O Pajeú e Sua História

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Resumo da história da região do Pajeú, interior de Pernambuco, para trabalho com jovens do Centro da Juventude na oficina de cidadania.

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O PAJEÚ E SUA HISTÓRIA

Oficina de Oficina de CIDADANIACIDADANIA

A REGIÃO E SEU RIO

O Pajeú está localizado no Sertão de Pernambuco, em área de 10.828 km2, que representa 8,78% do território estadual e com população de aproximadamente 300.000 pessoas.

O nome da região vem do nome do seu rio, que era chamado pelos índios de “Payaú”, ou “rio do pajé”.

O rio Pajeú nasce na serra do Balanço, em Brejinho, a uma altitude de 800m já nos limites com a Paraíba, e deságua no lago de Itaparica, formado pela barragem do São Francisco, depois de percorrer uma extensão de aproximadamente 353 km.

Os municípios totalmente inseridos na bacia do rio Pajeú são: Afogados da Ingazeira, Betânia, Brejinho, Calumbi, Flores, Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Cruz da Baixa Verde, Santa Terezinha, São José do Egito, Serra Talhada, Solidão, Tabira, Triunfo e Tuparetama.

O INÍCIO DA

OCUPAÇÃO

A ocupação da área que atualmente compreende o Sertão do Pajeú, pelo colonizador português, teve inicio a partir de meados do século XVI.

A 1ª interiorização destas terras se

deu a partir de Salvador. Assim,

percebe-se um fator característico dos

habitantes do Sertão do baixo e

médio Pajeú: povoado por

baianos e não por pernambucanos.

A povoação do alto Pajeú (cabeça do Pajeú) se deu pela Paraíba, num período mais tardio.

INDIOS,

PRIMEIROS HABITANTES

É preciso recordar que antes da chegada do colonizador europeu, povoavam nesta região várias populações.

Dos nativos destacam-se os tapuias-cariris, que habitavam largas porções do agreste e do sertão.

Durante o século XVI e XVII a maioria das nações de índios habitavam às margens do Opara (São Francisco).

Toda a região era chamada pelos portugueses de sertão ou “terras de dentro”.

Outras tribos vieram para o sertão fugindo do litoral, sobretudo os Cariris, ameaçados pelos colonizadores que escravizava-os ou simplesmente matava-os.

No sertão estavam principalmente os nativos que falavam uma língua, segundo os Tupis, muito diferente da deles e por isso denominaram-lhe de tapuia, nome ofensivo que significa língua travada, bárbaro.

O termo passou a ser usado pelos portugueses.

Das tribos tapuias que temos notícias, através de documentos, relatórios e crônicas da época colonial

incluem-se os tamaqueus, koripós, kariri, paru, brankararu, pipipã, tuxá, trucá, umã e atikum.

Os tapuias pouco conheciam da agricultura, viviam como semi-nômades e tinham formas próprias de guerrear com tacape e lança.

Tinham o milho e o feijão como cultivos principais.

Usavam pouca cerâmica e não teciam; dormiam em estrados de madeira (jiraus).

Havia aldeia na margem do São Francisco que podia ter até mil moradores.

O índio (ou nativo) sofreu perseguição desde o início da colonização e teve no século XVIII seu extermínio quase total, através das bandeiras montadas para sua captura.

Os índios do sertão sofreram guerras ou por defenderem as suas terras ou por pretenderem desfrutar os gados das fazendas que se espalhavam por seu território.

Os índios que não foram mortos ou escravizados refugiaram-se em aldeias dirigidas por missionários, chamadas de MISSÕES. Outros procuraram amparo com homens poderosos abraçando suas lutas e servindo-lhes, tornando-se vaqueiros ou jagunços.

O indígena trabalhava forçado nas missões, ou como escravo nas fazendas de gado e plantações. Também nas casas como domésticos ou no trabalho de transporte.

O índio também foi cruelmente utilizado para guerrear contra outros nativos.

No final do século XVIII as chamadas “Guerras dos bárbaros” praticamente exterminaram na bala e no facão as nações indígenas que resistiam contra os invasores brancos. Do baixo sertão até a cabeça do Pajeú, nos limites com a Paraíba, os índios foram caçados e massacrados.

Com base em pesquisas nos livros de batismo e casamento das paróquias do sertão pernambucano, no final do século XVIII e no século XIX, os índios nativos (registrados em geral como “da silva”) que sobreviveram já aparecem miscigenados com negros e brancos e constituem a massa da população brasileira dos sertões, conhecida como os pardos ou caboclos. 

OS HABITANTES

DO PAJEÚ

A gente atraída para o sertão era em sua maior parte perversa, ‘ociosa’ com aversão ao trabalho da agricultura’, oriundos do litoral, entre eles muitos criminosos e fugitivos, que foram empregados nas fazendas de gado e nas guerras contra os índios do sertão.

