Post on 23-Jul-2016
description
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Este livro foi traduzido pela Dark Knight para proporcionar a leitura daqueles que não puderam pagar e para ler livros ainda não lançados No Brasil. Nosso grupo de tradução é uma organização sem fins lucrativos e, por favor, não venda e nem troque.
Após sua leitura considere seriamente a possibilidade de
adquiri estará incentivando o autor e a publicação de novas obras.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Sinopse Em quem você pode confiar, quando todos estão te perseguindo? Pela primeira
vez, desde que fugiu de seu colégio há muitos e muitos meses, Eve pode dormir em paz.
Vive em Califia, um paraíso para as mulheres, protegida do terrível destino que espera
as órfãs de Nova América. Mas a sua segurança tem um preço: ela foi forçada a
abandonar Caleb, o menino a quem ela ama, sozinho e ferido às portas da cidade, que
agora é sua cidade. Quando Eve descobre que Caleb pode estar em perigo, se atira
mata adentro, para resgatá-lo, a capturam e é levada para a cidade de Areia, a
capital da Nova América. Presa na cidade cercada por muralhas, Eve descobre um
surpreendente segredo sobre seu passado, e se vê obrigada a enfrentar a dura
realidade do futuro que a espera. Quando Eve descobre que Caleb está vivo, tenta
escapar da prisão para ficar com ele, mas as consequências podem ser fatais. Mais uma
vez, estará diante de uma difícil escolha: salvar aqueles a quem ama ou arriscar perder
Caleb para sempre.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Para minha família (de Baltimore a Nova York)
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
01
Comecei a caminhar por entre as pedras, com a faca na mão. A
praia estava salpicada de barcos, maltratados pelo sol, que
permaneciam há um longo tempo na orla. A embarcação que estava
diante de mim, seis metros de altura e duas vezes mais alta que as
demais, encalhou pela manhã. Enquanto subia pela beirada, notei o
vento gelado que vinha do mar; e o tempo ainda estava encoberto.
Ao perambular pela coberta descascada, percebi que Caleb
estava ao meu lado, apertando minha cintura com as mãos. Apontava
para o mar e me mostrava como os pelicanos se lançavam agitando até
o mar, e como o nevoeiro deslizava sobre as montanhas, cobrindo-o com
uma camada branca. Ás vezes, eu me dou conta que murmuro palavras
ternas e intimas e que sou a única que percebo.
Já se passaram três meses desde que nos vimos pela última vez.
Agora estou vivendo em Califia, um acampamento exclusivamente
feminino criado há mais de dez anos, em plena floresta, um refúgio para
mulheres e meninas, procedentes do caos. Vinham de todas as partes e
cruzado a ponte Golden Gate rumo a Marin County. Algumas delas
enviuvaram depois da epidemia, e já não se sentiam seguras vivendo
sozinhas; outras escapam de gangues violentas que as haviam
prendido. Também residiam ali as que, como eu, tinha escapado de
colégio público.
Enquanto vivia em um colégio cercado por muralhas, todos os
dias eu contemplava a construção sem janelas, do outro lado do lago, o
centro profissional, para qual iríamos logo após a graduação. A noite
que antecedeu a cerimônia, descobri que nem minhas amigas e nem
eu, adquirimos as habilidades necessárias para o desenvolvimento da
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Nova América, porque, como a epidemia havia dizimado a população,
ninguém precisava de artistas e nem de educadores, mas crianças,
crianças que nós estávamos destinadas a gerar. Escapei por pouco, mas
logo percebi que o meu destino era muito pior: além de estar
responsável pelo discurso de despedida do colégio, estava prometida ao
rei como sua futura esposa, para trazer ao mundo seus herdeiros. O
monarca irá me perseguir até conseguir me prender entre as muralhas
da cidade de Areia.
Subi as escadas até a cabine superior do barco. Em frente ao
estilhaçado para-brisas, havia duas cadeiras e um timão de metal, tão
enferrujado que nem sequer girava; nos cantos acumulavam-se papéis
molhados. Vasculhei os armários que estavam abaixo dos comandos à
procura de latas de alimentos, roupas aproveitáveis e qualquer
ferramenta ou utensílio que pudesse levar para regressasse ao
acampamento. Guardei na mochila uma bússola de metal e uma corda
de nylon usada.
Desci ao convés, me aproximei do camarote principal e, cobrindo
o meu nariz com a minha camisa, corri a porta de vidro trincado e
entrei. As cortinas estavam fechadas. Sobre o sofá, afundado entre as
almofadas cobertas por bolor, havia um cadáver enrolado em uma
manta. Percorri o quarto rapidamente, respirando pela boca, e iluminei
os armários com a lanterna. Encontrei uma lata de alimento sem rótulo
e vários livros molhados. O barco moveu-se ligeiramente sob os meus
pés, enquanto olhava os livros: havia alguém no camarote abaixo.
Peguei a faca, me achatei contra a parede ao lado da cabine e prestei
atenção aos passos.
As escadas do nível inferior rangeram. Segurando a faca, percebi
que alguém respirava atrás da porta. A luz entrava pelas cortinas, e um
raio de sol oscilava na parede do camarote. Depois de um segundo, a
porta se abriu e alguém entrou correndo. Apanhei-o pelo pescoço e o
lancei ao chão; saltei-lhe em cima, o imobilizei prendendo os ombros
com os joelhos, e aproximei a faca em sua garganta.
“Sou eu! Sou eu!” Com os braços no chão, Quinn me olhava
assustada.
Afastei-me e senti que o meu coração batia mais devagar.
“O que você faz aqui”?
“O mesmo que você” respondeu.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
No meio da luta, caiu à camisa que cobria a minha boca e o
nariz, e o cheiro pútrido da cabine, me impediu de respirar. Ajudei
Quinn a ficar em pé tão rápido quanto pude. Quando saímos, ajeitou à
roupa, o ar saudável que respiramos foi um grande alivio.
“Olha o que eu encontrei! Ela ergueu um par de tênis de corrida
roxo, cujos cordões estavam grupados um ao outro. No circulo que
estava na altura do tornozelo, se lia: CONVERSE ALL STAR. “Não quero
devolvê-las; ficarei com elas.
“Entendo você perfeitamente” disse com ironia.
A lona do tênis estava milagrosamente intacta, em perfeito
estado se comparado à maioria dos objetos que havíamos encontrado.
Em Califia, utiliza-se o sistema de troca e, além disso, contribuíamos de
várias maneiras: vasculhávamos as lixeiras, cozinhávamos,
cultivávamos, caçávamos, arrumávamos a casa e consertávamos as
fachadas desmoronadas. Eu trabalhava na livraria: restaurava livros e
enciclopédias antigas, emprestava os livros e oferecia cursos de leitura a
quem interessava.
Em Quinn ficou um fino corte no pescoço, ela esfregou e seus
dedos ficaram sujos de sangue.
“Eu sinto muito” afirmei. Maeve disse para ter cuidado com
aqueles que erram.
A pessoa mencionada era uma das madres fundadoras, nome
que se dava as oito mulheres que foram as primeiras a se estabelecerem
em Marin. Havia me acolhido e me permitiu dividir o quarto com Lilac,
sua filha de sete anos. Durante o meu primeiro período em Califia, nós
saíamos todas as manhãs para explorar, e ela me mostrou todas as
áreas de segurança e como me defender se topasse com um desgarrado.
“Pois eu passei por coisas piores” reconheceu Quinn, rindo de
cabeça baixa, descendo pela encosta do barco até a praia.
Com cabelos escuros, enrolados e com mechas que se
aglomeravam na frente de seu rosto, em forma de coração, era mais
baixa que a maioria dos habitantes da população de Califia: ela vivia em
uma casa flutuante na baía, com outras duas mulheres e passava a
maior parte do dia caçando na densa floresta ao redor do
acampamento, voltavam com veados e javalis.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Ajudou-me a atravessar a praia rochosa e me perguntou:
“Como você aguenta essa situação”?
Comtemplei as ondas quebrando na areia, a água branquinha e
inexorável, e respondi.
“Estou muito melhor”. Cada dia fica mais fácil.
Tentei parecem-me entusiasmada e alegre, mas somente uma
parte de mim se sentia realmente assim.
Quando cheguei a Califia, Caleb estava comigo, com a perna
ferida após um encontro com os soldados do rei. Não permitiram sua
entrada. Naquele lugar não eram permitido homens; era uma das
regras. Ele já sabia disso, não me trouxe para que ficássemos juntos,
mas por considera-lo um lugar seguro onde eu pudesse ficar. Por muito
tempo, fiquei a espera de noticias suas, mas ele não havia me enviado
nenhuma mensagem através da rota, a rede secreta pela qual os
fugitivos e rebeldes se comunicavam. Também não havia deixado
nenhuma mensagem com as guardiãs da entrada.
“Só está aqui há alguns meses. Precisa de mais tempo para
esquecer. Quinn me segurou pelos ombros e me levou até a beirada da
praia, onde a roda traseira de sua bicicleta aparecia do meio de ervas
que crescem entre as dunas.”
Nas minhas primeiras semanas de permanência em Califia, eu
mal estive presente: sentava com as mulheres para comer, passeava o
pescado branco e macio pelo prato e não ouvia mais do que meias
conversas que mantinham ao meu redor. Quinn foi a primeira a me
arrancar de minha ausência. Ela e eu passávamos as tardes em um
restaurante remoçado perto da baía, bebendo cerveja, que as mulheres
destilavam em cubos de plástico. Contou-me coisas sobre o seu colégio,
como havia escapado por uma janela quebrada, e como se esforçou
para se aproximar das portas de entradas e esperar pelos caminhões de
abastecimento que faziam a partilha semanal. Eu, por minha vez,
contei que havia passado vários meses como fugitiva. De modo geral,
todos conheciam a minha história: a mensagem criptografada, que
detalhavam os assassinatos de Sedona, tinha chegado através do rádio
utilizado pela rota. As mulheres sabiam que o rei estava a minha
procura e tinham visto o garoto ferido que eu ajudei a atravessar a
ponte. Na tranquilidade do restaurante, contei a minha companheira,
tudo sobre Caleb, Arden e Pip.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Por tudo isso é que estou preocupada,” declarei.
O passado está cada vez mais distante e os detalhes dos
acontecimentos, com o passar do tempo, estão cada vez mais
nebulosos, em Califia. Gradualmente, estava ficando mais difícil,
recordar o riso de Pip e os olhos verdes de Caleb.
“Compreendo o que você sente por ele” afirmou Quinn, e desfez
um emaranhado em seu cabelo. Sua pele cor caramelo era perfeita.
“Exceto pela área seca de seu nariz, avermelhada e descamando pelo
sol.” As águas retornam ao seu leito. Só precisa de tempo.
Pisei em um pedaço de madeira arrastado pelas ondas, e fiquei
satisfeita, quando se partiu ao meio. Era ciente de que éramos
afortunadas, durante as refeições, pensava na sorte que tivemos em
conseguir fugir do colégio, da quantidade de garotas que ainda vivem lá
e em todas que estavam sob a autoridade do rei da cidade de Areia.
Lógico que saber que estava a salvo não eliminava os meus pesadelos:
Caleb sozinho em um quarto, formando uma poça de sangue seco e
negro ao redor de suas pernas. As imagens eram tão intensas que me
despertava com o coração a ponto de explodir e os lençóis molhados de
suor.
“Gostaria de saber se ele continua vivo” consegui murmurar.
