Post on 12-Apr-2017
FACULDADE METROPOLITANA SÃO CARLOSINSTITUTO DE PSICOLOGIA CRESCER
PÓS GRADUAÇÃO EM ARTETERAPIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE
RAQUEL DE AZEVEDO DE SOUZA
O DESENVOLVIMENTO DOS SENTIDOS NA CRIANÇAO PAPEL DO ARTETERAPEUTA UTILIZANDO MATERIAIS NATURAIS.
Campos dos Goytacazes
2015
RAQUEL DE AZEVEDO DE SOUZA
O DESENVOLVIMENTO DOS SENTIDOS NA CRIANÇAO PAPEL DO ARTETERAPEUTA UTILIZANDO MATERIAIS NATURAIS.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à FAMESC / ISEC como requisito parcial à obtenção de certificado em Pós Graduação em Arteterapia.
Campos dos Goytacazes
2015
RESUMO
Este trabalho foi organizado com a intenção de servir de subsídio a todos aqueles que quiserem aprender um pouco mais sobre ou trabalhar terapeuticamente a necessidade da conectividade do ser humano com o mundo por ele habitado, através do desenvolvimento saudável dos seus sentidos desde a infância, no intento de igualmente buscar o encontro da sua verdadeira essência com aquilo que realmente é importante ao longo da vida.
Palavras chave: desenvolvimento, essência, sentidos, educação, criança
ABSTRACT
This work was organized with the intention of serving as a subsidy to those who want to learn a little bit more about or work therapeutically, the need of connectivity between human beings and the world inhabited by him, through the healthy development of their senses since childhood, in also intend to seek the meeting of their true essence, with what is really important throughout life.
Keywords: development, essence, directions, education, child.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................5
2 A IMPORTÂNCIA DA CONEXÃO ATRAVÉS DOS SENTIDOS.................7
3 O DESENVOLVIMENTO DOS SENTIDOS NA CRIANÇA........................11
4 CRIANÇAS COM SENSIBILIDADE E CRIATIVIDADE.............................29
5 ARTETERAPIA.........................................................................................32
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................41
7 REFERÊNCIAS.........................................................................................43
5
1 INTRODUÇÃO
Certa noite eu tive um sonho que me marcou bastante, eu estava em uma
pequena creche, toda colorida e texturizada em suas superfícies, começando pelas
paredes, passando pelas maçanetas e móveis e seguindo até o chão seguindo
padrões de cores. E eu estava em meio a várias crianças pequenas e professoras
uniformizadas com roupas igualmente texturizadas, elas usavam aventais coloridos,
e cada uma estava responsável por uma sala que indicava um assunto diferente a
ser ensinado, como por exemplo música e culinária.
Tudo estava sinalizado e interligado, cada textura, assim como as cores e as
professoras, representavam coisas diferentes que combinadas entre si, eram
automaticamente associadas pelas crianças. Me senti como se estivesse em uma
escolinha do futuro.
Pouco tempo depois, tive um outro sonho que mais parecia um flash, e que
me chamou bastante atenção. Eu encontrava uma amiga da faculdade de
Cenografia, e realmente, uma semana depois eu a encontrei em um ponto de ônibus
indo para o trabalho, e pegamos o mesmo transporte. No caminho, ela foi me
contando que estava fazendo um curso de Pós Graduação em Arteterapia, pois sua
mãe era psicanalista e que a partir desta pós era possível trabalhar em vários
lugares com arte, inclusive escolas.
Eu naquela época, estava em uma fase de grande ebulição psíquica, havia
me dedicado um longo tempo a caminhada espiritual e resolvi me afastar um pouco,
mas não queria me distanciar de fazer o bem ao próximo. Pensava então, em dar
seguimento a algum projeto social que envolvesse crianças, e para isso, eu
precisava me capacitar.
E assim, da forma mais Junguiana possível, eu cheguei as portas de uma
Instituição de Ensino, para um Workshop de Iniciação.
Antes disso, eu já havia batido na porta de algumas Instituições e Escolas,
procurando voluntariados e oferecendo projetos paralelos de oficinas para crianças.
6
Começado o curso, fui passando pelas etapas de desbloqueios e
redescobertas, e fui me aproximando cada vez mais do contato com a natureza, o
que influenciou muito nos meus trabalhos e me mostrou uma faceta que até então
eu nem imaginava que tinha, e isso foi aflorando cada vez mais.
Nessa mesma época, fiz uma viagem para um Sítio Sustentável em
Pirenópolis – GO, e tentei fazer uma sessão experimental de “Arteterapia” em um
Projeto Social para crianças carentes, da Prefeitura. Durante o processo, percebi
ainda mais a seriedade de se mobilizar este conteúdo em uma criança. E me senti
muito gratificada quando o tema da oficina que era “O que podemos fazer pelo meio
ambiente para ter um mundo melhor?”, e todas as crianças fizeram desenhos muito
semelhantes, uma árvore, um sol e algumas nuvens, mas uma das crianças, para
minha surpresa, fugiu completamente aos outros trabalhos, desenhou a Terra e os
planetas ao redor iluminados pelo sol.
Ao longo do curso, fui convidada por uma das colegas de turma, para fazer o
estágio em uma Instituição Infantil, o que tornou esse momento ainda mais
proveitoso, pela proximidade com este público, até então desconhecido para mim.
E assim tenho caminhado até aqui, plantando sementes com todo cuidado,
buscando harmonização e paz para a construção de um futuro seguro e feliz.
2 A IMPORTÂNCIA DA CONEXÃO ATRAVÉS DOS SENTIDOS
Queremos o mundo porque ele é bonito, seus sons, seus cheiros e suas texturas, a presença sensorial do mundo como um corpo. Resumindo, por baixo da crise ecológica está a crise mais profunda do amor: que nosso amor tenha abandonado o mundo, que o mundo esteja desamado, é o resultado direto da repressão da beleza, de sua beleza e de nossa sensibilidade para ela. Para que o amor retorne ao mundo, é preciso, primeiramente, que a beleza retorne, ou estaremos amando o mundo só como uma obrigação moral: limpá-lo, preservar a natureza, explorá-lo menos.
(Hillman)
Há muitos anos atrás, os habitantes deste planeta, sempre em constante
transformação, deram início a um processo de conscientização dos limites das
capacidades da Terra e seus esgotamentos, sejam eles ecológicos, econômicos,
educacionais e políticos, entre outras coisas.
Esse processo fez com que houvesse uma reflexão crescente, porém ainda
pouco mobilizadora de grandes blocos de poder, além disso a superpopulação e as
tecnologias industriais que participam de uma irreversível degradação das principais
fontes, levam a crer que ainda existe muito a se caminhar em direção a algo
realmente funcional, mantenedor e menos exploratório.
Uma parte ainda insiste em se manter alheia a todas estas questões, pois de
alguma forma, elas ainda “não se encontram inseridas” nestes contextos, já uma
segunda parte, se concentra ainda em direcionar seus esforços para brinca de Deus
com a clonagem, a genética e os vírus, e uma terceira parte parece não se importar
com os dejetos nucleares e a poluição mundial, pois anualmente são lançados
nesse mercado, produtos que poluem a terra, o ar, a água e prejudicam a saúde
evidentemente. Segundo Alves (apud Duarte Jr. 2000 p.)
Acerca da anestesia que o mundo de hoje vem nos submetendo, é como se a língua, o nariz, os olhos, os ouvidos e o tato tivessem sido amortecidos e castrados. Assim, desatentos e deseducados, nossos sentidos vão se obliterando, enquanto seguimos na crença de que o único conhecimento importante é aquele de caráter abstrato
8
produzindo exclusivamente em nosso cérebro, que tão só pensa e realiza cálculos sem se dar conta do mundo sensível ao derredor.
O ser humano convive hoje, com uma poluição diária em diversos níveis, e
somado a isso, encontra-se interconectado a uma rede de informações e vigilância.
As cidades, centros efervescentes de explosão emotiva, cultural e de
conhecimento, estão se deteriorando na mesma proporção de seu crescimento,
umas mais, outras menos, mas seus reflexos podem ser verdadeiramente “sentidos”
por quem mora ou frequenta áreas de extrema pobreza. Mas o que isso reflete na
vida dos seus habitantes? Eles passam a não ser mais extensão do lugar onde
moram, eles simplesmente pois não há mais sentido em passear por entre as ruas
não interagem mais com o ambiente natural em que vivem, pois não há mais sentido
em passear por entre as ruas do próprio bairro ou cidade e observar as mudanças
ou simplesmente com os canais sensoriais abertos para cores, sons e odores dos
lugares, já que não existe esse sentimento de lugar que se habita, como uma
extensão do corpo.
O que muito se vê, é que uma política distante destas questões mais
humanas e sua antológica dificuldade de administrar diversos serviços, atender um
grande número de pessoas, organizar, crescer e desenvolver espaços, fazendo com
que esta conta desague muitas vezes em desigualdades sociais e econômicas,
desemprego, inflação, violência e sujeira, como citamos anteriormente e isso vira um
ciclo fechado que se alimenta constantemente.
Outro ponto importante é que justamente devido a essas condições e
estressantes rotinas, grande parte daqueles que moram nessas grandes cidades,
ficam mergulhados neste transe psicológico. Basta pesquisar sobre a quantidade de
antidepressivos e doenças somatizadas por estas pessoas.
O mundo hoje, se encontra extremamente competitivo, e para sobreviver, o
homem deve se impor pela força, inteligência e pelo dinheiro. Ele deve permanecer
sempre o melhor, jovem, belo e rico. E assim o ‘Eu’ vai perdendo força e esquece
aquilo que é mais importante: ser feliz, amar, respeitar, aprender, compreender,
9
desprezando referências que motivavam seus ancestrais e davam sentido à sua
existência.
Segundo Bohm (2003 apud Opermann) este modo de vida tem provocado
poluição, destruição do equilíbrio da natureza, o excesso por parte da população, a
desordem econômica e a política mundial, deste modo, Bohm afirma ainda que, a
fragmentação é agora muito difundida, não só ao longo da sociedade, mas também
em cada indivíduo, e isso está levando a uma confusão mental generalizada, o que
cria um série interminável de problemas e interfere com a nossa clareza de
percepção.
Essa degradação da qualidade de vida vem, em grande parte, de uma visão
fragmentada do mundo e da visão de curto alcance da humanidade atual. Assim,
diante destes problemas, sociólogos, economistas, analistas políticos entre outros
especialistas, se mostram impotentes para resolvê-los e até mesmo compreendê-
los.
