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O ano da produçãoCom safra recorde, produtores fecham
2012 com as contas no azul. Expectativa para 2013 também são positivas.
Ano XIII | 210 | Dezembro 2012
ISSN
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PALAVRA DO PRESIDENTE
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
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com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos
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CAMPO
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reportagem: Rhudy Crysthian (02080/GO) e
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Investimentos em tecnologia, clima favorável, aumento da pro-dutividade e, novamente, uma safra recorde, fizeram de 2012 um ano bastante positivo para o setor agrícola goiano. O au-
mento do consumo em países da Ásia, por exemplo, a melhoria da renda e o aquecimento do consumo interno tem contribuído para os produtores manterem as contas no azul. Mas, nem tudo foram flores para o setor, ainda enfrentamos problemas antigos de infraestrutura que travam o desenvolvimento do setor. Estra-das sucateadas, portos congestionados, falta de armazéns para secagem e estocagem de grãos e energia elétrica inconstante são apontados como os principais gargalos.
Fora os problemas estruturais, alguns segmentos como o de gado de corte não têm muito o que comemorar esse ano. Mas, mesmo assim, a expectativa para o próximo ano é uma ligeira redução no custo de produção. O otimismo também se estende para a produção de leite, isso com base no aumento do consumo de produtos derivados do leite e perspectiva de elevação do pre-ço do litro do produto. Mas é necessário mais investimento em acompanhamento técnico.
Na esfera política também podemos destacar algumas con-quistas importantes para o setor neste ano. Depois de uma longa batalha, a aprovação do novo Código Florestal, mostra a força que o segmento agropecuário tem hoje. O engajamento e a mo-bilização realizada em 123 municípios goianos com os debates do projeto “O que esperamos do próximo prefeito” marcou na história política do Estado um novo estilo de realizar campanha eleitoral para prefeito.
Para 2013 as expectativas são positivas também, tanto para setores que fecharam 2012 no azul quanto para outros nem tão satisfeitos, mas vale destacar que tudo isso depende muito do comportamento do mercado já nos primeiros meses do ano. Isso porque o mercado irá dar o norte do setor e desencadear maiores investimentos em tecnologia por parte da produção.
Fim do ano com chave de ouro
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Dezembro / 2012 CAMPO | 3www.senargo.org.br
PAINEL CENTRAL
Prosa Rural O presidente da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes, acumula 18 anos
de experiência no setor. Em entrevista exclusiva à Revista
Campo ele aponta quais são os maiores desafios do setor
e o novo perfil de um líder cooperativista.
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Agenda Rural 06
Fique Sabendo 07
Delícias do Campo
Campo Aberto
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38 Desafio para a produção de leite11° Congresso Internacional do Leite, realizado em uma parceria do Sistema Faeg/Senar e Embrapa Gado de Leite, debate cooperativismo, desenvolvimento do setor e produção com sustentabilidade.
24Treinamentos e cursos do Senar 36
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li Debandada para o NorteProdutores goianos das regiões Sul e Sudeste como, Moacir José, protagonizam uma mudança no mapa de investimentos em terra no Estado.
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Uma retrospectiva destaca os principais fatos para o setor agrícola em 2012. Arte produzida pela Rowan MKT.
Safra recorde, investimentos em tecnologia, clima favorável e outros fatores colocaram 2012 como um dos melhores anos para a produção agrícola goiana. Expectativas para 2013 são ainda melhores.
Agrinho premia professores e alunos90 dos municípios goianos se envolveram no Programa este ano. Premiação acontece em dezembro.
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Jornalistas premiados4° Prêmio de Jornalismo do Sistema Faeg/Senar distribui R$ 44 mil para os melhores trabalhos na área de comunicação que divulgaram o setor durante o ano. Saiba qual o tema para o próximo ano.
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Produtores fecham ano com saldo positivo 20
Dezembro / 2012 CAMPO | 5www.senargo.org.br
AGENDA RURAL
12/12 13/12Reunião Ordinária do Conselho Estadual do Trabalho do
Estado de GoiásHora: A partir das 8h
Local: Secretaria de Estado de Cidadania e Trabalho Informações: (62) 3201-8683
Entrega do Troféu “O Anhanguera”Local: Auditório da CDL, Goiânia
Hora: 20hInformações: (62) 3096-2200
14/12 20/12
Entrega do Troféu Mérito ParticipativoLocal: Sesc Faiçalville, Goiânia
Hora: 20hInformações: (62) 3522-6300
Coletiva – Balanço Anual da FaegLocal: Sede da Faeg, Goiânia
Hora: 14h30Informações: (62) 3096-2115
DEZEMBRO13 de Dezembro
Congresso Goiano de Municípios Palestra sobre “Agricultura Familiar nos Municípios”
Local: Centro de Convenções - GoiâniaHora: 9h30
Informações: (62) 3096-2200
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FIQUE SABENDO
ArmAzém
Pequenas Construções rurais
Paiol, galinheiro, chiqueiro, gaio-las para coelhos, apiários, piscina, casa de caseiro e outras constru-ções podem ser feitas com poucas ferramentas pelo próprio proprietá-rio de uma chácara ou de um sítio, mesmo que nunca tenha exercido esse ofício. Para isso, basta ter boa vontade e habilidade manual. O au-tor desta obra já é bastante conheci-do na área de literatura agropecuá-ria e fornece, agora, um guia prático ensinando como melhor planejar a construção de telhados, banheiros, fossa, ou preparar o terreno, buscar água potável e até mesmo instalar eletricidade, indicando o material a ser utilizado. Executar estas tarefas, além de ser uma maneira de econo-mizar é, também, um passatempo agradável e uma higiene mental. O livro pode ser encontrado nas me-lhores livrarias on line. O valor não foi divulgado pela editora.
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Faeg prestigia posse do novo secretário da semarh
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O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, esteve presente na solenidade de posse do novo secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Se-marh), Leonardo Vilela, no dia 30 de setembro. Vilela retorna à Semarh depois de se licenciar, na intenção de ser candidato à prefeitura de Goiânia. Durante a solenidade, realizada no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, Le-onardo Vilela, explicou que pretende dar apoio irrestrito às demandas das entidades do Fórum empresarial, do qual a Faeg é membro.
O assessor técnico da Faeg para
área de meio ambiente, Marcelo Les-sa, assumiu no mês de novembro a Su-perintendência de Gestão e Proteção Ambiental da Semarh. Entre os novos desafios de Lessa, está a criação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, a ida de Marcelo Lessa para a Semarh é motivo de comemoração para a classe produtora. “A Federação se sente honrada em poder ceder um profissional tão capacitado para o go-verno de Goiás.” José Mário acrescen-ta que Lessa vai realizar um excelente trabalho à frente da Superintendência de Gestão e Proteção Ambiental.
pESquISA
O híbrido de maracujazeiro azedo BRS Rubi do Cerrado foi lançado no mês de outubro, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves (RS), durante o XXII Congresso Brasileiro de Fruticultura. A nova cultivar foi obtida por meio de melhoramento genético. Produz apro-ximadamente 50% de frutos de casca vermelha ou arroxeada com peso de 120 a 300 gramas (média de 170g) e ren-dimento de suco em torno de 35%.De
acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, Unidade da Empresa Brasilei-ra de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fábio Faleiro, dependendo da forma de manejo da cultura, essa variedade pode atingir produtividades superiores a 50 ton/ha no primeiro ano de produção. A maior resistência ao transporte, co-loração de polpa amarelo forte, de bom rendimento e maior tempo de prateleira também merecem destaque.
embrapa lança nova variedade de maracujá
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PROSA RURALMáRciO LOpEs
DE FREitasPresidente da OCB
Cooperativismo em altaKarina ribeiro | revistacampo@faeg.com.brEspecial para a Revista Campo
OCB
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Natural de Patrocínio Paulista (SP), o presidente da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, herdou a paixão
pela agricultura e pelo cooperativismo no berço da família. Graduado
em administração pela Universidade de Brasília (UNB), Márcio acumula 18 anos
de experiência direta com o cooperativismo. Em entrevista exclusiva à Revista
Campo, o presidente da OCB elogia o profissionalismo e tecnificação dos
produtores goianos. Márcio aponta ainda quais são os maiores desafios do setor e
o novo perfil de um líder cooperativista.
revista Campo: Quais os passos ini-
ciais para fundar uma cooperativa?
Márcio lopes: Uma cooperativa é
acima de tudo uma empresa, só que
tem uma forma societária diferen-
te que é a forma cooperativa de se
organizar. Mas é uma empresa como
outra qualquer e precisa ter todos os
fundamentos normais, burocráticos,
de quando você vai abrir uma empre-
sa. Então você precisa de todas as cer-
tidões e documentos. Você tem que
se registrar na junta comercial e, antes
de tudo, procurar a organização das
cooperativas do Estado. Lá, você já
vai ter toda a orientação técnica para
cuidar dessa burocracia de formação e
também vai ter os dados que nós con-
sideramos fundamentais para iniciar
uma cooperativa que é dar todo o em-
basamento conceitual para as pessoas
entenderem realmente o que é uma
sociedade cooperativa e para que as
pessoas que estão viabilizando a nova
cooperativa possam nascer a coope-
rativa dentro de um ambiente correto,
de valores e princípios corretos, não
só a parte burocrática, técnica.
revista Campo: Essa é a parte
mais difícil?
Márcio lopes: Acho que essa é a
parte inicial, que é fundamental para
que as pessoas se baseiem em três
fundamentos que são importantes
para nascer uma cooperativa. A
primeira coisa é ela ter seus obje-
tivos muito bem definidos porque
eles serão comuns. É diferente de
uma empresa mercantil, que se
baseia no capital financeiro, aonde
o objetivo é remunerar o capital. Na
cooperativa o objetivo é melhorar
a renda e a qualidade de vida dos
sócios-cooperados. Todos precisam
ter esses fundamentos muito claros,
esses conceitos que chamamos de
valores e princípios do cooperativis-
mo. Segundo, a cooperativa tem de
ter projeto de viabilidade econômica.
Cooperativa é um negócio e tem de
ter sustentabilidade econômica. Se
o negócio é ruim, se não dá certo,
não tem jeito. E terceiro, tem de ter
liderança capaz de manter esse equi-
líbrio econômico e social.
revista Campo: Quais são os
maiores benefícios de um pequeno
produtor rural ao fazer parte de
uma cooperativa?
