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O COMPORTAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE
RELATIVIZAÇÃO NA ESCRITA CULTA JORNALÍSTICA
BRASILEIRA
Juliana da Costa Santos
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2015
O COMPORTAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO NA ESCRITA
CULTA JORNALÍSTICA BRASILEIRA
Juliana da Costa Santos
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Vernáculas da Universidade
Federal do Rio de Janeiro como quesito para a
obtenção do Título de Mestre em Letras
Vernáculas (Língua Portuguesa)
Orientador (a): Professora Doutora Silvia
Rodrigues Vieira
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2015
O comportamento das estratégias de relativização na escrita culta jornalística brasileira
Juliana da Costa Santos
Orientadora: Professora Doutora Silvia Rodrigues Vieira
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras
Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas
(Língua Portuguesa)
Examinada por:
__________________________________________________________
Presidente, Profa. Doutora Silvia Rodrigues Vieira – (UFRJ – Letras Vernáculas)
________________________________________________________
Profa. Doutora Christina Abreu Gomes – (UFRJ – Linguística)
________________________________________________________
Profa. Doutora Maria Eugênia Lammoglia Duarte – (UFRJ – Letras Vernáculas)
__________________________________________________________
Profa. Doutora Márcia dos Santos Machado Vieira– (UFRJ – Letras Vernáculas),
suplente
___________________________________________________________
Profa. Doutora Ângela Marina Bravin dos Santos – (UFRRJ – Letras Vernáculas),
suplente
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2015
SANTOS, Juliana da Costa.
O comportamento das estratégias de relativização na escrita culta jornalística
brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ/FL, 2015.
XXV, 185f.: 33il.; 31cm.
Orientadora: Silvia Rodrigues Vieira
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ Faculdade de Letras/Programa de Pós-
Graduação em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa), 2013.
Bibliografia: f:146 - 150
1.Variação pronominal 2. Estratégias de relativização 3. Texto jornalístico.
I. Vieira, Silvia Rodrigues II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, faculdade
de Letras, Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas. III. O comportamento das
estratégias de relativização na escrita culta jornalística brasileira.
Esta pesquisa foi realizada com o apoio da
CAPES (ago. 2013 a fev. 2015)
SINOPSE
Estudo das estratégias de relativização calcado em
princípios da Teoria da Variação e Mudança. Descrição do
comportamento das estratégias de relativização na escrita
culta jornalística brasileira através da investigação de
gêneros textuais publicados no Jornal O Globo. Descrição
do cotejo entre a fala e a escrita culta brasileira em relação
ao fenômeno em estudo. Análise do julgamento do
revisor/jornalista do referido jornal acerca das variantes
padrão e não padrão cortadora e copiadora.
RESUMO
O COMPORTAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO NA ESCRITA
CULTA JORNALÍSTICA BRASILEIRA
Juliana da Costa Santos
Orientadora: Silvia Rodrigues Vieira
Resumo da Dissertação de Mestrado submetido ao Programa de Pós-Graduação
em Letras Vernáculas (Setor de Língua portuguesa), da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre
em Língua Portuguesa.
O trabalho, vinculado à Teoria da Variação e Mudança, analisa o estatuto da regra
referente às estratégias de relativização em textos escritos do Jornal O Globo, a fim de
identificar e descrever os fatores que favorecem e restringem a realização da variante padrão (o
livro de que eu preciso) e das não padrão cortadora (o livro que eu preciso) e copiadora (o livro
que eu preciso dele).
A pesquisa conta com um corpus composto por 165 textos de diversos gêneros textuais
publicados no Jornal O Globo durante o período de janeiro a outubro de 2012. Além disso,
realiza um estudo comparativo das estratégias de relativização na fala e escrita cultas brasileiras,
com base em resultados de outras pesquisas, a fim de observar o comportamento do fenômeno
em diferentes modalidades da língua. Por fim, a investigação descreve os juízos de valor do
revisor/jornalista do Jornal O Globo, na coluna Autocrítica, para observar a influência da
avaliação subjetiva das variantes pelo usuário da língua no fenômeno em estudo.
Dentre os principais resultados da pesquisa, observou-se que, na escrita culta do PB, os
dados do grupo das preposicionadas apresentaram o uso semicategórico da variante padrão,
porque, apenas em contextos específicos – apenas nos anúncios – a variante cortadora foi
raramente registrada. Em relação à fala culta brasileira, verificou-se que a variante preferencial
é a cortadora e que o fenômeno se realiza, em alguns corpora, ora como regra variável (cf.
TARALLO, 1983; CORRÊA, 1998 e VALE, 2014), ora semicategórica (cf. PEREIRA, 2014).
Finalmente, em relação à avaliação subjetiva das variantes, os resultados evidenciaram que a
variante padrão constitui um estereótipo linguístico positivo, enquanto as variantes não padrão
cortadora e copiadora são estereotipadas negativamente pelo revisor/jornalista.
Palavras-chave: variação, estratégias de relativização, texto jornalístico.
ABSTRACT
BEHAVIOR OF RELATIVIZATION STRATEGIES WRITTEN IN BRAZILIAN
JOURNALISM
Juliana da Costa Santos
Orientadora: Silvia Rodrigues Vieira
Abstract da Dissertação de Mestrado submetido ao Programa de Pós-Graduação
em Letras Vernáculas (Setor de Língua portuguesa), da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre
em Língua Portuguesa.
The work, linked to the research line of the Theory of Variation and Change,
seeks to analyze the rule of the status of relativization strategies in the writings of the
newspaper O Globo texts in order to identify and describe the factors that favor and
limit the realization of linguistic variants: standard and non- standard cutter and copier.
Therefore, the work has a corpus of 165 texts of various genres published in the
newspaper O Globo during the period from January to October 2012. In addition, the
paper carries out a comparative study of relativization strategies in speech and writing
Brazilian cultured in order to observe the phenomenon of behavior in different modes of
language. Finally, the paper carries out a study on the judgments of the reviewer /
journalist from O Globo to observe the influence of evaluation in the phenomenon
under study.
Among the main results of the research, it was observed that in cultured PB
writing, data from the group of prepositional presented the almost categorical use the
standard variant, because in specific contexts - only the advertising - the cutter variant
was recorded. In relation to speech Brazilian cultured, it was found that the
phenomenon takes place in some corpora either as a variable rule (see TARALLO,
1983; CORRÊA, 1998 and VALE, 2014) , now almost categorical (see PEREIRA,
2014). Finally, qualitative research on the results of the phenomenon showed that the
standard variant is a positive linguistic stereotype, where variants non-standard cutter
and copier are stereotyped negatively by the reviewer / journalist.
Keywords: change, relativization strategies, journalistic text.
Dedico esta dissertação a Deus, que é o pilar de minha
vida e meu orientador em minhas decisões profissionais e
acadêmicas. Também dedico a minha querida orientadora
Silvia Rodrigues Vieira, que com sua paciência e incentivo
meu impulsionou a chegar tão longe em minha pesquisa.
Agradecimentos
Não me canso de agradecer, não só por minha vida, como também por ter uma
família e amigos companheiros e por ter oportunidade de trabalhar e pesquisar o que
gosto, a DEUS, pois é o meu Senhor que comanda e orienta meus pensamentos e passos
para conseguir experienciar o que há de melhor no mundo.
Também não me canso de agradecer a minha orientadora Silvia Rodrigues
Vieira por ter me dado a oportunidade de aprender mais sobre os conhecimentos
estruturais da língua portuguesa através de sua dedicada e generosa orientação.
Agradeço aos meus pais – Marília da Costa Santos e Edmo Lopes dos Santos – por
terem me apoiado em todos os momentos de minha vida, principalmente nos dias e
noites intermináveis de estudo em que abriam a porta de meu quarto só para terem
certeza de que estava bem e que minha temporária ausência em seu meio era para que
eu alcançasse algo importante: a conclusão da dissertação de mestrado.
Agradeço aos meus familiares, em especial a minha irmã, que sempre torce por
minhas vitórias profissionais e acadêmicas, e a minha prima Natália Escócia, que
comprou meus sonhos de pesquisa com carinho e atenção e sempre me ajudou em tudo
de que precisava. Agradeço aos meus amigos, em particular Dafne Ulrich, Geruza
Aquino e Júlio Cesar Paiva, que me arrastaram para minha cadeira de estudo nos
momentos em que estava desestimulada a continuar o trabalho do mestrado.
Agradeço às professoras Marcia Machado e Maria Eugênia Duarte, por terem,
desde a graduação, me ensinado que o saber linguístico é importante não só para o
ensino, como também para o desenvolvimento pessoal do indivíduo.
Muito Obrigada!
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15
1. AS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO: DA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA À FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................... 19
1.1. A oração adjetiva / relativa e as estratégias de relativização: fundamentos
básicos para a delimitação do tema ......................................................................... 19
1.2. As estratégias de relativização em gramáticas do português brasileiro - PB 24
1.2.1. As estratégias de relativização numa perspectiva tradicional ................ 24
1.2.2. As estratégias de relativização numa perspectiva descritiva .................. 26
1.3. As estratégias de relativização em gramáticas do português europeu - PE . 33
1.4. Estudos linguísticos das estratégias de relativização no PB ........................... 38
2. O TRATAMENTO VARIACIONISTA DA REGRA VARIÁVEL .................... 56
2.1. Fundamentos para o tratamento da regra variável das estratégias de ......... 56
relativização ............................................................................................................... 56
2.2. Metodologia Variacionista ................................................................................ 61
2.2.1. Descrição e tratamento metodológico dos corpora da pesquisa ............. 61
2.2.1.1. Os gêneros textuais do Jornal O Globo .............................................. 61
2.2.1.2 Descrição e tratamento metodológico do Corpus da coluna
jornalística “Autocrítica”.................................................................................. 63
2.2.2. Descrição das variáveis linguísticas ........................................................... 64
2.2.2.1. Critérios de seleção de dados ............................................................... 64
2.2.2.2. A variável dependente .......................................................................... 65
2.2.2.3. Variáveis independentes ...................................................................... 67
3. RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................. 82
3.1. Análise geral do corpus do Jornal O Globo ..................................................... 82
3.2. Comportamento das orações não preposicionadas do corpus jornalístico ... 87
3.3. Comportamento das orações preposicionadas do corpus jornalístico ........ 102
3.4. Comparação dos resultados aos de outros estudos: dados de fala e escrita
culta do PB ............................................................................................................... 123
3.4.1. Resultados das estratégias de relativização na fala culta brasileira. .... 124
3.4.2. Resultado das análises na escrita culta brasileira .................................. 126
3.4.3. Resultado das análises contrativas da fala e escrita culta brasileira .... 127
3.5. Os juízos de valor dos revisores do Jornal O Globo em relação às estratégias
de relativização ........................................................................................................ 129
12
3.5.1. As normas linguísticas que influenciam as crenças e atitudes linguísticas
do falante .............................................................................................................. 130
3.5.2. Análise da autocrítica do Jornal O Globo ............................................... 133
CONCLUSÃO ............................................................................................................. 142
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 146
13
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Resultados percentuais das estratégias de relativização nas 03 classes sociais
controladas por Tarallo (1983)................................................................................................... 40
Tabela 2. Variáveis independentes controladas na pesquisa de Pereira (2014) ........................ 52
Tabela 3. Total de orações relativas preposicionadas x variantes linguísticas no estudo de
Pereira (2014) ............................................................................................................................. 53
Tabela 4. Orações Relativas Preposicionadas x Grau de Escolaridade segundo o estudo de
Pereira (2014) ............................................................................................................................. 54
Tabela 5. Total de orações relativas coletadas nos textos do Jornal O Globo ........................... 82
Tabela 6. Total de orações relativas não preposicionadas x variantes linguísticas. .................. 84
Tabela 7. Total de orações relativas não preposicionadas x função sintática do articulador ... 85
Tabela 8. Distribuição das orações relativas preposicionadas pelas estratégias de
relativização. ............................................................................................................................... 85
Tabela 9. Oração Relativa Não Preposicionadas x Função Sintática do Termo antecedente ... 88
Tabela 10. Total de orações relativas não preposicionadas x Referencialidade do Termo
antecedente. ................................................................................................................................. 94
Tabela 11. Total de orações relativas não preposicionadas x Distância entre o termo
antecedente e o articulador. ........................................................................................................ 96
Tabela 12.Total de orações relativas não preposicionadas x tipo de pronome relativo ............ 97
Tabela 13. Total de orações relativas não preposicionadas x tipo de verbo da O. Relativa .... 100
Tabela 14.Total de orações relativas não preposicionadas x gênero textual. .......................... 101
Tabela 15. Orações Relativas Preposicionadas x Função Sintática do Termo antecedente .... 103
Tabela 16. Orações relativas preposicionadas x referencialidade do termo antecedente. ...... 106
Tabela 17. Total de orações relativas preposicionadas x distância entre o termo antecedente e o
articulador................................................................................................................................. 107
Tabela 18. Orações Relativas preposicionadas x função sintática do articulador .................. 110
Tabela 19. Orações relativas preposicionadas x tipo de preposição ....................................... 111
Tabela 20. Orações relativas preposicionadas x tipo de pronome relativo .............................. 112
Tabela 21. Prescrições da gramatica tradicional x os resultados de Gouvêa (1999) e os
resultados da variável “tipo de articulador “ no presente estudo. .......................................... 114
Tabela 22. Orações relativas preposicionadas x transitividade verbal .................................... 118
Tabela 23. Orações relativas preposicionadas x gênero textual .............................................. 119
Tabela 24. Ranking de produtividade das orações relativas em relação aos gêneros textuais dos
grupos das orações não preposicionadas e preposicionada ..................................................... 120
Tabela 25: Distribuição das estratégias de relativização em estudos da fala culta brasileira. 125
Tabela 26. Distribuição das estratégias de relativização em estudos da escrita culta brasileira
................................................................................................................................................... 127
Tabela 27. Resultado dos principais percentuais de frequência das estratégias de relativização
de fala e escrita cultas do PB. ................................................................................................... 127
Tabela 28. Fenômenos que revelariam “falhas na escrita jornalística” citados pela coluna
Autocrítica, segundo a ordem de número de ocorrências. ........................................................ 134
14
ÍNDICE DE ESQUEMAS, QUADROS E ANEXOS
Esquema 01: Hierarquia de acessibilidade dos sintagmas nominais. (CASTILHO, 2010,
p. 366-367).......................................................................................................................29
Quadro 1. Tipos de regras propostas por Labov (2003) (adaptado de Labov, 2003, p.
243)..................................................................................................................................60
Quadro 2. Sistematização das variáveis independentes controladas...............................67
Quadro 3: Nível de distanciamento entre o termo antecedente e o articulador da oração
relativa.............................................................................................................................72
Esquema 02: Escala de produtividade das variantes das estratégias de relativização no
continuum oralidade-letramento em alto nível de monitoramento no PB.....................129
ANEXOS.......................................................................................................................152
ANEXO 01 – Dados do grupo das construções relativas não preposicionadas retirados
do jornal O Globo..........................................................................................................152
ANEXO 02 – Dados do grupo das construções relativas preposicionadas retirados do
jornal O Globo...............................................................................................................173
15
INTRODUÇÃO
Numa perspectiva variacionista, a língua é um sistema heterogêneo e ordenado,
diretamente influenciado pelas interações sociocomunicativas. Partindo desse
pressuposto, os estudos fundamentados na Teoria da Variação e Mudança compreendem
que a língua e a sociedade estabelecem um estreito vínculo, a ponto de não ser possível
conceber a existência de uma sem a outra. É nesse sentido que Labov (1968) propõe que
uma regra variável está interligada às transformações dos padrões culturais e
ideológicos da comunidade de fala. Assim, constitui objeto privilegiado dos estudos
sociolinguísticos o conjunto de regras variáveis condicionadas e reguladas por fatores
de ordem estrutural e social.
Dentre os diversos fenômenos que demonstram a intensa heterogeneidade que
caracteriza as línguas do mundo, destacam-se, no presente estudo, as estratégias de
relativização. Segundo a tese de doutorado de Tarallo (1983), em trabalho pioneiro
sobre o tema, essas estratégias constituem um fenômeno variável representado por uma
variante padrão e pelas variantes não padrão chamadas cortadora e copiadora. A
primeira refere-se às orações relativas que seguem a norma prescrita pela gramática
tradicional – Ex.: (01) As pessoas de que necessitamos sempre estão perto de nós. A
segunda diz respeito à oração relativa construída com ausência da preposição regida
pelo verbo que forma a própria oração – Ex.: (02) As pessoas que necessitamos sempre
estão perto de nós. Finalmente, a terceira estratégia contém a oração relativa construída
com a presença de uma forma pronominal correferente ao sintagma nominal
relativizado (pronome lembrete) – Ex.: (03) As pessoas que necessitamos delas sempre
estão perto de nós.
Na presente pesquisa, postulam-se os seguintes questionamentos em relação às
referidas estratégias de relativização:
I. Qual é o comportamento das estratégias de relativização na modalidade escrita
culta da língua, em particular, na escrita jornalística do português brasileiro
(doravante PB) representada em exemplares do jornal carioca O Globo?
II. Quais são os fatores linguísticos e extralinguísticos que influenciam na variação
do fenômeno na modalidade escrita?
16
III. Comparando-se os resultados obtidos para a escrita culta a dados da modalidade
oral apresentados em outras pesquisas sobre as estratégias de relativização, o
fenômeno apresenta o mesmo comportamento?
IV. Os juízos de valor dos falantes acerca das estratégias de relativização – no caso
dos revisores/jornalistas do jornal O Globo, expressos na coluna de revisão
linguística das edições anteriores – interferem no comportamento linguístico
quanto a esse fenômeno?
Essas questões nortearam a construção do principal objetivo desta dissertação,
que é observar, registrar e analisar as estratégias de relativização do Português em textos
escritos da variedade culta brasileira. Ademais, pretende-se comparar o comportamento
do fenômeno nas modalidades oral e escrita culta do PB e observar a atuação dos juízos
de valor dos revisores/jornalistas do Jornal O Globo no comportamento do fenômeno
em estudo.
A pesquisa observa e analisa a frequência de uso da variante padrão e da
variante não padrão copiadora no grupo das não preposicionadas (aquelas em que os
relativos exercem os papéis de sujeito e o objeto direto) e as variantes padrão e as não
padrão cortadora e copiadora no grupo das preposicionadas (aquelas em que o relativo
exerce funções oblíquas) em gêneros textuais (editorial, artigo de opinião, crônica,
notícia, carta do leitor e anúncio publicitário) publicados no Jornal O Globo. Quanto à
distribuição dos dados pela variável investigada, o estudo lança como hipótese que a
variante padrão terá maior frequência de uso; em contrapartida, haverá poucas
ocorrências da variante não padrão cortadora e nenhuma ocorrência da variante não
padrão copiadora. Dentre as variáveis independentes que serão descritas e analisadas ao
longo da pesquisa (vide capítulo 02), tem-se como hipótese geral que “a função sintática
do articulador da oração relativa” e o “tipo de gênero textual” influenciam na variação
das estratégias de relativização.
Quanto ao estudo comparativo dos dados da escrita aos da fala, o estudo lança a
hipótese de que o comportamento das estratégias de relativização não será o mesmo nas
diferentes modalidades, já que o grande número de ocorrências da variante padrão na
escrita deve reduzir drasticamente na modalidade oral, assim como a variante não
padrão cortadora, que tem um grande número de ocorrências na fala, deve ter seu uso
bem reduzido na escrita. Supõe-se, ainda, que a variante não padrão copiadora, quando
17
ocorrer, terá um percentual ínfimo e, com isso, poderá ser caracterizada como uma
variante marginal.
Em função do estudo acerca da avaliação do revisor/jornalista do jornal O
Globo, o trabalho lança a hipótese de que os juízos de valor que são fundamentados na
norma gramatical cerceiam o uso das variantes não padrão cortadora e copiadora e
legitimam o uso da variante padrão. Com isso, as variantes constituem, para a
modalidade escrita jornalística, formas estereotipadas com valores positivo – variante
padrão – e negativo – variantes não padrão cortadora e copiadora.
Para que as hipóteses quanto ao uso e à avaliação das estratégias sejam
averiguadas, a pesquisa fundamenta a análise crítica utilizando os pressupostos da
Teoria da variação e mudança, de Weinreich, Labov & Herzog (2006 [1968]) e Labov
(1972, 2003), aliados às descrições do fenômeno apresentadas em gramáticas diversas
(cf. BECHARA, 2005; PERINI, 2007, [1996]; 2013, [2010]; MATEUS et alii, 2003;
RAPOSO, 2013) e em estudos linguísticos (cf. MOLLICA, 1977; TARALLO, 1983;
CÔRREA, 1998; GOUVÊA, 1999; ABREU, 2013; VALE, 2014, PEREIRA, 2014). A
análise desenvolvida no estudo vale-se, sobretudo, de reflexões teóricas relativas aos
problemas empíricos da restrição e avaliação (WLH, 2006 [1968]; LABOV, 1972) e
pelos pressupostos gerais propostos para o tratamento das regras linguísticas (LABOV,
2003).
A pesquisa adota como procedimentos metodológicos identificar e registrar as
variantes linguísticas a partir da coleta em textos escritos do Jornal O Globo; codificá-
las e tratá-las segundo as ferramentas oferecidas pelo Pacote de programas para análise
estatística de regras variáveis, Goldvarb-X. Depois, os dados obtidos são comparados
com os resultados de pesquisas das estratégias de relativização das modalidades de fala
e escrita culta, verificados em Tarallo (1983), Corrêa (1998), Vale (2014) e Pereira
(2014). Em seguida, são analisados, ainda, os dados retirados da coluna Autocrítica, a
fim de observar como os juízos de valor do revisor/jornalista podem interferir no
comportamento das estratégias de relativização na escrita culta jornalística.
Este trabalho justifica-se no sentido de que visa a contribuir para o aumento de
informações sobre o fenômeno variável em estudo e sobre as normas linguísticas de uso
do PB. Sendo assim, o primeiro capítulo descreverá brevemente as estruturas em
questão e o fenômeno das estratégias de relativização; além disso, fará uma revisão
bibliográfica considerando manuais gramaticais de diversas orientações e estudos
linguísticos sobre o tema. O capítulo dois apresentará os pressupostos da Teoria da
18
Variação e mudança e a metodologia de estudo que fundamentaram a pesquisa. O
capítulo três apresentará (i) os resultados do tratamento dos dados linguísticos na
modalidade escrita, (ii) a comparação desses resultados com os obtidos em outros
estudos sobre a escrita e a fala e (iii) a investigação dos juízos de valor acerca das
estratégias de relativização manifestos na coluna Autocrítica do Jornal O Globo
(antecedido da apresentação de conceitos relativos à construção de normas linguísticas e
avaliação dessas normas). Finalmente, a pesquisa se encerra com a conclusão.
19
1. AS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO: DA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA À FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo tem a finalidade de apresentar uma retrospectiva bibliográfica de
obras que abordam o fenômeno variável das estratégias de relativização e
fundamentaram a presente investigação. Dividido em quatro seções, a primeira seção
apresenta a delimitação teórica do fenômeno linguístico, as seções 1.2 e 1.3 expõem as
principais contribuições dos compêndios gramaticais em relação ao comportamento do
tema no PB e no PE, respectivamente. A última seção retrata os principais resultados
dos estudos linguísticos que abordam o fenômeno variável no PB.
1.1. A oração adjetiva / relativa e as estratégias de relativização: fundamentos
básicos para a delimitação do tema
Para delimitar o fenômeno variável em estudo, é necessário apresentar
brevemente o que configura, em termos tradicionais, a estrutura que o envolve: a oração
subordinada adjetiva (cf. ROCHA LIMA, 2006 [1972]) ou oração relativa (MATEUS et
alii, 2003).
Segundo a perspectiva tradicional, “estas orações, que valem por adjetivos,
funcionam como adjunto adnominal. Na trama do período, subordinam-se, portanto, a
qualquer termo da oração anterior cujo núcleo seja substantivo, ou equivalente de
substantivo” (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p. 268).
(04) a) A água é um líquido que não tem cor. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.268)
b) A água é um líquido incolor. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.268 – exemplo
adaptado)
Em (04a), pode-se notar que a oração em negrito é uma oração subordinada
adjetiva, pois está qualificando o substantivo “água”, desempenhando o mesmo papel de
um adjetivo. Sintaticamente, a oração em destaque está exercendo a função de adjunto
adnominal, uma vez que modifica o conteúdo semântico do substantivo a que está
vinculada. Isso pode ser comprovado se compararmos o exemplo (04b) com (04a), pois
a oração em negrito pode ser substituída pelo adjetivo “incolor”. O gramático evidencia
que as orações subordinadas adjetivas permitem ao falante acrescentar características
20
mais complexas ao substantivo modificado – termo antecedente – que quase sempre não
dispõe de adjetivos que possam exprimir tais características como é o caso em (05).
(05) Dizei-me, águas mansas do rio, para onde levais essa flor que no vosso espelho
caiu? (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.268).
Em relação ao conteúdo, as orações subordinadas adjetivas podem ser
classificadas como restritivas ou explicativas. A primeira classificação refere-se às
orações subordinadas adjetivas que desempenham o papel sintático-semântico de
delimitar, restringir o conteúdo semântico expresso pelo termo antecedente. Em (06a),
adiante, a oração em destaque está restringindo a informação expressa pelo termo
antecedente que está modificando, ou seja, irão alcançar o perdão de Deus apenas os
pecadores que se arrependeram. As orações subordinadas adjetivas restritivas fazem
parte do conteúdo semântico do termo antecedente, tanto que desempenham a função
sintática de adjunto adnominal.
A segunda classificação refere-se às orações subordinadas adjetivas que exercem
o papel sintático-semântico de acrescentar, adicionar, agregar uma informação ao termo
antecedente, a fim de lançar um comentário explicativo ao termo a que se liga. Em
(06b), a oração em negrito está adicionando uma informação complementar, explicativa
ao termo vinculado, isto é, dizer que “Vozes d’África” é um poemeto épico é ressaltar
uma característica trivial do substantivo, funcionando, assim, como um comentário
explicativo. As orações subordinadas adjetivas explicativas desempenham a função
sintática de aposto e não interferem na constituição semântica do termo a que estão
ligadas, pois desempenham apenas o papel de realçar uma característica previamente
conhecida do termo.
(06) a) Os pecadores que se arrependem alcançam o perdão de Deus. (ROCHA
LIMA, 2006 [1972], p.271)
b) Vozes d’África, que é um poemeto épico, representa um alto momento da
poesia brasileira. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.271)
Em relação ao articulador que as introduz, as orações subordinadas adjetivas
podem ser encabeçadas pelos pronomes relativos “que”, “o qual (com suas flexões)”,
“quem”, “cujo (com suas flexões)”, “quanto (com suas flexões)” ou pelos advérbios
21
relativos “onde”, “quando” e “como”. Esses articuladores contêm características
linguísticas muito peculiares, porque, além de realizarem o papel sintático de conector
da oração subordinada adjetiva ao termo antecedente, desempenham função sintática na
oração que encabeça e possuem o mesmo conteúdo semântico do termo antecedente.
Sendo assim, em (07a - d), serão apresentados exemplos de orações relativas
introduzidas pelos pronomes relativos “que” – desempenhando a função sintática de
sujeito – (07a), “as quais” – com função sintática de objeto direto – (07b), “quem” –
com função sintática de objeto indireto – (07c), e “que” – com função sintática de
complemento relativo (07d), segundo o quadro classificatório proposto em Rocha Lima
(2006 [1972]).
(07) a) Ele fitava a noite que cobria o cais. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.269)
b) As ideias, as quais tanto amavas, já não são tuas companheiras de toda hora?
(ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.269 – exemplo adaptado)
c) Pálidas crianças a quem ninguém diz: – Anjo, debandai!... (ROCHA
LIMA, 2006 [1972], p.270)
d) E as buscas, a que eu procedia, sempre baldadas... (ROCHA LIMA, 2006
[1972], p.270)
Em (08a - c), serão expostos exemplos de orações relativas introduzidas pelos
pronomes relativos “que” – desempenhando a função sintática de predicativo do sujeito
– (08a), “cujos” – com função sintática de adjunto adnominal – (08b) e “quem” – com
função sintática de agente da passiva – (08c).
(08) a) Vai pioneiro e solitário o Arcebispo, como santo e desacompanhado, que ele
é, neste mundo vazio... (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.270)
b) As terras de que era dono valiam mais que um ducado. (ROCHA LIMA,
2006 [1972], p.270)
c) Bendito e louvado seja Deus, por quem foste criada! (ROCHA LIMA, 2006
[1972], p.270)
Em (09a - d), serão expostos exemplos de orações relativas introduzidas pelos
relativos “onde” – desempenhando a função sintática de adjunto adverbial de lugar –
22
(09a), “como” – com função sintática de adjunto adverbial de modo – (09b) e “quando”
– com função sintática de adjunto adverbial de tempo – (09c).
(09) a) O carro enguiçou em um lugar onde não havia socorro. (ROCHA LIMA,
2006 [1972], p.272 – exemplo adaptado)
b) Veja o modo como fala. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.272 – exemplo
adaptado)
c) “E mostrar que o tempo da demagogia política, quando se trocavam votos
por tolerância, acabou.” (GOUVÊA, 1999)
Em relação à forma, as orações subordinadas adjetivas, igualmente de acordo
com a perspectiva tradicional, podem apresentar-se de forma desenvolvida – a oração é
encabeçada por seu articulador e possui seu verbo flexionado – ou reduzida – a oração
apresenta-se na forma verbo-nominal de infinitivo, gerúndio e/ou particípio. Em sua
forma desenvolvida, a oração subordinada adjetiva pode estar ou não acompanhada pelo
termo antecedente. Rocha Lima (2006 [1972]) classifica as orações sem antecedente
como orações subordinadas adjetivas condensadas, pois o termo antecedente estaria
amalgamado no articulador – pronome relativo condensado. Em (10a), a oração
negritada é uma oração subordinada adjetiva condensada, pois, segundo Rocha Lima
(2006 [1972]), o pronome relativo condensa em si o termo antecedente. Ao desfazer
essa aglutinação do termo antecedente, encontra-se o exemplo (10b).
(10) a) Quem tem boca vai a Roma! (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.272)
b) Aquele que tem boca vai a Roma! (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.272 –
exemplo adaptado)
Fundamentando-se em construções do português europeu (PE), Mateus et alii
(2003) utiliza os pressupostos teóricos da Gramática Gerativa para nomear as orações
em questão, partindo do articulador que as introduz, “relativas” restritivas (ou
determinativas) e apositivas (explicativas ou ainda não-restritivas), como em (11a – b),
em que há exemplos descritos na própria gramática.
(11) a) A Lisboa que eu prefiro é a Lapa. (MATEUS et alii, 2003, p. 677)
b) Lisboa, que é a capital de Portugal, é uma cidade com uma luz especial.
(MATEUS et alii, 2003, p. 677)
23
As construções relativas são tratadas pela autora como estruturas derivadas de
uma regra de movimento, que origina as orações relativas padrão. Além desta variante,
a referida gramática também acrescenta, em seu estudo sobre essas orações, as relativas
cortadoras e copiadoras. No que se refere ao tratamento das orações adjetivas sem um
antecedente expresso, a que denominam de relativas livres, a obra propõe que são
orações “encabeçadas por morfemas-Q, idênticos aos das interrogativas subordinadas
(ou interrogativas indiretas), e nalguns casos, aos que se encontram em relativas com
antecedente expresso.” (MATEUS et alii, 2003, p. 676). Em (12a – b), há exemplos
dessa construção relativa.
(12) a) Convoquei quantos estão escritos. (MATEUS et alii, 2003, p. 676)
b) Quem vai ao mar perde o lugar. (MATEUS et alii, 2003, p. 676)
Segundo as autoras, as relativas livres são formadas por estruturas subordinadas
que exercem o papel de um constituinte da oração matriz com uma função sintática
própria. Em (12a - b), as orações em destaque desempenham, respectivamente, a função
sintática de objeto direto e sujeito da oração matriz. Mateus et alii (2003), fazendo uso
das estratégias sintáticas de substituição e/ou pronominalização, verifica, em (12’ a - b)
a função do constituinte das relativas livres:
(12’) a) Convoquei-os. (MATEUS et alii, 2003, p. 676)
b) Alguém perde o lugar. (MATEUS et alii, 2003, p. 676)
A presente pesquisa dedica-se apenas à forma desenvolvida das orações
subordinadas adjetivas com o pronome relativo acompanhado do termo antecedente,
uma vez que as variantes linguísticas do fenômeno variável são constituídas por esse
tipo de estrutura. Tanto Rocha Lima (2006 [1972]) quanto outros gramáticos que
representam a perspectiva tradicional não fazem qualquer referência às estratégias
variáveis de relativização do português. Entretanto, diversos estudos linguísticos (cf.
próximas seções) apresentam e reconhecem a referida regra variável.
24
1.2. As estratégias de relativização em gramáticas do português brasileiro - PB
1.2.1. As estratégias de relativização numa perspectiva tradicional
Observando algumas gramáticas tradicionais do PB acerca das estratégias de
relativização, pode-se constatar que a maioria desses compêndios reconhece a variante
padrão como única alternativa para se relativizar um termo no português. Os gramáticos
Cunha & Cintra (2013 [1985]) – assim como o já citado Rocha Lima (2006 [1972]) –
demonstram essa perspectiva. Ao abordarem as características morfossintáticas do
pronome relativo, Cunha & Cintra (2013 [1985]) fazem uso somente de orações
subordinadas adjetivas formadas pela variante padrão para exemplificar o
comportamento linguístico do pronome.
(13) a) Quero ver do alto o horizonte,
Que foge sempre de mim. (O. Mariano, TVP, II, 434. – apud CUNHA &
CINTRA, 2013 [1985], p.358)
b) Eu aguardava com uma ansiedade medonha esta cheia de que tanto se
falava. (A. Ribeiro, M, 67. – apud CUNHA & CINTRA, 2013 [1985], p.358)
c) Há pessoas cuja aversão e desprezo honram mais que os seus louvores e
amizade. (Marquês de Maricá, M. 223. – apud CUNHA & CINTRA, 2013 [1985],
p.359)
Os exemplos em (13) evidenciam a abordagem prescritiva adotada pelos autores,
que objetivavam retratar as normas de prestígio do PB, valendo-se, sobretudo, da escrita
literária como parâmetro. Dessa forma, os autores, ao descreverem as propriedades
morfossintáticas do pronome relativo, fizeram uso de orações subordinadas adjetivas
construídas pela variante padrão. É interessante ressaltar que Cunha & Cintra (2013
[1995]) tratam a oração subordinada adjetiva como um assunto complementar à seção
de pronome relativo, uma vez que não há um capítulo específico que aborde as
propriedades morfossintáticas dessa oração.
Bechara (2005), ao retratar as propriedades morfossintáticas da oração
subordinada adjetiva, sinaliza a presença do fenômeno variável em estudo, ao registrar a
seguinte observação:
25
Frequentes vezes a linguagem coloquial e a popular despem o
relativo de qualquer função sintática, tomando-o por simples
elemento transpositor oracional. A função que deveria ser
exercida pelo relativo vem mais adiante expressa por substantivo
ou pronome. A este relativo chamamos universal: “O homem
QUE eu falei COM ELE” em vez de “O homem COM QUEM
(ou COM QUE) eu falei”. (...) Embora a língua padrão recomende
o correto emprego dos relativos, o relativo universal se torna, no
falar despreocupado, um “elemento linguístico extremamente
prático”. (BECHARA, 2005, p. 492–493)
Pode-se observar que o gramático demonstra reconhecer que a língua
portuguesa, em particular a variedade brasileira, possui mais de uma forma de
relativizar o termo antecedente da oração principal. O autor atenta, também, para
possíveis contextos favorecedores da realização da forma alternante copiadora:
linguagem coloquial e popular, ou seja, em contextos de uso pouco monitorado e em
normas populares, aquelas que se distanciariam das variedades urbanas de prestígio (cf.
FARACO, 2008).
Tendo em vista as características sintático-semânticas do “que”, Bechara (2005)
propõe que o articulador, ao encabeçar a forma alternante, “é despido” de sua função
sintática na oração subordinada e perde seu caráter correferencial com o termo
antecedente, tornando-se um “relativo universal”. Essas propriedades são exercidas, no
caso, pelo sintagma preposicionado, que inclui um pronome lembrete. Pode-se concluir
que o gramático reconhece a estratégia não padrão copiadora apenas como uma variante
marginal do que seria idealizado como norma de prestígio.
A partir da observação do tratamento gramatical tradicional, pode-se constatar
que a variante padrão é a única licenciada, como uma variante de prestígio, pela norma
gramatical para construir orações subordinadas adjetivas tanto na escrita (cf. Bechara,
2005; Rocha Lima, 2006 [1972]; Cunha & Cintra 2013 [1985]), quanto na fala (cf.
Bechara, 2005). Tal posicionamento distancia-se do adotado nas gramáticas de cunho
descritivo, uma vez que essas têm a finalidade de apenas registrar o funcionamento da
língua e, dessa forma, não possuem qualquer compromisso em prescrever as regras do
“bom falar e bom escrever”. Essa perspectiva descritiva da língua acerca das estratégias
de relativização será abordada com mais detalhes na seção a seguir.
26
1.2.2. As estratégias de relativização numa perspectiva descritiva
Perini (2007[1996]), ao descrever e explicar as características básicas de uma
construção relativa, apresenta observações particulares sobre a variante não padrão
copiadora. Segundo esse gramático, a comprovação de que o relativo ocupa uma função
dentro da oração subordinada estaria na impossibilidade de se acrescentar outro
elemento ocupando a mesma função. Nesse sentido, a variante não padrão copiadora,
como em “O urso que ele me mordeu era branco” (PERINI, 2007 [1996], p. 152), seria
considerada agramatical, pois o articulador exerce funções sintático-semânticas nas
construções relativas que encabeça, não precisando, com isso, de um pronome
correferente dentro da oração relativa. O autor aplica o mesmo raciocínio a contextos
em que outras funções sintáticas são exercidas pelo relativo.
(14) a) O filme que Bebeto fez ganhou a Palma de Ouro. (PERINI, 2007 [1996],
p.152)
b) (*) O filme que Bebeto o fez ganhou a Palma de Ouro. (PERINI, 2007
[1996], p. 152)
O exemplo (14) demonstra aquilo que o gramático considera ou não como
construção relativa, já que, em (14a), de acordo com Perini (2007 [1996]),
“aparentemente, o verbo fazer [está] sem objeto direto”; como esse verbo necessita de
um OD, o articulador – pronome relativo “que” – exerce esse papel sintático-semântico,
de tal modo que não seria possível acrescentar um OD, como se observa em (14b), o
que tornaria esse período agramatical.
Se admitirmos (com a gramática tradicional) que o relativo é o
objeto direto da subordinada, esses problemas desaparecerão: a
subordinada que Bebeto fez; o verbo fazer aparece aí como OD, o
que está de acordo com sua transitividade; e não se pode
acrescentar um objeto, porque só pode haver um por oração.
(PERINI, 2007 [1996], p.152)
27
Dessa maneira, pode-se constatar que Perini (2007 [1996]) considera
construções relativas como (14b), portanto, agramaticais, pois há dois SNs competindo
pelo papel sintático-semântico do objeto direto. Essa interpretação do gramático não lhe
permite reconhecer que a construção relativa copiadora em geral é uma forma
alternativa de relativização do termo antecedente, uma vez que o pronome oblíquo “o” –
que está fazendo o papel do pronome cópia – não compete, mas assume as propriedades
sintático-semânticas do pronome relativo “que”.
É interessante atentar que (14b) não é um bom exemplo para se discorrer acerca
da agramaticalidade das orações relativas não padrão copiadora, já que o uso do
pronome oblíquo não é tão recorrente no PB (cf. TARALLO, 1983) e a oração relativa
copiadora costuma ser formada por um constituinte correferencial ao termo antecedente
realizado por um pronome pessoal do caso reto. Assim, (14b) poderia ser interpretado
de modo semelhante à análise do autor para (15c).
(15) a) O urso cuja pata eu cortei era branco. (PERINI, 2007 [1996], p. 153)
b) (*) O urso cuja pata dele eu cortei era branco. (PERINI, 2007 [1996], p.
153)
c) O urso que eu cortei a pata dele era branco. (PERINI, 2007 [1996], p. 155)
O exemplo (15), segundo Perini (2007 [1996]), é formado por períodos
gramaticais e agramaticais. No exemplo (15a), o articulador “cuja” exerce seu papel
sintático-semântico de modificador externo ao encabeçar a construção relativa, sendo,
de acordo com o autor, gramatical; no exemplo (15b), Perini (2007 [1996]) afirma que
“a razão para se analisar cujo como modificador externo é análoga à que se deu para as
demais funções: não é possível acrescentar um modificador ao elemento pata” (PERINI,
2007 [1996], p.153). Sendo assim, (15b) é agramatical, pois as construções relativas não
permitem que a posição sintático-semântica do termo relativizado seja preenchida
novamente, pois o pronome relativo “cuja” já ocupa tal posição.
Entretanto, o gramático admite que essa particular construção relativa
representada em (15a – b) não seria produtiva no PB coloquial, principalmente, na
modalidade oral:
(...) no português brasileiro coloquial, a construção
relativa tem uma estrutura muito diferente da que foi exposta
28
acima e é válida apenas para o padrão. Em particular, a
construção com o relativo cujo praticamente desapareceu da
língua falada, sendo substituída por uma construção regular do
tipo [(15c)]. (PERINI, 2007 [1996], p. 155).
Assim, Perini (2007 [1996]) considera (15c) gramatical, pois é uma estrutura
sintática tipicamente produzida por falantes do PB não padrão – e, se é utilizada por
falantes do Português, obviamente não se poderia falar em agramaticalidade. Isto
porque “a construção com cujo nem sempre é usada com desenvoltura, mesmo quando a
intenção é utilizar o português brasileiro; e as intuições de falantes instruídos a respeito
dessa construção nem sempre são seguras” (PERINI, 2007 [1996], p. 155).
Em sua Gramática do Português Brasileiro, Perini (2013 [2010]) também
desenvolve seu olhar descritivo sobre o fenômeno variável em estudo. Apesar de não
usar as nomenclaturas usualmente eleitas pelos estudos linguísticos para abordar o
fenômeno, Perini (2013 [2010]) reconhece e identifica três formas de relativizar o termo
antecedente. Quando “se [tem] que relativizar um componente de outra forma, por
exemplo, um formado de preposição + SN” (PERINI, 2013 [2010], p. 191), o falante
realizará a estrutura com o relativo acompanhado da preposição (16), omitindo a
preposição (16b) ou ainda com a preposição acompanhada de um pronome pessoal
(16c).
(16) a) Aquela modelo por quem meu vizinho ainda chora já mudou de cidade.
(PERINI, 2013, [2010], p. 191)
b) Aquela modelo que meu vizinho ainda chora já mudou de cidade. (PERINI,
2013, [2010], p. 191)
c) Aquela modelo que meu vizinho ainda chora por ela já mudou de cidade.
(PERINI, 2013, [2010], p. 191)
É interessante frisar que Perini (2013, [2010]), ao tratar a variante não padrão
cortadora – vide exemplo (16b) –, atenta para o fato de que tal construção relativa é
“certamente a forma preferida, (...) [e] é a mais corrente” (PERINI, 2013[2010], p.192-
193) entre os falantes do PB. Esse comentário evidencia a intuição do gramático acerca
do comportamento linguístico do fenômeno, visto que afirma que as variantes padrão e
não padrão copiadora sejam menos frequentes e, consequentemente, menos preferidas
29
pelos falantes do que a variante não padrão cortadora. O autor também ressalta “que
essa estrutura ainda está por estudar” (PERINI, 2013[2010], p. 192).
Castilho (2010) observa que as estratégias de relativização estão estreitamente
relacionadas ao fator linguístico função sintática e às mudanças do quadro pronominal
do português brasileiro. No que se refere à influência da função sintática, o gramático
afirma que há uma escala sintática que favorece a relativização do sintagma nominal.
Denominada como “hierarquia de acessibilidade dos sintagmas nominais”1 (cf.
CASTILHO, 2010), essa escala permite visualizar as estratégias de relativização como
um fenômeno que varia gradualmente, em que a função sintática de “sujeito” (caso
nominativo) tende a favorecer mais o processo de relativização do sintagma do que a
função de objeto direto (caso acusativo); esta função sintática, por sua vez, tende a
favorecer mais a relativização do sintagma do que o Objeto indireto (caso dativo), e
assim por diante. Veja o Esquema 01, que retrata de forma mais detalhada o processo
sintático descrito:
Função Sintática Sujeito >>> Objeto direto >>> Objeto indireto >>>> funções oblíquas >>>> função genitiva
+ +/- -
Acessibilidade dos sintagmas nominais
Esquema 01: Hierarquia de acessibilidade dos sintagmas nominais. (CASTILHO,
2010, p. 366-367)
Um argumento utilizado por Castilho (2010) para sustentar a relação direta entre
o fator linguístico “função sintática” com as estratégias de relativização através da
“Hierarquia de acessibilidade dos sintagmas nominais” seria a facilidade de
processamento informacional contido no sintagma. O falante tem maior facilidade de
compreender – e, portanto, relativizar – o conteúdo semântico de um sintagma nominal
com função sintática de sujeito, do que um sintagma com função de objeto direto, e
assim sucessivamente.