Economia e ecologia entram em constante desacordo, devido ao fato de que
a natureza é cíclica, enquanto que os sistemas industriais são lineares. A economia
enfatiza a competição, a expansão e a dominação, a ecologia enfatiza a
cooperação, a conservação e a parceria.
Como forma de compensar a perda de um mundo que pulsava com o nosso sangue e respirava com a nossa respiração, nós desenvolvemos um entusiasmo por fatos - montanha de fatos, muito além de qualquer poder indivídual de pesquisa. Temos a esperança piedosa que esta acumulação acidental de fatos irão formar um todo significativo, mas ninguém sabe ao certo, porque nenhum cérebro humano pode possivelmente compreender que a gigantesca soma total dessa massa – produza conhecimento. Os fatos nos enterram. (JUNG apud SABINI, 2007, p.138)
O homem parece evoluir em alguns aspectos, mas antigamente quando ele
era selvagem e bárbaro, matava para se alimentar ou sobreviver, e hoje ele mata,
apesar de toda sua ‘evolução’, para dominar, para conquistar mercados, impor
ideias, impor uma religião, pelo descontrole emocional, uso de drogas, culto a
violência ou também pelo prazer em caçar animais selvagens e exóticos para serem
exibidos como troféus em seu meio. Dentre todas as espécies, o homem é a única
10
que entra em guerra e mata seus semelhantes em nome da religião, do mercado
livre, do patriotismo e de outras ideias abstratas.
Atualmente percebemos crianças, jovens e adultos infelizes, que não se
sentem capazes, por não terem ultrapassado suas mais básicas e íntimas
dificuldades pessoais de adaptação e relacionamento em família ou em grupos.
3 O DESENVOLVIMENTO DOS SENTIDOS NA CRIANÇA
A alimentação (...), além de nutrir o corpo com alimentos naturais e biológicos, é também se nutrir e alimentar de bons pensamentos, do que se lê, do que se vê, do que se fala, do que se toca, do que se faz, e de quanto de atividade física que se pratica. É a nutrição que se absorve do Ar, da Água, do Sol, do Verde das plantas e árvores, da Flores, da Beleza da Natureza ao nosso redor. É também a nutrição que vem dos relacionamentos, do trabalho que se gosta de fazer, dos desafios que se propõe a si mesmo, das conquistas e vitórias que se alcança. É a nutrição da Alma, através da incessante e fascinante busca pelo autoconhecimento, por descobrir quem somos e para que viemos, ficando atentos e nos nutrindo, de certa forma, dos sinais da vida para que trilhemos nosso caminho de forma consciente, despertos e inteiros.
(Malu Paes Leme)
Para compreender as diferentes experiências sensoriais se faz necessário
compreender primeiramente, como se dá o processamento sensorial no seu
desenvolvimento. A primeira infância é o período muito importante no qual a criança
traça os caminhos básicos das suas futuras capacidades e de todos os seus
processos mentais.
Uma criança não nasce com estratégias e conhecimento prontos para
perceber as complexidades dos estímulos vindos do ambiente que a cerca. Essa
habilidade vai se desenvolvendo durante a infância e com suas experiências vividas.
Os sentidos operam por meio dos sistemas e seus órgãos ou receptores
sensoriais que captam os estímulos vindos do ambiente, sejam eles internos ou
externos, e os transmitem ao cérebro para que sejam processados, organizados e
interpretados. Esses receptores podem ser relacionados a estímulos produzidos fora
ou dentro do organismo.
E embora este capítulo seja mais técnico do que reflexivo, é valoroso
ressaltar que em meio a esse desenvolvimento dos sentidos, a toda essa integração
sensorial a partir de seus sistemas fisiológicos, para o funcionamento da máquina
humana, há de ser ter olhos também para a qualidade desses estímulos, que
12
certamente irão interferir na formação dessa criança. Ela precisa aprender a ler o
ambiente que vive, se desenvolver melhor de forma saudável, entender melhor o
que a cerca, a se alimentar melhor desde pequena entre tantas outras coisas, ou
seja, desenvolver os sentidos a seu favor. Citando Guerra (2009, p. 83):
Todos nós temos feedbacks instantâneos por meio do nosso corpo, dando-nos a temperatura correta das nossas vivências, segundo estivermos ou não vivendo aquilo que pregamos, conforme estejamos ou não sendo corretos, íntegros, primeiro conosco e depois com os outros.
Quando prestarmos atenção as nossas sensações instintivas, intuitivas e aos sinais que nosso corpo vai dando, também aprenderemos mais sobre nosso código pessoal de ética. Essas são as linhas orientadoras para se viver em paz.
Capra (2003), traz em um de seus livros, a colaboração de Michel Ableman,
que entre muitas coisas, é agricultor e educador, e considera que ‘uma profunda
nutrição espiritual’, dependente das relações interpessoais, locais, biológicas e
ecológicas.
Ao dirigir um Centro de Agricultura Urbana, em Fairview Gardens, palco ideal
para esse tipo de educação e desenvolvimento sensorial, ele enfatiza a necessidade
da criança desenvolver a observação. E é Ableman (ano 2003, p. 223 - 224) quem
comenta:
Eu tenho um segundo filho. Todas as noites nós o envolvemos no seu cobertor de lã favorito e percorremos, o mais lentamente possível toda a extensão da fazenda dando boa noite as galinhas, tocando as folhas dos aspargos, roçando o rosto em várias ervas e flores e passando silenciosamente pelos milhares de sapos que habitam o nosso tanque. Essas caminhadas noturnas não incluem nenhuma conversa nem explicação: não é preciso nenhuma leitura nem estudo para entender e aprender com a nossa experiência.
TATO
Segundo a neurocientista Lise Eliot (1999), o toque é o primeiro sentido a
emergir. Embriões com apenas cinco semanas e meia podem sentir o toque dos
lábios ou nariz, o que rapidamente se propaga por todo o corpo. Na nona semana, o
13
queixo, pálpebras e os braços também podem sentir o toque, na décima semana, as
pernas, e na décima segunda semana, quase toda a superfície do corpo é sensível
ao toque.
Isso acontece porque as respostas iniciais aparecem apenas nos níveis mais
baixos do sistema nervoso central, como a medula espinhal e o tronco cerebral. De
acordo com Ayres (2005, p. 40):
A pele tem muitos tipos diferentes de receptores para receber sensações de tato, pressão, textura, calor ou frio, dor e movimento dos seus pêlos. Embora possamos não pensar muito sobre o papel da sensação do toque em nossas vidas, o sistema tátil é o nosso maior sistema sensorial, devido a extensão da pele e que desempenha um papel vital no comportamento humano, tanto físicamente quanto mentalmente.
Os núcleos do tronco cerebral que processam entradas táteis podem nos dizer que algo está tocando a pele e se algo é doloroso, frio, quente, molhado ou se está arranhando. Em geral, o tronco cerebral é concebido para detectar se um estímulo é sobre a pele ou sua forma. Esses detalhes são processados nas áreas sensoriais do córtex cerebral.
Funcionando como se o sistema nervoso fosse inteiro, e os circuitos neurais
mediassem o desenvolvimento da sensação de tato, começando nos níveis mais
baixos como citado e subindo até o tálamo e finalmente, até o córtex cerebral.
Segundo Ayres (2005, p. 40):
O sistema tátil é o primeiro sistema sensorial a se desenvolver no útero e é capaz de funcionar de forma eficaz quando os sistemas visual e auditivo estão apenas começando a se desenvolver. Por estas razões, o toque é muito importante para a organização neural global, e caso não esteja funcionando adequadamente, o sistema nervoso tende a tornar-se desequilibrado.
Apesar do tato ser um dos sentidos mais desenvolvidos no momento do
nascimento, os bebês precisam de um tempo para que algumas destas habilidades
amadureçam, como por exemplo discriminar a localização de um estímulo no corpo,
discriminar os diferentes tipos de estímulos que o toque pode proporcionar. Este
sistema também é responsável por ‘supervisionar’ outras sensações do corpo do
14
bebê como temperatura, dor e a propriocepção, que é a sensação de
posicionamento e movimento do corpo. Citando Ayres (2005, p. 40):
A palavra propriocepção refere-se à informação sensorial provocada pela contração e alongamento dos músculos ao endireitar, puxar ou comprimir as articulações entre os ossos. Bainhas que cobrem os ossos também contêm proprioceptores. As sensações de seu próprio corpo ocorrem especialmente durante o movimento, mas eles também ocorrem enquanto estamos parados, pois os músculos e articulações enviam constantemente informações ao cérebro para nos dizer sobre a nossa posição. Porque há muitos músculos e articulações do corpo, e o sistema proprioceptivo é quase tão grande como o sistema táctil.
A propriocepção viaja da medula espinhal até o tronco cerebral e cerebelo, de forma que ele atinja os hemisférios cerebrais. Mais input proprioceptivo é processado em regiões do cérebro de forma inconsciente, e por isso raramente nota-se as sensações de músculos e articulações, a menos que deliberadamente preste-se atenção aos movimentos. Mesmo prestando um pouco de atenção, é possível sentir apenas uma pequena fração de toda a propriocepção que está presente durante o movimento.
A propriocepção ajuda o movimento, pois caso não houvesse este sentido, os movimentos corporais seriam mais lentos, desajeitados, e envolvendo mais esforços.
Crianças com propriocepção mal organizada geralmente tem um monte de problemas para fazer alguma coisa quando elas não podem vê-las com os olhos.
Experiências sensoriais iniciais, determinam a possível extensão da
sensibilidade tátil, isto é, quanto mais os bebês forem estimulados, melhor será o
seu desenvolvimento sensorial e cerebral durante a infância.
Pode-se dizer que o tato proporciona ao bebê as suas primeiras sensações
de prazer e também as primeiras desagradáveis. É igualmente através desse
contato corporal que, ao serem embalados por suas mães, os bebês reconhecem
quem lhes são próximos, chegando a demonstrar o seu estado emocional, pois
esses estímulos são percebidos em toda superfície do seu corpo, receptivo a
qualquer tipo de carícias, que o recém-nascido percebe os estímulos tácteis.
Lá pelo terceiro trimestre, essa integração permite o aparecimento de reflexos
mais sofisticados, como a resposta da origem, no qual o bebê gira a cabeça e abre a
boca em direção a um leve estímulo na bochecha.
