Post on 05-Jul-2015
O legado que o papa Francisco deixou
no Brasil• Política
No campo político encontrou um país conturbadopelas multitudinárias manifestações dos jovens. Defendeu sua utopia e o direito de serem ouvidos. Apresentou uma visão humanística na política, naeconomia e na erradicação da pobreza. Criticouduramente um sistema financeiro que descarta osdois polos: os idosos, porque não produzem, e osjovens não criando-lhes postos de trabalho. Os idososdeixam de repassar sua experiência, e os jovens sãoprivados de construir o futuro. Uma sociedade assimpode desabar.
• Ética e Diversidade
• O tema da ética era recorrente, fundada na
dignidade transcendente da pessoa. Com
referência à democracia cunhou a expressão
“humildade social”, que é falar olho a olho, entre
iguais, e não de cima para baixo. Entre a
indiferença egoista e o protesto violento apontou
uma opção sempre possível: o diálogo construtivo.
Três categorias sempre voltavam: o diálogo como
mediação para os conflitos, a proximidade para
com as pessoas para além de todas as burocracias
e a cultura do encontro. Todos têm algo a dar e
algo a receber. “Hoje ou se aposta na cultura do
encontro ou todos perdem”.
HomossexualidadeO Papa surpreendeu a muitos, com um discurso que
sugere um diálogo com os homossexuais. Disse: "Se
uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade,
quem sou eu para julgá-la?". Acrescentou ainda que
“os gays não devem ser discriminados” e que
“devem ser integrados à sociedade”.
Fé / Relação com os Fiéis.
No campo religioso foi mais fecundo e direto. Reconheceu que”jovens perderam a fé na Igreja e até mesmo em Deus pelaincoerência de cristãos e de ministros do evangelho”. O discursomais severo reservou-o para os bispos e cardeais latino-americanos (Celam). Reconheceu que a Igreja, e ele mesmo seincluíu, está atrasada em suas formas de presença no mundo.Conclamou não apenas a abrir as portas para todos mas asaírem em direção do mundo e para as “periferias existenciais”.Criticou a “psicologia principesca” de membros da hierarquia.Eles têm que ser pobres interior e exteriormente. Dois eixosdevem estruturar a pastoral: a proximidade do povo, para alémdas preocupações organizativas, e o encontro marcado decarinho e ternura. Fala até da necessária “revolução daternura”,
O diálogo com o mundo moderno e a diversidade
religiosa: o papa Francisco não mostrou nenhum
medo face ao mundo moderno; quer trocar e inserir-
se num profundo sentido de solidariedade para com
os privados de comida e de educação. Todas as
confissões devem trabalhar juntas em favor das
vítimas. Pouco importa se o atendimento é feito por
um cristão, um judeu, um muçulmano ou outro. O
decisivo é que o pobre tenha acesso à comida e à
educação.
Aos jovens dedicou palavras de entusiasmo e de
esperança. Contra uma cultura do consumismo e da
desumanização convocou-os a serem
“revolucionários” e “rebeldes”. É pela janela dos
jovens que entra o futuro. Criticou o restauracionismo
de alguns grupos e o utopismo de outros. Colocou o
acento no hoje: ”no hoje se joga a vida eterna”.
Sempre os desafiou para o entusiasmo, para a
criatividade e para irem pelo mundo espalhando a
mensagem generosa e humanitária de Jesus, o Deus
que realizou a proximidade e marcou encontro com
os seres humanos.