Castilho (2010) também registra uma “harmonia no tratamento dos clíticos e
dos pronomes relativos, pois ambos compartilham a propriedade da foricidade”
(CASTILHO, 2010, p. 368). Assim, o gramático afirma que o falante que tende a
1 Este conceito primeiramente foi proposto por Tarallo (1983).
30
realizar os clíticos como estratégia anafórica (17a) tenderia a realizar a oração relativa
padrão (17b). Caso o falante tenda a realizar anáfora através do processo de elipse do
termo (17c), este tenderia a realizar orações relativas cortadoras (17d). Finalmente, o
falante que tenda a substituir o clítico pelo pronome acusativo “ele/a” (17e) também
tenderia a realizar orações relativas copiadoras (17f).
(17) a) Eu despedi a pessoa e você lhe enviou a carta de demissão.
b) Eu despedi a pessoa a quem você enviou a carta de demissão.
c) Eu despedi a pessoa e você Ø enviou a carta de demissão.
d) Eu despedi a pessoa que você Ø enviou a carta de demissão.
e) Eu despedi a pessoa e você enviou para ela a carta de demissão.
f) Eu despedi a pessoa que você enviou para ela a carta de demissão.
Castilho (2010) aponta que a reorganização do quadro pronominal dos clíticos
no PB vem favorecendo a variação das estratégias de relativização, já que o
desaparecimento dos clíticos na variedade do português brasileiro tenderia a condicionar
o aumento do uso das variantes não padrão cortadora e copiadora. Isto porque os
pronomes relativos estão perdendo suas propriedades morfossintáticas e dêiticas, assim
como os clíticos – no caso, a perda foi tão grande que a forma clítica está desaparecendo
no uso corrente da língua no PB (cf. TARALLO, 1983).
Os estudos linguísticos retratados na gramática pedagógica de Bagno (2011)
também colocam em dúvida as propriedades gramaticais do pronome relativo “que”. O
referido autor constatou que a diversidade do quadro pronominal relativo na modalidade
oral foi substituída pelo articulador “que”, que passaria a se comportar em algumas
sentenças relativas como um simples conector, denominando-o “relativo universal”,
conforme fez também Bechara (2005).
(18) eu tenho um conhecimento, aliás, um amigo comum nosso que ele é especialista
em comida internacional. (NURC/RJ, apud BAGNO, 2011, p. 900)
A variante não padrão copiadora em (18), de acordo com Bagno (2011),
exemplifica a perda das propriedades morfológicas, sintáticas e semânticas do
31
articulador “que”, propriedades que seriam assumidas pelo pronome correferencial
“ele”. No exemplo (19), a variante não padrão cortadora também é um exemplo da
“despronominalização total do “que”, que se aliviou da carga anafórica e, na qualidade
de conjunção, deixou de ser um transpositor para se tornar mero conector entre duas
orações” (BAGNO, 2011, p. 900).
(19) então, essa é uma citação de Carbonier Ø que eu gosto muito. (NURC/RJ, apud
BAGNO, 2011, p. 901).
O estudioso descreve, em sua gramática, resultados de uma pesquisa
variacionista sobre estratégias de relativização no corpus NURC – Brasil (Bagno,
2001). Além dos resultados gerais que retratam o uso das variantes em funções
oblíquas, apresentou o comportamento do fenômeno em relação às variáveis
independentes “tipo de preposição” e “tipo de articulador”. Os dados formados por
construções relativas oblíquas constituem-se de 17 (34%) sentenças relativas padrão, de
01 (02%) sentença relativa não padrão copiadora e 32 (64%) de construções não padrão
cortadora em um total de 50 (100%) dados. O gramático atenta para o fato de que, na
modalidade oral, os falantes cultos produzem muito mais (66%) as variantes não padrão
– principalmente a variante cortadora – do que a variante padrão.
Em relação à variável “tipo de preposição”, que foi analisada apenas nos dados
da variante cortadora – 32 dados –, Bagno registrou que as preposições que se
submeteram ao apagamento foram “a” – 04/32 (12,5%) –, “com” – 02/32 (6,2%) –, “de”
– 18/32 (56,2%) e “em” – 08/32 (25%). Os dados revelam que as preposições que
tendem a ser mais apagadas são “de” e “em”. A variável “tipo de articulador” foi
averiguada em relação aos dados da variante padrão – 17 dados. Evidenciou-se que
11/17 (64%) das construções relativas são encabeçadas por “que”, 05/17 (30%) são
encabeçadas por “o/a qual” e 01/17 (06%) por “como”. O advérbio relativo “onde”
“ocorreu 17 vezes no corpus, das quais 13 em uso de acordo com o padrão e 04 em
desacordo com o padrão, como se verifica abaixo” (BAGNO, 2011, p. 902).
(20) como Japão conseguiu ... é sobreviver a Segunda Grande Guerra onde toda todo
seu material bélico foi arrasado? (NURC/RJ apud BAGNO, 2011, p. 901).
O exemplo (20), conforme Bagno (2011) relata, estaria em desacordo com a
norma gramatical, porque o articulador “onde” somente deveria ser empregado em
sentenças relativas em que o termo antecedente exprimisse valor locativo e o articulador
32
em (20) expressa valor temporal. Quanto ao articulador “cujo”, ocorreu apenas um dado
em que a sentença continha esse pronome, usado, entretanto, de modo desautorizado
pela norma padrão gramatical. Veja no exemplo (21).
(21) esta camada ela .... tá presa a um tecido conjuntivo... ela sai presa a esse tecido
conjuntivo... cujo tecido conjuntivo se prende a borda anterior da clavícula...
constituindo por isso mesmo... o que se chama de irrigamento suspensor da mama...
(NURC/RJ apud BAGNO, 2011, p.902)
Bagno (2011) analisa o emprego do pronome relativo em (21) como um termo
responsável em realçar a referência do vocábulo citado anteriormente – “(...) esse tecido
conjuntivo... cujo tecido conjuntivo (...)” – equivalendo a um pronome demonstrativo.
O autor aproveita para afirmar que o uso do pronome relativo “cujo” na modalidade oral
do PB foi extinto e que as sentenças relativas com função sintática genitiva são
construídas pelas estratégias não padrão cortadora – (22a) – e copiadora – (22b).
(22) a) um negro americano que eu não me recordo o nome agora... mas foi um
dos Ø que mais gostei. (NURC/RJ apud BAGNO, 2011, p.903)
b) tem uma [planta] feito um coqueiro que eu não sei o nome dela é ver:de não
não dá flores... (NURC/RJ apud BAGNO, 2011, p.903)
Ao analisar as sentenças relativas com função oblíqua na fala culta do PB, são
encontradas as variantes não padrão cortadora e copiadora. O autor demonstrou que a
variável “tipo de preposição” favorece a variação do fenômeno. Constatou, ainda, que
“o tipo de articulador” é uma variável que influencia pouco na variação do fenômeno,
uma vez que o articulador “que” é predominante na construção de sentenças relativas.
Partindo desse resultado, Bagno (2011) afirma que, na modalidade oral, houve uma
redução do quadro pronominal relativo que lhe permitiu declarar a morte do pronome
relativo “cujo”.
Após essa breve apresentação do tratamento dispensado às estratégias de
relativização em gramáticas descritivas do PB, pode-se perceber que, dependendo da
modalidade linguística, o fenômeno poderá se comportar de forma diferente. Supõe-se
que na modalidade escrita haveria maior favorecimento da variante padrão, sendo
seguida pela variante não padrão cortadora, e seriam raros os contextos linguísticos que
favoreceriam a realização da variante não padrão copiadora. Na modalidade oral, o uso
33
das variantes não padrão, em especial a cortadora, seria é praticamente categórico, com
poucos contextos comunicativos que viabilizem o uso da variante padrão.
Na seção a seguir, apresenta-se uma revisão bibliográfica do fenômeno nas
gramáticas descritivas da variedade europeia, a fim de ilustrar qual é o comportamento
das estratégias de relativização também no português europeu (doravante PE).
1.3. As estratégias de relativização em gramáticas do português europeu - PE
Embora o presente estudo verse exclusivamente sobre as estratégias de
relativização em dados brasileiros, esta seção tem a finalidade de rever as contribuições
de gramáticas europeias, uma vez que há informações conceituais pertinentes ao estudo
do tema em geral.
A gramática de Mateus et alii (2003) – de cunho formalista –, que visa a
descrever o português europeu, apresenta apropriadamente o fenômeno variável.
Baseada em estudos linguísticos (cf. TARALLO (1983), PÉRES E MÓIA (1985)), a
gramática apresenta as três estratégias para construir uma oração relativa finita com
antecedente expresso2: estratégia padrão (23a), estratégia cortadora (23b) e estratégia
copiadora (23c).
(23) a) Está ali o homem cujo nome perguntaste.” (MATEUS et alii, 2003, p. 664)
b) “O livro que te falei é o mais bonito.” (MATEUS et alii, 2003, p. 667)
c) “Temos lá, no meu ano, rapazes que eles parecem atrasados mentais, quer
dizer...” (MATEUS et alii, 2003, p. 667)
Apresenta-se em (23a) uma oração relativa padrão, porque a construção respeita
as exigências sintáticas dos termos da oração encaixada. A oração destacada em (23b) é
uma oração relativa cortadora, pois – de acordo com Mateus et alii (2003) – o
articulador está desacompanhado da preposição regida pelo predicador verbal. Em
(23c), a oração em negrito é uma oração relativa copiadora, visto que possui um
pronome (eles) correferente ao termo antecedente.
2 Mateus et alii (2003) denomina de “oração relativa finita com antecedente expresso” a oração
subordinada adjetiva desenvolvida com termo antecedente, apresentada em Rocha Lima (2006 [1972]).
34
Quando retratam os aspectos sintáticos das variantes linguísticas, evidenciam
que a variante padrão é mais produtiva e se caracteriza por se iniciar “por constituintes
relativos de diversas naturezas categóricas, correspondentes a um vazio no interior da
relativa – é a estratégia de movimento [...]” (MATEUS et alii, 2003, p. 666) – exemplo
(24a). Bastante comum na fala não monitorada, a variante não padrão cortadora se
caracteriza por não ter o relativo acompanhado por preposição, quando desempenha
funções oblíquas ao introduzir a sentença relativa – exemplo (24b), enquanto a não
padrão resumptiva (copiadora) é caracterizada por apresentar um pronome resumptivo
na posição que o sintagma relativizado deixou vazia – exemplo (24c).
(24) a) Vê-se o mar da casa onde vivemos. (MATEUS et alii, 2003, p. 664)
b) “[...] é uma arte que eu dou muito valor.” (MATEUS et alii, 2003, p.667)
c) “[...] temos aí mulheres a trabalhar as máquinas que acho que essas devem
receber mais do que aquelas.” (MATEUS et alii, 2003, p.667)
Mateus et alii (2003), com base em aporte gerativista, sinalizam que as variantes
não padrão são formadas de modo diferente da variante padrão:
Nestes dois tipos de relativas, os mecanismos sintácticos acima
descritos não operam da mesma maneira. Em [(24b)] é discutível
haver movimento de que, já que tal morfema não respeita as
restrições de selecção do verbo da oração relativa; o que parece é
haver um operador nulo em Esp de SCOMP e o que ser uma
forma de marcar a subordinação (talvez a mesma forma do
complementador que). Quanto à [(24c)], também parece não
chegar a haver movimento, já que é projectado um pronome ou
equivalente na posição argumental correspondente, sendo o que
também a mesma forma do complementador (...). (MATEUS et
alii, 2003, p.667)
Mateus et alii (2003) finalizam suas considerações sobre a regra variável em
questão apontando que as variantes não padrão cortadora e copiadora são consideradas
marginais numa perspectiva mais conservadora. Entretanto, a variante não padrão
cortadora está cada vez mais produtiva na fala dos portugueses altamente escolarizados,
35
permitindo hipotetizar que as estratégias de relativização estejam sinalizando “uma
tendência de mudança, mesmo no português europeu” (MATEUS et alii, 2003, p. 667).
Retratando de forma mais detalhada as peculiaridades das variantes não padrão
cortadora e copiadora no português europeu, Raposo et alii (2013) reafirmam que a
norma padrão considera essas variantes marginais, apesar de diversos estudos
linguísticos atestarem a imensa produtividade dessas construções “por falantes de
diferentes grupos sociais, com variados graus de escolarização. Ocorrendo sobretudo na
oralidade, em registros informais, é também possível encontrá-las em textos
jornalísticos ou mesmo literários.” (RAPOSO et alii, 2013). Isso sinaliza que, no PE, as
estratégias de relativização constituem um fenômeno que ocorreria, com maior ou
menor produtividade, em ambas as modalidades linguísticas.
As orações relativas com estratégia cortadora são muito recorrentes, segundo o
autor, quando o item relativizado tem um valor temporal ou locativo (25a–b);
desempenha uma função sintática de complemento oblíquo introduzido por preposições
com valor gramatical – por exemplo, preposições “de” e “a” – e selecionado por
predicadores verbais como “gostar”, “precisar” e “falar” (25c – e). Os gramáticos
também registraram que a função sintática de objeto indireto (25f), a de complemento
oblíquo (25g), a de complemento nominal (25h) e a de adjunto adnominal (25i) também
condicionam a realização da variante não padrão cortadora.
(25) a) Não havia dia nenhum que não saísse cataplanas. (RAPOSO et alii, 2013, p.
2128)
b) Porque, cada sítio que nós íamos, “e na são os portugueses”. (RAPOSO et
alii, 2013, p. 2128)
c) Porque há coisas na cultura americana que eu realmente não gosto.
(RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)
d) Nós temos obrigação e nós vamos ter os serviços que o cliente precisa.
(RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)
e) Os adolescentes não progridem através destas diferentes etapas de
envolvimento que eu falei, separadamente. (RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)
f) Nós estávamos com uns portugueses que vir a Lisboa ao fim-de-semana não
dá muito jeito. (RAPOSO ET ALII, 2013, p. 2129)
g) Continente é a marca que os portugueses mais confiam na sua categoria.
(RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)
36
h) Iam-nos levar ao, ao sítio que nós andávamos à procura. (RAPOSO et alii,
2013, p. 2129)
i) Eles tinham dois tipos de rum. Tinham um rum normal, que agora não me
lembro do nome da marca. (RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)
Raposo et alii (2013) registram que as peculiaridades semânticas tanto da
construção relativa, quanto do termo antecedente não interferem na realização da
variante não padrão cortadora. Sendo assim, não importa se a construção relativa em si
exprime um valor semântico restritivo ou apositivo, como também não importa se o
termo antecedente contenha uma referência semântica definida ou indefinida, pois esses
aspectos semânticos não influenciam na seleção e, portanto, na realização da variante
não padrão cortadora pelo falante.
Em relação à variante não padrão copiadora, os estudiosos identificaram alguns
contextos linguísticos que condicionam o uso dessa variante. Dentre eles, citam que as
funções sintáticas de sujeito e de objeto direto (26a – b), que o fato de o termo
antecedente ser formado por um SN complexo (26c) e que o uso das orações relativas
interligadas pelo processo de coordenação (26d) favorecem a realização da variante não
padrão resumptiva.
(26) a) E é um percurso dela que é engraçado, porque é uma fulana que ela não, não
consegue ficar muito tempo no mesmo sítio. (RAPOSO et alii, 2013, p. 2130)
b) Madalena até vem, vem numa oração popular, muito engraçada – ah, já, já
não me lembro – que eu copiei-a para uma filha de uma amiga minha. (RAPOSO et
alii, 2013, p. 2130)
c) A um antigo patrão meu que eu estive quase para lhe dar uma pêra no
focinho. (RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)
d) Porque isso são ordens que eu tenho e que não posso fugir a elas.
(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)
Ao observar os contextos semânticos, Raposo et alii (2013) apontam que o
caráter genérico e indeterminado do termo antecedente condicionam o uso da variante
não padrão (26a – d). Além disso, o termo antecedente que contém
37
um valor real (e não virtual) (...) favorece estratégia de pronome
retoma3, pois esta estratégia nunca é utilizada em sintagmas
nominais com valor virtual, com o verbo da oração relativa no
modo conjuntivo (RAPOSO et alii, 2013, p. 2131).
Os gramáticos observaram que esta variante é muito frequente para a
constituição de sintagmas nominais complexos que são selecionados como argumentos
dos verbos “haver”, “ser” ou “ter”. Além do articulador “que”, é possível encontrar
orações relativas com estratégia de pronome “retoma” introduzidas pelo pronome
relativo “onde” acompanhado pelo advérbio locativo “lá” (27b). O pronome retoma
dessa variante pode ser realizado por “pronomes pessoais, demonstrativos, advérbios
locativos, quantificador pronominal neutro ou mesmo um sintagma nominal completo”
(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132) – (26a – d e 27a – d).
(27) a) Eles tinham umas 200 ou 300 cabeças de gado que ninguém as ia levar nem
ninguém as ia buscar ao pasto.(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)
b) Vimos água no fundo do poço onde lá há instalação eléctrica
também.(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)
c) E depois houve pessoal que foi tudo assim aos bolsos dos casacos.
(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)
d) Fiquei num hotel em Veneza que já metade da empresa ficou naquele hotel.
(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)
Em síntese, as gramáticas portuguesas apontaram que as estratégias de
relativização são encontradas tanto na modalidade oral, quanto na modalidade escrita do
PE. Ressaltam que a variante não padrão cortadora – na fala culta do PE – é mais
frequente do que a variante não padrão resumptiva – constatação semelhante à relativa à
variedade brasileira. Apesar de ser produtiva no falar cotidiano português, as variantes
não padrão também são rejeitadas, ao que tudo indica, pelas normas de prestígio
europeias.
Na seção a seguir, o trabalho revisa os principais resultados de pesquisas
linguísticas sobre as estratégias de relativização no PB.
3 Pronome Retoma é sinônimo de pronome lembrete da oração relativa copiadora. (cf. RAPOSO et alii,
2013).
38
1.4. Estudos linguísticos das estratégias de relativização no PB
Nesta seção, são expostas as principais informações dos estudos linguísticos
sobre o comportamento das estratégias de relativização considerando o PB. Nesse
sentido, deve-se dar destaque aos trabalhos pioneiros de Mollica (1977), em abordagem
sincrônica de dados da fala brasileira, e Tarallo (1983), que desenvolve a observação
dos dados brasileiros em abordagem sincrônica e diacrônica.
Somam-se a esses estudos os trabalhos de Corrêa (1998), que considera tanto a
modalidade falada quanto a escrita, e de Gouvêa (1999), que procura investigar o modo
pelo qual as estruturas relativas são utilizadas no registro culto do português escrito.
Abreu (2013) se ocupa, sobretudo, do processo de aquisição das estratégias de
relativização. Finalmente, Vale (2014) e Pereira (2014) têm a finalidade de observar e
descrever o comportamento das estratégias de relativização na fala maranhense e na fala
fluminense, respectivamente.
O estudo pioneiro sobre as estratégias de relativização desenvolvido por Mollica
(1977) teve a finalidade de observar o comportamento linguístico do pronome lembrete
nas orações relativas usadas por falantes da cidade do Rio de Janeiro. Com base em
dados extraídos de entrevistas de estudantes do projeto Mobral4, sem escolaridade, a
autora investigou as variantes “presença” e “ausência” do pronome lembrete nas
construções relativas em que o articulador desempenhasse as funções sintáticas de
sujeito, objeto não preposicionado – objeto direto – e objeto preposicionado – objeto
oblíquo. Desse modo, o estudo buscou identificar e registrar a realização do pronome
com valor anafórico correferente aos termos relativizados, além de averiguar a
ocorrência e os fatores favorecedores de seu uso.
Foram registradas 1299 orações relativas, dentre as quais 1195 (92%)
apresentaram apagamento da anáfora pronominal correferente. Essa constatação
estatística, apesar de evidenciar a pouca variabilidade do fenômeno, não impediu
Mollica (1977) de observar a presença de orações relativas padrão e copiadora com
função sintática de sujeito e objeto direto e as orações relativas cortadora e copiadora
com função sintática oblíqua:
(28) a) O meninoi que estuda [Ø]i aprende. (MOLLICA, 1977, p.25)
4 Mobral – Movimento brasileiro de alfabetização.
39
b) O meninoi que elei estuda aprende. (MOLLICA, 1977, p.25)
(29) a) O livroi que eu comprei [Ø]i é bom. (MOLLICA, 1977, p.25)
b) O livroi que eu comprei elei é bom. (MOLLICA, 1977, p.25)
(30) a) Os filmesi que gostamos [Ø]i são muitos. (MOLLICA, 1977, p.25)
b) Os filmesi que gostamos delesi são muitos. (MOLLICA, 1977, p.25)
Os períodos acima exemplificam os três grupos de dados linguísticos analisados
por Mollica (1977) formados pelas orações relativas de sujeito, em (28), de objeto não
preposicionado, em (29), e de objeto preposicionado, em (30). Levando em
consideração os grupos de fatores “natureza do referente (traço mais ou menos
humano)”, “grau de determinação (traço mais ou menos específico)”, “traço mais ou
menos coletivo” e “distância do referente”, a autora concluiu que os traços [- humano],
[+ específico] e [+ coletivo] do termo antecedente favorecem a não realização do
pronome lembrete. Outro fator que favorece a anáfora correferencial do termo
relativizado é a estreita proximidade entre o articulador que encabeça a oração relativa e
o termo antecedente.
Em sua tese de doutorado, Tarallo (1983) observa numa perspectiva sincrônica
as estratégias de relativização do PB em corpus da modalidade oral que abrange o
século XX. Trata-se de entrevistas feitas a 40 informantes da cidade de São Paulo entre
os anos de 1981 e 1982, categorizados segundo a idade e a classe social. Foram
entrevistados 20 informantes de classe social baixa, 10 informantes da classe social
média e 10 informantes da classe social alta, tendo metade dos informantes, em cada
classe, idade abaixo de 35 anos e metade, idade acima de 35 anos.
As entrevistas ocorreram de acordo com o grau de formalidade exigido pelo
perfil da interlocução. Assim, as entrevistas com um estilo espontâneo tinham um
caráter informal, com um estilo de intervenção tinham um caráter mais ou menos formal
e as entrevistas que tinham uma finalidade mais elucidativa sobre o assunto em que o
informante estava sendo entrevistado registravam respostas subjetivas com um caráter
mais formal.
Ao analisar as ocorrências da fala, Tarallo (1983) encontrou 1700 dados
linguísticos resultantes da produção dos falantes das três classes sociais. Na classe
social baixa, foram encontrados 984 dados de construções relativas. A classe média
40
produziu 414 construções relativas e a classe social alta produziu 302 construções
relativas. Esses dados estão distribuídos percentualmente na Tabela 1.
Classe
Social
Oração
relativa
Função sintática do articulador
Sujeito Objeto
direto
Objeto
indireto
Função
oblíqua
Genitivo Total
Baixa
Padrão
536
(88.7%)
215
(96.4%)
- 02
(2%)
- 753
(76.5%)
copiadora
68
(11.3%)
08
(3.6%)
12
(25.5%)
14
(13.5%)
07
(100%)
109
(11%)
cortadora
- - 35
(74.5%)
87
(84.5%)
- 122
(12.4%)
Total 604
(61.3%)
223
(22.6%)
47
(4.7%)
103
(10.4%)
07
(1%)
984
(100%)
Média
Padrão
201
(90.1%)
101
(99%)
01
(5%)
4
6.1%)
- 307
(74.1%)
copiadora
22
(9.9%)
01
(1%)
02
(10%)
08
(12.2%)
- 33
(7.9%)
cortadora
- - 17
(85%)
54
(81.7%)
03
(100%)
74
(18%)
Total
223
(53.8%)
102
(24.6%)
20
(4.8%)
66
(15.9%)
03
(0.9%)
414
(100%)
Alta
Padrão
153
(92.7%)
58
(98.3%)
02
(22.2%)
11
(17.7%)
01
(16.7%)
225
(74.7%)
copiadora
12
(7.3%)
01
(1.7%)
02
(22.2%)
02
(13.2%)
02
(33.3%)
19
(6.3%)
cortadora
- - 05
(55.6%)
49
(79.1%)
03
(50%)
57
(19%)
Total 165
(54.8%)
59
(19.6%)
09
(2.9%)
62
(20.5%)
06
(2.2%)
301
(100%) Tabela 1: Resultados percentuais das estratégias de relativização nas 03 classes sociais
controladas por Tarallo (1983).
Em relação à classe social baixa, pode-se observar a ocorrência de 723 (76.5%)
orações relativas padrão, 109 (11%) de orações relativas copiadoras e 122 (12.4%) de
orações relativas cortadoras. É interessante destacar, no que se refere ao grupo da
variante padrão, que, das 753 orações relativas produzidas pela classe social baixa, 751
possuem seu articulador desempenhando função sintática de sujeito e objeto direto. Isto
significa que apenas 02 (02%) orações relativas padrão na classe baixa são de função
oblíqua. Ainda nesta mesma função sintática, atenta-se que 14 (13.5%) e 87 (84.5%)
orações relativas são respectivamente formadas pelas variantes copiadora e cortadora.
41
Quanto às orações relativas com a função de objeto indireto, Tarallo (1983)
identificou 12 (25.5%) ocorrências da variante copiadora e 35 (74.5%) da variante
cortadora. Todos os dados em que o articulador desempenha função sintática de
genitivo – 07 (100%) – são formados pela variante copiadora.
No grupo de dados advindos da classe média, 307 (74.1%) dados são formados
pela variante padrão, 33 (7.9%) pela variante copiadora e 74 (18%) pela variante
cortadora. Das 307 construções relativas da classe social média, 302 são de sujeito e
objeto direto, ou seja, apenas 05 orações relativas padrão são preposicionadas – 04
(6.1%) dados de função oblíqua e 01 (5%) dado de função sintática de objeto indireto –
na classe média. Também foram encontrados 10 casos de orações relativas copiadoras e
71 casos de orações relativas cortadoras com função oblíqua.
No grupo de ocorrências retiradas da amostra da classe social alta, foram
identificados 301 dados, que se distribuem em 225 (74.7%) orações relativas padrão, 19
(6.3%) orações relativas copiadoras e 57 (19%) orações relativas cortadoras. Das 225
construções relativas padrão da classe social alta, 211 possuem o articulador exercendo
função sintática de sujeito e objeto direto e são registradas somente 14 orações relativas
padrão em que o articulador desempenha função oblíqua. Também foram identificados
06 dados de orações relativas copiadoras e 57 dados de orações relativas cortadoras em
que o articulador desempenha função sintática oblíqua.
Esses resultados sugerem o quanto as posições sintáticas oblíquas constituem
construções complexas para serem realizadas na fala e, em contrapartida, o quanto a
oferta das construções relativas de sujeito e objeto direto é generosa. Tarallo (1983)
revela, através de sua análise, que a variante cortadora é bastante produtiva na fala das
três classes sociais paulistas, apesar de o percentual de uso dessa estrutura ir diminuindo
consoante a mudança de classe. É digno de registro também o fato de o estudo ter
registrado diversas ocorrências da variante copiadora, mesmo que seu percentual tenha
sido baixo quando comparado com os percentuais das variantes padrão e cortadora.
Numa perspectiva diacrônica, Tarallo (1983) construiu um corpus de textos
escritos de cartas e peças teatrais do PB entre os séculos XVIII e XIX. Para melhor
manuseio do corpus, Tarallo (1983) dividiu-o de acordo com o período em que cada
texto tinha sido escrito, compondo quatro períodos de tempo denominados. Cada
período abrange um espaço temporal de 50 anos, correspondendo à primeira porção de
tempo – 1ª metade do séc. XVIII – o “período I”, à segunda porção de tempo – 2ª
metade do séc. XVIII – o “período II”, à terceira porção temporal – 1ª metade do séc.
42
XIX – o “período III” e à quarta porção temporal – 2ª metade do séc. XIX – o período
IV.
Após a análise do corpus, Tarallo (1983) identificou um total de 1579 orações
relativas que se distribuíram em 400 dados em cada um dos três primeiros períodos e
379 no “período IV”. O estudo registrou, nos 400 dados da primeira metade do século
XVIII, 383 (95,7%) cláusulas padrão, 16 (04%) cláusulas não-padrão copiadoras e 01
(0,3%) não-padrão cortadora. Na segunda metade do XVIII, registrou, do total de 400
dados, 384 (96%) cláusulas padrão, 12 (03%) não-padrão copiadora e 04 (01%) não-
padrão cortadora.
Nas 400 ocorrências da primeira metade do século XIX, identificou 385 (96%)
cláusulas padrão, 09 (2,6%) não-padrão copiadora e 06 (1,5%) não-padrão cortadora.
Das 379 ocorrências da segunda metade do XIX, identificou 254 (67,1%) cláusulas
padrão, 19 (05%) não-padrão copiadora e 106 (27,9%) não padrão cortadora. É
interessante ressaltar que esses resultados revelam o avanço ao longo do tempo da regra
variável das estratégias de relativização na escrita do PB e, com isso, o trabalho
inaugural de Tarallo (1983) deu início a inúmeras pesquisas sobre o fenômeno. Pode-se
citar, por exemplo, o trabalho de Corrêa (1998).
Fundamentando-se em Tarallo (1983) para a construção de sua tese de
doutorado, Vilma Reche Corrêa (1998) observa o comportamento das estratégias de
relativização nas modalidades oral e escrita do português brasileiro. Descreve e analisa
que fatores linguísticos e extralinguísticos condicionam ou restringem o processo de
aquisição das variantes linguísticas padrão e não padrão – cortadora e copiadora – de
escolares do primeiro e segundo graus e de universitários. Nesta seção, serão
apresentados os resultados dos corpora escritos do PB.
Os corpora escritos da pesquisa foram compostos por (i) 95 narrativas – 50
textos da modalidade oral e 45 da modalidade escrita – feitas por falantes não
escolarizados, por alunos do 1º grau (atual Ensino Fundamental) e universitários; (ii) 90
exercícios aplicados aos alunos do 2ª grau (atual Ensino Médio). O primeiro corpus
subdivide-se em 05 narrativas – todas da modalidade oral – feitas por 05 falantes não
escolarizados, 80 narrativas – 40 textos da modalidade oral e 40 da modalidade escrita –
feitas por escolares do chamado primeiro grau (1ª à 8ª série) da rede pública de ensino
paulista, e 10 narrativas – 05 textos da modalidade oral e 05 textos da modalidade
escrita – por 05 universitários.
43
O segundo corpus é composto por um conjunto de exercícios que abordam o
estudo das orações subordinadas adjetivas – orações relativas – aplicados após uma aula
explanatória sobre o tema para alunos do 2ª grau (1ª ao 3ª ano do ensino médio) de uma
escola privada de São Paulo. Dentre suas hipóteses, a autora considerou que a variante
padrão seria aprendida durante o processo de escolarização, uma vez que a pressão
normativa escolar orienta o ensino a privilegiar o estudo da variedade considerada
padrão. Outra hipótese averiguada pela pesquisadora seria que as estratégias de
relativização não pertenceriam a uma mesma gramática – gramática periférica (cf.
KATO, 2005) –, já que as variantes não padrão são adquiridas naturalmente durante o
processo de aquisição – variantes vernaculares – e, ao longo da educação formal, a
capacidade linguística do falante expande-se através do aprendizado da variante padrão.
Nas narrativas da modalidade escrita, foi encontrado um total de 147 dados
linguísticos, em que 15 (10%) orações relativas cortadoras foram produzidas apenas
pelos escolares do 1ª grau e 5 (17%) das orações relativas preposicionadas da variante
padrão foram somente produzidas pelos universitários. Não houve qualquer ocorrência
de orações relativas da variante copiadora. 125 (85%) dos dados são orações relativas
com o articulador desempenhando a função sintática de sujeito e objeto direto e foram
produzidas tanto pelos escolares, quanto pelos universitários. Os fatores que mais
influenciaram a variação nesta modalidade foram a “função sintática do articulador” e a
“animacidade do termo antecedente”.
No segundo corpus – exercícios aplicados a alunos do 2ª grau –, houve um total
de 126 dados de orações relativas preposicionadas em que os fatores que mais
influenciaram a variação do fenômeno foram “tipo de pronome relativo”, “função
sintática do articulador” e “a diferença por série no 2º grau”. Quanto ao primeiro fator,
identificaram-se 70 orações relativas da variante padrão, em que 08 (11%) eram
encabeçadas pelo pronome relativo “que”, 06 (9%) pelo pronome relativo ”o qual” e 56
(80%) pelo pronome relativo “quem”; já as 56 orações relativas restantes são da
variante não padrão cortadora e são encabeçadas pelo articulador “que”. Não ocorreu
nenhum caso de oração relativa copiadora.
Quanto ao segundo grupo de fatores, função sintática do articulador, a
pesquisadora teve de excluir metade dos dados (63 dados), pois os percentuais das
funções sintáticas do articulador registravam valores categóricos, não manifestando
variação. Dos 63 dados restantes, 46 orações relativas preposicionadas tinham o
articulador desempenhando a função sintática de objeto indireto, sendo 07 (13%) da
44
variante não padrão cortadora e 39 (87%) da variante padrão. As 17 orações restantes
tinham seu articulador desempenhando a função sintática de genitivo, sendo 01 (06%)
da variante padrão e 16 (94%) da variante vernacular cortadora.
Assim como aconteceu com a variável função sintática do articulador, Corrêa
(1998) apenas aproveitou 63 dados para serem analisados em relação ao terceiro grupo.
A diferença por série no 2º grau é analisada por meio da distinção entre fase inicial –
dados produzidos pelos alunos do 1º ano do ensino médio – e fase final – dados
produzidos por alunos do 3º ano do ensino médio. Na fase inicial, foram encontrados 54
dados de orações relativas preposicionadas dos quais 04 (7%) são da variante padrão e
50 (93%) são da variante vernacular cortadora. Na fase final, das 09 orações relativas
preposicionadas, 04 (44%) são da variante padrão e 05 (56%) da variante vernacular
cortadora.
De forma geral, a investigadora conclui que suas hipóteses se confirmam, pois
os resultados apontam que as variantes vernaculares das estratégias de relativização são
as variantes cortadora e copiadora e a variante aprendida via escola é a padrão. Também
conclui que há uma pressão normativa escolar que estimula a estigmatização da variante
vernacular copiadora, uma vez que essa estratégia aparece raramente nos dados
analisados. Conclui que os fatores mais relevantes para influenciar a variação do
fenômeno são “função sintática do articulador” e “grau de escolaridade”, uma vez que o
falante – por ter acesso aos conhecimentos linguísticos via educação formal – tem
maiores chances de expandir seus conhecimentos linguísticos e aprender a forma
alternante daquela que já possui internalizada.
Como já mencionado, Corrêa (1998) também faz um estudo acerca das
estratégias de relativização na fala do PB. Os corpora da pesquisa foram compostos por
95 narrativas – 50 textos da modalidade oral e 45 da modalidade escrita – feitas por
falantes não escolarizados, por alunos do 1º grau (atual Ensino Fundamental) e
universitários. Dos 50 textos orais, 05 narrativas foram feitas por 05 falantes não
escolarizados, 40 por escolares do chamado primeiro grau (1ª à 8ª série) da rede pública
de ensino paulista e 05 por 05 universitários.
A autora também observou o comportamento variável do fenômeno na fala
espontânea de informantes cultos das cinco capitais brasileiras contempladas pelo
Projeto NURC – Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre – numa
tentativa de averiguar – dentre os demais fatores – se região, faixa etária, grau de
45
formalidade, sexo e tipo de profissão do informante são variáveis relevantes para o
condicionamento das variantes em estudo.
Através do “casamento” dos pressupostos da Teoria da variação e mudança e da
Teoria dos princípios e parâmetros, Corrêa (1998) investigou uma série de hipóteses
relativas à aquisição das variantes não padrão cortadora e copiadora via fixação de
parâmetro no português brasileiro falado. Por meio da análise dos dados retirados dos
corpora descritos, a autora buscou testar suas hipóteses.
Em seus resultados gerais relativos ao primeiro corpus – as narrativas feitas da
modalidade oral por falantes não escolarizados, escolares do 1º grau e universitários –,
encontraram-se 90 dados linguísticos, que se distribuem em 15 (17%) orações relativas
preposicionadas da variante cortadora, 01 (01%) da variante copiadora e 03 (03%) da
variante padrão, além de 71 (79%) orações com o pronome relativo desempenhando as
funções sintáticas de sujeito e objeto direto.
Esses dados revelaram um alto percentual da variante vernacular cortadora e
baixa presença da variante copiadora entre os informantes não escolarizados e do 1ª
grau. Não houve qualquer ocorrência das variantes vernaculares entre os universitários,
havendo apenas ocorrências da variante padrão nesse caso. Os fatores mais relevantes
para o condicionamento do comportamento variável do fenômeno foram “função
sintática do articulador” e “grau de escolaridade do falante”.
No segundo corpus – dados de fala espontânea retirados do projeto NURC –,
observou-se a ocorrência de 123 dados de orações relativas produzidos nas 5 capitais
brasileiras, dentre os quais 43 (35%) são da variante padrão e 80 (65%) são da variante
vernacular cortadora. Não houve ocorrência da variante vernacular copiadora. Corrêa
(1998) comprovou que, nesse corpus, os fatores condicionadores da variação são a
“função sintática do articulador” e a “origem geográfica do entrevistado”. Tendo uma
perspectiva geral desse resultado em vista da frequência de uso da variante padrão nas
regiões, Corrêa (1998) constata que Recife tende a usar mais a variante padrão (69%),
sendo seguida por São Paulo (38%), Salvador (36%), Porto Alegre (28%) e Rio de
Janeiro (6%).
Em seu artigo publicado na ASSEL, Gouvêa (1999) apresenta os resultados dos
estudos acerca das estruturas relativas empregadas na escrita culta jornalística do PB.
Ela analisa três gêneros textuais jornalísticos: o editorial, o artigo de opinião e a crônica.
A partir desses resultados, faz uma comparação das construções ocorrentes na língua
46
escrita em funcionamento com aquelas apresentadas pela norma gramatical e em
manuais didáticos, a fim de formular um novo quadro dos “morfemas relativos” que
atuam na escrita culta padrão jornalística.
Ao analisar os editoriais, Gouvêa (1999) observa que “os morfemas relativos”
mais utilizados são que – 85,5%; onde – 4,6%; o qual – 3,9%; cujo – 3,9%, o que –
1,3%; quando - 0,6%. Nos artigos de opinião, “o morfema relativo” mais frequente é
que (87,4%), seguido por o que (4,7%), onde (2,9%), cujo (2,3%), quando (1,1%), o
qual e quem (0,5% cada). No que diz respeito aos “morfemas relativos” nas crônicas, o
que continua apresentando uma frequência maior (94,8%). O morfema o que, introdutor
das apositivas de frase, aparece em segundo lugar (3%); o qual e onde, em terceiro (1%
cada um).
Gouvêa (1999) faz um estudo comparativo dos “morfemas relativos” tratados
pela gramática tradicional e por gramáticas pedagógicas com os resultados de sua
pesquisa. Constata que está surgindo um novo quadro dos “morfemas relativos” na
escrita culta do PB. Antes de aprofundar sua análise, faz uma recapitulação do
tratamento metodológico feito nos dados, quando retoma a classificação dos “morfemas
relativos” como variáveis – o qual e cujo – e como invariáveis – que, quem, o que,
onde, quando e (como). Sendo assim, observa que no grupo de morfemas relativos
variáveis o morfema quanto não é mais usado, pois afirma que está em franco desuso,
uma vez que não ocorreu em seus dados. Apesar disso, salienta que não se exclui a
possibilidade de ainda ocorrer nos dias atuais. Quanto ao grupo de “morfemas
invariáveis”, destaca
que o relativo onde, além de expressar o valor tradicional de
lugar, teve seu uso expandido ao veicular os valores de lugar
virtual e de tempo. O morfema quando é utilizado no lugar de em
que, também expressando tempo, o que significa que,
hodiernamente, três morfemas concorrem para a indicação de
tempo: em que, quando e onde. O sintagma o que substitui o
relativo que precedido do pronome demonstrativo o, nas orações
apositivas de frase. (GOUVÊA, 1999)
Finalmente, refere-se ao “morfema relativo” como, explicando que, mesmo que
não tenha sido realizado em seu corpus, foi incluído no quadro dos relativos, porque a
47
sua frequência de uso é alta em outros corpora, seu emprego é reconhecido e
sistematizado nas gramáticas pedagógicas e “o fato de não ter ocorrido no corpus não
quer dizer que não seja utilizado; pode não ter aparecido porque as condições não
surgiram (v.g., antecedentes como as palavras modo, maneira, forma)” (GOUVÊA,
1999).
Assim, pode-se recapitular que o trabalho inaugural de Tarallo (1983) evidencia
um panorama evolutivo do uso da variante não padrão cortadora ao decorrer dos séculos
XVIII e XIX. O estudo mostra que, apesar de ter diminuído seu percentual de
frequência, a estratégia de relativização ainda é a mais usada e que a estratégia de
relativização copiadora sempre ocorreu em baixos percentuais de frequência. Corrêa
(1998), estudando o processo de aquisição das estratégias de relativização via escola na
modalidade escrita do PB, conseguiu confirmar suas hipóteses de que são as variantes
não padrão cortadora e copiadora as formas linguísticas vernaculares do falante
brasileiro e que a variante padrão é aprendida via ensino formal escolar. Gouvêa (1999),
ao tratar das estruturas relativas na escrita culta jornalística do PB, além de apresentar a
frequência de uso dos pronomes relativos (com preferência absoluta pelo que), concluiu
que o quadro pronominal relativo da escrita do PB passou por algumas mudanças,
dentre as quais se destacam: não há mais as orações relativas introduzidas por morfema
relativo “quanto”; o “onde” pode introduzir orações relativas que possuam termos
antecedentes que contenham traços semânticos de “lugar virtual” e “tempo”; verifica-se
o uso inovador do advérbio “quando” introduzindo orações relativas em que o termo
antecedente contenha um traço semântico de tempo.
Em sua dissertação de mestrado, Abreu (2013) visa a observar o processo de
aquisição das orações relativas na fala carioca de adultos e crianças. Ao constatar que
esse processo não é uniforme, a autora demonstra que a distribuição das orações
relativas no input da comunidade de fala reflete uma etapa específica de mudança
linguística, sinalizada por Tarallo (1983). A dissertação também possui a finalidade de
averiguar a frequência de uso das variantes linguísticas na fala infantil, em relação à
verificada na fala dos adultos, ao realizarem as construções relativas.
Para cumprir tais objetivos, Abreu (2013) verificou o comportamento das
variantes padrão e não padrão cortadora e copiadora em dados de fala espontânea e de
fala controlada. Os corpora utilizados para observação e análise do fenômeno
48
linguístico foram as amostras de fala espontânea de crianças AQUIVAR/PEUL/UFRJ e
de adultos da Amostra CENSO 2000, além de uma amostra de fala controlada
constituída a partir de testes de repetição de dados linguísticos por crianças cursando a
pré-escola e cursando o primeiro ano da escolarização.
Através do casamento teórico da Sociolinguística Variacionista com os Modelos
baseados no Uso, Abreu (2013) determinou como variáveis independentes o “tipo de
variante linguística” – ou seja, se a oração relativa é formada pela estratégia padrão ou
por uma das estratégias não padrão – e “local de extração ou locus sintático” – isto é, a
função sintática desempenhada pelo articulador da oração relativa – para analisar os
dados linguísticos dos corpora de fala espontânea de adultos e infantil. Também
determinou como variáveis independentes, além da “variante” e “locus sintático”, a
idade da criança na análise dos dados linguísticos do corpus de fala controlada.
Dessa forma, propôs como hipóteses que as construções relativas realizadas
pelas crianças seriam as mesmas, em termo de variante e local de extração, daquelas
realizadas pelos adultos, por causa da influência da frequência de cada variante e a
similaridade estrutural das relativas no input, e que a postura linguística das crianças
durante a aplicação do teste de repetição espelharia a distribuição do input em função da
frequência de variantes e a direcionalidade da mudança linguística.
Nos dados linguísticos levantados da fala espontânea dos adultos, Abreu (2013)
identificou que – em relação à variável local de extração – as orações relativas mais
frequentes são aquelas com o locus sintático de sujeito seguidas das orações com locus
sintático de objeto direto, sendo as demais posições minimamente realizadas. Pôde-se
notar que as orações relativas não preposicionadas corresponderam a uma realização de
73%, enquanto as preposicionadas tiveram uma frequência total de 26%. Quanto à
variável tipo de variante, os resultados revelaram que as orações relativas mais básicas
são de sujeito e de objeto direto, sendo seguidas pelas de predicativo do sujeito, as quais
se realizam pela estratégia padrão majoritariamente.
Agrupando as orações relativas de sujeito, objeto direto e predicativo do sujeito
como orações relativas não preposicionadas, pode-se observar que 1366/1882 dados de
oração relativa são estruturados pela estratégia padrão contra 15/1882 dados são
formados pela estratégia não padrão copiadora. Isso evidenciaria que a variante
copiadora é, além de estigmatizada (cf. MOLLICA, 1977), restrita a contextos de uso
em que o termo antecedente seja ambíguo, distante ou necessite ser retomado.
49
Também se pode constatar que, no total de dados, as orações relativas não
preposicionadas foram produzidas em maior número – 1381 –, sendo mais uma vez
comprovado que estas são as estruturas relativas básicas da gramática internalizada.
No que se refere às orações relativas preposicionadas, as ocorrências da variante
padrão somam um total de 106/1882 orações, destacando-se as relativas de função de
adjunto adverbial com 58% dos dados sendo encabeçado pelo pronome relativo “onde”,
contra 42% dos dados da variante com a preposição realizada. O maior número de
orações foi produzido pela estratégia cortadora – total de 390 dados – concentrando-se
na função de adjunto adverbial – 274/390 (70%) – seguida de objeto indireto – 109/390
(27%) – genitivo, complemento nominal e adjunto adnominal – 07/390 (03%). Esse
resultado evidencia que as relativas cortadoras são muito produtivas e representam a
maior frequência de uso no local de extração preposicionado. Foram encontradas ao
todo apenas 5 orações relativas preposicionadas construídas pela estratégia copiadora.