15
Segundo Eliot (1999), não é surpresa que os bebês são capazes de sentir
melhor usando suas bocas. A sensibilidade do toque se desenvolve da cabeça para
os pés, então a boca passa a ser a primeira região a se tornar sensitiva, e passa a
ser utilizada pelos bebês para explorar tudo, independente de ser algo grande, sem
gosto, pequeno ou perigoso, parecem não estar tão familiarizados com suas mãos
inicialmente, e apesar deles agarrarem os objetos, eles não tem com as mãos a
mesma atividade que eles parecem ter com a boca.
No entanto, mesmo antes do nascimento, os bebês já começam usando suas
mãos para tocar todas as partes do corpo, especialmente a face.
A neurocientista ainda comenta, que o bebê consegue perceber diferentes
texturas, mas não antes dos dezoito meses, quando ele já consegue diferenciar
entre as formas de um cubo inteiro e um cubo vazado.
Além dos estímulos exteriores, o contato humano parece ser essencial a esse
desenvolvimento, pois como qualquer outro mamífero, a perda da segurança e do
conforto de um toque parecem ter papel importante.
A lição a ser aprendida a partir de todos esses estudos é clara: as crianças prosperam em contato e contato físico, especialmente nos primeiros meses de vida. Em muitas culturas, as mães estão quase constantemente em contato com seus bebês, carregando-os em slings ou bolsas durante o dia e dormindo com eles de noite. Os pais nas sociedades ocidentais tradicionalmente não gastam tanto tempo em contato direto com seus bebês, mas há alguma evidência de que "bebês de três meses de idade", que são carregados em slings (...) por um par de horas extras por dia, gastam menos horas chorando. (ELIOT,1999, p.144)
Ainda segundo Eliot (1999, p.144):
A quantidade de toque, se ele está sendo carregado, massageado, acariciado, embalado, é claramente importante. Mas igualmente importante é o significado emocional do contato, pois para a maioria dos bebês, felizmente, o contato amoroso é o normal. É difícil para os pais para resistir segurar e tocar, explorando cada centímetro do corpo de seus bebês. Esses impulsos paternos e maternos muito potentes foram, sem dúvida, programados há muito tempo em nossa história evolutiva, considerando como eles são fundamentais para o crescimento ideal e desenvolvimento de nossas crianças. Porque o
16
toque, mais do que qualquer outro sentido, tem acesso direto ao cérebro dos bebês, e assim, se oferece talvez a melhor oportunidade possível, e uma das mais fáceis, para moldar o seu emocional e bem estar mental.
O tato é o sentido mais importante para o recém-nascido, pois é o que está
proporcionalmente mais desenvolvido na primeira fase da vida, pois é através da
pele que o bebê detecta os estímulos agradáveis, como por exemplo as carícias e o
calor da sua mãe, e os que lhe são incômodos, como estar molhado ou com frio.
Ao fim de um determinado período de tempo, sobretudo quando já começa a
agarrar objetos, as mãos e a boca passam a ser uma das principais ferramentas
disponíveis para conhecer o que o rodeia. De fato, embora ainda sejam movimentos
desajeitados, o bebê tem a tendência para tocar tudo o que encontra ao seu
alcance, agarrar qualquer objeto acessível, movimentá-lo e levá-lo à boca para
chupar e morder, sendo através destas sensações que o bebê começa a conhecer o
mundo.
SISTEMA VESTIBULAR
Desde o nascimento, os recém-nascidos encontram conforto nessa sensação
de movimentos repetitivos, e isso acontece justamente pelo fato do desenvolvimento
do sistema vestibular, se iniciar desde o período embrionário.
A estimulação vestibular parece ser igualmente benéfica para os bebês, pois
eles choram menos quando estão sendo ninados, ou quando seus pais os mudam
de posição. Não é novidade, que eles amam serem carregados e ninados por seus
pais. Diferente dos outros sentidos, as sensações de equilíbrio e movimento são
inconscientes. Isso acontece porque essas funções estão abaixo do nível do córtex
cerebral. No entanto, é possível perceber que elas existem e podem ser
estimuladas.
O sistema vestibular representa um papel especial na manutenção da postura
do corpo como um todo e de suas partes, da cabeça, e também dos olhos. É
possível manter a suavidade do movimento e a manutenção do equilíbrio do corpo a
17
partir do senso de gravidade pertencentes a esse sistema. Segundo Ayres (2005,
p.20):
Muitas teses são construídas em seu sistema nervoso antes do nascimento e são ativadas pelas sensações de gravidade e movimento e toque. Sem a integração que ocorre nesta atividade sensório simples, o desenvolvimento adequado seria impossível mais tarde na vida.
Segundo Eliot (1999) Quando o sistema vestibular e auditivo começam a se
desenvolver juntos, o primeiro se desenvolve mais rapidamente que o segundo,
muito provavelmente porque o desenvolvimentos de outras partes do sistema
nervoso, dependa deste início precoce das habilidades vestibulares. Segundo Eliot
(1999, p. 154):
O desenvolvimento mental é altamente cumulativo. Como um dos primeiros sentidos a amadurecer, o sistema vestibular fornece uma grande parte das primeiras experiências sensoriais de um bebê. Essas experiências provavelmente desempenham um papel fundamental na organização de outras habilidades sensoriais e motoras, que por sua vez, influenciam o desenvolvimento de habilidades emocionais e cognitivas superiores.
A estimulação vestibular aumentaria o desempenho mental e cerebral, a partir
do momento em que os bebês, muitas vezes parecem almejar essa estimulação
vestibular se balançando na forma de movimentos repetitivos. A auto estimulação
vestibular é tão evidente que, este impulso faz com que a maioria deles, entre os 6 e
8 meses, produzam estes movimentos: saltem, se balançem, balançem a cabeça e
balançem o corpo.
Estes movimentos diminuem o nível de excitação do bebê, e segundo Eliot
(1999), é justamente neste momento, que os bebês mostram maior estado de alerta
visual, pois durante estes períodos de alerta silencioso, eles tem um melhor
aprendizado, pois podem efetivamente absorver mais informações sobre o mundo
ao seu redor.
18
De acordo com Capra (1996), uma vez que a cognição é tradicionalmente
definida como o processo do conhecer, todo ser humano deve ser capaz de
descrevê-la pelas interações de seu organismo com o meio ambiente, e isso muito
se entrelaça, com o desenvolvimento cognitivo. Citado por Capra (1996, pg 211):
Ora, o sistema vivo não só especifica essas mudanças estruturais, mas também especifica quais as perturbações que, vindas do meio ambiente, as desencadeiam.
Ao especificar quais perturbações vindas do meio ambiente desencadeiam suas mudanças, o sistema ‘gera um mundo’.
A cognição não é a representação de um mundo, que existe de maneira independente, mas, em vez disso, é uma contínua atividade de criar um mundo por meio do processo de viver.
Em seu livro na 25ª edição, a terapeuta ocupacional Jean Ayres (2005, p. 41-
42), discorre sobre a fisiologia do sistema vestibular de forma simples, segundo ela,
do outro lado do ouvido externo é o ouvido interno, que contém uma estrutura muito
complexa feita de osso. Esta estrutura é chamada de labirinto e contém ambos os
receptores auditivos e dois tipos de receptores vestibulares, este receptor responde
à força de gravidade, que puxa para baixo esses cristais para pressionar e mover
células semelhantes a pêlos, que então ativa as fibras nervosas do nervo vestibular,
que carrega a entrada sensorial vestibular aos núcleos vestibulares do tronco
cerebral.
Ainda segundo Ayres (2005, p. 41-42), como a gravidade está sempre
presente neste planeta, os receptores correspondentes estão sempre enviando
mensagens: quando a cabeça se inclina para um lado, quando se move para cima e
para baixo, ou se move em qualquer direção que muda a força da gravidade sobre
os cristais de carbonato de cálcio, a entrada vestibular dos receptores de gravidade
altera as informações no sistema vestibular, esta entrada sensorial muda sempre
que a cabeça muda a velocidade e o sentido de seu movimento. Até o 5 º mês no
útero, o sistema vestibular é bem desenvolvido, juntamente com a entrada sensorial
para o cérebro fetal. Durante a maior parte da gravidez, a mãe estimula o sistema
vestibular do seu feto com os movimentos de seu próprio corpo. As sensações
vestibulares, são processadas principalmente nos núcleos vestibulares e cerebelo,
assim, são enviados para baixo, tanto na medula espinhal quanto no tronco cerebral,
19
onde servem a uma função integradora poderosa. Alguns impulsos são enviados a
partir do tronco cerebral para os hemisférios cerebrais. Os impulsos que vão para a
medula espinhal interagem com outros impulsos sensoriais e motores para ajudar na
postura, equilíbrio e movimento. Os impulsos que vão subindo a níveis superiores do
cérebro interagem com o tátil, impulsos proprioceptivos, visuais e auditivos, e vão
dar percepção do espaço, posição e posterior orientação dentro desse espaço.
OLFATO
Assim como nas sensações vestibulares, de uma forma inconsciente, o cheiro
tem um papel importante. Muitos odores e sabores aos quais as mães são expostas
durante a gravidez, passam para o embrião já durante o estágio fetal. O odor seria
referente ao sentido "químico", começando com uma excitação neuronal em
resposta a moléculas específicas no ambiente, pois ele é um componente
importante do apetite, e ajuda na escolha de alimentos. Ambos são
filogeneticamente sentidos primitivos. A habilidade de sentir o cheiro começa na
vigésima oitava semana de gestação. No entanto os neurônios olfatórios
desenvolvem-se muito antes, inclusive sua capacidade bioquímica para detectar
odores.
Entre os dois e os seis meses de gestação, a cavidade nasal é preenchida
com uma camada de tecido, que impede que produtos químicos alcancem os
receptores, possivelmente protegendo-os de uma estimulação prematura, dessa
maneira, juntamente com o amadurecimento do sistema olfatório fetal, a placenta se
torna altamente permeável durante o terceiro trimestre, permitindo que algumas
moléculas ultrapassem o líquido amniótico. Durante o terceiro trimestre, o feto
começa a sentir os cheiros trazidos aos seus receptores olfativos pela mucosa
nasal, através de moléculas de odor dissolvidas no próprio líquido amniótico.