Márcio lopes: O produtor que se
agrega a uma cooperativa é para ele
ganhar no conjunto o que para ele é
difícil conquistar no individual. É es-
cala na produção, é escala na compra
de insumos, na aquisição das matérias-
-primas. É tornar o pequeno, grande
através do processo de cooperativa. É
fazer com que um produtor de poucos
litros de leite, um exemplo claro aí de
Goiás, você dá a ele uma escala de
um grande produtor. Ele terá acesso
aos mesmos meios e recursos que um
grande produtor de leite. Além da es-
cala de compra, ele tem a vantagem de
estar no coletivo. Ele tem a capacidade
de impacto de influência política. Ele
tem todo um conjunto de ganhos no
coletivo. Esse é o grande benefício e o
objetivo da cooperativa que não pode
perder nunca é de que ela foi criada
para dar resultados ao cooperado. A
criatura é a cooperativa, o criador é
o cooperado. A criatura não pode ser
nunca mais importante que o criador.
E se isso escorregar, cria distorções e
a cooperativa vira corporativa. Ela não
pode viver para sustentar a si e esque-
cer que o grande beneficiário foi quem
criou a cooperativa.
revista Campo: Como essas coo-
perativas se sustentam?
Márcio lopes: Ela tem de se susten-
tar no seu próprio negócio. O negócio
tem de gerar resultados suficientes
para melhorar a qualidade de vida
e cumprir os objetivos perante seus
sócios. Ela precisa ter uma margem
suficiente que garanta um progresso
de seus cooperados e que tenha uma
Dezembro / 2012 CAMPO | 9www.senargo.org.br
taxa administrativa que sustente a
estrutura da cooperativa. Tem de
ter um delta em que a cooperativa
se sustente no seu próprio negócio.
Não dá para ficar esperando ajuda
externa para sustentar o negócio.
Isso do ponto de vista econômico.
Já do ponto de vista de valores, tem
de ser cultivado permanentemente a
questão da educação cooperativista.
As pessoas têm de estar convictas
de que participam de uma socieda-
de diferente. Você tem de garantir a
sustentabilidade econômica e garantir
a sustentabilidade social, trabalhando
os valores da cooperativa.
revista Campo: Perfil de um líder
em uma cooperativa?
Márcio lopes: O líder tem de ser
legítimo. O líder moderno tem de nas-
cer do bojo social da cooperativa. Tem
de ser um sujeito que tem a ver com o
processo da base, que tenha identi-
dade e reflita realmente as ideias das
pessoas que compõem a cooperati-
va. O líder hoje não é exigido dele
que tenha expertise administrativa e
gerencial porque isso você vai buscar
no mercado, você vai contratar o
executivo que irá fazer isso. Isso não é
fundamental, já foi no passado, onde
o líder também era o gestor.
revista Campo: Como superar
os desafios para não haver vínculo
político-partidário na cooperativa?
Márcio lopes: Quem atua em ativida-
des econômica e social como é a coo-
perativa, ela precisa ter representação
política. Ela precisa manifestar seus
posicionamentos para ter representação
política. Ela lida com muita gente, lida
com setor econômico normalmente
importante, de impacto em municípios,
Estados ou até de um País e para isso
ela precisa garantir espaço nas políticas
públicas. Por isso, a gente sempre con-
sidera que a cooperativa não pode estar
alheia do ponto de vista de processo
de participação política. Isso é funda-
mental como pano de fundo. Mas não
pode deixar que a política tenha geren-
ciamento das atividades da coopera-
tiva. A política tem de ser uma ferra-
menta a ser utilizada pela cooperativa.
Por isso, apoiamos que as cooperativas
apoiem, busquem compromisso de
pessoas, homens ou mulheres, que
tenham compromissos com a ideia da
cooperativa, sem ter nenhum vínculo
político-partidário. A cooperativa não
pode adotar o partido A ou partido B,
a cooperativa tem de buscar pessoas,
candidatos que reflitam as mesmas
ideias que a cooperativa . E com isso
ela (a cooperativa), tem um espaço na
democracia de fazer chegar a voz dos
cooperados através dos políticos –
parlamentos, assembleias legislativas
e no congresso nacional. A política é
uma ferramenta para a cooperativa se
utilizar dela e não ser utilizada por ela.
Isso é muito sutil, mas faz uma diferen-
ça tremenda.
revista Campo: Quais os maiores
desafios do movimento cooperati-
vista no País?
Márcio lopes: Os grandes desafios
do cooperativismo brasileiro é romper
uma cultura centenária que nós temos
que é o individualismo. Nós temos
uma colonização ibérica, principal-
mente portuguesa, que passou 500
anos nos cultivando para sermos
individualista. Os portugueses têm
qualidades extraordinárias, mas não é
uma característica ibérica o processo
de premiar o coletivo. Isso é cultural.
Então, para trabalhar o cooperativis-
mo neste ambiente, tem de trabalhar
a mudança de comportamento das
pessoas. A cooperativa tem de ser cui-
dadosa quanto a isso. Tem de se dedi-
car a educação, informação. Trabalhar
realmente a cabeça das pessoas, com
isso vai mudando o comportamento
e, eu acredito, que a mudança de
comportamento leva a um longo pra-
zo, uma mudança cultural de base. As
pessoas vão se tornar mais coopera-
tivas. Tanto é que é mais fácil traba-
lharmos cooperativismo na região
Sul do Brasil, que tem uma imigração
saxônica mais ampla ou trabalhar na
região de São Paulo e Mato Grosso do
Sul que tem uma influência mais asiá-
tica, japonesa que também tem mais
cultural o lado da cooperação. Onde
prevalece a identidade ibérica, temos
mais dificuldade. O maior desafio é a
cultura da cooperação.
revista Campo: Como fazer para
seguir um momento ou tendência do
mercado em uma cooperativa. Como
ela deve se adaptar ao mercado?
Márcio lopes: Temos que trazer um
cenário para dar um novo modelo de
desenvolvimento global. Para mim
Goiás é uma referência nisso. Vocês
tem uma agricultura de nova geração
e no Brasil está surgindo uma agricul-
tura de nova geração. Primeiro que é
uma agricultura formada por agricul-
tores de renovação muito grande. A
idade média do agricultor brasileiro é
muito abaixo da do resto do mundo.
No Brasil é de 46 a 48 anos, enquan-
to que nos Estados Unidos está acima
dos 68 anos. Essa nova geração de
agricultores, que está fazendo dife-
rença com uma agricultura moderna,
tecnificada, profissional, menos
dependente de subsídios de políticas
públicas é mais atuante do ponto de
vista tecnológico.
10 | CAMPO Dezembro / 2012 www.sistemafaeg.com.br
MERCADO E PRODUTO
O Ministério da Agricultura divulgou o volume das contratações do crédi-to. As contratações somaram R$
26,5 bilhões nos meses de julho a setembro deste ano. Esses números mostram que os financiamentos do Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013 superaram em 14,7% o volume con-tratado no mesmo período no ano passado.
As contratações no âmbito do Programa ABC, que estimulam boas práticas agrícolas, foram destaque no período, com a liberação de R$ 600,6 milhões. O montante represen-ta 17,7% dos R$ 3,4 bilhões autorizados ao programa para 2012/13.
Outros destaques entre os financiamen-tos de investimento foram as contratações registradas através do Moderagro (R$ 111 milhões) e do Moderinfra (R$ 58,8 mi-lhões), ambos com juro de 5,5% ao ano. As medidas aprovadas pelo Governo Federal, sobretudo a ampliação de recursos e a redução dos juros das linhas de crédito dis-poníveis para financiar a agricultura, além das melhorias nas condições de financia-mento ao médio produtor rural, são deter-minantes para a ampliação da demanda por crédito rural.
O maior problema é a burocracia. Por ser destinado à área rural, os financiamentos são considerados um crédito preferencial, mas como eles possuem origem estatal, os trâmites burocráticos são inúmeros, como por exemplo a necessidade de se comprovar renda e regularidade fiscal, que acabam dificultando a liberação efetiva de recursos aos produtores. O financiamento tem chega-do aos produtores, mas não da maneira que necessitam.
A morosidade do processo como um todo
prejudica os produtores. O sistema financeiro nacional provavelmente não vai conseguir aplicar todo o recurso anunciado pelo Plano Safra 2012, em função da falta de garantia, uma vez que muitos produtores da nossa região precisaram solicitar o refinanciamento da safra passada e estão fora do sistema.
Essa dificuldade tanto pode vir a preju-dicar o aumento produtivo do agronegócio brasileiro, como pode encarecer em muito os custos das lavouras no País. Quando o produtor não consegue utilizar o recurso controlado pelo governo, busca formas pri-vadas. E esses contratos têm um custo ope-racional extremamente alto, de no mínimo 12%, até no máximo 45% ou 48% ao ano. Ou seja, uma variabilidade muito grande. Isso encarece o produto final, dificulta a produção e onera o produtor rural. Mesmo assim, aquele produtor que está em condi-ção de pleitear o financiamento, deve fazer o seu cadastro e aplicar na produção.
Acredito que entre 70% a 80% dos pe-quenos, médios e grandes produtores já fi-nanciaram esta safra e estão pleiteando o fi-nanciamento para a safrinha. Para a próxima safra, o principal foco é dar fim à burocracia e o primeiro passo será pedir mais agilidade aos agentes financeiros quanto à análise e aos critérios de liberação de crédito. No que se refere ao Programa ABC, que incentiva processos tecnológicos que neutralizam ou minimizam os efeitos dos gases de efeito estufa no campo, posso dizer que é um programa bom, mas que também sofre com a falta de agilidade. O recurso existe, mas a análise dos itens financiados é muito lenta já que está centralizada em Brasília, onde os pedidos de todo o Brasil são estudados.
Financiamentos para a safra 2012/13
Alexandre Câmara
é presidente da
Comissão de Crédito
rural da Faeg.
