas demonstrou o nível máximo em
todas as habilidades.
Pode-se dizer que a GO facilita o aprendizado de habilidades motoras fundamentais
locomotoras e estabilizadoras. Porém, para que as manipulativas sejam plenamente
desenvolvidas, necessitam de atenção especial principalmente nas crianças que já se
encontram em uma fase especializada do esporte. Isto devido ao resultado obtido na
habilidade chutar, com apenas uma menina no estágio maduro. Este fraco desempenho
pode estar relacionado, além da falta de oportunidade de prática dentro da GO, a uma
questão puramente cultural, como já mencionado anteriormente.
Weineck (1999) enfatiza que, quando a GO é praticada em especificidade, é
importante que se incluam atividades que promovam manipulação e interação entre os
indivíduos, objetos e espaço. A formação variada deve ocorrer na iniciação esportiva
47
mesmo que em uma única modalidade esportiva, onde a especificidade cederia lugar à
variedade. É importante lembrar que a GO é um esporte multivariado e pode servir como
base para outros esportes ou simplesmente para a aquisição das habilidades motoras
fundamentais e hábitos saudáveis da prática de atividade física regular.
“ A ginástica não mais sugere apenas resultados,
invente gestos, recompõe exercícios e encadeamentos. Ela
cria, em particular, novas hierarquias de movimento: do
mais simples ao mais complexo, do mais mecânico ao mais
elaborado, reinventando, parte por parte, progressões e
seqüências.”
(VIGARELLO, 2003, p. 12)
Malberg (2003, apud TSUKAMOTO & NUNOMURA, 2005) destaca que não é
preciso equipamento sofisticado para desenvolver um programa de ginástica centrado na
aquisição de habilidades básicas. Materiais alternativos, adaptados e suas combinações são
suficientes para a iniciação e plenamente capaz de suprir as necessidades infantis em
termos de aquisição de habilidades motoras fundamentais que são básicas e importantes
para o dia-a-dia.
Não se pode deixar de registrar que alguns movimentos de locomoção e
estabilização apresentados pelas ginastas são estilizados, ou seja, trabalhados dentro das
técnicas exigidas pelo esporte não sendo prejudicial ao seu desenvolvimento, mas sim
benéfico para a performance dentro da modalidade. Como exemplo tem-se o
48
posicionamento dos braços e a meia ponta no deslizamento, no galope e na caminhada na
trave de equilíbrio, as pernas estendidas no rolamento e as pernas unidas no apoio invertido.
O presente estudo não se encerra simplesmente nele mesmo, mas deve servir de
estímulo para novos estudos mais aprofundados, que possuam grupos controles e
metodologia validada, bem como uso de filmagem evitando possíveis erros de avaliação.
49
6) REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS
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51
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52
A�EXO 1
Proposta de atividade
Oficina de Ginástica Básica
A idade pré-escolar compreende o período entre 3 – 7 anos e é chamado de “idade
de ouro na infância” (WEINECK, 2005). Nela há uma melhor organização e absorção das
informações e as crianças necessitam de atividades que desenvolvam a assimilação das
aprendizagens escolares (OLIVEIRA, 1997), uma gama de capacidades e a melhoria da
aptidão física.
Segundo Nista-Piccolo (2001, apud TSUKAMOTO & NUNOMURA, 2005), o
movimento gímnico é capaz de propiciar valiosa experiência para o domínio corporal.
Dentro dele podemos incluir as formas mais básicas de ginástica como a olímpica, a
rítmica, a de trampolim e a geral, por exemplo.
Diante do apresentado ao longo deste trabalho, surgiu o projeto intitulado “Oficina
de Ginástica Básica” que pode dar um novo rumo para a educação física escolar. Nele, a
ginástica olímpica (GO) seria o “carro chefe” seguida por outras modalidades gímnicas em
que, além de capacidades e melhoria da aptidão física, outros aspectos seriam
contemplados, como principalmente as habilidades motoras fundamentais.
Com a finalidade de desenvolver estas habilidades, o projeto destina-se a crianças
de dois a seis anos de idade. Também devem ser abordados o desenvolvimento da
lateralidade, estruturação espacial e temporal, esquema corporal, força, flexibilidade,
resistência, velocidade, coordenação motora, agilidade, equilíbrio e manipulação de
53
objetos, tendo sempre a GO como foco principal em uma prática variada, com
oportunidades para todos e cheia de desafios.
O material necessário para o desenvolvimento da atividade é simples, podendo ser
mais ou menos sofisticado. Os materiais básicos para o desenvolvimento do projeto são:
colchonete, arco, bola de borracha, corda, caixa tipo banqueta, espaldar, cama-elástica,
colchão gordo e materiais confeccionados pelo professor e alunos como bola de meia,
garrafa PET, fita, entre outras possibilidades, o que estimularia a criatividade dos alunos.
Com baixo custo o projeto pode ser implementado dentro da escola ou em
escolinhas especializadas enfatizando todos os aspectos aqui apresentados. Isto tornaria as
crianças aos sete anos de idade aptas para desenvolver habilidades mais específicas, como
as relacionadas ao esporte, além de incorporar hábitos saudáveis da prática de atividade
física regular.
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