Este processo pode ser muito vantajoso para o desenvolvimento do sistema
olfatório desde a barriga da mãe, pois dependendo do estilo de vida dela, este feto
pode estar exposto a um ambiente muito rico olfativamente falando, durante os
últimos dois ou três meses antes do nascimento. E justamente pelo fato do feto ter
20
esta capacidade de sentir estes odores no útero, isso vai ajudá-lo a reconhecer sua
mãe após o nascimento.
Estas áreas olfativas primárias se desenvolvem melhor no nascimento do que
algumas partes mais evoluídas do córtex cerebral, por isso mesmo que o olfato é um
dos sentidos mais importantes. Os recém-nascidos, provavelmente dependem mais
dele neste momento, do que em qualquer outro momento da vida.
Dentre os seus vários talentos olfativos, os recém-nascidos são capazes de
reconhecer o peito de sua mãe, não apenas pelo fato da amamentação, como um
recurso de sobrevivência, mas como mecanismo de reconhecimento daquela que é
sua genitora, dentre tantas outras mulheres, pois eles também aprendem a distinguir
o cheiro do peito de sua própria mãe, de outra mulher amamentando. Segundo Eliot
(1999, p. 159):
Embora ela tenha acabado de nascer, o sistema olfativo de Hanna é bastante maduro. Ele começou a se formar no início do período embrionário, progredindo, como todos os sentidos, de fora para dentro. Apenas cinco semanas após fertilização, uma fenda nasal aparece no rosto primitivo, gradualmente aprofundando-se e dividindo-se para formar verdadeiras narinas em sete semanas.
Em 11 semanas, os epitélios olfativos tornam-se abundantes e exteriormente maduros.
Segundo Eliot (1999), eles são capazes de discriminar o odor de mama de
mulheres diferentes muito melhor do que qualquer adulto. O odor do peito de uma
mulher amamentando é intrinsecamente atraente para recém-nascidos. E eles vão
além, preferem o peito de sua mãe ‘sujo’, em comparação com aquele que é lavado
imediatamente após o parto. O sentido do olfato é especialmente importante no
início da vida. Até visão e audição de um bebê são melhores desenvolvidas. Sua
percepção sensorial é, em grande parte restrita pelo que se encontra ao seu redor,
assim como o tato.
Embora o sentido do olfato apenas comece a funcionar plenamente por volta
do primeiro ano de vida, até então o recém-nascido também consegue cheirar, pois
reage ao virar a cabeça para trás quando se aproximam do seu nariz algumas
substâncias de odor forte, como se procurasse evitá-las.
21
Apesar da tendência em se dizer que as sensações do olfato do bebê ainda
estão pouco desenvolvidas em relação às crianças, e sobretudo, em relação aos
adultos, existem evidentes exceções, já que basta a mulher aproximar o seu peito do
bebê para que este reconheça o odor do leite e reclame alimento.
Segundo o site Mediapedia (2012), o olfato é um sentido que participa em
vários aspectos da vida, tem grande influência no despertar da fome, na escolha de
alimentos, participa no processo digestivo, pois o odor agradável dos alimentos
estimula sensações salivares e gástricas, e chega a ter uma função protetora,
evitando com que a criança coma ou escolha alimentos estragados, adverte a
presença de fumaça, gases tóxicos nocivos e nos proporciona sensações
agradáveis e desagradáveis que influenciam a sua vida afetiva.
A relação entre cheiro e emoção pode ser entendida a partir da investigação
do processamento das informações olfativas pelo sistema sensorial. Ao sentir um
aroma, de imediato as amígdalas trabalham e relacionam aquele odor à ação que
está ocorrendo ou o que está sendo vivenciado naquele momento e desencadeia no
cérebro uma reação neurológica na memória, assim ao sentir o mesmo cheiro, a
memória afetiva é ativada, pois associa-se naturalmente aquela informação olfativa
a momentos e a pessoas importantes.
A ‘memória olfativa’ é um fenômeno que acontece porque o olfato está
diretamente ligado aos mecanismos fisiológicos que regem as emoções. Quando se
sente um cheiro, a informação passa pelas narinas e é processada no sistema
límbico, parte do cérebro responsável pela memória, sentimentos, reações
instintivas e reflexos. Segundo Ayres (2005, p.40):
O nariz fornece informações sobre a composição química das minúsculas partículas suspensas no ar que produzem odores. O olfato é o único sentido, cujos impulsos são processados diretamente através do sistema límbico (responsável pelas emoções e sentimentos), ou seja, não tem que passar pelos canais do tronco cerebral. E justamente por isso, é possível que o cheiro ative emoções diretamente e influencie o quanto algo é agradável ou não, apenas pelo modo como isto cheira.
22
Ainda a respeito das emoções despertadas pelos cheiros, Osho (2005, p. 50)
coloca uma interessante reflexão:
Se o seu olfato não estiver funcionando muito bem, eu posso lhe dar uma flor, mas não posso lhe dar a fragrância. Se a sua mente não estiver funcionando totalmente, eu posso lhe dar a palavra, mas não o significado, porque o significado precisa ser detectado por você, decodificado por você. Eu posso lhe dar a flor porque isso não é problema, mas, como posso lhe dar a fragrância?
É por isso que, às vezes, o ser humano é acometido por lembranças de uma
situação passada na presença de determinados odores. De acordo com Ayres
(2005, p.20):
Outro sentido que é provavelmente bem organizado no nascimento é o sentido do olfato. Ela pode ter um papel importante durante o primeiro mês de vida. Como os sentidos de gravidade, movimento e toque, esse sentido apareceu no início da evolução dos animais assim como o homem evoluiu. O sentido do olfato não é desenvolvido e refinado na criança mais velha da mesma forma que a visão e a audição são.
PALADAR
Juntamente com o tato, o olfato e os sentidos vestibulares, a capacidade de
saborear surge no início do desenvolvimento, evidências sugerem que os fetos,
podem sentir diferentes sabores desde sua formação, o que gera importantes
consequências, como por exemplo, a preferência por determinados alimentos, e por
haverem essas evidências de sensibilidade a diferentes substâncias presentes no
líquido amniótico, também os ajuda, a reconhecer a mãe após o nascimento, pois
estas mesmas substâncias caracterizarão o leite materno. O paladar, torna-se
funcional durante o terceiro trimestre de gestação. De acordo com pesquisas de
Elliot (1996, p. 193):
Uma vez que um bebê começa em alimentos sólidos, o mundo do sabor vem totalmente à vida. E assim como os sabores que ele experimentou no leite materno estão ajudando a moldar suas preferências de gosto, o desenvolvimento desses encontros iniciais
23
com alimentos pode ter um impacto profundo sobre os hábitos alimentares de que ele vai levar com ele ao longo da vida.
Ainda segundo a neurocientista Elliot (1999), assim como o cheiro, o gosto é
um dos sentidos químicos, que faz com que o sistema nervoso detecte moléculas
especificas no meio ambiente e converta essa informação em sinais elétricos
distintos. O sabor tem um grande impacto sobre a medula, pois ele ajuda a
desencadear vários reflexos do tronco cerebral, que são necessários na
alimentação, incluindo salivação, deglutição e movimentos da língua. Sabe-se
também que os bebês prematuros, de trinta e cinco semanas de gestação, são
capazes de perceber os gostos.
A informação gustativa, começa com a sensação na forma de impulsos
elétricos, uma vez que um estímulo ativa o impulso gustativo, estímulos diferentes
ativam esses receptores sensoriais. As células receptoras formam sinapses com os
neurônios, transmitindo esses impulsos até à área gustativa do córtex cerebral, por
isso são percebidos somente quando chegam ao cérebro.
Os estímulos químicos ativam os quimiorreceptores responsáveis pelas
percepções gustativas e olfativas, que são justamente os botões gustativos
presentes nas papilas da língua, e é através deste processo, que é possível
reconhecer os cinco gostos básicos: ácido, amargo, doce, picante e salgado. Ao
nascimento, os bebês já conseguem distinguir sabores agradáveis aos
desagradáveis, o que mais os atrai é o doce, em detrimento do azedo e do amargo,
o salgado, só irá provocar alguma reação no bebê após os 6 meses. Segundo
narrativa de Zel em seu blog pessoal, ao introduzir alimentos a educação de seu
filho (2012):
(...) pois quando começamos a introduzir o Otto ao mundo dos alimentos além da teta, havia uma preocupação em fazer do processo de se alimentar um prazer e também aprendizado sobre sabores e texturas. Fomos orientados pelo pediatra a iniciar com sucos coados de fruta (laranja, mamão) primeiro, depois frutas peneiradas (uma de cada vez, por 1 semana), depois legumes peneirados, e por último as carnes.
Expor a criança aos cheiros, texturas, sabores e cores dos alimentos puros ajuda a desenvolver a percepção sensorial de forma mais ampla, a criar memória gustativa / olfativa / tátil, deixar a criança
24
PEGAR os alimentos, sentir a textura, morder, lamber e cuspir, cheirar, interagir e descobrir por si própria o que prefere.
A língua fornece informações sobre a composição química das partículas que
a tocam. O sabor, é uma fusão de várias sensações, e para senti-lo, o cérebro
interpreta não apenas os estímulos gustativos do paladar, como também os
estímulos olfativos e as sensações térmicas e tácteis, como por exemplo, o aumento
da sensibilidade a variedade de compostos amargos durante a infância. A respeito
deste assunto, Elliot (1999, p. 194) destaca:
Bebês de seis meses que foram alimentados com água e com açúcar tendem a beber mais dele do que bebês não expostos previamente a ele. Este efeito dura um tempo surpreendentemente longo, porque, mesmo que os pais parem de dar água com açúcar ao bebê de seis meses de idade, ela continuará a mostrar uma maior preferência por ele em dois anos.
Isso não significa que a educação dos filhos com pouco sal ou nada de doces na dieta, irá apagar seu desejo por esses gostos.
Como existem crianças mais sensíveis e outras mais seletivas, a
experimentação, acompanhada pelos pais deve se dar de forma a acostumá-las
gradualmente a comerem de tudo, seja saboreando os alimentos. O importante é
desfrutar deste sentido para aprender sobre o mundo e o que ele nos oferece como
fonte de vida, nos ajudando a escolher novas texturas, consistências e combinações
a partir da sua própria experiência pessoal.
AUDIÇÃO
A partir do terceiro mês, o feto já é capaz de distinguir alguns sons, como por
exemplo a fala. Assim como o feto é capaz de aprender sobre os cheiros familiares
antes do nascimento, ele também aprende sobre os sons, o que se torna
extremamente benéfico para seu desenvolvimento já chegar ao mundo exterior com
esta familiaridade.