Alexandre Câmara | alexandre@faeg.com.br
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Dezembro / 2012 CAMPO | 11www.senargo.org.br
AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL
rIO VErDEmINEIrOS
CArTÃO
LIDErANÇA
O Sindicato Rural de Rio Verde realizou, no dia 8 de novembro, palestra técnica sobre as alterações do Novo Código Florestal. De acordo com Marcelo Lessa, assessor técnico de Meio Ambiente da Faeg, o assunto é amplo e está trazendo novas orientações e procedimentos com relação ao cumprimento da Legislação Ambiental Brasileira. “Os produtores, a partir de agora, devem ficar atentos à nova regulamentação, para que consigam se adequar no que for necessário o mais rápido possível”, afirma Lessa. (Colaborou: Fabiana Sommer Fontana)
A diretoria eleita do Sindicato Rural de Mineiros tomou posse no último dia 1° de dezembro, em solenidade realizada no tatersal de elite do parque agropecuário do município. Fernando Mendonça tomou posso como novo presidente eleito para o triênio 2012/2015. Também estarão à frente da entidade o vice-presidente, Antônio Paulo Carvalho; o tesoureiro, Ionaldo Moraes Vilela e o secretário, Milton Luiz Souza. O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner é suplente da nova diretoria da entidade.
Com o objetivo de dinamizar a divulgação do CNACard a Faeg fez o lançamento do documento nos principais municípios que emitem Guias de Trânsito Animal (GTA), seu principal serviço inicial. Foram os seguintes: Quirinópolis, Rio Verde, Cachoeira Alta, Caçu, Mineiros, Jataí, Caiapônia, Bom Jardim, Piranhas, Iporá, Porangatu, São Miguel do Araguaia, Nova Crixás, Palmeiras de Goiás, Paraúna, Montes Claros de Goiás, Britânia, Jussara, Itapirapuã, Goiás, Bela Vista de Goiás, Orizona, Ipameri, Catalão, Itumbiara, Goiatuba, Morrinhos, Pontalina, Piracanjuba e Formosa.
Vinte dirigentes sindicais dos Sindicatos Rurais dos municípios de Mozarlândia, Arenópolis, Araguapaz, Jaraguá, Inaciolândia, Ipameri, São Miguel do Araguaia, Quirinópolis, São Domingos, São João da Paraúna e Sanclerlândia, participantes do Programa do Empreendedor Sindical, participaram do Curso de Excelência em Liderança. O evento foi realizado no Hotel Papillon, em Goiânia, nos dias 29 e 30 de novembro e faz parte da 3ª Etapa do Programa. O Projeto faz parte das ferramentas disponibilizadas pelo Sistema Faeg/Senar e parceria com o Sebrae para o fortalecimento da entidade sindical. Tem também o objetivo de dinamizar a gestão e criar alternativas para sustentação financeira.
Alterações do código florestal nova diretoria
lançamento do CnACard
Programa do empreendedor sindical
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12 | CAMPO Dezembro / 2012 www.sistemafaeg.com.br
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Agrinho na reta final
CÓDIGO FLORESTAL
Após o ano todo de capacitação de professores multiplicadores e novatos, o Programa Agrinho
parte, agora, para a sua terceira e últi-ma fase, que consiste na premiação dos trabalhos desenvolvidos nas escolas, por alunos e comunidade. Segundo a coordenadora do Programa, Maria Lui-za Bretas, foram avaliados quase dois mil trabalhos das oito regionais do Es-tado de Goiás. “Tivemos uma grande participação da sociedade. Praticamen-te, 90% dos municípios goianos se en-volveram no Programa.”
A coordenadora do Programa Agrinho, Maria Luiza, comenta os últimos preparativos antes da grande premiação
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14 | CAMPO Dezembro / 2012 www.sistemafaeg.com.br
Com o tema “Empreendedorismo e Meio Ambiente”, Maria Luiza explica que foram avaliadas cinco categorias. “Tivemos a categoria desenho para a educação especial, desenho para a educação infantil, redação, escola Agrinho e experiência pedagógica”, resume. Os vencedores serão conheci-dos no dia 6 de dezembro desse ano.
Para avaliar e classificar os traba-lhos foi formada uma comissão com-posta de representantes das áreas téc-nica e pedagógica. Maria Luiza explica que a banca avaliadora foi escolhida de acordo com a especialidade de cada professor. “Por exemplo, para a área de desenhos escolhemos professores de artes. Para a avaliação das redações foram escolhidos professores das redes estadual e municipal, e professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) de língua portuguesa e que são habituados a trabalhar com redações”, destaca.
A professora, Glaucia Santos do
Carmo, foi a responsável pela a avalia-ção da categoria desenho infantil para educação especial e infantil. Ela conta que a qualidade dos trabalhos foi ob-servada por região. “Em alguns locais percebe-se uma maior compreensão do tema.” Mas Glaucia acrescenta que, de forma geral, todos os trabalhos fo-ram muito bem elaborados.
Glaucia explica que os critérios utili-zados para a avaliação foi de fundamen-tal importância. “Nós usamos os critérios de vivacidade, originalidade, impacto vi-sual e apresentação como todo.”
Na área da educação há 40 anos, Neuracy Pereira Borges, avaliou os tra-balhos de redação. Especialista em lín-gua portuguesa, ela conta que o nível dos trabalhos está bem equilibrado. A maior dificuldade dos estudantes foi a abordagem do tema e a questão gra-matical.” Ela salienta que houve ainda redações excelentes. “Alguns alunos escreveram poemas, outros contos,
textos com grande qualidade.” De acordo com a especialista, fo-
ram usados quatro critérios básicos para a avaliação das redações. “Nós observamos a pertinência ao tema, ori-ginalidade, estrutura do texto e apre-sentação do texto.”
Já a professora, Márcia Aparecida Vieira, especialista em história, avaliou os trabalhos da Escola Agrinho. “Vie-ram trabalhos ótimos, que se percebe o bom desempenho dos alunos e tive-mos também trabalhos considerados médios.” Ela ressalta que, das oitos regiões do Estado, todas tiveram tra-balhos inscritos.
A professora fala ainda que con-sidera o Programa Agrinho de extre-ma importância para o bom desen-volvimento dos alunos e professores. “Acredito que esse é um projeto inova-dor que leva os participantes a pensar a educação ambiental e empreendedo-ra dentro do seu espaço”, diz.
Mudanças na premiaçãoMaria Luiza Bretas, conta que, este
ano, o Concurso apresentará algumas mudanças na premiação. Em vez de premiados os cinco primeiros coloca-dos de cada categoria, receberão prê-mios os autores dos melhores projetos das oito macrorregiões do Estado.
Os oito vencedores nas catego-rias Escola Agrinho e Experiência Pedagógica ainda concorrem entre si na disputa dos grandes prêmios finais: um kit multimídia completo para a escola e um carro zero km para o professor autor da melhor ex-periência pedagógica. “Essa regio-nalização da premiação possibilitará um envolvimento ainda maior dos professores, o que pode estimular a produção de projetos e trabalhos por parte dos alunos também”, es-pera a coordenadora do Programa.
De acordo com ela, a satisfação quanto aos resultados do Agrinho contribuíram para o sucesso do Pro-grama desde sua implantação. “A
divulgação ‘boca-a-boca’ do Pro-grama por parte dos professores contribui de forma significativa para alcançarmos resultados satisfató-rios”, garante.
Para Maria Luiza o grande prê-mio é a participação da sociedade no Programa. “O premio maior que o Sistema Faeg/Senar ganha é a mu-dança desses alunos. Sem dúvidas essa é a questão principal.” Segun-
do Maria Luiza, o Agrinho é um modificador de comportamentos e de atitudes que ultrapassa os muros da escola e envolve toda a comuni-dade. “Os temas do Agrinho enco-rajam os participantes a mudarem o comportamento e atuarem com mais responsabilidade socioambiental”. (leia a cobertura da premiação do Agrinho 2012 na próxima edição da Revista Campo.)
As professoras Gláucia, Neuracy e Márcia avaliam os últimos trabalhos concorrentes do Programa Agrinho
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R$ 44 mil foram distribuídos para jornalistas que produziram as melhores matérias relacionadas ao agronegócio neste ano.
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Sistema Faeg/Senar premia jornalistas
O Sistema Faeg/Senar premiou, no último dia 30 de novembro, os vencedores do 4º Prêmio
Faeg/Senar de Jornalismo (veja lista abaixo). Foram distribuídos R$ 44 mil em premiações nas categorias Impres-so, Telejornalismo, Fotojornalismo e Radiojornalismo. Concorreram, nesta edição, 50 trabalhos de profissionais de imprensa da capital e interior – ma-térias e fotos publicadas em veículos de comunicação do estado no período de 21 de outubro de 2011 a 26 de outu-bro de 2012. Os trabalhos foram sobre o tema: “Informação e Capacitação Desenvolvendo o Campo”.
O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, aproveitou para
anunciar o tema do próximo ano. “Do campo para a cidade: o desenvolvimen-to que caminha junto”. No próximo prêmio serão distribuídos R$ 54 mil. “Uma novidade é que iremos premiar também a categoria Webjornalismo”, disse o presidente bastante entusias-mado com o tema novo. “Será a opor-tunidade de explorarmos as riquezas que o campo proporciona à cidade”.
Ainda de acordo com o presidente, os critérios de avaliação dos jurados são estritamente técnicos onde apura-ram os melhores trabalhos para reco-nhecer o valor de cada um dos profis-sionais vencedores. “Reconhecemos o trabalho que a imprensa faz e estimu-lamos esses profissionais a conhece-
rem ainda mais nosso setor”, disse.
Campeões Para o vencedor em primeiro lugar
na categoria Radiojornalismo da Rádio Brasil Central, Gil Bonfim, a premia-ção foi um reconhecimento para o tra-balho da imprensa e um estímulo para a produção de material voltado para o setor agropecuário. “A Faeg esta de parabéns premiando os melhores trabalhos na área da comunicação”, resumiu.
Segundo o jornalista Fernando Dantas, repórter do jornal Canal Bio-energia, vencedor em primeiro lugar na categoria impresso, a premiação serviu para reconhecer o trabalho dos
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O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário, cercado pelos vencedores do 4° Prêmio Faeg/Senar de Jornalismo
FOTOJORNALISMORicardo Rafael – O Popular Jota Eurípedes - O HojeWildes Barbosa - O Popular
JORNALISMO IMPRESSOFernando Dantas – Canal BioenergiaLídia Borges - O PopularPablo Hernandes - O Popular
RADIOJORNALISMOGil Bonfim - RBCYara Galvão - RBC Mariane Ribeiro – Rádio CBN
TELEJORNALISMO Repórter - Produtor – CinegrafistaVictor Hugo de Araujo, Yndaiá Gomes Pereira, José Carlos Pires TV Serra Dourada
Victor Hugo Andrade Garcia, Rafael L. de Freitas, Roberval Marinho C. JúniorTV Anhanguera
Giovana Dourado, Rimenes Prado, Marcos dos Reis TV Anhanguera
Os vencedores
bom participar desse premio. A gente acaba adquirindo mais experiência e sabedoria. Ano que vem tem mais”, comemorou.