Na fala espontânea das crianças, Abreu (2013) identificou pouquíssimos dados,
tendo sido encontradas apenas 24 orações relativas. Das 23 crianças entrevistadas, 08
crianças entre 1 ano e 11 meses a 2 anos e 11 meses produziram duas orações (Faixa
etária 01), 07 crianças entre 3 a 4 anos de idade produziram cinco orações (Faixa etária
02) e 8 crianças entre 4 anos e 1 mês a 5 anos e 1 mês produziram dezessete orações
(Faixa etária 03). Tal resultado demonstra que o processo de aquisição das orações
relativas é diretamente ligado às experiências sociointeracionais e que as já adquiridas
servem de base para aquisição das demais estruturas relativas. Portanto, “as orações
relativas vão sendo adquiridas pelas crianças por um processo gradual de expansão em
que novas estruturas vão passando a incorporar o repertório gramatical da criança a
partir de sua experiência” (ABREU, 2013, p.89).
Vale a pena ressaltar que, ao analisar a variável local de extração, Abreu (2013)
identificou que, na Faixa etária 01, os dados são uma oração de sujeito e uma oração de
objeto direto; na Faixa etária 02, os dados são três relativas de objeto direto e duas
relativas de objeto indireto; e na Faixa etária 03, os dados são compostos por seis
relativas de sujeito, e sete de adjunto adverbial. Logo, as crianças com mais idade são
capazes de produzir orações relativas mais complexas do que as crianças com menos
idade.
Em relação à variável independente “tipo de variante”, há uma alta frequência de
realização da estratégia padrão, porque há uma alta frequência de realização de orações
com locais de extração não preposicionados. É interessante ressaltar que não foram
50
encontradas orações preposicionadas da variante padrão no corpus e apenas foi
encontrado um dado de variante copiadora com local de extração de sujeito. Segundo
Abreu (2013), esse resultado reflete que a mudança do PB em relação às estratégias de
relativização detectado por Tarallo (1983) já se consolidou, pois não são mais
encontradas na fala espontânea das crianças as relativas padrão preposicionadas. “Isto
também é uma forte evidência de que o input exerce grande influência sobre a
aquisição, já que na fala dos adultos esta variante também não é frequente” (ABREU,
2013, p. 93).
Nos dados linguísticos levantados da fala controlada das crianças pelos testes de
repetição das orações relativas, Abreu (2013) reagrupou os dados obtidos em três níveis
em relação ao grau de acuracidade da criança ao produzir a oração relativa: “Erro”
(nível zero), “Variação/acerto linguístico” (nível 01) e “Acerto total” (nível 02). “A
acuracidade da repetição foi então checada em relação ao local de extração, tipo de
variante e idade” (ABREU, 2013, p. 98) e as orações relativas foram agrupadas em
preposicionadas e não preposicionadas.
Ao analisar o nível de acerto por variante, idade e local de extração, Abreu
(2013) comprovou que as relativas mais frequentes com total acuracidade, não
importando a idade, são as não preposicionadas de sujeito e objeto direto em sua forma
básica. Quanto às relativas preposicionadas, as orações com local de extração de objeto
indireto, adjunto adverbial e genitivo apresentam alto nível de acuracidade concentrado
na variante cortadora. Tal resultado aponta que o desempenho das crianças no teste
retrata a influência do contato interacional com a comunidade de fala, posto que “a
variante mais básica, para as posições não preposicionadas, e variante cortadora, para as
posições preposicionadas, são as mais usadas e mais produtivas dentre todas as relativas
no input” (ABREU, 2013, p. 111). A análise confirma a hipótese de que as construções
relativas mais recorrentes seriam as mais repetidas com total acuracidade pelas crianças.
Outro resultado importante da dissertação foi a constatação de que a variante
padrão em funções oblíquas constitui a última estrutura a ser adquirida pela criança
durante o processo de aquisição. Isto porque o input dessa variante, além de ser pouco
produzido pela comunidade de fala, está sendo substituído pelo input das variantes
competidoras. A variante padrão, portanto, é apenas adquirida via letramento e
escolarização. Abreu conclui que
51
a relativa padrão se mostra infrequente em posição preposicionada na
fala de crianças, já que, nestas funções, os participantes encontraram
maior dificuldade na repetição destas orações, transformados em níveis
mais baixos de acuracidade, observados através das quantidades de erros
e substituição por outra variante (ABREU, 2013, p. 111).
Em sua tese de doutorado, Vale (2014) tem o objetivo de descrever as estratégias
de relativização no português falado por adultos com mais de 60 anos, no Maranhão, a
partir de contextos linguísticos e sociais testados em outros estudos, e identificar, sob a
perspectiva sociolinguística, que fatores influenciam a produção das três estratégias.
A análise foi fundamentada na Teoria da Variação e Mudança Linguística
(WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2006 [1968]; LABOV, 1972), associada a
pressupostos funcionalistas e formalistas, advindos das pesquisas já realizadas e por ela
utilizadas como pontos de partida. O tratamento quantitativo nos moldes labovianos foi
feito com a codificação e o processamento dos dados através do Programa Varbrul
(Pintzuk, 1988).
Na amostra Memórias de velhos, foram atestadas 2.287 ocorrências de relativas,
distribuídas, segundo o grau de letramento dos falantes: 1.403 dados (61,4%) na fala de
indivíduos com baixo nível de letramento e 884 (38,6%) na de indivíduos com nível
mais alto de letramento.
A partir desses dados gerais, Vale (2014), analisando o comportamento variável
das estratégias de relativização no grupo das preposicionadas, identifica, na fala dos [+
letrados], 65% (90/138) dos dados da variante padrão, 6% (8/138) dos dados da variante
não padrão copiadora e 29% (40/138) da variante não padrão cortadora. Ela justifica
esses percentuais em função da natureza do corpus, que é formado por informantes de
mais de 60 anos e, por isso, acredita que a expansão do corpus para as faixas etárias
mais jovens poderá acarretar a modificação dos resultados.
Dos 250 dados retirados da amostra do [- letrado], foram identificados 03 (1%)
dados da variante padrão, 11 (4.5%) da variante copiadora e 236 (94.5%) da variante
cortadora. Nota-se que a variante padrão possui um percentual mais alto na amostra [+
letrado] do que na amostra [- letrado], enquanto a variante cortadora é o inverso, pois na
amostra [+ letrado] possui um percentual mais baixo do que na amostra [- letrado]. A
variante copiadora possui um percentual de ocorrência baixo nas duas amostras, quando
se compara seu resultado com os das demais variantes. Cotejando os resultados
52
percentuais da variante em relação às diferentes amostras, pode-se perceber que há uma
queda de produção na amostra [- letrado].
Em seu trabalho de iniciação científica – estratégias de relativização na fala
brasileira: uma perspectiva sociolinguística – apresentado na XXXVI Jornada Giulio
Massarani de Iniciação Científica, Talita S. Pereira (2014) tem o objetivo de descrever o
uso das estratégias de relativização, a fim de traçar um quadro sobre a frequência das
variantes padrão e não padrão cortadora e copiadora na fala fluminense. Além disso,
tem a finalidade de examinar os condicionamentos tanto linguísticos como
extralinguísticos que favorecem a produção de tais estratégias. Utilizando o corpus
Concordância5, identificou, recolheu e codificou os dados linguísticos, tratando-os
quantitativamente no programa computacional Goldvarb X.
Inicialmente, a autora hipotetiza que a estratégia relativa cortadora seja a
variante preferencial na fala fluminense e que a variante não padrão copiadora estaria
restrita a contextos específicos, possivelmente vinculados a pouco acesso à
escolaridade. Utilizou como pressupostos a Teoria de variação e mudança
(WEINREICH, LABOV, HERZOG, 1968; LABOV, 1972, 2003), os estudos
linguísticos sobre o fenômeno em questão (MOLLICA, 1977; TARALLO, 1983;
CORRÊA, 2001; ABREU, 2013) e os estudos gramaticais descritivos (MATEUS et alii,
2003 e RAPOSO et alii, 2013). Por fim, analisou os dados com base no controle das
variáveis independentes expostos na Tabela 02.
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
LINGUÍSTICAS
Natureza semântica do termo relativizado
Função sintática do relativizador
Distância entre o relativizador e o termo relativizado
Tipo de preposição
EXTRALINGUÍSTICAS
Região
Idade
Sexo
Grau de Escolaridade
Tabela 2. Variáveis independentes controladas na pesquisa de Pereira (2014)
O trabalho de Pereira (2014) apenas analisa o grupo das orações relativas
preposicionadas, pois permite – como já mencionado – observar a ocorrência das três
variantes em análise – variante padrão e as variantes não padrão cortadora e copiadora.
5 O corpus Concordância é formado por entrevistas a falantes fluminenses de Copacabana e Nova Iguaçu
– RJ. As entrevistas foram divididas em 03 Faixas etárias, 03 níveis de escolaridade e por gênero/sexo. A primeira divisão contempla as faixas etárias de 18 a 35 anos – faixa A –, de 36 a 55 anos – faixa B –, e 56 a 77 anos – faixa C. A segunda divisão é formada pelo nível I – Ensino fundamental –, nível II – Ensino Médio –, e nível III – Ensino Superior. O gênero refere-se ao sexo feminino e masculino do informante.
53
Em dados gerais, foram encontrados 134 casos de orações relativas preposicionadas, em
que 127 (94.5%) são de orações relativas não padrão cortadora e 07 (5.3%) são de
orações relativas padrão. Não houve ocorrência de orações relativas não padrão
copiadora.
GRUPO DE ORAÇÕES RELATIVAS PREPOSICIONADAS
DADOS %
O. R. PADRÃO 07 5.3%
O. R. CORTADORA 127 94.7%
TOTAL 134 100%
Tabela 3. Total de orações relativas preposicionadas x variantes linguísticas no estudo
de Pereira (2014)
Pereira (2014) identifica, dentre os casos de orações relativas cortadoras, alguns
dados que constituiriam expressões cristalizadas. Estas seriam as expressões de tempo
(hora que/ época que/ dia que), bastante comuns na fala brasileira.
Em (31a – b), apresentam-se alguns exemplos da variante padrão (31a) e não
padrão cortadora (31b) retirados no corpus estudado em Pereira (2014).
(31) a) a política aqui ... eu não vejo assim um candidato em que eu possa confiar ...
não tem um candidato a prefeito que eu possa dizer assim ... “ah ... esse eu votaria“...
mas tem que votar ... né ? ... a gente é obrigado. (PEREIRA, 2014)
b) agora eu não sei como é que ele fala né porque ... tenho ouvido muito pouco
mas tem hora que me dá vontade de dar um TIro na televi[sã:o ... (PEREIRA, 2014)
A fim de observar os dados da fala culta fluminense, apresenta-se a Tabela 4,
que distribui os 134 dados nos três graus de escolaridade em que o corpus está dividido:
fundamental, médio e superior. O nível que corresponde ao que se costuma conceber
como representativo da fala culta fluminense é o referente ao grau de escolaridade
superior.
54
GRAU DE
ESCOLARIDADE
O. R.
PADRÃO
O. R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
FUNDAMENTAL 03 6.4% 44 93.6% 47 35.1%
MÉDIO 02 4.3% 45 95.8% 47 35.1%
SUPERIOR 02 5% 38 95% 40 29.9%
TOTAL 07 5.3% 127 94.7% 134 100%
Tabela 4. Orações Relativas Preposicionadas x Grau de Escolaridade segundo o estudo
de Pereira (2014)
Pode-se perceber que, dos 134 dados, 40 (29.9%) representam a fala culta
fluminense. Dentre esses dados, 38 (95%) são da variante não padrão cortadora e apenas
02 (5%) são da variante padrão. Nota-se que o número de ocorrências da variante não
padrão cortadora (ex. 32) é muito superior ao da variante padrão (ex. 33).
(32) no dia que eu me formei veio um namorado que eu tinha português que eu tinha
dito que só ia resolver a minha vida quando eu me formasse... (PEREIRA, 2014).
(33) você ficar muito tempo... ahn numa situação em que você precise pensar
ponderar e falar depois de um certo tempo você se habitua a fazer isso pensando e
refletindo pouco. (PEREIRA, 2014).
Assim, Pereira (2014) considera o comportamento das estratégias de
relativização na fala fluminense semicategórico, segundo Labov (2003), pois apresenta
um percentual de 94.7% de dados da variante não padrão cortadora e 5.3% da variante
padrão. Os resultados ficam, portanto, no limiar entre uma regra variável e uma regra
semicategórica na proposta laboviana. Verificando também a natureza qualitativa dos
dados, a autora estabelece o estatuto semicategórico da regra. A relativa cortadora é
praticamente a única produzida pelos falantes fluminenses, comprovando a hipótese
proposta por ela. As estruturas que formam expressões de tempo (hora que/ época que/
dia que), compreendidas, nesse estudo, como formas cristalizadas, constituem a maioria
dos dados.
Ademais, quanto às demais variantes, Pereira (2014) ressalta que não foram
encontrados casos da variante não padrão copiadora. As relativas padrão encontradas no
corpus também são quantitativa e qualitativamente muito restritas. Estruturalmente,
ocorrem com poucas formas verbais que selecionam complementos relativos e, ainda,
contêm algumas expressões cristalizadas, como ter do que/ nada do que. Em termos
55
extralinguísticos, no que se refere à idade dos falantes, ocorrem, em sua maioria, na fala
dos mais idosos, o que pode sugerir o crescente desuso dessa variante no eixo temporal.
56
2. O TRATAMENTO VARIACIONISTA DA REGRA VARIÁVEL
Este capítulo tem o objetivo de expor os pressupostos teóricos da Teoria da
variação e mudança laboviana – seção 2.1. – e a descrição da metodologia desenvolvida
pela pesquisa – seção 2.2.
2.1. Fundamentos para o tratamento da regra variável das estratégias de
relativização
Sendo uma das principais bases epistemológicas da Teoria da Variação e Mudança, a
noção de heterogeneidade ordenada do sistema comunicativo é diretamente relacionada à
inerente tendência da mutação das propriedades linguísticas e dos vínculos sociointeracionais
estabelecidos pelas comunidades de fala. Considerar essa noção como fundamento que subjaz à
Teoria da Variação e Mudança é afirmar que esse aporte tem como principal finalidade o estudo
da variação das estruturas linguísticas, identificando e retratando os fatores linguísticos e
extralinguísticos que estabelecem a organização das formas linguísticas, de modo que o
conteúdo seja compreendido em suas diversas possibilidades de realização.
A noção de mudança do sistema linguístico – intimamente relacionado à da
variação – é outro pilar epistemológico da Teoria da Variação e Mudança. Dessa forma,
as pesquisas variacionistas buscam identificar o funcionamento do natural processo de
mudança da língua, investigando qual o período de tempo em que se iniciou o processo,
passando pelos períodos em que se verifica variação através da competição das formas
alternantes, chegando ou não à estabilização do processo, quando se observa a variação
estável entre as formas alternantes, ou a uma mudança linguística, em que uma dessas
formas se sobrepõe à outra. Configura-se, assim, como finalidade da Teoria da Variação
e Mudança investigar quais são os fatores que incitam o começo, o desenvolvimento
progressivo e/ou regressivo e a finalização do processo de mudança de um fenômeno
linguístico.
Os processos de variação e mudança linguísticas são refletidos nos usos
linguísticos das comunidades de fala. Desse modo, pode-se entender comunidade de
fala, de acordo com a perspectiva teórica em estudo, como um conjunto de indivíduos
que compartilham características linguísticas e sociointeracionais que as diferenciam
dos demais grupos; os membros de grupo interagem tanto socialmente, como
57
linguisticamente e, portanto, vivenciam normas e atitudes comuns ao concretizarem o
uso da linguagem (cf. WEINREICH, LABOV & HERZOG, 1968; LABOV, 1972).
Por se expressarem por meio do uso das formas linguísticas, as comunidades de
fala constituem objeto de interesse da teoria, pois são seus membros que evidenciam as
propriedades estruturais e sociais que regulam o uso das formas alternantes em
competição nos diversos contextos comunicativos. Tal fato permite que o pesquisador
investigue o comportamento linguístico das formas alternantes, identificando o
funcionamento da variação das formas em uso, como também os possíveis estágios de
mudança em que essas formas estiveram, estão e estarão em longo prazo.
Ao analisar o comportamento linguístico de formas alternantes, a
Sociolinguística Variacionista concebe que a variação linguística é uma propriedade
sistemática e estruturalmente organizada, de modo que não existe um “caos linguístico”.
Antes, a depreensão, análise e identificação do funcionamento do sistema variável são
passíveis de serem retratadas. Essas concepções delineiam a definição de língua, que –
segundo a Teoria da Variação e Mudança – contém um conjunto de regras variáveis
condicionadas por fatores internos e externos a ele. Assim, a língua constitui um sistema
formado por regras condicionadas por fatores estruturais e sociointeracionais,
relacionados tanto ao indivíduo, quanto à comunidade de fala.
As formas alternantes em variação, segundo o modelo teórico em estudo,
denominam-se variantes linguísticas e, dessa maneira, podem ser compreendidas como
as possibilidades de transmitir o conteúdo linguístico em um determinado contexto
comunicativo com o mesmo valor de verdade. Um grupo de variantes linguísticas é
denominado variável linguística, a qual, por ser concebida como uma regra variável
cujo comportamento depende de outros fatores, que atuam independentemente com
efeitos previsíveis no conjunto das interinfluências, é identificada como variável
dependente, como propõe o tratamento herdado da área da Estatística6. Trata-se das
formas alternantes que estão em competição e caracterizam o fenômeno linguístico em
estudo. Os grupos de fatores que podem atuar em relação ao comportamento da regra
variável são identificados, portanto, como variáveis independentes. Estas são as
condições linguísticas e extralinguísticas que serão averiguadas ao longo do processo de
estudo para se identificar e registrar quais são favorecedoras ou não de cada variante.
6 Para a medição do efeito dos grupos de fatores independentes sobre o comportamento da variável
dependente, os estudos variacionistas valem-se do pacote de programas Goldvarb-X, conforme se descreve na seção referente à metodologia.
58
Após a explanação sobre os pressupostos básicos da Teoria da Variação e
Mudança, pode-se constatar que um estudo variacionista objetiva retratar
estatisticamente um fenômeno variável por meio da identificação, análise crítica e
sistematização das propriedades linguísticas e extralinguísticas que norteiam o
comportamento dos usos das variantes linguísticas pelos membros de uma comunidade
de fala. Dessa forma, a pesquisa variacionista investiga a influência de cada propriedade
linguística e extralinguística do sistema, a fim de determinar qual propriedade tem uma
interferência mais ou menos direta na seleção e concretização de uma ou outra variante
pelo falante. Por fim, a análise variacionista procura estabelecer a relação entre o
processo de variação que se observa no sistema linguístico em um específico período
temporal – análise variacionista sincrônica – com os processos de mudança que
ocorrem na estrutura linguística do sistema com o passar do tempo – análise
variacionista diacrônica.
Partindo da análise das variáveis independentes, pode-se definir o quadro da
variação do fenômeno linguístico estudado em uma comunidade de fala como variação
estável ou como mudança em progresso. Naquele caso, os resultados da análise
evidenciam que o quadro da variação tende a se manter, uma vez que se diagnostica
apenas uma tendência favorecedora de uma variante em relação à outra sob
determinadas condições. No caso da mudança em progresso, os resultados da análise
sinalizam que o uso de uma variante deve se generalizar em todos os contextos
sociocomunicativos da comunidade de fala, enquanto a outra variante tende a cair em
desuso.
Sendo assim, pode-se observar um processo de mudança linguística
desencadeada a partir da variação de um fenômeno em um curto período de tempo de
uma comunidade de fala ou ao longo de vários períodos. Desse modo, uma pesquisa
variacionista pode ser realizada em tempo real – estudo que investiga diacronicamente
os fatores que condicionam o processo da mudança linguística – e em tempo aparente –
estudo que, por meio da observação do comportamento por faixa etária, diagnostica, em
uma específica sincronia temporal, os fatores que favorecem o processo de mudança
linguística. Essas investigações revelam como a observação da língua em curso reflete
o comportamento da mudança linguística de um fenômeno em um plano diacrônico.
O estudo de tempo aparente serve como ferramenta para a projeção do que teria
ocorrido em tempo real, ferramenta que se baseia no pressuposto de que o padrão
linguístico adotado por uma pessoa na juventude quase sempre se mantém ao longo da
59
vida. Portanto, pode-se mensurar que o padrão identificado na postura linguística de um
falante idoso hoje poderia corresponder a um padrão determinado pela comunidade de
fala há muitos anos.
Tendo em vista que a observação, a investigação e a sistematização da variação
e mudança linguística do sistema constituem a principal finalidade da Sociolinguística
Variacionista, faz-se necessário apresentar brevemente os problemas empíricos do
modelo teórico postulados por WEINREICH, LABOV & HERZOG (2006 [1968]):
a) Fatores condicionantes (problema da restrição linguística) – procura identificar
quais são as condições para a mudança de uma estrutura linguística. Tal
mudança pode ser incitada por fatores internos e externos a língua.
b) Encaixamento linguístico (problema do encaixamento linguístico) – atenta para
as demais mudanças relacionadas a determinado fenômeno variável, seja no
plano linguístico, seja no plano social.
c) Avaliação das mudanças (problema da avaliação) – visa a estudar as prováveis
consequências dos juízos de valor dos falantes de uma comunidade de fala em
relação às variantes em questão. A esse respeito, Labov (1972) propõe que, a
depender da avaliação dos membros da comunidade de fala, as variantes podem
constituir indicadores (aquelas que não são conscientemente valoradas),
marcadores (aquelas que se submetem, sobretudo, a avaliações em função do
contexto situacional) ou estereótipos (aquelas que configuram variantes
estigmatizadas pela comunidade de fala e, por isso, são avaliadas sempre no
plano da consciência).
d) Transição (problema da transição) – procura depreender os períodos de tempo
intervenientes entre dois ou mais estados da língua: como um indivíduo adquire
uma variante, quanto tempo as variantes coexistem e em que período uma das
variantes prevalece sobre a outra.
e) Implementação (problema da implementação) – analisa os fatores que
condicionam a implementação da mudança e a causa pela qual as mudanças em
uma propriedade da estrutura ocorrem em uma língua em um específico
60
momento, mas não em outra na mesma propriedade da estrutura, ou na mesma
língua, porém em períodos diferentes.
Embora o presente trabalho se ocupe, sobretudo, do problema das restrições, em
relação às estratégias de relativização usadas na escrita culta jornalística – a serem
comparadas às usadas na fala culta carioca –, e do problema da avaliação, por meio da
observação dos comentários do revisor dos jornais; a natural imbricação entre variação e
mudança no quadro teórico adotado permitirá que diversas reflexões sejam feitas quanto
ao estágio em que se encontra o Português do Brasil no uso dessas estratégias, o que
implica tratar, indiretamente, dos demais problemas da mudança propostos no teórico
adotado.
Para se realizar a análise quantitativa nos moldes labovianos, os dados foram
codificados e processados com a utilização do programa GoldVarb X, que distribuiu as
estratégias de acordo com as variáveis independentes em análise. Com base nessa
distribuição, constatou-se, a partir de Labov (2003), que seria interessante haver um
debate acerca do estatuto da regra variável das estratégias de relativização na escrita
culta jornalística do PB, tendo como objetivo problematizar a proposta de Labov (2003)
para uma tipologia de regras. O Quadro 1 faz uma síntese da tipologia proposta por
Labov (2003).
TIPO DE REGRA FREQUÊNCIA VIOLAÇÃO
I
100%
Ausentes da fala
espontânea
Regra categórica
II
05-95%
Raras e facilmente
identificáveis
Regra semicategórica
III
95-99%
Inexistente pela própria
natureza
Regra variável
Quadro 1. Tipos de regras propostas por Labov (adaptado de Labov, 2003, p. 243).
61
Como se vê, um registro de 1% de uma variante, por exemplo, segundo a
proposta laboviana, não permite considerar que exista efetivamente um quadro de
variação; entre 1% e 5% de ocorrências, o autor propõe que estamos diante de uma
regra semicategórica. No capítulo 03, adiante, em que serão apresentados os resultados
das análises do presente estudo, o estatuto da regra variável das estratégias de
relativização será ao longo do capítulo problematizado.
2.2. Metodologia Variacionista
Conforme já se esclareceu, o desenvolvimento da pesquisa contou com três
etapas de trabalho: (i) a descrição do uso das estratégias de relativização na escrita
jornalística; (ii) a comparação dos resultados obtidos com esses dados aos obtidos em
outros estudos com dados da fala; e (iii) a análise dos comentários dos revisores do
Jornal O Globo, destacando o tratamento dispensado às estratégias de relativização.
A fim de tornar claros os procedimentos adotados na pesquisa variacionista, que
permitiu a descrição dos dados jornalísticos e na descrição dos comentários sobre o
revisor do Jornal O Globo; esta seção apresenta, ainda, os corpora utilizados e o
tratamento metodológico que cada um recebeu durante a coleta de dados linguísticos
(seção 2.2.1); além dos critérios de seleção dos dados e das variáveis linguísticas que
foram utilizadas na análise das ocorrências levantadas nos corpora (seção 2.2.2.).
2.2.1. Descrição e tratamento metodológico dos corpora da pesquisa
Nesta seção, serão descritos os corpora em que foram retirados os dados da
pesquisa em curso, a fim de observar e analisar o comportamento das estratégias de
relativização da escrita culta jornalística do PB.
2.2.1.1. Os gêneros textuais do Jornal O Globo
O corpus é constituído por 150 textos retirados de 15 exemplares do Jornal O
Globo publicados entre o período de junho a dezembro de 2012. Os textos subdividem-
se nos seguintes gêneros textuais:
62
a) 15 editoriais7
b) 15 artigos de opinião
c) 15 crônicas jornalísticas
d) 15 notícias de jornal
e) 45 cartas de leitor
f) 60 anúncios de jornal
Pode-se observar que o número de cartas de leitor e anúncios8 jornalísticos é
maior do que o dos demais gêneros – o primeiro tem sua quantidade triplicada e o
segundo tem sua quantidade quadruplicada em relação aos três primeiros gêneros
textuais citados –, de modo a compensar a diferença de tamanho físico entre os textos e,
consequentemente, evitar que haja uma menor oferta de dados linguísticos de um em
relação ao outro. Os textos foram retirados especificamente do caderno geral do jornal,
pois essa parte do veículo contém todos os gêneros textuais pesquisados, além de
facilitar a padronização e homogeneidade na organização do corpus.
Após a seleção dos textos, a pesquisa procedeu à coleta de todas as orações
relativas, que resultou em um total de 253 ocorrências. Estas, após a segmentação em
dois grupos, um com as orações não preposicionadas (aquelas em que o pronome
relativo exerce os papéis de sujeito, objeto direto ou predicativo do sujeito) e outro com
as orações preposicionadas, foram codificadas em relação à variável dependente e às
variáveis independentes e tratadas pelo pacote de programas computacionais GoldVarb-
X.
Finalmente, os dados percentuais do grupo das orações relativas preposicionadas
serão comparados com os resultados percentuais do estudo de Corrêa (1998) sobre a
escrita culta universitária e com os resultados percentuais da pesquisa de Tarallo (1983),
Corrêa (1998), Vale (2014) e Pereira (2014) sobre a fala culta em diversos corpora do
7 Devido ao baixo número de ocorrências de construções relativas, principalmente, no grupo das
orações relativas preposicionadas, o estudo analisou, ainda, uma amostra complementar com 15 editoriais publicados no site da editora O Globo, para verificar a consistência dos resultados encontrados. Nesse conjunto de textos, foram encontradas 77 construções relativas e deste total 59 são do grupo das não preposicionadas e apenas 18 são do grupo das preposicionadas. Esses dados confirmam as tendências descritas no capítulo de resultados desta dissertação, que revelam distribuição semelhante das construções relativas, além de ampla preferência pela estratégia de relativização padrão. 8 Os anúncios publicitários também foram retirados do chamado Segundo caderno, porque a seção
“caderno geral” das edições consultadas no Jornal O Globo nem sempre oferecia o número de anúncios estabelecido.
63
PB. A finalidade deste estudo comparativo é observar o comportamento das estratégias
de relativização nas modalidades oral e escrita culta do PB.
2.2.1.2 Descrição e tratamento metodológico do corpus da coluna
jornalística “Autocrítica”
O corpus é formado por 99 colunas jornalísticas retiradas de exemplares do
Jornal O Globo publicados entre junho de 2011 e outubro de 2013. A coluna jornalística
“Autocrítica” – ora desativada na versão impressa do jornal – encontra-se no verso da
primeira página do caderno geral do jornal e tem a finalidade de divulgar e corrigir os
supostos erros da edição anterior, os quais são comentados ou não. Sendo elaborada
pelos revisores que integram a equipe editorial do jornal, a coluna organiza-se sempre
apresentando o trecho publicado anteriormente – geralmente no dia anterior –, seguido
da reescritura do trecho com a correção de alguma estrutura, acompanhado ou não de
um comentário prescritivo do revisor do veículo.
Para fins de estudos sociolinguísticos, especialmente os referentes ao problema
da avaliação subjetiva – que permitem estabelecer o juízo de valor que se faz das
variantes, apontando seu caráter prestigioso ou não –, a coluna “Autocrítica” constitui
apropriado material para investigação, pois divulga a avaliação linguística do revisor do
jornal em relação à escrita culta padrão que é idealizada para o veículo. Assim, a coluna
reflete os juízos de valor que o revisor possui das construções linguísticas realizadas na
escrita por indivíduos que pertencem a uma comunidade de fala culta – já que a maioria
dos jornalistas e dos leitores de um jornal endereçado à “classe A” preenche os
requisitos típicos dos usuários da variedade culta urbana – e evidencia, dessa forma, a
própria percepção descritivo-prescritiva da língua, para a configuração da norma padrão
(nos termos de FARACO 2008).
O corpus9 fornece ao todo 18 estruturas oracionais relativas em que as variantes
não padrão são identificadas e “corrigidas” pelo revisor, e são substituídas pela variante
padrão. Esses dados foram levantados e tratados de acordo com as reflexões teóricas do
problema da avaliação laboviana (cf. WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2006
[1968]), que permitirão discorrer sobre o estatuto avaliativo das variantes linguísticas e,
9 Na seção 3.5.2, serão listados todos os fenômenos linguísticos que foram registrados pela Coluna
Autocrítica.
64
com isso, sugerir se as variantes funcionariam, na variedade culta, como marcadores,
indicadores ou estereótipos linguísticos.
2.2.2. Descrição das variáveis linguísticas
Nesta seção, serão descritos os critérios de seleção dos dados, além das variáveis
linguísticas dependentes e independentes da pesquisa em curso.
2.2.2.1. Critérios de seleção de dados
Na coleta dos dados em gêneros textuais do Jornal O Globo, foram
desconsideradas as chamadas orações relativas livres, aquelas que não possuem o termo
antecedente expresso. Consideraram-se as construções relativas encabeçadas com “o
que” como uma oração relativa livre, pois tais estruturas não apresentam variação,
inviabilizando analisá-las do modo proposto pela Gramática Tradicional: “o” como um
demonstrativo seguido de uma oração subordinada adjetiva. As interrogativas indiretas,
encetadas por pronomes interrogativos, foram, obviamente, descartadas. Os exemplos
em (34a - b) exemplificam, respectivamente, as relativas livres e as interrogativas
indiretas:
(34) a) Espero quem me espera. (VALE, 2014, p.23)
b) Eu não sei quantos estão inscritos. (VALE, 2014, p.23)
Foram desconsideradas estruturas clivadas, bastante recorrentes no corpus
ilustradas, respectivamente, em (35):
(35) Eu não sei quantos é que estão inscritos. (VALE, 2014, p.23)
Sendo umas das construções Q, caracterizam-se por serem estruturas
focalizadoras que possibilitam realçar, destacar qualquer constituinte de uma oração e,
por isso, não são neste trabalho interpretadas como orações relativas.
A partir da leitura de outros estudos sobre o tema da pesquisa (MOLLICA, 1977,
TARALLO, 1983, CORRÊA, 1998, VALE, 2014), o presente trabalho objetivou ter um
olhar mais minucioso acerca das estruturas em que o “que” perde sistematicamente a
65
preposição “em”. Esse particular tratamento ocorreu porque algumas pesquisas
(PEREIRA, 2005 apud VALE, 2014; PEREIRA, 2014) tratam essas construções como
parte de uma locução conjuntiva, isto é, deixaram de ser construções relativas – da
variante cortadora – para tornarem-se expressões que desempenham o papel
morfossintático de uma conjunção temporal (uma locução), como em (36a):
(36) a) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que houver
utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM, para
qualquer operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,
ANÚNCIO: propaganda da TIM, Caderno Geral p.06
b) Educação, ciência, ecologia, universidade, ação social. Tem uma hora em
que tudo se encaixa. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO:
propaganda da GLOBO ECOLOGIA, Caderno Geral, p.17
Ao olhar os dados, foram identificadas pouquíssimas ocorrências da construção
relativa exemplificada em (36a) acima – apenas 05 ocorrências – e um expressivo
número da construção acompanhada com a preposição “em”, como em (36b). Este
resultado fez com que o presente estudo contabilizasse todas essas construções no
conjunto de dados de orações relativas, sem as desconsiderar a priori. Não se nega,
entretanto, a interpretação de que tais construções temporais sem a preposição já se
comportem como estruturas gramaticais cristalizadas que desempenham um papel
morfossintático de locução conjuntiva temporal, visto que, embora sejam poucos dados,
o registro deles em textos impressos no Jornal O Globo, que apresentam forte
compromisso com estruturas consideradas padrão, seja sinalizador dessa mudança.
Embora as orações relativas com preposição “em” predominem na escrita culta
jornalística, supõe-se que essas estruturas estejam em avançado processo de
gramaticalização na fala (com preferência pela construção sem “em”), tendência que já
se registra na escrita jornalística.
2.2.2.2. A variável dependente
Com relação ao fenômeno em estudo, são investigadas as variantes padrão (o
livro de que eu gosto) e as não padrão cortadora (o livro que eu gosto) e copiadora (o
livro que eu gosto dele).
66
Para ilustrar o fenômeno e tratar as ocorrências, a pesquisa reuniu em dois
grupos os dados linguísticos coletados, considerando a função sintática desempenhada
pelo articulador que encabeça a construção relativa: (i) grupo das orações relativas não
preposicionadas e (ii) grupo das orações relativas preposicionadas.
No primeiro grupo, ficaram as construções relativas em que o articulador
desempenha função sintática de sujeito ou de objeto direto, nas quais só é possível
observar a variação entre as variantes padrão e não padrão copiadora. Em (37a – b), há
exemplos, respectivamente, de uma oração relativa de sujeito e uma de objeto direto.
(37) a) Seria preciso apenas encontrar novas fontes de financiamento da operação,
além dos empréstimos de araque de Marcos Valério no Banco Rural e no BMG e do
desvio de dinheiro do Visanet, que não seriam suficientes para pagar as dívidas e as
campanhas do PT e as despesas crescentes com a voracidade da base aliada, que
quanto mais come mais fome tem. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.
b) As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas na
Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender que
as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para participar do
Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer pelo menos uma
vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams” ou guardiões
masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam junto; mas
foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. – Jornal O
GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno
Geral, p.18.
No segundo grupo, ficaram as orações relativas em que o articulador exerce as
funções sintáticas de objeto indireto/dativo, oblíquo, adjunto adnominal e adjunto
adverbial e agente da passiva. Neste grupo, é possível analisar as três possibilidades de
relativização: padrão, não padrão cortadora e não padrão copiadora. Em (38a – e),
encontram-se exemplos de orações relativas de objeto indireto (38a), oblíqua (38b),
adjunto adnominal (38c), adjunto adverbial (38d) e agente da passiva (38e).
(38) a) Pálidas crianças / a quem ninguém diz; / – Anjos, debandai!... (ROCHA
LIMA, 2006 [1972], p.270)
b) E as buscas / a que eu procedia. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.270)
c) As terras / de que era dono / valiam mais do que ducado. (ROCHA LIMA,
2006 [1972], p.270)
67
d) Esses eram os momentos / em que ela sofria / mas amava seu sofrimento.
(ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.270)
e) Bendito e louvado seja Deus, por quem foste criado. (ROCHA LIMA, 2006
[1972], p.270)
2.2.2.3. Variáveis independentes
Fundamentando-se nos estudos de Mollica (1977), Tarallo (1983) e Corrêa
(1998), a pesquisa investigou ao todo 8 variáveis independentes – 7 linguísticas e 1
extralinguística –, de modo a tornar possível a observação da influência de possíveis
fatores na variação do fenômeno linguístico em estudo. Cada variável independente será
descrita detalhadamente a seguir:
TIPO DE VARIÁVEIS
INDEPENDENTES
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
LINGUÍSTICAS
Função sintática do termo antecedente da
oração relativa
Referencialidade do termo antecedente
Distância entre o termo antecedente e o
articulador da oração relativa
Função sintática do articulador da oração
relativa
Tipo de preposição que rege o articulador
da oração relativa
Tipo de articulador – pronome relativo e
advérbio relativo
Tipo do verbo da oração relativa
EXTRALINGUÍSTICA Gênero textual
Quadro 2. Sistematização das variáveis independentes controladas.
A ordem disposta das variáveis independentes no Quadro 2 foi organizada de
modo a dispor de forma encadeada e relacionada as variáveis. As duas primeiras
variáveis – (i) Função sintática do termo antecedente da oração relativa e (ii)
Referencialidade do termo antecedente – tratam exclusivamente das propriedades
linguísticas do termo antecedente. A terceira variável – (iii) Distância entre o termo
antecedente e o articulador da oração relativa – permite observar o comportamento
68
sintático da oração relativa em relação às diversas distâncias em que o núcleo do termo
antecedente possa estar.
Função sintática do articulador da oração relativa (iv), Tipo de preposição que
rege o articulador da oração relativa (v), Tipo de articulador – pronome relativo e
advérbio relativo (vi) e Tipo do verbo da oração relativa (vii) são variáveis que tratam
das características da construção relativa em si.
Por fim, o Gênero textual (viii) é a variável que permite observar como
influências externas a língua – o grau de monitoramento/formalidade – podem interferir
no comportamento das estratégias de relativização.
A seguir, as variáveis serão tratadas com mais detalhes.
i. Função sintática do termo antecedente da oração relativa
Esta variável refere-se à função sintática desempenhada pelo termo antecedente
que está vinculado à oração relativa. Assim como o articulador da oração relativa, o
termo antecedente também pode exercer todas as funções sintáticas que o predicador da
oração principal atribui ao termo relativizado. Assim, podem desempenhar a função
sintática de sujeito, objeto direto, predicativo do sujeito, complemento nominal, objeto
indireto, oblíqua, adjunto adverbial, adjunto adnominal e aposto. Em (39a – d), têm-se
exemplos de orações relativas em que seu termo antecedente desempenha função
sintática de sujeito (39a), objeto direto (39b), predicativo do sujeito (39c), complemento
nominal (39d) e objeto indireto (39e).
(39) a) Em vinte minutos e 500 reais, passei de monstro saudável a doente com três
meses de vida. E o pior é que, afora uma tossezinha boba, nada sentia. Mais ainda: o
leite condensado com a qual sua saudosa mãe resolvia todos os problemas não
funcionava. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e
leite condensado, Caderno Geral, p.19
b) No julgamento do mensalão eu pensava assistir a um “E o vento levou”, mas
estou testemunhando uma narrativa de Machado de Assis. O mesmo sentimento cerca
as eleições cujo resultado vai ser formicida para uns e leite condensado para
outros. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite
condensado, Caderno Geral, p.19
c) O que está em questão são, simplesmente, os padrões de comportamento da
sociedade em que vivemos – e que são, indiscutivelmente, diferentes daqueles de
69
nossos pais. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: Mulher nua, Caderno
Geral, p.23
d) Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde
passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes
mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se
distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris, onde
entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele tomava
por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida
e leite condensado, Caderno Geral, p19.
e) Todos os eleitores sabem que pagamos um preço alto demais para nossos
representantes, que tratam principalmente dos próprios interesses. Não há uma
maneira de corrigir esta verdadeira afronta, que envolve até pleno ressarcimento de
despesas médicas nos melhores hospitais, extensivos a familiares. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições, Aloysio Martins Guerra, Rio,
Caderno Geral, p.15.
Em (40a – e), apresentam-se exemplos em que o termo antecedente exerce
função sintática oblíqua (40a), de adjunto adverbial (40b), adjunto adnominal (40c),
aposto (40d) e agente da passiva (40e).
(40) a) Cadastro sujeito a aprovação. Caso o cadastro não seja aceito pelo Banco
Alfa, deverá ser encaminhado para outras financeiras que praticam maiores taxas.
Financiamento praticado pelas lojas Hyundai CAOA. Plano de financiamento válido
para veículos nas cores preta e prata até 15/10/2012 ou até o término do estoque. (...). –
Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ANÚNCIO: propaganda da HYUNDAI, Caderno
Geral, p.05.
b) O país tem a quarta maior população carcerária do mundo. São mais de 500
mil presos, literalmente espremidos num complexo penal em que há um crônico déficit
de 200 mil vagas. - Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente
drama do sistema penitenciário, Caderno Geral, p.20
c) É imperativo assegurar recursos para políticas públicas que permitam a
todos os cuidados necessários, condições de realização do direito à vida. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público,
Caderno Geral, p.17.
d) É uma equação perversa: aplicados na prática, taxa de ocupação de 1,65 preso
por vaga (relação que na América do Sul, só é superada pela Bolívia, com 1,66). –
Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema
penitenciário, Caderno Geral, p.22
70
e) Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou
Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que
ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou o
país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do
STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.
A partir do controle da função sintática do antecedente, o trabalho desenvolve os
seguintes problemas:
Qual é a função sintática desempenhada pelo termo antecedente que mais
propicia a realização do processo de relativização?
Qual é a função sintática mais recorrente do termo antecedente das orações
relativas padrão, cortadoras e copiadoras?
A função sintática do termo antecedente é um fator linguístico relevante para a
variação das estratégias de relativização?
Partindo do trabalho de Tarallo (1983), o atual estudo lança a hipótese de que as
funções sintáticas atribuídas pelo predicador da oração – sujeito e complementos
verbais e nominais – favorecem o processo de relativização em todas as variantes do
fenômeno.
ii. Referencialidade do termo antecedente
Essa variável tem a finalidade de averiguar o grau de influência da
referencialidade do termo antecedente em relação ao comportamento variável do
fenômeno. Assim, serão averiguados se os traços semânticos [+humano] / [- humano] e
[+ específico] / [- específico] favorecem ou não a variação das estratégias de
relativização. Em (41a – d), serão apresentados exemplos de orações relativas em que o
termo antecedente possui os traços [+ humano]/[+específico] (41a), [+humano]/[-
específico] (41b), [- humano]/[+ específico] (41c) e [- humano]/[- específico] (41d).
(41) a) Para a maioria dos mulçumanos que fazem o Haj, a experiência é de uma
espiritualidade profunda, em que todo mundo, rico ou pobre, branco ou negro, jovem ou
velho, é igual aos olhos de Deus. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO
DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.
71
b) “Visitas da saúde” é expressão para súbitas melhoras em doentes terminais,
que depois vêm a óbito. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na
enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
c) Dessa vez, nosso destino será a Lapa, que desde os tempos de D. Pedro,
abrigou uma série de bares, restaurantes e casas noturnas. Uma tradição que
começou com a monarquia e se transformou no mais delicioso e democrático hábito do
povo. Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, ANÚNCIO: Propaganda de cervejaria,
Segundo caderno, p.09.
d) Até agora, não há notícia de algum partido que se disponha a avaliar,
publicamente e com severidade, as fichas de todos os cidadãos que ambicionam
mandatos. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos,
Caderno Geral, p.19.
Mollica (1977) verificou, em seus resultados, que os traços [- humano]/[+
específico] são mais recorrentes nos termos antecedentes, principalmente no caso das
orações relativas copiadoras. Desta maneira, investigaram-se os seguintes problemas:
Quais são os traços semânticos mais frequentes nos termos antecedentes?
A referencialidade do termo antecedente interfere na variação do fenômeno em
estudo?
O presente estudo lança a hipótese de que os traços mais recorrentes sejam
[- humano]/[+específico] e que essa variável não interfira na variação do fenômeno em
estudo.
iii. Distância entre o termo antecedente e o articulador da oração relativa
A variável permite que a pesquisa investigue se a distância entre o termo
antecedente e o articulador da oração relativa interfere na variação das estratégias de
relativização. Para que tal finalidade seja cumprida, a pesquisa determinou que a
distância observada seja entre o núcleo do termo antecedente e o articulador da oração
relativa. Além disso, estabeleceu-se uma escala que viabiliza nivelar o espaço entre o
termo antecedente e o articulador. Essa escala será mensurada pelo número de sílabas
existentes entre o termo antecedente e o articulador. A partir desse critério, a distância
será categorizada em quatro níveis, detalhados no Quadro 3 a seguir.
72
NÍVEL ZERO
NENHUMA distância entre o núcleo do termo antecedente e o
articulador da oração relativa
NÍVEL 01
POUCA distância entre o núcleo do termo antecedente e o
articulador da oração relativa: 01 ou 02 sílabas entre eles.