Assim, embora o recém-nascido já consiga ouvir, apenas reage perante
determinados estímulos sonoros e não responde à maioria dos ruídos produzidos à
25
sua volta. Ao longo das primeiras semanas, a manifestação de qualquer som forte
pode assustá-lo, originando uma resposta muscular global de todo o corpo e, o
choro. No entanto, palavras pronunciadas com suavidade podem reconfortá-lo,
segundo Eliot (1996, p. 228), a voz das mães está no topo da lista de preferências,
especialmente quando ela fala no modo que pode ser chamado de “motherese” ou
“mamanhês” adaptando ao português.
De fato, deve-se conversar com os bebês desde muito cedo, pois é a melhor
maneira deles reconhecerem a voz humana, pois mesmo que não entenda as
palavras, familiariza-se com a linguagem. Ao longo dos primeiros meses de vida a
resposta do bebê aos sons, é bastante limitada.
Para Eliot (1996, p. 246), de acordo com suas pesquisas neurocientíficas, é
por volta dos 4 meses que o bebê começa a reagir claramente aos estímulos
sonoros, girando a cabeça diante de qualquer ruído, mesmo que em baixa
intensidade, sobretudo no caso de sons que reconheça, como por exemplo, os que
anunciam a hora da refeição, a chegada de um familiar... Aos 5 meses, responde
com os seus típicos balbuciares, quando falam com ele, e costuma virar-se quando
o chamam. Aos 8 meses, quando ouve uma voz conhecida volta com interesse a
cabeça à procura da sua origem. É igualmente nesta fase que começa a prestar
atenção aos ruídos que os seus brinquedos fazem e partir do primeiro ano de vida
ou talvez por volta dos 15 meses já se começa a interessar pelos sons ao longe,
reconhecendo a sua origem.
A audição se torna o principal acesso do bebê com o mundo não proximal, ou
seja, aquele mundo no qual ele não tem alcance imediato, além disso, outra
peculiaridade do sistema auditivo dos bebês, é que ele só é capaz de notar sons,
que aos olhos de um adulto seriam considerados muito altos, sendo assim os
estímulos auditivos preferidos são os mais complexos como músicas ou falas com
entonação alta. Enquanto a visão surge tardiamente e amadurece rapidamente, a
audição começa cedo e amadurece gradualmente, até a idade escolar evolui
gradualmente em paralelo ao desenvolvimento e eventual domínio da linguagem
pela criança.
26
A experiência auditiva influencia diretamente a qualidade do desenvolvimento
auditivo, ela é importante para estruturar as conexões cerebrais que irão trabalhar
no processamento e compreensão de diferentes sons. Pesquisas sugerem que as
experiências da criança com a música e com a fala, por exemplo, não só influenciam
o desenvolvimento de seu sistema auditivo, como também são importantes para
estruturar altas funções cerebrais como a emoção, a linguagem e outras habilidades
cognitivas.
O cérebro dos bebês está preparado, desde antes do nascimento, para
responder a fala, e o simples ato de escutá-la seguidamente durante os primeiros
anos de vida é suficiente para refinar as estruturas neurais necessárias tanto para
compreender quanto para produzir todas as complexidades da linguagem falada.
O órgão principal do sentido da audição é o ouvido, sendo este extremamente
sensível a variações de pressão, captando ondas sonoras provenientes das mais
diversas fontes, e assim como o tato, a audição reage a pressões mecânicas. A
diferença reside na distância da origem desses estímulos. Enquanto que no tato, é
necessário o contato direto, a audição capta alterações de pressão a grandes
distâncias.
As ondas sonoras entram no canal auditivo, provocando vibrações no
tímpano, uma fina e rígida membrana que existe no interior do ouvido. Quando o
tímpano vibra, essas mesmas vibrações continuam o seu percurso e passam, assim,
para os ossículos do ouvido interno, onde são ampliadas. Os impulsos chegam
então a cóclea, onde as vibrações transformam-se em impulsos elétricos, que são
enviados até ao córtex cerebral, de forma a serem interpretados. De acordo com
Ayres (2005, pg.39) acerca da fisiologia do aparelho auditivo:
As ondas sonoras propagadas no ar, estimulam os receptores auditivos no ouvido interno a enviar impulsos para os seus centros do tronco cerebral. Estes centros processam estes impulsos, juntamente com os impulsos vindos do sistema vestibular, dos músculos e da pele. Os centros organizadores auditivos são muito parecidos aos centros de processamento visual, e assim os impulsos viajam para outras partes do tronco cerebral e cerebelo para a integração com outras sensações e mensagens motoras. A informação auditiva, que agora passa misturada a outras informações sensoriais, em seguida, passa para as várias partes dos hemisférios cerebrais.Se a informação auditiva não se misturasse com outros tipos de
27
informação sensorial em cada nível do cérebro, teríamos problemas para dar sentido as informações vistas, mas fora do nosso alcance auditivo por exemplo.
Uma grande parte da integração vindas de primariamente de estímulos vestibulares e dos outros sentidos, fazem mais sentido quando chegam sem estarem associados ao som. Em cada nível do cérebro, a mensagem se torna mais clara e precisa. A parte mais complexa e complicada do processo é a equivalência de certos sons em sílabas e palavras.
É preciso ter em conta, que este processo ocorre naturalmente e numa
questão de poucas frações de segundo. Assim, é possível não só captar mas
também interpretar os variados sons que nos surgem no dia a dia.
VISÃO
O desenvolvimento inicial do aparelho visual, começa na quarta semana de
vida embrionária, e embora isso aconteça de forma precoce, ele é o único que não
recebe estimulação no útero, pois somente meses depois do nascimento o sistema
visual estará estruturado e funcionando como um todo, graças a rápida formação de
conexões neuronais no córtex visual. A visão ocupa mais espaço no cérebro do que
todos os outros sentidos juntos.
O desenvolvimento visual começa com a formação inicial do olho, mas apesar
deste início precoce, ele só estará funcionando plenamente vários meses após o
nascimento, o que tem ensinado a pesquisadores como Eliot (2005, p. 227) sobre os
mecanismos de desenvolvimento do cérebro em geral, segundo ela, sabe-se agora
que uma experiência a princípio intangível, pode então estimular e modificar a
estrutura cerebral, assim, evidências sugerem que o aspecto visual do
desenvolvimento mental, serve como um guia para entender cada aspecto, incluindo
funções ditas superiores como a emoção, a linguagem e inteligência.
Enquanto recém-nascidos ainda não podem ajustar o foco, e estão
impossibilitados de enxergar detalhadamente o mundo visual, o que irá mudar aos
poucos. Aos seis meses, por exemplo, suas habilidades visuais primárias como a
percepção de profundidade, visão de cores, acuidade visual, assim como os
movimentos dos olhos, estarão mais controlados, e em um ano, estas habilidades
28
estarão quase que totalmente sintonizadas, revelando-lhe o universo visual para sua
gradual construção.
Para a terapeuta Ayres (2005, p.39), a explicação deste processo seria de
que a retina do olho enquanto receptor sensível a ondas de luz do ambiente, a
estimula a enviar através dessa entrada sensorial, os estímulos para os centros de
processamento visual no tronco cerebral, esta integração do tronco cerebral forma a
consciência básica de como é o ambiente e como são as coisas presentes neste
local. Os núcleos desta estrutura, em seguida, enviam os impulsos para outras
partes do próprio tronco cerebral e cerebelo a serem integrados com as mensagens
motoras que vão até os músculos que movem olhos e pescoço. Este é o processo
neural que nos permite seguir as críticas que se deslocam nos hemisférios cerebrais
para organização, refinamento e integração com outros tipos de sensações.
Algumas entradas atingem as zonas visuais do córtex cerebral onde ocorre a
discriminação fina e é preciso ver os detalhes visuais, com a ajuda de informações
vindas de outros sentidos. O funcionamento apropriado em todos os níveis do
cérebro e a integração de diversos tipos de sensações com a entrada visual são
necessárias para se ter o sentido de ambiente, o que equivaleria a leitura de um livro
no universo adulto.
Segundo o site Mediapedia (2012), especializado em pediatria, todo bebê
próximo a completar 1 mês, precisa de um período de tempo para responder bem
aos estímulos visuais, pois tem a visão turva e apenas consegue focar até a 30 cm
de distância, a mesma que separa os seus olhos do rosto da mãe durante a
amamentação, consegue ainda, durante este período, fixar e controlar seu olhar em
um objeto que chame atenção ou que brilhe em seu campo visual, e consegue,
distinguir o claro do escuro. Com 2 meses, movimenta melhor os olhos tanto na
direção horizontal como na vertical e fixa o olhar naquilo que lhe chama mais
atenção, já por volta dos 3 meses, o bebê já consegue focar, variar o foco de um
objeto ao outro, esteja ele perto ou longe, e aos 6 meses ainda não consegue
coordenar a musculatura ocular, o seu olhar costuma encontrar-se muitas vezes
desviado, mas algumas habilidades visuais primárias como percepção de
profundidade, de cor, acuidade visual e controle do movimento dos olhos, já estão
mais desenvolvidas, e por volta de 1 ano, tais habilidades estão em harmonia,
29
revelando ao bebê um universo visual tridimensional, assim como o de um adulto, e
aos 3 anos, sua capacidade cromática está mais amadurecida, e a criança passa a
chamar as cores pelo nome.
4 CRIANÇAS COM SENSIBILIDADE E CRIATIVIDADE
Uma pesquisadora norte americana chamada Elaine Aron, de formação
Junguiana, trabalha com crianças sensíveis a alguns anos, e juntamente com seu
marido também doutor e pesquisador em psicologia clínica Arthur Aron, desenvolveu
o conceito de “Highly Sensitive Person” (HSP) - pessoas altamente sensíveis, termo
aceito como traço de personalidade, aplicado a crianças e adultos, e com trabalhos
publicados no Jornal of Personality and Social Psychology, pertencente a American
Physicological Association.
Segundo Aron (2014), a pessoa altamente sensível, possui um sistema
nervoso sensível, capaz de se sobrecarregar facilmente em um ambiente altamente
estimulante, por ter uma leitura muito sutil ao seu redor. É encontrado em quase
vinte por cento das crianças e em quase cem por cento dos animais, pois assim
como eles, sentem o perigo e veem a consequência de uma ação antecipadamente.