“Talvez você nunca venha a descobrir” respondeu Quinn. “Eu
também deixei muitas pessoas para trás. Enquanto escapávamos,
pegaram uma amiga minha. Somente pensava nela, e estava obcecada
em descobrir o que havia acontecido. E se tivéssemos escolhido outro
caminho? E se você eu que tivesse sido pega? Se você permitir, as
recordações arrasam você.”
Esse foi o conselho que essa garota me deu.
“Chega”. Deixei de falar sobre isso com as outras, mas, ao invés
disso, arrastava os meus pensamentos como se fossem pedras, e os
abraça para sentir o seu peso. Certo dia, Maeve me disse: “Deixa de dar
voltas no passado, aqui todas temos algo para ser esquecido”.
Caminhamos pela beira da praia; a areia cobria os nossos pés e
as gaivotas davam círculos sobrevoando sobre nós. Fui buscar a
bicicleta que havia escondido atrás da colina; tirei-a debaixo de um
arbusto espinhoso e retornei ao lado de Quinn. Ela estava montada na
sua, apoiando um pé sobre o pedal, enquanto amarrava o cabelo
encaracolado com um pedaço de barbante. A folgada camiseta azul
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
turquesa que usava e que brilhava a frase “I Love NY”, subiu e ficaram
descobertas umas rosadas cicatrizes em seu ventre. Havia feito uma
referencia a sua fuga, mas não me contou nada sobre os três anos em
que viveu no colégio, e muito menos dos filhos que teve.
Pedalamos em silêncio, seguindo estrada acima, ouvindo apenas
o sussurro do vento entre as folhas das árvores. Alguns fragmentos da
montanha caíram sobre a calçada, de modo que algumas pilhas de
pedra e ramos ameaçavam estourar o pneu da bicicleta. Eu me
concentrei em desviar dos obstáculos.
Um grito rompeu o ar.
Tentei descobri de onde vinha. A praia estava vazia, a maré
subia e os murmúrios incessantes das ondas cobriam as rochas e a
areia. Quinn abandonou a estrada, se escondeu atrás do arbusto e fez
sinais para que eu a seguisse. Agachamo-nos entre a moita,
desembainhamos as facas, até que finalmente na calçada, surgiu uma
silhueta.
Harriet lentamente tornou-se visível; pedalava em direção a nós,
com uma expressão esquisita e preocupada. Era uma das cultivadoras,
que distribuía ervas e verduras para os restaurantes de Califia. Sempre
cheirava a menta.
A recém-chegada, cujo cabelo havia embaraçado terrivelmente
por causa do vento, pulou da bicicleta e se aproximou de nós. Agachou-
se, colocou as mãos sobre o joelho e tentou recuperar o fôlego.
Detectou-se um movimento na cidade. Há alguém no outro lado
da ponte.
Quinn virou-se para mim. Desde a minha chegada, haviam
colocado guardiãs na entrada de Califia, que escrutavam a cidade em
ruínas de San Francisco a procura de soldados do Rei. Mas não haviam
detectado luzes,
Melhor dizendo, até agora não haviam nos encontrado.
Minha companheira tirou a bicicleta do meio do mato, foi para a
estrada e me incitou.
“Encontraram você”. Não temos mais tempo.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
02
Harriet fez a curva sem parar de pedalar.
“É por isso que temos um plano” disse Quinn e, acelerando,
ficou ao meu lado para que eu pudesse ouvi-la. Devido ao impulso,
alguns fios enrolados de seu cabelo, cobriram os seus olhos. Vai dar
tudo certo.
“Eu não me sinto bem” admiti, e virei para que não visse o meu
rosto.
Deu-me um nó na garganta, e doía muito para respirar. Eles me
encontraram. O rei estava por perto e se aproximava cada vez mais.
Quinn se curvou, para fazer uma curva fechada. A beira da
calçada, um barranco desmoronado de quinze metros de altura, estava
muito perto.
Segurei o guidão, escorregadio de suor, enquanto subíamos em
direção à ponte. Corria o boato de que o Governo sabia da existência de
mulheres que se alojavam nas montanhas de Sausalito, acreditava que
era um pequeno grupo de fugitivas ao invés de depositárias de rotas
secretas. Fazia quase cinco anos desde a última vez que se realizou
uma pesquisa de campo, durante a qual as mulheres se dispersaram
pelas colinas, onde ficaram escondidas durante toda a noite. Os
soldados passaram perto de suas casas e habitações, sem reparar nos
abrigos camuflados sob um manto coberto de hera.
A ponte estava próxima: a imponente construção de cor
vermelha havia sofrido um incêndio impiedoso, e ali estavam
empilhados carros queimados, restos de vigas e fios caídos, e os corpos
daqueles que foram pegos, enquanto tentavam fugir da cidade. Agarrei-
me a afirmação de Quinn “É por isso que temos um plano”. Se víssemos
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
soldados, ela e eu abandonaríamos Sausalito e não iriamos parar até
entrar no labirinto de Muir Woods, onde anos atrás construíram um
bunker subterrâneo. Eu iria ficar ali e me alimentaria com as provisões
armazenadas, enquanto os soldados vasculhavam Califia; o restante
das mulheres correria para o oeste, para Stinson Beach, onde ficariam
em um motel abandonado até que a invasão tivesse terminado. Eles
ficariam em perigo se os soldados descobrissem o acampamento... E
muito mais se comprovasse que elas haviam me escondido, para me
protegendo do monarca.
“Foi detectado um movimento no outro lado da ponte” anunciou
Isis desde a entrada de Califia, escondida atrás de um monte de
arbustos espessos. O seu cabelo estava preso com um lenço, e se
inclinava sobre a borda de uma pedra, segurando um binóculo nas
mãos. Abandonamos a bicicleta e nos juntamos a ela. Maeve,
pendurada na porta do coletor, por trás da saída, distribuía espingardas
e munições adicionais, e entregou uma arma para Harriet e outra para
Quinn.
“Colem na parede” mostrou a elas.
As mulheres seguiram suas instruções. Era uma das mães
fundadora mais jovem e membro da comunidade que melhor
representava a atitude que se esperava de nós no campo; manteve a
mesma aparência desde o dia em que eu a conheci, em pé, na entrada
de Califia; alta, com os músculos bem definidos e cabelo loiro trançado.
Ela é que havia rejeitado Caleb. Eu aceitei um quarto em sua casa, os
alimentos e a roupa que me entregou, e o serviço que me arrumou na
biblioteca, porque sabia que era a sua maneira de transmitir
sentimentos que não podia expressar: “Sinto muito, mas eu não tive
escolha.”.
Peguei a arma e me juntei com as demais, sem deixar de
perceber o frio da pesada arma que tinha entre as mãos. Recordem-me
o que Caleb havia falado quando estava em seu refúgio: “Matar um
soldado da Nova América, mesmo que seja em defesa própria, é um
crime que se castiga com a pena de morte.” Então, eu me lembrei de
dois soldados que tinha disparado em defesa própria, cujos corpos
havíamos deixado na estrada, ao lado do terreno do Governo. Apontou o
cano da arma para um terceiro soldado e o obrigou a nos conduzir até
Califia; as mãos tremiam sobre o volante. Caleb tinha caído no banco
traseiro e a sua perna sangrava, onde havia recebido uma facada. Esse
soldado era mais jovem do que eu, e o liberei quando chegamos aos
arredores de San Francisco.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Maeve, precisamos das armas? Não deveríamos usar...”.
“Se eles descobrirem as fugitivas as levará de volta aos colégios,
onde passarão os próximos anos, grávidas, e tão drogadas, que nem
sequer, recordarão seus nomes. Não é uma opção viável.”
Percorreu a fila de mulheres e corrigiu a posição dos ombros,
jogando para frente, para que apontassem melhor.
Seguindo a direção do cano do rifle, foquei para o extremo da
ponte, contemplei o oceano cinza e neguei-me a refletir sobre as
omissões de Maeve, pois não havia mencionado o que aconteceria
comigo. Pelo contrário, sua afirmação encobria um ligeiro tom
acusador, como se eu tivesse convidado os soldados a virem.
Não deixamos de vigiar em nenhum momento. Concentrei-me no
som da respiração de Harriet, enquanto aquelas figuras percorriam a
ponte. À distância somente pude distinguir duas silhuetas escuras,
uma menor que a outra, que caminhavam entre os carros carbonizados.
Após alguns segundos, Isis abaixou os binóculos e disse:
“Ele está vem acompanhado por um cachorro, um rottweiler”.
Pegando o binóculo, Maeve disse:
“Continue apontando e, em caso de agressão, não hesite em
atirar. As duas figuras se aproximavam. O homem caminhava
encurvado; a camisa preta que usava, permitia-se ser confundida com a
calçada queimada.”
“Não está de uniforme”, afirmou Maeve, olhando pelo binóculo.
“Já os vimos sem uniforme.”
Estudei a figura e busquei semelhanças com Caleb. Quando o
individuo estava a dois metros de distância, parou para descansar ao
lado de um carro. Á procura de sinais de vida, observou a encosta da
colina, e embora nós estivéssemos escondidas atrás da saída, não saiu
de nossa mira.
“Ele nos viu” sussurrou Harriet e acertou o rosto com uma
pedra.
A tudo isso, o homem pegou a sua mochila, e tirou alguma coisa
de dentro dela.
“É uma arma?” Perguntou Isis.
“Eu não sei.” Respondeu Maeve.
Isis posicionou o dedo sobre o gatilho.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
O homem retomou a caminhada com uma determinação
renovada, e Quinn apontou.
“Pare!” Gritou permanecendo agachada atrás da saída para que
não a visse. “Não dê nenhum passo a mais!”
O homem começou a correr, levando o seu cachorro ao seu lado,
cujo corpo “negro e maciço” demonstrava cansaço.
Maeve se moveu alguns centímetros e sussurrou no ouvido de
Quinn: Aconteça o que acontecer, o impeça de caminhar.
Maeve não transmitiu nenhuma emoção, igual ao dia em que eu
e Caleb, atravessamos a ponte; estávamos extremamente cansados, pois
as últimas semanas havia nos esgotado e cada passo que dávamos era
um grande esforço. A perna de sua calça estava empapada de sangue,
e o pedaço de tecido onde o sangue havia secado, ficou duro e
enrugado. Mas ela se manteve firme na entrada de Califia, apontando
para o meu peito com um rifle, e seu rosto demonstrava a mesma
expressão que agora. Qualquer que fosse a ameaça que esse homem
representasse, no momento ele só era culpado pela entrada ilegal...
Mas, nada a mais. Peguei o binóculo.
O individuo se aproximava rapidamente para o final da ponte.
“Não dê mais nenhum passo!” Repetiu Quinn aos gritos. “Pare”!
Aumentei o binóculo, tentando localizá-lo. Ele levantou a cabeça
por um segundo: seu rosto parecia a de um cadáver, pois tinha os olhos
e as bochechas fundos; dava para ver os seus lábios cinza e rachados,
depois de vários dias sem beber água, e tinha o cabelo muito curto.
Depois de tudo isso, pulou a faísca do reconhecimento.
A figura corria até nós, saltava sem parar os carros carbonizados
e as pilhas dos restos queimados.
“Não dispare!” Gritei a Quinn.
Comecei a correr, arranhando minhas pernas nos espessos
arbustos, ignorando os gritos de Maeve. Coloquei o rifle embaixo dos
ombros e não tirei os olhos da pessoa que se aproximava.
“Arden...” murmurei estupefata. Ela havia parado apoiada no
capô de um caminhão e encurvando as costas, pela sua dificuldade em
respirar. Sorriu, apesar das lágrimas. “Está aqui.” O cachorro pulou em
mim, mas Arden o deteve e murmurou algo em seu ouvido para acalmá-
lo. Corri sem parar, até nos encontrarmos e abracei aquele corpo frágil:
seu cabelo estava raspado, pesava dez quilos a menos e o seu ombro
estava sangrando, mas estava viva.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Você conseguiu” afirmei, apertando-a fortemente.