O fotojornalista Ricardo Rafael, do Jornal O Popular, foi o vencedor da categoria. “Fiquei muito feliz por ven-cer no primeiro lugar. Ano que vem participarei novamente como todos os anos venho participando”, destacou.
O corpo de júri de cada categoria foi formado por três profissionais – um membro da academia, um técnico do Sistema Faeg/Senar e um profissio-nal que está no mercado em veículos de comunicação que não estão concor-rendo ao prêmio e que são de outros estados. A cerimônia de premiação foi conduzida pela jornalista da Globo News, Cristiana Lobo.
Victos Hugo e sua equipe da Serra Dourada levaram o primeiro lugar em Telejornalismo
A produtora Bruna Mastreli, representou o vencedor Gil Bonfim na categoria Radiojornalismo
Fernando Dantas do Canal Bioenergia faturou o primeiro lugar em Jornalismo Impresso
Ricardo Rafael de O Popular ganhou com a fotografia mais bem votada na categoria
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profissionais que desenvolveram pau-tas sobre o tema. “Esse prêmio nos es-timula a continuar contando as histó-rias de personagens que desenvolvem o campo”.
Quem levou o primeiro lugar na categoria Telejornalismo foi o repór-
ter da TV Serra Dourada, Victor Hugo de Araújo. Ele e sua equipe fizeram uma reportagem sobre um grupo de mulheres de Bela Vista, interior goia-no, que se juntaram para realizar um sonho, o de se tornarem empresárias do ramo de artesanato. “Foi muito
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Setor se une para barrar aumento e criação de novas taxas sanitárias da Agrodefesa. Medida elevaria as cobranças atuais em mais de 200%
rhudy Crysthian | rhudy@faeg.com.br
Governo cede à pressão de produtores
TAXAÇÃO
O governo do Estado retirou da pauta de votação deste ano, da Assembleia Legislativa de
Goiás, o item G do projeto de Lei 188 que previa o aumento das taxas sanitá-rias dos serviços prestados pela Agro-defesa. O anúncio foi feito no dia 11 de dezembro, na própria Assembleia, poucos dias antes de encerrar o ano legislativo da Casa. A retirada do item
da pauta de votação veio após forte manifestação do setor agrícola goia-no que se mobilizou contra o aumento das taxas que chegariam, em alguns itens, a mais de 200%. A decisão do governo foi anunciada após reunião entre o governador, a Faeg e entidades envolvidas na discussão.
Segundo o presidente da Faeg, José Mário Schreiner - quem encabeçou as
discussões em torno do tema -, os pro-dutores reconhecem a importância dos serviços prestados pela Agrodefesa, mas não concordam com o aumento ou a criação de novas taxas, especialmen-te em áreas onde não há projeto es-trutural de defesa agropecuária e de-senvolvimento do setor. “Oitenta mil produtores goianos vivem com renda negativa e dependem do Estado. Pre-
Parlamentares acompanham o anúncio da retirada do item G do projeto de Lei 188 que aumenta e cria novas taxas da Agrodefesa
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produtores rurais de Goiás se mobilizam para barrar aumento
Cerca de 300 produtores rurais de mais de 60 municípios goianos, mo-bilizados pela Faeg, se reuniram no último dia 11 na Assembleia Legisla-tiva do Estado de Goiás, para acom-panhar o anúncio do deputado esta-dual, líder da bancada do governo, Hélio de Sousa (DEM), sobre a retira-da do item G, do projeto de Lei 188, que prevê o aumento das taxas de serviços prestados pela Agrodefesa.
Segundo o produtor rural de Rio Verde, Sadi Secco, a mobilização da classe foi muito importante. “Que-remos mostrar que não adianta au-mentar as taxas. O governo de Goiás precisa melhorar o serviço que tem prestado com o dinheiro que ele já arrecada dos impostos que paga-mos.” Ele acrescentou que, antes de o governo aumentar qualquer taxa, deve discutir com o setor que está onerado em relação à carga tributá-ria. “O governo não tem a necessi-dade de cobrar esse aumento para o setor rural. Já está em dívida com os produtores em termos de prestação
de serviços, como as estradas, ener-gia elétrica e agilidade em processos ambientais”, disse.
O presidente do Sindicato Ru-ral de Jataí, Ricardo Perez, também concorda que o aumento das taxas é incoerente. “É injusto mais custo para o produtor, somos nós que pa-gamos as despesas do Estado, por meio dos impostos.” Ele salienta que é preciso trabalhar em prol de melhores serviços prestados à clas-se. Perez destaca que a classe pro-dutora se considera vitoriosa com a decisão do governador, Marconi Perillo. “Saímos felizes, porque a união dos produtores foi o grande diferencial para que fosse retirado esse item.”
Rogério de Oliveira, presidente do Sindicato Rural de Itumbiara, de-fende que a conquista da retirada do item G do projeto 188 é motivo de alegria para a classe. “Os produto-res devem se inteirar do assunto e saber o que tange todas as regula-mentações que estão no projeto.”
cisamos permitir que esses produtores consigam alcançar uma renda melhor e não taxá-los com novos encargos”, argumentou.
De acordo com o líder da bancada governista na Assembleia, o deputa-do estadual Hélio de Sousa (DEM), o item G do projeto poderá voltar a ser discutido em fevereiro, quando a Casa retorna do recesso parlamentar de iní-cio de ano. “O governo entendeu que é preciso discutir melhor o tema e re-solvemos suprimir este item da maté-ria. Se houver um entendimento entre os agentes envolvidos retomaremos as discussões logo no início próximo ano legislativo”, argumentou.
A propositura já havia entrado na pauta da Assembleia no final do ano passado e retirado de pauta a pedido da Faeg. A discussão retornou à Casa em novembro deste ano. Desde então, os produtores dos diversos setores têm se reunido para discutir os aumen-tos e chegar a algum consenso sobre a elevação das taxas. Os produtores já conseguiram adiar a votação por duas vezes este ano. Esta é a terceira negociação. “Precisamos chegar a um acordo onde a maioria dos produtores não se sinta penalizada com essas co-branças”, afirmou o representante do setor, José Mário.
Ele reforçou que o setor ainda so-fre com problemas estruturais sérios nas áreas de infraestrutura, logística e meio ambiente – estradas em más con-dições, fragilidades no fornecimento de energia ao campo, burocracia e len-tidão na emissão de outorgas e licen-ças ambientais.
O presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio na Assembleia, o de-putado estadual Valcenor Braz (PTB), destacou o compromisso e a união entre os parlamentares que compõem a Frente na defesa dos interesses do setor agropecuário. Segundo ele, dis-cutir novas taxas sem a criação de um projeto de desenvolvimento para o se-tor é improdutivo para o crescimento econômico do Estado.
O presidente da Faeg, José Mário, durante pronunciamento aos produtores
Produtores se despedem do ano embalados pelos bons preços e investimentos na compra de maquinários. Falhas na infraestrutura permanecem
Karina ribeiro | revistacampo@faeg.com.br
Especial para Revista Campo
Safra recorde e bons preços marcaram o ano
Foi um ano sem precedentes. Produtores rurais goianos in-vestiram em tecnologia impri-
mindo maior produtividade no cam-po e foram ainda beneficiados com os efeitos climáticos que favoreceram as lavouras de milho e soja – principais pilares do agronegócio do Estado.
A safra recorde, 18,6 milhões de toneladas de grãos, 2,5 milhões a mais que a anterior, contou com a inesperada seca nas regiões produ-toras norte-americana e argentina. O
resultado foi a elevação do preço das commodities. Mas o setor também sofreu agruras. Profissionais recla-mam de problemas infraestruturais como estradas más conservadas e fal-ta de investimentos na distribuição de energia elétrica, além da ausência de políticas públicas eficientes voltadas para o setor do agronegócio.
O milho talvez tenha sido a grande surpresa desta safra. Desacreditado no início do ano - a expectativa de uma super safrinha achatou os preços
da saca que rondou a casa dos R$ 15 – muitos produtores chegaram a ima-ginar a probabilidade de intervenção do governo federal com o intuito de garantir o preço mínimo. “Chegamos muito próximo a isso em maio”, lem-bra o analista de mercado da Faeg, Pedro Arantes.
Mas no apagar das luzes, a seca nos Estados Unidos rompeu com o cenário nacional que vinha sendo construído. A perspectiva da quebra de safra do maior produtor e consu-
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midor mundial de milho refletiu rapi-damente em liquidez dos estoques e aumento do valor da saca.
As mesmas intempéries climáticas também beneficiaram a soja, que já vinha de um baixo estoque e alcan-çou preços acima de R$ 70, embora poucos produtores tivessem o produ-to para vender. Prova disso é que os estoques nacionais do grão chegaram a um limite mínimo, mas o mercado não chegou a ficar desabastecido.
O vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, lembra que o produtor deve Se ater ao crescimento do consumo asiático e ao aumento da renda da população interna, fatores sustentáveis para o fortalecimento do agronegócio. “A forte seca que ocor-reu nos Estados Unidos é um fator na-tural, que pode ocorrer em qualquer época”, ressalta.
InfraestruturaProblemas infraestruturais an-
tigos emperram o desenvolvimento do setor do agronegócio e tiram a competitividade no campo. Estradas e portos congestionados, falta de ar-mazéns para secagem e estocagem de grãos são apontados como os princi-pais gargalos.
Em nota, a Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop) apresentou projeto Rodovida Constru-ção, Rodovida Reconstrução –grupo II e Rodovida Conservação . Nele aponta investimentos na reconstrução de 5.430 quilômetros de estradas em diferentes regiões do Estado. Muitos trechos com prazo de execução até 2014.
CelgA bronca é direcionada também
para o setor de energia elétrica. Regi-ões como Montividiu, um dos celeiros do sudoeste goiano, sofre com a ca-rência de energia elétrica para manu-tenção de armazéns.
Em nota, a companhia estima que
serão investidos, em 2013, desembol-sos superiores a R$ 60 milhões com limpezas de faixas, podas e melho-rias de rede, que devem ajudar a mi-nimizar interrupções do fornecimen-to causadas de decorrentes descargas atmosféricas até interferências de ve-getação. Este ano foram investidos, conforme nota, R$ 200 milhões nas manutenções de redes urbanas e ru-rais. Para 2013, a Celg prevê a capta-ção da mesma quantia em toda a área de concessão.