Bombardeados por imagens e sons até ficarem exaustos, os HSP são
altamente sensitivos, o que não faz dessa condição uma doença ou uma síndrome,
e nem uma “superhabilidade”, mas nada os impede de aprender a lidar com isso e
se protegerem de determinadas situações.
Na definição do HSP, esses canais sensoriais naturalmente desenvolvidos,
são exemplos de comportamentos característicos refletidos nas dúvidas dos próprios
portadores, e Aron (2014) fornece como definição:
Você é facilmente dominado por coisas como luzes brilhantes, cheiros fortes, tecidos grosseiros ou sirenes próximas? Você fica agitado quando você tem muita coisa para fazer em um curto espaço de tempo? Você evita filmes violentos e programas de TV? Você durante dias muito ocupados, precisa se retirar para descansar, para uma sala escura, ou qualquer outro canto onde você tenha privacidade ou alívio de alguma situação? Você torna a organização como uma prioridade na sua vida para evitar situações esmagadoras ou perturbadoras? Você percebe ou desfruta de aromas delicados ou finos, gostos, sons ou obras de arte? Você tem uma vida interior rica e complexa? Quando você era criança, seus pais ou professores viam você como tímido?
31
Mas isso não é regra, pois segundo ele, trinta por cento destas pessoas
consideradas pelos testes como altamente sensíveis, são extrovertidas, porém
podem ser comedidas na hora de agir, por estarem cientes das várias possibilidades
de uma mesma situação. Isso em uma cultura altamente competitiva e que prefere
os confiantes, pode se tornar um problema digno de rótulos. Segundo Aron:
Podem ser facilmente dominado por altos níveis de estimulação, impulsividade, e problemas emocionais alheios, faz com que eles possuam uma série de traços de personalidade fortes, com possibilidade de diferenciação entre ativo, intenso, exigente e persistente ou calmo, introspectivo, franco e exigente.
Mas existe a leitura positiva de que estes aspectos podem ser tidos como
qualidades e não como fraquezas, pois a sensibilidade produz crianças e adultos
altamente criativos e produtivos, parceiros, atenciosos, intuitivos e intelectualmente
dotados.
Nascer com um sistema nervoso que é altamente consciente e rápido para
reagir a tudo, torna as coisas mais fáceis nas horas de mudanças e reflexão, e se
pudéssemos ver dentro da mente de uma criança dessas, poderia-se aprender a
história toda do que está acontecendo – a criatividade, a intuição, a sabedoria
surpreendente e a empatia por todos os seres.
Para isso, devem ser tratadas com compreensão, pois segundo o feed-back
dos trabalhos de pesquisas e livros publicados, muitos adultos relatam ter tido uma
infância terrível, apesar dos seus pais terem as melhores das intenções, mas nessa
relação entre o muito sensível, ou tímido, ou muito ativo, fazia com que, no fundo,
eles não soubessem como criá-los, administrando necessidades especias,
compreendendo comportamentos, e corrigindo de maneira cuidadosa a não construir
adultos ansiosos ou envergonhados, e sim ajustados e criativos. Segundo anotações
de Rocha (2009 p.64):
A sensibilidade interna nos permite entrar em contato com nossos sentimentos e desconfortos internos. Já a sensibilidade externa nos possibilita a descoberta e criação.de falhas na informação dada ou adquirida. Ser sensível nos movimentos externos e internos é
32
primordial para o início do processo criativo, onde percebemos a necessidade de uma resposta, solução e criação.
A Revista de Psicologia Personality and Individual Differences, publicou um
artigo em 2008 cujo objetivo era pesquisar a relação entre o processamento
sensorial e a facilidade de excitação (EOE), a dificuldade de excitação (LST) e a
sensibilidade estética (AES). Apesar do presente estudo ser dedicado ao
desenvolvimento sensorial infantil, foi de interesse assimilar o universo do tema, que
são as patologias cujos principais sintomas se encontram na classificação da
reatividade das crianças perante os estímulos e seu adequado desenvolvimento.
Os pesquisados em questão, foram alunos universitários submetidos a uma
classificação em escala, assim como padrões de mensuração para diagnóstico de
ansiedade, depressão, alexitimia e sintomas de autismo.
Segundo a pesquisa, diante dos dados apresentados, tanto a facilidade
quanto a dificuldade no processo de resposta sensorial foram relacionados ao
autismo, ansiedade, depressão e alexitimia. Já a sensibilidade estética encontrava-
se relacionada a atenção aos detalhes, ao pensamento voltado exageradamente
para o exterior, o que seria um sintoma da alexitimia.
Os resultados indicaram que aqueles que apresentaram fatores
predominantes de sensibilidade estética, são conceitualmente diferentes dos que
apresentaram facilidade ou dificuldade diante dos estímulos, ou seja, a sensibilidade
seria algo intrínseco a personalidade do indivíduo. Enquanto que aqueles
possuidores da dificuldade na resposta sensorial (LST) demonstraram dificuldades
em demonstrar reação perante a ansiedade, e ambos (LST e EOE) apesar de
apresentarem reação ao estímulo, tem dificuldade em demonstrar e prever a
ansiedade. Conclui-se neste estudo que alguns indivíduos, apesar de possuirem
características presentes em diagnósticos de determinadas patologias, sendo a não
resposta reativa uma delas, não são necessariamente insensíveis, mesmo
apresentado excitação em diferentes limiares.
5 ARTETERAPIA
É um processo terapêutico decorrente da utilização de modalidades expressivas diversas, que servem a materialização de símbolos.
Estas criações simbólicas expressam e representam níveis profundos e inconscientes da psique, configurando um documentário que permite o confronto, no nível da consciência, destas informações, propiciando ‘insights’ e posterior transformação e expansão da estrutura psíquica.
(Philippini)
O QUE É ARTETERAPIA?
A Arteterapia não é a simples utilização de técnicas expressivas no ambiente
terapêutico, ela é um processo pelo qual imagens de conteúdos pessoais e
inconscientes, emergem a nível consciente.
Dentro de um perfil apresentado pelo paciente, procura-se ao longo do ciclo
diagnóstico, fornecer suportes e materiais adequados para que essa energia flua de
forma livre e plasme aquilo que está bloqueado no inconsciente.
Uma técnica só deverá ser utilizada quando ela fizer algum sentido no tema
que o indivíduo estiver trazendo, assim, haverão momentos em que será necessário
facilitar a liberação de conteúdos inconscientes, haverão outros em que será
necessário permitir a estruturação de conteúdos que já surgiram previamente, e o
paciente, através de suas respostas aos estímulos, estará inspirando o terapeuta a
utilização desta ou daquela técnica.
METODOLOGIA
Escolhidas as crianças para fazer parte do grupo, o trabalho prático começou
após as Anamneses com os pais, dando início ao Ciclo de Avaliação Terapêutica,
logo em seguida, foi a vez de começar a aplicar as técnicas de apresentação, para
34
conhecê-las melhor e elas se conhecerem, já que eram novas na Instituição Pró-
Criança e nunca haviam participado de nenhuma atividade arteterapeutica.
Foram aplicados ao longo deste ciclo, o teste HTP, para entender um pouco
mais a fundo o universo delas e traçar o perfil diagnóstico do grupo, e foi
demonstrado que as crianças deveriam ser trabalhadas durante o ciclo de
Intervenção Arteterapêutica da seguinte forma, por ordem de relevância:
Identidade
Auto-estima
Flexibilidade
Segurança
Ansiedade
Para elaboração do plano de trabalho, foram desenvolvidas oficinas utilizando
os quatro tipos de elementos básicos presentes na natureza – terra, ar, água e fogo.
Paralelamente, foi dada ênfase ao reaproveitamento de materiais, a criação e
valorização de materiais oferecidos pela natureza.
O objetivo era que ao mesmo tempo em que as técnicas fossem trabalhadas,
desbloqueando os canais criativos e trazendo a tona seus conteúdos psíquicas, as
crianças se familiarizassem com componentes do planeta em que vivemos, tais
como folhas, pedras, conchas, poeira, vento, chuva e sol. Assim, aprendendo a
observar, a criar, a ficar em contato com as mudanças do mundo e a desenvolver
uma atitude de cuidado em relação à Terra, ao acostumarem- se a reciclar e a
utilizar esses materiais de forma artística.
Em dissertação de Mourão (2011), a fabricação de materiais alternativos em
artes, já se faz interessante como oficina de preparação de pigmentos e materiais
naturais para sua utilização em pinturas livres, onde são utilizados gravetos, caules
longos e uniformes para sua carbonização, e feitura de bastões de carvão para
desenho. Assim segundo Mourão, se dão as pesquisas de pigmentos: quanto mais
verde o jenipapo, mas forte será sua cor, da semente de urucum é extraída a cor
vermelha, do açafrão a cor laranja, e do carvão vegetal a cor preta.
35
Segundo conclusões de Rodrigues (2011), em seu trabalho de conclusão de
curso, foram pesquisadas amostras de materiais naturais. Como aglutinantes, foram
considerados óleo de copaíba, linhaça, soja, girassol, ovos e banha de porco, o
aglutinante é responsável pela liga da tinta, unindo as partículas do pigmento dando-
lhe aspecto de viscosidade e brilho. Para os pigmentos, foram considerados terra
em diversas cores, arenosas e argilosas peneiradas, e o barro e tijolos moídos até
virarem pó, assim como a desidratação e trituração de vegetais e ervas até virarem
pó também. Segundo texto de Rodrigues (2011):
A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. Aprender arte envolve basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles. Envolve também, conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as produções artísticas individuais e coletivas de distintas culturas e épocas.
Como bons exemplos temos a água, gel, óleo, folhas secas ou verdes,
sementes, casca de árvore, tinta terra, tinta tempero, tinta legumes, carvão, telha,
palito ou graveto, terra de diversos tons, areia (natural e colorida), algodão, tecido,
corantes naturais, flores, frutas, massinha comestíveis, massinha terra, argila, gelo,
pedra entre outros.