“Sim” conseguiu responder, e suas lágrimas molharam a minha
camisa. “Consegui”.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
03
Naquela noite, eu levei Arden para a casa de Maeve. A estreita
moradia de dois andares se conectava com outras seis casas, e a fileira
completa eram encravadas na ladeira da colina. Em Califia era mais
fácil ocultar as casas quando estavam dispersas; portanto, dessas seis,
a de Mae era a única ocupada. As paredes estavam com várias
descamações, e o solo formava um mosaico de azulejos desiguais. Arden
e eu ocupamos um quarto do primeiro andar; a luz da vela em nossa
pele tomou uma tonalidade rosa. Mueve dormia no quarto ao lado. Com
Lilac ao seu lado.
Arden tirou a camisa, e vendo-se livre da cômoda camiseta,
passou uma toalha molhada pelo rosto e pescoço.
“Quando cheguei aqui e comprovei que você não estava “pensei o
pior “falei enquanto estava deitada em minha cama. O papel de flores
do quarto estava descolado em vários lugares, e algumas tiras foram
pressas com tachinhas. Supus que você tinha sido pega pelos soldados,
e que tinham retido, sido torturada ou ... “Fiquei em silêncio, porque
não queria continuar.
Ela também esfregou os braços com a toalha, e removeu toda a
poeira que a cobria. Aproximei a vela e pude ver cada uma de suas
vertebras: seixos minúsculos embaixo da pele. recordei-me do aspecto
que tinha, quando nos escondemos atrás da cabana: tinha as
bochechas gordas e um olhar esperto, mas agora estava tão fraca, que
as omoplatas saltavam e os cascões recentes se espalhavam pelo couro
cabeludo.
“Eles falharam” explicou sem se virar, e quando olhou para o
espelho trincado, sua imagem foi reduzida pela metade. “O dia em que
deixei você na casa de Marjorie e Otis, os soldados me perseguiram pela
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
floresta; tinha uma vantagem bem grande até chegar aos redores da
cidade, mas não encontrei aonde me esconder. Por fim, encontrei uma
tampa metálica na rua que levava aos esgotos, e desci. Percorri os
túneis, caminhei sobre águas residuais, me preparei para a
perseguição, mas eles não apareceram.”
O enorme cachorro estava deitado a seus pés, apoiando o nariz
no chão. Sem tirar os olhos de mim, lembrei-me das advertências que
na escola haviam feito sobre as pessoas atacadas por matilhas de cães
selvagens, que perambulavam pelas florestas.
“Onde você encontrou isso?” Perguntei, apontando com cabeça
para o animal, cujo crânio era tão grande quanto o meu.
“Foi ela quem me encontrou. “Arden riu, e colocou a toalha na
bacia”. Estava assando um esquilo. Acredito que Heddy se afastou da
matilha e estava faminta. Dei-lhe o que comer, e ela me seguiu.
“Agachando-se, acariciou com as mãos a cabeça da cachorra. “Não a
julgue pela sua aparência, porque ela é um encanto. Não é mesmo,
querida?”
Então reparei que minha amiga, tinha uma larga cicatriz
vermelha que percorria a clavícula até o peito direito. Em alguns pontos
ainda sangrava. O simples fato de vê-la me espantou.
“Você está ferida” disse e pulei da cama para observar a cicatriz
de perto. “O que aconteceu? Quem fez isso”? Segurei o seu ombro e o
levei até a luz.
Ela me empurrou. Pegou a toalha da bacia e cobriu o pescoço.
“Não quero falar sobre isso. Finalmente estou aqui e não me
falta nem um olho e nem um braço. Deixe como está.”
“Não deixaremos como está” acrescentei, mas já havia se deitado
na cama de baixo. Deitou-se ao lado das velhas bonecas de Lilac, a
maioria estava pelada, com os cabelos embaraçados, depois de três
anos de abandono. Conte-me, o que aconteceu? Repeti, implorando.
O cão me seguiu até a escada, gemeu e tentou subir na cama.
Ardem deixou escapar um suspiro e respondeu:
“Não acredito que você queira mesmo saber”.
Apertou a toalha molhada contra o peito, e tentou me distrair,
mas eu não cedi em meu objetivo.
“Conte-me.”
Ao se virar para mim, notei que estava chorando.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Me perdi” reconheceu em voz baixa. “Por isso demorei tanto a
chegar. Desde Sedona segui para o norte e pouco depois encontrei
Heddy. Estávamos juntas há uma semana, quando começou a fazer
tanto calor que foi difícil caminhar durante o dia. A cachorra caminhava
pela mata e tentava evitar o sol. Finalmente, decidi que iriamos esperar
a onda de calor: buscaríamos um lugar para descansar.” Umedeceu os
lábios rachados com a toalha e arrancou a pele morta.
Levamos os suprimentos até um estacionamento subterrâneo,
onde arrastamos uma tampa atrás da outra, a temperatura caiu e
tornou-se mais tolerável. Mas também ficou mais escuro, tentei abrir a
porta de um carro; e nesse momento ouvi uma voz masculina. O
homem gritava, mas suas palavras não faziam o menor sentido. Fiquei
ao lado de Heddy e fiquei encolhida, Fixou-se no colchão inferior da
cama de cima, cujas molas marcaram, quando afundou.
Estava muito escuro, mas não deixei de sentir o seu cheiro.
Cheiro terrível. Agarrou-me e me deitou sobre o capô do carro. Apertava
a minha garganta, asfixiando-me. Senti a lâmina da faca no pescoço.
Sem tempo de entender a situação, de repente o homem estava deitado
no chão e Heddy havia saltado sobre ele. A cachorra o atacou até que o
desconhecido ficasse quieto. O animal tinha a cara coberta de terra,
faltavam vários pedaços de cabelo na altura do pescoço, e a área estava
repleta de feridas e sujeira. Jamais ouvi um silêncio parecido.
“Sinto muito, por não estar ali” eu disse “sinto muito mesmo”.
Arden afastou a toalha do pescoço, e continuou.
Não tinha dado conta de que ele tinha me machucado, até que
voltamos para a luz. Heddy e eu estávamos banhadas de sangue. A
cachorra saltou da cama, e deitou-se, aproximando o nariz do pé de sua
ama. Como consequência, a extremidade do colchão afundou com o
peso do animal.
“Se não fosse por ela, eu teria morrido." Acariciou sua cabeça,
onde a negra e sedosa penugem, crescia novamente, mas ainda estava
exposta parte do couro cabeludo. “Por isso pensei que seria mais seguro
viajar, aparentando ser um homem. A partir desse momento, ninguém
mais reparou em mim, exceto alguns malucos, mas me deixaram em
paz. Vivendo no caos, um homem não chama tanto atenção como uma
mulher.”
“Espero que seja assim” comentei, e meus pensamentos voaram
até Caleb. Fui à janela, apenas se via o reflexo da lua na superfície da
baía, pois a casa de Maeve ficava na rua acima, longe da água. “Depois
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
que deixei você, Caleb me encontrou. Foi atrás de meu paradeiro, e
viemos juntos até aqui.”
“Mas não permitiram que ele ficasse?” Cobriu-se com uma
manta de crochê, deixando os dedos saírem pelos quadrados de lã
coloridos. “O consideraram muito perigoso”?
“Ele estava com a perna ferida e quase não conseguia andar”
expliquei. Segurei um pedaço de manta entre as mãos; eu não queria
me lembrar daquele momento, no final da ponte.
Arden mudou de posição, até encostar-se à parede, e enfiou os
dedos dos pés debaixo de Heddy, que continuava deitada aos pés da
cama, fazendo-se ouvir o som de sua respiração no pequeno quarto.
“Tenho certeza que encontrará o caminho de volta, pelo refúgio
subterrâneo. Há anos estamos vivendo o caos. Ele a encontrará.”
Menti-me em baixo dos lençóis, tomando o cuidado para não
incomodar a cachorra.
“Sim, eu sei.” Reconheci baixinho, repousando o meu rosto em
uma almofada que cheirava a mofo.
Mas os pensamentos negativos voltaram a tomar conta de mim:
continuei imaginando Caleb em uma casa abandonada, sofrendo com
uma grave infecção na perna.
Arden fechou os olhos. Relaxou os olhos e as suas feições se
suavizaram. Conseguiu dormir sem nenhuma dificuldade, e a cada
minuto que se passava, segurava o cobertor com menos força. Fui me
aproximando lentamente até ela e aconcheguei-me ao seu lado. Passei
algum tempo assim, ouvindo sua respiração, o que me lembrou de que
eu não estava mais sozinha.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
04
Estava de volta ao campo, deitada de bruços no chão. Tinha
acabado de escapar do caminhão de Fletcher, mas ele estava entre as
árvores. Os finos ramos se partiam devido ao enorme peso daquele
homem, que ofegava e era sufocado pelo excesso de catarro. Meu corpo
amassava as flores silvestres, cujos delicados botões liberavam um odor
nauseante, e meus dedos estavam alaranjados por estar em contato
com o pólen. Então ele me viu. Levantou a arma. Tentei correr e
escapar, mas não havia escapatória. Fletcher apertou o gatilho, e o tiro
retumbou pelo campo.
Coberta por uma fina camada de suor. Sentei-me abruptamente
na cama. Levei um tempo para perceber que estava em Califia, na casa
de Maeve, em um minúsculo quarto com papel de parede florido. Ouvi
um barulho no andar de baixo. Uma batida de porta violenta. A vela
tinha se apagado, através da fresta da janela, entrava um ar frio.
Esfreguei os olhos e esperei com que eles se adaptassem a escuridão.
No corredor de baixo havia alguém. Heddy levantou a dura
cabeça e prestou atenção tanto quanto eu.
“Silêncio.” Ouvi Maeve dizer. Estava na sala ou na cozinha, e
falava com quem acabava de entrar. “Está lá encima”.
A cachorra deixou escapar um rosnado e Arden acordou.
“O que aconteceu?” Ela perguntou, sentando-se, e ficou muito
tensa enquanto escutava do dormitório. “Quem está aí?”
“Psiu!” Levei o meu dedo aos lábios para pedir que ficasse
quieta, e mostrei a porta: apenas estava entreaberta. Caminhei
lentamente para a porta, e fiz sinais para que ela me seguisse. Haviam
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
abaixado à voz, mas identifiquei os sussurros urgentes de Maeve, assim
como, as tensas e precipitadas respostas da outra mulher.
O corredor estava escuro, e uma grade de madeira frágil e que
faltava grade, cercava a escada até aonde nós nos arrastávamos pelo
chão, depois de prender Heddy no quarto. Ficamos deitadas de bruços e
espiamos: uma estranha luz iluminou o salão.
“Ele sabe que está aqui...; afinal de contas foi ele quem a trouxe.
E agora aparece essa nova garota” disse Isis, a quem evidenciava sua
grave e ríspida voz. “Quem mais a procura? Antes não agíamos assim e
não podemos...”.
“Desde quando praticamos a politica de devolver as mulheres ao
caos”?
Reconheci a camisa turquesa de Quinn. Ela estava de costas
para nós, encostada na moldura da porta, gesticulando com as mãos e
falava.
“Isso é diferente. Todas as mulheres comentam..., estão
preocupadas. Praticamente, é como se pedíssemos ao Rei, para vir
buscá-la aqui. É possível que hoje não a pegue, mas é só uma questão
de tempo.”