Segundo Pedro Arantes, a ausên-cia de políticas públicas eficazes para o setor gera intranquilidade ao pro-dutor rural. Ele acredita que o segu-ro agrícola nacional deveria seguir os moldes das regras vigentes nos Esta-dos Unidos. Lá, conta, o seguro cobre 80% da receita esperada. “O produtor não consegue bancar sozinho. O se-guro não tem de cobrir só as perdas físicas. A política de preço mínimo é muito pontual”, critica.
Grãos – instabilidade climáticaMesmo com o clima um pouco
incerto se comparado ao do ano pas-sado, em função da incidência do fe-nômeno El Niño – cujas principais ca-racterísticas são atrasar as chuvas no início do plantio e interrompê-las um pouco mais cedo - profissionais liga-dos ao setor de grãos estão otimistas quanto ao desempenho das lavouras em 2013. Além disso, estimativas apontam que 65% da safra de soja já tenham sido comercializadas em fun-ção dos bons preços praticados pelo mercado este ano.
Inicialmente, segundo Pedro Arantes, a perspectiva era de que a safra de grãos batesse novo recorde, rondando 20 milhões de toneladas. O atraso das chuvas no início do período de plantio e a possibilidade de diminuição da área destinada ao milho safrinha podem comprometer esta meta. Outro ponto é que, em al-gumas regiões do Estado, a estiagem
acometida após o plantio resultou na necessidade de replantio de semen-tes – atrasando ainda mais o ciclo. “Por isso, acredito que a safra de 2013 deva ser próxima a deste ano”, explica.
Neste caso, o vice-presidente ins-titucional da Faeg, Bartolomeu Braz,
explica que alguns deixarão de plan-tar e outros apostarão no sorgo, con-siderada uma cultura mais rústica. Ele lembra que a agricultura de pre-cisão é uma estratégia para o produ-tor tentar reduzir essas perdas. “Ele ganha em produtividade e diminui os custos”, aconselha.
Produtores de grãos estão otimistas quanto a próxima safra
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Gado de corte – ano fraco Gado de leite preço pode melhorar
algodão – diminuição de área
Os mesmos fatores que beneficia-ram os produtores de grãos criaram um descompasso para produtores de gado de leite e corte, suínos e aves. A elevação do preço do milho e da soja, principais componentes da ração ani-mal, onerou o custo de produção ge-rando prejuízos para muitos produto-res. A expectativa é que o mercado se adeque e a balança fique equilibrada para a continuidade salutar das ati-vidades.
“Foi um ano muito ruim”, desaba-fa o presidente da Comissão de gado de corte da Faeg, José Manoel Cai-xeta. Ele explica que o setor amar-gou prejuízos em função do aumen-
to do custo de produção e redução do preço da arroba do boi. O custo de produção, calcula, atingiu R$ 85, enquanto o preço caiu consideravel-mente. José Manoel conta que boa parcela de culpa desse desempenho ruim também pode ser ligado à retra-ção dos consumos mundial e interno. Prova disso, diz, é que o ano deve fin-dar com uma redução no número de cabeça de gado abatidos.
Ele acredita que irá ocorrer uma redução no custo de produção, em função de uma ligeira queda dos pre-ços das commodities. “Alguns espe-cialistas estão prevendo isso. O que nos acalma um pouco mais”, ressalta.
Produtores de gado leiteiro co-meçaram este ano com a expec-tativa na elevação do preço do li-tro do leite, o que não ocorreu de forma significativa. A frustração, sentimento que costuma emperrar investimentos em muitos setores, não refletiu em desânimo. A esta-bilização dos preços, situação rara para a atividade, proporcionou possibilidade de planejamento para o produtor”. Foi um ano muito me-lhor que 2011 e acreditamos que 2013 será ainda mais vantajoso”, afirma o presidente da comissão de gado de leite da Faeg, Antônio da Silva Pinto.
O otimismo está baseado no aumento do consumo de produtos derivados do leite (queijo, iogurte) e perspectiva de elevação do preço do litro do leite. “Mas o produtor tem de fazer investimentos de for-ma programada e com acompanha-mento técnico”, alerta.
O tom foi de cautela. Embora permaneça como o terceiro Estado produtor da Federação, Goiás dimi-nuiu a área de plantio – caiu de 108,3 mil hectares, em 2011, para 89 mil hectares em 2012.
O preço ficou abaixo do esperado pelos produtores de algodão em fun-ção dos altos estoques mundiais. “Os
preços internacionais estavam baixos por causa da regularização dos esto-ques”, afirma Bartolomeu Braz. Além disso, dados da Conab apontam de-saceleração no consumo do produto. “Hoje o algodão compete com os sintéticos”, lembra Bartolomeu. Para 2013, Pedro Arantes acredita que o preço do algodão deva reagir.
2012 foi considerado um ano ruim para a bovinocultura de corte
O presidente da Comissão de gado de leite, Antônio da Silva, acredita que 2013 baterá as expectativas
Goiás diminuiu a área plantada de algodão este ano
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aves - instabilidade do preço da ração
suínos - preços baixos e autos custos
cana-de-açúcar - atraso na colheita
“A possibilidade de faltar farelo de soja causou intranquilidade no setor”, lembra o presidente da co-missão de avicultura da Faeg, Uacir Bernardes. Essa foi a maior preo-cupação em um ano marcado pelo aumento do custo de produção. Esse incremento afetou diretamente o preço do frango.
Uacir explica; a ração represen-ta 70% do valor do custo de pro-dução das aves. Ele conta que os avicultores conseguiram recuperar um pouco o preço, mas o que sal-vou foi o mercado interno. Embora o País seja o maior exportador de
aves mundial, com a consolidação da crise europeia, houve retração nas vendas para outros países, mas o mercado interno surpreendeu ao absorver este volume.
Ele acredita que, apesar dos pre-ços das commodities não retraírem muito em 2013, o produtor de aves terá um cenário mais claro. “Teremos valores mais constantes e acredito que não seremos pegos de surpre-sa”, afirma. O mercado interno, diz, deve continuar forte. Já com o mer-cado externo, Uacir é mais modesto. Segundo seus cálculos, as exporta-ções devem aumentar até 2%.
Mesmo tendo sofrido impacto menor que produtores da região Sul do País, os suinocultores goianos talvez sejam os produtores que mais tenham sofrido na cadeia do agrone-gócio este ano. Com preços de venda baixo e alto custo de produção, sui-nocultores trabalharam no vermelho praticamente até setembro.
Muitos saíram da atividade ou di-minuíram o plantel. Para se ter ideia, o custo de produção atingiu R$ 2,80 por quilo do animal, após o aumento dos preços do milho e soja, principais componentes da ração, enquanto o produtor de suínos vendia a R$ 2,30.
O presidente da comissão de sui-
nocultura da Faeg, Iuri Pinheiro, lem-bra que em momentos de crise, os produtores goianos ainda competem com a carne oriunda do Mato Grosso, cujo custo de produção é mais barata. “Sempre que ocorre esse tipo de crise eles entram com os animais aqui. Ago-ra que o preço está melhor, eles bus-cam o mercado de São Paulo”, afirma.
Há dois meses, o setor vive uma me-lhora no preço de venda. Atualmente, diz, os produtores estão comerciali-zando em torno de R$ 3,45 o quilo. A perspectiva para 2013, diz, é de que os preços continuem estáveis. “Mas acre-ditamos também que o custo de produ-ção devem continuar alto”, explica.
Um erro de cálculo no planeja-mento da colheita da cana-de-açúcar diminuiu a capacidade de colheita do setor. A previsão de colher pro-positalmente com 15 dias de atraso tinha o intuito de elevar o Açúcar Total Recuperável (ATR). Entretanto, quando as máquinas entraram na la-voura a chuva incidiu de forma ines-perada.
Outra surpresa foi constatada na região Sudoeste do Estado – a pro-dutividade estava mais alta que o previsto. Sendo assim, a área colhi-
da foi menor. “Quando as máquinas entraram e viram que a produção era maior, elas demoraram mais para ti-rar a cana”, explica o presidente da comissão de cana-de-açúcar da Faeg, Ênio Fernandes. Neste caso, a capita-lização do produtor foi com um pou-co mais de lentidão.
Ênio lembra que algumas áreas podem ficar ainda sem colher, embo-ra muitas indústrias estão prevendo colheita até o fim do ano. “A entres-safra será mais curta e os estoques estão altos”, diz. A soma desses dois
aspectos deve corroborar para que a margem de lucro do produto conti-nue baixa. “Como o governo subsidia o petróleo e não dá sinais positivos para o setor sucroenergético, as mar-gens ficam negativas”, diz.
Nem o açúcar, considerado a vál-vula de escape do setor, escapou de um 2012 tumultuado. Houve boa produtividade nos países produtores. “Além disso, a Rússia, maior compra-dor do açúcar brasileiro, está cami-nhando a passos largos para a inde-pendência” diz Ênio.
Preço da ração para aves preocupou setor durante o ano
Setor de suinocultura foi um dos mais afetados durante o ano
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Congresso Internacional do Leite discute alternativas para crescimento sustentável do setor
rhudy Crysthian | rhudy@faeg.com.br
Futuro da produção de leite em debate
CADEIA LEITEIRA
Presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário, faz a abertura oficial do evento
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Cooperativismo, desenvolvimen-to do setor, desafios da cadeia láctea e produção com susten-
tabilidade deram o Norte dos debates durante o 11° Congresso Internacional do Leite, realizado por uma parceria do Sistema Faeg/Senar e Embrapa Gado de Leite, em Goiânia, nos dias 21 a 23 de novembro. No evento, produtores ru-rais, estudantes e pesquisadores se reu-niram para discutir e atualizar questões relacionadas com a sustentabilidade e competitividade da pecuária leiteira no Brasil, e, também elaborar uma agenda de políticas públicas para o fortaleci-mento do negócio do leite no país.
“Em Goiás 65 mil propriedades produzem leite diariamente. São 246 municípios, que geram 220 mil empre-gos. Essa é a cadeia mais produtiva do Estado”, destacou o presidente do Sis-tema Faeg/Senar, José Mário Schreiner durante a abertura do evento. O pre-sidente lembrou que em 2009, foi fei-to pelo Sistema Faeg/Senar um diag-nóstico da cadeia leiteira. Nos dados colhidos ficou provado que 82% dos produtores de Goiás não tinham as-sistência técnica na produção. “Obser-vamos ainda que 56% dessas pessoas obtinham informações por meio de vi-zinhos e 46% dos filhos de produto-res não tinham interesse na sucessão familiar”, lembra.