NÍVEL 02
INTERMEDIÁRIA distância entre o núcleo do termo antecedente
e o articulador da oração relativa: 03 ou 04 sílabas entre eles.
NÍVEL 03
TOTAL distância entre o núcleo do termo antecedente e o
articulador da oração relativa: 05 ou mais sílabas.
Quadro 3: Nível de distanciamento entre o termo antecedente e o articulador da oração
relativa
Em função dos fatores apresentados, o trabalho determina que todos os
sintagmas que estejam entre o núcleo do termo antecedente e a oração relativa terão as
suas sílabas contabilizadas para se definir o nível de distanciamento. Em (42a – d), há
exemplos de orações relativas de nível de distância zero (42a), um (42b), dois (42c) e
três (42d).
(42) a) Afinal é obrigação deles – ou deveria ser – examinar com severidade as fichas
dos cidadãos que apresentam como candidato. E é bom não esquecer que, aos olhos
do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada – ou deveria sê-lo –
exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram. – Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.
b) E nova cultura, fraterna, com antídotos contra o sectarismo e a apropriação
autoritária de expressões de fé que se querem únicas. No cruzadirmo medieval, oração
e coração, tão próximos na grafia e no nosso sentimento, ficavam apartados na
geografia e na história. Isso produziu genocídio, do qual não estamos livres. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público,
Caderno Geral, p.17.
c) O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao
qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson, tinha
pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser
perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem
ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal
O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José
Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio Caderno Geral, p.17.
d) Câmbio Manual de 6 velocidades. Mais esportividade, economia de
combustível e o controle do desempenho que só o câmbio Manual pode oferecer. –
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, ANÚNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno
Geral, p.05.
73
Também foram consideradas como sílabas as preposições que regem o
articulador da oração relativa, porque podem ser ou não realizadas próximas do
articulador e, tal fato determina qual variante irá formar a oração relativa. Só não serão
contabilizadas como sílabas as preposições que estiverem aglutinadas com o artigo que
forma o pronome relativo “o/a qual”, pois – ao se fundirem – passam a integrar uma
sílaba junto com o pronome relativo.
O controle dessa variável viabilizou investigar o seguinte problema: como o
fator “distância entre o termo antecedente e o articulador da oração relativa” interfere no
comportamento variável das estratégias de relativização? A hipótese proposta pelo
estudo sugere que, quanto mais distante for o termo antecedente da oração relativa,
maior será a possibilidade de essa oração ser construída pelas estratégias não padrão,
principalmente pela copiadora.
iv. Função sintática do articulador da oração relativa
Esta variável refere-se à função sintática desempenhada pelo articulador que
introduz a oração relativa. O articulador da oração relativa pode exercer todas as
funções sintáticas já exemplificadas na subseção anterior10
– i. Função sintática do
termo antecedente da oração relativa. Em (43a – f), apresentam-se exemplos de orações
relativas introduzidas por articuladores que desempenham função sintática de sujeito
(43a), objeto direto (43b), oblíqua (43c), complemento nominal (43d), adjunto adverbial
(43e) e adjunto adnominal (43f).
(43) a) Destacam-se pelo menos cinco novos sistemas de produção que serão ali
instalados até 2016, além de outros 6 previstos até 2020. - Jornal O GLOBO, DATA:
24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: A Petrobras na Bacia de Campos, Caderno Geral,
p.13.
b) As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas na
Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender que
as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para participar do
Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer pelo menos
uma vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams” ou guardiões
masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam junto; mas
foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. – Jornal O
10
Existem orações relativas com o articulador desempenhando função sintática de objeto indireto, predicativo do sujeito e de agente da passiva. Como, no corpus, não foram encontrados esses dados, essas funções não foram exemplificadas.
74
GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno
Geral, p.18.
c) Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria
que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo uma
inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma
gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:
conversa de velhos, Caderno Geral, p.23
d) Como ministro de Estado, atentou contra a democracia, ao tentar manietá-la,
talvez em consonância com ideias trazidas do paraíso caribenho dos irmãos Castro com
os quais sempre demonstrou afinidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
CARTA DO LEITOR: Marcello Ferraz Loureiro, Rio, Caderno Geral, p.15
e) Com apenas dois votos favoráveis ao ex-ministro, dos ministros Ricardo
Lewandowski, revisor do voto do relator, e Dias Tóffoli, o veredicto de Mello definiu o
destino de Dirceu nesta acusação, num processo em que também é acusado pela PGR
de formação de quadrilha, da qual era o chefe. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16
f) Os dois ex-dirigentes condenados deram notas escritas, cujo conteúdo tem
dois pontos contraditórios. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE
OPINIÃO: Ironia da História, Caderno Geral, p.16
A partir desta variável, o trabalho objetiva responder ao seguinte problema: A
função sintática do articulador é um fator linguístico relevante para a variação das
estratégias de relativização? Com base em resultados de trabalhos anteriores (cf.
MOLLICA, 1977, TARALLO, 1983, CORRÊA, 1998, VALE, 2014), a pesquisa
hipotetiza que esse fator é um dos mais importantes para compreender o comportamento
variável das estratégias de relativização.
v. Tipo de preposição que rege o articulador da oração relativa
A variável visa a verificar quais são as preposições exigidas recorrentemente
pelo predicador da oração relativa e qual a influência de cada preposição para o
comportamento da regra variável. Em (44a – d), há exemplos de orações relativas em
que seus articuladores são acompanhados pelas preposições “de” (44a), “em” (44b),
“para” (44c) e “a” (44d).
75
(44) a) No cruzadismo medieval, oração e coração, tão próximos na grafia e no nosso
sentimento, ficavam apartados na geografia e na história. Isso produzia genocídio, do
qual não estamos livres. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, CRONICA: Na
enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17
b) Temos um exemplo do grande nó em que a educação permanece atada. -
Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno
Geral, p.17
c) Foi feita, em Londres, pesquisa sobre a reação de pacientes, para os quais se
formaram correntes espirituais. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, CRONICA:
Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17
d) É nesse ponto que entram as máquinas às quais Illich se refere. - Jornal O
GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13
Durante a coleta de dados linguísticos, observou-se que as preposições mais
frequentes são “de”, “em”, “para”, “a”, “com” e “por” e tal constatação fez com que o
trabalho desenvolvesse os seguintes problemas:
a) Quais são as preposições que tendem a se manter quando a oração relativa é
formada pela estratégia padrão?
b) Quais preposições são apagadas nas orações relativas construídas pela
variante não padrão cortadora?
c) Quais preposições acompanham o pronome lembrete das orações relativas
formadas pela estratégia não padrão copiadora?
Em função desses problemas, a pesquisa fundamenta suas reflexões nos conceitos
propostos por Mioto et alii (2007) de preposição funcional e preposição lexical:
Se um constituinte tem a forma de PP11
e a função de argumento,
a preposição que o encabeça vai ser do tipo funcional: ela não
contribui para fixar o papel semântico do seu complemento. Se,
por outro lado, o constituinte tem a forma de PP e a função de
adjunto, a preposição que o encabeça vai ser do tipo lexical: o
11
PP significa “prepositional phrase” / sintagma preposicionado.
76
papel semântico do seu complemento é fixado por ela. (MIOTO et
alii, 2007, p.97)
Essas definições também fundamentam as hipóteses de que as preposições que
tendem a se conservar e, consequentemente, estruturam uma oração relativa padrão são
aquelas que possuem um conteúdo lexical, tais como “após”, “através de”, “com” e
“por” (cf. MIOTO et alii, 2007). Outra hipótese seria que as preposições que tendem a
ser apagadas e, portanto, dão origem a orações relativas não padrão cortadora e
copiadora são aquelas que apresentam um papel mais gramatical – preposições
funcionais – , tais como “de” e “em” (cf. MIOTO et alii, 2007).
vi. Tipo de articulador – pronome relativo e advérbio relativo
A variável objetiva averiguar os articuladores mais recorrentes para a construção
de uma oração relativa. Assim, foram verificados os pronomes relativos12
“que”, “o qual
(com suas flexões)”, “cujo (com suas flexões)” e o advérbio relativo13
“onde”. Em (45a
– d), são apresentados exemplos de orações relativas encetadas pelo articulador “que”
(45a), “o/a qual” (45b), “cujo” (45c) e “onde” (45d).
(45) a) Para Ayres Brito, o chamado núcleo político não tinha projeto de governo,
mas de poder: - Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista, um projeto
de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito, mas um
projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito mais de
continuidade administrativa. È continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse
conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos
quadros de dirigentes. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres
Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.
b) Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria
que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo uma
inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma
gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:
conversa de velhos, Caderno Geral, p.23.
12
Existem orações relativas introduzidas pelos pronomes relativos “quem” e “quanto”; contudo, não foram encontradas no corpus em análise. 13
Há orações relativas encetadas pelos advérbios relativos “quando” e “como”, mas também não foram encontradas no corpus em estudo.
77
c) O aviso deveria ser colocado em todas as máquinas cujos exames são
solicitados pelos médicos. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA:
Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13
d) A arrecadação de R$ 1 bilhão (que pode chegar a R$ 3 bilhões) para gastos
em campanha é um exagero em um país onde médicos são agredidos em hospitais
públicos por falta de recursos básicos, como gesso; escolas estão sem professores; e
falta saneamento básico. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, CARTA DE LEITOR:
José Antônio Domingues, Rio, Caderno Geral, p.19
Essa variável permitirá responder aos seguintes problemas:
Quais são ou qual é o(s) tipo(s) de articulador mais frequente entre as orações
relativas?
O tipo de articulador interfere na variação das estratégias de relativização?
A presente pesquisa hipotetiza que o articulador mais frequente seja o pronome
relativo “que”, sendo seguido pelo articulador “onde”. Supõe, ainda, que haja bastante
ocorrências do articulador “cujo” devido ao fato de os gêneros textuais pertencerem a
um corpus jornalístico. Sendo assim, esta variável constituiria um grupo de fatores
relevante para a variação do fenômeno.
vii. Tipo de verbo na oração relativa
A variável propicia verificar se a transitividade do verbo da oração relativa
interfere na variação do fenômeno linguístico. Assim, o estudo observou os verbos14
“intransitivo” (46a), “inacusativo” (46b), “transitivo direto” (46c), “transitivo relativo”
(46d), “bitransitivo”(46e), “verbo suporte” (46f) e “verbo de ligação” (46g).
(46) a) (...) o “Brasil, florão da América”, devidamente perfilados diante do “lábaro
estrelado”, iluminados pelos “raios fúlgidos” do patriotismo e protegidos pelo “formoso
céu risonho e límpido”, onde “a imagem do Cruzeiro resplandece”. E sem “o heróico
brado”. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: O hino era outro, Caderno
Geral, p.23
b) Dezenas de milhares de pessoas foram para as ruas de Paris domingo, nas
primeiras manifestações contra o governo Hollande, cuja popularidade caiu a seu
14
Existem orações relativas formadas por verbos transitivos indiretos; entretanto, não foram encontrados no corpus, nem foram exemplificados no presente estudo.
78
nível mais baixo – 43%.– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, EDITORIAL: Hollande
cai na real em choque de austeridade, Caderno Geral, p.22
c) A vida havia passado dentro e fora de cada um deles, cujos destinos se
ligavam pelo interesses na velha disciplina do entendimento humano pelo humano. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: conversa de velhos, Caderno Geral,
p.23
d) O país ficou mais leve, pois, finalmente, o STF entrou em sintonia com a
opinião pública, que já desconfiava do Judiciário, considerando a atual constituição
de sua cúpula um mero aparelho do Executivo. – Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Dirceu Luis, Natal, Rio,
Caderno Geral, p.15
e) Muito a propósito, vale a pena registrar que os partidos políticos
aparentemente – um advérbio caridoso – não deram grande importância à limpeza das
fichas dos candidatos que nos oferecem. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.
f) Garantimos a quantidade mínima de 05 unidades/kg de cada produto por loja
em que ele esteja disponível. (...).– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO:
propaganda da EXTRA, Caderno Geral, p.13
g) Raul Pont, ex-deputado do PT gaúcho, que era um crítico ácido da
estratégia de tudo ou nada para as alianças, diz que Dirceu executava uma política
endossada pelo então presidente Lula. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
Foram estabelecidos os seguintes problemas:
Quais dos verbos são mais recorrentes na construção das orações relativas
padrão e as não padrão cortadora e copiadora?
Esse fator linguístico influencia na variação das estratégias de relativização na
escrita culta do PB?
Com base na observação preliminar dos dados, o estudo lança a hipótese de que
o verbo mais recorrente nas construções relativas seja o transitivo direto. Quanto às
estratégias de relativização, supõe que a transitividade do verbo não interfira na
variação do fenômeno.
79
viii. Gênero Textual
Essa variável visa a verificar se os diversos gêneros textuais pesquisados no
corpus escrito (“editorial”, “artigo de opinião”, “crônica jornalística”, “notícia de
jornal”, “carta de leitor” e “anúncio de jornal”) interferem no comportamento das
estratégias de relativização. Em (47a – f), há exemplos de orações relativas retiradas de
editoriais (47a), artigos de opinião (47b), crônicas (47c), notícia (47d), cartas de leitor
(47e) e anúncio (47f).
(47) a) São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos, um
dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas distorções
que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O GLOBO,
DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno
Geral, p.22.
b) De outro, desqualificam essa democracia ao dizer que a decisão do Supremo
Tribunal Federal, poder central no regime democrático, foi um julgamento de exceção e
de ódio ao PT promovido por elites reacionárias que dominam a imprensa e a justiça.
- Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Ironia da História,
Caderno Geral, p.16.
c) Muito a propósito, vale a pena registrar que os partidos políticos
aparentemente – um advérbio caridoso – não deram grande importância à limpeza das
fichas dos candidatos que nos oferecem. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.
d) – Essa política permitiu que Lula fosse reeleito em 2006 e Dilma, eleita em
2010. Mas, o preço que se paga é muito alto. O Zé Dirceu foi uma das vítimas disso, de
fazer alianças com partidos contraditórios que só se movem por compensações
financeiras, cargos e ministérios – diz Pont. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
e) O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao
qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson,
tinha pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser
perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem
ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal O
GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José
Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio, Caderno Geral, p.17.
f) Seu falecimento repentino deixa uma sensação de perda naqueles que a
conheceram e foram cativados pelo seu sorriso, paixão pelo trabalho, raciocínio
rápido e carisma. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do
Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20.
80
Assim, o trabalho em curso lança os seguintes problemas:
O gênero textual interfere na variação do fenômeno em estudo?
Caso interfira, de que forma esta interferência opera no comportamento das
estratégias de relativização?
A fim de responder a esses problemas, o presente trabalho volta-se para as
propriedades estilísticas e linguísticas dos gêneros textuais em análise. Dentre essas
propriedades, podem-se destacar o grau de monitoramento/formalidade e os tipos de
estruturas sintáticas que constituem tais gêneros textuais (cf. MARCUSCHI, 1996;
PAREDES SILVA, 1997; BONINI, 2001, 2003). Essas propriedades são interessantes,
pois os gêneros textuais, de uma forma ampla, constituem
(...) estruturas discursivas (...), modos de organização de
informação, que representariam as potencialidades da língua, as
rotinas retóricas ou formas convencionais que o falante tem à sua
disposição na língua quando quer organizar o discurso.
(MARCUSCHI,1996 apud BONINI, 2001, p. 08)
(...) produtos culturais, sociais e históricos, que passam a existir a
partir de determinadas práticas sociais. (PAREDES SILVA,
1997apud in BONINI, 2001, p. 08)
Deste modo, os gêneros textuais concretizam as experiências socioculturais e
históricas de um indivíduo (ou de uma Instituição) através de seus constituintes
linguísticos/textuais. Por isso, é possível afirmar que características linguísticas podem
ser relacionadas a propriedades estilísticas do gênero textual, a fim de caracterizá-lo,
como propõe Bakhtin (1992, [1953]):
Existem tipos de orações que costumam funcionar como
enunciados completos e pertencem a um gênero determinado. É o
caso das orações interrogativas, exclamativas e exortativas.
Existem muitíssimos gêneros referentes à vida cotidiana ou a
funções (por exemplo, os comandos e as ordens na vida militar ou
81
na vida profissional) que, via de regra, são expressos por uma
oração do tipo apropriado. (...) Por ora, o que importa é assinalar
que as orações desse tipo aderem estreitamente à expressividade
do gênero que lhes é próprio e que absorvem, com grande
facilidade, a expressividade individual. (BAKHTIN, 1992[1953]
apud BONINI, 2001, p. 12)
Tendo em vista as palavras de Bakhtin (1992, [1953]) e as observações
empíricas feitas acerca das estruturas sintáticas que constroem os gêneros textuais,
propõe-se que o grau de monitoramento/formalidade dos gêneros textuais jornalísticos
do Jornal O Globo pode ser averiguado a partir do número de estruturas sintaticamente
elaboradas presentes nos respectivos gêneros. Assim, o estudo lança a hipótese de que,
quanto maior o número de estruturas sintáticas elaboradas (que, no caso, são as orações
relativas preposicionadas padrão, como demonstram os estudos revistos nesta
dissertação), maior seria o grau de monitoramento/formalidade do gênero textual. Sendo
assim, propõe-se que a quantidade de orações relativas preposicionadas padrão será o
critério determinador para se observar o grau de monitoramento/formalidade dos
gêneros textuais.
Assim, na seção 3.3., será exposta a escala dos gêneros textuais em relação ao
número de orações relativas preposicionadas padrão e, com isso, se desenvolverá o
debate acerca da relevância dessa variável em relação ao comportamento do fenômeno
em estudo. Após a descrição das variáveis independentes, o trabalho apresenta, no
capítulo a seguir, uma análise crítica dos resultados da pesquisa.
82
3. RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capítulo, são apresentados os resultados da análise do corpus jornalístico
de O Globo em relação ao comportamento linguístico das estratégias de relativização na
escrita culta do PB. Na primeira seção, serão apresentados os resultados gerais acerca
do corpus em estudo; na seção 3.2, serão abordados os resultados relativos aos dados do
grupo das construções relativas não preposicionadas; e, na seção 3.3, serão expostos os
resultados dos dados do grupo das construções relativas preposicionadas.
Na seção 3.4, serão comparados os resultados gerais de outros trabalhos sobre o
tema aos obtidos na presente investigação e os resultados obtidos para a fala em
oposição à escrita. Consideram-se exclusivamente resultados de trabalhos que analisam
a modalidade oral (na subseção 3.4.1) e escrita (na subseção 3.4.2) da variedade culta do
PB.
Por fim, a seção 3.5 ocupa-se da análise crítica acerca dos juízos de valor dos
jornalistas e revisores do jornal O Globo sobre as estratégias de relativização através das
correções propostas na coluna “Autocrítica”.
3.1. Análise geral do corpus do Jornal O Globo
O corpus do Jornal O Globo forneceu um total de 253 dados de orações
relativas, sendo 151 de orações não preposicionadas – que são introduzidas por
articuladores desempenhando função sintática de sujeito e objeto direto – e 102 de
orações preposicionadas – que são encetadas por articuladores que desempenham
função sintática oblíqua.
Nº TOTAL DE ORAÇÕES RELATIVAS
DADOS %
NÃO PREPOSICIONADAS 151 59.5%
PREPOSICIONADAS 102 40.5%
TOTAL 253 100%
Tabela 5. Total de orações relativas coletadas nos textos do Jornal O Globo
É interessante ressaltar que 59.5% dos dados formam o grupo das não
preposicionadas contra 40.5% dos dados que constituem o grupo das preposicionadas,
ou seja, há uma maior produtividade das sentenças relativas articuladas por pronomes
83
relativos que desempenham função sintática de sujeito e objeto direto, do que sentenças
relativas articuladas por pronomes relativos que desempenham função sintática oblíqua
nuclear/argumental e não nuclear/adjunta.
Tarallo (1983), em seus estudos para justificar essa grande produtividade de
orações não preposicionadas, propôs o conceito de Hierarquia de acessibilidade dos
sintagmas nominais (SN) (cf. CORRÊA, 1998; CASTILHO, 2010). Segundo esse
conceito, o pesquisador explica que há uma maior facilidade de relativizar um SN que
desempenha funções sintáticas mais altas – funções sintáticas de sujeito e objeto direto,
por exemplo – do que um SN que exerce funções sintáticas mais baixas e,
consequentemente, mais complexas para sofrer o processo de relativização.
Desse modo, a hierarquia de acessibilidade dos SNs é um argumento plausível
para justificar o grande número de orações relativas não preposicionadas. Abreu (2013),
em sua pesquisa para compreender a aquisição das estratégias de relativização pelos
falantes brasileiros, corrobora o conceito proposto por Tarallo (1983). Em dados de fala
controlada de 23 crianças entre 01 ano e 11 meses até 05 anos e 01 mês de idade, Abreu
(2013) identificou um total de 20 construções relativas dentre as quais 07 eram
articuladas por pronomes relativos que desempenhavam função sintática de sujeito, e 04
apresentavam o articulador exercendo função sintática de objeto direto.
As demais orações relativas eram articuladas por pronomes relativos que
desempenhavam funções sintáticas oblíquas – 02/20 com função de objeto indireto e
07/20 com função sintática de adjunto adverbial – e foram produzidas por crianças mais
velhas – entre 04 anos e 01 mês a 05 anos e 01 mês. Partindo desses resultados, Abreu
(2013) constata que o processo de aquisição das estratégias de relativização ocorre
primeiramente pelas orações relativas mais acessíveis sintaticamente – funções
sintáticas de sujeito e de objeto direto – e, posteriormente, com a convivência e
experiência cotidiana com a língua, os falantes vão adquirindo as construções sintáticas
mais complexas – funções oblíquas.
A pesquisa de Abreu (2013) ratifica, portanto, o conceito da hierarquia de
acessibilidade dos SNs proposta por Tarallo (1983), uma vez que demonstra que o
processo de aquisição das estratégias de relativização se inicia com as funções sintáticas
mais simples e com o passar do tempo, vivenciando a língua, vão-se adquirindo as
construções relativas mais complexas. Estes são dois bons argumentos para justificar o
grande número de dados de orações relativas não preposicionadas na presente pesquisa.
84
Tendo um olhar mais detalhado sobre os dados da presente investigação,
verificou-se que, de todas as ocorrências coletadas, só foram registradas as variantes
padrão e não padrão cortadora, não havendo, dessa forma, ocorrência da variante não
padrão copiadora. Devido a esse resultado geral, o estudo desenvolve, a partir dos dados
percentuais adquiridos pelas rodadas do programa GoldVarb X, o mapeamento
qualitativo das estruturas que caracterizam os padrões de relativização da escrita culta
brasileira.
Em relação ao grupo das não preposicionadas, como todos os 151 dados são da
variante padrão (cf. Tabela 06) – o que aponta que a regra das estratégias de
relativização no grupo das não preposicionadas constitui uma regra categórica, de
acordo com a proposta de Labov (2003) –, a pesquisa passou a privilegiar a
caracterização das construções encontradas no corpus quanto aos fatores controlados
nas variáveis independentes.
GRUPO DE ORAÇÕES RELATIVAS NÃO PREPOSICIONADAS
DADOS %
O. R. PADRÃO 151 100%
O. R. COPIADORA - -
TOTAL 151 100%
Tabela 6. Total de orações relativas não preposicionadas x variantes linguísticas.
A partir desse resultado geral, juntamente com a necessidade de se desenvolver
um satisfatório trabalho qualitativo, observou-se o comportamento da variável “função
sintática do articulador”. O comportamento desse grupo de fatores foi devidamente
observado, em um tratamento qualitativo, de modo a fundamentar a divisão entre o
conjunto dos 253 dados de construções relativas: 151 dados de orações relativas com
articulador exercendo função sintática de sujeito e objeto direto (grupo das não
preposicionadas) e 102 dados de orações relativas com o articulador exercendo função
sintática oblíqua (grupo das preposicionadas).
Assim, o trabalho analisa o grupo das não preposicionadas também em relação à
função sintática do articulador da construção relativa, se sujeito ou objeto direto15
. No
corpus, como se apresenta na tabela abaixo, ocorreram 137 dados de orações relativas
15
Para o controle sistemático dessa diferença, contou-se com a estratégia de indicar, no GOLDVARB-X, a variável função do articulador como suposta variável dependente, a fim de obter os índices separadamente.
85
padrão com função de sujeito e 14 dados de orações relativas padrão com função
sintática de objeto direto – vide Tabela 07.
FUNÇÃO SINTÁTICA
DO ARTICULADOR
O. R. PADRÃO
DADOS %
SUJEITO 137 90.8%
OBJETO DIRETO 14 9.2%
TOTAL 151 100%
Tabela 7. Total de orações relativas não preposicionadas x função sintática do
articulador
A Tabela 07 evidencia que 90.8% dos dados são articulados por pronomes
relativos que desempenham a função de sujeito e apenas 9.2% dos dados são articulados
por pronomes relativos que exercem a função sintática do objeto direto. A análise mais
detalhada desses dados será realizada na seção 3.2. Em (48a – b), são expostos
exemplos de orações não preposicionadas de sujeito – (48a) – e de objeto direto – (48b).
(48) a) Embora a decisão dos ministros não tenha efeito vinculante, não sendo
obrigatório segui-la em processos que discutam questões idênticas, juízes e membros
do Ministério Público acreditam que a justiça terá mais segurança em condenações
baseadas em provas indiciárias. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA:
juízes ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.
b) Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou
Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que
ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou o
país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do
STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.
Quanto ao grupo das preposicionadas, a análise inicial identificou 97 dados de
orações relativas padrão, 05 dados de orações relativas não padrão cortadora e nenhuma
ocorrência da variante não padrão copiadora. A Tabela 08 mostra os dados e os
percentuais adquiridos pelo programa Goldvarb X.
GRUPO DE ORAÇÕES RELATIVAS PREPOSICIONADAS
DADOS %
O. R. PADRÃO 97 95.1%
O. R. CORTADORA 05 4.9%
TOTAL 102 100%
Tabela 8. Distribuição das orações relativas preposicionadas pelas estratégias de
relativização.
86
Pode-se observar que 95.1% dos dados são formados pela variante padrão e
4.9% dos dados são formados pela variante não padrão cortadora. Este resultado
também faz com que a análise prevista para observar comportamento da regra variável
das estratégias de relativização se modifique, pois, embora se previsse analisar três
variantes na variável dependente – variante padrão e as não padrão cortadora e
copiadora –, apenas duas – variante padrão e a não padrão cortadora – foram
encontradas. Assim, a suposta regra variável passou de ternária para binária, de acordo
com os moldes labovianos (1972).
Ainda em relação aos percentuais exibidos na Tabela 08, pode-se considerar que
as estratégias de relativização no grupo das preposicionadas da escrita culta jornalística
do PB constituem uma regra de natureza semicategórica, segundo Labov (2003). Esta
constatação é possível primeiramente por motivos de ordem quantitativa, porque os
percentuais estão entre 95% e 99% de variação e, segundo Labov (2003), esse
enquadramento percentual demonstraria que não se verifica efetivamente uma situação
de variação linguística. Haveria basicamente uma variante em uso e a violação à regra
seria rara, de modo que ocorreria em construções qualitativamente específicas e, quando
se verificasse em construções gerais, seria facilmente identificada pelos falantes. O
tratamento da regra encontrada como semicategórica será mais trabalhado na seção 3.3,
em que será exposta uma análise qualitativa das ocorrências com base nos resultados
adquiridos para as variáveis independentes propostas no presente estudo.
Em (49a – e), há exemplos de orações relativas do grupo das preposicionadas.
Em (49a), há uma oração relativa padrão articulada por um pronome relativo que
desempenha função sintática de complemento nominal. Em (49b), apresenta-se uma
oração relativa padrão articulada por um pronome relativo que desempenha função
sintática de complemento circunstancial. Em (49c), há uma oração relativa padrão
articulada por um pronome relativo que desempenha função sintática de complemento
oblíquo. Em (49d - e), apresentam-se, respectivamente, uma oração relativa padrão
articulada por um pronome relativo que desempenha função sintática de adjunto
adnominal e adjunto adverbial.
(49) a) Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e crescente
capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte do Estado. A
integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos têm acesso,
é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O GLOBO,
DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno Geral, p.22.
87
b) Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde
passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos
restaurantes mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde
raramente se distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e
Paris, onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência
ele tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;
formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19.
c) O problema é que a mudança reintroduz, pela porta dos fundos, a famigerada
tributação cumulativa sobre faturamento, uma deformidade fiscal desnecessária da
qual o país havia praticamente se livrado, graças ao louvável esforço de reforma
tributária do primeiro governo do presidente Lula. - Jornal O GLOBO, DATA:
28/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Improvisação e imediatismo, Caderno Geral, p.22.
d) Eu era imensamente rico, morava num castelo, mas dava poucos presentes. –
Mas eu lembro – disse o velho do tersol – do seu desespero no avião cujo trem de
aterragem não descia . - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: conversa de
velhos, Caderno Geral, p.23.
e) Decido apropriar-me da zona franca da Divina Comédia e imagino traduzir a
cena política do Brasil, segundo as lentes de um Dante redivivo, mantendo a vigilância
ética, incômoda, inarredável, com que definiu os crimes deste mundo e as penas do
outro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: Dante e a Justiça, Caderno
Geral, p.23.
Na seção a seguir, serão detalhados os resultados do grupo das não
preposicionadas do corpus extraído do Jornal O Globo.
3.2. Comportamento das orações não preposicionadas do corpus jornalístico
Esta seção apresentará de forma mais detalhada o tratamento qualitativo dos
dados do grupo das não preposicionadas, todas do tipo padrão, em relação aos
percentuais dos grupos de fatores controlados, evidenciando também os dois tipos de
construções quanto ao articulador, se sujeito ou objeto direto. Embora se esteja diante
de um caso de regra categórica, os resultados detalhados a seguir permitem traçar o
perfil das construções relativas não preposicionadas quanto às suas características
prototípicas.
O primeiro grupo de fatores controlado é a “função sintática do termo
antecedente”. Esse grupo permite observar quais funções sintáticas de um SN,
atribuídas pelo predicador da oração principal, são mais frequentes, quando assumem o
88
papel de termo antecedente de uma oração relativa. A Tabela 09 evidencia os
percentuais dessa propriedade sintática.
FUNÇÃO
SINTÁTICA DO
TERMO
ANTECEDENTE
O. R. NÃO PREPOSICIONADAS - PADRÃO
SUJ. % OD % TOTAL %
Sujeito 28 93.3% 02 6.7% 30 19.9%
Objeto Direto 22 100% - - 22 14.6%
Pred. Do Suj. 08 88.9% 01 11.1% 09 6.0%
Objeto Indireto 01 100% - - 01 0.6%
F.Oblíqua (CR e CC) 07 87.5% 01 12.5% 08 5.3%
Comp. Nominal 35 92.1% 03 7.9% 38 25.2%
Aposto 03 100% - - 03 2%
Adj. Adnominal 17 89.5% 02 10.5% 19 12.6%
Adjunto Adverbial 10 83.3% 02 16.7% 12 7.9%
Agente da Passiva 02 50% 02 50% 04 2.6%
Expr. Nominal 04 80% 01 20% 05 3.3%
TOTAL 137 90.7 % 14 9.3% 151 100%
Tabela 9. Oração Relativa Não Preposicionadas x Função Sintática do Termo
antecedente
Em termos gerais, as funções sintáticas do termo antecedente mais produtivas no
processo de relativização são o complemento nominal (38/150 – 25.2%), o sujeito
(30/150 – 19.9%) e o objeto direto (22/150 – 14.6%). Os exemplos (50a – c) ilustram a
descrição feita, já que (50a) é uma oração relativa que possui um termo antecedente
desempenhando função sintática de complemento nominal, (50b) é uma oração relativa
que possui um termo antecedente exercendo a função de sujeito e (50c) é uma oração
relativa que possui um termo antecedente desempenhando função sintática de objeto
direto (considerados, aqui, os predicadores verbais de período anterior).
(50) a) A venda de meia-entrada é pessoal e intransferível e está condicionada a
apresentação dos documentos que comprovem esta condição na entrada do
espetáculo. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda de um
show no VIVO Rio, Segundo caderno, p.08
b) Os produtos anunciados que são beneficiados pela lei de informática são os
que têm valor de até R$4.000,00. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,
ANÚNCIO: propaganda da HP impressora, Caderno Geral, p.21
89
c) Depois dessas decisões do Supremo, os juízes, promotores, advogados e
policiais brasileiros têm o incentivo para cada um, dentro de sua função, apurar,
investigar, processar e julgar os atos ilegais. Qualquer ilegalidade. E principalmente os
crimes contra o poder público, que atingem toda a sociedade. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Incentivo para quem investiga, Caderno
Geral, p.04.
Quanto à distribuição dos dados considerando a função do pronome relativo, dos
38 dados de complemento nominal, 35 (92.1%) são construções relativas de sujeito e 03
(7.9%) constituem construções relativas de objeto direto. Dos 30 dados de SN
antecedente sujeito, 28 (93.3%) são ocorrências de orações relativas de sujeito e 02
(6.7%) de objeto direto. Dos 22 dados de SN antecedente objeto direto, todos são
ocorrências de relativas de sujeito (100%). (51a - b) são exemplos de termos
antecedentes com função de complemento nominal sendo modificados por orações
relativas de sujeito (51a) e de objeto direto (51b).
(51) a) E nova cultura, fraterna, com antídotos contra o sectarismo e a apropriação
autoritária de expressões de fé que se querem únicas. No cruzadismo medieval, oração
e coração, tão próximos na grafia e no nosso sentimento, ficavam apartados na
geografia e na história. Isso produziu genocídio, do qual não estamos livres. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público,
Caderno Geral, p.17.
b) Na enfermaria, quanto mais encontrava gente abandonada, naquela solidão
limite, mais dava graças pelas tantas preces, axés e energias positivas que recebi. –
Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital
público, Caderno Geral, p.17.
(52a – b) são exemplos de termos antecedentes com função de sujeito sendo
modificados por orações relativas de sujeito (52a) e de objeto direto (52b).
(52) a) Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídios,
cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados
presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as
condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O GLOBO,
DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno
Geral, p.22.
b) Hélio Pellegrino (1924/1988), psicanalista, ensina: “O preço da graça que
recebemos é nos mantermos fiéis a ela, é nos tornarmos os porta-vozes dela. A graça
quer acender ao mundo através da nossa boca que fala”. – Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
90
(53) é um exemplo de termo antecedente com função de objeto direto sendo
modificado por uma oração relativa de sujeito.
(53) Mas o destino nos reservou uma triste surpresa, levando embora uma
companheira de trabalho que sempre se preocupou com o bem-estar de todos. –
Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da Consulado Geral da
Cônsul, Caderno Geral, p.20.
Voltando aos dados gerais da propriedade sintática em análise, a função
sintática do termo antecedente de adjunto adnominal – 19/151 dados (12,6%) – é a
quarta função mais frequente nas construções relativas. Esta função é seguida por
adjunto adverbial – 12/151 (7.9%) –, predicativo do sujeito – 09/151 (6%) – e pelas
funções oblíquas – 08/151 (5.3%). Em (54a – b), apresentam-se exemplos de termos
antecedentes com função de adjunto adnominal (54a) e de adjunto adverbial (54b).
(54) a) Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de
planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que
prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. Em comum,
nenhuma delas supre as demandas de passageiros. Ao contrário, houve até regressões –
caos dos trens, que, na década de 80, chegaram a transportar 1 milhão de
passageiros/dia. Faltam o essencial (a integração reclamada por especialistas), os meios
(programas de otimização dos serviços) e vontade política de mudar uma realidade
danosa para quem depende desses meios. Inclusive para se criar uma governança que
unifique a prestação dos serviços de ônibus, BRTs, trens, metrô e barcas, fundamental
para um sistema em que parte é controlada pelo estado e outra pelo município. - Jornal
O GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo
prefeito, Caderno Geral, p.22.
b) À medida que prosseguia nas respostas às perguntas da magistrada que o
interrogava, ele (Dirceu) foi deixando claro que era de fato o primeiro-ministro do
governo. Tudo passava pelas mãos dele. Ele foi coordenador da campanha, foi o
comandante da transição. No governo que se instaura, ele foi o chefe da Casa Civil,
mas era plenipotenciário. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres
Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.
Seguindo a análise dos dados expostos da Tabela 08 sobre a função sintática do
termo antecedente, dos 19 dados de adjunto adnominal, 17 (89.5%) são de sujeito e 02
(10.5%) são de objeto direto. Dos 12 dados de adjunto adverbial, 10 (83.3%) são de
sujeito e 02 (16.7%) de objeto direto. Dos 09 dados de predicativo do sujeito, 08
91
(88.9%) são de sujeito e 01 (11.1%) de objeto direto. Dos 08 dados de função oblíqua,
07 (87.5%) são de sujeito e 01 (12.5%) é de objeto direto.
Em (55a – b), são apresentados exemplos de termo antecedente com função
sintática de adjunto adnominal sendo modificado por orações relativas de sujeito (55a) e
de objeto direto (55b).
(55) a) O TSE quer saber o motivo do número elevado de abstenções, votos em
branco e nulos. Quanta ingenuidade dos políticos que nos são impostos, mensalões,
impunidade e obrigatoriedade do voto. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012,
CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Alberto Vanny, Vila Velha - ES, Caderno Geral,
p.17.
b) Afinal é obrigação deles – ou deveria ser – examinar com severidade as fichas
dos cidadãos que apresentam como candidato. E é bom não esquecer que, aos olhos
do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada – ou deveria sê-lo –
exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram. – Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.
Em (56a – b), são apresentados exemplos de termo antecedente com função
sintática de adjunto adverbial sendo modificado por orações relativas de sujeito (56a) e
de objeto direto (56b).
(56) a) Coração é órgão de grande simbolismo, sempre identificado com amor e
paixão, que dão sentido ao existir. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
b) O sistema funciona a partir de um chip, que os motoristas serão obrigados a
instalar em seus veículos – inicialmente a partir de janeiro. - Jornal O GLOBO,
DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a
privacidade, Caderno Geral, p.16.
Em (57a – b), são apresentados exemplos de termo antecedente com função
sintática de predicativo do sujeito sendo modificado por orações relativas de sujeito
(57a) e de objeto direto (57b).
(57) a) A tipificação do crime de formação de milícias era medida que se impunha já
há algum tempo. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as
milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24.
b) O fato é que o Haj é uma façanha logística gigantesca que os sauditas têm
que produzir todo ano para os três milhões de fiéis que descem sobre Meca e os
92
lugares sagrados de Mina e Arafat por cinco dias. Nessa planície de poucos
quilômetros os anfitriões têm que assegurar a segurança dos peregrinos que vão a pé de
um lugar para outro. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO:
Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.
Em (58a – b), são apresentados exemplos de termo antecedente com função
sintática oblíqua sendo modificado por orações relativas de sujeito (58a) e de objeto
direto (58b).
(58) a) Venha participar de um encontro que irá apresentar e debater o filme Steve
Jobs: a entrevista perdida, do diretor Robert Cringely. – Jornal O GLOBO, DATA:
02/10/12, ANÚNCIO: propaganda sobre festival do Rio, Segundo Caderno, p.08
b) As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas na
Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender que
as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para participar do
Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer pelo menos
uma vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams” ou guardiões
masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam junto; mas
foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. – Jornal O
GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno
Geral, p.18.
As funções sintáticas de agente da passiva – 04/151 dados (2.6%) –, aposto –
03/151 dados (2%) – e objeto indireto – 01/151 (0.7%) são as menos registradas para
que um SN se torne um termo antecedente de uma oração relativa. Os percentuais
corroboram o fato de que tais funções sintáticas são pouco produtivas na língua
portuguesa, pois a estrutura passiva está cada vez mais em desuso principalmente na
variedade do português brasileiro (cf. CAVALCANTE, 1999; 2002). Dos 04 dados de
agente da passiva, 02 (50%) são de sujeito e 02 de objeto direto. Em (59a – b), são
apresentados exemplos de termo antecedente com função sintática de agente da passiva
sendo modificado por orações relativas de sujeito (59a) e de objeto direto (59b).
(59) a) Aqui no Brasil, muçulmanas estão sendo discriminadas em alguns estados
pelas autoridades que não deixam elas usarem o véu quando tiram fotos para
documentos, especialmente para carteira de habilitação. – Jornal O GLOBO,
DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral,
p.18.
b) Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou
Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que
93
ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou
o país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação
do STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.
A função de aposto, por ser uma função sintática que tem o papel de acrescentar
uma informação ao SN, apresentou baixo índice de produtividade para a construção de
orações relativas. A função sintática de objeto indireto é também pouco produzida, já
que há poucos predicadores verbais que exijam um SP dativo. Todos os 03 dados de
aposto e o único dado de objeto indireto são formados por orações relativas de sujeito.
Em (60a – c), são apresentados exemplos de termos antecedentes com função sintática
de aposto sendo modificado por orações relativas de sujeito (60a - b) e o único termo
antecedente com função sintática de objeto indireto sendo modificado por orações
relativas de sujeito (60c).
(60) a) É uma equação perversa: aplicados na prática, taxa de ocupação de 1,65 preso
por vaga (relação que na América do Sul, só é superada pela Bolívia, com 1,66). –
Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema
penitenciário, Caderno Geral, p.22.
b) A publicação americana ainda classifica o mensalão como “provavelmente o
maior escândalo de corrupção do Brasil” e chega a compará-lo com Watergate, caso
que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon em 1974. Segundo a
matéria, o caso teria “o mesmo alcance e importância” para os brasileiros que o
Watergate teve nos Estados Unidos, ao submeter “um chefe do governo a intenso
escrutínio, no caso um dos principais confidentes de Lula, José Dirceu”. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Condenação de Dirceu é notícia no mundo,
Caderno Geral, p.09.
c) Todos os eleitores sabem que pagamos um preço alto demais para nossos
representantes, que tratam principalmente dos próprios interesses. Não há uma
maneira de corrigir esta verdadeira afronta, que envolve até pleno ressarcimento de
despesas médicas nos melhores hospitais, extensivos a familiares. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições, Aloysio Martins Guerra, Rio,
Caderno Geral, p.15.
Ocorreram 05/151 casos (3,3%) em que o termo antecedente é uma expressão
nominal sem vínculo sintático explícito com um predicador específico, em que 04 casos
(80%) são modificados por orações relativas de sujeito (61a – b) e 01 caso (20%) por
oração relativa de objeto direto (61c). Todas as ocorrências foram identificadas no
gênero textual anúncio, que costuma se valer desse tipo específico de frase, a chamada
frase nominal.
94
(61) a) Dois campeões que nunca vão se enfrentar. Que sorte Anderson. Jornal O
GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da RENAULT, Caderno Geral,
p.09.
b) O delegado que acabou com o sequestro no Rio. – Jornal O GLOBO,
DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda eleitoral, Caderno Geral, p.14.
c) Câmbio Manual de 6 velocidades. Mais esportividade, economia de
combustível e o controle do desempenho que só o câmbio Manual pode oferecer. –
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, ANÚNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno
Geral, p.05.
A perspectiva semântica também foi averiguada em relação ao termo
antecedente por meio da variável independente “referencialidade do termo antecedente”.
Com já mencionado, esta variável permite observar a relação entre os traços semânticos
animacidade – traços [+ humano] / [- humano] – e especificidade – traços [+ específico]
/ [- específico] – do SN da oração principal e a presença de um termo antecedente de
uma oração relativa. A Tabela 10 irá expor a distribuição percentual dos dados em
análise.
REFERENCIALIDADE
DO TERMO
ANTECEDENTE
FUNÇÃO
SINTÁTICA DE
SUJEITO
FUNÇÃO
SINTÁTICA DE
OBJETO DIRETO
TOTAL
Dados % Dados % D. %
[+ hum.] / [+ esp.] 37 94.9% 02 5.1% 39 25.8%
[+ hum.] / [- esp.] 17 89.5% 02 10.5% 19 12.6%
[- hum.] / [+ esp.] 52 86.7% 08 13.3% 60 39.7%
[- hum.] / [- esp.] 31 94.9% 02 6.1% 33 21.9%
TOTAL 137 90.7% 14 9.3% 151 100%
Tabela 10. Total de orações relativas não preposicionadas x Referencialidade do
Termo antecedente.
Sendo assim, os dados gerais evidenciam que 60 (39.7%) dos 151 dados de
orações relativas não preposicionadas possuem o termo antecedente [-humano]/[+
específico], 39/151 casos (25.8%) com o termo antecedente [+humano]/[+específico],
33/151 casos (21.9%) com termo antecedente [-humano]/[-específico] e 19/151 casos
(12.6%) com o termo antecedente [+humano]/[-específico].
O feixe de traços semânticos [-humano]/[+ específico] constitui o contexto mais
produtivo (39,7%) na configuração semântica do SN antecedente (62a). Em
95
contraposição, o feixe de traços semânticos [+humano]/[-específico] – com 12.6% – é o
menos produtivo no processo de relativização de um SN (62b).
(62) a) São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos, um
dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas distorções
que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O GLOBO,
DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno
Geral, p.22.
b) Seu falecimento repentino deixa uma sensação de perda naqueles que a
conheceram e foram cativados pelo seu sorriso, paixão pelo trabalho, raciocínio
rápido e carisma. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da
Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20.
Comparando individualmente cada traço – [+/- humano] e [+/- específico] –
pode-se constatar que o traço [- humano] ocorre com mais frequência – 39,7% no feixe
[-humano]/[+específico] e 21.9% no feixe [-humano]/[-específico] – do que o [+
humano] – 25.8% no feixe [+humano]/[+específico] e 12.6% no feixe [+humano]/[-
específico]. Em (63a – b), apresentam-se exemplos de orações relativas em que o termo
antecedente possuem os traços [+ humano]/[+específico] – (63a) – e [- humano]/[-
específico] – (63b).