Olhei para Arden e encostei a bochecha no chão frio. A maior
parte das mulheres haviam se mostrado acolhedoras desde que
cheguei, embora houvesse a preocupação, quase impercebível, de que
eu tirasse o equilíbrio de Califia. Estava presente, sem dúvida, foram
muitos anos dedicados na construção da cidade, a limpar as velhas
casas e fachadas e a recuperá-las, os anos dedicados a se esconder
atrás de uma cortina de hera e musgo, os dias que passaram no escuro,
cada vez que percebiam um movimento na cidade... Desapareceriam em
um piscar e abrir de olhos, se o Rei viesse a descobrir que eu estava ali.
“Representa a mesma ameaça, que pensávamos de nós” opinou
Quinn, todas nós éramos propriedades do rei, quando eu cheguei aqui,
ninguém falou que eu deveria ser expulsa, porque os soldados poderiam
aparecer e invadir Califia, e quando resgatamos Greta daquela
quadrilha, ninguém se preocupou pelas ofensivas que poderiam surgir.
Esses homens poderiam ter nos matado.
“Por favor!” exclamou Isis “você sabe que isso é diferente”.
Mesmo que tenha me levantado mais, não consegui ver através
da porta aberta. Faz meses que estão procurando por ela; você já ouviu
os avisos pelo rádio. E não tenho exatamente, a sensação de que
estejam prestes a interromper as buscas.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Aquelas palavras arrepiaram os cabelos do meu braço. Faz dois
anos que Isis vive na casa flutuante. Era uma das mães fundadoras e
depois da epidemia, conseguiu sobreviver em San Francisco, porque se
escondeu em um armazém abandonado, antes de atravessar a ponte.
Eu já estive na cozinha de sua casa, sentado à sua mesa e conversado
com ela sobre as joias antigas, que uma das mulheres havia
recuperado, e sobre uma amiga sua, que estava aprendendo a cortar
cabelo. Senti-me uma estúpida por ter me confiado nela.
“Não penso em devolvê-la” declarou Quinn. “Diz Maeve, diz, que
não a expulsaremos”.
Percebi que Maeve andava de um lado para o outro e que o chão
rangia sob os seus pés. Nem mesmo em meus piores momentos, em que
imaginava o que teria acontecido com Caleb ou me perguntava qual
teria sido o destino de Pip, Ruby ou qualquer uma de minhas amigas,
tinha temido ver-me obrigada a abandonar Califia, que me lançariam,
totalmente sozinha, ao caos.
Após um longo silêncio, Maeve suspirou e decidiu.
“Não expulsaremos ninguém.” Arden, apertou tanto a minha
mão, que acabou me machucando. Devido à fraca luz que predominava,
apreciava lhe o rosto magro e as bochechas afundadas e cinzentas.
“Além disso, seria um absurdo não utiliza-la a nosso favor: se o rei
descobre que ela está aqui, todas nós seremos descobertas, e iremos
precisar de um elemento de negociação”.
Senti um aperto no peito.
“Se esta é sua forma de argumentar que ela deve permanecer
aqui, continue”.
Quinn voltou à briga.
“De qualquer maneira, não terão pistas até Califia, assim que ela
representa o mesmo risco que qualquer uma de nós.”
“Espero que você tenha razão”, apontou Maeve. “Mas se o rei a
encontra, não iremos sofrer martírio em seu nome. Ela será levada ao
bunker, onde viverá até os soldados, até que tenhamos condições de
entrega-la aos soldados. Poderia ser a nossa oportunidade de nos
tornarmos independentes do regime. Fiquei indignada das inúmeras
vezes que eu a havia agradecido por me dar o que comer que
conseguisse roupas para mim e esquentasse água da chuva para que
eu me levasse.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Não há de que” havia respondido e amenizado a importância da
minha gratidão.
“Estamos felizes por ter você aqui”.
Atravessaram mais algumas palavras sussurradas, até que
Maeve deixou a sala com duas mulheres a tiracolo. Arden e eu,
retrocedemos e tomamos cuidado para que não nos vissem.
“Aqui não virão para buscá-la..., não tem motivos para fazê-lo”
insistiu Quinn pela última vez.
“São quase quatro horas da manhã” disse Maeve, e indicou com
um gesto o fim da conversa. “Não diga mais nada. Porque não volta
para sua casa e descanse?”
Abriu a porta com cuidado e separou a grossa cortina de hera,
que escondia a entrada principal. Ouvi que Isis voltou a discutir,
enquanto atravessam a porta.
Maeve trancou a porta e subiu as escadas. Fiquei sem ar.
Desesperadas para retornar ao nosso quarto. Ficamos grudadas na
parede e escapulimos como ratos. Deitamos em nossa cama, no
precioso momento em que Mae pisava o último degrau. Deitei-me, cobri
nossos corpos com a manta, fechei os olhos e fingi que dormia. A porta
se abriu. A luz da lanterna aqueceu o rosto.
“Ela sabe que nós estávamos escutando tive essa intuição. Ela
sabe e irá me prender no bunker, até que chegue o momento de me
entregar ao rei.”
A luz se manteve imóvel, assim como Maeve. Senti o peso da
cachorra aos meus pés, que levantou a cabeça e, que provavelmente,
me olhou com a mesmo carinhoso olhar, que havia me olhado antes.
“O que esta olhando?” murmurou Maeve por último.
Fechou a porta ao sair, e caminhou pelo corredor; e nos ficamos
no escuro.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
05 O dia seguinte foi opressivamente deslumbrante. Eu estava
acostumada com o céu cinzento de San Francisco, a neblina que todas
as manhãs descia sobre nós, se estendia pela serra e chegava até o mar.
Arden e eu saímos da casa de Maeve, e o sol queimou a minha pele; seu
reflexo na baía me deixava cega. Os pássaros também pareciam estar
alegres e piavam nas árvores.
“Lembre-se de que nós não ouvimos nada,” murmurei.
Arden apertou os lábios forçando uma careta; nunca soube
fingir. No colégio tinha ficado de péssimo humor nas semanas que
antecederam a sua fuga: se manteve afastadas das meninas, usava a
pia do canto para escovar os dentes e, durante as refeições, se
debruçava sobre a mesa do refeitório sem interagir com ninguém. Eu
suspeitei de que ela estava tramando alguma coisa, na véspera da
formatura, mas me convenci que era outra de suas inúmeras
travessuras. De alguma maneira, consegui descobrir a verdade. Nós
andamos por um estreito caminho, coberto de videiras, que nos levava
ao porto. Sobre as rochas, acumulavam os restos de embarcações com
os para-brisas quebrados e a pintura descascada. Uma vez do outro
lado da baía, o abrigo de Marin, não era mais do que um monte verde,
em que as árvores cresciam entre as casas e as cobriam com sua
folhagem.
Arden ajeitou a camisa de linho em seu corpo magro, para se
proteger do vento que soprava.
“Durante o café da manhã, demorei a conversar com Maeve”
reconheço.
Heddy caminhava ao nosso lado, e seu pelo negro brilhava ao
sol. O simples fato de saber o que ela planejava...
“Aqui não devemos falar sobre isso” a interrompi enquanto
examinava a fileira de fachadas cobertas: a janela de uma cafeteria
estava tampada com jornais, mas ouvi perfeitamente as cozinheiras, o
barulho das panelas e a da água ao correr pelo tanque. “Espere para
que possamos entrar”.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Era impossível ter intimidade em uma cidade que abrigava mais
de duzentas mulheres. Algumas lojas e restaurantes do centro
comercial marítimo, estavam em plena atividade, embora outros locais
ainda permanecessem escondidos e não utilizados no meio da densa
floresta. Cada mulher forjou o seu próprio lugar e objetivo.
“Eve! Bom dia!” Exclamou Coral, uma das mães fundadora mais
velha, que descia pela trilha. Voltava do abatedouro com três frangos
pendurados de cabeça rígida para baixo, porque eles foram presos pelas
pernas. Heddy latiu para as aves, mas Arden a segurou. “Faz um dia
maravilhoso. Lembra-me a vida de antes.”
Olhou para o céu, a ladeira verde da colina e o paredão
destruído que se entrava no mar.
“Muito bonito sim” disse rapidamente e fiz o impossível para
parecer contente.
Coral tinha gostado de mim desde o começo. Passou toda a sua
vida em Mill Valley, em companhia do marido, e logo tornaram-se
fugitivos, por três anos, até que seu esposo morreu. Adorava as
histórias que ela me contava sobre o seu jardim e de quando cozinhava
nas brasas que acendia no quintal de sua casa. Certa ocasião, espantou
uma quadrilha que atravessava a cidade, para que não encontrassem
nenhum produto de sua reserva, que guardava no sótão, no caso de
tempestade.
Nesse momento, no entanto, até ela me pareceu pouco amistosa.
Será que ela estava ciente do plano? Também sempre me considerou
uma moeda de troca, para a libertação de Califia?
A anciã prosseguiu em seu caminho. Mais adiante, Maeve e Isis,
percorriam a estrada a cavalo, levando a reboque um carrinho de
roupas recuperadas.
Todos os meses, se deslocavam as diferentes populações, para
longe de Muir Woods, e revistavam as casas à procura de artigos, para
serem distribuídos ou trocados nas lojas de Califia.
Fazendo um sinal a Arden, olhamos para um bote amarrado no
cais. Era um dos poucos barcos que as mulheres tinham restaurado; o
interior foi revestido com uma fina camada de cera.
“É melhor irmos” opinei. Maeve tinha desmontado e se
aproximava da costa, enquanto nós nos dirigíamos ao cais. Desamarrei
a embarcação e lhe disse: “Hoje eu decidi que Arden e Heddy iriam
passear pela baía; quero mostrar a elas, tudo o que oferece Califia”.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Subi ao bote e tentei fazer com que os meus movimentos fossem
tranquilos e decididos. Segurei os remos e me alegrei por colocá-los na
água: a sua resistência ao elemento liquido, tranquilizou-me.
Arden também entrou no barco e chamou Heddy, para que ela
fizesse o mesmo.
“E a biblioteca? Você tem que trabalhar” comentou Maeve,
penetrando entre as pedras e bancos de areia escorregadios, molhando
as botas.
Continuei remando e relaxava na medida em que nos
afastávamos.
Trina sabe que não irei e não se importou. Ela cruzou os braços.
Era muito musculosa, barriga lisa e pernas resistentes de tanto correr.
“Tenha cuidado com as correntes e com os tubarões. Ontem
avistaram um desses na baía.”
Acovardei-me ante a menção do tubarão, mas parecia ser
improvável e, além disso, considerei uma tentativa desesperada da
parte dela, para mantermos próximo a beira da praia. Ela ficou onde
estava, com os pés na água, até que nos distanciamos por cem metros.
“Podemos falar agora?” Perguntou Arden, quando soltei os
remos. Heddy deitou e ficou do tamanho do fundo do barco, e minha
amiga colocou os pés nas costas do cão.
Maeve utilizava o binóculo que havia pegado no carro, para
acompanhar a trajetória do barco arrastado pela corrente. Então me
desfiz do laço e a cumprimentei com a mão.
“Não parou de vigiarmos” comentei. “Arden, me faz um favor”
deixe de franzir a testa.
Minha amiga jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada
grave e gutural, que nunca tinha ouvido.
“Você não percebe, o quão irônico é isso tudo?” Perguntou
sorridente, sua expressão pareceu-me esquisita, sobretudo esmagadora,
porque não estava de acordo com suas palavras Percorremos um longo
caminho para chegar até aqui, para escapar da diretora Burns e de
suas mentiras. Isso me parecia estranhamente familiar.