Ele acrescenta que a partir des-sas informações o Sistema passou a trabalhar mais intensamente para levar conhecimento e assistência a todos os produtores. “Temos no Se-nar Goiás mais de 1,5 mil cursos de capacitação voltadas para o leite.” José Mário acrescenta que ainda as-sim não é o suficiente para atingir os 60 mil produtores goianos. “Isso nos estimula a trabalhar ainda mais por essa classe.” José Mário aproveitou o evento e anunciou que será criado no município de Bela Vista o 1º Centro de Excelência em Produção de Leite. “Esse é um projeto da CNA e o Senar Central. Nossa meta é formar alunos e capacitar técnicos de todo o Brasil.”
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cooperativismo em destaque
Duarte Vilela, chefe geral da Em-brapa Gado de Leite, destacou que Goiás é o quarto maior produtor de leite no país e o Brasil ocupa a sex-ta colocação no ranking mundial. “O Estado tem muito que ensinar para os demais Estados brasileiros.” Ele acres-centou ainda que na década de 1990 o Brasil produzia 22 bilhões de litros de leite. Em 2011 esse número subiu para 32 bilhões. “Nossa expectativa é que esse ano alcancemos a marca de 33,2
bilhões de litros produzidos.” De acordo com o secretário de
Agricultura, Pecuária, Abastecimen-to e Irrigação de Goiás (Seagro), An-tônio Flávio Camilo, o Brasil é um ponto de equilíbrio, onde o país tem condições de alimentar o mundo. O secretário disse também que os goia-nos têm sorte de ter entidades como a Faeg e o Governo Estadual. “Juntos eles trabalham para apoiar e melho-rar o setor agropecuário.”
Essa é a terceira vez que o Congres-so é realizado na capital de Goiás, que sediou a primeira edição, em 2001. Os participantes do 11º Congresso Inter-nacional do Leite contaram ainda com a apresentação de 134 pôsteres cien-tíficos compostos por temas ligados a atualidade do leite. Os trabalhos eram de professores, pesquisadores, extensionistas e estudantes da área de ciência agrária voltada para a cadeia leiteira de todo o Brasil.
O presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Már-cio Lopes de Freitas, foi moderador de um painel sobre o assunto. Se-gundo ele é preciso pensar a cadeia leiteira de maneira mais estratégica. “Temos que ter visão clara de onde o setor lácteo vai estar daqui a 20 anos”, disse. O Ex-ministro da Agri-cultura e Coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio na Funda-ção Getúlio Vargas, Roberto Rodri-gues, falou do Cooperativismo no Mundo. Ele destacou o estudo de uma importante entidade america-na que cuida da economia alimen-tar, onde foi constatado que a ofer-ta mundial de alimentos vai crescer 20% em dez anos. “O Brasil vai ter que crescer 40%. Enquanto o mundo cresce 20%, o nosso país vai ter que aumentar o dobro da sua produtivi-dade alimentar. Isso significa que existe uma demanda sobre nós. É o mundo dizendo que é necessário que o Brasil cresça mais do que o restan-te”, explicou.
Os participantes do Congresso acompanharam também a experiên-cia de sucesso da Cooperativa Fon-terra, apresentada pela professora Associada de Gestão do Agronegócio e Co-diretora do Programa de Agri-commerce da Massey University, Ni-cola Shadbit, da Nova Zelândia. Com tradução simultânea, ela iniciou fa-lando que se for olhar para o modelo
de cooperativismo, percebe-se que é uma construção social. “Os membros são valorizados.” Nicola explicou que existe diferença entre o cooperativis-mo e as empresas. “Nas cooperativas é olhado no final do dia uma mutua-lidade, onde existe a coesão social e
o balanço de interesses.” Ela salienta que cooperativas, como a Fonterra, tem como seu principal ativo os mem-bros que a compõem. “Os funcioná-rios da Fonterra são apaixonados pelo o que fazem. E isso permite gerenciar a cooperativa de um modo melhor.”
Duarte Vilela, chefe geral da Embrapa Gado de Leite, destacou as potencialidades de Goiás para a produção de leite
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Desenvolvimento do setor
cadeia internacional
Melhorar o sistema de produ-ção, investimentos em capacitação profissional, e planejamento seto-rial de longo prazo são alguns dos ingredientes que formam a receita para melhorar o desenvolvimento do setor produtivo do leite no Brasil. A grade de indicações é do diretor executivo da consultoria Agripoit e coordenador do portal Milkpoint, Marcelo Pereira de Carvalho. Marce-lo fez parte do painel Desafios para a Cadeia Produtiva do Leite Nacio-nal – na visão do setor produtivo.
De acordo com o consultor, o au-mento do consumo de produtos lác-teos no Brasil, que dobrou nos últi-
mos dez anos, foi ocasionado graças à elevação da renda e do poder de compra do consumidor brasileiro.
O diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Ru-ral do Ministério do Desenvolvi-mento Agrário, Argileu Martins da Silva, tratou sobre o tema, mas em um viés da assistência técnica. Se-gundo ele, a produção agrícola atu-al, seja ela familiar ou empresarial, deve ser embasada não só em altos índices de produtividade, mas tam-bém na sustentabilidade, tanto da atividade quanto calcada nas ques-tões ambientais e sociais nas quais o setor produtivo está inserido.
Entidades de pesquisas para o se-tor lácteo de diversas Nações se reu-niram durante o Congresso para de-bater e comparar as características de produção de cada país e as ferramen-tas disponíveis de pesquisa para o setor. Durante o painel Pesquisa, De-senvolvimento e Inovação na Pecuária Leiteira, o coordenador do Núcleo de Gestão do Agronegócio da Fundação Dom Cabral, Alberto Duque Portu-gal, fez a introdução de alguns paí-ses, principais produtores de leite da União Europeia, como a França.
O delegado internacional do De-partamento de Fisiologia Animal e Sistemas de produção Animal do INRA, um instituto de pesquisa e desenvolvimento agropecuário seme-lhante a Embrapa no Brasil, Jonathan Levin, detalhou as especificidades da produção de leite naquele país e co-mentou o trabalho do setor em desen-volver ferramentas de pesquisa para melhorar a rentabilidade da atividade.
Segundo ele, o setor de pesquisa agropecuária francês utiliza um mon-tante de aproximadamente ¤$ 730 milhões de euros destinados em três macro vertentes de pesquisa: alimen-
tos e segurança alimentar, agricul-tura e meio ambiente. Ele comentou que a França produz 24 bilhões de li-tros de leite por ano, atrás apenas da Alemanha. Apenas 30% do rebanho leiteiro é criado em sistema intensivo, o restante em pastagem.
Em 2011/2012, as entregas de leite em França superaram os 24 bilhões de litros, o que supõe um aumento de 4% em relação ao período. Este valor é o mais alto alcançado desde 1998. “Esta-mos trabalhando agora para tentar au-mentar os preços do leite e a qualidade do produto”, ressaltou o pesquisador francês. A grande questão é como os franceses pretendem melhorar a pro-dução na mesma proporção que devem elevar a qualidade do produto para atingir preços mais vantajosos.
Outros paísesPara o pesquisador da Nova Ze-
lândia, Kevin Macdonald, a resposta para a equação produtividade-custo--lucro está na genética. Ele explica que 73% do rebanho neozelandês é de vacas inseminadas artificialmente. “A produção de leite no país é bas-tante desenvolvida, girando em torno
de 16 bilhões de litros ao ano, o que corresponde a 3% da produção mun-dial”. Nos últimos cinco anos as ex-portações neozelandesas cresceram 40%, enquanto a produção aumentou 30%. Isso mostra a grande vocação exportadora do país. 30% da riqueza da Nova Zelândia vem do leite.
Graham Plastow, CEO da Livesto-ck Gentec Ctr, University of Alberta, um importante instituto de pesquisa em genética animal no Canadá, tratou do tema, mas algumas características importantes diferenciam as práticas do Brasil e do Canadá em relação à produção de leite ou dos demais pro-dutos do setor agropecuário. O clima de lá é uma dessas características: durante alguns meses, as tempera-turas em algumas regiões oscilam entre 30ºC e - 30ºC, que inviabiliza o uso constante de pastagens e a cria-ção extensiva. O sistema utilizado é o de confinamento, com raras exceções em que as vacas são levadas às pas-tagens, durante o período de verão. Como o inverno é muito rigoroso e a neve cobre totalmente os campos canadenses, o rebanho permanece confinado em grandes estábulos.
SucessoBernardo Macaya, presidente da
Fepale, vice-presidente e diretor do Conselho Administrativo da Coope-rativa Dos Pinos, da Costa Rica, re-latou o sucesso da entidade. Criada em 1947, a cooperativa é considera-da uma das mais conceituadas do país. “Ela começou pequena e, hoje, é composta por sócios que buscam vender seu leite e receber o valor necessário.” Segundo Macaya, a Dos Pinos tem todo um processo de produção. “Essa cadeia vai da pro-dução de alimentos concentrados, da equipe para o sistema de orde-nha, além dos centros de distribui-ção até os nossos produtos que são colocados nos pontos de vendas.”
Em busca de terras mais baratas produtores migram para o Norte do Estado
Karina ribeiro | revistacampo@faeg.com.br
Especial para Revista Campo
O novo El Dourado goiano
OCUPAÇÃO
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Produtores da região Sudoeste de Goiás e de outros Estados são os principais responsáveis pela mudan-
ça ocorrida, aos poucos, das paisagens de municípios localizados na região Norte. As pastagens, anteriormente tomadas por cabeças de gado, agora cada vez mais di-videm espaço com lavouras de grãos.
Sufocados pelas baixas perspecti-vas de crescimento em outras regiões e elevação do preço do arrendamento de terra, principalmente em função da expansão das lavouras de cana-de--açúcar no Sul e Sudoeste do Estado, produtores de grãos estão em busca de terras abertas, mais baratas e com possibilidade de crescimento.
Segundo o produtor, Moacir José Rodrigues Júnior, a pressão do cresci-mento de lavouras de cana-de-açúcar, na região de Santa Helena de Goiás, Sudoeste do Estado, resultou em um encarecimento sem precedentes do arrendamento da terra. Em um curto espaço de tempo, diz, o valor de arren-damento, dependendo da localização, saltou de 10 sacas por hectare para até 15 sacas por hectare, um incremento de 50%. “Eu pagava 12 sacas por hec-tare. Esse preço estava tornando a ati-vidade insustentável”, afirma.
