Post on 07-Apr-2016
O Mundo do Trabalho
I. Definições:
História da classe operária e História do movimento operário
História das esquerdas e História da
classe operária
II. Historiografia sobre a classe operária no Brasil
• mudanças teóricas e metodológicas• as diferentes conjunturas políticas
• Período mais estudado: Primeira República• Quando surge a classe operária
Surgimento e tendências:
A) Produção militante
Produção militante - 1ª metade do século XX(Sindicalistas, ativistas políticos de esquerda, jornalistas e
advogados vinculados ao movimento operário)
Produção não-acadêmica – não comporta uma preocupação historiográfica central
. Folhetos, publicações oficiais e semi-oficiais
Produção Militante - 2ª metade do século XX
. Efemérides – grandes feitos do movimento e de suas organizações
. Histórias inaugurais – dividem a história da classe em fases: pré-história e a história. Memórias
Função: Legitimar a classe, a política sindical, a corrente ideológica, o partido ou o militante
Marco: 1922 (antes e depois)
Estilo: Hagiográfico
Concepção da História: Teleológica
EX.: A formação do PCB - Astrojildo Pereira
B) Sínteses Sociológicas Anos 1960
Teorias explicativas do movimento operário e suas opções ideológicas
Noções introduzidas: - origem estrangeira da classe operária
- vínculo entre o anarquismo e a origem estrangeira da classe operária
- hegemonia do anarquismo no movimento sindical da Primeira República
Traços ressaltados da classe operária brasileira do pós-1930:
• origem rural• ausência de estabilidade profissional• ausência de padrões de ação coletiva• ausência de tradições• ausência de crenças de classe
Divisão: Antes e o pós- 1930
• Antes: operário de origem estrangeira, minoritário, sem participação política, voltado para a luta contra o capitalismo e a propriedade privada
• Depois: ausência de liberdade sindical, ausência de valores industriais entre os trabalhadores, ausência de tradição de classe
Periodização proposta para a história do movimento operário:
• 1º período mutualista (antes de 1888)• 2º período de resistência (1888-1919)• 3º período de ajustamento (1934-1945)• 4º período de controle (1934-1945)• 5º período competitivo (1945-1964)
C) Historiografia Acadêmica do Movimento Operário
Anos 1970• Brasilianistas• Revisão da composição da classe operária: origem
rural dos imigrantes, ausência de experiência industrial e participação política nos seus países de origem
• Pesquisas com fontes
Produção Brasileira
- Consolida procedimentos de pesquisa com uso de fontes de natureza variada- Criação de Centros de Documentação dedicados à memória operária:. Arquivo Edgard Leuenrouth – da UNICAMP (São Paulo - anos 1970). Arquivo Histórico do Movimento Operário Brasileiro – ASMOB (Milão - 1977). Centro de Memória Sindical (São Paulo - anos 1980)
Fins anos 1970 e inícios dos anos 1980• Conjuntura: greves do ABC paulista – contestação
à ditadura• A influência da historiografia marxista inglesa –
Edward Thompson (A classe operária inglesa) e Eric Hobsbawm (Trabalhadores e mundos do trabalho)
• A História operária deixa de ser a História do movimento operário organizado
Ampliações: - Cronologia (conjunturas mais delimitadas)
- Temáticas (condições de trabalho, processos de trabalho, mulheres operárias, cultura operária, correntes sindicais, origens da legislação trabalhista)
- Fontes (imprensa, fontes judiciais, diários, documentação policial, arquivos de empresas, história oral)
• Mudanças no recorte geográfico (cidade, bairro, empresa)
• O reverso da medalha: Fragmentação do campo de estudo
• A história da classe operária funde-se e confunde-se com outras histórias
• Refluxo do movimento operário - Perda de dinamismo da produção
O movimento operário na Primeira República
• Imagem corrente do operariado na Primeira República: Imigrante anarquista
(reforçada em romances, novelas televisivas e produção acadêmica)
A história da classe operária : multiplicidade de experiências e pluralidade de expressões
Fatores em jogo: - distinção entre setores de produção - especificidade de dinâmicas regionais - diversidade de origem dos trabalhadores - variedade de formas de organização
O mundo do trabalho urbano no Brasil da Primeira
República
• Imagem comumente evocada: Grandes fábricas de tecidos
Milhares de trabalhadores
• A imagem real: Diversidade de situações
Participação feminina na indústria nos anos 1920• Dados do censo populacional de 1920• na cidade de São Paulo, as mulheres
representavam 29% do total de trabalhadores empregados em todos os ramos da indústria; no setor têxtil essa participação saltava para 58%.