Sabia muito bem a que se referia. Ontem à noite, foi impossível
voltar a dormir. Fiquei acordada e imaginei o que aconteceria se Maeve
descobrisse que eu conhecia os seus planos sobre mim. Afinal de
contas, ela acreditava que Califia era o meu destino final e que eu
nunca iria embora... Porque não poderia. Se passasse por sua cabeça a
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
ideia de que eu desejava sumir, talvez informasse a cidade de Areia, que
me tinham em seu poder.
Quando chegamos, eu e Caleb, pensávamos que este era o único
lugar seguro. Esfreguei os meus calos da palma das mãos, endurecidas
após as horas dedicadaas a reforçar as paredes de pedra da parte de
trás da casa de Mae. Então, pareceu-me a minha única opção, mas
agora...
Ao longe avistei Maeve, ainda na praia. Já não usava mais os
binóculos, e tinha começado a andar pela trillha; dava dois ou três
passos e virava para nos vigiarmos. Senti-me prisioneira. Desde a baía,
cercada por três lados de altas falésias, centenas de olhos que me
controlavam constantemente fosse aonde fosse. Depois de atravessar a
baía, San Francisco não era um pequeno monte de musgo cheio de
mato.
“Nós temos que sair daqui”.
Arden acariciou a cabeça de Heddy e, contemplando o
afastamento, disse:
“Precisamos de tempo. Vamos pensar em alguma coisa, sempre
acontece isso. Ficamos em silêncio por um longo tempo.” Os únicos
sons que percebíamos era o das ondas acariciando as laterais do barco,
e os das gaivotas, que gritavam, batendo asas em pleno voo.
Passou uma hora. A corrente afastava o bote. Quando a
conversa ficou em torno de outros assuntos mais alegres, senti um
grande alivio.
“Ainda não havia dado um nome a ela” explicou Arden,
acariciando a cabeça da cachorra. Imaginei que não ficaríamos juntas
por muito tempo, e não queria me apegar. Foi então que ela se deitou
em frente à fogueira e me tocou a alma. “Sabia claramente como seria o
seu nome. Coloquei as mãos em suas bochechas e, pressionei-as para
baixo, estiquei. Assim nasceu Heddy, em homenagem a diretora Burns.”
Pela primeira vez ri de verdade, depois de semanas, ao recordar
a cara da diretora.
“Você não acha que foi uma injustiça com Heddy”?
“A cachorra compreende o meu senso de humor.” Suas
expressões estavam mais suaves, o sol dava cor as suas pálidas
bochechas. “Antes detestava cachorros, mas não estaria a salvo, se não
fosse por ela.” Sua voz se afinou várias oitavas, como se tivesse falando
com alguma criança. “Te amo Heddy, te amo.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Acariciou-a novamente, e beijou-lhe o sedoso pelo da fronte. Eu
nunca ouvi Arden falar dessa maneira. Durante os anos que passamos
no colégio, tornou-se famosa por detestar tudo: os figos que serviam de
sobremesa, os problemas de matemática, os jogos de mesas empilhadas
na estante da biblioteca... ; se orgulhava por se destacar das demais e
não confiar em ninguém. Faz doze anos que eu a conheço, e sempre
insisti que ela era diferente das outras órfãs do colégio, já que ela tinha
os pais, esperando por ela na cidade de Areia. Somente, quando nós nos
reencontramos no caos e ela ficou doente, foi capaz de contar a verdade:
os supostos pais não existiam e tinha sido criado pelo avô, um homem
amargo que morreu quando ela tinha seis anos. Por isso, a expressão
“te amo” me pegou de surpresa. Tinha certeza de que não fazia parte do
seu vocabulário.
Permiti que a cachorra cheirasse a minha mão, sem me importar
com o nervosismo, quando ela aproximou o nariz dos meus dedos. Dei-
lhe umas palmadinhas na cabeça, acariciei o seu focinho e orelha.
Estava prestes a passar a mão em seu lombo, quando algo bateu no
fundo do bote. Segurei-me na beirada, e percebi que nós não tivemos o
mesmo pensamento: um tubarão. Estávamos, mais ou menos, a cem
metros da costa. Maeve já não nos observava e a água tinha uma cor
ameaçadoramente negra.
“O que vamos fazer?” Perguntou minha companheira,
inclinando-se.
Heddy cheirou o fundo do barco e rosnou.
Petrificado, continuei agarrada nas bordas.
“Não se mova” eu a aconselhei.
O bote voltou a sofrer uma sacudida. Abaixo de nós, vi uma
massa escura.
“Onde diabos...?” Murmurou Arden, mostrando a água. De
repente, começou a rir e tampou a boca com a mão. “É uma foca? E...
Tem mais.”
Outro espécime apareceu junto ao primeiro, e logo chegou uma
terceira. Surgiram as lisas cabeças de cor marrom, mas mergulharam
com rapidez.
Parei de agarrar ao bote e comecei a rir de mim mesma, o pânico
que passei ao pensar em Maeve, Califia e nós tubarões imaginários.
“Cercaram-nos”.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Inclinei-me até a água e mexi com as pontas dos dedos. Em
torno de uma dezena de focas cercaram a embarcação, e suas
amistosas carinhas, nos observavam com curiosidade. Uma delas,
muito pequena, deu uma cambalhota e nadou de boca para cima; a
poucos metros, outra foca maior, de bigodes brancos deu um grito
agudo. Heddy latiu, como resposta e as assustou, pois mergulharam
novamente.
“Não tenham medo” gritou Arden; via-a mais contente do que
tinha estado desde a nossa fuga. As focas se foram para a baía. A
pequena demorou a se afastar, como se desculpasse pelo
comportamento descortês de suas companheiras. “Eu também gostei de
conhecer vocês!” Gritou Arden, acenando com a mão.
Heddy soltou outro sonoro latido e se mostrou orgulhosa de si
mesma.
As focas se afastaram até se tornarem pontos negros sobre a
água. O sol não parecia muito brilhante, e recebi de bom grado à
presença das aves que sobrevoavam o bote. Na companhia de Arden,
esqueci-me de Maeve e seus planos. Estava com minha amiga, e
sozinhas e livres, navegávamos pelas águas agitadas pelo vento.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
06
Quando regressamos ao cais, o sol já estava baixo no horizonte.
O restaurante que havia se tornado o refeitório de Califia estava mais
animado nas últimas semanas. Empurrei uma cortina emaranhada de
heras e trepadeiras, e revelou-se o interior reformado: de uma das
paredes sobressaia um largobarra; mesas e bancos de madeira, coberta
de caranguejos fervidos, linguados e orelhas do mar, estavam
agrupados no centro da sala; em uma prateleira de canto, havia uma
estátua de Safo, de sessenta centímetros de altura, motivo pelo qual o
refeitório havia recebido o afetuoso apelido de “Busto de Safo.”.
“Ora! Ora!” gritou Bethy detrás do balcão. Estava com as
bochechas rosadas, porque havia bebido várias cervejas. “Mas se não
são a dama e o vagabundo”!
As mulheres que ocupavam as banquetas caíram na gargalhada.
Uma mulher bebeu apressadamente um gole de cerveja de banheira,
uma bebida caseira que Bethy destilava.
“Devo supor que eu seja o vagabundo?” Arden perguntou-me um
tanto aborrecida.
Olhando para a cabeça coberta de crostas, o rosto fino, os
pequenos arranhões que percorriam a sua pele e as unhas sujas,
apesar de que já havia tomado dois banhos, respondi:
“Diria que sim. Sem dúvidas, você é o vagabundo.”
Como as portas traseiras estavam abertas, entrava o cheiro do
fogo que acenderam na parte detrás do restaurante. Delia e Missy, duas
das primeiras fugitivas através da rota, jogavam moedas verdes as suas
respectivas bebidas. Era um jogo ridículo que elas gostavam de praticar
depois de comer, e que as demais eram excluídas. Pararam o jogo,
quando Arden e eu, passamos por ela, e Delia deu uma soberana
cotovelada na lateral de Missy.
Várias mulheres ocupavam as mesas do fundo, conversando a
medida que quebravam patas de caranguejo. Vi Maeve e Isis em um
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
canto. Arregaçadas até os cotovelos, Mae abria as conchas de uma
orelha do mar, para entregar a Lilac.
Betty colocou dois copos de Cerveja no balcão.
“Onde está a cachorra?” Perguntou, procurando Heddy nos pés
de Arden.
“Não a trouxe.” Tentou um gole e, contrariada, encarou Betty,
até que ela se afastou para atender alguém que se encontrava na outra
extremidade do balcão. Ao beber, engasgou e esteve a ponto de vomitar.
“Desde quando você toma isso?” Murmurou, contemplando o liquido
amarelo.
Dei vários goles e desfrutei da repentina sensação de leveza que
me dominou.
“Aqui todas fazem isso” respondi e sequei os lábios com as
costas das mãos.
Recordei dos primeiros dias em que, uma vez cumpridas às
tarefas, permanecia sozinha no dormitório de Lilac, no meio da tarde.
Mas tudo me parecia muito estranho: tanto o ruído que faziam as
mulheres ao cortar a lenha à luz localizada acima onde morávamos,
perseguindo-me por toda a casa, como faziam os ramos ao arranhar as
janelas, me impedindo de dormir. Quinn vinha me buscar e insistia que
eu a acompanhasse até ao refeitório, onde passava horas comigo; ás
vezes jogávamos cartas. E Betty servia o seu destilado mais recente, que
eu bebia devagar, enquanto contava a Quinn sobre a minha viagem até
Califia.
Arden continuava a me estudar.
“Além disso” acrescentei, “não foi fácil perder Caleb e você no
mesmo mês.”.
Regina, uma viúva corpulenta, que há dois anos vivia em Califia,
cambaleou no banquinho ao lado e disse a Arden em voz baixa:
“Caleb é o namorado de Eve. O que você não sabe, é que em
outro tempo, eu tive um marido. Não é tão ruim como todos dizem.”
Ergueu o copo, fazendo sinais de que queria outra cerveja.
“Namorado”? Arden ficou surpresa.
“Mais ou menos” respondi e apoiei as costas de Regina para
ajuda-la a recuperar o equilíbrio.
No colégio haviam falado para nós sobre “namorados” e de
“maridos”, melhor dizendo, tinham nos alertado contra eles. No
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
seminário “Alerta contra meninos e homens”, as professoras fizeram
piadas de seus próprios desconsolos, dos homens que as havia
abandonados por outras mulheres, e dos maridos, que valendo da
fortuna ou da influência que gozavam, haviam submetido a suas
esposas à escravidão caseira. Depois de ver o que os homens eram
capazes de fazer no caos (os membros da quadrilha matavam uns aos
outros, os sequestradores vendiam as mulheres aprisionadas, e os
rebeldes, tomados pelo desespero, recorreram ao canibalismo), algumas
mulheres de Califia, principalmente, as mulheres que fugiram do
colégio, acreditavam que os homens do universo eram malvados. A vida
após a epidemia era comprovada diariamente. No entanto, alguma delas
recordava-se com carinho de seus maridos e de antigos amores. E
muitas companheiras apelidaram Regina e a mim de teimosas, e nos
diziam isso tanto na cara como de costas. Quando acordava no meio da
noite e minhas mãos apalpavam a cama à procura de Caleb. “Teimosia”
era um termo muito suave para descrever o que o amor me fazia sentir.
Delly e Missy começaram a discutir novamente, e, à medida que
o tom de voz ia aumentando, as mulheres que ocupavam as outras
mesas se calavam.
“Deixa pra lá! Já chega!” Gritou Delia, continuou segurando a
sua cerveja, jogou a moeda verde no copo e a fez tilintar.
