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Depoimento apresentado à Comissão de Educação e CulturaCâmara dos Deputados – Brasília, 23 de maio de 2007
João Batista Araujo e Oliveira
O drama do analfabetismo escolar
www.alfaebeto.com.br iab@alfaebeto.com.br
Apresentação
Introdução: o drama do analfabetismo escolar
Síntese do relatório Alfabetização Infantil: Novos Caminhos
Sugestões para ação parlamentar
Fluxo escolarEn
sino
Méd
io
* O pontilhado representa o tamanho médio de uma coorte, 3.500.000 crianças.
4.816.469
4.417.501
4.177.403
4.146.400
4.520.675
3.891.366
3.476.179
3.160.616
3.550.934
2.646.877
2.412.701
8ª.
7ª.
6ª.
5ª.
4ª.
3ª.
2ª.
1ª.
Ensi
no F
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men
tal
3ª.
2ª.
1ª.
Fluxo escolar
Forte retenção de alunos nas séries iniciais: mais de 3 milhões de repetentes
Mais de 3 bilhões de reais desperdiçados por ano só com repetentes
Aluno não alfabetizado: sem chance de sucesso escolar.
Resultados do SAEB – Língua Portuguesa
0 50
100 150 200 250 300
1995 1997 1999 2001 2003 2005
4ª. série8ª. série
Mais de 80% dos alunos são analfabetos escolarizados
Mais de 50% dos alunos são totalmente analfabetos
Desempenho no PISA – 2003
Matemática
% DE ALUNOS POR NÍVEL
Nível < 1 1 2 3 4 5 6 OCDE 8,2 13,2 21,1 23,7 10,1 10,6 4,0
Portugal 11,3 18,8 27,1 24,0 13,4 4,6 0,8
Brasil 53,3 21,9 14,1 6,8 2,7 0,9 0,3
Quase 75% dos alunos de 13 anos no nível 1 ou abaixo: analfabetos escolarizados
Instituto Montenegro: quase 70% dos adultos são analfabetos funcionais escolarizados.
Analfabetismo escolar
Analfabeto produzido pelo sistema escolar
Aluno que não consegue ler texto, fazer cópia ou ditado na 2ª. série
Aluno que sequer consegue entender as questões de uma prova
Aluno que não funciona na escola: não sabe usar o código alfabético
Analfabetismo escolar
Se o Brasil quiser mudar a qualidade da educação,
precisa começar mudando suas políticas e práticas
de alfabetização de crianças.
Relatório Alfabetização Infantil: Novos Caminhos
1. O que é alfabetizar
2. Alfabetização nos países desenvolvidos
3. Alfabetização no Brasil
4. Conclusões do relatório
O que é alfabetizar
Capacidade para ler e escrever
Capacidade para identificar palavras de forma automática
Ensinar o funcionamento do Sistema Alfabético de Escrita
Ler e compreender
Leitura: identificar as palavras
Compreensão: identificar o sentido das palavras
Fluência: ponte entre leitura e compreensão
O drama da alfabetização de jovens e adultos: regressão ao analfabetismo
O drama da alfabetização no Brasil: confusão entre ler e compreender.
Alfabetização nos países desenvolvidos
Problema gera crises: ação dos políticos na Inglaterra, França, Estados Unidos
A alfabetização de crianças ainda é um problema importante na agenda dos países desenvolvidos
4 a 14% dos alunos têm dificuldade de leitura
Prevenção – dislexia, problemas de visão e audição30 a 40% dos alunos com problemas de compreensão e escrita na 4ª. série, dependendo do paísGlobalização e inclusão social: todos têm direito a aprender
Declínio nos resultados na década de 90 – atribuído à introdução de métodos equivocados na década de 80
Alfabetização nos países desenvolvidos
Esforços na década de 90 – praticamente todos os países. Principais:
Estados Unidos – Reading First Act – incentivos para quem usa abordagem recomendada pelo governo. Evidências da Califórnia.
- Currículo estruturado – até os minutos- Revisões sobre métodos (relatórios recentes)
Inglaterra – National Reading Policy – Parlamento
França- Observatório Nacional de Leitura- Apprendre a Lire- Os novos programas de ensino
Alfabetização nos países desenvolvidos
O que é comum:
Todos têm problemas – em maior ou menor grau
- Alguns levaram mais tempo que outros- Algumas reformas mais profundas ou radicais do que outras
Todos empreenderam reformas
Todos buscaram:- Evidências científicas- Adotar as melhores práticas
Todos reconheceram que têm problemas com base em avaliações
Alfabetização nos países desenvolvidos
Conseqüências das reformas
Todos têm definição clara (e idêntica) do que seja alfabetizar
Todos possuem programas de alfabetização semelhantes
Todos têm definição nacional sobre quando o aluno deve ser alfabetizado (série ou séries) e o que deve saber ao final de cada uma delas
Todos melhoraram o desempenho dos alunos
Todos continuam seus esforços para melhorar ainda mais
Tenhum adota mais as práticas que não deram certo – pelo menos a nível nacional
Alfabetização no Brasil
Fontes de informação usadas no Relatório:
PCNs, Orientações do MEC, pareceres do CNE
Programas de Ensino e bibliografias usadas
Questionário para Secretários Estaduais de Educação
Análise de livros em bibliotecas
Livro: A Escola Vista por Dentro (Oliveira e Schwartzman)
Como produzir o analfabetismo escolar
• Cada vez mais desenvolvido, desde o pré-natalNão existe Diagnóstico
precoce
• Diversos instrumentos padronizados
Não existeRel. p. 119-121 Como avaliar
• Conteúdos claros, explícitos e detalhados – Painel do NRRNão especifica. O que deve
ser ensinado
• 6 ou 7 anos. • Começa aos 5 em paises de
língua inglesa
Não menciona. Vide Slide 16
Quando alfabetizar
• Elemento fundamental • Velocidade, qualidade e prosódiaNão menciona Fluência
Dominar o código alfabéticoNão define Alfabetizar
Demais países onde a educação funcionaBrasilConceito
Como produzir o analfabetismo escolar
• Bibliografias semelhantes • Bibliografias refletem estado da
arte.