(63) a) A União das entidades Islâmicas do Brasil deveria entrar com um pedido
judicial de esclarecimento no STJ para que haja uma decisão legal liberando
muçulmanas que querem usar véus em todos os estados da União quando tirarem
fotos para documentos. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE
OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18
b) O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao
qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson, tinha
pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser
perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem
ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal
O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José
Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio Caderno Geral, p.17.
Em relação ao traço [+específico], pode-se averiguar a maior ocorrência deste –
39,7% no feixe [-humano]/[+específico] e 25.8% no feixe [+humano]/[+específico] – do
que a do traço [- específico] – 21.9% no feixe [-humano]/[-específico] e 12.6% no feixe
[+humano]/[-específico]. Esta análise demonstra que o feixe [-humano]/[+específico] é
a propriedade semântica mais recorrente do que é relativizado. Pode-se supor que um
SN que exprime valor semântico específico, determinado, sobretudo quando inanimado,
96
tende a configurar-se prototipicamente como um termo antecedente de uma oração
relativa.
Outra variável independente analisada foi “a distância entre o termo antecedente
e o articulador da oração relativa”. No caso das orações relativas não preposicionadas,
todas do tipo padrão, essa variável oportuniza averiguar o perfil dessas orações quanto à
distância entre o elemento nuclear do termo antecedente e a oração relativa. Em dados
gerais, das 151 ocorrências de orações relativas padrão não preposicionadas, 98 (64.9%)
apresentam seu termo antecedente próximo da oração relativa – nível zero –, 26 (17.2%)
ocorrências apresentaram uma distância de 05 ou mais sílabas – nível 03 –, 25 (16.6%)
ocorrências apresentaram uma distância de 03 a 04 sílabas – nível 02. Apenas ocorreram
02 (1.3%) dados em que a distância era entre 01 a 02 sílabas.
DISTÂNCIA ENTRE O
TERMO
ANTECEDENTE E O
ARTICULADOR
FUNÇÃO
SINTÁTICA DE
SUJEITO
FUNÇÃO
SINTÁTICA DE
OBJETO DIRETO
TOTAL
Dados % Dados % D. %
NÍVEL ZERO 90 91.8% 08 8.2% 98 64.9%
NÍVEL 01 02 100% - - 02 1.3%
NÍVEL 02 23 92% 02 8% 25 16.6%
NÍVEL 03 22 84.6% 04 15.4% 26 17.2%
TOTAL 137 90.7% 14 9.3% 151 100%
Tabela 11. Total de orações relativas não preposicionadas x Distância entre o termo
antecedente e o articulador.
O comportamento dos dados somente reafirma uma das características mais
marcantes de uma construção relativa: o termo antecedente dificilmente está distante da
oração relativa. Olhando de perto a variável em análise, constata-se que ela não trouxe
resultados descritivos significativos à pesquisa, sobretudo, porque sua concepção
ignorou a referida característica, o que sugere que esse grupo de fatores deva ser
desconsiderado em análises futuras sobre o fenômeno. Nos exemplos a seguir, são
expostas orações relativas que possuem uma distância nível zero (64a), nível 01 (64b),
nível 02 (64c) e nível 03 (64d).
(64) a) O ministro Público (MP) foi procurado por Beltrame, que soube da soltura
na sexta-feira). – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para
bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07.
97
b) A população brasileira, cansada das “CPIs Pizza”, está com esperanças
renovadas na Justiça Brasileira. Parabéns aos ministros do STF, que votaram pela
condenação dos articuladores do mensalão, em especial ao ministro Joaquim
Barbosa, pelo seu brilhante e extenso relatório. – Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Eneida Junqueira, Rio,
Caderno Geral, p.15.
c) O Zé chegou a criar a imagem do transatlântico. Dizia que, para manobrar um
transatlântico, era preciso fazer devagar, e isso levava tempo – diz um dos petistas que
participava das discussões. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA:
Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
d) Existe um prazo para um processo ser concluído quando o réu está preso,
que é de 81 dias. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para
bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07.
A variável “tipo de pronome relativo” oportuniza observar quais são os
articuladores mais frequentes para introduzir uma oração relativa não preposicionada.
Na Tabela 12, encontra-se a distribuição das orações relativas padrão não
preposicionadas em relação ao tipo de pronome relativo.
TIPO DE PRONOME
RELATIVO
FUNÇÃO
SINTÁTICA DE
SUJEITO
FUNÇÃO
SINTÁTICA DE
OBJETO DIRETO
TOTAL
Dados % Dados % D. %
QUE 136 90.7% 14 9.3% 150 99.3%
O / A QUAL 01 100% - - 01 0.7%
TOTAL 137 90.7% 14 9.3% 151 100%
Tabela 12.Total de orações relativas não preposicionadas x tipo de pronome relativo
Pode-se constatar que, nos dados gerais, ocorreram 150 ocorrências de relativas
introduzidas pelo pronome relativo “que” e apenas 01 ocorrência de relativa introduzida
pelo pronome relativo “o/a qual”. Quanto à função sintática do articulador, dos 151
casos de orações relativas introduzidas pelo pronome relativo “que”, 136 (90.7%) são
relativas de sujeito (65a) e 14 (9.3%) de objeto direto. O único caso de oração relativa
introduzida pelo pronome relativo “o/a qual” é de sujeito (65b).
(65) a) De um lado está o secretário de estadual de segurança José Mariano Beltrame,
que lamentou a soltura dos réus. Do outro, o desembargador Siro Darlan, que defende
que os acusados têm a lei a seu favor. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012,
98
NOTÍCIA: Liberdade para bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno
Geral, p.07.
b) Em vista dos fatos mencionados, conclui-se que falta a Obama aquele arrojo
transbordante do presidente Franklin Roosevelt, o qual em um momento histórico
muito mais difícil soube explicitar com eficácia suas realizações. Jornal O GLOBO,
DATA: 24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: A culpa é de Obama, p.13.
No exemplo (65a), o termo antecedente “o desembargador Siro Darlan” é
modificado pela oração relativa “que defende que os acusados têm a lei a seu favor”
introduzida por um pronome relativo “que” que desempenha a função sintática de
sujeito. O termo antecedente possui a função sintática de sujeito, contém os traços
semânticos [+humano]/[+ específico] e está próximo da oração. Pode-se constatar que o
SN relativizado possui propriedades sintático-semânticas favorecedoras para ser
acompanhado por uma construção relativa, pois desempenha função sintática de sujeito
e contém o traço [+específico]. Além disso, a oração relativa introduzida pelo pronome
“que” está posicionada próximo a ele.
No exemplo (65b), o termo antecedente “o presidente Franklin Roosevelt” é
modificado por uma oração relativa introduzida pelo pronome relativo “o/a qual” que
desempenha função sintática de sujeito. O antecedente, especificamente, exerce a
função de adjunto adnominal e contém os traços [+humano]/[+ específico] e está
próximo da oração. Pode-se averiguar que o SN relativizado possui as características
sintático-semânticas produtivas para ser modificado por uma oração relativa, já que
desempenha função sintática de adjunto adnominal, contém o traço [+específico].
Finalmente, quando se realiza na construção textual, a oração relativa, apesar de ser
encetada pelo pronome relativo “o qual” – articulador que, de acordo com os dados, não
é produtivo no processo da relativização –, é posicionada próximo ao SN.
Os dados expostos na Tabela 12 estão de acordo com as orientações da
gramática tradicional, que indicam que somente os articuladores “que” e “o/a qual”
podem introduzir orações relativas não preposicionadas, mas, particularmente, a
preferência deva ser pelo pronome relativo “que” (cf. BECHARA, 2005 [1979] e
CUNHA & CINTRA, 2013 [1985]). Deste modo, vale a pena citar as observações
prescritivas de Bechara (2005 [1979]) acerca do assunto.
Que – não precedido de preposição necessária – pode exercer
função sintática de sujeito, objeto direto e predicativo do sujeito
99
(...). O qual – e flexões que concordam em gênero e número com
o antecedente – substitui que e dá à expressão mais ênfase. Para
maior vigor ou clareza pode-se até repetir o antecedente depois de
o qual. (...) É mais comum a substituição de que por o qual depois
de preposição ou locução prepositiva de duas ou mais sílabas.
(BECHARA, 2005 [1979], p.486, 488)
Nas orientações mencionadas, Bechara (2005[1979]) indica que, por mais que o
pronome “o/a qual” possa encetar orações relativas não preposicionadas, deveria haver a
preferência para que esse relativo introduza orações relativas preposicionadas. O
gramático ainda faz menção à posição do relativo em relação ao termo antecedente.
Normalmente, o que vem junto do seu antecedente; quando isto
não se dá e o sentido periga, desfaz-se a dúvida com o emprego
do o qual, de e este ou se repete o antecedente, ou se põe vírgula
para mostrar que o relativo não se refere ao antecedente mais
próximo. (BECHARA, 2005[1979], p.488)
Essa citação confirma que a possibilidade de formar uma oração relativa distante
de seu termo antecedente não é condenada pela prescrição gramatical, apesar de
sinalizar que seja mais interessante que a oração esteja perto do termo antecedente para
não acarretar que o sentido fique “em perigo”. Nos casos em que a distância entre o
termo antecedente e a relativa interfere na compreensão, o gramático fez algumas
recomendações e uma delas é a substituição do pronome relativo “que” por “o/a qual”.
Vinculando os últimos resultados das análises das variáveis independentes –
“distância entre o termo antecedente e o articulador” e “tipo de articulador” – com os
comentários de Bechara (2005[1979]), pode-se sinalizar que o fenômeno em estudo
pode ecoar, de certa forma, as orientações da norma gramatical que fundamentam as
crenças e atitudes linguísticas dos jornalistas e revisores do veículo de comunicação
estudado.
Como já mencionado, as únicas ocorrências em que a oração relativa possui seu
termo antecedente distante (64c - d) e é encabeçada pelo pronome “o/a qual” (65b)
condizem com as recomendações da gramática tradicional citadas. A percepção
100
avaliativa dos jornalistas e revisores do jornal será especificamente abordada na seção
3.5 deste capítulo.
Retomando a análise dos dados, apresenta-se a distribuição das orações relativas
não preposicionadas pela variável independente “tipo de verbo”. Na Tabela 13, pode-se
observar que os verbos que organizam a estrutura argumental das orações relativas
padrão não preposicionadas são os verbos transitivos diretos – com 86/151 casos (57%)
–, verbos transitivos relativos/circunstanciais – com 22/151 ocorrências (14.6%) – e
verbos bitransitivos – com 14/151 casos (9.3%).
TIPO DE VERBO DA
O. RELATIVA
O. R. PADRÃO
TOTAL %
V. Transitivo Direto 86 57%
V. Transitivo Indireto 01 0.6%
V. Transitivo Relativo 22 14.6%
V. Bitransitivo 14 9.3%
V. Intransitivo 09 6%
V. Inacusativo 03 2%
V. de Ligação 12 7.9%
V. Suporte 04 2.6%
TOTAL 151 100%
Tabela 13. Total de orações relativas não preposicionadas x tipo de verbo da O.
Relativa
Em (66a – c), estão exemplificadas as orações relativas constituídas por verbo
transitivo direto (66a), por verbo transitivo circunstancial (66b) e verbo bitransitivo
(66c).
(66) a) Perdemos uma companheira maravilhosa, que espalhou alegria por onde
passou. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da Consulado
Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20.
b) Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de
planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que
prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. - Jornal O
GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo
prefeito, Caderno Geral, p.22.
c) A tipificação do crime de formação de milícias era medida que se impunha já
há algum tempo. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as
milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24.
101
Continuando a descrição dos dados percentuais da Tabela 13, há 12 (7.9%)
dados de verbos de ligação, 09 (06%) de verbos intransitivos, 04 (2.6%) de verbos
suportes, 03 (2%) de verbos inacusativos e 01 (0.7%) de verbo transitivo indireto.
Todos os verbos constituem orações relativas de sujeito.
Quanto à variável “gênero textual”, os 151 dados de orações relativas não
preposicionadas distribuem-se da seguinte forma: 36 (24%) ocorrências extraídas de
notícia, 26 (17.3%) de carta de leitor, 26 (17.3%) de artigo de opinião, 25 (16.7%) de
anúncio, 21 (14%) de crônica e 16 (10.7%) de editorial – vide Tabela 14.
GÊNERO TEXTUAL
O. R. PADRÃO
TOTAL %
EDITORIAL 17 11.3%
ARTIGO DE OPINIÃO 26 17.2%
CRÔNICA 21 13.9%
NOTÍCIA 36 23.8%
CARTA DE LEITOR 26 17.2%
ANÚNCIO 25 16.6%
TOTAL 151 100%
Tabela 14.Total de orações relativas não preposicionadas x gênero textual.
Considerando a detalhada descrição das ocorrências de relativas não
preposicionadas, todas do tipo padrão, cabe recapitular os principais resultados e
destacar as características mais produtivas dessas construções. Quanto aos termos
antecedentes, verificou-se que estes costumam desempenhar funções sintáticas de
sujeito e complemento verbal e contêm os feixes de traços [-humano]/[+específico]. A
distância da oração relativa em relação ao elemento nuclear do termo antecedente é rara
no processo de relativização. O pronome relativo “que” e os verbos transitivos diretos
na oração relativa integram a maioria dos dados do grupo das orações não
preposicionadas, que se distribuem, quase que proporcionalmente, pelos gêneros
textuais em estudo.
Na seção 3.3, a seguir, serão apresentados os resultados relativos ao grupo das
orações relativas preposicionadas.
102
3.3. Comportamento das orações preposicionadas do corpus jornalístico
Nesta seção, são expostos os resultados do comportamento linguístico das
estratégias de relativização padrão e não padrão cortadora no grupo das orações
relativas introduzidas por articuladores que desempenham função oblíqua – grupo de
orações relativas preposicionadas. É interessante relembrar que não foram encontradas
ocorrências de orações relativas copiadoras em todo o corpus, havendo, em um total de
102 casos, 97 orações relativas padrão e 05 orações relativas cortadoras (cf. Tabela 08,
na seção 3.1).
Em (67a – e), apresentam-se as orações relativas não padrão cortadora. Pode-se
observar que 04 ocorrências – (67a – d) possuem o termo antecedente desempenhando a
função sintática de adjunto adverbial e 01 ocorrência com o termo antecedente
desempenhando função sintática de objeto direto (67e). Em relação aos traços
semânticos, todos os termos antecedentes contêm os traços [- humano]/[+ específico] e
também possuem total proximidade com o articulador da oração relativa – distância
nível zero.
(67) a) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que houver
utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM, para
qualquer operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,
ANÚNCIO: propaganda da TIM, Caderno Geral p.06
b) (...) Liberty web smart: a tarifa de R$ 29,90 será cobrada somente no mês que
houver utilização de dados/internet. (...) - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:
propaganda da TIM, Caderno Geral p.06
c) (...) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que houver
utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM, para qualquer
operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:
propaganda da TIM, Caderno Geral p.06
d) Pense em um dia que você não precise pegar no carro. De cara, você já
economizou o dinheiro da gasolina, o tempo que estaria procurando vaga e o stress
de dirigir no trânsito, que estaria bem mais tranquilo se a maioria pensasse igual e
também não pegasse no carro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANUNCIO DA
FETRANSPOR, Caderno Geral, p.20
e) Pense em um dia que você não precise pegar no carro. De cara, você já
economizou o dinheiro da gasolina, o tempo que estaria procurando vaga e o stress de
dirigir no trânsito, que estaria bem mais tranquilo se a maioria pensasse igual e também
não pegasse no carro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANUNCIO DA
FETRANSPOR, Caderno Geral, p.20
103
Pode-se destacar que todos os dados são formados pelo pronome relativo “que”
exercendo a função sintática de adjunto adverbial de tempo. Todas as orações relativas
tiveram a preposição “em” cortada. Estruturalmente, as construções relativas são
organizadas por verbos transitivos diretos – 04 ocorrências (67a – d) – e transitivos
relativos – 01 ocorrência (67e). Estes dados foram todos recolhidos de anúncios
publicitários. Após este tratamento qualitativo das orações relativas não padrão
cortadoras, o presente estudo passa a abordar as variáveis controladas no estudo.
Os primeiros resultados referem-se ao grupo de fatores “função sintática do
termo antecedente”. De acordo com a Tabela 15, nos 102 dados, há 28 (27.5%) casos
em que o termo antecedente desempenha a função sintática de adjunto adverbial, 18
(17.6%) casos de termo antecedente com função de objeto direto e 15 (14.7%) casos de
termo antecedente com função de complemento nominal.
FUNÇÃO SINTÁTICA
DO TERMO
ANTECEDENTE
O. R.
PADRÃO
O. R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
Sujeito 08 100% - - 08 7.8%
Predicativo do Sujeito 07 100% - - 07 6.9%
Objeto Direto 17 94.4% 01 5.6% 18 17.6%
F. Oblíqua (CR e CC) 07 87.5% 01 12.5% 08 7.8%
Compl. Nominal 15 100% - - 15 14.7%
Agente da Passiva 02 100% - - 02 2%
Adjunto Adnominal 09 100% - - 09 8.8%
Adjunto Adverbial 24 89.3% 03 10.7% 28 27.5%
Expressão Nominal 07 100% - - 07 6.9%
TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%
Tabela 15. Orações Relativas Preposicionadas x Função Sintática do Termo
antecedente
Em (68a - c), são expostos exemplos de termos antecedentes com função
sintática de adjunto adverbial (68a), de objeto direto (68b) e complemento nominal
(68c).
(68) a) O Brasil termina se nivelando por baixo, num continente em que existe a
Argentina. (...)– Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: O anacrônico
protecionismo brasileiro, Caderno Geral, p.24
104
b) Neste livro, o chef Alain Passard oferece 48 pratos de legumes, frutas
verduras e ervas, cujas colagens foram feitas pelos próprios cozinheiros. (...) – Jornal
O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda sobre um publicação de livro,
Segundo Caderno, p.05.
c) Documentação gratuita (lacração) para o veículo i30 válida para a cidade
onde está sendo veiculado o anúncio. - Jornal O GLOBO, DATA: 23/09/12,
ANÚNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno geral, p.05.
As próximas funções sintáticas que caracterizam o SN da oração principal
relativizado são adjunto adnominal – 09 (8.8%) dados –, sujeito – 08 (7.8%) dados, –
função oblíqua – 08 (7.8%) dados –, predicativo do sujeito – 07 (6.9%) dados – e agente
da passiva – 02 (02%) dados.
Esses resultados também se assemelham aos resultados do grupo das não
preposicionadas, porque o papel de adjunto adnominal apresenta um percentual um
pouco mais alto do que o das funções sintáticas que o seguem na Tabela 15.
As funções de sujeito, de complemento oblíquo e de predicativo do sujeito
apresentaram um percentual baixo de relativização – 7.8%, 7.8% e 6.9%,
respectivamente – nesta amostra. A baixa realização do agente da passiva (02%) pode
ser explicada pelo fato de ser uma função sintática pertencente às estruturas passivas,
que – como já mencionado na seção 3.2 – estão cada vez mais em desuso no PB.
Em (69a – e), apresentam-se exemplos de termos antecedentes com função de
adjunto adnominal (69a), sujeito (69b), complemento oblíquo (69c), predicativo do
sujeito (69d) e agente da passiva (69e).
(69) a) Dezenas de milhares de pessoas foram para as ruas de Paris domingo, nas
primeiras manifestações contra o governo Hollande, cuja popularidade caiu a seu
nível mais baixo – 43%.– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, EDITORIAL: Hollande
cai na real em choque de austeridade, Caderno Geral, p.22.
b) Em vinte minutos e 500 reais, passei de monstro saudável a doente com três
meses de vida. E o pior é que, afora uma tossezinha boba, nada sentia. Mais ainda: o
leite condensado com a qual sua saudosa mãe resolvia todos os problemas não
funcionava. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e
leite condensado, Caderno Geral, p.19.
c) Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-
colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num
tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amor e
discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que,
vistas de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. -
105
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado,
Caderno Geral, p.19.
d) O que está em questão são, simplesmente, os padrões de comportamento da
sociedade em que vivemos – e que são, indiscutivelmente, diferentes daqueles de
nossos pais. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: Mulher nua, Caderno
Geral, p.23.
e) A vitória de Mitt Romney sobre Barack Obama no primeiro debate na TV foi
detectada por pesquisas, nas quais o republicano está em viés de alta e o democrata,
de baixa. Pode-se imaginar que os dois próximos debates, dias 16 e 22, terão peso
considerável no resultado das eleições de 06 de novembro, depois de uma campanha em
que Obama esteve sempre à frente. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, EDITORIAL:
Obama tem mais duas chances, Caderno Geral, p.18
Também foram encontrados 08 (7.8%) casos em que o termo antecedente era
uma expressão nominal “isolada” (70a – b).
(70) a) Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde
passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes
mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente
se distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris,
onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele
tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;
formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19.
b) Novos setores em que as pequenas empresas atuam começam a exportar e
ajudam o país a crescer. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ANÚNCIO DO
SEBRAE, Caderno Geral, p.09.
A variável independente “referencialidade do termo antecedente”, neste grupo,
apresenta uma distribuição percentual próxima à distribuição do grupo das não
preposicionadas, pois o feixe de traços semânticos [-humano]/[+específico] é uma
propriedade que aparece em 67 (65.7%) das ocorrências. Em seguida, os feixes [-
humano]/[-específico] – com 33 (32.4%) dos dados – e [+ humano]/[+específico] – com
02 (2%) – aparecem na distribuição da Tabela 16. Não houve ocorrência de termo
antecedente com os traços [+humano]/[-específico].
106
REFERENCIALIDADE
DO TERMO
ANTECEDENTE
O. R.
PADRÃO
O. R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
[+ hum.] / [+ esp.] 02 100% - - 02 2%
[+ hum.] / [- esp.] - - - - - -
[- hum.] / [+ esp.] 63 94% 04 6% 67 65.7%
[- hum.] / [- esp.] 32 97% 01 3% 33 32.4%
TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%
Tabela 16. Orações relativas preposicionadas x referencialidade do termo antecedente.
Detalhando a comparação entre os grupos de orações relativas, os traços [-
humano] / [+ específico] apresentam os percentuais mais altos de orações relativas –
38.7% (58/150 dados) no grupo das não preposicionadas e 65.7% (67/102 dados) no
grupo das preposicionadas. Esses percentuais ratificam o fato do SN da oração principal
que contenha a característica semântica inanimada, determinada e específica configurar
o tipo mais facilmente modificado por uma oração relativa.
Outra observação interessante seria sobre os percentuais dos demais feixes – [+
humano]/[+específico] e [- humano]/[- específico] –, já que, em ambos os grupos de
orações relativas, se verificam percentuais menores para esses fatores, quando são
comparados com o feixe [- humano]/[+específico]. Em (71a – c), são expostos
exemplos de termos antecedentes com traços [- humano]/[+específico] (71a), [-
humano]/[- específico] (71b) e [+ humano]/[+específico] (71c).
(71) a) O segundo sinal de que as autoridades observam com inquietação a
movimentação de bandos milicianos, particularmente no Rio, onde eles atuam com
mais desenvoltura. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as
milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24.
b) Garantimos a quantidade mínima de 05 unidades/kg de cada produto por loja
em que ele esteja disponível. (...).– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANUNCIO:
propaganda da EXTRA, Caderno Geral, p.13.
c) O embaixador saudita em Abuja disse que os vistos das nigerianas barradas
não iam ser cancelados, e que elas podiam tentar entrar de novo na Arábia Saudita, mas
somente acompanhadas dos mahrams de cada uma, cujo nome é incluído no visto. -
Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística,
Caderno Geral, p.18.
A variável independente “distância entre o termo antecedente e o articulador”
também se mostrou inócua quanto à compreensão do uso das estratégias de relativização
107
no grupo das orações preposicionadas. A Tabela 17 evidencia o detalhamento dos
percentuais mencionados.
DISTÂNCIA ENTRE O
TERMO
ANTECEDENTE E O
ARTICULADOR
O. R.
PADRÃO
O. R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
NÍVEL ZERO 35 87.5% 05 12.5% 40 39.2%
NÍVEL 01 32 100% - - 32 31.4%
NÍVEL 02 12 100% - - 12 11.8%
NÍVEL 03 18 100% - - 18 17.6%
TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%
Tabela 17. Total de orações relativas preposicionadas x distância entre o termo
antecedente e o articulador.
Nota-se que existe um predomínio do nível zero – total proximidade entre o
núcleo do termo antecedente e o articulador – com 40 (39.2%) dados, sendo seguido
pelos níveis 01 – distância de 01 a 02 sílabas entre o núcleo do termo antecedente e o
articulador – com 32 (31.4%) dados, e nível 02 – distância de 03 ou mais sílabas entre o
núcleo do termo antecedente e o articulador – com 12 (11.8%) dados. Também
ocorreram 18 casos (17.6%) em que o núcleo do termo antecedente está distante 05 ou
mais sílabas do articulador – nível 03. Em (72a - b), há exemplos, respectivamente, de
orações relativas com distância nível 03 e nível 02.
(72) a) O CsF é uma das maneiras por meio das quais nossos países estão
estabelecendo vínculos valiosos. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, ARTIGO DE
OPINIÃO: Parceria educacional, Caderno Geral, p.23.
b) O embaixador saudita em Abuja disse que os vistos das nigerianas barradas
não iam ser cancelados, e que elas podiam tentar entrar de novo na Arábia Saudita, mas
somente acompanhadas dos mahrams de cada uma, cujo nome é incluído no visto. -
Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística,
Caderno Geral, p.18.
No que se refere às 32 ocorrências do nível 01, grande parte da distância é de 01
sílaba e os termos responsáveis por esse afastamento são as preposições monossilábicas
“em” – 39 ocorrências –, “com” – 06 ocorrências –, “de” – 05 ocorrências –, “por” – 04
ocorrências e “para” – 01 ocorrência. Os termos antecedentes são substantivos concretos
ou abstratos e alguns expressam noção de tempo e lugar. Os articuladores que
108
introduzem as relativas são “que” – 37 ocorrências – e “o/a qual” – 19 ocorrências.
Observem os exemplos (73a – b):
(73) a) Bem, muita gente à direita há muito parece estar obcecada com a noção de
que o país enfrentará uma inflação descontrolada em breve. A surpresa foi a rapidez
com que Mitt Romney se uniu à loucura geral. - Jornal O GLOBO, DATA:
19/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Odiando Bem Bernanke, Caderno Geral, p.22.
b) Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria
que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo
uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de
uma gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:
conversa de velhos, Caderno Geral, p.23.
Os exemplos (73a - b) possuem uma distância nível 01, pois os termos
antecedentes “a rapidez” e “o tempo” estão afastados das orações relativas “que Mitt
Romney se uniu à loucura geral” e “que animais falavam e havia no mundo uma
inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma gostosa
comida fumegante” pelas preposições monossilábicas “com” e “em”, respectivamente.
O termo antecedente de (73a) é um substantivo abstrato e de (73b) é também um
substantivo abstrato com noção de tempo e ambas as orações são introduzidas pelo
pronome relativo “que”.
(74) a) Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria
que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo uma
inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma
gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:
conversa de velhos, Caderno Geral, p.23.
b) Teme-se, com razão, o renascimento da “conta movimento”, uma herança da
ditadura, pela qual os cofres públicos abasteciam o Banco do Brasil de dinheiro do
contribuinte, sem qualquer controle. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12,
EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas públicas, Caderno Geral, p.18.
Os exemplos (74a – b) também possuem uma distância nível 01, pois os termos
antecedentes “a mesa” e “a ditadura” estão afastados das orações relativas “a qual o
garçom botou os pratos de uma gostosa comida fumegante” e “a qual os cofres públicos
abasteciam o Banco do Brasil de dinheiro do contribuinte, sem qualquer controle” pelas
preposições monossilábicas “em” e “por”16
, respectivamente. O termo antecedente de
16
A preposição “por” ao se contrair com o artigo “a” resulta na preposição “pela” que possui duas sílabas. Portanto, para codificação dos dados, o exemplo (74b) tem uma distância nível 01 de duas
109
(74a) é um substantivo concreto com noção de lugar e de (74b) é um substantivo
abstrato, e ambas as orações são introduzidas pelo pronome relativo “a qual”.
Dos 40 dados em que a distância é de nível zero, percebe-se que os termos
antecedentes também são em sua maioria substantivos concretos e abstratos e alguns
exprimem valor de tempo e lugar. Os articuladores são “que” (75a) – 05 ocorrências e
todas introduzem orações não padrão cortadora –, “onde” (75b) – 18 ocorrências –,
“cujo” (75c) – 16 ocorrências – e “a qual” (75d) – 01 ocorrência em que ocorre crase
entre a preposição “a” e o pronome relativo “a qual”.
(75) a) (...) Liberty web smart: a tarifa de R$ 29,90 será cobrada somente no mês que
houver utilização de dados/internet. (...) - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:
propaganda da TIM, Caderno Geral p.06.
b) Não existe cinturão petista. Se existisse, nas pesquisas de setembro,
Russomanno não teria conseguido 38% das preferências na região. O que existe é um
pedaço da cidade onde, depois de oito anos de exercício da prefeitura, o tucano
ainda não se fez ouvir. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO:
Lula carregou seu segundo poste, Caderno Geral, p.18
c) No julgamento do mensalão eu pensava assistir a um “E o vento levou”, mas
estou testemunhando uma narrativa de Machado de Assis. O mesmo sentimento cerca
as eleições cujo resultado vai ser formicida para uns e leite condensado para
outros. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite
condensado, Caderno Geral, p.19.
d) É nesse ponto que entram as máquinas às quais Illich se refere. - Jornal O
GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13.
Reafirma-se, aqui, que a hipótese de partida da variável distância foi
equivocada, visto que, além de controlar contextos pouco prováveis no comportamento
prototípico da construção em análise, que estabelece a proximidade entre o termos
antecedente e o articulador, considerou apenas o núcleo do termo antecedente e não o
sintagma integralmente. Quanto à variável “função sintática do articulador”,
evidenciam-se os seguintes percentuais na Tabela 18.
sílabas, mas, para a análise acima, a distância é nível 01 de uma sílaba, porque a contração entre “por” e “a” foi desfeita.
110
FUNÇÃO SINTÁTICA
DO ARTICULADOR
O. R.
PADRÃO
O. R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
Compl. Nominal 07 100% - - 07 6.9%
F. Oblíqua (CR e CC) 10 100% - - 10 9.8%
Adjunto Adnominal 21 100% - - 21 20.6%
Adjunto Adverbial 59 92.2% 05 7.8% 64 62.7%
TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%
Tabela 18. Orações Relativas preposicionadas x função sintática do articulador
Dos 102 dados de orações relativas preposicionadas, 64 (62.7%) são encabeçados por
um articulador que desempenha função sintática de adjunto adverbial, 21 (20.6%) são
introduzidos por um articulador exercendo função de adjunto adnominal, 10 (9.8%) por um
articulador desempenhando função oblíqua e 07 (6.9%) por um articulador desempenhando
função de complemento nominal. Em (76a – d), têm-se exemplos de orações relativas
introduzidas por articulador que exerce função de adjunto adverbial (76a), adjunto adnominal
(76b), função oblíqua (76c) e complemento nominal (76d).
(76) a) O país tem a quarta maior população carcerária do mundo. São mais de 500
mil presos, literalmente espremidos num complexo penal em que há um crônico déficit
de 200 mil vagas. - Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente
drama do sistema penitenciário, Caderno Geral, p.20.
b) A estrutura portuária atual, resultado da Lei de Modernização dos Portos, não
se compara com o sistema anterior, cujos custos operacionais eram muito acima da
média internacional, devido à inexistência de investimentos, baixa produtividade e ao
sucateamento de equipamentos e infraestrutura. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12,
ARTIGO DE OPINIÃO: Sob risco, Caderno Geral, p.19
c) Erros históricos de percepção como aquele se sucedem à medida que as
sociedades avançam. A revolução tecnológica por que passa o mundo a partir dos
avanços da microeletrônica tem esta capacidade de pôr em xeque leis, usos e costumes
. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, EDITORIAL: CLT força Justiça a intervir em
temas indevidos, Caderno Geral, p.22.
d) Como ministro de Estado, atentou contra a democracia, ao tentar manietá-la,
talvez em consonância com ideias trazidas do paraíso caribenho dos irmãos Castro com
os quais sempre demonstrou afinidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
CARTA DO LEITOR: Marcello Ferraz Loureiro, Rio, Caderno Geral, p.15.
A Tabela 19 mostra detalhadamente os resultados relativos à variável “tipo de
preposição”.
111
PREPOSIÇÃO
O. R.
PADRÃO
O. R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
EM 41 87.5% 05 12.5% 46 39.2%
DE 06 100% - - 06 5.9%
COM 06 100% - - 06 5.9%
A 02 100% - - 02 2%
POR 04 100% - - 04 3.9%
PARA 01 100% - - 01 1%
OUTRAS PREP. 02 100% - - 02 2%
SEM PREP. (onde e cujo) 35 100% - - 35 40.2%
TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%
Tabela 19. Orações relativas preposicionadas x tipo de preposição
Pode-se identificar que as preposições que acompanham o articulador mais
frequentes são “em” (46/102; 39.2%), “de” (06/103; 5.9%), “com” (06/102; 5.9%),
“por” (04/102; 3.9%), “a” (02/102; 2%) e “para” (01/102; 1%). Em (77a – c), expõem-
se exemplos de orações relativas acompanhadas das preposições “em” (77a), “de” (77b)
e “com” (77c).
(77) a) Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídio,
cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados
presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as
condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O
GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,
Caderno Geral, p.22.
b) Com apenas dois votos favoráveis ao ex-ministro, dos ministros Ricardo
Lewandowski, revisor do voto do relator, e Dias Tóffoli, o veredicto de Mello definiu o
destino de Dirceu nesta acusação, num processo em que também é acusado pela PGR de
formação de quadrilha, da qual era o chefe. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16.
c) Grande bobagem, como está sendo mostrado num dos mais longos
julgamentos de que se tem notícia, transmitido ao vivo pela TV. Assistir a qualquer das
sessões dá ideia precisa da seriedade com que o Ministério Público construiu sua
denúncia, com base em informações das CPIs que vasculharam o escândalo, de
investigações e perícias da Polícia Federal. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16.
Em (78a – c), expõem-se exemplos de orações relativas acompanhadas das
preposições “por” (78a), “a” (78b) e “para” (78c).
112
(78) a) O levantamento traz um saldo positivo, qualquer que seja o viés pelo qual
seja analisado. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem
saída, Caderno Geral, p.17.
b) Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e crescente
capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte do Estado. A
integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos têm acesso,
é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O GLOBO,
DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno Geral, p.22.
c) Foi feita, em Londres, pesquisa sobre a reação de pacientes, para os quais se
formaram correntes espirituais. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, CRONICA:
Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
As ocorrências de outras preposições foram de 01 dado acompanhado pela
locução prepositiva “por meio de” (79a) e de 01 dado acompanhado pela preposição
“segundo” (79b). Os 35 casos de ausência de preposição ocorreram com os
articuladores “onde” e “cujo”.
(79) a) O CsF é uma das maneiras por meio das quais nossos países estão
estabelecendo vínculos valiosos. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, ARTIGO DE
OPINIÃO: Parceria educacional, Caderno Geral, p.23.
b) Para condenar Dirceu, o STF levou em conta um conjunto de indícios que
fundamentou a teoria do “domínio do fato”, segundo a qual o réu pode ser punido
mesmo que não tenha executado diretamente o ato criminoso, mas tenha tido
domínio sobre o fato. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, NOTÍCIA: Juízes
ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.
Na Tabela 20, estão distribuídos os percentuais da variável “tipo de articulador”.
Dos 102 dados, 46 (45.1%) são encabeçados pelo pronome relativo “que”, 21 (20.6%)
são articulados pelo pronome relativo “o/a qual”, 18 (17.3%) são introduzidos pelo
advérbio relativo “onde” e 17 (16.7%) pelo pronome relativo “cujo”.
TIPO DE PRONOME
RELATIVO
O. R.
PADRÃO
O. R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
QUE 41 89.1% 05 10.9% 46 45.1%
O/A QUAL 21 100% - - 21 20.6%
ONDE 18 100% - - 18 17.3%
CUJO 17 100% - - 17 16.7%
TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%
Tabela 20. Orações relativas preposicionadas x tipo de pronome relativo
Não foram encontradas ocorrências dos pronomes relativos “quem” e “quanto” e
do advérbio “quando” funcionando como relativo. Tal constatação, embora possa estar
113
associada ao tamanho limitado do corpus, sugere que essas formas não sejam
efetivamente empregadas de forma produtiva no uso corrente da língua, embora figurem
usualmente nas listas tradicionais. Os demais articuladores identificados apresentam
uma considerável distribuição percentual, evidenciando que o quadro pronominal
relativo na escrita culta jornalística é bastante variado. Em (80a – d), apresentam-se
exemplos de orações relativas articuladas pelos pronomes relativos “que” (80a), “o/a
qual” (80b), “onde” (80c) e “cujo” (80d).
(80) a) A diferença é que, em razão de limitações tecnológicas da época em que
Orwell escreveu o livro, o romance não passava de uma (assustadora) parábola sobre o
totalitarismo, ao passo que sistema como o Siniav, em face da atual evolução dos
dispositivos de fiscalização à distancia, podem se transformar em tentadora ameaça de
mau uso de informações de Estado por governos inescrupulosos. - Jornal O GLOBO,
DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a
privacidade, Caderno Geral, p.16.
b) Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-
colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num
tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amor e
discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que,
vistas de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. -
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado,
Caderno Geral, p.19.
c) Levou oito das 83 cidades com mais de 200 mil habitantes que fecharam a
conta. Isso num dia em que o ministro Joaquim Barbosa era festejado na seção onde
votou. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Lula carregou
seu segundo poste, Caderno Geral, p.18.
d) A realidade portuária atual tem virtudes inegáveis. No plano operacional,
merece destaque a privatização dos serviços, cuja principal característica é a
combinação de gestão moderna com investimentos expressivos. - Jornal O GLOBO,
DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sob risco, Caderno Geral, p.19.
Comparando os resultados dessa variável com os resultados de Gouvêa (1999) e
com as orientações normativas de Cunha & Cintra (2013 [1985]), pode-se constatar a
estreita aproximação da norma gramatical com a escrita culta jornalística do PB. Para
melhor abordar tal debate, o vigente estudo expõe, na Tabela 21, breves comentários
prescritivos de Cunha & Cintra (2013 [1985]), os principais resultados de Gouvêa
(1999) e os resultados da variável “tipo de articulador” deste grupo.
114
Pronome relativo
Cunha & Cintra (2013
[1985])
Gouvêa (1999)
Resultados da variável
“Tipo de articulador”
no presente trabalho
QUE
Emprega-se,
preferencialmente,
depois das preposições
monossilábicas “a”,
“com”, “de”, “em” e
“por”.
85.5% em editoriais –
15 ocorrências
acompanhadas de
preposição
monossilábica – 87.4%
em artigos de opinião e
94.8% em crônicas.
No grupo das
preposicionadas,
ocorreram 45.1%
(46/102) : 37
ocorrências
acompanhadas por
preposição
monossilábica, 05
ocorrências que não
estão acompanhadas
pela prep. “em” e 04
ocorrências de locuções
prepositivas.
O / A QUAL
A língua exige o
emprego da forma com
preposição simples,
essenciais ou
acidentais. Com
locuções prepositivas,
as orações subordinadas
adjetivas constroem-se
obrigatoriamente ou
predominantemente
com “o / a qual”.
3.9% ocorrem sempre
com preposição – das
06 ocorrências, 03 com
preposição
monossilábica – em
editoriais. 0.5% em
artigo de opinião e 1%
em crônicas.
No grupo das
preposicionadas, 20.6%
(21 /102): 19
ocorrências
acompanhadas por
preposição
monossilábica, 01
ocorrência com a
preposição “para” e 01
ocorrência com locução
prepositiva.
ONDE
Emprega-se o advérbio
relativo para relativizar
SN com função de
adjunto adverbial de
lugar
4.6% em editoriais com
valor de lugar, tendo 01
caso com valor de
tempo. 2.9% em artigo
de opinião – 03 casos
com valor de lugar
virtual. 1% em crônicas
com valor de lugar.
No grupo das
preposicionadas,
17.3% (18/102) casos.
CUJO
Funciona como Adjunto
adnominal de posse do
substantivo seguinte
com o qual concorda
em gênero e número.
3.9% em editoriais
veiculando valor de
posse. 2.3% em artigo
de opinião. Não houve
ocorrência em crônicas.
No grupo das
preposicionadas, 16.7%
(17/102) casos.
QUEM
Só se emprega com
referência a pessoa ou
alguma coisa
personificada, sempre
vem acompanhada de
preposição.
0.5% em artigo de
opinião. Nenhuma
ocorrência em editorial
e crônica.
Não houve ocorrência.
QUANTO
Tem como antecedente
o pronome indefinido
TUDO, TODO (ou
TODAS) 17
Não houve ocorrência.
Não houve ocorrência.
QUANDO
Sem referência na
gramática.
0.6% em editorial, 1.1%
em artigo de opinião e
sem ocorrência em
crônica.
Não houve ocorrência.
Tabela 21. Prescrições da gramatica tradicional x os resultados de Gouvêa (1999) e os resultados da
variável “tipo de articulador “ no presente estudo.
17
Esta explicação advém de Bechara (2005 [1979]), pois Cunha & Cintra (2013[1985]) não fazem referência a esse pronome relativo.
115
Pode-se observar que a norma gramatical orienta que o pronome relativo “que”
deve ser empregado quando está desempenhando função sintática oblíqua nos casos em
que a preposição seja monossilábica. Assim, tanto nos resultados de Gouvêa (1999),
quanto nos resultados da presente pesquisa, o pronome relativo encontra-se
acompanhado de preposições monossilábicas – 85.5% em editoriais, 87.4% em artigo
de opinião, 94.8% em crônicas e 45.1% na atual pesquisa.
Entretanto, foram encontrados no presente trabalho 05/46 ocorrências em que o
pronome “que” com função de adjunto adverbial não está acompanhado pela preposição
“em” e 04/46 ocorrências em que o pronome está acompanhado de locuções
prepositivas. As 05/46 ocorrências são os dados de orações relativas não padrão
cortadora, que, de acordo com a norma gramatical, não são reconhecidas e licenciadas
para o uso na escrita. As 04/46 ocorrências deveriam ser articuladas pelo pronome
relativo “o/a qual” e não, segundo a norma gramatical, pelo pronome “que”. Esses
dados confirmam a hipótese de que as orientações normativas da gramática tradicional
influenciam nas atitudes da escrita culta jornalística.
Em relação ao pronome relativo “o/a qual”, a norma gramatical não condena
seu emprego com preposições monossilábicas, mas deixa claro que, quando for uma
locução prepositiva, seu emprego é obrigatório ou ao menos predominante. Gouvêa
(1999) identifica 3.9% ocorrências de “o/a qual” em editoriais, 0.5% em artigo de
opinião e 1% em crônicas. A pesquisadora atenta para 03 casos em que o pronome
relativo estava acompanhado de preposições monossilábicas nos editoriais. O atual
estudo encontrou 21 (20.6%) ocorrências do referido pronome no grupo das
preposicionadas, em que houve apenas 01 em que ele estava acompanhado por locução
prepositiva, 01 ocorrência do pronome com a preposição dissílaba “para” e 19
ocorrências do pronome com preposições monossilábicas. Pode-se constatar que esses
resultados não contrariam as orientações da norma gramatical.
Já o advérbio relativo “onde” deve ser empregado, segundo a norma gramatical,
apenas quando o SN tiver valor semântico de lugar. Gouvêa (1999) encontra dados de
orações relativas introduzidas por “onde” em editoriais - 4.6% – em artigo de opinião –
2.9% – e em crônicas – 1%. Também identificou nos editoriais 01 caso em que o termo
antecedente tinha valor de tempo e nos artigos de opinião 03 casos em que o termo
antecedente tinha valor de lugar virtual. No presente trabalho, foram registrados 17.3%
(18/102) dados de orações relativas introduzidas pelo advérbio. Esses resultados estão
116
em consonância com a norma gramatical no sentido de que todas as referências são
locativas.
O emprego do pronome relativo “cujo”, segundo a norma gramatical, deve
ocorrer nos casos em que o SN relativizado funcione sintaticamente como um adjunto
adnominal com valor de posse. Gouvêa (1999) mostra, em seu trabalho, orações
relativas encetadas pelo “cujo” em editoriais – 3.9% – e em artigos de opinião – 2.3%.
Não houve ocorrência desse pronome nas crônicas. No atual estudo, foram registrados
16.7% (17/106) de orações relativas introduzidas pelo pronome relativo “cujo”. Assim,
pode-se notar que esses resultados estão de acordo com as prescrições gramaticais.
Cabe informar, entretanto, que Gouvêa (1999) registrou 01 ocorrência em que o
pronome relativo “cujo” é empregado em desacordo com a norma gramatical (81), pois
não possui valor de posse.
(81) A eles, ela abriu sua vasta biblioteca, suas salas de aulas de épocas passadas,
seus laboratórios, seus pequenos quartos, cujos mais apreciados dão para um pátio
interno (...).” ( D. Delbourg. Uma ‘grande ecole’ visita o Rio. 08/09/97). (GOUVÊA,
1999)
No presente trabalho, embora haja uso produtivo da forma cujo, foram
identificados 03 casos em que esse pronome relativo poderia ser empregado mas foi
evitado pelo escritor (82a – c).