“Anda, pergunta” Missy a apressou. Virou em sua cadeira e me
chamou “Eve! Escuta, Eve...
Delia se atirou por cima da mesa e deu um empurrão em Missy,
que caiu de costas para o chão.
“Eu falei para você ficar quieta” ordenou. Missy esfregou a área
da cabeça que tinha batido no chão de madeira. “Fecha esse estúpido
bico” acrescentou e, levantando-se e tentou rodar a mesa, mas Maeve a
impediu.
“Já chega; acabou. Parece que você tem que aprender a ir com
mais calma. Isis faz o favor de acompanhá-las ao quarto.” Dito isso,
olhou para mim e Arden, como se avaliasse nossas reações.
“O que vocês queriam me dizer?” Perguntei, pois ainda estavam
pendentes as palavras de Missy.
Isis começou a rir e me disse com tom urgente:
“Missy está bêbada. Não é, Delia?”
A mencionada limpou o suor da testa e não respondeu.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Alguém o viu” sussurrou Missy, sacudindo as calças para tirar
o pó. Falou em uma voz tão baixa que tive de me agachar para ouvi-la.
“Alguém viu Caleb. Ela sabe” insistiu e apontou Delia novamente.
Maeve levantou, agarrou o braço de Missy, e a ajudou a se
recompor.
“Isso é ridículo, não é mais que”...
“Eu não queria contar,” a interrompeu Delia. O refeitório ficou
em silêncio. Até Betty deixou de falar e parou atrás do balcão,
segurando uma pilha de pratos nas mãos. “Outro dia, fui à cidade
procurar por mantimentos no lixo, e me deparei com um andarilho; já o
tinha visto semana passada. Perguntou-me de onde vim e para onde
estava indo...”.
“Você não disse nada, né?” Perguntou Maeve com a voz
monótona.
“Claro,” alfinetou Delia. Ela havia se acalmado graças à ajuda de
Isis e Maeve, mas evitava olhar para elas. “A primeira vez, ele tentou
fazer uma troca com minhas botas. No outro dia mostrou que estava
usando botas novas; depois riu e contou que as havia roubado de um
garoto que estava na rota oitenta.”
Cada centímetro de mim estava acordado e alerta, os dedos das
minhas mãos e dos meus pés, estavam pulsando cheios de energia.
“Como era...., como estavam as botas?
Delia limpou os cantos de seus lábios, que havia se formado
uma fina camada de saliva.
“Elas eram marrons com cordões verdes, e chegavam mais ou
menos até aqui.” Mostrou a pele lisa acima do tornozelo.
Decidida a manter a calma, respirei fundo. Parecia ser as botas
de Caleb calçava quando íamos juntos, vagando pelas ruas da cidade,
mas eu não tinha certeza.
“O garoto está vivo”?
“Segundo disse o andarilho, ele o encontrou em um armazém de
móveis, que fica na estrada, no trecho que há antes de chegar a San
Francisco” respondeu, e consultou uma das mulheres mais velhas: Se
chama IKEA, não é? Ele me disse que o rapaz foi gravemente ferido e
que a facada que havia na perna, estava infeccionada.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Eu não via nada além dos lábios de Delia, e ouvia
exclusivamente as palavras que brotavam de sua boca. Tentei assimila-
las uma por uma.
“Onde... onde fica isso?
“Preste atenção.” Maeve fez um gesto com as mãos.
“Provavelmente, isso não é nada a mais que um rumor, não há nada
que demonstre que”…
“Agora mesmo poderia estar morto,” murmurei, e quando falei, a
ideia pareceu ser ainda mais aterrorizante.
Isis balançou a cabeça e disse:
“Com toda a certeza, isso é uma invenção. Afinal de contas, ele é
um andarilho.”
“Ela o ama, e não pode deixá-lo assim.” sentenciou Regina.
Um punhado de mulheres concordaram com ela, mas Maeve
pediu silêncio.
“Ninguém encontrará Caleb, porque ele nem sequer está por
aqui” declarou. “Tenho certeza de que o andarilho contou uma mentira;
mentem constantemente.”
E aparentando uma intensa preocupação, me disse: “Além disso,
não podemos permitir que você voltasse ao caos, pois o rei irá atrás de
você.”.
Detectei as intenções que se escondiam em suas frases. Parecia
estar dizendo: “Jamais sairá daqui. Não permitirei”. Segurou os meu
braço e me conduziu para fora, seguida por Isis, que carregou Delia.
Várias mulheres ajudaram Missy a sentar-se, mostrando preocupação
com o galo que estava se formando em sua cabeça.
A noite era fria e húmida. Escapei dos dedos de Maeve.
“Tem razão” reconheci humildemente, com toda a certeza é uma
mentira que queriam que eu acreditasse.
Sua expressão se suavizou e, esticando o braço, deu-me um
apertão carinhoso no ombro. Lilac não se afastava.
“Esse tipo de comentários chegam constantemente, mas é
melhor fazer-se de surda.”
“Não pensarei nisso. Eu prometo.” Confirmei.
Á medida que caminhávamos de volta para casa, diminui o meu
ritmo, para que Maeve, Lilac, Delia e Isis, avançassem. Arden correu
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
atrás de mim; ambas sorrimos na escuridão. Ela apontou com a cabeça
para a ponte, e a ideia fixou-se em nós. A pergunta que tanto nos
angustiava, finalmente teve resposta: já sabíamos o que fazer.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
07
“Um pouco mais” propôs Arden ofegante, agachou-se atrás de
um carro queimado, enquanto chamava Heddy até ela. Segurando a
coleira para que não se movesse. “Estamos quase chegando”.
Olhei cuidadosamente com os binóculos, e descobri a luz da
lanterna, minúscula e quase imperceptível que brilhava no alto do
morro de pedra. Isis estava em frente a entrada de Califia, como um
ponto negro que movia através da paisagem cinza.
“Não sei se ainda está usando os binóculos” comentei.
Essa noite, bem depois que Maeve e Lilac, foram dormir, Arden e
eu entramos na despensa, pegamos com muito cuidado os alimentos
necessários e guardamos nas duas mochilas. Depois atravessamos a
ponte, e escolhemos carros e caminhões, ziguezagueando entre os
veículos, para que não nos encontrassem. Praticamente, chegamos ao
outro lado da ponte, e apenas poucos metros nos separavam do curto
túnel que levava à cidade.
“E se por acaso, corrêssemos” propus.
Minhas pernas estavam bambas, e tive a sensação de que
minhas pernas não se sustentavam.
Arden acariciou as negras e sedosas orelhas de Heddy, e
perguntou:
“Garota está pronta? Tem que correr a toda velocidade. Pode
fazer isso?”
Como se houvesse compreendido, a cachorra olhou para ela com
seus grandes olhos de cor âmbar.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Então minha amiga me deu um sinal, para que eu tomasse a
frente.
Saltei de nosso esconderijo, e corri o mais rápido que pude, sem
olhar para Califia, a lanterna ou a silhueta de Isis que continuava
passando diante do morro de pedra. Arden seguia-me a pouca
distância, saltando por pneus fincados no chão, ossos carbonizados e
motos derrubadas. A mochila estava pensava, e as latas de frutas e
carnes chocavam-se, enquanto eu e ela corríamos como flechas, com a
cachorra pisando em nossos calcanhares. Agarrando os binóculos,
mantive a velocidade sem deixar de correr em direção à boca negra do
túnel.
Não reparei no carrinho de mão desengonçado ao lado de um
caminhão e, ao passar por ele, tropecei. Cai no chão, junto com a
mochila, e gritei quando bati os joelhos no asfalto.
Sem parar, Arden olhou para trás e olhou para as montanhas.
“Vamos! Vamos!” apressando-me, saltou por cima dos últimos
escombros e levantou a tampa da entrada do túnel.
Ela e Heddy ficaram me olhando; a voz de minha amiga ecoou
na escuridão.
Sentei-me e peguei o binóculo que, quando caí, tinha ficado
embaixo de meu corpo. Algo pingava na mochila: uma substância
avermelhada e grossa deslizava pelas minhas pernas, quando comecei a
andar, mancando, na tentativa de sair do campo visual de Isis. Ao
chegar ao fim do túnel, deixei-me cair pela parede.
“Será que nos viram?” Perguntou Arden, segurando a cachorra
para impedir que lambesse o meu rosto. “Onde está o binóculo”?
“Aqui está.” Mostrei a ela. Como a peça central tinha rachado os
dois canos estavam presos apenas por uma parte fina de plástico.
Aproximei-os aos meus olhos e rastreei as colinas para encontrar Isis,
mas não vi nada. “Está tudo escuro” percebi com raiva, e dei um
pequeno golpe com a intenção de consertá-los.
Com certeza, Isis já havia corrido metade do caminho de terra,
indo diretamente para as casas, para acordar Maeve. Ela não iria
demorar a atravessar a ponte e veria nos buscar. “Anda, agora!”, disse a
mim mesma, e sacudi o safado instrumento para que funcionasse.
Voltei a usá-lo, mas não consegui enxergar nada: nem ela, nem
Quinn e nem a Mae. Diante de mim, ficou uma escuridão infinita, e
meus olhos irritados e assustados, se refletiram no cristal.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Rebuscadas e pitorescas talhas recobriam as fachadas estreitas
das casas de San Francisco, as quais as pinturas estão caindo aos
pedaços. Ao pé de cada colina acumulavam-se carros carbonizados, e
como em todas as partes havia restos de cristal, a calçada brilhava.
“Temos que apertar o passo” aconselhou Arden. Ela e Heddy,
que estava vários metros à minha frente, desviavam do lixo da calçada,
garrafas de plástico amassadas e embalagens de papel de alumínio que
chegavam altura dos tornozelos de minha amiga. A lua estava prestes a
desaparecer, e a gigantesca cúpula do céu estava perdendo rapidamente
a luz. Temos que chegar antes do amanhecer.
“Já vou, já vou” respondi observando a loja que estava atrás de
mim: um carro havia atravessado a vitrine e quebrado o vidro.
Trepadeiras e heras penduravam sobre a abertura. No interior do local,
atrás de tantas prateleiras caída, algo se mexeu.
Voltei os olhos para a penumbra e tentei descobrir o que era
aquela sombra, e nesse momento, pulou em mim.
Heddy latiu quando o veado saiu da loja. O animal desapareceu
rua abaixo. Fazia quatro horas, talvez mais, que estávamos pulando
obstáculos pela cidade. Quase havíamos chegado à rota oitenta e a
ponte que nos levaria até Caleb. Não demoramos a enxergar a rampa
coberta de musgos. Estava em alerta, caso Maeve ou Quinn aparecesse,
ou se um andarilho chegasse de repente e nos obrigasse a entregar os
mantimentos. Mas não aconteceu nenhum incidente. Voltaria a me
encontrar com Caleb. A cada passo que eu dava, a minha certeza só ia
aumentando e parecia mais real. A partir de agora, ele, eu , Arden e
Heddy formaríamos uma pequena tribo e nos esconderíamos do caos.
Subimos a rampa da rota oitenta e caminhamos entre os carros
que estavam definitivamente inutilizáveis para circular. Andei mais
rápido quando passamos por um velho canteiro de obras que Caleb e eu
tínhamos visto, no dia de nossa chegada.
“É esse!” Gritei ao ver que a estrada trançava uma curva
crescente que rodeava o oceano.
O imenso edifício estava um pouco mais a frente; o gesso azul
estava aos pedaços. A palavra IK estava escrita com letras amarelas, e
só se percebia uma ligeira sombra onde antes estava colada a letra E.