De olho em uma mudança de pers-pectiva, Moacir conta que começou a visitar municípios localizados em regi-ões mais ao Norte. Viajou para a Bahia (BA), Mato Grosso (MT), Tocantins (TO) e Maranhão (MA), mas decidiu estabelecer-se em Porangatu Norte goiano ao estudar o clima e acompa-nhar os resultados de produtores.
Ele diz que se surpreendeu com a quantidade de terras degradadas pela pecuária em até 30 anos de atividades,
O produtor Moacir José foi empurrado para o Norte do Estado devido ao crescimento da cana na região de Santa Helena
com a oferta de terras e com sistema pluviométrico e regime de chuvas si-milares aos de Santa Helena de Goiás.
Desde abril, o engenheiro agrôno-mo realiza visitas quinzenais à região constatando resultados de lavouras em fase finais. Em junho passou a investir em área para plantar. Ele ar-rendou 1,5 mil hectares de terra. “Sai de uma realidade de 12 sacas por hec-tare e fui para uma de uma ou duas sacas por hectare”, calcula. Este ano, em função da análise de crédito e por
questões ambientais, vai plantar em apenas 600 hectares.
Lavoura-pecuária A ideia do produtor é adotar re-
gime de integração lavoura-pecuária. “Com isso, temos melhor produtivi-dade de grãos e otimizamos a área para a pecuária” , calcula. Moacir deve investir em gramíneas mais exigentes, que resultam em melhor rentabilidade de produção animal. “Tiro a soja e en-tro com a gramínea”, explica
terras mais baratas A assessora técnica da Faeg para a
área de pecuária de corte, Christiane de Paula Rossi, diz que esse movimen-to de integração é lento, contínuo, po-rém, crescente. Com áreas abertas e degradadas pela pecuária, municípios de Niquelândia, Mutunópolis, Poran-
gatu, Novo Planalto, São Miguel do Araguaia e Uruaçu, possuem caracte-rísticas semelhantes e que despertam atenção de produtores com sede de crescimento.
A região concentra gado de cria, bezerros, mas também confinamento.
Com a descoberta, aos poucos, das vantagens da pecuária sustentável, diversificando opção de investimento de capital, muitos estão recuperando a área com adubação. “A soja fixa ni-trogênio, tem a palhada. É interessan-te a integração de pecuária e lavoura
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Região ainda é carente de infraestrutura
na região” diz.Para tanto, o produtor rural e en-
genheiro agrônomo, Renato Marques Azevedo calcula que terá o custo de produção mais elevado, pelo menos, nas primeiras três safras para o pre-paro do solo com adubação, gesso e calcário. “Além do óleo diesel que está muito caro”, afirma. Renato diz que, recentemente, estão ocorrendo mudanças significativas na forma de adubar e por isso, não há como men-surar a porcentagem de aumento de custo de produção se comparado a uma área onde a agricultura já está consolidada.
Renato também é um desses pro-dutores em busca de expansão de terras. Estabelecido em Rio Verde, Sudoeste do Estado, este ano, resol-veu buscar novos horizontes. “A re-gião está praticamente limitada para procura de áreas maiores e o arren-damento está muito alto”, diz.
Renato vendeu 125 hectares em Rio Verde. Com o dinheiro adquiriu 411 hectares em Novo Planalto. Des-ta área, 300 hectares serão planta-dos soja. Em boa parte do restante, Renato idealiza a entrada de cabe-ças de gado.
Entretanto, arrendou mais outros 500 hectares para plantar soja. Ele conta que nesta área já havia sido im-plementado lavoura e, por isso, está pagando três sacas por hectare, pre-ço ligeiramente superior ao cobrado na região.
Em áreas bem trabalhadas, o pro-dutor e engenheiro agrônomo admi-
te que a produtividade é igual a do Sudoeste do Estado. A deficiência está na incapacidade de produzir safrinha. Apesar da quantidade plu-viométrica ser semelhante a algumas regiões do Sudoeste do Estado, elas começam um pouco mais tarde.
Para se ter ideia, Renato planeja ini-ciar o plantio no dia 10 de novembro. Segundo sua previsão, tempo neces-sário para que a quantidade de chuva cumpra a missão de germinar a semen-te.
O engenheiro é otimista. Ele acredita que, em breve, a região tem potencial para produzir safrinha. Para tanto, são realizadas pesquisas de variedades de ciclos mais curtos e adaptadas à região. “Com o ciclo mais curto, será possível entrarmos com milho ou soja”, conta.
Perspectivas“Precisamos estreitar as relações
entre os produtores de grãos e os
pecuaristas. A oportunidade é ím-par”, diz o engenheiro agrônomo, Maurício Velloso. Há 28 anos mo-rando em Porangatu, Maurício expli-ca que está trabalhando há muitos anos com a política de integração lavoura-pecuária.
Ele afirma que a região não perde para nenhuma outra em produtivida-de, desde que seja aplicado manejos criteriosos. Ele conta que o primeiro ano de uma lavoura pode render en-tre 45 e 53 sacas por hectare. No pri-meiro ano, em função da aplicação de insumos e regularização do solo, os gastos equivalem aos lucros. “É um zero a zero com louvor”, diz.
“Além disso, aqui temos uma logística mais simples. Os insumos chegam e saem mais facilmente”, diz, lembrando da Belém-Brasília e rela-tando as boas condições de outras estradas da região. Milho, milheto, sorgo e girassol já são culturas co-mumente plantadas na safrinha.
Fugindo dos valores altos de arrendamento, o produtor Renato Marques migrou para o Norte goiano
O produtor rural e vice-presidente Institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, compartilha da opinião de ou-tros produtores rurais. Conforme ele, toda a infraestrutura adequada para a produção de grãos instalada nas Regiões Sul e Sudoeste do Estado, como assistência técnica especializa-da, presença de empresas de maqui-
nários, armazéns, entre outros atrati-vos, estão encarecendo as terras nas proximidades, dificultando a expan-são da atividade. A competitividade com o algodão, feijão e cana-de-açú-car também são considerados fatores fundamentais para essa ascensão de valores de mercado. “O custo bene-fício para algumas culturas tornou
difícil a competição com culturas de maior valor agregado”, diz.
Impulsionado pelo aumento da de-manda, especialmente asiática, e boas perspectivas de mercado, o produtor foi em busca de novos áreas. A Região Norte de Goiás, embora reconhecida-mente cravada em uma localização de solos considerados menos férteis, foi o
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ponto escolhido pelo produtor para plantar, até o fim de novembro, 3 mil hectares de soja. “Como é uma região de clima mais quente, com altitude e latitude mais baixa, o pro-dutor vem pela coragem e espírito de empreendedorismo”, ressalta.
A perspectiva é de que sejam colhidos 42 sacas por hectare. O número é reduzido em função de ser a primeira safra. Em outros 500 hectares onde o produtor já está trabalhando pela segunda vez o solo, o número já surpreende. São esperadas 55 sacas por hectare. “Você vai domesticando a terra”, explica.
Embora as terras sejam mais ba-ratas há dificultardes intrínsecas à região. A lentidão de órgãos regu-ladores para licenciar terras, trava-dos pela burocracia principalmente da legislação ambiental, a falta de infraestrutura e logísticas adequa-das. Bartolomeu conta que muitas terras não há documento registrado
em cartório que comprove sua lega-lidade, impedindo a negociação.
Em relação à infraestrutura, Bartolomeu vivenciou a falta de armazéns necessários para estocar grãos na última safra. Ele conta que rodou 270 quilômetros para encon-trar uma estrutura adequada para fazer secagem e pré-limpeza dos grãos. “Se tiver com alta umidade e demorar a secar pode apodrecer os grãos”, diz.
Uma alternativa encontrada por produtores foi estocar os grãos em silobags – uma forma de colher o produto seco com condições para armazenamento de até oito meses. Mas o mesmo sistema não se mos-tra eficiente em ambientes de alta umidade. Outra constatação é a fal-ta de balanças para pesagem. Com o intuito de minimizar essas agru-ras, pequenos grupos de produto-res estão se organizando, aplicando recursos e imprimindo velocidade na readequação da estrutura local.
Bartolomeu reclama da falta de infraestrutura na região Norte
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DELÍCIAS DO CAMPO
ingredientes:03 ovos inteiros1 ½ xícara de chá de açúcar100 gramas de margarina250 mls de leite2 ½ xícara de chá de farinha de trigo 01 xícara de chá de uva passas01 xícara de chá de frutas cristalizadasRaspas de laranja a gosto01 colher de pó royal
Modo de preparo:Passe as uvas e as frutas cristalizadas na farinha de trigo e reserve. Em seguida, bata todos os outros ingredientes e coloque as uvas e as frutas cristalizadas com o pó royal. Unte um tabuleiro redondo enfarinhado. Despeje a massa na forma e leve para assar ate dourar.
DICA: Decore com frutas cristalizadas ao redor com açúcar refinado por cima. Serve para festas natalinas e ate mesmo para aniversários ou no dia a dia.
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Receita elaborada pelo técnico em Cozinha Rural do Senar Goiás, Ângelo Armando.
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Rende aproximadamente8 porções
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CAMPO RESPONDE
Nunca vi raio cair em mangueiras. Gostaria de sa-ber se isso é verdade ou crendice?José Viana GuimarãesDe Ipameri
O raio cai em qualquer árvore, nenhuma estar imune. Existem três tipos de influência quando se relaciona à queda de raio em árvores:1- A influência da altitude;2- Da quantidade de seiva ou líquido existente nela;3- E a profundidade das raízes.
CONSULTORA: ROSIDALVA LOPES, superintendente de
Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento da
Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Goiás.
Estou com dificuldades para limpar uma espécie de samambaia que cobre a água de alguns açudes em minha propriedade. O que pode ser feito?Edilson Rodrigues Marques
Esse tipo de vegetação é muito trabalhoso de con-trolar. O que acontece é que o pessoal faz os açudes em área com muita matéria orgânica (área de APP), e essa M.O serve de nutrientes para estes vegetais. Pode ser utilizado Carpa Capim para reduzir uma pouco da vegetação. Outra maneira é remover meca-nicamente mesmo.