(82) a) Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídio,
cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados
presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as
condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O
GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,
Caderno Geral, p.22.
b) Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e crescente
capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte do
Estado. A integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos têm
acesso, é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O
GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno
Geral, p.22.
c) O caso mais grave, no momento, é o da Argentina, em que o índice oficial de
inflação é sabidamente manipulado para não ultrapassar os 10%, enquanto
consultorias privadas calculam a taxa efetiva em níveis acima dos 20%. - Jornal O
GLOBO, DATA: 05/10/12, EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas públicas,
Caderno Geral, p.18.
117
No exemplo (82a), o termo antecedente “unidades” é o referente semântico do
articulador “em que”, que desempenha na oração relativa função sintática de adjunto
adnominal de posse – “as condições nas unidades” –; por isso, a oração poderia ser
construída como no exemplo (82a'). No exemplo (82b), o termo antecedente “um
mundo digitalizado” é o referente semântico do articulador “em que”, que exerce função
sintática na oração relativa de adjunto adverbial na oração relativa. Mas, este mesmo
dado poderia ser reescrito através da substituição do verbo “haver” pelo verbo “ser” e,
com isso, o referente semântico teria função sintática de adjunto adnominal de posse
(82b’). No exemplo (82c), o termo antecedente “Argentina” é o referente semântico de
articulador “em que”, que desempenha função sintática de adjunto adnominal de posse –
“o índice oficial de inflação na Argentina” –; dessa forma, a oração poderia ser
construída como no exemplo (82c').
Pode-se perceber que os 03 casos citados podem ser considerados estratégias de
esquiva das construções relativas com “cujo”, pois, devido às suas peculiaridades
sintático-semânticas e à sua raridade no PB vernacular, o emprego do pronome relativo
pode tornar-se dificultoso.
(82’) a) (...) unidades cujas condições são ainda mais degradantes do que nas
penitenciárias.
b) (...) num mundo digitalizado cuja crescente capacidade de armazenamento
de informações sobre o cidadão por parte do Estado é enorme.
c) (...) da Argentina, cujo índice oficial de inflação é sabidamente
manipulado para não ultrapassar os 10%.
O emprego do pronome relativo “quem”, de acordo com a norma gramatical,
deve ser feito apenas quando o termo antecedente for pessoa ou algo personificado e o
pronome deve ser sempre antecedido por uma preposição. Gouvêa (1999) registra 0.5%
ocorrências em artigos de opinião apenas. Não foram identificados dados de orações
relativas introduzidas pelo pronome “quem” no atual trabalho. A gramática também
registra o “quanto” como pronome que deve relativizar os termos antecedentes “tudo”,
“todo(s)/toda(s)”; porém, não foram encontrados registros de orações relativas
encetadas por este pronome em ambas as pesquisas.
Gouvêa (1999) encontra dados de orações relativas introduzidas pelo advérbio
de tempo “quando” funcionando, portanto, como um pronome relativo em editoriais –
118
0.6% – e em artigos de opinião – 1.1% (83). Esse papel morfossintático do advérbio
relativo “quando” não é previsto pela gramática tradicional citada e também não foi
encontrado nos dados da atual pesquisa.
(83) a) “No período pré-Petrobras, quando nada impedia a participação de
empresas e capitais estrangeiros no esforço de descoberta das nossas jazidas de
petróleo, nada foi feito pra valer.” (Joel Mendes Rennó. Presidente da Petrobras.
Competição e auto-estima. 1º/09/97) (GOUVÊA, 1999)
Partindo das análises feitas acerca da variável tipo de relativo, pode-se constatar
que o quadro pronominal relativo na escrita culta jornalística é bastante rico, pois foram
encontrados dados robustos que comprovam uma significativa frequência de uso de
diversos articuladores sendo empregados em seus respectivos contextos
morfossintáticos previstos pela norma gramatical. Esses resultados apontam a
correspondência em diversos aspectos da norma gramatical e a escrita culta jornalística,
já que 97/102 dados da variante padrão estão em acordo com as prescrições da
gramática e apenas os 05/102 dados da variante não padrão cortadora são condenados
pela gramática tradicional.
Os resultados relativos à variável “tipo de verbo” encontram-se registrados a
seguir, na Tabela 22.
TRANSITIVIDADE
VERBAL
O. R.
PADRÃO
O.R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
V. Transitivo Direto 41 91.1% 04 8.9% 45 44.1%
V. Transitivo Relativo 11 91.7% 01 8.3% 12 11.8%
V. Bitransitivo 10 100% - - 10 9.8%
V. Intransitivo 12 100% - - 12 11.8%
V. Inacusativo 03 100% - - 03 2.9%
V. de Ligação 14 100% - - 14 13.7%
V. Suporte 06 100% - - 06 5.9%
TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%
Tabela 22. Orações relativas preposicionadas x transitividade verbal
Pode-se notar que há 45 (44.1%) ocorrências de orações relativas organizadas
por verbos transitivos diretos, 12 (11.8%) por verbos transitivos relativos, 14 (13.7%)
por verbos de ligação, 12 (11.8%) por verbos intransitivos, e 10 (9.8%) por verbos
bitransitivos.
119
A Tabela 23, a seguir, mostra os resultados percentuais da variável “gênero
textual”.
GÊNERO TEXTUAL
O. R.
PADRÃO
O. R.
CORTADORA
TOTAL
Dados % Dados % D. %
EDITORIAL 24 100% - - 24 23.5%
ARTIGO DE OPINIÃO 22 100% - - 22 21.6%
CRÔNICA 27 100% - - 27 26.5%
NOTÍCIA 05 100% - - 05 4.9%
CARTA DE LEITOR 10 100% - - 10 9.8%
ANÚNCIO 09 64.3% 05 35.7% 14 13.7%
TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%
Tabela 23. Orações relativas preposicionadas x gênero textual
Pode-se notar que foram registrados 27 (26.5%) casos de orações relativas
preposicionadas no gênero textual crônica (84a), 24 (23.5%) no gênero textual editorial
(84b) e 22 (21.6%) no gênero textual artigo de opinião (84c).
(84) a) Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde
passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes
mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se
distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris,
onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele
tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;
formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19.
b) A vitória de Mitt Romney sobre Barack Obama no primeiro debate na TV foi
detectada por pesquisas, nas quais o republicano está em viés de alta e o democrata, de
baixa. Pode-se imaginar que os dois próximos debates, dias 16 e 22, terão peso
considerável no resultado das eleições de 06 de novembro, depois de uma campanha
em que Obama esteve sempre à frente. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12,
EDITORIAL: Obama tem mais duas chances, Caderno Geral, p.18.
c) No caso do acidente mais recente ocorrido em Copacabana, onde o operário
se feriu no pescoço, a obra foi vistoriada e constatou-se que era irregular. - Jornal O
GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Negligência nas empresas,
Caderno Geral, p.19.
Também foram encontrados casos de orações relativas preposicionadas, ainda
que em número menor de dados, nos anúncios (13.4%); nas cartas do leitor (9.8%) e
120
nas notícias (4,9%). Em (85a – c), expõem-se exemplos de orações relativas em anúncio
(85a), carta do leitor (85b) e notícia (85c).
(85) a) No Senac, além dos cursos de beleza, são mais de 400 cursos em que você
aprende na prática e sai preparando para o mercado de trabalho, para seu sucesso
profissional e para muitas outras transformações no seu futuro. - Jornal O GLOBO,
DATA: 27/09/12, ANÚNICO DO SEBRAE, Caderno Geral, p.06.
b) Por estranha ironia do destino, no mesmo dia, em que a Carmen Lúcia, ou
Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família
que ela tanto prejudicou e enganou, (...). - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
CARTA DO LEITOR: Eliana P. Salles, Rio, Caderno Geral, p.15.
c) E aproveitou para alfinetar deputados e senadores de maneira geral: - Quero
ver o dia em que os parlamentares vão votar aqui por suas convicções, e não por
recursos, emendas (Orçamento) e nomeação. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
NOTÍCIA: Para Miro, o ocaso de uma geração que tomou o poder, Caderno Geral, p.11.
A partir desses dados, o presente estudo compara a ordem de produtividade das
orações relativas nos gêneros textuais dos grupos das não preposicionadas e das
preposicionadas na Tabela 24.
Gênero Textual
Grupo das orações
relativas não
preposicionadas
Grupo das orações
relativas preposicionadas
Editorial 5º lugar – 16 (10.7%) casos 2º lugar – 24 (23.5%) casos
Artigo de opinião 2º lugar – 26 (17.3%) casos 3º lugar – 22 (21.6%) casos
Crônica 4º lugar – 21 (14%) casos 1º lugar - 27 (26.7%) casos
Notícia 1º lugar – 36 (24%) casos 6º lugar – 05 (4.9%) casos
Carta de leitor 2º lugar – 26 (17.3%) casos 5º lugar – 10 (9.8%) casos
Anúncio 3º lugar – 25 (16.7%) casos 4º lugar – 14 (13.7%) casos
Tabela 24. Ranking de produtividade das orações relativas em relação aos gêneros
textuais dos grupos das orações não preposicionadas e preposicionada
A Tabela 24 evidencia que, no grupo das não preposicionadas, a ordem dos
gêneros textuais quanto à produtividade das orações relativas é notícia > carta do leitor /
artigo de opinião > anúncio > crônica > editorial; já a ordem dos gêneros textuais no
grupo das preposicionadas se modifica e se apresenta na seguinte sequência: crônica >
editorial > artigo de opinião > anúncio > carta de leitor > notícia. Para que se possa
analisar a relevância dessa constatação, o estudo retoma as hipóteses feitas na seção
2.2.2.3, que apresenta as variáveis independentes. Na referida seção, o trabalho, ao
121
propor a variável “gênero textual”, tem a finalidade de controlar o grau de
monitoramento e de formalidade dos gêneros do Jornal O Globo.
Desse modo, foi lançada a hipótese de que os gêneros textuais mais monitorados
e mais formais do veículo tendem a apresentar estruturas sintáticas mais elaboradas e
próximas das prescrições da gramática tradicional. É o caso, por exemplo, das orações
relativas preposicionadas. Também se lança a hipótese de que os gêneros textuais
menos monitorados e menos formais tendem a apresentar estruturas sintáticas mais
simples que não deixem de viabilizar sua proximidade com a norma gramatical como,
por exemplo, as orações relativas não preposicionadas.
Ao observar o ranking de produtividade, verifica-se que os gêneros textuais
editorial, artigo de opinião e crônica seriam altamente monitorados, uma vez que
apresentam estruturas sintáticas mais complexas – como altos índices de orações
relativas preposicionadas –, tendo seus empregos seguindo as orientações normativas da
gramática tradicional.
De outro lado, os gêneros textuais notícia, carta de leitor e anúncio seriam menos
monitorados, já que apresentam estruturas sintáticas mais simples – como elevado
número de orações relativas não preposicionadas – mas igualmente próximas da norma
gramatical, embora haja uma margem para se afastar dela (como ocorreu com as
cortadoras nos anúncios).
Voltando aos dados das Tabelas 23 e 24, as hipóteses citadas confirmam-se, pois
os 03 primeiros lugares de produtividade de orações relativas padrão preposicionadas
ocorrem nos gêneros tidos como expressões de possível formalidade: crônica > editorial
> artigo de opinião. Em termos percentuais, a diferença na produtividade das orações é
mínima nos respectivos gêneros: 26.5% > 23.5%> 21.6%.
No grupo das não preposicionadas, os três primeiros lugares de produtividade de
orações relativas são notícia > carta do leitor / artigo de opinião > anúncio. Em termos
percentuais, existe uma diferença entre a primeira posição e as duas últimas posições –
uma diferença de 6.7% –, pois há 24% de ocorrências de relativas nas notícias contra
17.3% de ocorrências em carta de leitor/artigo de opinião e 16.7% de ocorrência em
anúncios. Apesar do elevado percentual do artigo de opinião nesse grupo, os gêneros
textuais menos monitorados e formais tiveram maior produtividade de oração relativa
padrão não preposicionada. Isto porque, além de ser menos complexa sua produção,
possui uma forma estrutural mais neutra, sendo favorecida nesses gêneros textuais.
122
Retornando ao grupo das preposicionadas, as três últimas colocações ficaram,
respectivamente, com anúncio > carta de leitor > notícia, tendo os percentuais de 13.7%,
9.8% e 4.9%. Esse resultado sinalizaria que esses gêneros são menos monitorados e
menos formais, pois apresentam baixos percentuais de estruturas complexas, como, no
caso, orações relativas preposicionadas. As notícias, embora representem a voz do
jornalista, o que lhe atribui um caráter semiformal, primam pela objetividade que
facilite a interpretação das informações, o que pode favorecer a construção de estruturas
pouco complexas. As cartas de leitores e os anúncios nem sequer representam a voz do
jornal, o que lhes concede, por mais que possa haver controle do corpo editorial, maior
autonomia na expressão linguística.
Os últimos lugares, no grupo das não preposicionadas, ficaram com crônica >
editorial, tendo o percentual de 14% e 10.7%. Este resultado reafirma a constatação de
que são gêneros textuais mais monitorados, porque apresentam baixos índices de
orações relativas não preposicionadas.
Pode-se visualizar uma inversão na ordem de produtividade de construções
relativas padrão em relação ao grau de monitoramento/formalidade dos gêneros textuais
de cada grupo. No grupo das não preposicionadas, quanto menos monitorado/ formal é
o gênero textual, maior é a produtividade dessas orações. No grupo das preposicionadas,
quanto mais monitorado/formal, maior é a produtividade dessas orações.
Outro fato que corrobora tal constatação é a presença dos cinco dados de orações
relativas cortadoras exclusivamente em anúncios – vide Tabela 23 –, já que são
estruturas não padrão não licenciadas pela norma gramatical e são, portanto, evitadas
em textos mais monitorados e formais.
Para refinar a análise desses resultados sobretudo no que se refere ao
comportamento dos anúncios, o trabalho traz os pressupostos teóricos desenvolvidos no
artigo de Bonini (2003). Em seu artigo, o autor tem a finalidade de problematizar o
conceito e as propriedades – linguísticas, textuais, discursivas, socioculturais, etc. – do
gênero textual e, especificamente, dos gêneros textuais jornalísticos.
Ao consultar manuais de estilo, dicionários de comunicação e a literatura
acadêmica da área de comunicação, Bonini (2003) define anúncios publicitários como
um gênero textual periférico no domínio jornalístico, pois “estão relacionados a
propósitos sociais/comunicacionais que incidem sobre o jornal, como os de promover
produtos e pessoas, divertir, educar, cumprir normas legais, contratar pessoal, etc.”
(BONINI, 2003, p. 221). Nota-se que o estudioso desenvolve o conceito referido
123
fundamentando-se no “processo social e de linguagem em que ele está envolvido.
Tenta-se, desse modo, descrever o gênero pelo modo como ele funciona no jornal”
(BONINI, 2003, p. 222).
Em função disto, o presente trabalho constata que as propriedades textuais,
discursivas e socioculturais do anúncio publicitário permitem que ele seja um contexto
favorecedor de estruturas linguísticas e – em especial – estruturas sintáticas utilizadas
por falantes que muitas vezes estão alheios às normas prescritivas da gramática
tradicional (e, portanto, quase sempre as estruturas linguísticas usadas por eles não são
as mesmas contempladas pelo veículo), mas que interagem com o veículo de
comunicação.
O anúncio publicitário é um gênero textual que se distancia dos “gêneros
centrais no jornal – são aqueles que estão diretamente relacionados à organização e aos
principais objetivos sociais/comunicacionais do jornal (relatar, prever e analisar
acontecimentos)” (BONINI, 2003, p. 221) – porque se permite a ter uma relação mais
próxima com o leitor do veículo, uma vez que possui, dentre tantas finalidades, a de
convencer, persuadir o leitor a adquirir um produto, aderir a uma causa ou pensamento
em divulgação. Isso faz com que o gênero textual possua maior aderência e flexibilidade
aos usos linguísticos dos falantes, que, em sua maioria, são cerceados pela norma
gramatical que funciona no veículo.
Essa proposta pode ser confirmada neste trabalho quando é relacionada ao
resultado das 05 orações relativas não padrão cortadoras realizadas apenas no gênero
textual anúncio. Sendo um gênero textual que permite um maior vínculo interacional
com leitor, o anúncio presta-se a utilizar estruturas sintáticas não licenciadas pela norma
gramatical, somente para aproximar-se do leitor, cumprir sua finalidade textual de
divulgar o que está sendo anunciado e convencer o leitor de que aquilo que está sendo
anunciado é bom.
A seção 3.4, a seguir, apresentará os resultados comparativos entre dados da fala
e da escrita culta do PB.
3.4. Comparação dos resultados aos de outros estudos: dados de fala e escrita culta
do PB
Nesta seção, serão comparados os principais resultados das pesquisas que
descrevem e analisam o comportamento das estratégias de relativização na fala e na
escrita culta da variedade brasileira.
124
Primeiramente, com base no estudo de Pereira (2014) e em uma descrição
comparativa dos principais resultados de Tarallo (1983), Côrrea (1998) e Vale (2014),
busca-se evidenciar as características linguísticas da regra variável das estratégias de
relativização na modalidade oral culta do PB – seção 3.4.1. Posteriormente, são
apresentados e comparados os principais resultados da escrita culta brasileira obtidos na
amostra analisada por Corrêa (1998) com os resultados da análise da escrita culta
jornalística obtidos no presente estudo – seção 3.4.2.
Em seguida, será apresentada uma análise contrastiva dos resultados da fala e da
escrita culta, a fim de evidenciar como as estratégias de relativização se comportam nas
diferentes modalidade da língua – seção 3.4.3. Esses resultados serão apenas relativos
aos dados correspondentes ao grupo das preposicionadas, pois estes permitem observar
a atuação das três variantes linguísticas em questão – variante padrão e as variantes não
padrão cortadora e copiadora.
3.4.1. Resultados das estratégias de relativização na fala culta brasileira.
Nesta seção, apresenta-se um cotejo entre os resultados da frequência de uso das
estratégias de relativização em diversos corpora da fala culta do PB. Esses resultados
advêm dos estudos linguísticos acerca do fenômeno realizados por Tarallo (1983),
Corrêa (1998), Vale (2014) e Pereira (2014)18
. O trabalho pioneiro de Tarallo (1983)
apresenta a frequência de uso de informantes paulistas das diversas classes sociais,
incluindo a classe social alta. Corrêa (1998) observa o comportamento das estratégias de
relativização na fala culta das capitais Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e
Porto Alegre.
Vale (2014) preocupou-se em investigar a frequência de uso do fenômeno na
amostra de fala – “amostra do [+ letrado]” – de idosos maranhenses. Finalmente, Pereira
(2014) apresenta os dados quantitativos de cada estratégia de relativização na fala
fluminense – retirados do corpus Concordância.19
18
Para maiores detalhes acerca desses trabalhos, consultar o Capítulo 1 desta dissertação. 19
Os dados sobre a pesquisa de Pereira (2014) são retirados da amostra dos informantes do nível superior.
125
Autor Corpus PADRÃO CORTADORA COPIADORA TOTAL
Pereira
(2014)
RJ
(Concordância)
02 (5%)
38 (95%)
-
40
(100%)
Tarallo
(1983)
SP
14 (6.5%)
58 (78.5%)
19 (15%)
91
(100%)
Corrêa
(1998)
Cinco capitais
do
Projeto NURC
43 (35%)
80 (65%)
-
123
(100%)
Vale
(2014)
MA
Memórias de
velhos
[+ letrados]
90 (65%)
40 (29%)
08 (06%)
138
(100%)
Tabela 25: Distribuição das estratégias de relativização em estudos da fala culta
brasileira.
A Tabela 25 evidencia de forma comparativa os principais resultados das
pesquisas citadas. Em relação à variante padrão, pode-se observar a baixa ocorrência
nos percentuais obtidos em Pereira (2014) (5%) e em Tarallo (1983) (6.5%). Os
percentuais registrados em Corrêa (1998) e em Vale (2014) contrapõem-se mais
nitidamente aos dois primeiros percentuais tratados, pois apresentam, respectivamente,
35% e 64% de ocorrências da variante padrão. Vale (2014) justifica que esse alto
percentual é devido à peculiaridade do corpus, pois se constitui apenas de dados
produzidos por informantes de mais de 60 anos. Acredita que a ampliação do corpus
com dados de informantes mais jovens reduzirá o percentual de ocorrências da variante.
Se essa hipótese formulada pela autora estiver correta, pode-se revelar que, com o
passar do tempo, o uso da relativa cortadora deve ser cada vez mais implementado,
como o verificado no estudo com o corpus mais recentemente formado (nos anos de
2008 a 2010).
A variante cortadora apresenta alta frequência nos dados analisados em Pereira
(2014) – 95% –, Tarallo (1983) – 78.5% – e Corrêa (1998) – 65%, tendência não
verificada em Vale (2014), que identificou apenas 29% de ocorrências dessa variante
não padrão, conforme já se justificou. A variante não padrão copiadora apenas foi
encontrada nas pesquisas de Tarallo (1983) e Vale (2014), apresentando um baixo
percentual de 15% e 06%, respectivamente. Nos dados de Tarallo (1983), Corrêa (1998)
e Vale (2014), as estratégias de relativização a fala culta do PB constituem uma regra
variável, em termos de Labov (2003), já que as variantes padrão e não padrão cortadora
possuem uma alta frequência de uso em todos os corpora, evidenciando maior
frequência da variante cortadora em Tarallo (1983) e Corrêa (1998) – 78.5% e 65%,
126
respectivamente – e em Vale (2014) maior frequência da variante padrão (65%).A
variante não padrão copiadora possui uma baixa frequência de uso em todo corpora, já
que se ocorre apenas nas amostras de Tarallo (1983) e Vale (2014) – 15% e 06%
respectivamente.
Pereira (2014), entretanto, considera o comportamento das estratégias de
relativização na fala fluminense semicategórico, segundo Labov (2003), pois apresenta
um percentual de 94.7% de dados da variante não padrão cortadora e 5.3% da variante
padrão. Os resultados ficam, portanto, no limiar entre uma regra variável e uma regra
semicategórica na proposta laboviana. Verificando também a natureza qualitativa dos
dados, a autora estabelece o estatuto semicategórico da regra. A relativa cortadora é
praticamente a única produzida pelos falantes fluminenses, comprovando a hipótese
proposta por ela. As estruturas que formam expressões de tempo (hora que/ época que/
dia que), compreendidas, nesse estudo, como formas cristalizadas, constituem a maioria
dos dados.
Os resultados ora sintetizados condizem com o que Tarallo (1983) identificou
em seu estudo diacrônico acerca da implementação das estratégias de relativização no
PB nas peças teatrais dos séculos XVIII e XIX. Nesse estudo, o autor, além de apontar o
crescimento do uso das relativas cortadoras, já sinaliza a baixa frequência de uso da
variante não padrão copiadora, sendo considerada por ele uma variante marginal.
A próxima seção – 3.4.2. – apresentará a comparação entre os resultados de
pesquisas sobre a escrita culta brasileira.
3.4.2. Resultado das análises na escrita culta brasileira
Esta seção inicia-se apresentando os principais resultados das análises feitas pelo
presente estudo e por Corrêa (1998), considerando exclusivamente os percentuais gerais
das estratégias de relativização encontrados no grupo das preposicionadas. Os dados do
atual estudo são retirados dos gêneros textuais do Jornal O Globo e os dados de Corrêa
(1998) foram retirados de textos narrativos escritos por 05 universitários. A Tabela 26
explicita os percentuais encontrados para cada variante.
127
AUTOR CORPUS PADRÃO CORTADORA COPIADORA TOTAL
Estudo
atual
Jornal
O Globo
97 (95.1%)
05 (4.9%)
-
102 (100%)
Corrêa
(1998)
Narrativas
escritas por
universitários
05 (100%)
-
-
05 (100%)
Tabela 26. Distribuição das estratégias de relativização em estudos da escrita culta
brasileira
Ao comparar os dados que representam a escrita culta do PB, pode-se perceber
que há um maior percentual da variante padrão no grupo das preposicionadas, pois,
tanto no presente trabalho – 95.1% – quanto no estudo de Corrêa (1998) – 100% –, a
frequência de uso é praticamente categórica para a relativa padrão. Foram encontradas
apenas 05 ocorrências da variante não padrão cortadora nos dados do presente trabalho,
representando parcos 4.9% de frequência de uso na escrita culta do PB. Não houve
ocorrência da variante não padrão copiadora em ambos os corpora. Apesar da
disparidade dos corpora, os dados estão em consonância no que se refere à sinalização
do uso preferencial ou, mais do que isso, absoluto (se for considerada a natureza
específica dos dados de cortadora levantados na presente pesquisa) da variante padrão
na escrita culta do PB.
Em 3.4.3, serão expostos os resultados oriundos da análise contrastiva dos dados
de fala e escrita cultas brasileiras.
3.4.3. Resultado das análises contrativas da fala e escrita culta brasileira
Comparando-se os dados de fala e escrita cultas do PB tratados individualmente
nas seções anteriores, podem-se observar os seguintes resultados na Tabela 27:
Autor FALA ESCRITA
Corpus PA CORT COP T Corpus PA CORT. T. Pereira
(2014)
Concord.
02
(5%)
38
(95%)
- 40
(100%)
Tarallo
(1983)
SP
14
(6.5%)
58
(78.5%)
19
(15%)
91
(100%)
Corrêa
(1998)
Projeto
NURC
43
(35%)
80
(65%)
- 123
(100%)
Vale
(2014)
Memórias
de Velho
[+ letrado]
90
(65%)
40
(29%)
08
(06%)
138
(100%)
Corrêa
(1998)
Narrat.
de
universi.
05
(100%)
-
07
(100%) Estudo
atual
Jornal
O Globo
97
(95.1%)
05
(4.9%)
102
(100%)
Tabela 27. Resultado dos principais percentuais de frequência das estratégias de relativização de fala e
escrita cultas do PB.
128
Pode-se observar que os percentuais de uso da variante padrão, nas modalidades
oral e escrita, se opõem, já que sua frequência de uso na fala é menor – 5%, 6.5%, 35%
e 65%20
– do que na escrita – 100% e 95.1%. As frequências de uso da variante não
padrão cortadora em relação às modalidades expressivas também se contrapõem, pois
essa variante atinge um percentual maior na fala – 95%, 78.5%, 65% e 29% – do que
na escrita – apenas 4.9%. Em relação à variante não padrão copiadora, há que se
destacar a relevante diferença entre as modalidades: enquanto alguns estudos
apresentam na fala 15% e 6% de uso da variante, esta não é registrada em amostras da
escrita. Se for considerada a época da gravação das amostras, cabe observar que os
dados contemporâneos não registram a variante copiadora, o que sugere que esta
estratégia ocorra em contextos discursivos mais específicos.
Esses dados percentuais podem ser articulados ao modelo teórico proposto por
Stella Maris Bortoni-Ricardo (2005), que propõe ser adequado tratar a realidade
linguística brasileira consoante três continua que se entrecruzam: o continuum rural-
urbano, o de oralidade-letramento e o da monitoração estilística.
Como na presente pesquisa se apresenta o comportamento das estratégias de
relativização na fala e na escrita culta do PB, os resultados descritos podem ser
dispostos num continuum oralidade-letramento, considerando ao menos essa diferença
de modalidade. Levando em conta a superposição do grau de monitoramento e a
modalidade, visto que o nível de monitoramento é elevado na escrita jornalística e o da
fala estudada é de mediano a baixo, por se tratar de entrevistas sociolinguísticas
(contexto semiespontâneo), propõe-se, pelos resultados apresentados, a correlação entre
uso da variante padrão e evento de letramento. De fato, a variante padrão é bem
produtiva em níveis elevados de letramento monitorado, que vai decaindo quando o
contexto de produção é prototípico da fala, sobretudo a menos monitorada.. Ao
contrário, a produtividade da variante não padrão cortadora é elevada na extremidade da
oralidade e diminui ou até é extinta quanto mais a produção se aproxima do extremo do
letramento.
20
Cabe advertir a natureza específica da amostra em questão, constituída de entrevistas com idosos maranhenses.
129
+ Oralidade + + letramento
- Letramento - Oralidade
PADRÃO - -/+ +
CORTADORA + +/- -
COPIADORA -/+ -
Esquema 02: Escala de produtividade das variantes das estratégias de relativização no
continuum oralidade-letramento em alto nível de monitoramento no PB
O esquema 02 também ilustra o baixo rendimento percentual da variante não
padrão copiadora, uma vez que, no continuum de oralidade-letramento, há baixa
produtividade da variante no extremo da oralidade e vai se reduzindo até zero ao ser
observada no extremo do letramento, sobretudo em contexto [+ monitorado]. De modo
geral, ao que tudo indica, as estratégias de relativização na fala tendem a ter um
comportamento semicategórico, como propõe Pereira (2014), com opção preferencial
pela variante cortadora, ficando as outras opções restritas a contextos estruturais,
discursivos e sociais muito específicos – que necessitam ainda de ampla investigação.
De forma diferente, na escrita efetivamente jornalística há um comportamento
categórico (exceto nos anúncios – discurso publicitário dentro do veículo jornalístico –
com comportamento semicategórico, ao registrar algumas poucas ocorrências de
variantes cortadoras ligadas a construções temporais) para o uso da variante padrão. Na
seção a seguir – 3.5 –, será realizada uma breve análise sobre os juízos de valor dos
revisores do Jornal O Globo acerca das estratégias de relativização através da análise
dos dados retirados da coluna Autocrítica.
3.5. Os juízos de valor dos revisores do Jornal O Globo em relação às estratégias
de relativização
Como já mencionado, a finalidade desta seção é averiguar como a percepção
avaliativa dos revisores do Jornal O Globo interfere no comportamento das estratégias
de relativização na escrita culta jornalística. Em função disto, a subseção 3.5.1. discorre
sobre os conceitos de norma, segundo Faraco (2008), de crenças e atitudes linguísticas,
além de retomar os conceitos de indicadores, marcadores linguísticos e estereótipos (cf.
LABOV, 1972), para fundamentar os comentários relativos à revisão do jornal. Na
130
seção 3.5.2, serão efetivamente expostos os resultados da análise da coluna Autocrítica
em relação aos conceitos trabalhados na seção anterior.
3.5.1. As normas linguísticas que influenciam as crenças e atitudes
linguísticas do falante
Faraco (2008) define norma linguística, a efetivamente empregada, como
“conjunto de fatos linguísticos que caracterizam o modo como normalmente falam as
pessoas de certa comunidade, incluindo (...) os fenômenos de variação” (FARACO,
2008, p.40). Por abarcar valores socioculturais em suas formas linguísticas, pode-se
afirmar que a norma, idealmente construída no imaginário coletivo, é um critério de
identificação social, isto é, uma forma de reconhecimento social que o indivíduo possui
para se identificar e se agregar a um determinado grupo. Partindo dessas considerações
gerais sobre a noção de norma, Faraco (2008) preocupa-se em conceituar alguns tipos
de norma presentes em nosso cotidiano sociocomunicativo: norma culta, norma padrão,
norma gramatical e norma curta.
A primeira, a norma culta, diz respeito ao conjunto de fenômenos linguísticos
casualmente recorrentes na fala de indivíduos letrados em situações monitoradas nas
modalidades oral e escrita. Essa relação com os usos monitorados e com as atividades
de escrita conduz o falante a lhe atribuir uma valorização social positiva, sendo,
finalmente, marcada por um prestígio social.
Em relação à norma conhecida como padrão, o estudioso entende que não seja
efetivamente uma variedade de uso da língua, mas sim uma idealização de uma
variedade de uso da língua. Faraco (2008) determina que a norma padrão seja
“um constructo sócio-histórico que serve de referência para estimular um
processo de uniformização. (...) É uma codificação relativamente abstrata,
um baliza extraída do uso real para servir de referência, em sociedades
marcadas por acentuada dialetação, a projetos políticos de uniformização
linguística” (FARACO, 2008, p.73).
Outra norma que o estudioso tem a preocupação de delimitar é a norma
gramatical. Esta norma é produto das idealizações prescritivas de filólogos e de
131
gramáticos sobre os fenômenos linguísticos existentes na norma culta de uma língua e
são registradas em materiais didáticos tradicionais, como gramáticas e dicionários.
Ao designar, ainda, a norma curta, Faraco (2008) evidencia, nessa acepção, o
extremo radicalismo da norma culta padrão escrita, já que é a restrita visão linguística
fundamentada por um conjunto de preceitos arbitrariamente dogmáticos que impõe ao
falante “os usos corretos da língua” (cf. FARACO, 2008, p. 92). A chamada norma
curta não possui nenhuma base em estudos linguísticos, sendo resultado das
idealizações subjetivas de normativistas que incitam a cultura do erro.
Essas concepções de norma descritas por Faraco (2008) auxiliam na
compreensão da variação e da mudança dos usos linguísticos das comunidades de fala,
pois fundamentam a interpretação dos juízos de valor dos falantes sobre as variantes e
sobre quais variáveis linguísticas influenciam os usos dessas variantes. Em função
disso, as variantes podem ser categorizadas como variantes padrão – formas
linguísticas rotuladas com valor sociocomunicativo positivo, prestigiado pelos falantes
de uma comunidade – e variantes não padrão – formas linguísticas rotuladas com valor
sociocomunicativo negativo, estigmatizado pelos falantes de uma comunidade. Os
juízos de valor vinculados às variantes linguísticas acabam por fundamentar as
idealizações prestigiosas da norma culta e as idealizações estigmatizadoras das normas
populares21
que os falantes possuem.
Observar empiricamente se uma variante é considerada padrão ou não padrão é
um dos objetos de estudo sociolinguísticos fundamentados pelas reflexões geradas a
partir do postulado do problema da avaliação, de WLH (2006 [1968]). O problema da
avaliação fundamenta-se através da compreensão de que “o nível da consciência social é
uma propriedade importante da mudança linguística que tem que ser determinada
diretamente” (WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2006 [1968], p.124). A percepção
subjetiva de uma comunidade de fala sobre as variantes linguísticas não é estável, nem
sempre evidente e, muito menos, homogênea para toda comunidade. Isto porque o
significado social não é compartilhado do mesmo modo por todos os membros, visto
que os indivíduos, dependendo do seu pensamento avaliativo, dos gêneros textuais que
utilizam e das esferas ideológicas em que se enquadram, são condicionados a avaliar
diferentemente as variantes linguísticas.
21
Entendem-se como norma popular os hábitos, costumes linguísticos de comunidades de fala rurais e/ou de periferias urbanas, com falantes de nível de escolaridade e renda financeira baixas. Esses critérios adotados pelo estudo para definir este tipo de norma respaldam-se na contraposição dos critérios estabelecidos por Faraco (2008) para definir norma culta (cf. FARACO, 2008, p.43 - 71)
132
Assim, Labov (1972) identificou que há diversos níveis de percepção e
valoração social das variantes e os sistematizou em três conceitos – os estereótipos (de
“ampla avaliação”), os marcadores (de “avaliação mediana”) e os indicadores (“pouca
força de avaliação”) linguísticos. Variantes consideradas estereótipos linguísticos são
aquelas que contêm traços socialmente marcados de forma consciente. Monteiro (2002)
retrata que alguns estereótipos podem ser socialmente estigmatizados, conduzindo,
quase sempre, à mudança linguística rápida e à extinção da forma estigmatizada.
Existem também estereótipos que podem ter prestígio que varia de grupo para grupo,
podendo ser positivo para alguns e negativos para outros.
As variantes identificadas como marcadores linguísticos são aquelas que contêm
traços linguísticos social e estilisticamente estratificados, que podem ser diagnosticados
em certos testes de atitude / de avaliação, embora o julgamento social seja em um nível
intermediário de consciência. O emprego desse tipo de variante seria condicionado
sobretudo pelos contextos de menor ou maior monitoração estilística.
Já as variantes compreendidas como indicadores linguísticos são aquelas que
contêm
(...) traços linguísticos que apresentam uma distribuição regular nos
grupos socioeconômicos, étnicos ou etários, mas são utilizados pelos
indivíduos mais ou menos da mesma maneira em todos os contextos. (...)
são traços que se limitam a assinalar uma diversificação social, sem
interferência da avaliação subjetiva ou da alternância estilística.
(MONTEIRO, 2002, p.66 – 67)
Como a citação acima retrata, a variante caracterizada como indicador
linguístico revela a inconsciência avaliativa do falante ao usá-la. As avaliações dos
traços linguísticos – estereótipo, marcador e indicador – são resultantes da
heterogeneidade dos juízos de valor dos membros de uma comunidade de fala que tanto
reflete como produz a estratificação social. Essas avaliações também refletem o que
Santos (1996, apud CYRANKA, 2011) compreende como crenças e atitudes
linguísticas. Para ele, a crença define-se como:
(...) uma convicção íntima, uma opinião que se adota com fé e certeza.
(...) Já atitude seria uma disposição, propósito ou manifestação de
intento. Tomando atitude como manifestação, expressão de opinião ou
133
sentimento, chega-se à conclusão de que nossas reações frente a
determinadas pessoas, a determinadas situações, ou coisas. (SANTOS.
1996, apud CYRANKA, 2011)
Pode-se perceber que a crença é o que norteia a atitude linguística de uma
comunidade de fala, já que os posicionamentos do juízo de valor do indivíduo ou de
uma comunidade de fala se concretizam através de ações e reações linguísticas e sociais
negativas ou positivas. Em sua tese de doutorado, Esteves (2008) concebe atitude
linguística como “estado mental de predisposição em relação a formas/estruturas
linguísticas em um sistema, que lhes pode ser favorável, desfavorável ou, ainda, neutro,
que pode ser relativamente estável e que pode ter origem em comportamentos coletivos”
(ESTEVES, 2008, p. 92). Assim, a pesquisadora constata que uma atitude pode originar
ou reprimir atos/ações linguísticas dependendo do ambiente sociolinguístico.
Os usos das formas linguísticas estão passíveis tanto de avaliação social, quanto
da avaliação individual, podendo assumir uma significação social que age no nível da
consciência do usuário e na construção de seus discursos. Desta forma, a avaliação
subjetiva passa pelo plano das percepções e reações, mais ou menos conscientes, da
comunidade de fala.
Os conceitos debatidos nesta seção serão aplicados, a seguir, na análise dos
dados retirados da coluna Autocrítica do Jornal O Globo.
3.5.2. Análise da autocrítica do Jornal O Globo
Após o debate conceitual apresentado na seção anterior, o presente estudo
hipotetiza que as crenças e atitudes linguísticas tanto dos jornalistas como dos revisores
afetam o comportamento dos dados verificado, quanto ao uso praticamente categórico
da estratégia de relativização do tipo padrão, e são fundamentadas sobretudo nas
orientações oferecidas pela norma padrão gramatical. Assim, a partir da norma
gramatical fundamenta-se a construção da norma padrão culta escrita idealizada e
compartilhada pelos escritores que trabalham na Editora do jornal e esta, por sua vez,
orienta as crenças linguísticas dos escritores sobre os fenômenos da variedade brasileira.
É a partir das crenças linguísticas de cada jornalista que as atitudes linguísticas
vão ser refletidas nas escolhas das variantes utilizadas nos textos por ele produzidos,
134
gerando a norma culta em uso na escrita. Essa “regulação” das escolhas das variantes
por parte do escritor faz com que um fenômeno que assuma um comportamento
específico na modalidade oral em uma direção seja tratado como categórico na escrita
jornalística em outra direção. Tais reflexões já vêm sendo apresentadas ao longo de todo
capítulo 03, mas é nesta seção que se poderá observar com mais propriedade a atuação
da “regulação das atitudes linguísticas” na escrita culta jornalística, ao serem analisadas
as prescrições feitas pelos revisores do próprio jornal.
Como já descrito na seção 2.2.1.2, as colunas autocríticas publicadas pelo Jornal
O Globo têm a finalidade de identificar e corrigir as “falhas de escrita” realizadas pelo
próprio jornal em edição anterior, demonstrando, assim, o que considera “os usos
corretos” da escrita do português brasileiro. Essas correções revelariam o conjunto de
regras integrantes da norma padrão idealizada por esses profissionais, que, por sua vez,
são frequentemente fundamentadas nas orientações da norma gramatical.
Ao observar quais seriam “as falhas de escrita do português” consideradas pelo
revisor, foram encontrados os seguintes fenômenos, a seguir dispostos consoante o
número de ocorrências verificado – Tabela 28.
Fenômeno Linguístico OCORRÊNCIAS
1º lugar - Ortografia 117 ocorrências
2º lugar – Regência verbo-nominal 105 ocorrências
3º lugar – concordância verbo-nominal 57 ocorrências (39 verbais e 28 nominais)
4º lugar - Erro de digitação 56 ocorrências
5º lugar – Colocação pronominal 26 ocorrências
6º lugar
Pontuação
Erro no emprego / emprego
inadequado do pronome
Foram encontrados 18 ocorrências em cada
fenômeno.
7º lugar
Coerência textual
Erro na forma verbal
Foram encontrados 17 ocorrências em cada
fenômeno.
8º lugar – Relativização não padrão 18 ocorrências
9º lugar – Coesão textual 04 ocorrências
10º lugar – Ordem dos constituintes 03 ocorrências
11º lugar – Mau estilo (eco, falta de elegância,
uso de modismo)
02 ocorrências
12º lugar
Emprego inadequado do vocábulo.
Variação entre “Ter/Haver” (no
sentido de existir).
Mistura de tratamento.
Mau uso do particípio
Foi registrada 01 ocorrência de cada
Tabela 28. Fenômenos que revelariam “falhas na escrita jornalística” citados pela coluna
Autocrítica, segundo a ordem de número de ocorrências.
135
A Tabela 28 demonstra, de imediato, o rigor avaliativo dos revisores na própria
natureza dos temas citados, pois fenômenos como a variação entre os verbos “ter” e
“haver” com sentido existencial – tão produtiva na fala do PB – são considerados “falha
de português” pelo revisor do jornal. Em relação às estratégias de relativização, o
revisor também considera as variantes não padrão inadequadas à escrita a ser praticada
pelos jornalistas, tanto que o número de ocorrências das variantes é de 10 registros, o
que posiciona o fenômeno em estudo na 8ª posição no ranking das “falhas de português”
verificadas em edição anterior do jornal.
Excluindo “os erros de português” de natureza ortográfica (1º), de digitação (4º)
e textual (6º e 7º) , o fenômeno em estudo – as estratégias de relativização – sobe quatro
posições, alcançando o 4º lugar das “falhas de escrita” não toleradas pelo revisor do
jornal. Essa constatação evidencia quanto este fenômeno é censurado pelo juízo de valor
do revisor. Observando mais detalhadamente os resultados da coluna em análise,
constatou-se, ainda, que os 18 registros relacionados ao tema foram identificados nas
seções do Caderno Geral – 12 ocorrências –, no Caderno de Esportes – 05 ocorrências e
no Segundo Caderno – 01 ocorrência. Em (86a – d), apresentam-se alguns exemplos
retirados da Autocrítica que fazem menção a “falhas” retiradas do Caderno Geral.
(86) a) Na página 5 [Caderno Geral] de ontem: “Nova ossada é encontrada na região
do Araguaia.” “A hipótese que se trabalha é que as ampolas estariam em poder...” Erro
de regência no emprego do relativo. Certo: “A hipótese com que se trabalha é que as
ampolas estariam em poder...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 30/08/11.
b) Na página 2 de ontem [Caderno Geral]: “Panorama Político/190 milhões de
vítimas.” “O descaso que as autoridades brasileiras e americanas trataram o
assunto faz com que todos nós, brasileiros, sejamos prejudicados”, diz o enunciado.”
Falta do “sic” ou erro de regência no emprego do relativo. Certo: “O descaso com que
as autoridades brasileiras e americanas trataram o assunto faz que todos nós...”. –
seção autocrítica do jornal O Globo, data: 09/10.
c) P. 15 [Caderno Geral]: “Regras de etiqueta na discussão ambiental”. “A
limitação do tempo que cada pessoa poderá dispor para falar revela um certo
autoritarismo.” Falta do “sic” ou erro de regência. Certo: “... de que cada pessoa...”
– seção autocrítica do jornal O Globo, data: 27/08/11.
d) Na página 3 [Caderno Geral] de ontem: “Uma conta que não fecha”. “... para
que o Congresso decida qual é o modelo de política que o país precisa, levando em
conta a realidade...” Falta de “sic” ou erro de regência. Certo: “... qual é o modelo de
política de que o país precisa...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 14/02/12.
136
Esses exemplos (86a – d), que apresentam o pronome relativo “que”, recebem
avaliação negativa do revisor devido à realização da variante não padrão cortadora.
Segundo os comentários do revisor, trata-se de “Erros de regência no emprego do
relativo” ou como “Falta do “sic” ou erro de regência”. Por essa razão as estruturas são
imediatamente substituídas por suas respectivas variantes padrão, sendo reescritas pelo
revisor. Essa substituição também ocorre em (87a – b), em que o pronome relativo
exerce respectivamente a função sintática de complemento relativo.