Nada mais me separava de Caleb além de um estacionamento
vazio e uma parede de cimento. Comecei a correr, sem me importar com
a dor que sentia no joelho, resultado da queda, eu ouvi Arden gritando.
“Não deverias entrar sozinha”.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Havia imaginado esse momento por infinitas vezes. Nas
semanas seguintes a minha chegada a Califia, costumava a dizer a mim
mesma, que eu e Caleb, estávamos debaixo do mesmo céu. Onde quer
que ele estivesse e fazendo o que fizesse (caçando, dormindo ou
preparando a comida em uma fogueira) sempre iriamos compartilhar
alguma coisa. Ás vezes, escolhia um edifício e o imagina lá dentro, lendo
um livro com manchas de humidade, enquanto descansava e esperava
que a perna se curasse. Tinha certeza que voltaríamos a nos
reencontrar... Mas não sabia como e quando.
Quando cheguei a entrada, percebi que as janelas estavam
trancadas e os puxadores de metal cercado por uma corrente grossa.
Como haviam quebrado a pontapés um par de vidros inferiores,
andava de quatro, tomando o cuidado para não me cortar com
estilhaços de vidro. No interior da grande loja estava escuro e silencioso.
A luz da manhã que entrava pelas portas produzia um ligeiro brilho no
chão de cimento. Tirei a lanterna da mochila, a acendi e entrei no
interior da loja. Mudei o feixe de luz ao redor da sala, parei em uma
gaveta cheia de travesseiros mofados e logo encontrei uma armação de
uma cama, uma cômoda, uma lâmpada e uns livros sobre os móveis
como se fosse a moradia de alguém.
Em um canto havia uma cozinha montada, equipada com
geladeira e fogão, e no final do corredor tinha uma sala com um sofá
azul bem comprido. Eujá tinha andado por todo o interior, largo e
estreito, de outras lojas deste estilo, mas este parecia um enorme
labirinto, em que cada compartimento levava a um novo.
Ouvi um ruido e recuei em um salto; quando iluminei o chão, vi
um rato que fugia a toda velocidade. Algumas cadeiras da sala de jantar
estavam caidas. Não quis correr o risco de gritar na escuridão, então me
segurei e caminhei tão silenciosamente, como me foi possível, por cima
de todo o lixo e cristais quebrados.
Andei pelas salas, iluminando com a lanterna os cantos, para
certificar-me de que nada me escapou, passei perto das camas, mesas e
cadeiras; meus olhos foram se adaptando lentamente à escuridão.
Quando parei diante de um chuveiro de mentira, ouvi uma leve tosse;
vinha à direita a várias salas de distância.
“Aqui” murmurou uma voz fraca “Eve? Estou aqui”.
Estava tão emocionada que tampei a boca, incapaz de
responder. Ao contrário, atravessei os quartos, e senti que meu coração
palpitava de alegria. Caleb estava vivo. Estava aqui. Eu consegui
encontrá-lo. Á medida que me aproximava, vi três velas no chão. Sobre
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
uma cama, perfilava uma figura masculina. Aproximei-me. Mas, ao
chegar ao dormitório, vi que não estava sozinho: havia três pessoas. O
segundo homem, espectralmente pálido, estava sentado em uma
poltrona, no canto do quarto; o terceiro, em pé do outro lado da porta,
cortou o passo. Ele tinha a cara cheia de cicatrizes; estava com as
calças sujas de terra e com as mesmas botas da descrição de Missy. Os
outros dois usavam uniformes e usavam o emblema da Nova América
na manga da camisa.
“Oi, Eve!” Saudou o que estava encostado. Estávamos esperando
por você.
Sentou-se lentamente e, mantendo a cara na sombra, me
examinou. Arrepiou o meu cabelo fino da nuca. Eu o conhecia, conhecia
esse homem.
Seus olhos, de negros e espessos cílios, me olhavam com
atenção. Era jovem, e não devia ter mais do que dezessete anos, mas a
sua aparência era de mais velho, do que aquele dia em que
encontramos com ele no pé da montanha. Refiro-me ao dia em que
atirei em dois soldados e os matei. Este era o terceiro homem que deixei
em liberdade, depois de suturar a perna de Caleb. Quer dizer que,
curiosamente, eu o havia libertado para encontra-lo em um lugar tão
estranho.
O soldado com a cara cheia de cicatrizes cruzou os braços à
altura dos peitos e me disse:
“Não sabia quanto tempo levaria para que você recebesse a
mensagem.” E falou aos seus companheiros: “Os rumores estão voando
entre os andarilhos, não é?”
Pensei imediatamente em Arden. Provavelmente ela e Heddy,
estavam na porta de entrada, prestes a entrar no edifício, pois se não
fosse minha estúpida insistência, teriam me seguido. Anteriormente, já
havia conduzido Arden às faces do perigo, e não permitia que isso
voltasse a acontecer.
Tinha que lançar a voz de alarme.
O soldado jovem fez um sinal a seus companheiros, que
avançaram sobre mim. A lanterna era pesada, e não pensei duas vezes:
quando o sujeito pálido ficou ao meu lado, dei um giro e lhe mirei um
golpe no pômulo. Ele tropeçou, bateu no que tinha ao lado e tive tempo
o suficiente para escapar. Comecei a correr pelo labirinto e saltei por
cima de cadeiras, mesas e lâmpadas quebradas. Notei que encurtavam
distância, e quando cheguei a entrada, eles estavam se aproximando.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Arden estava prestes a atravessar pelos vidros quebrados,
enquanto Heddy latia, ficando cada vez mais nervosa à medida que nos
aproximávamos. Atrás de mim, os passos soaram, e os latidos
aumentaram progressivamente. Continuei correndo em direção a
entrada, sem olhar para trás quando passei pela porta, e gritei a única
palavra que fui capaz de pronunciar.
“Corre”!
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
08
O vidro feriu o meu braço. Por um momento o mundo parou.
Atravessei a porta até a cintura, e diante de mim surgiu grande parte do
estacionamento vazio e o mato que surgiam nas rachaduras da calçada.
Heddy rosnou. Desesperada Arden me pegou pelas axilas e tentou me
arrastar para fora. Nesse momento uma mão tentou segurar o meu
tornozelo e me arranhou, enquanto um dos soldados me puxava até que
eu consegui entrar novamente na loja.
A cachorra atravessou a abertura e cravou os dentes na perna
do homem.
“Fui atacado”! Gritou o militar aos seus companheiros.
Heddy não parava de rosnar e, emitindo um som rouco e gutural
que repercutia à distância, balançou a cabeça de um lado para o outro,
rasgou a calça do homem e deu uma mordida. Conseguiu jogá-lo ao
chão e, finalmente, ele me soltou. A sua cabeça bateu no chão e fechou
os olhos de dor. Então, ele ordenou!
“Atire”!
Arden voltou a me puxar, e o meu sangue encharcou a sua
camisa, mas ela conseguiu me arrastar até o estacionamento. A
distância até a estrada era por volta de cinquenta metros. Atrás da loja,
havia um pequeno bosque, e as densas árvores nos serviram de refúgio.
Fiquei em pé e corri até as árvores, mas minha amiga, ficou paralisada,
com os olhos fixos na entrada. Heddy continuava lá dentro. Havia
imobilizado o soldado e latia em seu rosto. Quando os outros dois
homens surgiram na escuridão, a cachorra mostrou- lhes os dentes,
como se protegesse uma pressa recém – caçada.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Heddy, vem, vem aqui.” chamou Arden, batendo em sua coxa.
“Vamos, vem”!
Tirando uma arma que levava à cintura, o soldado vestido de
andarilho apontou a arma para a cachorra que, subitamente, deu um
pulo e ficou os dentes no militar jovem, que do chão gritou:
“Atira de uma vez”!
“Temos que ir” assegurei e puxei Arden.
“Vem aqui, Heddy.” Tentou novamente enquanto se afastava da
loja, correndo atrás... “Eu disse que...”.
Soou um disparo. O animal gemeu assustador e cambaleou; um
lado estava sangrando. O soldado ajudou o jovem a ficar em pé, e atirou
no cadeado que mantinha as portas trancadas, até que ele partiu. Os
três indivíduos foram para o estacionamento.
Agarrei a mão de Arden e a levei até ao bosque atrás da loja, mas
ela caminhava bem devagar sem querer se afastar do edifício.
Apesar de ter uma pata traseira totalmente paralisada, Heddy
perseguiu os homens, mancando.
“Arden, temos que ir” insisti, e a forcei a me acompanhar.
Mesmo que os indivíduos nos seguissem, ela apenas se moveu e esticou
o pescoço para ver longo sofrimento do cão. “Venha” implorei. Não
adiantou nada. Em poucos segundos os soldados nos alcançaram.
“Lowell, pegue-a!” Ordenou o jovem, apontando para Arden.
O tal Lowell, o pálido, a segurou pelos cotovelos e prendeu seus
braços nas costas. Minha amiga, o chutou violentamente, mas o outro
soldado segurou suas pernas e amarrou os tornozelos com um bridão
de plástico. Com um decidido puxão, a aprisionou e Arden pararam de
chutar, já que suas pernas ficaram cruzadas e presas.
Enquanto a prendiam, o soldado jovem se aproximou de mim
lentamente. A sua perna estava em carne viva onde a Heddy a tinha
mordido, e a mancha de sangue se estendia pela fina teia verde do seu
uniforme.
“Você vem comigo” afirmou serenamente.
Seu rosto era mais angular do que eu me lembrava, e na ponta
do seu nariz, dava para perceber um inchaço considerável, como se
houvesse quebrado recentemente. Segurou o meu pulso, mas puxei
mão para baixo, como Maeve havia me ensinado semanas anteriores,
após minha chegada a Califia, a liberei por baixo de seu polegar. Depois
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
agachei-me, fiz uma palanca no chão e dei um cotovelada na virilha. O
soldado se encolheu de dor e as lágrimas vieram. O soldado com
cicatrizes foi pego de surpresa, quando lhe dei um magnífico golpe no
pescoço. Ele ficou sem ar, perdeu o equilíbrio e soltou as pernas de
Arden. Lowell a deixou cair ao chão, pulou em mim e deixou-me
esmagada.
“Teve sorte” sussurrou em meu ouvido, baforando o seu ar
ardente e baboso na minha cara. Se fosse outra teria quebrado o seu
pescoço.
Tirou então uma brida de plástico do bolso, colocou em volta dos
meus pulsos, e a apertou com tanta força que saltaram as veias de
minhas mãos.
O jovem soldado levantou-se e apontou para o de cicatrizes, que
foi buscar alguma coisa na floresta.
Ele se afastou tropeçando, segurando ainda o pescoço com as
mãos. Virei-me para Arden, que parecia um ovo no chão, chorando e
sussurrando para Heddy:
“Tranquila, pequena, tranquila. Estou aqui, pequena, aqui.
Aqui.” Os gemidos da cachorra, foram aumentando, quando ela tentou
se aproximar, rastejando. O sangue jorrava da ferida da pata traseira.
De repente, fomos inundados por um conhecido som de raspagem de
um todo terreno.
O homem das cicatrizes transladou o veículo do arvoredo para o
estacionamento vazio, e os outros dois nos carregaram, uma depois da
outra, na parte traseira.
“Pare com isso!” Gritou Lowell a Arden, pois o seu choro, estava
ficando insuportável. “Não quero mais ouvir você”.
O motorista dirigiu-se para autoestrada.
“Não podemos deixá-la nesse estado!” A voz de Arden soou
entrecortada pelos soluços. “Você não percebe que ela está sofrendo?”