• Na cidade do Rio de Janeiro, a participação feminina era pouco inferior à de São Paulo, 27%, mas no setor têxtil era de apenas 39%.
Fatores de diferenciação
ramo região qualificação profissionalcondições de vidasalários
Condições de vida:
- Longa jornada de trabalho (de 14 horas no Distrito Federal a 16 horas em São Paulo)
- Péssimas condições de moradia- Problemas de transporte e infra-estrutura- Ausência de políticas sociais - Trabalhadores qualificados: Melhores condições
de vida (Associações mutualistas)
A organização operária2ª metade do século XIXTipos: Sociedades de Socorros Mútuos e Sindicatos
Entraves: Carta de 1824 impedia constituição de Sindicatos
Estratégia: Criação de Associações Mutualistas Objetivos: Zelar pelos interesses de trabalhadores de um
mesmo ofício, exercer solidariedade em caso de doença, incapacitação, desemprego, funeral
SindicatosFins do século XIX
Ação econômica: jornada e condições de trabalho, salários, formas de pagamento
Resistência - demarca diferença em relação às Sociedades Mutualistas (Beneficentes)?
Na prática, diferença maior estava localizada no discurso. Os Sindicatos também prestavam auxílios
Tipos de Sindicatos:
A) Associações Pluriprofissionais
B) Sociedades por ofício
C) Sindicatos de indústria ou ramo de atividade
A) Associações Pluriprofissionais• Primeira forma de estrutura sindical• Surgem em cidades ou bairros com pouca ou
nenhuma organização por ofício• Denominações adotadas: União ou Liga Operária• Mais freqüentes: momentos de crise (1917-1919)• Estratégia: trazer para o movimento categorias
sem força para criar organização própria
B)Sindicatos por ofício
• Base a organização operária na Primeira República
• Presente nos ofícios mais qualificados e com maior tradição de organização
C)Sindicatos de indústria ou ramo de atividade
• Implantados onde não havia sindicatos de ofício fortes
Estrutura Sindical• Sindicatos• Federações (Caráter efêmero, de acordo
com conjuntura econômica)• Centrais Sindicais (mais conhecida:
Confederação Operária Brasileira – COB)
Confederação Operária Brasileira (COB)• Sem dimensão local • Criação decidida no 1º Congresso Operário
Brasileiro (1906). Só foi estruturada em 1908.• Funcionou até 1909, voltando a atuar entre 1913 e
1915
Legislação sobre Sindicatos: Decreto 1.637 de 5 de janeiro de 1907• Raio de ação: Sindicatos profissionais e cooperativas• Restrições: Somente ofícios similares poderiam fazer parte de um
mesmo sindicato• Estrangeiros: somente os residentes há mais de 5 anos no país
A maioria das organizações ignorava as orientações legais e seguia a legislação relativa às sociedades civis – Código comercial de 1850 e, mais adiante, o Código Civil de 1916.
