Post on 17-Jan-2016
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O uso dos bairros
Não existe nenhuma relação entre boa moradia e bom comportamento.
Da mesma forma, não se pode depender de escolas, apesar de serem
importantes para a recuperação de bairros ruins e a criação de bairros de
sucesso. Um bom prédio escolar também não garante a educação e em bairros
ruins, elas acabam arruinadas.
Jacobs diz que devemos pensar o bairro como órgãos autogovernados.
O que é diferente de bairros autossuficientes.
Na autogestão formal ou informal os próprios moradores se sentem
responsáveis pelo seu bairro e se empenham em torná-lo próspero e agradável
através de ações coletivas e até mesmo individuais.
Já no bairro autossuficiente, o bairro deve ser voltado pra si, como se
eles não fizessem parte de um organismo maior que é a cidade. Isto talvez se
aplique a comunidades e povoados pequenos, não às grandes cidades.
Para perceber como estes bairros autossuficientes são prejudiciais às
cidades, recorremos a um exemplo de Jacobs:
Dentro dos limites de uma cidadezinha ou de uma vila, os laços entre os
habitantes se cruzam e voltam a se cruzar, o que pode resultar em
comunidades fundamentalmente coesas [...] Porém, uma coletividade de 5 mil
ou 10 mil moradores de uma metrópole não possui esse mesmo grau natural
de inter-relacionamento [...] Nem mesmo o planejamento de bairros, por mais
agradável que tente ser, consegue mudar esse fato. Se conseguisse, seria à
custa da destruição da cidade, convertendo-a numa porção de cidadezinhas
(JACOBS, op. cit., p. 126).
Para Jacobs os bairros precisam também prover meios de autogestão civilizada. Ela
localiza três tipos de organizações, cada uma com uma função diferente, mas que se
complementam:
1 – A cidade como um todo;
2 – a vizinhança de rua e;
3 – distritos extensos de 100 mil habitantes ou mais.
A cidade como um todo:
A vantagem das cidades é justamente a variedade de opções e oportunidades.
Estas escolhas dos moradores constituem e sustentam a maioria das atividades
culturais e empresas da cidade. Com isto Jacobs quer dizer que a falta de autonomia
tanto econômica quanto social nos bairros é natural e necessária, pois estes bairros
são integrantes da cidade. A cidade, é o local ideal para reunir pessoas com
interesses específicos. Aqui, os moradores vêm em busca de música, teatro, trabalho
etc. Um dos maiores êxitos da cidade é formar comunidades com interesses em
comum.
http://www.top10listland.com/top-10-biggest-cities-in-the-worl
hp://www.top10litland.com/top-10-biggest-
cities-in-the-world/
http://www.top10listland.com/top-10-
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Num bairro, as vizinhanças devem ter meios efetivos de pedir auxílio
diante de um problema de grandes proporções que a própria rua não consiga
resolver. Contudo a vizinhança não é uma unidade separada e o seu tamanho
varia até mesmo para as pessoas do mesmo lugar.
http://builtenvironmentblog.blogspot.com.br/2007/10/not-so-superblock.html
É claro que existem os casos da vizinhança isolada, com limites
definidos, é o caso das quadras longas, que sempre tendem ao isolamento
físico.
4°Distrito Porto Alegre
Antiga região industrial da cidade formada pelos bairros Floresta, São
Geraldo, Navegantes, Anchieta, São João, IAPI, Passo D’Areia, Humaitá e
Farrapos, que foi gradualmente abandonada na segunda metade do século
passado.
O terceiro tipo que propicia a autogestão é o distrito. A função principal
de um distrito bem sucedido é servir de mediador entre as vizinhanças e a
cidade como um todo. Com isto, queremos dizer que, apesar de
indispensáveis, a vizinhança não tem força política, diferente da cidade como
um todo.
“Podemos entende como distrito uma divisão administrativa de município
ou cidade, que pode compreender um ou mais bairros”.
Os distritos podem ajudar a implantar os equipamentos urbanos onde
eles são mais necessários para os bairros. O distrito precisa ser grande e forte
para brigar na prefeitura, para ter força na vida da cidade como um todo.
Quando uma rua luta sozinha contra um dos maiores problemas da cidade
grande, ela nunca conseguirá resolver. Se as ruas não contarem com cidadãos
influentes e engajados na vivência coletiva, a rua ficará totalmente indefesa.
O bairro ideal da teoria do planejamento é grande demais para funcionar como
vizinhança e pequeno demais para ser um distrito. Se as três únicas formas de
organização demonstram ter funcionalidade proveitosa para a autogestão, o
planejamento deve, portanto, almejar quatro metas:
1- As ruas precisam ser vivas e atraentes;
As pessoas devem sentir-se atraídas por coisas que se mostram úteis,
interessantes e convenientes. As pessoas não buscam, nas cidades, locais
idênticos aos outros.
2- O tecido urbano dessas ruas precisa formar a malha urbana mais
contínua possível por todo o distrito;
Outro ponto
fundamental para a formação de um distrito efetivo é a relação ativa entre as
pessoas, geralmente líderes, que ampliam sua vida pública local para além da
vizinhança. Estas pessoas conhecem outras bem diferentes, que moram em
partes diferentes da cidade. Isto faz com que as correntes de comunicação e
mobilização fiquem mais curtas. Os distritos incipientes ou ligeiramente
instáveis estão sempre sendo seccionados, subdivididos ou convulsionados por
políticas públicas urbanas equivocadas.
3- Os parques, praças e edifícios públicos devem ser utilizados de forma
que produza complexidade e multiplicidade de usos;
As diferenças é que propiciam a interação de usos e, assim, a
identificação das pessoas com uma área maior que a vizinhança. Os centros
de atividades nascem em distritos vivos e diversificados. Os estabelecimentos
comerciais, culturais e as diferentes paisagens também ajudam o distrito na
construção de sua identidade.
4- Enfatizar a identidade da área para que funcione como distrito.
A maioria das pessoas se identifica com os lugares da cidade quando
passam a utilizá-los
A região do bairro Floresta entre as avenidas Cristóvão Colombo e
Farrapos está fervendo; e dá o exemplo de como o outro lado do distrito, o
histórico, pode se recuperar: com convivência, cooperação, sinergia.
Vila Flores
Brechó de rua da São Carlos são
projetos que movimentam a região
Foto: Thiago Tieze, Agencia RBS
Entre os espaços culturais da região, destaca-se o Vila Flores, um
complexo arquitetônico formado por três edificacações, atualmente, em
processo de restauro. Situado na Rua São Carlos, esquina com a Rua
Hoffmann, ele foi construído entre os anos 1925 e 1928, com projeto
arquitetônico de Joseph Lutzenberger, pai do ambientalista José Lutzenberger.
O prédio recebe atualmente peças do festival Palco Giratório.
Conclusão:
De tempo em tempo, as pessoas trocam de emprego, de local de
trabalho, ampliam suas amizades e interesses, a família aumenta ou até
mesmo os gostos se alteram. Se estes tipos de pessoas vivem em distritos
atrativos, diversificados e não monótonos e, ainda, se elas gostam do lugar,
estas pessoas podem permanecer independentemente destas mudanças. É
diferente com as pessoas do interior que precisam mudar para grandes cidades
em busca de novas oportunidades. Os moradores urbanos não precisam fazer
isto.
O importante é compreendermos os princípios que fundamentam o
comportamento das cidades, assim podemos aproveitar de vantagens e pontos
fortes em vez de atuarmos contrariamente a eles.