Narrativas do século XIX: Francisco Adolpho de Varnhagen e Frederick Jackson Turner Introdução...

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Narrativas do século XIX: Francisco Adolpho de Varnhagen e Frederick Jackson Turner

Introdução aos Estudos Históricos

Aula 5

Unifesp, 18 de set., 2012

Programa

Varnhagen em seu tempo e espaço Sua História Geral do Brasil– método Rankiano aplicado História positivista do Séc XIX – Nacionalismo e

Imperialismo Turner em seu tempo e espaço A tese da fronteira e a formação dos EUA Desconstruindo Varnhagen e Turner O passado como escrita por Varnhagen e Turner Considerações Finais Referências

Varnhagen (1816-1878), em seu tempo e espaço

Nascido próximo Sorocaba, SP em 1816; Mãe portuguesa e pai engenheiro militar alemão, o mandaram

estudar em Lisboa em 1825, onde voltou ser adido da delegação consular em 1841;

Formou-se como engenheiro militar e serviu em guerras de defesa a Coroa;

No Brasil, ingressou no IHGB logo depois de sua fundação em 1838;

Foi leal a família do Regente Dom João VI, principalmente Dom Pedro II, “Protetor do IBGH”;

Publicou os dois tomos de sua História Geral do Brazil em 1854 e1857 – que viu como representando a “história nacional” do Brasil “entre as histórias das nações” (VARNHAGEN, vi)

O livro apresentou uma visão nova da história do Brasil, ainda predominante: 1) as três raças, a indígena fundamental, a africana inferiorizada (corpo) e a portuguesa enfatizada (cabeça); 2) desenvolvimento colonial progressivo; 3) agilidade do D. Pedro; e 4) a sabedoria da monarquia constitucional;

Conhecido como - "O pai de nossa História“(João Francisco Lisboa) e o “principal historiador brasileiro do século XIX” (CEZAR, 178) – seu metodologia (Ranke) – p. xii) / sua subjetividade (Comte) – p. x.

Brasil no século XIX

Da colônia a república – expansionismo do Império

América do Sul em 1792 Brasil em 1920

Como a influência histórica do Ranke chegou no Brasil

Carl Friedrich Phillip von Martius (1794-1868), botânico alemão, que foi influenciado pelo Ranke e influenciou a historiografia brasileira;

Viajou no Brasil nos anos 1817 a 1820 e foi convidado pelo IHGB em 1840 a elaborar um método para escrever a História do Brasil;

Publicou seu ensaio em 1844 e foi premiado; Recusou escrever a mesma, mas segundo T. Cezar

(2003), Varnhagen resolveu aplicar o seu método; O método: a) Romântico*; b) comparativo (primeiro

destacar a influências “das três raças”**); c) documental (língua indígena, mitologia, arqueologia, decretos e relatos diplomáticos como fontes); d) geopolítico, no espirito do Ranke;

Eles todos defenderam a História como elemento essencial a formação nacional e também a nação representada pelo monarquia iluminada;

* a história é conduzida pelo “gênio da história” (185), não muito diferente que as leis do positivismo;

** “o português se apresenta como o mais poderoso e essencial motor” (184), numa visão eurocêntrica. Rumo de Martius no Brasil

Desconstruindo Varnhagen

Depois do intervalo vamos formar grupos para buscar nas duas obras citações para apoiar suas respostas para as seguintes questões:

Objeto - ? Estrutura - ? Forma da narrativa (enredo)- ? Teoria - ? Método - ? Metodologia - ? Comentário sobre a obra 1816 - 1878

Positivismo no séc. XIX Desenvolvido pelo francês Augusto Comte; Orientava as ciências sociais até a década

dos 1970 como parte da modernização; Acepções de positivo - real, útil, certo,

preciso, relativo, orgânico e simpático; Método “científico” – busca das leis que

controla a vida, através da observação e repetição para superar a subjetividade;

[Contrário ao Ranke, o “Pai da História Cientifica,” que insistia no ideal de um intelectual objetivo e desinteressado que usava fontes primárias para reconstruir o passado e descobrir “a mão de Deus.”]

“Holismo” - naturalismo – evolução social (Darwin/Spencer) – ciência para descobrir as forças invisíveis;

A nação estava em “evolução” e história era a biografia da razão deste organismo;

O processo de expansão da nação, de colônia até uma posição imperialista representava uma das etapas naturais do crescimento de um povo.

Augusto Comte (1798-1857)

Leopoldo Von Ranke (1795-1886)

Frederick Jackson Turner(1861-1932)

Nasceu em 1861 em Portage, uma vila no antigo Noroeste dos EUA, onde a comunidade de imigrantes alemães predominava;

Em 1883, formou-se em História na Univ. de Wisconsin (UW); Em 1889, casou-se, a primeira filha sobreviveu e deu luz

depois ao neto Jackson Turner Main (1917-2003), que era historiador;

Em 1890, defendeu sua tese de doutorado na Univ. de Johns Hopkins, sobre o comércio de pelos com o povo indígena do Nordeste;

Em 1893, publicou seu ensaio “o significado da fronteira” na formação dos EUA – lembra do geografo alemão Ratzel - e esta “tese da fronteira” como processo fez a carreira dele;

Buscou na História compreender o presente a partir do passado – para ele, o alegado imperialismo da época virou o traço cultural único de expansionismo (193);

Viu a História como chave para a formação da identidade nacional, no modo europeu, mas com enfase no socioeconomico mais que o político (p.206);

Publicou a tese e livros de ensaios, muitos escritos para revistas populares, como a Atlantic Monthly;

Depois de sua morte em 1932, suas ideias foram criticadas por ser deterministas, simples e incoerentes, mas sua “tese da fronteira” continuou a influenciar a sociedade e as políticas externas dos EUA.