O que estabelecia: Obrigatoriedade de registrar estatutos em Cartório e comunicar sua existência à polícia e alterações no estatuto
Correntes ideológicas e estratégias sindicais
Socialistas• Organizam partidos de duração efêmera e caráter local• Professam um socialismo eclético• Defesa: Programa de reformas – voto secreto, jornada de 8
horas, criação de tribunais arbitrais entre patrões e empregados, proibição de trabalho de menores de 14 anos, restrições ao trabalho noturno, lei de greve
• Estratégia de ação: organização de partidos, eleição de representantes, encaminhamento das reivindicações no Congresso
Anarquismo
• Difundido a partir dos anos 1890• Primeiros jornais o Rio: O Despertar (1898) O Protesto (1894-95)• Estratégia de ação: educação dos trabalhadores, greve• Bandeiras: antiestatismo, recusa da luta político-parlamentar, rejeição
de formas de opressão do indivíduo• 2 correntes (nas 2 encontram-se os que defendem e os que se opõem à
participação na luta sindical):- seguidores de Pedro Kropotkin e Enrico Malatesta – corrente anarco-
comunista (ação coletiva)- seguidores Max Stirner – corrente anarco-individualista (ação
individual)
Outras tendências presentes no movimento operário:Positivistas• Capital Federal (Círculo dos Operários da União e o
Círculo Operário Nacional) e Rio Grande do Sul• Bandeiras: melhorias nas condições de vida e trabalho• Estratégia de ação: Apelos às autoridades, apresentação de
candidatos operários para cargos eletivos• Busca de formas de entendimento sem recurso à greve ou a
outras formas mais radicais de luta.• Busca de uma cidadania social para a classe trabalhadora
Sindicalismo cooperativista
• Adeptos entre os operários do Estado• Principal liderança: Custódio Alfredo Sarandy
Raposo, fundador da Federação Sindicalista Cooperativista Brasileira, em 1920, substituída no ano seguinte pela Confederação que levaria o mesmo nome.
Corrente católica• Mais expressiva do que as duas anteriores.• Projeto: Subtrair o operariado da influência anarquista e
socialista e da ação sindical.• Característica: Anti-socialismo• Representada no Centro dos Operários Católicos (1899) –
São Paulo e no Rio• Cresce sua representação após as greves de 1917-1919.• No pós-1930 assume atitude mais militante.
Concepções de prática sindical
A. Sindicalismo de ação direta ou Sindicalismo revolucionário
B. Sindicalismo reformista
Sindicalismo de ação direta ou Sindicalismo revolucionário • Mais do que uma teoria coerente, uma prática sindical • Tendência mais influente do movimento operário da Primeira República• Inspirado na Confederação Geral do Trabalho francesa• Influência do anarquismo• Rejeição de intermediários no conflito entre trabalhadores e patrões• Condenação da organização partidária e da política parlamentar• Recusa da luta por conquistas parciais• Principal arma de luta: Greve geral• Diverge do anarquismo ao atribuir ao sindicato o papel de embrião da
sociedade futura e à greve geral o de único instrumento para realização da revolução social
• Esse conjunto de proposições vai estar presente nas resoluções dos Congressos operários realizados em 1906, 1913 e 1920.
Sindicalismo reformista • Também designado “Trabalhismo Carioca” e Sindicalismo Amarelo• Uma concepção do funcionamento do sindicato e uma prática sindical
partilhada por diversas correntes: socialistas, positivistas, republicanos sociais, sindicalistas pragmáticos.
• Identificado com a defesa de instituições fortes e sólidas para defesa de seus objetivos.
• Principal recurso: Greve (vista não como um fim em si mesma)• Objetivo: obtenção de ganhos, mesmo que parciais• Admitia intervenção de intermediários (advogados, políticos e autoridades)• Não condenava a participação política nem a apresentação de candidatos às
eleições legislativas.• Mais visível no Distrito Federal (União dos Operários Estivadores - 1903),
embora presente em diversas sociedades brasileiras.
1922: Fundação do Partido Comunista do Brasil • Consolida-se uma nova corrente ideológica do movimento
operário• PCB: era uma organização centralizada e nacional• Identificado com a revolução• Não renunciava à participação no processo eleitoral• Ligou-se à Internacional comunista em 1924.• Forte presença de ex-anarquistas• Defesa do sindicato por ramo de produção: a unicidade
sindical• Objetivo: reduzir a influência doa anarquistas no controle dos
sindicatos• 2º Congresso instituiu a política da frente única operária –
visando à conquista das bases das categorias cujos sindicatos eram controlados por reformistas
O significado da República para os trabalhadores