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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 8 • nº1487
Outubro/2014
Multiplicando conhecimentos e melhorando a qualidade de vida
Triunfo
Seu Augusto Bezerra Leite é natural do
estado da Paraíba, passou sua infância em um
sítio no município de Manaíra (PB), e aos 22
anos veio morar no estado de Pernambuco, na
comunidade Lagoa da Fazenda, divisa com o
Estado. Logo ele casou-se, e criou seus 11
filhos com o trabalho da roça. Seu Augusto
comenta que seus filhos foram crescendo e ao
invés de colocá-los para estudar, a
necessidade obrigava a colocá-los para
trabalhar na roça, principalmente os sete
filhos homens.
No ano de 1992, Seu Augusto foi para
o corte de cana, mas em 1993, apesar da seca temerosa que ocorreu na região, o agricultor preferiu
recorrer ao trabalho de construção civil na região.
O agricultor recorda do ano de 2011,
quando ocorreu novamente outro período de
seca prolongada na região, se estendendo
até o ano de 2013, e faz a reflexão que de
certa forma foi um período que deu para se
manter, devido as politicas públicas
direcionadas as famílias agricultoras. Para
ele o mais complicado foi manter os animais,
pois só de gado criava 20 cabeças. A
dificuldade em mantê-los foi aumentando no
ano de 2012 e para não vê-los morrer tomou
a decisão de vendê-los. Para registrar esse
momento, uma das filhas de seu Augusto
colocou o nome da propriedade como
“Fazenda Aguenta Fome!”.
Até o início do ano de 2013 seu
Augusto carregava água de uns cacimbões a 3 km de sua casa, carregando em carro de boi. Para
ele, conquistar a cisterna de 52 mil litros, era um sonho, um sonho que se tornou real ainda no ano
de 2013.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco
”Antes era muito difícil, não tínhamos
onde armazenar a água da chuva, só tínhamos
umas vasilhas pequena, mas hoje temos a
cisterna para armazená-la”, comemora seu
Augusto.
O agricultor comprava as hortaliças para
o consumo de casa na feira livre, depois de
participar da capacitação, o agricultor
implantou em sua propriedade o canteiro
econômico de hortaliças, produzindo coentro e
alface, para o consumo da família. Quando viu
que tinha muitas hortaliças fez um segundo
canteiro e já implantou o terceiro canteiro
econômico de hortaliças.
Seu Augusto ressalva a vantagem do canteiro econômico comparado ao canteiro
convencional. Recorda que quando tinha um canteiro tradicional de coentro para o consumo de
casa, tinha que agoar todos os dias, quando ficava um dia sem agoar, no outro dia o coentro estava
murcho. Já no canteiro econômico faz aguação de três em três dias e o coentro resiste porque a
lona mantém a umidade no canteiro econômico, o coentro continua verdinho, e sempre que vai ao
canteiro econômico a terra está molhada, “isso é uma riqueza!”, festeja seu Augusto. “Dá para
manter os três canteiros econômico porque consome pouca água, pois dá para fazer a aguação e
passar dois ou três dias sem agoar”, afirma seu Augusto.
Com as chuvas que ocorreram na
região durante esse ano de 2014, a cisterna-
enxurrada captou os 52 mil litros de água. o
agricultor conseguiu colher da roça 4 sacos
de milho, 20 sacos de feijão e 4 sacos de fava,
armazenou uma parte para garantir as
sementes crioulas para o ano seguinte. Seu
Augusto optou em reduzir a quantidade de
criação de gado, preferindo investir na
criação de ovelhas, porcos e galinhas.
Seu Augusto comenta que nunca havia tido visita de grupos em sua propriedade. “É muito
bom receber grupos para conhecer minha experiência, pois assim como as capacitações que
participamos, é um momento de troca de conhecimentos”, celebra o agricultor.
O intercâmbio aconteceu com famílias agricultoras que conquistaram, no ano de 2013,
tecnologias de captação e armazenamento de água para produção de alimentos, sendo elas:
cisterna-calçadão, cisterna-enxurrada e barreiro trincheira. Participaram da atividade famílias do
município de Triunfo, das comunidades Oiticica, Olho D´Água, Volta, Volta do Enjeitado,
Barbalho, Jericó, Lagoa da Fazenda, Quetimporta, Carnaubinha e Pedra D`Água. A atividade teve
como objetivo que as famílias agricultoras intercambiassem práticas e experiências de como fazer
o caráter produtivo funcionar e gerar vida. A programação da atividade contemplou na realização
de práticas de implantação do canteiro econômico, onde foi abordada a importância das sementes
crioulas, e a prática de uso dos defensivos naturais.
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