CONSULTOR: FABRÍCIO ROMÃO GALDINO, técnico da Aqua-
tropic
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Envie sua pergunta para revistacampo@faeg.com.br ou ligue (62) 3096-2200.
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CASO DE SUCESSO
Grupo de 12 mulheres se une e, juntas, dão início ao próprio negócio
leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br
Empreendedorismo para elas
Mulheres se unem para se tornarem empreendedoras
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Doze mulheres reunidas e o sonho em comum: abrir o próprio negócio. Foi com esse
pensamento que Leide Aparecida de Souza Moraes e mais 11 mulheres do Assentamento Jenipabu, no municí-pio de Acreúna, decidiram participar do curso de panificação rural, ofere-cido pelo Serviço Nacional de Apren-dizagem Rural (Senar Goiás). “Os ho-mens do assentamento trabalhavam com o leite e as mulheres queriam ajudar seus companheiros, mas não sabiam como. Foi aí que nasceu a ideia de abrir uma panificadora onde todas podiam cooperar e lucrar com a iniciativa.”
O ramo escolhido por elas foi in-fluência de outro assentamento. Lei-de conta que, ela e as companheiras visitaram um assentamento onde
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lheres do Jenipabu conseguissem a meta. “Procuramos um profissional da Companhia Nacional de Abaste-cimento (Conab), em Rio Verde, que nos deu as instruções de como pro-duzir o projeto.” Leide lembra que depois do documento montado, elas foram até às escolas e conseguiram fechar parcerias voltadas para o Pro-grama Nacional de Alimentação Es-colar (PNAE) e Programa de Aquisi-ção de Alimentos (PAA).
O contrato foi fechado no início de 2011. Os alimentos são distribu-ídos periodicamente às escolas de rede estadual, municipal e um abri-go. E o contrato com as escolas foi muito rentável às assentadas. “Nós conseguimos firmar uma parceria de R$ 80 mil com as instituições. Dessa maneira pudemos dar início ao nosso sonho.” E elas já conseguiram fechar outro contrato, nesse ano de 2012, de quase R$ 70 mil.
Outro fator fundamental para o bom andamento do negócio, segun-do Leide, foi a ajuda do prefeito de Acreúna, Vander Carlos de Souza. “Ele nos ajudou com a reforma da
panificadora e nos doou um veículo que é usado para a distribuição dos alimentos”, lembra.
Com os objetivos traçados e par-te deles realizados, Leide Aparecida, conta que ela e as outras assentadas só têm motivos para comemorar. “Com os contratos nós já consegui-mos quitar praticamente todas as dívidas obtidas com a criação da pa-nificadora.” E ela destaca que o que entrar de verba, a partir de agora, será usado para melhorar as instalações da panificadora. “Nossa intenção é deixar a panificadora cada vez me-lhor e espaçosa”, conta.
Em meio a tantas realizações, Lei-de, ressalta que o trabalho oferecido pelo Senar Goiás foi fundamental para dar andamento ao projeto. “Sem dú-vidas, o treinamento foi de suma im-portância para chegarmos nesse nível. E nossa intenção e nós aperfeiçoar ainda mais, para melhorar a qualida-de dos nossos produtos.” As mulhe-res do acentamento Jenipabu também participam dos programas Com Licen-ça Vou à Luta e o programa Gestão da Produção Artesanal (Proarte).Empreendedorismo
para elas Jana
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as mulheres produziam alimentos que eram repassados às instituições. “Achamos inovadora a iniciativa de-las e imaginamos que seria interes-sante fazer o mesmo trabalho no nos-so local de moradia”, lembra Leide.
E a inspiração obtida do assenta-mento visitado foi tão grande que até o local de revenda dos alimentos elas decidiram que seria parecido. “Essas mulheres repassavam os alimentos, produzidos na panificadora para as escolas estaduais e municipais da região.” Leide conta que a intenção delas era, assim como as assentadas modelos, entregar as quitandas nas escolas de Acreúna. “Essa era a nossa meta, desde que iniciamos o treina-mento.”
O empenho e a força de vontade foram fundamentais para que as mu-
Leide Aparecida buscou no Senar Goiás capacitação para abrir empresa
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CURSOS E TREINAMENTOS
Qualificação com Arteandréia peixoto
Consultora do Proarte | andreiagopeixoto@gmail.com
eM nOVeMBrO, O senAr PrOMOVeU
271 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL 90 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL
3.592PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
23 94 12 4 4 82 52 38 7 9 11 5 21
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
agroindústria
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação de
serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
Comunitária
Saúde e
Alimentação
Prevenção
de acidentes
Educação
para
consumo
Artesanato
Shutt
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O Senar Goiás, por meio do Pro-grama de Gestão da Produção Artesanal (Proarte), qualificou
mais de 200 artesões em 15 municí-pios Goianos neste ano. Inicialmente, os artesãos participaram de uma entre-vista onde conhecemos a realidade e o perfil de cada um, compreendemos o processo comercial dos produtos, além de identificar a tipologia predominan-te em cada município, bem como as principais dificuldades.
O Proarte proporcionou aos arte-sãos a oportunidade de participar de vários treinamentos, tais como em-preendedorismo, onde identificaram e reforçaram as características empre-endedoras; como calcular o preço das peças, considerando todos os elemen-tos necessários para realizar o cálculo, além de técnicas de vendas e acesso ao mercado.
Durante as viagens percebemos que o artesanato nos municípios con-templados é um campo vasto a ser explorado, a produção artesanal ainda é tímida, a comercialização caminha a passos lentos, mas essa situação pode estar vinculada às grandes dificulda-des enfrentadas tais como: indispo-nibilidade de recursos para adquirir a matéria-prima, distância do mercado consumidor, falta de qualificação e desmotivação.
Esse cenário será modificado, pois os artesãos ao participarem dos treina-mentos oferecidos pelo Senar, Goiás, desenvolveram as habilidades neces-sárias para a mudança, pois aperfeiço-aram as técnicas artesanais, com isso foi provocada uma reflexão crítica do processo artesanal, onde o artesão se identifica como profissional a ser reco-nhecido. Além disso, percebemos que existe uma preocupação em desenvol-ver um acabamento perfeito, um de-signer diferenciado, pois são conscien-tes de que o mercado é exigente.
Outro fator que nos faz otimistas é a existência da diversidade de tipo-logias de artesanato nos municípios verificados, bem como a existência do mercado consumidor. Que mui-tas vezes é explorado por artesãos de outros Estados, isso acontece com frequência em algumas cidades turís-ticas, como é o caso de Pirenópolis. Deparamos com produtos artesanais importados de Minas Gerais e outros Estados.
A atividade artesanal não está vinculada simplesmente ao aspecto socioeconômico está intrinsecamente vinculada à qualidade de vida, pois re-presenta muito mais que um comple-mento de renda familiar, para vários artesãos é um refúgio de uma realida-de sufocante.
Para mais informações sobre os treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar, em Goiás, o contato é pelo telefone: (62) 3545-2600 ou pelo site: www.senargo.org.br
eM nOVeMBrO, O senAr PrOMOVeU
271 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL 90 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL
3.592PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
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Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
agroindústria
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação de
serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
Comunitária
Saúde e
Alimentação
Prevenção
de acidentes
Educação
para
consumo
Artesanato
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CAMPO ABERTO
O Sistema Faeg/Senar realizou, em 2009, o diagnóstico da cadeia produtiva do leite.
Dentre as constatações, identificou-se que 58% dos filhos dos produtores não pretendiam, naquele momento, continuar na atividade. Esta realidade é extremamente preocupante à medida que a saída dos jovens para as cidades pode gerar descontinuidade na produ-ção de leite, com reflexos negativos na renda e na oferta de leite no Estado de Goiás. Segundo o estudo, a idade mé-dia dos produtores de leite é superior a 50 anos.
Em Goiás, a atividade leiteira tem um importante papel econômico e social. São mais de 60 mil produtores que empregam cerca de 220 mil pesso-as. O Valor Bruto da Produção (VBP) é de R$ 2,7 bilhões ano, sendo o quarto maior do agronegócio no Estado, e os 3,4 bilhões de litros produzidos, anualmente, são suficientes para suprir a demanda interna e gerar excedentes exportáveis (80% do leite é comerciali-zado para outras Unidades da Federa-ção).
Diante deste cenário, por que os jovens querem sair da atividade? O problema é informação e conhecimento capaz de gerar melhoria de renda. O estudo apontou alguns entraves que ratificam esta conclusão. Dos produ-tores entrevistados apenas 18% são assistidos regularmente por técnicos e 53% afirmaram que a principal fonte de informação é a televisão e o vizinho. Esta constatação tem gerado baixos índices zootécnicos (alto capital imo-bilizado em terra, baixo percentual de vacas em lactação e baixa produtivida-de da área e da mão de obra) e econô-micos (receita insuficiente para cobrir
os custos totais).Com base neste diagnóstico, o
Sistema Faeg/Senar vem atuando em várias frentes para reverter esta reali-dade. Não obstante o zelo nas ques-tões políticas e institucionais, como a vigilância em relação às importações e o acompanhamento de preços recebi-dos pelos produtores, há um trabalho focado na qualificação da mão de obra, por meio das ações de Formação Pro-fissional Rural, na capacitação técnica e gerencial realizadas nos programas especiais como Gestão da Pecuária Leiteira, Mercado Leite e Empreendedor Rural e, na assistência técnica utilizan-do a metodologia do programa Balde Cheio.
Mais recentemente iniciou-se um trabalho inovador, que acreditamos ser o divisor de águas para permanência de filhos de produtores no campo. Por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) o Senar Goiás qualificará mais de 5.200 jovens no ano de 2012. Este quantitati-vo corresponde a cerca de 20% do total de jovens, entre 16 e 19 anos, oriundos do meio rural cursando o ensino médio.
A proposta é resgatar nesses jovens os valores do meio rural, disponi-bilizando conhecimento suficiente para auxiliar no processo de tomada de decisão nas propriedades em que vivem, além de gerar oportunidade de emprego em decorrência do co-nhecimento adquirido. Desta forma, os alunos matriculados no programa, além do conhecimento proveniente das disciplinas regulares, serão qualifica-dos para atuar de forma profissional no campo, diminuindo assim o êxodo rural e proporcionando uma verdadeira revolução na produção leiteira.
Sucessão nas propriedades rurais
Marcelo Martins é
Superintendente do
Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural
(Senar Goiás) e membro
da Câmara Setorial do
Leite do Ministério da
Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA).
Jana
Tom
azel
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