PLANO DE TRABALHO
1) Ar - Bola de Soprar + Estímulo + Colagem
2) Água - Sensibilização + Estímulo + Contorno do Corpo + Pintura
3) Terra - Sensibilização + Teia + Estímulo + Autodesenho
4) Água - Sensibilização + Estímulo + Pintura com barbante e olhos vendados
5) Ar - Sensibilização - Estímulo + Mandala de Areia - individual e em grupo
6) Terra - Sensibilização - Estímulo + Massinha modelar natural comestível +
elaboração história
36
7) Fogo - Sensibilização - Estímulo + Escrever em um papel o que quer transformar
e queimar e depois desenhar o que sentiu
8) Fogo - Sensibilização - Estímulo + Mandala dos Desejos Comestível
9) Terra - Sensibilização - Estímulo + Argila em grupo
INTERVENÇÃO: LINGUAGENS UTILIZADAS
CONTAÇÃO HISTÓRIA
Ao utilizarmos a contação de histórias em uma oficina ou setting terapêutico,
temos uma gama de possibilidades de trabalho, pois elas nos trazem narrativas de
fenômenos universais, presentes no inconsciente coletivo. Essas narrativas
mobilizam conteúdos psíquicos, que uma vez acessados, podem mostrar caminhos
alternativos as dificuldades, podem levar a encontrar sua essência, ou simplesmente
um entendimento sobre outros pontos de vista, sobre determinados acontecimentos
da vida, comum a todos.
Para o trabalho terapêutico é preciso estar atento ao campo simbólico, ao seu
gênero, a cronologia a ser abordada e principalmente entrelaçá-lo dentro do
contexto das necessidades a serem trabalhadas.
Ao longo do estágio foram abordados duas histórias: “Deusa e Semente Viva
– menina e boneca de sementes germinadas” de Luciene Prado, que contava a
história de uma menina que cresceu em um sítio, e seu universo era brincar e
imaginar, numa vida inserida no contexto da natureza, desde a construção de seus
brinquedos, até a sua alimentação e convivência com seus familiares. E a outra
história era “A cigarra e a formiga” de Esopo, que dentro deste contexto da natureza,
falava sobre a identidade e a convivência no trabalho em grupo, importante para o
trabalho da Arteterapia.
37
DESENHO
Desenhar pode ser reproduzir uma imagem observada, ou aquela que lhe
vem a mente sob livre interpretação de formas, imagens ou criando símbolos dentro
de um contexto no papel. Isso acontece muito com as crianças, pois ela parecem
não se importar com a aparência, para interpretação de seus rabiscos.
Ao desbloquear o ato de desenhar, permite-se a expressão de históricos
pessoais e conteúdos psíquicos. Além disso, o desenho é ordenador, trabalha a
objetividade, percepções espacial e luz e sombra, coordenação motora, delineadora
e de configuração.
Durante o estágio, foram elaboradas oficinas de desenho para respostas mais
objetivas frente a determinados estímulos e técnicas, como por exemplo na Técnica
do nome, aplicada na fase diagnóstica, na fase seguinte, de Intervenção do
Arteterapeuta, após a estimulo com uma contação de história, foi pedido um
desenho de livre interpretação, e ao final deste ciclo a Técnica do Autodesenho após
o estímulo de uma exposição sobre igualdade racial, objetivando trabalhar
autoestima e identidade.
RECORTE E COLAGEM
Em Arteterapia, são muitas as possibilidades do uso do papel ou qualquer
outro material que se possa trabalhar em duas dimensões. Quando se necessita de
inteireza, por se estar despedaçado, ele oferece formas de integrar aspectos
distintos do eu, onde cada parte vai oferecendo coerência ao todo, por isso, pode
ser considerada uma atividade estruturadora, integradora e ordenadora. A colagem
faz com que se recolha ou construam estruturas com resultados terapêuticos
positivos. Mostrando que a unidade só funciona com as partes articuladas, e o todo
é mais do que a simples soma das partes.
No estágio, foi aplicado o recorte e colagem no ciclo diagnóstico durante as
Técnicas de apresentação Outdoor e a elaboração de um “Cartaz do eu”, adaptando
a Técnica do outdoor, e no ciclo de Intervenção Arteterapêutica, após a contação de
história “A Cigarra e a Formiga” de Esopo, foi dado a opção de recorte e colagem
associado ao desenho.
38
PINTURA
Através da pintura é possível criar superfícies e olhar de forma mais flexível a
sí mesmo e a tudo ao redor, para algo que até então estava difuso ou oculto de
nossa consciência através da exploração do jogo simbólico resultante do conteúdo
plasmado.
Por ajudar a abrir mão do controle, a pintura propicia o desbloqueio criativo e
o fluir dos processos, permitindo o desapego.
O importante é atingir o fluxo criativo, que é um estado alterado da
consciência em que o criador mergulha em sua profundidade psíquica, com bem
estar e fluência expressiva, em uma linguagem plástica que facilita a expressão
deste conteúdo psíquico a nível consciente.
Quando a pintura flui, amiúde o mesmo ocorre com a emoção, de forma que o
inusitado e a beleza possam conviver dentro de uma materialidade.
Um dos mais significativos aprendizados a se fazer com a pintura é deixar
fluir, sair, escorrer, extravazar, transbordar, abrir mão do controle.
No estágio, foi utilizada a pintura no ciclo de Intervenção Arteterapêutica,
associada a Técnica do contorno do corpo, onde foram confeccionadas tintas
naturais a partir de temperos em pó e café moído, pelos próprios alunos com o
objetivo de trabalhar o fluir e o despertar sensorial através do cheiro das tintas. E em
um segundo momento, foi utilizada durante a Técnica de pintura às cegas, após um
passeio ao ar livre nos jardins do Solar do Jambeiro – Niterói, cujo objetivo era
trabalhar a flexibilidade e a ansiedade.
CONSTRUÇÃO DE MANDALAS
Técnica estruturadora e criativa, seja através da escolha de materiais, seja
pela sua distribuição sobre a base a ser trabalhada.
A palavra mandala quer dizer círculo, e também tem outros significados como
círculo mágico, concentração de energia ou diagrama circular.
39
Símbolo de totalidade, integração e harmonia, os antigos utilizavam mandalas
para diversos fins, mas na psicologia analítica é utilizada para o desenvolvimento
pessoal, pois trabalha aspectos físico, emocional, energético e de bem estar.
As mandalas oferecem toda uma gama de simbologias que estão ligadas
diretamente com os processos da fantasia, dos desejos, das motivações do
inconsciente do indivíduo que a representa.
A confecção de mandalas, através de sua capacidade estruturadora, vai
colocando no lugar certo aquilo que se encontra fora do lugar, pois são colocadas no
desenho sob forma de impressões sutis como o traço, formas, cores, símbolos entre
vários outros aspectos que podem surgir quando se faz uma mandala pessoal.
No estágio, a utilização de mandalas foi trabalhada no ciclo de Intervenção
Arteterapêutica, visando trabalhar o componente ordenador, e estruturador e sua
flexibilização, pois o material escolhido foi a areia, como as Mandalas dos monges
tibetanos que as constroem e depois destroem. Em outro momento foi utilizada a
técnica com pizzas, associando os ingredientes de cobertura a sentimentos que a
criança quisesse colocar nela, fosse para o seu próprio consumo, fosse para
oferecer a alguém.
MODELAGEM
A modelagem se define pelo ato de dar forma a alguma coisa. No caso
arteterapêutico, é comum utilizarmos a argila e as massas plásticas, mas também é
possível fazer massinhas comestíveis.
Trabalhar com este material, requer um pouco de habilidade, pois é preciso
formar estruturas tridimensionais, e mantê-las em equilíbrio.
Em três dimensões, podemos explorar modificações na forma do que foi
trazido à tona, estruturando, organizando e dando forma e volume.
A argila possui uma infinidade de recursos, e pode ser utilizada em
experiências livres, com volume e materiais mais concretos, mobiliza e ativa
conexões arquetípicas, e seu manuseio pode despertar energias ancestrais
40
intensas. Ativa conteúdos inconscientes, pois é um material orgânico, vivo, úmido,
macio, que propicia trocas de temperatura, nos remete naturalmente as associações
e memórias muito antigas, e possui ainda elementos bioquímicos em sua
composição também presentes no corpo humano.
Durante o processo, é importante perceber o conteúdo se manifestando. O
movimento é próprio, já está lá. Seja algo novo e transformador ou mesmo algo
velho e obstruidor, é importante observar o comportamento durante o processo,
como são os gestos, as expressões, seu tom de voz, postura. O corpo parece
comunicar-se através da argila. Essa consideração cuidadosa é que permite à
consciência a sua assimilação.
Um trabalho no barro é o esforço de trazer à tona o que está por baixo de
tudo, é o que faz a ligação com o mais profundo.
Este tipo de material oferece um tipo de sensação diferente para o tato, mas não substitui a argila. (...) Podem ser feitas figuras que endurecem e podem ser pintadas. Mexer nessa massa, moldá-la, utilizando todos os tipos de ferramentas e equipamento, são atividades que oferecem boas experiências táteis e sensoriais.
(Violet Oaklander, 1980, p.96)
É possível trabalhar a modelagem, utilizando-se massa artesanal, que pode
ser comestível, com cheirinhos diferentes, se preparadas a partir de raízes, farinhas,
corantes ou temperos que também possuem coloração. A massinha possibilita uma
boa interação com o material, concentração para o desenvolvimento da atividade e
habilidade psicomotora. É uma atividade que aponta com clareza as distorções nas
proporções, as dificuldades na estruturação, os problemas no equilíbrio, insight’s
mais rápidos, estimula processos de autoconhecimento, em tempo e intensidade.
Indicações e propriedades terapêuticas, contribuir em atividade de
reabilitação motora, facilitar a transição do abstrato ao concreto, iniciar a percepção
de volume, iniciar a percepção de tridimensionalidade, ativar a percepção tátil,
contribuir em atividade de reabilitação motora.
41
Para o estágio, foi trabalhado no ciclo de Intervenções Arteterapêuticas
massinhas comestíveis feitas a partir de farinha e raízes, associada a elaboração de
uma história, com o objetivo de trabalhar a flexibilidade, a ansiedade, o despertar
sensorial para cheiros, texturas e porque não dizer sabores diferentes.
PROGNÓSTICO
De acordo com os fatores apresentados e observados ao longo deste período
de estágio, recomenda-se que o grupo continue desenvolvendo atividades artísticas,
em especial JV, AG, acompanhados por outros arteterapeutas voluntários na
Instituição, de forma que seus canais sensoriais e criativos, possam ser trabalhados
de forma lúdica e infantilizada de acordo com suas idades.