Só em português / Só pedagogos / Referências limitadas a publicações anteriores aos anos 80.
Referências bibliográficas
• No mínimo precisam conhecer bem a Língua
• Diferentes exigências
Graduados em Língua Portuguesa não podem alfabetizar
Formação de professores
• Diferentes tipos de materiais para diferentes competências
• Listas de palavras e textos específicos para etapas cruciais do processo de alfabetização
É contra uso de materiais próprios para alfabetizar.Preconiza usar “textos autênticos”
Materiais
• Método fônico • Método fônico sintético
Construtivismo como filosofia, métodos são considerados irrelevantes
Métodos
Demais países onde a educação funcionaBrasilConceito
Quando a Secretaria considera que o aluno deve estar alfabetizado?
204Total
41A qualquer momento – é um processo permanente
1-Ao final da 4ª. Série2Final da 1ª. ou 2ª. série (indiferente)12Final do 1º. ciclo (2ª. ou 3ª. Série)6-Final da 2ª. Série61Final da 1ª. Série
Secretarias Estaduais
Secretarias MunicipaisSérie
Fonte: Relatório Alfabetização infantil: novos caminhos
Principais conclusões do Relatório sobre Alfabetização no Brasil
País está desatualizado
PCNs não representam o paradigma científico dominante
Concepções semelhantes às do Brasil levaram a fracassos retumbantes em outros países. Não há evidência de que jamais deram certo em qualquer país
Práticas de ensino recomendadas não representam o que é reconhecido e adotado mundialmente
Concepções adotadas no Brasil não são compartilhadas nos países onde a educação deu certo.
Principais recomendações do Relatório
1. Estabelecer programa de ensino de alfabetização
2. Programa de ensino deve ser baseado em evidências científicas comprovadas e atualizadas
3. Estabelecer requisitos claros para a formação inicial de professores alfabetizadores
4. Estabelecer sistema de certificação para professores alfabetizadores
5. Analisar e divulgar resultados de avaliação da alfabetização
Principais recomendações do Relatório
6. Estimular a produção e disseminação de materiais didáticos de qualidade comprovada
7. Estabelecer instrumentos e mecanismos para diagnóstico precoce e tratamento de alunos com dificuldades especiais
8. Incentivar uso da mídia para promover competências relevantes à alfabetização.
Os autores (do Relatório) não esperam um aplauso entusiástico ao Relatório – mesmo porque estão conscientes das forças, filosofias e interesses que sustentam as idéias que predominam no Brasil sobre alfabetização. Os autores não brasileiros já enfrentaram problemas semelhantes em seus países, mas alertam que seria um grave equívoco reduzir a discussão desta questão a um problema ideológico de direita ou esquerda, de política partidária ou de supostos interesses de mesquinhos editores de livros.
Relatório: Alfabetização Infantil: Novos Caminhos, pp. 148/149
Relatório: Alfabetização Infantil: Novos Caminhos, pp. 148/149
Como membros da comunidade científica internacional e como educadores, os autores se sentiriam enormemente recompensados se as autoridades brasileiros responsáveis pela educação e pela promoção dos interesses da criança, os organismos internacionais sediados no Brasil, as instituições governamentais comprometidas com a melhoria das condições de vida e educação das crianças, a comunidade acadêmica e a imprensa, de modo especial, se dispusessem a discutir, de maneira democrática, objetiva e produtiva, as informações, análises e recomendações apresentadas no relatório.
A CÂMARA DOS DEPUTADOS deu o primeiro passo. As crianças brasileiras merecem pelo menos esse mínimo de consideração.
Ação parlamentar
Políticas e medidas concretas:Programas de ensinoCertificação de professores alfabetizadoresPolítica de material didáticoPolítica para Zero a Três Bibliotecas e centros de leitura
DebatesRe-editar o Relatório e promover sua disseminaçãoConvocar autoridades, comunidade acadêmica e mídia para debateSolicitar manifestação oficial do MEC sobre Relatório.
Ação individual dos parlamentares:Estimular e orientar governos estaduais e municípios a reverem suas políticas e práticas de alfabetização
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