(87) a) Na página 4 [Caderno Geral]: “Dilma deve definir sucessor de Negromonte ao
voltar de Cuba.” “... um suposto dossiê com processos que familiares de Aguinaldo
Ribeiro responderiam na Justiça.” Erro de regência. Certo: “... com processos a que
familiares...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 02/02/12
b) Na página 4 [Caderno Geral] de ontem: “A juventude rejeitada no mercado de
trabalho.” “Nem sempre é o emprego que você gosta” Principalmente por ser fala, erro
de regência no emprego do relativo. Certo: “Nem sempre é o emprego de que você
gosta.” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 17/08/10
Em relação ao exemplo (87b), o revisor faz um comentário crítico sobre a
construção sintática corrigida – “Principalmente por ser fala, erro de regência no
emprego do relativo” – numa tentativa de reforçar a correção da estrutura sintática
identificada como “falha de português”. Tal comentário, por não ser formado por uma
explicação mais fundamentada em conhecimentos gramaticais, torna-se não substancial
para justificar a correção e substituição da oração em análise. Na realidade, exatamente
por se tratar de fala, a variante cortadora seria a opção preferencial, e não o contrário.
Em (88a – c), são trazidas do Caderno de Esportes as ocorrências da variante não padrão
cortadora sendo substituída pelo revisor pela variante padrão.
(88) a) Na página 1 do Caderno de Esportes: “Dever de casa feito.” “No dia que
jogador de qualidade não puder jogar, eu paro.” Erro de regência. Certo: “No dia em
que jogador de qualidade não puder jogar, eu paro.” – seção autocrítica do jornal O
Globo, data: 08/03/12.
b) Na primeira página do caderno de Esporte: “Perto de mais uma decisão, lugar
que o time do Vasco não pode sair...” Erro de regência no emprego do relativo. Certo:
“Perto de mais uma decisão, lugar de que o time do Vasco não pode sair...” ou “Perto
de mais uma decisão, lugar de onde o time do Vasco não pode sair...” – seção
autocrítica do jornal O Globo, 14/05/11.
137
c) Na página 4 do Caderno Esportes de ontem: “Atuações/Flamengo/Bottinelli.”
“... e complicou jogadas que poderia ser mais simples. Erro de concordância ou de
regência. Certo: “... e complicou jogadas que poderiam ser mais simples.” Certo: ... e
complicou jogadas em que poderia ser mais simples.” – seção autocrítica do jornal O
Globo, data: 30/08/2011.
Em (88a), o pronome relativo está desempenhando função sintática de adjunto
adverbial e, por articular uma oração relativa construída pela variante não padrão
cortadora, é repetido em uma oração relativa formada pela variante padrão, para que
haja a correção da falha de português.
Em (88b), o revisor propõe duas alternativas de correção da variante não padrão
cortadora: a primeira é formada pela variante padrão encetada pelo pronome relativo
“que” e a segunda é formada pela variante padrão encetada pelo advérbio relativo
“onde”..
Em (88c), a oração relativa não padrão cortadora também possui duas
alternativas de correção. Isto porque, além da possibilidade de substituir a variante não
padrão pela variante padrão, há a possibilidade de substituir a concordância verbal do
predicador da oração relativa não padrão. Colocando o predicador da relativa no plural,
de acordo com a norma gramatical, a variante não padrão se tornaria uma variante
padrão, visto que se admitira ser o pronome “que” o sujeito da oração.
Foram identificados 04 casos em que as orações relativas livres são substituídas
pela variante padrão finita, uma vez que há a tentativa de recuperar a regência verbal
dos predicadores das respectivas orações. Em (89a – d), respectivamente, os
articuladores desempenham função sintática de complemento relativo (89a – b) e
complemento nominal (89d):
(89) a) P. 7 [Caderno Geral] (...): Adiante: “A vida depois da escuridão”. “Elaine se
sentiu traída por quem mais havia confiado.” Erro de regência. Certo: “... por aquele
em quem mais havia confiado.” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 11/08/11.
b) Na página 4 de ontem [Caderno Geral]: “Educação, um direito até dentro do
hospital.” “Além das luvas e do jaleco descartáveis, tudo o que ela precisa está dentro
de uma cesta abarrotada de material escolar...” Erro de regência no emprego do
relativo. Certo: “Além das luvas e do jaleco descartáveis, tudo o de que ela precisa está
dentro de uma cesta abarrotada de material escolar...” Ou então: “Além das luvas e do
jaleco descartáveis, tudo aquilo que ela precisa está dentro de uma cesta abarrotada de
material escolar...” Ou melhor: “Além das luvas e do jaleco descartáveis, tudo o que ela
precisa usar está dentro de uma cesta abarrotada de material escolar...” – seção
autocrítica do jornal O Globo, data: 11/10/2011.
138
c) Na página 4 [Caderno Geral]: “Opinião/Grande irmão”. “Além de decidir o
que a família assistirá na telinha, o poder público estará atento a tapinhas e beliscões
pedagógicos de pais nos filhos.” Erro de regência. Certo: “Além de decidir aquilo a
que a família...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 17/12/11.
d) P. 2 [Caderno de Esportes]: “Na volta, churrasco...” “Família de Fabiana
Murer diz que recepção à campeã mundial do salto com vara será com o que mais sente
falta quando está...” Erro de regência no emprego do relativo. Certo: “Família de
Fabiana Murer diz que recepção à campeã mundial do salto com vara será com aquilo
de que mais sente falta quando está...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data:
01/09/11.
Também foram considerados como falhas de Português 02 casos de estratégias
de esquiva do uso do relativo “cujo” que estão no exemplo (90a – b). Em (90a),
observa-se que o jornalista escreve, segundo os moldes propostos pela norma
gramatical, de forma correta, já que a construção sintática “alguns até nem sabiam o
nome” não apresenta qualquer suposto problema. Mas, ao ler o comentário crítico do
revisor: “Erro na construção com o pronome relativo”, nota-se que a norma padrão que
inspira este profissional cerceia a norma padrão que fundamenta a escrita do jornalista,
uma vez que propõe a construção sintática que pode ser formada pelo relativo “cujo”.
(90) a) P.5 [Caderno de Esportes]: “Dilma promete ampliar o Bolsa Atleta.” “...
fizeram questão de tirar fotos com os vencedores, alguns até nem sabiam o nome.”
Erro na construção com o pronome relativo. Certo: “...fizeram questão de tirar fotos
com os vencedores, até com alguns cujos nomes nem sabiam. – seção autocrítica do
jornal O Globo, data: 11/11/11
b) Na página 3 do Segundo Caderno: “Humor maduro, mas sem perder a graça”.
“Foi um filme que, quando li o roteiro, percebi uma ideia que nunca havia sido
explorada e que era muito universal”. Erro de regência no emprego do relativo. Certo:
“Foi um filme em que... – seção autocrítica do jornal O Globo, 29/06/11.
Em (90b), a estratégia de esquiva do jornalista foi realizada através do uso da
variante não padrão cortadora e o revisor o corrige , apelando para o uso da preposição
“em”, que parece ser cada vez mais a forma preferida para atribuir ao texto um aspecto
de correto. É curioso observar, entretanto, que a correção do revisor não atende
plenamente ao que costuma ser proposto pela própria norma gramatical, gerando o que
poderia ser considerado por alguns outra “falha de português”. Como o termo
139
relativizado exerce a função sintática de adjunto adnominal, ele constitui o contexto
próprio para ser articulado pelo pronome relativo “cujo”, a fim de formar uma variante
padrão (como “foi um filme em cujo roteiro percebi ...”). Este exemplo evidencia
claramente como as estruturas sintáticas são diretamente afetadas pelos juízos de valor
dos falantes, no caso dos jornalistas e revisores.
Na realidade, tanto o jornalista, quanto o revisor têm como ponto de partida, em
suas concepções de norma padrão, aquilo que consideram correto para ser escrito em
um jornal de grande circulação. Para o primeiro profissional, o uso da variante não
padrão já passa despercebido mesmo na escrita culta jornalística do PB; todavia, o
segundo, em seu exercício consciente e ultramonitorado de revisão, cerceia o uso da
variante não padrão, corrigindo com uma estrutura sintática que, de acordo com a norma
padrão por ele idealizada, não condiz literalmente com que é prescrito pela norma
gramatical.
Foram encontrados, ainda, 01 caso de ambiguidade sintática gerada pelo “mau
uso do pronome relativo” (91a) e 01 caso de aparente erro de digitação, pelo acréscimo
do acento grave, que gerou um problema sintático na construção da oração relativa
(91b). Finalmente, foi encontrado 01 caso adicional em que o uso do pronome relativo
foi criticado e corrigido pelo revisor (91c).
(91) a) Na página 7 [Caderno Geral] de ontem: “Ano novo, velhos hábitos”.
“Registro, com pesar indivisível, a morte de Daniel Piza, que lia e admirava.” Mau
uso do relativo/ambiguidade: quem lia e admirava? Eu ou o Daniel? Melhor:
“Registro, com pesar indivisível, a morte de Daniel Piza, a quem lia e admirava.” –
seção autocrítica do jornal O Globo, data: 05/01/12.
b) Na página 3 [Caderno Geral] de ontem: “Não há crise no Judiciário”. “E é o
que, desde as origens, tem feito a magistratura como instituição, à qual foi a primeira
a criar, há séculos, as corregedorias.” Mau uso do acento grave. Certo: “... a qual foi
a primeira...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 03/02/11
c) P. 16 [Caderno Geral]: “Opinião/Falta de respeito.” “O costume de empregar
(...) é, no mínimo, desrespeito ao contribuinte, quem paga os impostos.” Erro no
emprego do pronome. Certo: “O costume de empregar (...) é, no mínimo, desrespeito ao
contribuinte, que paga os impostos.” – seção autocrítica do jornal O Globo, data:
09/06/11
140
É interessante frisar que as ocorrências passíveis de correção são da variante não
padrão cortadora. Tal fato reafirma os dados percentuais expostos e analisados nas
seções anteriores sobre a variante não padrão copiadora, que seria uma forma pouco
produtiva e utilizada na fala em contextos linguísticos muito específicos (cf.
MOLLICA, 1977; TARALLO, 1983; CORRÊA, 1998; ABREU, 2013; VALE, 2014),
que ainda precisam ser bem mapeados pelas investigações linguísticas.
Outro fato interessante é o modo como o revisor se refere aos dados de variantes
não padrão cortadoras, já que ele as interpreta como problema de regência e não como
uma legítima alternativa de relativização do termo antecedente. Isto evidencia a
influência da norma gramatical na norma padrão que norteia a escrita culta do Jornal O
Globo, já que a Tradição Gramatical não reconhece as variantes não padrão copiadora e
cortadora – assim como usualmente (exceção a Rocha Lima) não discute o
comportamento das chamadas orações relativas livres – e, quando as identifica,
imediatamente as rotula como desvio da língua – muitas vezes falada (como se os
fenômenos variáveis na modalidade oral não exibissem sistematização linguística).
Focalizando essa discussão teórica para as estratégias de relativização, observa-
se que os revisores (e talvez, seguindo a mesma tendência, muitos jornalistas) possuem
um juízo de valor depreciativo sobre a variante não padrão cortadora (e, por extensão,
sobre a copiadora, avaliada usualmente como mais estigmatizada), uma vez que suas
crenças sobre essa estrutura, respaldadas nas prescrições gramaticais, fazem com que
assumam uma atitude de desvalorização, tratando-as como “erros de escrita” que devem
ser corrigidos com a substituição pela variante padrão – legitimada pela gramática
tradicional.
Apenas o discurso publicitário inserido no veículo jornalístico, nos dados
analisados, não assumiria supostamente a mesma avaliação, visto que registra alguns
dados da estratégia cortadora. Ao que parece, o publicitário admite que essa variante
seja viável em contextos menos monitorados, como o do anúncio, e possivelmente o
aproxime mais de seu público consumidor, que, como demonstram os estudos da fala
brasileira, sobretudo os que se valem de dados contemporâneos, utiliza vastamente tal
estratégia.
Com base nas reflexões propostas nesta seção, pode-se supor que, em se tratando
da escrita culta brasileira, a variante padrão é altamente valorizada, configurando, para
os revisores, mais do que um marcador, uma espécie de estereótipo com valoração
141
positiva. Faz-se uso consciente e monitorado dessa variante, como única opção viável
para os gêneros efetivamente jornalísticos. Para os jornalistas em geral, a variante
padrão é considerada do mesmo modo já descrito ou, no máximo, constitui um
marcador, uma opção conscientemente eleita para contextos monitorados.
Quanto às variantes não padrão, ambas – cortadora e copiadora – são
interpretadas como formas linguísticas marcadas pejorativamente que podem ser
caracterizadas como estereótipos negativos, usos estigmatizados pela norma padrão para
a escrita jornalística. Esta afirmativa pode ser feita, pois essas variantes – que não são
frequentes ou nem se registram – e, quando aparecem, são interpretadas como “erro de
português” e são substituídas pela variante padrão. Tal avaliação, entretanto, não
impede que a variante não padrão cortadora apareça, embora seja corrigida, em alguns
textos do Caderno Geral e dos Esportes, denunciando que, para alguns jornalistas, essa
forma já soa natural ou escape mesmo na escrita. Ademais, essa forma aparece e fica
registrada em determinados gêneros textuais como os anúncios publicitários que –
apesar de ser um gênero textual jornalístico periférico (cf. BONINI, 2001, 2003) –
compõe a estrutura textual do veículo. Nesse caso, a interpretação da variante é
compatível com a de um marcador, variante a que se recorre em função do grau de
monitoração estilística em questão.
142
CONCLUSÃO
Dentre os vários fenômenos que retratam o caráter heterogêneo que caracteriza
as línguas do mundo, o presente estudo ocupou-se das estratégias de relativização. A
fim de observar como o caráter variável da língua pode se manifestar nos usos da
comunidade de fala, o trabalho desenvolveu os seguintes problemas acerca das
estratégias de relativização:
1. Qual é o comportamento das estratégias de relativização na modalidade escrita culta da
língua, em particular, na escrita jornalística do português brasileiro representada em
exemplares do jornal carioca O Globo?
2. Quais são os fatores linguísticos e extralinguísticos que influenciam na variação do
fenômeno na modalidade escrita?
3. Comparando-se os resultados obtidos para a escrita culta a dados da modalidade oral
apresentados em outras pesquisas sobre as estratégias de relativização, o fenômeno
apresenta o mesmo comportamento?
4. Os juízos de valor dos falantes acerca das estratégias de relativização – no caso dos
revisores/jornalistas do jornal O Globo, expressos na coluna de revisão linguística das
edições anteriores – interferem no comportamento linguístico quanto a esse fenômeno?
Partindo dos problemas lançados, desenvolveu-se a finalidade de observar o
comportamento das estratégias de relativização na escrita culta jornalística brasileira.
Além disso, observou-se o comportamento do fenômeno na fala culta através do cotejo
de diversas pesquisas com os resultados obtidos no atual trabalho. Finalmente, foi
averiguada a avaliação do revisor/jornalista acerca das estratégias de relativização.
Após a realização do estudo partindo dos problemas expostos, evidencia-se que,
na escrita culta efetivamente jornalística, o comportamento das estratégias de
relativização é categórico, segundo Labov (2003). A variante padrão foi a única
detectada no corpus, exceto no anúncio publicitário, que, tomado em conjunto aos
demais gêneros, faz o corpus assumir um comportamento semicategórico, pois
apresenta uma variação de 95.1% – variante padrão –, 4.9% da variante cortadora e
nenhuma ocorrência da variante copiadora.
As únicas cinco ocorrências da variante cortadora em anúncios publicitários,
além de serem em número muito reduzido, restringem-se, em termos qualitativos, a
estruturas temporais (do tipo um dia que, o mês que, o tempo que). Esses resultados
143
ratificam a não variação do fenômeno no corpus. Ademais, deve-se considerar que esse
gênero textual, de acordo com Bonini (2001, 2003), é periférico no domínio
jornalístico, pois os anúncios “estão relacionados a propósitos sociais/comunicacionais
que incidem sobre o jornal, como os de promover produtos e pessoas, divertir, educar,
cumprir normas legais, contratar pessoal, etc.” (BONINI, 2003, p. 221).
Ao comparar os dados com os percentuais gerados na análise da escrita
universitária apresentada em Corrêa (1998), percebe-se a sinalização de que o
comportamento das estratégias de relativização também tende a ser categórico na escrita
culta universitária, pois todas as ocorrências – 05 (100%) dados – são formadas pela
variante padrão.
Segmentados os dados em grupo das não preposicionadas – construções em que
o articulador desempenha função de sujeito e objeto direto – e grupo das
preposicionadas – construções relativas em que o articulador desempenha função
oblíqua, o trabalho, reformulando o segundo problema em função de não haver variação
no corpus, realizou uma análise qualitativa de cada grupo através do controle das
variáveis independentes que serviram à delimitação das estruturas relativas prototípicas.
Considerando a detalhada descrição das ocorrências de relativas não
preposicionadas, todas do tipo padrão, foi possível destacar as características mais
produtivas dessas construções. Quanto aos termos antecedentes, verificou-se que estes
costumam desempenhar funções sintáticas mais encaixadas em relação aos predicadores
da oração principal e contêm o feixe de traços [-humano]/[+específico]. A distância da
oração relativa em relação ao elemento nuclear do termo antecedente é rara no processo
de relativização. O pronome relativo “que” e os verbos transitivos diretos na oração
relativa integram a maioria dos dados do grupo das orações não preposicionadas, que se
distribuem, quase que proporcionalmente, pelos gêneros textuais em estudo.
No grupo das preposicionadas, 97 (95.1%) do tipo padrão e 05 (4.9%) do tipo
cortadora, destacam-se, aqui, os principais resultados e as características mais
produtivas dessas construções. No que se refere aos termos antecedentes, pôde-se notar
que também costumam desempenhar funções sintáticas mais encaixadas aos
predicadores da oração principal e contêm o feixe de traços [-humano]/[+específico]. A
distância da oração relativa em relação ao elemento nuclear do termo antecedente é
discretamente maior no processo de relativização. Apesar do grande número de orações
relativas encetadas pelo pronome relativo “que”, o quadro pronominal apresentou-se
144
bem diversificado. Os verbos transitivos diretos na oração relativa integram a maioria
dos dados do grupo das orações preposicionadas, que também se distribuem, quase que
proporcionalmente, pelos gêneros textuais em estudo.
Em relação à fala culta brasileira, a comparação realizada entre os resultados da
presente investigação e os verificados em outros estudos permitiu verificar que o
fenômeno se realiza de forma diferente dependendo da amostra que está sendo
analisada. Em Tarallo (1983), Corrêa (1998) e Vale (2014), a regra relativa às
estratégias de relativização é variável, posto que se encontra uma considerável
frequência de uso da variante cortadora – 78.5% e 65%, respectivamente, em Tarallo
(1983) e Corrêa (1998) –, mas pouca frequência em Vale (2014) – 29%. Além disso,
verificam-se, em trabalhos com amostras mais antigas, certo número de ocorrências da
variante copiadora, encontrada apenas em Tarallo (1983) e Vale (2014): 15% e 06%,
respectivamente.
Na amostra de Pereira (2014), contudo, pode-se afirmar que o comportamento
das estratégias de relativização na fala fluminense contemporânea (dados coletados
entre 2008 e 2010) é semicategórico, de acordo com Labov (2003), pois apresenta um
percentual de 94.7% de dados da variante não padrão cortadora e 5.3% da variante
padrão (do tipo qualitativamente específico, com expressões lexicalizadas). Os
resultados ficam, portanto, no limite entre uma regra variável e uma regra
semicategórica na proposta laboviana.
Atendendo ao quarto e último problema investigado no presente trabalho, que se
ocupa da análise dos comentários apresentados na Coluna Autocrítica do Jornal O
Globo, o estudo demonstra que o revisor/jornalista avalia as construções relativas não
padrão como formas linguísticas estereotipadas, pois a variante padrão, que é
massivamente usada, é a única forma aceita para realizar o processo de relativização,
enquanto as variantes não padrão cortadora e copiadora são formas rejeitadas pelo
revisor/jornalista. Assim, a variante padrão pode ser compreendida como uma forma
estereotipada positivamente – uma estrutura tomada conscientemente como
representativa do bom uso da norma padrão, aquela que atende a padrões ideais
relacionados à regência do verbo das orações relativas – e as variantes não padrão
cortadora e copiadora são formas estereotipadas negativamente na modalidade escrita.
Considerando o uso geral das estratégias por falantes cultos, na fala e na escrita, pode-se
conceber a alternância entre variante cortadora e padrão como forte marca de letramento
145
sobretudo em situações de monitoração estilística, o que permite interpretar a variante
padrão como um marcador linguístico.
Espera-se que este trabalho tenha contribuído para o aumento de informações
sobre as estratégias de relativização e sobre as normas linguísticas de uso em diferentes
modalidades do PB. Também se espera que todas as considerações feitas acerca dos
juízos de valor sobre as estratégias de relativização contribuam para o desenvolvimento
de futuras pesquisas sobre o tema, com metodologia apropriada no âmbito da
investigação de crenças e atitudes (como a de testes), a fim de observar e sistematizar a
influência do problema da avaliação (cf. LABOV, 1972) sobre a variação dos
fenômenos de uma determinada língua.
O estudo sinaliza, ainda, a importância de que se realizem pesquisas não só
sobre as estratégias de relativização, como também sobre outros fenômenos linguísticos
do português brasileiro – e, ainda, das demais variedades do português: europeu,
africano e asiático – em suas diversas modalidades e normas. No âmbito do tema das
estratégias de relativização, a continuidade da pesquisa em gêneros textuais distintos,
tanto da escrita quanto da fala, será fundamental para que se trace uma espécie de
contínuo oralidade-letramento associado ao de monitoração estilística, nos termos de
Bortoni-Ricardo (2005). Com base nesses contínuos, será possível estabelecer os
contextos sociocomunicativos em que, possivelmente, o caráter (semi-) categórico não é
efetivo, e, ainda, aqueles em que se concretize a variante copiadora (que precisa ter seus
contextos de uso descritos), não encontrada no corpus escrito investigado no presente
trabalho, nem em amostra de fala contemporânea (como a investigada por Pereira,
2014).
Esse sistemático mapeamento das singularidades que constituem os fenômenos
da língua portuguesa permitirá ao pesquisador identificar com mais precisão que fatores
linguísticos e extralinguísticos são decisivos para que, num corpus, um fenômeno seja
considerado uma regra variável, mas em outro corpus seja caracterizado como uma
regra categórica aos moldes de Labov (2003).
Dominar de forma segura a percepção de quais são os contextos favorecedores
para delinear o comportamento de um determinado fenômeno – no caso deste trabalho,
das estratégias de relativização – facilitará a exploração tanto acadêmica, quanto escolar
da língua portuguesa e, com isso, fundamentará conhecimentos linguísticos para ensino
e pesquisa das diferentes variedades do português.
146
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152
ANEXOS
ANEXO 01 – Dados do grupo das construções relativas não preposicionadas
retirados do jornal O Globo
<1> A Petrobrás investe em inovação e tecnologia porque acredita no futuro
do Brasil e de todos nós. O pré-sal é uma realidade que já acontece em nossas vidas,
com mais empregos para os brasileiros, força para a economia nacional e mudanças para
um País que só faz crescer. Esse é o presente para quem está aqui e agora. (...). – Jornal
O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda da Petrobrás, Caderno Geral,
p.17
<2> A Petrobras investe em inovação e tecnologia porque acredita no futuro
do Brasil e de todos nós. O pré-sal é uma realidade que já acontece em nossas vidas,
com mais empregos para os brasileiros, força para a economia nacional e mudanças para
um País que só faz crescer. Esse é o presente para quem está aqui e agora. (...). – Jornal
O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda da Petrobrás, Caderno Geral,
p.17
<3> O mundo está cheio de boas intenções e pouca ação. Muitas instituições
que prestam assistência médica e social à população são negligenciadas pelo poder
público. (...) – Jornal O GLOBO, data: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda do Instituto
GAYLUSSAC. Caderno geral, p.18
<4> Os produtos anunciados que são beneficiados pela lei de informática
são os que têm valor de até R$4.000,00. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,
ANÚNCIO: propaganda da HP impressora, Caderno Geral, p.21
<5> Os produtos que possuem a garantia HP do Brasil são aqueles com
terminação “br” no modelo. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:
propaganda da HP impressora, Caderno Geral, p.21
<6> Esse sistema pode necessitar de uma atualização e/ou hardware opcional
que pode ser comprado separadamente e/ou uma unidade de DVD para instalar o
software do Windows 7. (...)– Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:
propaganda da HP impressora, Caderno Geral, p.21
<7> Algo começa a ser executado, reconheça-se, mas a onda protecionista
ganha dimensões preocupantes, e faz suspeitar que bolsões existentes no grupo que está
no poder desde 2003 contrários ao livre comércio aproveitam a crise mundial para
contrabandear uma política anacrônica de fechamento do país, no pior estilo
geiseriano. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: O anacrônico
protecionismo brasileiro, Caderno Geral, p.24
153
<8> O primeiro foi a sanção da presidência Dilma Rousseff à lei que altera o
Código Penal, para tipificar os crimes de formação de milícia. – Jornal O GLOBO,
DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as milícias em várias frentes, Caderno Geral,
p.24
<9> A tipificação do crime de formação de milícias era medida que se
impunha já há algum tempo. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL:
Combater as milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24
<10> A venda de meia-entrada é pessoal e intransferível e está condicionada a
apresentação dos documentos que comprovem esta condição na entrada do
espetáculo. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda de um
show no VIVO Rio, Segundo caderno, p.08
<11> Dois campeões que nunca vão se enfrentar. Que sorte Anderson. Jornal
O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da RENAULT, Caderno Geral,
p.09
<12> O delegado que acabou com o sequestro no Rio. – Jornal O GLOBO,
DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda eleitoral, Caderno Geral, p.14
<13> Mas o destino nos reservou uma triste surpresa, levando embora uma
companheira de trabalho que sempre se preocupou com o bem-estar de todos. –
Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do Consulado Geral da
Cônsul, Caderno Geral, p.20
<14> Seu falecimento repentino deixa uma sensação de perda naqueles que a
conheceram e foram cativados pelo seu sorriso, paixão pelo trabalho, raciocínio
rápido e carisma. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do
Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20
<15> Seu falecimento repentino deixa uma sensação de perda naqueles que a
conheceram e foram cativados pelo seu sorriso, paixão pelo trabalho, raciocínio
rápido e carisma. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do
Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20
<16> Perdemos uma companheira maravilhosa, que espalhou alegria por
onde passou. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do
Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20
<17> A empreguete que é sucesso nas telinhas transforma seu diário secreto
em um livro aberto. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda de
publicação de livro, Segundo Caderno, p.05
<18> O diário de Cida, a empreguete cheia de charme, ganha vida e leva ao
público toda a história de luta, dificuldades e conquistas da menina que venceu na vida
154
e se transformou em um sucesso nacional. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12,
ANÚNCIO: propaganda de publicação de livro , Segundo Caderno, p.05
<19> Venha participar de um encontro que irá apresentar e debater o filme
Steve Jobs: a entrevista perdida, do diretor Robert Cringely. – Jornal O GLOBO,
DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda sobre festival do Rio, Segundo Caderno,
p.08
<20> É uma equação perversa: aplicados na prática, taxa de ocupação de 1,65
preso por vaga (relação que na América do Sul, só é superada pela Bolívia, com
1,66). – Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do
sistema penitenciário, Caderno Geral, p.22
<21> São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos,
um dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas
distorções que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O
GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,
Caderno Geral, p.22
<22> São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos,
um dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas
distorções que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O
GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,
Caderno Geral, p.22
<23> São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos,
um dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas
distorções que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O
GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,
Caderno Geral, p.22
<24> Só em São Paulo, o total de réus recolhidos a prisões foi acrescido de
pouco mais 12 mil pessoas, contingente próximo ao da população de 75% dos
municípios brasileiros (que têm menos de 20 mil habitante) - Jornal O GLOBO,
DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno
Geral, p.22
<25> Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídio,
cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados
presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as
condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O GLOBO,
DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno
Geral, p.22
<26> Dessa vez, nosso destino será a Lapa, que desde os tempos de D. Pedro,
abrigou uma série de bares, restaurantes e casas noturnas. Uma tradição que
começou com a monarquia e se transformou no mais delicioso e democrático hábito do
155
povo. Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, ANÚNCIO: Propaganda de cervejaria,
Segundo caderno, p.09
<27> Dessa vez, nosso destino será a Lapa, que desde os tempos de D. Pedro,
abrigou uma série de bares, restaurantes e casas noturnas. Uma tradição que começou
com a monarquia e se transformou no mais delicioso e democrático hábito do
povo. Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, ANÚNCIO: Propaganda de cervejaria,
Segundo caderno, p.09
<28> Você que é cliente vivo tem mais vantagens: 20% de desconto na compra
de até 02 ingressos. Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, ANÚNCIO: Propaganda Da
VIVO, Segundo caderno, p.11
<29> O sistema funciona a partir de um chip, que os motoristas serão
obrigados a instalar em seus veículos – inicialmente a partir de janeiro. - Jornal O
GLOBO, DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre
a privacidade, Caderno Geral, p.16
<30> Aceitar a implementação de sistemas que, em última análise, seriam
manifestações de controle sobre o cidadão não é uma simples discussão retórica. Por
exemplo, a internet é um meio que revolucionou a comunicação (e isso encerra qualquer
resistência sobre a sua legitimidade como mídia. Jornal O GLOBO, DATA: 23/09/12,
EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a privacidade, Caderno
Geral, p.16
<31> Aceitar a implementação de sistemas que, em última análise, seriam
manifestações de controle sobre o cidadão não é uma simples discussão retórica. Por
exemplo, a internet é um meio que revolucionou a comunicação (e isso encerra
qualquer resistência sobre a sua legitimidade como mídia. Jornal O GLOBO,
DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a
privacidade, Caderno Geral, p.16
<32> Isso implica ter cuidados – usuários e poder público - , para evitar que
saiam da intimidade dos internautas informações privadas que apenas a eles dizem
respeito. - Jornal O GLOBO, DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o
perigo do avanço sobre a privacidade, Caderno Geral, p.16
<33> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de
planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que
prioritariamente atende22
à população) a frotas desgastadas, sem conforto. - Jornal O
GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo
prefeito, Caderno Geral, p.22
22
O verbo ATENDER, segundo Houaiss (2009), possui uma regência transitiva direta – [alguém / algo] atender [alguém] – ou transitiva indireta – [alguém / algo] atender [a alguém]. No exemplo <33> está com a regência VTI.
156
<34> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta
de planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que
prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. - Jornal O
GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo
prefeito, Caderno Geral, p.22
<35> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de
planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que
prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. Em comum,
nenhuma delas supre as demandas de passageiros. Ao contrário, houve até regressões –
caos dos trens, que, na década de 80, chegaram a transportar 1 milhão de
passageiros/dia. Faltam o essencial (a integração reclamada por especialistas), os meios
(programas de otimização dos serviços) e vontade política de mudar uma realidade
danosa para quem depende desses meios. Inclusive para se criar uma governança que
unifique a prestação dos serviços de ônibus, BRTs, trens, metrô e barcas, fundamental
para um sistema em que parte é controlada pelo estado e outra pelo município. - Jornal
O GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo
prefeito, Caderno Geral, p.22
<36> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de
planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que
prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. Em comum,
nenhuma delas supre as demandas de passageiros. Ao contrário, houve até regressões –
caos dos trens, que, na década de 80, chegaram a transportar 1 milhão de
passageiros/dia. Faltam o essencial (a integração reclamada por especialistas), os meios
(programas de otimização dos serviços) e vontade política de mudar uma realidade
danosa para quem depende desses meios. Inclusive para se criar uma governança que
unifique a prestação dos serviços de ônibus, BRTs, trens, metrô e barcas,
fundamental para um sistema em que parte é controlada pelo estado e outra pelo
município. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público
desafia o próximo prefeito, Caderno Geral, p.22
<37> De outro, desqualificam essa democracia ao dizer que a decisão do
Supremo Tribunal Federal, poder central no regime democrático, foi um julgamento de
exceção e de ódio ao PT promovido por elites reacionárias que dominam a imprensa
e a justiça. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Ironia da
História, Caderno Geral, p.16
<38> Destacam-se pelo menos cinco novos sistemas de produção que serão ali
instalados até 2016, além de outros 6 previstos até 2020. - Jornal O GLOBO,
DATA: 24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: A Petrobras na Bacia de Campos, Caderno
Geral, p.13
157
<39> Em vista dos fatos mencionados, conclui-se que falta a Obama aquele
arrojo transbordante do presidente Franklin Roosevelt, o qual em um momento
histórico muito mais difícil soube explicitar com eficácia suas realizações. Jornal O
GLOBO, DATA: 24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: A culpa é de Obama, p.13
<40> Depois dessas decisões do Supremo, os juízes, promotores, advogados e
policiais brasileiros têm o incentivo para cada um, dentro de sua função, apurar,
investigar, processar e julgar os atos ilegais. Qualquer ilegalidade. E principalmente os
crimes contra o poder público, que atingem toda a sociedade. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Incentivo para quem investiga, Caderno
Geral, p.04.
<41> O nosso Código Penal sempre determinou que todo mundo que participa
de um crime responde por ele, inclusive seu mentor intelectual. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Incentivo para quem investiga, Caderno
Geral, p.04.
<42> Qualquer abuso, erro ou omissões que vierem a ser realizados pelos
órgãos inferiores podem ser corrigidos pelo Supremo. Afinal, é ele quem regula sua
própria jurisprudência. E, com isso, guarda a Constituição e o estado democrático de
direito. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Incentivo
para quem investiga, Caderno Geral, p.04.
<43> Cadastro sujeito a aprovação. Caso o cadastro não seja aceito pelo Banco
Alfa, deverá ser encaminhado para outras financeiras que praticam maiores taxas.
Financiamento praticado pelas lojas Hyundai CAOA. Plano de financiamento válido
para veículos nas cores preta e prata até 15/10/2012 ou até o término do estoque. (...). –
Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ANÚNCIO: propaganda da HYUNDAI, Caderno
Geral, p.05.
<44> Para Ayres Brito, o chamado núcleo político não tinha projeto de
governo, mas de poder: - Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista,
um projeto de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito,
mas um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito
mais de continuidade administrativa. È continuísmo governamental. Golpe, portanto,
nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos
quadros de dirigentes. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres
Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.
<45> Para Ayres Brito, o chamado núcleo político não tinha projeto de
governo, mas de poder: - Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista,
um projeto de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito,
mas um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado,
muito mais de continuidade administrativa. É continuísmo governamental. Golpe,
portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação
dos quadros de dirigentes. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres
Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.
158
<46> Para Ayres Brito, o chamado núcleo político não tinha projeto de
governo, mas de poder: - Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista,
um projeto de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito,
mas um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito
mais de continuidade administrativa. È continuísmo governamental. Golpe, portanto,
nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos
quadros de dirigentes. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres
Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.
<47> – À medida que prosseguia nas respostas às perguntas da magistrada que
o interrogava, ele (Dirceu) foi deixando claro que era de fato o primeiro-ministro do
governo. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres Brito: mensalão
foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.
<48> À medida que prosseguia nas respostas às perguntas da magistrada que o
interrogava, ele (Dirceu) foi deixando claro que era de fato o primeiro-ministro do
governo. Tudo passava pelas mãos dele. Ele foi coordenador da campanha, foi o
comandante da transição. No governo que se instaura, ele foi o chefe da Casa Civil,
mas era plenipotenciário. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres
Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.
<49> Embora a decisão dos ministros não tenha efeito vinculante, não sendo
obrigatório segui-la em processos que discutam questões idênticas, juízes e membros
do Ministério Público acreditam que a justiça terá mais segurança em condenações
baseadas em provas indiciárias. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA:
juízes ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.
<50> Para condenar Dirceu, o STF levou em conta um conjunto de indícios
que fundamentou a teoria do “domínio do fato”, segundo a qual o réu pode ser
punido mesmo que não tenha executado diretamente o ato criminoso, mas tenha
tido domínio sobre o fato. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: juízes
ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.
<51> Os tribunais se dividiram. Porém, a questão chegou ao Supremo, que
sanou a dúvida ao firmar posição de que era possível condenar pelo potencial
abstrato. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: juízes ganham força
para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.
<52> Desde o início do governo Lula, em 2003, Dirceu tinha a meta de criar
uma base para a reeleição de 2006, que passava pela eleição de cerca de mil
prefeitos em 2004, projeto ambicioso para um partido que tinha 140. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”,
Caderno Geral, p.08.
159
<53> Desde o início do governo Lula, em 2003, Dirceu tinha a meta de criar
uma base para a reeleição de 2006, que passava pela eleição de cerca de mil prefeitos
em 2004, projeto ambicioso para um partido que tinha 140. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno
Geral, p.08.
<54> O Zé chegou a criar a imagem do transatlântico. Dizia que, para
manobrar um transatlântico, era preciso fazer devagar, e isso levava tempo – diz um dos
petistas que participava das discussões. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<55> Raul Pont, ex-deputado do PT gaúcho, que era um crítico ácido da
estratégia de tudo ou nada para as alianças, diz que Dirceu executava uma política
endossada pelo então presidente Lula. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<56> – Essa política permitiu que Lula fosse reeleito em 2006 e Dilma, eleita
em 2010. Mas, o preço que se paga é muito alto. O Zé Dirceu foi uma das vítimas
disso, de fazer alianças com partidos contraditórios que só se movem por compensações
financeiras, cargos e ministérios – diz Pont. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<57> – Essa política permitiu que Lula fosse reeleito em 2006 e Dilma, eleita
em 2010. Mas, o preço que se paga é muito alto. O Zé Dirceu foi uma das vítimas disso,
de fazer alianças com partidos contraditórios que só se movem por compensações
financeiras, cargos e ministérios – diz Pont. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<58> Ex-aliados que conviveram com Dirceu naquela época contam que ele
gostava da “estatística da dominação”. Ele teria ainda lançado a tese de que era
importante criar um imprensa petista. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<59> – Isso tudo nasceu da mentalidade do Lula, que fala as coisas nas
reuniões e espera que apareça alguém que faça. Era uma coisa chavista, Kirchnerista.
Muita gente no PT caiu nisso e continua pregando o método – relata um ex-membro do
diretório nacional do PT. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu,
na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<60> Isso tudo nasceu da mentalidade do Lula, que fala as coisas nas
reuniões e espera que apareça alguém que faça. Era uma coisa chavista, Kirchnerista.
Muita gente no PT caiu nisso e continua pregando o método – relata um ex-membro do
diretório nacional do PT. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu,
na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<61> O que na boca de Lula eram metáforas, nas de Zé Dirceu viravam
verdades – diz um deputado petista, que diferencia o papel de Genoíno: – O
160
Genoíno, não. Ele era diferente, afável, aberto a ponderações, muito diferente do Zé,
que agia de forma impositiva. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA:
Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<62> O que na boca de Lula eram metáforas, nas de Zé Dirceu viravam
verdades – diz um deputado petista, que diferencia o papel de Genoíno: – O Genoíno,
não. Ele era diferente, afável, aberto a ponderações, muito diferente do Zé, que agia de
forma impositiva. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu, na
linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.
<63> A condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-
presidente do PT José Genoíno pelo STF repercutiu na imprensa internacional. (...) O
jornal americano “The New York Times” chegou a comparar o caso com o escândalo
Watergate, que derrubou o republicano Richard Nixon na década de 70. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Condenação de Dirceu é notícia no mundo,
Caderno Geral, p.09.
<64> A publicação americana ainda classifica o mensalão como “provavelmente o
maior escândalo de corrupção do Brasil” e chega a compará-lo com Watergate, caso
que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon em 1974. Segundo a
matéria, o caso teria “o mesmo alcance e importância” para os brasileiros que o
Watergate teve nos Estados Unidos, ao submeter “um chefe do governo a intenso
escrutínio, no caso um dos principais confidentes de Lula, José Dirceu”. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Condenação de Dirceu é notícia no mundo,
Caderno Geral, p.09.
<65> “Considerado o maior escândalo político de corrupção na história do
Brasil, o caso contribuiu pouco para manchar a reputação de Lula, que deixou a
Presidência no começo de 2011 com um índice de aprovação de 87%, assinala a
reportagem. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Condenação de
Dirceu é notícia no mundo, Caderno Geral, p.09.
<66> O direito de defesa atendido pelos mais caros escritórios de advocacia do
país, durou sete anos para se consumar a justiça e agora, um provável culpado que
abandonou seus companheiros ao relento, preocupado com as eleições. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Mário
Negrão Borgonovi, Rio, Caderno Geral, p.15.
<67> Há muito não sentia orgulho de ser brasileira, sentimento devolvido por
esses senhores do STF, que se basearam em provas concretas para julgar e
condenar essa turma. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR:
A condenação do STF, Ana Maria Souza de Oliveira Soares, Campos - RJ, Caderno
Geral, p.15.
<68> O país ficou mais leve, pois, finalmente, o STF entrou em sintonia com a
opinião pública, que já desconfiava do Judiciário, considerando a atual constituição
de sua cúpula um mero aparelho do Executivo. – Jornal O GLOBO, DATA:
161
11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Dirceu Luis Natal, Rio,
Caderno Geral, p.15.
<69> Agora que os operadores do mensalão estão sendo julgados e
condenados, ainda resta uma questão: quais foram os parlamentares que venderam
seus votos e onde está esse dinheiro? – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA
DE LEITOR: A condenação do STF, Fernando Teixeira Vieira, Rio, Caderno Geral,
p.15.
<70> Então, em sã consciência, pode-se desvincular a participação do sr.
Dirceu da condenação política desse verdadeiro assalto aos cofres públicos, em
benefício ao partido, então no poder? Mesmo sem tantos argumentos apresentados pelos
ministros que já o condenaram, há motivo, pela simples questão de lógica dedutiva. –
Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF,
Eduardo Gontijo, Rio, Caderno Geral, p.15.
<71> Espera-se que os anos a cumprir na cadeia façam José Dirceu e o PT
refletirem sobre os danos que causaram ao Brasil. – Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Wilton Ribeiro Gomes,
Maricá - Rio, Caderno Geral, p.15.
<72> Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou
Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que
ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou o
país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do
STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.
<73> Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou
Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que
ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou
o país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação
do STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.
<74> A população brasileira, cansada das “CPIs Pizza”, está com esperanças
renovadas na Justiça Brasileira. Parabéns aos ministros do STF, que votaram pela
condenação dos articuladores do mensalão, em especial ao ministro Joaquim
Barbosa, pelo seu brilhante e extenso relatório. – Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Eneida Junqueira, Rio,
Caderno Geral, p.15.
<75> Todos os eleitores sabem que pagamos um preço alto demais para nossos
representantes, que tratam principalmente dos próprios interesses. Não há uma
maneira de corrigir esta verdadeira afronta, que envolve até pleno ressarcimento de
despesas médicas nos melhores hospitais, extensivos a familiares. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições, Aloysio Martins Guerra, Rio,
Caderno Geral, p.15.
162
<76> Todos os eleitores sabem que pagamos um preço alto demais para nossos
representantes, que tratam principalmente dos próprios interesses. Não há uma maneira
de corrigir esta verdadeira afronta, que envolve até pleno ressarcimento de despesas
médicas nos melhores hospitais, extensivos a familiares. – Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições, Aloysio Martins Guerra, Rio, Caderno
Geral, p.15.
<77> Coração é órgão de grande simbolismo, sempre identificado com amor e
paixão, que dão sentido ao existir. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
<78> Quando alguns acontecimentos relembram nossa fragilidade e finitude,
urge captar as lições diárias que podem nos humanizar. Abrir o peito exige, para a
melhor recuperação, abrir a cabeça também. Serrar o externo para, com precisão de
relojoeiro, restaurar os dutos que irrigam o coração, pede ao paciente que revisite seu
interior, refazendo a ponte entre objetividade e subjetividade. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral,
p.17.
<79> Quando alguns acontecimentos relembram nossa fragilidade e finitude,
urge captar as lições diárias que podem nos humanizar. Abrir o peito exige, para a
melhor recuperação, abrir a cabeça também. Serrar o externo para, com precisão de
relojoeiro, restaurar os dutos que irrigam o coração, pede ao paciente que revisite seu
interior, refazendo a ponte entre objetividade e subjetividade. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral,
p.17.
<80> Hélio Pellegrino (1924/1988), psicanalista, ensina: “O preço da graça
que recebemos é nos mantermos fiéis a ela, é nos tornarmos os porta-vozes dela. A
graça quer acender ao mundo através da nossa boca que fala”. – Jornal O GLOBO,
DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral,
p.17.
<81> Hélio Pellegrino (1924/1988), psicanalista, ensina: “O preço da graça que
recebemos é nos mantermos fiéis a ela, é nos tornarmos os porta-vozes dela. A graça
quer acender ao mundo através da nossa boca que fala”. – Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
<82> É imperativo assegurar recursos para políticas públicas que permitam a
todos os cuidados necessários, condições de realização do direito à vida. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público,
Caderno Geral, p.17.
<83> Não é peroração de socialista: na abertura das Olimpíadas de Londres, a
Inglaterra exibiu com orgulho um sistema de saúde que atende a todos
163
igualitariamente. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria
de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
<84> Na enfermaria, quanto mais encontrava gente abandonada, naquela
solidão limite, mais dava graças pelas tantas preces, axés e energias positivas que
recebi. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um
hospital público, Caderno Geral, p.17.
<85> “Visitas da saúde” é expressão para súbitas melhoras em doentes
terminais, que depois vêm a óbito. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
<86> E nova cultura, fraterna, com antídotos contra o sectarismo e a
apropriação autoritária de expressões de fé que se querem únicas. No cruzadismo
medieval, oração e coração, tão próximos na grafia e no nosso sentimento, ficavam
apartados na geografia e na história. Isso produziu genocídio, do qual não estamos
livres. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um
hospital público, Caderno Geral, p.17.
