O transtorno de humor sob o ponto de vista da abordagem sistêmica

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Apresentação para a mesa-redonda sobre transtorno de humor do I Encontro Interdisciplinar em Saúde Mental: Psiquiatria e Terapia Sistêmica.

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I Encontro Interdisciplinar em Saúde Mental: Psiquiatria e Terapia Sistêmica

Transtorno de Humor

Auditório Sgt. HolenbachHospital das Forças Armadas

24 e 25 de maio de 2013

I Encontro Interdisciplinar em Saúde Mental: Psiquiatria e Terapia Sistêmica

O transtorno de humor sob o ponto de vista da abordagem sistêmica

Vladimir de Araújo Albuquerque Melo

I Encontro Interdisciplinar em Saúde Mental: Psiquiatria e Terapia Sistêmica

Segundo pesquisas recentes, intervenções com familiares apresentam resultados promissores no tratamento de transtorno bipolar (Knapp & Isolan, 2005).

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A terapia focada na família adota a intervenção psicoeducacional.Benefícios:•Amplia a adesão ao tratamento;•Melhora o desfecho a longo prazo.

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A psicoeducação é fundamental em muitos protocolos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para o tratamento de transtorno bipolar e não tem origem no modelo sistêmico.

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A terapia familiar sistêmica não aborda a questão dos transtornos de humor de maneira específica, como não faz com os demais transtornos mentais.

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Apesar disso, é importante lembrar que, inicialmente, a terapia familiar sistêmica teve um grupo significativo de pesquisadores que se reuniu para pesquisar a esquizofrenia (Grupo de Palo Alto, na década de 60).

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Embora o Grupo de Palo Alto tenha se reunido para estudar a esquizofrenia, desde o princípio o aspecto da comunicação recebeu mais atenção que o nosológico.

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O comportamento do paciente está organizado como parte de um processo de interação.Portanto, a concepção sistêmica de doença não é individual, como tampouco é o seu tratamento.

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Apesar de a família ser o foco da leitura terapêutica, nem sempre no tratamento da depressão a intervenção se dirige ao sistema em sua totalidade.

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Keeney exemplifica esse tipo de intervenção:(...) a relação vigente entre diferentes variedades de emoções e condutas cria todo um sistema de interação, e estimular o ‘campeão imaculado’ para ser menos perfeito pode ser uma estratégia para aliviar a depressão do ‘deprimido’ (1997, p. 154).

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Isso ocorre em razão da propriedade autocorretiva do sistema, que está estruturada recursivamente e segundo a qual qualquer parte que sofra uma perturbação será autoajustada se for deixada a si mesma.

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Se o sistema tem essa capacidade dinâmica de alcançar um novo ponto de equilíbrio, torna-se mais fácil apreender por que algumas intervenções bem-sucedidas implicam na mudança do comportamento de outras pessoas e não daquela identificada como paciente.

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A visão do sintoma do indivíduo como produto das interações entre os membros do sistema não deve ser uma tarefa exclusiva do terapeuta senão de todo o sistema terapêutico (terapeuta + família em atendimento).

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Minuchin ilustra bem essa abordagem:Ao final da segunda sessão, cada um dos esposos havia aceitado a ideia de que seu comportamento era produto da relação. Elena estava descrevendo a si mesma como organizada pela rápida intervenção de Luís, enquanto Luís estava aceitando que seu funcionamento como encarregado tornava Elena ‘preguiçosa’ (2009, p. 130).

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Em outro caso clínico, Minuchin (2009) alcança um resultado semelhante. Nessa ocasião, um marido afirma: “Ela está deprimida o tempo todo. Ela não vê o lado positivo das coisas.”, e o terapeuta imediatamente responde redefinindo o diagnóstico da paciente como uma questão relacional: “Isso não é depressão. Ela deve estar reagindo a algo que você faz.” (p. 62).

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Além de elaborar um diagnóstico sistêmico, Minuchin adota outra técnica bastante utilizada: reestabelecer a fronteira do subsistema conjugal (marido e mulher), pois percebe que os problemas com os filhos têm origem no que ele nomeia “vazio” da relação do casal.

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É importante ressaltar que o terapeuta deve levar em conta dois processos ou conjuntos de técnicas.Primeiro, ele se acomoda ao sistema, fazendo uso de si mesmo. Segundo Minuchin (1990), “O terapeuta de família não pode observar e experimentar de fora. Ele tem que ser parte de um sistema de pessoas interdependentes.”

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Uma vez integrante do sistema familiar, ele passa a introduzir mudanças por meio de técnicas de reestruturação. Só nesse momento ele poderá desafiar a visão de problema da família com a sua autoridade. O próprio paciente que carrega o sintoma deve ser questionado.

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Apesar do destaque dado à descrição da dinâmica familiar, existem outros aspectos complementares a serem analisados. Um deles é a questão de transgeracionalidade, ou seja, a relação entre os sintomas e padrões interacionais apresentados pela família em questão e aqueles padrões que marcaram as gerações que a antecede.

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Além desse, outro aspecto importante no tratamento de uma família depressiva é identificar o estágio do ciclo de vida familiar em que ela se encontra, pois existem aqueles estágios em que as tarefas demandam dos membros e subsistemas familiares mudanças significativas na sua estrutura.

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Não é de hoje que a Psiquiatria se comunica com esse modelo, na realidade a Psiquiatria constituiu uma das mais importantes áreas de estudo dos postulados dessa abordagem.

I Encontro Interdisciplinar em Saúde Mental: Psiquiatria e Terapia Sistêmica

Representada principalmente por Don Jackson, Carl Whitaker, Nathan Ackerman, Murray Bowen e Salvador Minuchin, a Psiquiatria prestou inestimáveis contribuições aos primórdios da Terapia Familiar Sistêmica.