O problema do conhecimento - Professor | PUC...

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Dra.

Virginia

Suassuna

Martins

Costa

O problema do conhecimento

Teoria do conhecimento na Idade Moderna e Contemporânea

Aranha, M. L. de A. & Martins, M. H. P. (1986). Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo:

Moderna (165-170).

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Introdução

• Século XVII: ápice de um

processo que subverteu

a imagem que o homem

tinha de si mesmo e do

mundo

Dra.

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.

• A Ciência Física surge como

nova realidade cultural

• Então a atividade filosófica

entra num novo trajeto: torna-

se uma reflexão que leva em

consideração esta ciência.

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.

• Surge a questão do método

no pensamento moderno,

visando reduzir a margem de

erro no conhecimento da

realidade

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Costa

.• A necessidade de um método

centraliza as reflexões filosóficas

sobre o SER(metafísica)

• E especialmente, a necessidade

de um método se torna prioridade

no problema do conhecimento

(teoria do conhecimento ou

epistemologia)

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.

• A Idade Moderna inverte o foco do conhecimento:

• na Idade Média a atitude poderia ser chama de “realista”- não se colocava em questão a existência do objeto

• A Idade Moderna centraliza no sujeitoa questão do conhecimento.

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.

• O preceito era: se o pensamento que o

sujeito tem do objeto concorda com o

objeto, havia conhecimento

• Mas, qual o critério para se ter certeza

de que o pensamento concorda com o

objeto?

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.

• A Teoria do Conhecimento lida com este

problema: qual o critério ou o método

que garante ao homem que o

conhecimento é verdadeiro?

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Costa

FILOSOFIA MODERNAA Teoria do Conhecimento lida com o seguinte problema:

qual o critério ou o método que garante ao homem que o

conhecimento é verdadeiro?

EMPIRISMO INGLÊSPrivilegia o OBJETO

RACIONALISMOPrivilegia o SUJEITO

DESCARTES (1596-1649) JOHN LOCKE (1632-1704)

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RELATO PÓS MORTE DE DESCARTES:

APÓS 16 ANOS DE SUA MORTE, SEUS AMIGOS DECIDIRAM

QUE OS DESPOJOS DEVERIAM RETORNAR À FRANÇA.

ENVIARAM A SUÉCIA UM CAIXÃO PEQUENO DEMAIS PARA

CONTER SEUS RESTOS

AUTORIDADES SUECAS DECIDIRAM CORTAR A CABEÇA E

ENTERRA-LA ATÉ QUE OUTRAS PROVIDÊNCIAS FOSSEM TOMADAS.

DURANTE OS PREPARATIVOS: EMBAIXADOR FRANCÊS NA SUÉCIA

CORTOU-LHE UM DEDO: SOUVENIR

O CORPO SEM CABEÇA E SEM UM DEDO FORAM SEPULTADOS EM PARIS.

OFICIAL DE EXÉRCITO SUECO DESINTERROU O CÉREBRO E

O GUARDOU COMO LEMBRANÇA.

DURANTE 150 ANOS A CABEÇA PASSOU DE UM COLECIONADOR PARA OUTRO.

FINALMENTE FOI ENTERRADO EM PARIS.

SEUS MANUSCRITOS FICARAM SUBMERSOS POR TRÊS DIAS (NAVIO AFUNDOU)

RESTAURAÇÃO DEMOROU 17 ANOS.

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“PENSO, LOGO EXISTO”

DORMIA

ATÉ TARDE

CONFIAVA NA MATEMÁTICA

SENTIDOS DISTORCEM

HOLANDA

RAINHA DA SUÉCIA

Aulas às 5:00 manhã

Pneumonia

Odiava frio “sentava-se nos fornos”

Apesar de derretida sua mente

avisava que era vela

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I - O RACIONALISMO CARTESIANO(1ª corrente)

• Deriva do pensador René Descartes

(1596-1650), cujo nome latino era

Cartesius.

• Obras principais: “O Discurso do

Método” e “Meditações Metafísicas”

• buscava:

uma verdade primeira que não possa

ser posta em dúvida.

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• Criou, então, a dúvida como método

• a) Duvidava de tudo: das afirmações do

senso comum, dos argumentos da

autoridade, do testemunho dos sentidos, das

informações da consciência, das verdades

deduzidas pelo raciocínio, da realidade do

mundo exterior e da realidade do seu próprio

corpo.

• b) Só interrompe a cadeia de dúvidas diante

do seu ser que duvida: “cogito,ergo

sum”(“penso, logo existo”)

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Descartes duvida de tudo:

do testemunho dos sentidos

das verdades deduzidas pelo

raciocínio

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.• A intuição primeira foi, pois, a existência do ser pensante

• Esta existência é indubitável

• O Eu cartesiano é, pois, puro pensamento (res cogitans)

• A realidade do corpo foi posta em questão, no caminho da dúvida (res extensa)

• O Racionalismo é construído priorizando o sujeito e não o objeto

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.