Da colônia ao império: a “evolução” dos EUA 1750 1840

Destino manifesto (1846 e 1860)(Guerra contra Mexico – 1846-48)

Civilizando os povos originários entre 1876 e 1890 para consolidar o “Imperio da Liberdade” (Jefferson)

EUA em 1876Gen. Custer e Crazy Horse na Batalha do Little Bighorn (1876)

Típica representação invertida do curso dos eventos

A “evolução” dos Estados Unidos Os protagonistas da narrativa de Turner: a

selva, o indio, o pioneiro, as políticas de expansão, o cidadão e os políticos;

Periodização das ondas de contato com a fronteira e sua força formativa no caráter do homem europeu e na democracia da nação

1 – Da revolução (1776) ao final da Guerra contra Inglaterra de 1812 (1815);

2 – De 1815 ao final da Guerra de Secessão (1865)

3 – De 1865 ao “fechamento da fronteira”(1890);

4 – De 1890 ao expansionismo da época da própria vida de Turner.

A História é a biografia deste organismo nacional (206)

Desconstruindo Varnhagen e Turner

Formar seus grupos – parte trabalha com V., outra com T. - ambos buscam citações na obra para apoiar respostas para as seguintes questões

Objeto - ? Estrutura -? Forma retórica - ? Teoria - ? Método - ? Metodologia - ? Comentário sobre a obra -?

1816-1878

1861-1932

A escrita histórica do Varnhagen Objeto – O papel do príncipe D. Pedro I na fundação de “uma só nação” (438); Estrutura – narrativa cronológica / regional – Forma – comédia – “bastante harmonicamente concebida”(441); Teoria – Positivista (orgânico): “imparcialmente escripta” (vi); “o primeiro enfeixe

proporcionado dos factos”; Método – Biográfico – “uma modesta chronica” (442) guiada pela “estrella do

príncipe”(429); Metodologia – documental, baseada nos documentos de D. Pedro; de “alta

importância” juntar “os documentos que constituem a história do paíz”(vi-vii); Comentários? “falta-nos documentos sufficientes”(429), deixar uma geração (33

anos) passar ou seja “história contemporânea [...] extrema da história geral” (442).

Despachos das Cortes, Grito da Ipiranga – “Independência ou Morte!”

A escrita histórica do Turner

Objeto – Afirmar o valor da História para a o progresso das nações, no contexto dos EUA;

Estrutura – Cronológica – da antiguidade ao presente; Forma retórica – Comédia “no templo da história”(220); Teoria – Positivista – “a biografia da sociedade" (206); Método – Bibliográfico e biográfico (208) Metodologia – Levantamento bibliográfico, documental

e material “de tudo aquilo que restou do passado” (208) * Citações: “A história é a biografia da sociedade em

todos os seus aspectos”(206). “A história, subjetiva ou objetiva, está em eterna transformação: ela nunca está completa”(206). “A meta da história é [...] conhecer os elementos do presente através da compreensão do que nos restou do passado no próprio presente. Pois o presente é nada mais que o passado em desenvolvimento” (207). “A história é a autoconsciência deste organismo”(211). “A história nos permite contemplar o nosso próprio tempo e lugar como uma parte do estupendo progresso das eras [...]” (211). “[...] a utilidade da história em fornecer um bom treinamento cívico [...] a meta principal de nossas escolas públicas”(212).

“A Escola Turner”O professor e seu

seminário de conclusão de curso na

Universidade de Wisconsin (1893-1894)

Considerações finais

Anota-se a influência das ideias alemães (Ranke e Martius) na História do Brasil e dos Estados Unidos;

Anota-se a fascinação do IHGB com a perspectiva estrangeira, no caso de Martius, e seu desejo de produzir uma História nacional, finalmente realizada pelo Varnhagen;

Anota-se a profissionalização do historiador no contexto da representação positivista da formação nacional e do estado (a monarquia), nos casos de Varnhagen e Turner

Referências

ABL. Varnhagen. Biografia. (Site da Academia) CEZAR, T. Como deveria ser escrita a história do Brasil. FUNARI, P. & SILVA, G. Teoria da história. HOBSBAWM, E. Nações e nacionalismo desde 1780. GAIO, G.G.G.. Ranke e “As grandes potências”. IHGB. Resenha Histórica. (site) KUHN, T. The Structure of Scientific Revolutions. PESAVENTO. S.J. História cultural. QUEIROZ, T. & IOKOI, Z. A História do historiador. WHITE, H. Meta-historia. WIKIPEDIA. Cientificismo. WIKIPEDIA. Francisco Adolpho de Varnhagen. WIKIPEDIA. Frederick Jackson Turner. WIKIPEDIA. Historiografia. WIKIPEDIA. Leopold von Ranke.