Demonstravam natural inclinação para funções de combate e da lida com o gado, adaptando-se bem à vida rude do sertão. Documentos da época citavam que “constituía toda a sua maior felicidade merecer algum dia o nome de vaqueiro”.

As fazendas multiplicavam-se com facilidade porque os vaqueiros não ganhavam em dinheiro mas em gado, em crias. De cada quatro animais nascidos, um era do vaqueiro.

Com o fim da guerra contra os holandeses, nos meados do século XVII, promoveu-se a distribuição das terras no Sertão “por grandes datas de sesmarias”, dadas aos seus ‘descobridores’ e/ou combatentes dos holandeses, que situaram fazendas de criação de gados, ou no cultivo das terras, fundando pequenos núcleos de população.

Margear os rios Capibaribe, Ipojuca, Pajeú, Moxotó, e São Francisco, eram as alternativas mais viáveis para se chegar aos sertões.

Nas margens desses rios se estabeleceram povoados, que posteriormente tornaram-se vilas e mais tarde, cidades.

Em meados do século XVIII, andavam pela região da “cabeça do Pajeú”, os tropeiros ou Almocreves, profissionais que se especializaram no transporte de mercadorias pelas longas veredas do sertão.

AS PRIMEIRAS LOCALIDADES

DO PAJEÚ

Flores foi o primeiro núcleo populacional do sertão do Pajeú em 11/09/1783.

Porém, desde o fim do século XVII, já se encontravam indícios de ocupação branca na localidade.

Devido a uma lei de 1758, a distribuição de terras no sertão do Pajeú foi fragmentada em pequenas propriedades, devendo haver uma faixa de uma légua entre estas terras, a fim de usa-las para utilidade pública.

Destas terras devolutas, nascia no ano de 1788, o patrimônio de São Pedro das Lages onde hoje temos o município de Itapetim.

A Lei de 5 de maio de 1852 criou o município de Ingazeira, desmembrado de Flores.

Ingazeira tinha um distrito chamado de Afogados. Em 1892 o distrito foi transformado em Vila através de uma Lei Municipal, e finalmente em 1909 a Vila foi elevada à cidade, passando a ser chamada de Afogados da Ingazeira.

O NASCIMENTO

DE TUPARETAMA

Mais ou menos em 1830, fazendeiros vindos das cabeceiras do Rio Pajeú (do vale meridional da Serra da Borborema), se fixaram nas terras onde hoje estão situados os municípios de São José do Egito e Tuparetama.

Vindos de Portugal, os Beneditos desembarcaram em João Pessoa. Eram 3 homens e 1 mulher chamada Benvinda Benedito.

Na Paraíba ficaram Benvinda e um dos irmãos. Os outros dois, Irênio Benedito e Benedito Maria de Lima entraram sertão adentro, fixando-se na propriedade comprada à viúva D. Aninha, senhora conhecida na época por sua riqueza e pela grande quantidade de terras que possuía, incluíndo, provavelmente, a área onde temos hoje a cidade de Tuparetama.

Manoel Benedito de Lima, nascido em 16 de agosto de 1858 casou-se com sua prima, Angélica de Lima e adquiriu a propriedade que hoje compreende parte da área urbana de Tuparetama ali contruindo sua residência.

Na ‘Fortuna’ Benedito Maria de Lima casou-se com Ana e teve dois filhos, Manoel Benedito de Lima e José Benedito de Lima.

A construção da primeira residência de alvenaria, em torno da qual ergueram-se outras e outras, nascendo o povoado Bom Jesus, hoje Tuparetama,foi em 1900.

O ano da construção, 1900, foi registrado numa linha de madeira do teto. A linha está guardada pelo bisneto de Manoel Benedito de Lima, Josamir Farias, que reformou a casa original.

Em 1938 um Decreto Presidencial mudava a denominação de cidades, vilas, povoados, engenhos, fazendas ou acidentes geográficos com topônimos iguais. Bom Jesus passou a ser denominado TUPÃ.

Em 1943 um Decreto-Lei estadual de mudou a denominação da vila de TUPÃ para TUPARETAMA.

Com a criação do município de Tabira em 1948, a Vila Tuparetama, que pertencia ao município de Afogados da Ingazeira, passou a integrar o território daquele novo município.

Tuparetama, que significa TERRA DE TUPÃ (Tupã-retama).

A denominação de Tuparetama foi indicação do jornalista recifense Mário Melo.

É um homenagem aos primeiros donos das terras do Pajeú, os índios tapuias.

Em 11 de abril de 1962 foi instalado o município de Tuparetama, criado em 1958.

Com a instalação, ou seja, nomeação do 1º prefeito e inauguração da prefeitura, a data de 11 de abril passa a ser o dia do aniversário da cidade e da emancipação política do município.

Como todo filho do Pajeú, os tuparetamenses trazem os genes dos três povos que dominaram esta região: os índios tapuias, os brancos e negros vindos do litoral em busca de terras, dinheiro, gado e sangue.