• Estabece-se o dualismo psico-físico

(ou dicotomia corpo-consciência):

• o homem é um ser duplo, composto

de substância pensante e substância

material

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Costa

.• A conciliação das duas substâncias gera

antagonismos entre os pensadores.

• Estabelece-se dois domínios diferentes:

• O corpo - objeto de estudo das ciências

• A mente - objeto da reflexão filosófica

• Esta distinção marcará profundamente o

início das ciências humanas

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.

• c) Descartes distingue os diversos

tipos de idéias:

• Claras e distintas

• Duvidosas e confusas

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.• Idéias claras e distintas:

• são gerais e não derivam da experiência particular.

• encontram-se no espírito como instrumentos de fundamentação para a apreensão de outras verdades

• são inatas. Não estão sujeitas a erro, pois vêm da razão

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Costa • Num texto dirigido à princesa Elisabeth, Descartes escreve (1645):

• “A primeira e a principal [das ideias inatas] é que há um Deus de quem todas as coisas dependem, cujas perfeições são infinitas, cujo poder é imenso, cujos decretos são infalíveis...”

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.

• São idéias inatas porque resultam

exclusivamente da capacidade de

pensar

• São de natureza diferente das idéias

que “vêm de fora”, por meio dos

sentidos ou da imaginação

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• Estas idéias inatas, claras e distintas, não são inventadas por nós mas produzidas pelo entendimento sem recurso à experiência.

• Elas subsistem no nosso ser, em algum lugar profundo da nossa mente, e somos nós que temos liberdade de as pensar ou não.

• Representam as essências verdadeiras, imutáveis e eternas, razão pela qual servem de fundamento a todo o saber científico.

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.• Descartes recorre à prova ontológica de

Deus:

• O pensamento deste objeto-Deus- é a idéia

de um ser perfeito

• Se um ser é perfeito deve ter a perfeição da

existência

• Se é perfeito, não me engana.

• Assim, os objetos pensados por idéias claras

e distintas são reais (realidade do mundo)

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Conseqüências do Cogito

• O cogito (o pensamento) é a auto-

evidência do sujeito pensante e o

princípio de todas as evidências

• Assim, impõe-se o caráter absoluto e

universal da razão, que partindo do

cogito(pensamento), pode descobrir

todas as verdades possíveis só com suas

próprias forças

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.• Daí, a necessidade de um método de

pensamento que garanta que as imagens

mentais- ou representações da razão –

correspondam aos objetos a que se

referem e que são exteriores à mesma

razão.

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.

• A partir do século XVII, passa-se a

buscar o ideal matemático (mathesis

universalis= matemática universal)

inteiramente dominado pela razão e

baseado na ordem e na medida,

estabelecendo cadeias de razões.

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.

• Estabece-se o dualismo psico-físico

(ou dicotomia corpo-consciência):

• o homem é um ser duplo, composto

de substância pensante e substância

material

Dra.

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Costa

.• A conciliação das duas substâncias gera

antagonismos entre os pensadores.

• Estabelece-se dois domínios diferentes:

• O corpo - objeto de estudo das ciências

• A mente - objeto da reflexão filosófica

• Esta distinção marcará profundamente o início das ciências humanas

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Costa

A DISTINÇÃO CARTESIANA ENTRE MENTE

E CORPO FAVORECE A ANÁLISE DO

CORPO COMO MÁQUINA,

MINIMIZANDO OS ASPECTOS SOCIAIS,

PSICOLÓGICOS E

COMPORTAMENTAIS DO SER HUMANO.

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O PACIENTE É VISTO COMO UM

AMONTOADO DE PEÇAS DE UM QUEBRA-

CABEÇAS, AS VEZES SEM UM DONO QUE

O MONTE ADEQUADAMENTE.

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CARTESIANAMENTE FALANDO:

O ALUNO APRENDE A TRATAR DOENÇAS E

NÃO DOENTES,

O CORPO ENFERMO E NÃO O HOMEM QUE

NELE HABITA,

JAMAIS AS RELAÇÕES MENTE-CORPO-

AMBIENTE E ÀS SUAS EXPRESSÕES

PSICOSSOMÁTICAS.

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II – O Empirismo Inglês (2ª corrente)

• “Empirismo” vem do grego (empeiria)

que significa experiência.