É preciso que os pais também participem deste processo, pois mesmo em
casa, cada um, dentro da sua realidade, deve estar atento aos conteúdos e
vivências aos quais seus filhos são expostos, a que tipo de estímulos eles estão
tendo acesso, e principalmente que tudo seja feito sempre com muito amor e
carinho, para que eles se sintam apoiados em todos os momentos de seu
desenvolvimento.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente percebe-se muitas crianças, jovens e adultos infelizes, que
sentem-se incapazes, por não terem ultrapassado suas mais básicas e íntimas
dificuldades pessoais de adaptação, em um relacionamento em família ou em
grupos. Isso se deve muitas vezes, a desconexão do homem com suas próprias
raízes, o desequilíbrio do seu eixo, a perda de identidade e isso pode vir desde a
infância.
A construção desse ser em sua verdadeira essência, nos campos mental,
emocional e espiritual, é o que o fortalece e permite ultrapassar de forma serena
todas estas dificuldades que o mundo por si só impõe cada vez mais. Essa
construção, se deve em grande parte, a estimulação da leitura do mundo de uma
forma saudável, a capacidade de interação e integração com o os outros e com o
todo.
Desta forma, pesquisas no campo da neurociência, tem mostrado cada vez
mais que bebês e crianças quando adequadamente estimulados, se desenvolvem
melhor do ponto de vista sensorial e cerebral ao longo da vida.
Ë claro que isto depende muito da criação por parte dos pais e educadores,
do ambiente onde estas crianças se desenvolvem, das conexões com o mundo que
as cerca, e de como serão nutridos esses canais.
Quando se trabalha com atividades corporais e o equilíbrio por exemplo, está
se trabalhando diretamente o sistema vestibular, que interfere na manutenção da
postura do corpo como um todo e suas partes, da cabeça, e também dos olhos.
Quando se trabalha com cheiros e essências, associando a técnicas e exercícios
terapêuticos, trabalha-se com áreas olfativas primárias, que é um dos sentidos mais
importantes.
Até um feto pode ser estimulado, através de um comportamento saudável da
mãe, pois como já vivos, alguns sentidos se desenvolvem após poucos meses, com
o tato, o olfato e os sentidos vestibulares.A experiência auditiva, por exemplo,
43
influencia diretamente a qualidade do desenvolvimento auditivo, e ela é importante
para estruturar as conexões cerebrais que irão trabalhar no processamento e
compreensão de diferentes sons, e para isso, o arteterapeuta pode trabalhar com
estimulação a auditiva através da musicoterapia.
Nascer com um sistema nervoso altamente consciente e rápido para reagir,
torna as coisas mais fáceis nas horas de mudanças e reflexão, da criatividade, da
intuição, da sabedoria, e de inúmeras possibilidades de integração, que quando bem
conduzidas, faz crer na possibilidade de diagnosticar e prevenir doenças, e no
impacto positivo disso no futuro dessas crianças.
Aqui foram feitas referência aos principais canais sensoriais, e suas funções
no desenvolvimento na primeira infância, mostrando que o arteterapeuta.
Diante destas considerações, este estudo pretende propor aos
arteterapeutas, utilizar como uma potente alavanca no desenvolvimento infantil,
associado aos pais e educadores, um trabalho, que vai além das técnicas, além de
conteúdos psíquicos, pois ele pode desenvolver estes canais a partir de
determinadas atividades, materiais naturais e técnicas associadas, no despertar da
busca da própria essência e de uma caminhada salutar, possibilitando esta
integração com suas principais fontes, seja da criança, seja do homem que precisa
enxergar sua criança interior.
7 REFERÊNCIAS
ACAMPORA, Beatriz; ACAMPORA, Bianca. 170 Técnicas Arteterapêuticas: modalidades expressivas para diversas áreas. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2014. 192 p.
ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO AUTISTA (São Paulo). Associação de Amigos do Autista. 2014. Disponível em: <http://www.ama.org.br/site/index.php>. Acesso em: 25 fev. 2014.
ATENÇÃO, Associação Brasileira do Déficit de. Associação Brasileira do Déficit de Atenção. 2014. Disponível em: <http://www.tdah.org.br/br/textos/artigos-cientificos-sobre-tdah-portugues.html>. Acesso em: 25 fev. 2014.
BENDING, Ben. Percepção Primária: a vida secreta das plantas (Parte 1). 2014. Disponível em: <https://www.epochtimes.com.br/percepcao-primaria-vida-secreta-plantas-parte-1/#.Uw3fMIVh1dA>. Acesso em: 02 jan. 2014.
BENDING, Ben. Percepção Primária: a vida secreta das plantas (Parte 2). 2014. Disponível em: <BENDING, Ben. Percepção Primária: a vida secreta das plantas. 2014. Disponível em: . Acesso em: 02 jan. 2014.>. Acesso em: 06 jan. 2014.
CAPRA, Fritjof et al. Alfabetização Ecológica: A educação das crianças para um mundo sustentável. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 2011. 312 p. Tradução de Carmen Fischer.
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: Uma Nova Compreensão Científica dos Sistemas Vivos. 8. ed. São Paulo: Cultrix, 2003. 256 p. Tradução de: Newton Roberval Eichemberg.
CHRISTO, Edna Chagas; SILVA, Graça Maria Dias da. Criatividade em Arteterapia: Pintando & Desenhando Recortando, Colando & Dobrando. 5. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2009. 114 p.
COSTA, Ricardo. O Desenvolvimento Sensório-Motor na Primeira Infância - Piaget & Capoeira. 2007. Disponível em: <http://portalcapoeira.com/Publicacoes-e-Artigos/o-desenvolvimento-sensorio-motor-na-primeira-infancia-piaget-a-capoeira>. Acesso em: 14 mar. 2007.
DIAS, Ivonne dos Santos. Como trabalhar os sentidos na criança. 2009. Disponível em: <http://turmadaivonne.blogspot.com.br/2009/03/como-trabalhar-os-sentidos-da-crianca.html>. Acesso em: 24 mar. 2009.
45
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. O Sentido dos Sentidos: A Educação (do) Sensível. 2000. 233 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pedagogia, Departamento de Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000211363>. Acesso em: 25 fev. 2014
ELIOT, Lise. What's going on in there?: How The Brain and Mind Develop in the First Five Years of Life. New York: Bantam Books, 2000. 533 p. (Nonfiction).
GALLOIS, Dominique Tilkin; GRUPIONI, Denise Fajardo. Povos Indígenas no Amapá e Norte do Pará: quem são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam?. São Paulo: Iepé, 2003. 96 p.
JAFFÉ, Aniela (Comp.). C.G.Jung Memórias, Sonhos e Reflexões. 13. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1963. 363 p. Tradução de : Dora Ferreira da Silva.
MACHADO, Ligia de Fátima Jacomini; CEZAR, Marisa Jesus de Canini. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) EM CRIANÇAS – REFLEXÕES INICIAIS. 2014. Disponível em: <http://www.abpp.com.br/artigos/85.htm>. Acesso em: 25 fev. 2014.
MANOKI, Povo. Plano de Gestão Territorial Manoki. Território Manoki: Iris Design, 2012. 68 p.
MATAREZZI, José. Despertando os sentidos da educação ambiental. Educar, Curitiba, v. 0, n. 27, p.181-199, 2006.
MEDIPÉDIA. Desenvolvimento dos Sentidos. 2012. Disponível em: <http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=839>. Acesso em: 01 mar. 2012.
MELLO, Ana Maria S. Ros de. Autismo: Guia Prático. 7. ed. São Paulo: Gráfica Ama, 2007. 115 p. Disponível em: <http://www.autismo.org.br/site/images/Downloads/7guia pratico.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2014.
MONTOYA, A.; COLOM, F.; FERRIN, M.. Is psychoeducation for parents and teachers of children and adolescents with ADHD efficacious? A systematic literature review. European Psychiatry: The journal of the European Psychiatric Association, Europe, v. 3, n. 26, p.166-175, abr. 2011. Mensal. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S092493381000221X.
MORAES, Regis de. A Educação do Sentimento. São Paulo: Letras & Letras, 2001. 96 p. (Universidade).
OAKLANDER, Violet. Descobrindo Crianças: a abordagem gestáltica com crianças e adolescentes. 12. ed. São Paulo: Summus Editora, 1980. 364 p. Tradução de: George Schlesinger.
46
OSHO. TAO: Sua História e Seus Ensinamentos. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 2007. 144 p. Tradução de Leonardo Freire.
PHILIPPINI, Angela (Org.). Arteterapia em Revista. Rio de Janeiro: Wak, 2008. 166 p.
PHILIPPINI, Angela (Org.). Arteterapia: Métodos, Projetos e Processos. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2009. 169 p.
PHILIPPINI, Angela (Org.). Reencantamentos para Libertar Histórias. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2005. 122 p.
PHILIPPINI, Angela. Grupos em Arteterapia: Redes Criativaspara Colorir Vidas. Rio de Janeiro: Wak, 2011. 158 p.
PHILIPPINI, Angela. Linguagens e Materiais Expressivos em Arteterapia:: Uso, Indicações e Propriedades. Rio de Janeiro: Wak, 2009. 139 p.
POLANCZYK, Guilherme V. et al. Transtorno de déficit de A tenção / hiperatividade: Uma perspectiva científica. 2012. Disponível em: <http://www.guiaclinico.com.br/artigos/arquivo-2013-07-13-18-35-51.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2014.
REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL: A civilização dos bichos - Como eles mudaram a nossa história. Rio de Janeiro: Sabin, v. 5, n. 60, set. 2010. Mensal.
REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL: Descobrimentos A Aventura da Criação do Mundo. Rio de Janeiro: Sabin, v. 7, n. 84, set. 2012. Mensal.
ROCHA, Dina Lúcia Chaves. Brincando com a Criatividade: Contribuições Teóricas e Práticas na Arteterapia e na Educação. Rio de Janeiro: Wak, 2009. 181 p.
SÃO PAULO. Ricardo Semler. Fundação Ralston Semler. Escola Lumiar. 2014. Disponível em: <http://lumiar.org.br/>. Acesso em: 25 fev. 2014.
SMEDT, Marc de. Caderno de Exercícios de meditação do Cotidiano. 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2011. 64 p. (III). Tradução de Stephania Matousek.
STEIN, Murray. Jung Mapa da Alma: Uma Introdução. São Paulo: Cultrix, 2000. 212 p. Tradução de: Álvaro Cabral.