<87> Eleições não são guerras. São disputas entre partidos que representam
correntes de opinião diferentes, mas igualmente legítimas. Nelas, a pátria não está
em jogo. A linguagem do candidato evidencia que, enfim, construiu-se uma oposição
democrática ao chavismo. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: O
nome da pátria, Caderno Geral, p.17.
<88> Os pobres não esqueceram a longa era de governos oligárquicos que
operavam como agentes da apropriação da riqueza nacional por uma elite
orgulhosa e avarenta. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na
enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.
<89> O aspecto negativo é que, apesar do bom desempenho dos alunos, há
circunstâncias que lhes barram o caminho da formação completa. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral,
p.17.
<90> Certamente, não por deficiências culturais, mas porque a realidade que
os envolve não lhes oferece grandes oportunidades de seguir em frente. – Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral,
p.17.
<91> Essa realidade não se muda apenas com vitórias pontuais. O Brasil
precisa levar mais a sério o compromisso com a Educação, formulando políticas que
ofereçam aos cidadãos oportunidades de crescimento cultural e intelectual, do
ensino básico à universidade. Esse foi o caminho percorrido por todas as nações que
pularam o atraso para o desenvolvimento. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,
ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17.
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<92> Essa realidade não se muda apenas com vitórias pontuais. O Brasil
precisa levar mais a sério o compromisso com a Educação, formulando políticas que
ofereçam aos cidadãos oportunidades de crescimento cultural e intelectual, do ensino
básico à universidade. Esse foi o caminho percorrido por todas as nações que pularam
o atraso para o desenvolvimento. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, ARTIGO
DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17.
<93> Em relação aos aspectos gerais dos programas educacionais, é
estimulante observar que o Rio superou a meta estabelecida para o ano passado. E,
dissecado no varejo, os números trazem ensinamentos que não podem ser desprezados
na abordagem da situação das salas de aula. – Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17.
<94> Você que votou verde em 2008, neste domingo confirme! – Jornal O
GLOBO, DATA: 05/10/2012, ANÚNCIO, propaganda eleitoral, Caderno Geral, p.10.
<95> Já foram doados diversos instrumentos como violinos, violões,
violoncelos, contrabaixos, flautas transversas e vários outros equipamentos. Tudo
comprado com o dinheiro da venda de ingressos dos eventos artísticos realizados pelos
alunos. Um trabalho que é música para os nossos ouvidos. È assim que nossos alunos
têm contato com a realidade que os cerca. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
ANÚNCIO, propaganda do Instituto Gaylussac, Caderno Geral, p.11.
<96> Já foram doados diversos instrumentos como violinos, violões,
violoncelos, contrabaixos, flautas transversas e vários outros equipamentos. Tudo
comprado com o dinheiro da venda de ingressos dos eventos artísticos realizados pelos
alunos. Um trabalho que é música para os nossos ouvidos. È assim que nossos alunos
têm contato com a realidade que os cerca. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
ANÚNCIO, propaganda do Instituto Gaylussac, Caderno Geral, p.11
<97> As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas
na Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender
que as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para
participar do Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer
pelo menos uma vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams”
ou guardiões masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam
junto; mas foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. –
Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística,
Caderno Geral, p.18.
<98> As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas
na Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender
que as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para
participar do Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer pelo
menos uma vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams” ou
guardiões masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam
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junto; mas foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. –
Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística,
Caderno Geral, p.18.
<99> Para os sauditas, além de não seguir as leis islâmicas que regem como o
Haj é conduzido, achegada de tantas mulheres sem os seus guardiões sem duvida
levantou suspeita que elas tinham motivos ocultos de ficar no país depois de terminar a
peregrinação, para procurar emprego ou mendigar nas ruas. – Jornal O GLOBO,
DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral,
p.18.
<100> Milhares de estrangeiros mulçumanos ganham entrada no Shangri-lá dos
seus sonhos por meio de um visto para fazer o Haj ou o Ummrah, que é uma forma
mais curta de peregrinação, e alguns ficam ilegalmente no país além do prazo do visto
deles. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha
logística, Caderno Geral, p.18.
<101> Milhares de estrangeiros mulçumanos ganham entrada no Shangri-lá dos
seus sonhos por meio de um visto para fazer o Haj ou o Ummrah, que é uma forma mais
curta de peregrinação, e alguns ficam ilegalmente no país além do prazo do visto deles.
Muitos trabalham como domésticas ou motoristas e, outros agem em grandes redes de
mendicância que empregam crianças afegãs tentando vender chicletes nas ruas de
Jedá. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha
logística, Caderno Geral, p.18.
<102> Para a maioria dos mulçumanos que fazem o Haj, a experiência é de
uma espiritualidade profunda, em que todo mundo, rico ou pobre, branco ou negro,
jovem ou velho, é igual aos olhos de Deus. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.
<103> O fato é que o Haj é uma façanha logística gigantesca que os sauditas
têm que produzir todo ano para os três milhões de fiéis que descem sobre Meca e
os lugares sagrados de Mina e Arafat por cinco dias. Nessa planície de poucos
quilômetros os anfitriões têm que assegurar a segurança dos peregrinos que vão a pé de
um lugar para outro. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO:
Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.
<104> O fato é que o Haj é uma façanha logística gigantesca que os sauditas
têm que produzir todo ano para os três milhões de fiéis que descem sobre Meca e os
lugares sagrados de Mina e Arafat por cinco dias. Nessa planície de poucos
quilômetros os anfitriões têm que assegurar a segurança dos peregrinos que vão a pé de
um lugar para outro. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO:
Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.
<105> O fato é que o Haj é uma façanha logística gigantesca que os sauditas
têm que produzir todo ano para os três milhões de fiéis que descem sobre Meca e os
lugares sagrados de Mina e Arafat por cinco dias. Nessa planície de poucos quilômetros
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os anfitriões têm que assegurar a segurança dos peregrinos que vão a pé de um lugar
para outro. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma
façanha logística, Caderno Geral, p.18.
<106> Peregrinos têm que usar uma vestimenta supersimples chamado de
ihram, que para homens consiste de dois panos de algodão branco, sem nenhuma
costura, que são amarrados no corpo. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.
<107> Peregrinos têm que usar uma vestimenta supersimples chamado de
ihram, que para homens consiste de dois panos de algodão branco, sem nenhuma
costura, que são amarrados no corpo. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.
<108> Amigos que já fizeram o haj me disseram que sentiram uma paz e
harmonia fora desse mundo quando faziam os rituais de rezar todos juntos e ouviam as
mais variadas línguas dos peregrinos vindos de todas as partes do mundo. – Jornal O
GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno
Geral, p.18.
<109> Aqui no Brasil, muçulmanas estão sendo discriminadas em alguns
estados pelas autoridades que não deixam elas usarem o véu quando tiram fotos
para documentos, especialmente para carteira de habilitação. – Jornal O GLOBO,
DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral,
p.18.
<110> A União das entidades Islâmicas do Brasil deveria entrar com um pedido
judicial de esclarecimento no STJ para que haja uma decisão legal liberando
muçulmanas que querem usar véus em todos os estados da União quando tirarem
fotos para documentos. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE
OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.
<111> Muito a propósito, vale a pena registrar que os partidos políticos
aparentemente – um advérbio caridoso – não deram grande importância à limpeza das
fichas dos candidatos que nos oferecem. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.
<112> Afinal é obrigação deles – ou deveria ser – examinar com severidade as
fichas dos cidadãos que apresentam como candidato. E é bom não esquecer que, aos
olhos do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada – ou deveria sê-lo –
exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram. – Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.
<113> Afinal é obrigação deles – ou deveria ser – examinar com severidade as
fichas dos cidadãos que apresentam como candidato. E é bom não esquecer que, aos
olhos do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada – ou deveria sê-lo –
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exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram. – Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.
<114> Até agora, não há notícia de algum partido que se disponha a avaliar,
publicamente e com severidade, as fichas de todos os cidadãos que ambicionam
mandatos. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos,
Caderno Geral, p.19.
<115> Seria preciso apenas encontrar novas fontes de financiamento da
operação, além dos empréstimos de araque de Marcos Valério no Banco Rural e no
BMG e do desvio de dinheiro do Visanet, que não seriam suficientes para pagar as
dívidas e as campanhas do PT e as despesas crescentes com a voracidade da base
aliada, que quanto mais come mais fome tem. – Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.
<116> Seria preciso apenas encontrar novas fontes de financiamento da
operação, além dos empréstimos de araque de Marcos Valério no Banco Rural e no
BMG e do desvio de dinheiro do Visanet, que não seriam suficientes para pagar as
dívidas e as campanhas do PT e as despesas crescentes com a voracidade da base
aliada, que quanto mais come mais fome tem. – Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.
<117> Militantes do partido em postos chave na administração pública
facilitaram concorrências e superfaturariam campanhas publicitárias e eventos
produzidos pelas agências de Marcos Valério, que ficaria com uma parte do butim.
Depois era só lavar o dinheiro na Bônus Banval e distribuí-lo aos aliados para garantir a
governabilidade sem fazer concessões politicas e aprovação de seus projetos que – ele
tinham certeza – eram os melhores para o povo brasileiro. – Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.
<118> Militantes do partido em postos chave na administração pública
facilitaram concorrências e superfaturariam campanhas publicitárias e eventos
produzidos pelas agências de Marcos Valério, que ficaria com uma parte do butim.
Depois era só lavar o dinheiro na Bônus Banval e distribuí-lo aos aliados para garantir a
governabilidade sem fazer concessões politicas e aprovação de seus projetos que – ele
tinha certeza – eram os melhores para o povo brasileiro. – Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.
<119> Então, por que não comprá-los para servir ao governo do primeiro
operário a chegar à presidência, para atualizar e fazer as “reformas de base” que
derrubaram Jango e Brizola em 64? – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,
CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.
<120> Mais do que um inútil exército de retrofuturologia, imaginar as
consequências funestas da continuidade do mensalão – que não ia parar ali, cresceria e
168
envenenaria o Congresso, as companhas eleitorais, a democracia e o Estado. – Jornal O
GLOBO, DATA: 05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.
<121> Câmbio Manual de 6 velocidades. Mais esportividade, economia de
combustível e o controle do desempenho que só o câmbio Manual pode oferecer. –
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, ANÚNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno
Geral, p.05.
<122> O projeto IVA Solidário (Índice de Valores Atitudinais) forma grupos de
alunos do Ensino Médio que participam de ações de cidadania em orfanatos,
creches, asilos, escolas públicas e associações beneficentes. Eles contam histórias,
jogam cantam brincam e trabalham em laboratórios de informáticas com as pessoas das
instituições assistidas. Os participantes ganham pontos de acordo com as atividades
exercidas e desenvolvem uma cultura de cidadania e solidariedade. É assim que nossos
alunos têm contato com a realidade que os cerca. – Jornal O GLOBO, DATA:
10/10/2012, ANÚNCIO: propaganda do Instituto Gaylussac, Caderno Geral, p.13.
<123> O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao
qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson,
tinha pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser
perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem
ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal O
GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José
Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio, Caderno Geral, p.17.
<124> O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao
qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson, tinha
pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser
perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem
ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal O
GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José
Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio Caderno Geral, p.17.
<125> O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao
qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson, tinha
pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser
perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem
ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal
O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José
Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio Caderno Geral, p.17.
<126> O voto do ministro Marco Aurélio Mello, com alguma ironia,
demonstrou a forma ridícula de voto dos ministros Lewandowski e Toffoli, que estão
numa grande tentativa de imbecilizar a população brasileira. – Jornal O GLOBO,
DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, Antonio Garcia,
Rio, Caderno Geral, p.17.
169
<127> Gostaria de saber, com a devida vênia, se os mesmos advogados de
alguns réus do mensalão, que estavam nos dias iniciais do julgamento
comemorando (não sei o quê) num restaurante luxuoso, sob a trilha sonora do
filme “O poderoso chefão”, coincidentemente, após o primeiro voto dado pelo
ministro revisor, ainda continuam se encontrando para comemorar. Se a resposta for
positiva, gostaria de saber se a trilha sonora escolhida atualmente é a da marcha fúnebre,
em homenagem à tese ridícula que fora compartilhada pelos mesmos do caixa dois. –
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José
Dirceu, Moacir Pereira da Costa, Rio, Caderno Geral, p.17.
<128> Gostaria de saber, com a devida vênia, se os mesmos advogados de
alguns réus do mensalão, que estavam nos dias iniciais do julgamento comemorando
(não sei o quê) num restaurante luxuoso, sob a trilha sonora do filme “O poderoso
chefão”, coincidentemente, após o primeiro voto dado pelo ministro revisor, ainda
continuam se encontrando para comemorar. Se a resposta for positiva, gostaria de saber
se a trilha sonora escolhida atualmente é a da marcha fúnebre, em homenagem à tese
ridícula que fora compartilhada pelos mesmos do caixa dois. – Jornal O GLOBO,
DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, Moacir Pereira
da Costa, Rio, Caderno Geral, p.17.
<129> Apesar da ausência dos votos dos ministros Celso de Mello e Ayres
Britto, que serão definidos hoje, José Dirceu foi condenado, juntamente com José
Genoíno e Delúbio Soares. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE
LEITOR: STF condena José Dirceu, Paulo Panossian, São Carlos - SP, Caderno Geral,
p.17.
<130> Daqui para frente, não importa muito a definição da pena, a tal da
dosimetria, mas que a tese do PT, sob a batuta do Lula, de que o mensalão era uma farsa
das elites, da oposição ou da imprensa foi para o saco da desfaçatez de um governo que
há dez anos protagoniza o desrespeito às nossas instituições. – Jornal O GLOBO,
DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, Paulo Panossian,
São Carlos - SP, Caderno Geral, p.17.
<131> O TSE quer saber o motivo do número elevado de abstenções, votos em
brancos e nulos. Quanta ingenuidade dos políticos que nos são impostos, mensalões,
impunidade e obrigatoriedade do voto. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012,
CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Alberto Vanny, Vila Velha - ES, Caderno Geral,
p.17.
<132> Os pseudopatriotas, a maioria não foi reeleita, e aqueles que pretendiam
mamar na teta nada conseguiram. Isso é importante, pois mostra que não se pode
enganar a todos por muito tempo. O Brasil é de todos, e não de alguns. – Jornal O
GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Gutemberg
Virgílio da Silva, São Pedro da Aldeia - RJ, Caderno Geral, p.17.
<133> Vinte cidades, só no Estado do Rio de Janeiro, elegeram prefeitos que
estão sub judice, ou seja, podem não tomar posse. – Jornal O GLOBO, DATA:
170
10/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Oswaldo Cruz Gribel, Rio, Caderno
Geral, p.17.
<134> Vinte cidades, só no Estado do Rio de Janeiro, elegeram prefeitos que
estão sub judice, ou seja, podem não tomar posse. – Jornal O GLOBO, DATA:
10/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Oswaldo Cruz Gribel, Rio, Caderno
Geral, p.17.
<135> Por que continuamos cúmplices de um sistema que nos faz assinar um
cheque em branco para um grupo que, de eleição em eleição, mostra sua
verdadeira face? – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR:
Eleições 2012, Marcelo Saldanha, Rio, Caderno Geral, p.17.
<136> Por que continuamos cúmplices de um sistema que nos faz assinar um
cheque em branco para um grupo que, de eleição em eleição, mostra sua verdadeira
face? – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições 2012,
Marcelo Saldanha, Rio, Caderno Geral, p.17
<137> As obras são executadas com base em sondagens técnicas, que
indicaram a necessidade de uma grande reforma no pavimento de algumas das
principais vias arteriais da cidade. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA
DE LEITOR: Asfalto liso, Thainá Halac – chefe de assessoria de comunicação da
secretaria municipal de obras do Rio de Janeiro, Caderno Geral, p.17
<138> O julgamento terá continuidade hoje, a partir das 14h30m. No
entendimento do ministro, beneficiários do valerioduto que usaram de artifícios para
esconder a movimentação de dinheiro, após o recebimento dos recursos, incorreram
em crime de lavagem. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor
deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05
<139> Já o ex-deputado Pedro Corrêa, que foi inocentado, não tentou mascarar
o recebimento do dinheiro com qualquer operação de fachada. – Jornal O GLOBO,
DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral,
p.05
<140> Até quarta-feira, o ministro deverá concluir o voto sobre os outros dez
réus que estão sendo julgados nessa etapa. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012,
NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05
<141> É esperado que nessa seção da próxima segunda-feira, semana que
antecede o primeiro turno das eleições municipais, o ministro Joaquim Barbosa,
relator do processo, comece a ler o voto sobre as acusações de corrupção ativa e
formação de quadrilha que pesam contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e
outros réus da antiga cúpula do PT: o ex-deputado José Genoíno e o ex-tesoureiro
Delúbio Soares. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve
punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05
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<142> É esperado que nessa seção da próxima segunda-feira, semana que
antecede o primeiro turno das eleições municipais, o ministro Joaquim Barbosa, relator
do processo, comece a ler o voto sobre as acusações de corrupção ativa e formação de
quadrilha que pesam contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e outros réus
da antiga cúpula do PT: o ex-deputado José Genoíno e o ex-tesoureiro Delúbio
Soares. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus
por lavagem, Caderno Geral, p.05
<143> Essa foi a ideia que prevaleceu no caso do deputado João Paulo
Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, condenado pelo crime de lavagem por
seis votos a cinco. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve
punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05
<144> Mesmo assim, a questão ainda tem suscitado controvérsias. Para os
ministros que votaram contra a condenação do deputado por lavagem, o crime só
poderia ser classificado dessa forma se, depois de receber o dinheiro de origem ilegal,
ele tentasse reincorporá-lo à economia formal. Entre os ministros que votaram a favor
de João Paulo está Cezar Peluso, que já se aposentou. – Jornal O GLOBO, DATA:
24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05
<145> Mesmo assim, a questão ainda tem suscitado controvérsias. Para os
ministros que votaram contra a condenação do deputado por lavagem, o crime só
poderia ser classificado dessa forma se, depois de receber o dinheiro de origem ilegal,
ele tentasse reincorporá-lo à economia formal. Entre os ministros que votaram a favor
de João Paulo está Cezar Peluso, que já se aposentou. – Jornal O GLOBO, DATA:
24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05
<146> Mesmo assim, a questão ainda tem suscitado controvérsias. Para os
ministros que votaram contra a condenação do deputado por lavagem, o crime só
poderia ser classificado dessa forma se, depois de receber o dinheiro de origem ilegal,
ele tentasse reincorporá-lo à economia formal. Entre os ministros que votaram a favor
de João Paulo está Cezar Peluso, que já se aposentou. – Jornal O GLOBO, DATA:
24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05
<147> De um lado está o secretário de estadual de segurança José Mariano
Beltrame, que lamentou a soltura dos réus. Do outro, o desembargador Siro Darlan,
que defende que os acusados têm a lei a seu favor. – Jornal O GLOBO, DATA:
24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para bandidos que invadem hotel provoca polêmica,
Caderno Geral, p.07
<148> Liberdade para bandidos que invadem hotel provoca polêmica. – Jornal
O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para bandidos que invadem
hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07
<149> De um lado está o secretário de estadual de segurança José Mariano
Beltrame, que lamentou a soltura dos réus. Do outro, o desembargador Siro Darlan,
172
que defende que os acusados têm a lei a seu favor. – Jornal O GLOBO, DATA:
24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para bandidos que invadem hotel provoca polêmica,
Caderno Geral, p.07
<150> Existe um prazo para um processo ser concluído quando o réu está
preso, que é de 81 dias. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade
para bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07
<151> O ministro Público (MP) foi procurado por Beltrame, que soube da
soltura na sexta-feira). – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade
para bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07
173
ANEXO 02 – Dados do grupo das construções relativas preposicionadas retirados
do jornal O Globo.
<1> (...) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que
houver utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM,
para qualquer operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,
ANÚNCIO: propaganda da TIM, Caderno Geral p.06
<2> (...) Liberty web smart: a tarifa de R$ 29,90 será cobrada somente no mês que
houver utilização de dados/internet. (...) - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:
propaganda da TIM, Caderno Geral p.06
<3> (...) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que
houver utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM, para
qualquer operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,
ANÚNCIO: propaganda da TIM, Caderno Geral p.06
<4> Pense em um dia que você não precise pegar no carro. De cara, você já
economizou o dinheiro da gasolina, o tempo que estaria procurando vaga e o stress
de dirigir no trânsito, que estaria bem mais tranquilo se a maioria pensasse igual e
também não pegasse no carro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANUNCIO DA
FETRANSPOR, Caderno Geral, p.20
<5> Pense em um dia que você não precise pegar no carro. De cara, você já
economizou o dinheiro da gasolina, o tempo que estaria procurando vaga e o stress de
dirigir no trânsito, que estaria bem mais tranquilo se a maioria pensasse igual e também
não pegasse no carro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANUNCIO DA
FETRANSPOR, Caderno Geral, p.20
<6> O Brasil termina se nivelando por baixo, num continente em que existe a
Argentina. (...)– Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: O anacrônico
protecionismo brasileiro, Caderno Geral, p.24
<7> O segundo sinal de que as autoridades observam com inquietação a
movimentação de bandos milicianos, particularmente no Rio, onde eles atuam com
mais desenvoltura. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as
milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24
<8> Neste livro, o chef Alain Passard oferece 48 pratos de legumes, frutas
verduras e ervas, cujas colagens foram feitas pelos próprio cozinheiro. (...) – Jornal
O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANUNCIO: propaganda sobre um publicação de livro,
Segundo Caderno, p.05
<9> Garantimos a quantidade mínima de 05 unidades/kg de cada produto por
loja em que ele esteja disponível. (...).– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12,
ANUNCIO: propaganda da EXTRA, Caderno Geral, p.13
174
<10> Educação, ciência, ecologia, universidade, ação social. Tem uma hora
em que tudo se encaixa. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANUNCIO:
propaganda da GLOBOECOLOGIA, Caderno Geral, p.17
11> Dezenas de milhares de pessoas foram para as ruas de Paris domingo, nas
primeiras manifestações contra o governo Hollande, cuja popularidade caiu a seu
nível mais baixo – 43%.– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, EDITORIAL: Hollande
cai na real em choque de austeridade, Caderno Geral, p.22
<12> O país tem a quarta maior população carcerária do mundo. São mais de
500 mil presos, literalmente espremidos num complexo penal em que há um crônico
déficit de 200 mil vagas. - Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O
crescente drama do sistema penitenciário, Caderno Geral, p.20
<13> Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídio,
cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados
presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as
condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O
GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,
Caderno Geral, p.22
<15> Documentação gratuita (lacração) para o veículo i30 válida para a cidade
onde está sendo veiculado o anúncio. - Jornal O GLOBO, DATA: 23/09/12,
ANUNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno geral, p.05
<16> A diferença é que, em razão de limitações tecnológicas da época em que
Orwell escreveu o livro, o romance não passava de uma (assustadora) parábola sobre o
totalitarismo, ao passo que sistema como o Siniav, em face da atual evolução dos
dispositivos de fiscalização à distancia, podem se transformar em tentadora ameaça de
mau uso de informações de Estado por governos inescrupulosos. - Jornal O GLOBO,
DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a
privacidade, Caderno Geral, p.16
<17> A prefeitura deveria destacar guardas municipais, ou, se for o caso,
acionar a Polícia Militar, para os locais onde ocorrem eventos, para evitar a sua
ocupação pelos flanelinhas. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CARTA DO
LEITOR: Emerson Rios, Niterói, Rio, p.17
<18> A vitória de Mitt Romney sobre Barack Obama no primeiro debate na
TV foi detectada por pesquisas, nas quais o republicano está em viés de alta e o
democrata, de baixa. Pode-se imaginar que os dois próximos debates, dias 16 e 22,
terão peso considerável no resultado das eleições de 06 de novembro, depois de uma
campanha em que Obama esteve sempre à frente. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12,
EDITORIAL: Obama tem mais duas chances, Caderno Geral, p.18
<19> A vitória de Mitt Romney sobre Barack Obama no primeiro debate na
TV foi detectada por pesquisas, nas quais o republicano está em viés de alta e o
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democrata, de baixa. Pode-se imaginar que os dois próximos debates, dias 16 e 22, terão
peso considerável no resultado das eleições de 06 de novembro, depois de uma
campanha em que Obama esteve sempre à frente. - Jornal O GLOBO, DATA:
10/10/12, EDITORIAL: Obama tem mais duas chances, Caderno Geral, p.18
<20> Levou oito das 83 cidades com mais de 200 mil habitantes que fecharam
a conta. Isso num dia em que o ministro Joaquim Barbosa era festejado na seção
onde votou. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Lula
carregou seu segundo poste, Caderno Geral, p.18
<21> Levou oito das 83 cidades com mais de 200 mil habitantes que fecharam
a conta. Isso num dia em que o ministro Joaquim Barbosa era festejado na seção onde
votou. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Lula carregou
seu segundo poste, Caderno Geral, p.18
<22> Não existe cinturão petista. Se existisse, nas pesquisas de setembro,
Russomanno não teria conseguido 38% das preferências na região. O que existe é um
pedaço da cidade onde, depois de oito anos de exercício da prefeitura, o tucano
ainda não se fez ouvir. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO:
Lula carregou seu segundo poste, Caderno Geral, p.18
<23> Em termos de (i)mobilidade urbana, o caos ainda é mais visível, porque
está exposto nas ruas: nos engarrafamentos gigantescos, nos transportes de massa
precários, na demora dos deslocamentos casa-trabalho, na bandalha de ônibus e vans
(suspeitas de ligação com as milícias) – uma zona de sombra em que a política
adotada é acusada de desprezar os trilhos e privilegiar os discutíveis interesses da
Fetranspor. Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: O sucesso de Paes,
Caderno Geral, p.19
<24> No julgamento do mensalão eu pensava assistir a um “E o vento levou”,
mas estou testemunhando uma narrativa de Machado de Assis. O mesmo sentimento
cerca as eleições cujo resultado vai ser formicida para uns e leite condensado para
outros. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite
condensado, Caderno Geral, p.19
<25> Em vinte minutos e 500 reais, passei de monstro saudável a doente com
três meses de vida. E o pior é que, afora uma tossezinha boba, nada sentia. Mais ainda:
o leite condensado com a qual sua saudosa mãe resolvia todos os problemas não
funcionava. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e
leite condensado, Caderno Geral, p.19
<26> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior,
onde passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos
restaurantes mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde
176
raramente se distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e
Paris, onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência
ele tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;
formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19
<27> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde
passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes
mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente
se distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris,
onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele
tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;
formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19
<28> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde
passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes
mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se
distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris,
onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele
tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;
formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19
<29> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde
passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes
mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se
distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris, onde
entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele
tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;
formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19
<30> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde
passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes
mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se
distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris, onde
entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele tomava
por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida
e leite condensado, Caderno Geral, p.19
<31> Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-
colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num
tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amore
discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que, vistas
de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. - Jornal O
GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado, Caderno
Geral, p.19
<32> Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-
colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num
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tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amor e
discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que,
vistas de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. -
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado,
Caderno Geral, p.19
<33> Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-
colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num
tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amor e
discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que,
vistas de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. -
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado,
Caderno Geral, p.19
<34> No caso do acidente mais recente ocorrido em Copacabana, onde o
operário se feriu no pescoço, a obra foi vistoriada e constatou-se que era irregular. -
Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Negligência nas
empresas, Caderno Geral, p.19
<35> A estrutura portuária atual, resultado da Lei de Modernização dos Portos,
não se compara com o sistema anterior, cujos custos operacionais eram muito acima
da média internacional, devido à inexistência de investimentos, baixa produtividade e
ao sucateamento de equipamentos e infraestrutura. - Jornal O GLOBO, DATA:
10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sob risco, Caderno Geral, p.19
<36> A realidade portuária atual tem virtudes inegáveis. No plano operacional,
merece destaque a privatização dos serviços, cuja principal característica é a
combinação de gestão moderna com investimentos expressivos. - Jornal O GLOBO,
DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sob risco, Caderno Geral, p.19
<37> O problema é que a mudança reintroduz, pela porta dos fundos, a
famigerada tributação cumulativa sobre faturamento, uma deformidade fiscal
desnecessária da qual o país havia praticamente se livrado, graças ao louvável
esforço de reforma tributária do primeiro governo do presidente Lula. - Jornal O
GLOBO, DATA: 28/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Improvisação e imediatismo,
Caderno Geral, p.22
<38> Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e
crescente capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte
do Estado. A integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos
têm acesso, é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O
GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno
Geral, p.22
<39> Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e
crescente capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte do
Estado. A integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos
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têm acesso, é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O
GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno
Geral, p.22
<40> O que está em questão são, simplesmente, os padrões de comportamento
da sociedade em que vivemos – e que são, indiscutivelmente, diferentes daqueles de
nossos pais. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: Mulher nua, Caderno
Geral, p.23
<41> (...) o “Brasil, florão da América”, devidamente perfilados diante do
“lábaro estrelado”, iluminados pelos “raios fúlgidos” do patriotismo e protegidos pelo
“formoso céu risonho e límpido”, onde “a imagem do Cruzeiro resplandece”. E sem
“o heroico brado”. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: O hino era outro,
Caderno Geral, p.23
<42> O CsF é uma das maneiras por meio das quais nossos países estão
estabelecendo vínculos valiosos. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, ARTIGO DE
OPINIÃO: Parceria educacional, Caderno Geral, p.23
<43> Verifique a disponibilidade dos produtos na loja mais próxima.
Garantimos a quantidade mínima de 5 unidades/kg de cada produto por loja em que ele
esteja disponível. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANÚNCIO DE
SUPERMERCADO EXTRA, Caderno Geral, p.10
<44> Erros históricos de percepção como aquele se sucedem à medida que as
sociedades avançam. A revolução tecnológica por que passa o mundo a partir dos
avanços da microeletrônica tem esta capacidade de pôr em xeque leis, usos e costumes
. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, EDITORIAL: CLT força Justiça a intervir em
temas indevidos, Caderno Geral, p.22
<45> Bem, muita gente à direita há muito parece estar obcecada com a noção
de que o país enfrentará uma inflação descontrolada em breve. A surpresa foi a rapidez
com que Mitt Romney se uniu à loucura geral. - Jornal O GLOBO, DATA:
19/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Odiando Bem Bernanke, Caderno Geral, p.22
<46> Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador,
diria que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no
mundo uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os
pratos de uma gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12,
CRÔNICA: conversa de velhos, Caderno Geral, p.23
<47> Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador,
diria que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no
mundo uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os
pratos de uma gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12,
CRÔNICA: conversa de velhos, Caderno Geral, p.23
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<48> Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador,
diria que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo
uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma
gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:
conversa de velhos, Caderno Geral, p.23
<49> Eu era imensamente rico, morava num castelo, mas dava poucos
presentes. – Mas eu lembro – disse o velho do tersol – do seu desespero no avião cujo
trem de aterragem não descia . - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:
conversa de velhos, Caderno Geral, p.23
<50> A vida havia passado dentro e fora de cada um deles, cujos destinos se
ligavam pelo interesses na velha disciplina do entendimento humano pelo humano.
- Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: conversa de velhos, Caderno Geral,
p.23
<51> Decido apropriar-me da zona franca da Divina Comédia e imagino
traduzir a cena política do Brasil, segundo as lentes de um Dante redivivo, mantendo a
vigilância ética, incômoda, inarredável, com que definiu os crimes deste mundo e as
penas do outro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: Dante e a Justiça,
Caderno Geral, p.23
<52> Novos setores em que as pequenas empresas atuam começam a
exportar e ajudam o país a crescer. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ANÚNCIO
DO SEBRAE, Caderno Geral, p.09
<53> Novos setores em que as pequenas empresas atuam começam a
exportar e ajudam o país a crescer. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ANÚNCIO
DO SEBRAE, Caderno Geral, p.09
<54> Novos setores em que as pequenas empresas atuam começam a
exportar e ajudam o país a crescer. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ANÚNCIO
DO SEBRAE, Caderno Geral, p.09
<55> O caso mais grave, no momento, é o da Argentina, em que o índice
oficial de inflação é sabidamente manipulado para não ultrapassar os 10%,
enquanto consultorias privadas calculam a taxa efetiva em níveis acima dos 20%. -
Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas
públicas, Caderno Geral, p.18
<56> Teme-se, com razão, o renascimento da “conta movimento”, uma
herança da ditadura, pela qual os cofres públicos abasteciam o Banco do Brasil de
dinheiro do contribuinte, sem qualquer controle. - Jornal O GLOBO, DATA:
05/10/12, EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas públicas, Caderno Geral,
p.18
180
<57> Pela mesma via, o Banco do Brasil e a Caixa acabam de ser oxigenados
em R$ 21 bilhões, para manter abertos os guichês de financiamento ao consumo,
créditos em que a inadimplência está em alta. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12,
EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas públicas, Caderno Geral, p.18
<58> O embaixador saudita em Abuja disse que os vistos das nigerianas
barradas não iam ser cancelados, e que elas podiam tentar entrar de novo na Arábia
Saudita, mas somente acompanhadas dos mahrams de cada uma, cujo nome é incluído
no visto. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha
logística, Caderno Geral, p.18
<59> Para a maioria dos muçulmanos que fazem o Haj, a experiência é de uma
espiritualidade profunda, em que todo mundo, rico ou pobre, branco ou preto,
jovem ou velho, é igual aos olhos de Deus. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12,
ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18
<60> Em nenhum outro momento ele tem igual poder para influenciar o futuro
da comunidade em que vive – o que, em grande parte, é o seu próprio futuro. - Jornal
O GLOBO, DATA: 05/10/12, CRONICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19
<61> O eleitor pode escolher bem ou mal. Isso está na natureza do jogo, cujas
regras foram consideravelmente aperfeiçoadas pela Lei da Ficha Limpa. - Jornal O
GLOBO, DATA: 05/10/12, CRONICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19
<62> Para condenar Dirceu, o STF levou em conta um conjunto de indícios
que fundamentou a teoria do “domínio do fato”, segundo a qual o réu pode ser
punido mesmo que não tenha executado diretamente o ato criminoso, mas tenha
tido domínio sobre o fato. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, NOTÍCIA: Juízes
ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07
<63> Sai então a sentença e o regime de pena, e entram em ação as varas de
execução penal. – Pela regra, prisão é feita na comarca onde o crime é cometido. -
Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, NOTÍCIA: Especialistas: possíveis detenções só
ano que vem, Caderno Geral, p.07
<64> A reportagem ressaltou que a condenação de Dirceu foi consumada por
um tribunal em que dos 11 magistrados, oito foram designados por Lula e Dilma
Rousseff. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, NOTÍCIA: Condenação de Dirceu é
notícia no mundo, Caderno Geral, p.09
<65> E aproveitou para alfinetar deputados e senadores de maneira geral: -
Quero ver o dia em que os parlamentares vão votar aqui por sua convicções, e não
por recursos, emendas (Orçamento) e nomeação. - Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/12, NOTÍCIA: Para Miro, o ocaso de uma geração que tomou o poder, Caderno
Geral, p.11
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<66> Por estranha ironia do destino, no mesmo dia, em que a Carmen Lúcia,
ou Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela
família que ela tanto prejudicou e enganou, (...). - Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/12, CARTA DO LEITOR: Eliana P. Salles, Rio, Caderno Geral, p.15
<67> Como ministro de Estado, atentou contra a democracia, ao tentar
manietá-la, talvez em consonância com ideias trazidas do paraíso caribenho dos irmãos
Castro com os quais sempre demonstrou afinidade. - Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/12, CARTA DO LEITOR: Marcello Ferraz Loureiro, Rio, Caderno Geral, p.15
<68> Com apenas dois votos favoráveis ao ex-ministro, dos ministros Ricardo
Lewandowski, revisor do voto do relator, e Dias Tóffoli, o veredicto de Mello definiu o
destino de Dirceu nesta acusação, num processo em que também é acusado pela PGR
de formação de quadrilha, da qual era o chefe. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16
<69> Com apenas dois votos favoráveis ao ex-ministro, dos ministros Ricardo
Lewandowski, revisor do voto do relator, e Dias Tóffoli, o veredicto de Mello definiu o
destino de Dirceu nesta acusação, num processo em que também é acusado pela PGR de
formação de quadrilha, da qual era o chefe. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16
<70> Também estará nos destaques do julgamento histórico o voto da ministra
Carmen Lúcia, proferido ainda na terça, contra Dirceu em que ela pulveriza, com
justificada indignação, a tentativa da defesa de minimizar o crime taxando-o de
“simples” caixa dois de campanha. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16
<71> Grande bobagem, como está sendo mostrado num dos mais longos
julgamentos de que se tem notícia, transmitido ao vivo pela TV. Assistir a qualquer das
sessões dá ideia precisa da seriedade com que o Ministério Público construiu sua
denúncia, com base em informações das CIPs que vasculharam o escândalo, de
investigações e perícias da Polícia Federal. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16
<72> Por isso, a ortodoxia jurídica, na qual confinaram os advogados dos
mensaleiros, contribuiu muito para a ideia de que poderosos não são punidos no Brasil.
- Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, EDITORIAL: O alcance da condenação de José
Dirceu, Caderno Geral, p.16
<73> Grande bobagem, como está sendo mostrado num dos mais longos
julgamentos de que se tem notícia, transmitido ao vivo pela TV. Assistir a qualquer das
sessões dá ideia precisa da seriedade com que o Ministério Público construiu sua
denúncia, com base em informações das CIPs que vasculharam o escândalo, de
investigações e perícias da Polícia Federal. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16
182
<74> Os dois ex-dirigentes condenados deram notas escritas, cujo conteúdo
tem dois pontos contraditórios. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE
OPINIÃO: Ironia da História, Caderno Geral, p.16
<75> Foi feita, em Londres, pesquisa sobre a reação de pacientes, para os
quais se formaram correntes espirituais. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
CRONICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17
<76> No cruzadismo medieval, oração e coração, tão próximos na grafia e no
nosso sentimento, ficavam apartados na geografia e na história. Isso produzia genocídio,
do qual não estamos livres. Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, CRONICA: Na
enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17
<77> O levantamento traz um saldo positivo, qualquer que seja o viés pelo
qual seja analisado. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO:
Sem saída, Caderno Geral, p.17
<78> Temos um exemplo do grande nó em que a educação permanece atada.
- Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno
Geral, p.17
<79> Ela são importantes para dar combustível a um processo de crescimento
em que se deve levar em conta fatores objetivos (dificuldades sociais de uma nação
que ainda tem muitas demandas a enfrentar) e subjetivos (falta de visão na
implementação de políticas estruturais, por exemplo). - Jornal O GLOBO, DATA:
11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17
<80> É bom saber que o país melhora seus indicadores no ensino fundamental,
mas é desanimador, por exemplo, observar como é medíocre a participação do Brasil
nos rankings internacionais que medem a qualidade das universidades onde em última
análise, as nações forjam seu crescimento. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,
ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17
<81> Esse é um caminho do qual o Brasil não pode fugir. - Jornal O
GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17
<82> – Quando o ECA foi elaborado, o artigo 22, que lista os motivos pelos
quais o menor poderia ser interligado, não incluía o tráfico. - Jornal O GLOBO,
DATA: 24/09/12, NOTICIA: Perigosos e impunes, Caderno Geral, p.07
<83> O erro está no foco, a redução dos juros, quando consumidores e
governos, superendividados, já estão num ponto em que fica cada vez mais difícil
pagar o principal. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CARTA DE LEITOR:
Rogério A. Lagoeiro de Magalhães, Niterói, RJ, Rio, Caderno Geral, p.11
<84> Raro é o dia em que os usuários da BR-040 não sofrem com as
consequências de acidentes com carretas na curva do Km 97 na pista de subida
183
para Petrópolis. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CARTA DE LEITOR:
Haroldo Rezende, Petrópolis, Rio, Caderno Geral, p.11
<85> Li na matéria sobre o barco que tombou no Rio Negro, na qual um
turismo americano disse que os passageiros sobreviveram porque usavam coletes
salva-vidas. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CARTA DE LEITOR: Jessie
Audette, Rio, Caderno Geral, p.11
<86> Não devemos esquecer a época triste em que as autoridades,
acreditando poder resolver problemas históricos da economia com medidas que só
arranhavam os sintomas da enfermidade, jogaram o país numa tenebrosa
hiperinflação. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CARTA DE LEITOR: Carlos
Augusto Coelho Salles, Niterói, Rio, Caderno Geral, p.11
<87> Essa nova maneira de enfrentar o flagelo, cujo princípio básico é a
descriminalização, mobiliza personalidades internacionais (como o ex-presidente
Fernando Henrique e pares da América e Europa). - Jornal O GLOBO, DATA:
24/09/12, EDITORIAL: Novas abordagens, Caderno Geral, p.12
<88> Exemplos claros de democracia totalitária encontramos nos países
bolivarianos vizinhos, cujo estágio mais avançado é o da Venezuela, sendo seguida
pela Bolívia e pelo Equador. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, ARTIGO DE
OPINIÃO, Democracia, Caderno Geral, p.12
<89> E, não mais como mero descaminho, mas como uma distorção criminal,
o mesmo acontece na política e até mesmo na Justiça. Final dos tempos em que a
valorização das aparências se sobrepõe à valorização das essências. - Jornal O
GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13
<90> O trabalho individual do médico, atendendo uma pessoa, vem se
tornando cada vez mais raro. Permeando esses dois personagens estão duas pessoas
jurídicas, duas empresas, cujo objetivo está centrado no resultado financeiro. Jornal
O GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13
<91> É nesse ponto que entram as máquinas às quais Illich se refere. - Jornal
O GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13
<92> O aviso deveria ser colocado em todas as máquinas cujos exames são
solicitados pelos médicos. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA:
Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13
<93> Temos um conjunto de fatos e evidências que demonstram a seriedade e
a responsabilidade com que a Petrobrás trata suas operações de exploração e
produção na Bacia de Campos. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, ARTIGO DE
OPINIÃO: A Petrobras na Bacia de Campos, Caderno Geral, p.13
184
<94> Antes de aprofundar as duas medidas, é preciso dar a dimensão do
cenário: só a Petrobras pretende investir, nos próximos quatro anos, uma média de
US$47,3 bilhões ao ano – dos quais 60% dedicados à exploração à exploração e
produção, número associados aos enormes desafios logísticos e tecnológicos do pré-
sal. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Investir é preciso,
Caderno Geral, p.13
<95> No Senac, além dos cursos de beleza, são mais de 400 cursos em que
você aprende na prática e sai preparando para o mercado de trabalho, para seu
sucesso profissional e para muitas outras transformações no seu futuro. - Jornal O
GLOBO, DATA: 27/09/12, ANÚNICO DO SEBRAE, Caderno Geral, p.06
<96> A arrecadação de R$ 1 bilhão (que pode chegar a R$ 3 bilhões) para
gastos em campanha é um exagero em um país onde médicos são agredidos em
hospitais públicos por falta de recursos básicos, como gesso; escolas estão sem
professores; e falta saneamento básico. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, CARTA
DE LEITOR: José Antônio Domingues, Rio, Caderno Geral, p.19
<97> A revista “Veja” publicou afirmações atribuídas a Marcos Valério em
que ele acusa Lula de participação total no mensalão. - Jornal O GLOBO, DATA:
20/09/12, CARTA DE LEITOR: Luiz Antônio R. Mendes Ribeiro, Belo Horizonte,
MG, Caderno Geral, p.19
<98> O “sumiço” dos coletivos com ar-condicionado e a estufa que se forma
nos outros ônibus devido à má ventilação foram agravados por várias baratas circulando
nos bancos, chão e barras, onde nos seguramos. - Jornal O GLOBO, DATA:
20/09/12, CARTA DE LEITOR: Nicole Abreu, RIO, Caderno Geral, p.19
<99> O PSB , além de Recife e BH, demonstra força em Cuiabá e Curitiba
enquanto o PSDB lidera o ranking das legendas à frente em sondagens nas capitais:
Maceió, Manaus, Vitória, São Luís e Teresina. Mas trava sua grande batalha em São
Paulo onde José Serra disputa com o petista Fernando Haddad a primazia de
disputar o segundo turno com Celso Russomano (PRB). - Jornal O GLOBO,
DATA: 20/09/12, EDITORIAL: Cenário de 2014 na Campanha de 2012 , Caderno
Geral, p.20
<100> As empresas cujas concessões para exploração de hidrelétricas
terminam em 2015 se quiseram renová-las. Terão de obrigatoriamente reduzir suas
tarifas. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, EDITORIAL: Furnas dá exemplo no
corte de custos , Caderno Geral, p.20
<101> Disse que o peso do programa cairia sobre aqueles que ganham mais de
um milhão de euros/ano e cuja alíquota do imposto de renda sobe de uns 50% para
75%. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Meia-boca,
Caderno Geral, p.20
185
<102> A corrente desenvolvimentista, onde se assentam as convicções
históricas da presidente, acha que uma inflação mais alta pode até ser um instrumento
para se turbinar o crescimento. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, ARTIGO DE
OPINIÃO: Meia-boca , Caderno Geral, p.20
<103> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de
planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que
prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. Em comum,
nenhuma delas supre as demandas de passageiros. Ao contrário, houve até regressões –
caos dos trens, que, na década de 80, chegaram a transportar 1 milhão de
passageiros/dia. Faltam o essencial (a integração reclamada por especialistas), os meios
(programas de otimização dos serviços) e vontade política de mudar uma realidade
danosa para quem depende desses meios. Inclusive para se criar uma governança que
unifique a prestação dos serviços de ônibus, BRTs, trens, metrô e barcas, fundamental
para um sistema em que parte é controlada pelo estado e outra pelo município. -
Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o
próximo prefeito, Caderno Geral, p.22