• O Empirismo enfatiza o papel da

experiência sensível no processo do

conhecimento

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“A MENTE É UM PEDAÇO

DE PAPEL EM BRANCO”

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.• John Locke (1632-1704)• Sua reflexão a respeito do conhecimento

parte da leitura de Descartes

• Na obra “Ensaio sobre o entendimento humano” deixa o caminho “lógico” percorrido por Descartes e escolhe o “psicológico”

• Exemplo:

a idéia de esfera

a)0riginada das percepções que produziram em nós a idéia de esfera (“psicológico”)

b) Originada pelo movimento de meia circunferência girando ao redor do diâmetro (“lógico”).

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.• Locke, pelo caminho da Psicologia, distingue

duas fontes para as nossas idéias:

• a SENSAÇÃO e a REFLEXÃO

• Sensação: resultado da modificação feita na mente pelos sentidos

• Reflexão: percepção que a alma tem do que ocorre nela mesma

• Assim, a reflexão se reduz à experiência interna do resultado da experiência externa vinda da sensação.

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.• Há idéias simples e idéias complexas

• O que produz uma idéia simples é a qualidade do objeto percebido.

• Existem qualidades primárias (são objetivas, existem nas coisas, nos objetos):solidez, extensão.a forma, o movimento, o repouso e o número

e

• qualidades secundárias (são subjetivas, relativas, variam de sujeito a sujeito): cor, som, odor, sabor, etc.

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.• O sujeito associa e desassocia as

idéias simples, produzindo as idéias

complexas.

• As idéias complexas não têm validade

objetiva, já que são formadas pelo

intelecto.São nomes para denominar

e ordenar as coisas.

• Têm valor prático não cognitivo

• Enquanto Descartes enfatiza o

papel do sujeito, Locke enfatiza o

papel do objeto.

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.• Locke afirma que a alma é como uma

tábula rasa (uma tábua onde não há

nenhuma inscrição), opondo-se às

idéias inatas de Descartes

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.

• O Racionalismo não exclui a

experiência sensível, mas esta é

apenas a ocasião do conhecimento e

está sujeita a enganos.

• A verdadeira ciência se faz no espírito

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.• O Empirismo já considera a

experiência fundamental.

• O trabalho posterior da razão está

subordinado à experiência

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.• Os Racionalistas confiam na

capacidade do homem em atingir

verdades universais

• Os Empiristas já consideram qualquer

verdade como relativa ao espaço, ao

tempo e ao humano.

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Campo

GeográficoCampo

Comportamental

Campo

Psicológico

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CONSIDERAR....

TEMPO

ESPAÇO

DISCRIMINANDO ESTÍMULOS

SENTE

PENSA

AGE

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FENOMENOLOGIA - HUSSERL (1859-1938)FENÔMENO - O QUE SE MOSTRA POR SI MESMO

LOGOS - DISCURSO ESCLARECEDOR

RACIONALISMO EMPIRISMO

+CONHECER A DOENÇAQUE O HOMEM TEM

...CONHECER O HOMEMQUE A DOENÇA TEM

DOR, SOFRIMENTO E MORTE...

...EM RELAÇÃO A UMA VIDA

+

CORPO ENFERMO HOMEM QUE O HABITA+

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PODE APALPA-LO, AUSCULTA-LO,

...MAS SÓ VAI CURAR-LHE O CORPO SE

OUVIR-LHE A ALMA,

O QUE SENTE, PENSA, TEME, ESPERA,

ENFIM, COMO ELE E SUA FAMÍLIA

INTERPRETAM A DOENÇA.

O PRÓPRIO ESTUDANTE ESQUECE-SE

DO HOMEM QUE O HABITA.

Dra.

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Conclusão

• A questão do conhecimento, trouxe,

no século XVII, duas correntes

opostas:

• Racionalismo e Empirismo

• Racionalismo é o sistema que limita

o homem ao âmbito da razão

• Empirismo é o sistema que o limita ao

âmbito da experiência sensível.

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DIMENSÕES EXISTENCIAIS DO SER HUMANO

Dimensão Afetiva Dimensão Social

Dimensão Física Dimensão Espiritual

Dimensão Racional

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EPOCHÉ SIGNIFICA: SUSPENSÃO DAS CRENÇAS, DO ALHEIO, DO JÁ DITO, DO JÁ FEITO,NÃO PARA NEGA-LAS, MAS COLOCA-LAS COMO TEMAS DE REFLEXÃO PARA ENCONTRAR OUTRAS POSSIBILIDADES DE COMPREENSÃO DO FENÔMENO.

Dra.

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DESAFIO DO PROFISSIONAL

DE SAÚDE:

CONCILIAR A SINGULARIDADE

DO INDIVÍDUO (empirismo)

COM A GENERALIDADE DOS

CONCEITOS TEÓRICOS.

(racionalismo)