Soltei minhas ataduras, já que queria abraçar e consolar minha
amiga, a quem as lágrimas molhavam os cabelos e a camisa. Os
homens não se importaram com ela, toda a atenção estava voltada para
a rampa que conduzia a rota oitenta. Arden se jogou de costas e gritou:
“Vocês não podem fazer isso, não a abandonem assim. Sacrifique-a, por
favor, eu suplico” repetiu até ficar sem ar. Esgotada, apoiou a cabeça no
assento, e gritou: “Qual é o problema? Acaba de uma vez por todas com
esse sofrimento.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
O jovem soldado tocou o braço do condutor e fez sinais para que
freasse. Os latidos de dor de Heddy eram impressionantes; o pobre
animal lambia a ferida, como se tentasse deter a hemorragia. O soldado
saiu e, atravessando o estacionamento, se aproximou da cachorra. Sem
hesitar, ele simplesmente levantou a arma. Eu me virei. Soou o tiro,
Arden contraiu o rosto e notei que tudo estava imóvel e em silêncio.
Enquanto nos afastávamos, ela escondeu o rosto no meu
pescoço, estremecendo por causa dos soluços abafados.
“Calma, Arden.” sussurrei em seu ouvido, descansando minha
cabeça sobre a sua.
Seus choros tornaram-se inconsoláveis à medida que o veículo
estava viajando para o leste, em direção ao sol nascente.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
09
Cinco horas depois, o trator parou perto de uma muralha de uns
nove metros de altura, pela qual se espalhavam trepadeiras por toda a
fachada de pedra. Eu suava e sentia a pele queimada pelo sol, assim
como as mãos e os pés insensíveis por estarem amarradas. Acordada e
em alerta, fechei os olhos para protegê-los da claridade. Depois de
meses em fuga e de tantos erros e escapadas a fio, que para mim toda
era igual, porque de qualquer maneira, acabávamos na cidade de Areia.
“Arden... Arden, acorda” murmurei, dando um suave empurrão.
Ela estava dormindo por várias horas, quando seus gritos deram
lugar ao esgotamento. Seus olhos estavam tão inchados que
praticamente eles se fecharam sozinhos.
“Stark cambio” disse o soldado jovem falando pelo
radiocomunicador no banco da frente. ”Nove, cinco, dois, um, oito, zero.
Já é nossa.”
Achei constrangedor sua atitude arrogante, agora que me tinha
sentada e presa, na parte de trás do veículo. Durante as cinco horas de
viagem, não havia se mexido no banco, falando sem parar com o
motorista e respondendo à radio cada vez que ele apitava. Como se
pedissem a ele autorização, os outros o consultavam antes de fazer
qualquer coisa. Após uma hora de viagem, Arden e eu afrouxamos as
presilhas de plástico e tentamos saltar do veículo em movimento, mas o
soldado que ocupava o banco traseiro nos viu, e amarrou os nossos
pulsos na estrutura metálica do carro.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Nesse momento houve várias interferências.
“Estamos prestes a abrir a porta. Já pode entrar” disse uma voz
através do radiocomunicador.
Arranquei a corda que passava pela presilha e prendia os meus
pulsos.
“É menor do que eu esperava” murmurou Arden, olhando para a
muralha. A camisa era tão grande que ficava descoberto à larga cicatriz
do tronco. “Falam tanto de sua grandeza... Não são mais do que um
bando de bandidos.”
Nos doze anos que passei no colégio, as professoras sempre
tiveram o cuidado de ressaltar (também faziam pelos discursos que
eram transmitiam pela rádio do salão principal), que a Cidade de Areia
era um lugar extraordinário, o coração da Nova América, a cidade que o
monarca havia restaurado em pleno deserto. Pip e eu havíamos falado
sobre o nosso futuro, atrás desses muros, dos enormes e luxuosos
apartamentos que davam a elegantes fontes, do trem que circulava
pelas guias situadas na rua, assim como as lojas repletas de roupas e
joias restauradas.
Sonhávamos com as montanhas russas, os parques de diversão,
os zoológicos e os Palácios, repleto de restaurantes e lojas. Mas o que
estávamos vendo não tinha nada a ver com a imponente metrópole
imaginado. A parede era ligeiramente mais alto do que da escola, e atrás
dela não havia torres reluzentes. O portão de ferro rangeu, deslocou-se
e abriu lentamente. Lowell, o soldado pálido, desceu, rodeou o todo
terreno e cortou a corda com quem a Arden estava presa ao veículo.
Stark fez o mesmo comigo, enquanto o portão era totalmente
aberto, surgia um edifício de tijolo, não muito alto. Segurou-me pelos
braços e me colocaram no banco de trás do veiculo.
“Não, não.” murmurou Arden, quando percebemos quem eles
eram. Deixou-se cair ao chão como um peso morto. “Não quero voltar.
Lowell tentou levanta-la e ele puxou-lhe o braço.”
Em ambos os lados da cerca encontravam-se Joby e Cleo, as
guardiãs que durante muitíssimos anos um elemento inabalável da
escola; apontavam as metralhadoras para a floresta que nos rodeava.
Na parte traseira, o edifício parecia menor do que eu recordava. Ao lado
de uma fileira de janelas baixas e com grades, cuja parte superior
curvava-se para dentro para impedir fugas. Várias meninas, usando
vestidos de papel azul exatamente igual, estavam para fora e ocupavam
duas mesas de pedra bem largas.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
O veículo voltou a andar, atirei-me sobre Lowell e dei uma
cotovelada nas costas, mas não serviu de nada porque tinha as mãos
presas nas costas. O soldado recuperou rapidamente o equilíbrio, e
colocou Arden para dentro. Cleo prendeu as suas pernas para impedir
que desses pontapés.
“Não pode fazer isso!” Gritei.
Stark segurou-me fortemente o braço enquanto me levava
novamente para o carro.
“Este é o lugar o qual você pertence” falou com frieza.
Apesar de estar com mãos e pés amarrados, Arden lutava. Lowell
tampou a sua boca quando entraram em uma área cercada. O soldado e
Cleo a entregaram ás duas guardiãs que estavam perto da porta, como
se fosse um saco de arroz.
“Só lhe peço um minuto” supliquei e cravei os calcanhares no
chão, negando dar um passo a mais. Stark não soltava o meu braço.
“Não me permite? Você me trouxe, já fez o seu trabalho. Eu irei para a
Cidade de Areia. Só lhe peço um minuto, um único minuto, para me
despedir dela.”
Ele verificou as altas cercas, situadas nos dois lados do caminho
de terra, e o edifício que alçava mais adiante, cuja fachada de pedra
rondava os nove metros de altura. O motorista tinha colocado o veículo
de costas, de modo que bloqueava o portão. Eu não tinha a menor
chance de escapar.
Finalmente me soltou.
“Você tem um minuto” apontou “você mesma.”
Caminhei pela estrada de terra, sentindo arder a área do meu
braço que ele havia apertado. Do edifício saiu uma mulher que protegia
a boca com uma máscara; arrastou uma cama metálica com rodas até a
entrada, e Cleo amarrou Arden nela, trocando as presilhas de plásticos
por tiras de couro, mais grossas e resistentes. Ao me ver pela cerca,
relaxou.
“Não permitirei que façam isso a você” afirmei “não permitirei”.
Ela ia me responder, quando Job a levou para dentro do edifício,
e as portas se fecharam atrás deles. Minha amiga já não estava mais
ali.
“E quanto a você?” perguntou uma voz conhecida.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Fiquei imóvel, porque sabia de quem se tratava, antes mesmo de
me virar. Estava a dois metros de mim, agarrada a tela metálica. Fui até
lá, observando os cabelos negros, umedecidos de suor, os hematomas
em torno de seus pulsos e tornozelos, e o incomodo vestido de papel que
chegava até aos joelhos.
“Ruby...” sussurrei. Não parecia estar grávida..., pelo menos
naquele momento. “Como você está?”
Na noite de minha partida, eu tinha parado na porta do meu
quarto, escutando a respiração de minhas amigas, e me perguntando
quando seria possível retornar. Cada vez que Maeve me ensinava uma
nova técnica, fosse usar um garfo, usar uma flecha ou subir por uma
corda, imaginava que voltaria ao colégio acompanhada pelas mulheres
de Califia, e que Quinn ou Isis, estaria ao meu lado quando
invadíssemos o quarto escuro ás escuras e acordássemos as meninas.
Em nenhum momento, passou pela minha cabeça, que as coisas
acontecessem de modo diferente. Ruby tinha os olhos semifechados.
Agarrada a cerca, balançou o corpo de um lado para o outro, afrouxado.
“Como você está? O que fizeram com você?” Perguntei enquanto
examinava o pequeno jardim, onde encontrei várias meninas da minha
turma e algumas alunas do curso superior, sentadas ás mesas de
pedra. Maxine, uma menina de nariz chato que falava sem parar
naqueles tempos, estava com a cabeça abaixada. “O que você tem,
Ruby?”
“Saia daqui” ordenou uma guardiã do interior do edifício. Era
uma mulher baixa e acatarrada, com bochechas esburacadas. “Para
trás!”
Apontou-me uma arma, mas eu não me importei e pressionei o
meu rosto contra a cerca com tanta vontade, que o meu nariz estava
quase tocando Ruby.
“Onde está Pip?” sussurrei. Mas ela olhava somente para as
minhas botas gastas e cinzas. “Ruby..., responde” insisti pedindo a sua
resposta.
A guardiã se aproximou, e Stark saiu do Jeep. Não nos restava
muito tempo.
Ruby olhou para o céu, e o sol iluminou os seus olhos
castanhos, destacando os pontinhos marrons e dourados escondidos e
m suas profundezas. “Diga alguma coisa” pensei enquanto Stark se
aproximava, levando Lowell a tiracolo. “Imploro que me diga alguma
coisa”.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Eve, afasta-se da cerca! Já chega” gritou Stark, e ordenou a
guardiã “Baixe a arma!”
“Por favor” insisti a Ruby.
Seus lábios se separaram como se fosse dizer alguma coisa,
encostou a testa na cerca e perguntou?
“Para onde foram os pássaros?”
Stark agarrou o meu cotovelo, e voltou a fazer sinais para a
guardiã para que baixasse a arma.
“Bom, acabou. Entra no carro” sussurrou, e apertou os dedos
com mais força em meu braço.
Não perdi Ruby de vista, enquanto me colocavam na parte
traseira do Jeep e voltaram a me prender.
Minha companheira de colégio continuava apoiada na cerca,
movendo a boca, como se nem tivesse notado, que eu não estava mais
ali.
Lowell colocou o carro em movimento, e os pneus cantaram em
contato com a terra dura. O portão se abriu, e então experimentei essa
sensação de solidão tão conhecida, essa insondável sensação de vazio,
por não ter ninguém ao meu lado. O lugar que havia tirado de mim, Pip
e Ruby, também tinha levado Arden de mim. Depois que o portão foi
fechado, contemplei como a parede de pedra, desaparecia atrás das
árvores, e tive a consciência de grande parte de minha vida, vivi presa
no interior daquele prédio.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
10
O sol se pôs atrás das montanhas e as florestas deram lugar a
amplas extensões de areia. Ainda estava preso ás entradas do Jeep,
sentindo o corpo duro e dolorido, após as horas passas em seu interior.
Fomos forçados a nos mover pela terra deserta e cheio de buracos ao
lado da estrada para evitar os numerosos carros carbonizados
amontoados na rodovia. O veículo passou por baixo de gigantescos
outdoors, cujos papéis estavam rasgados e sua imagem tinha perdido a
cor por causa do sol. Em alguns deles estavam escritos Palm. Centro
Turístico. Infinitas Tentações; em outro exibia uma garrafa de um
líquido amarelado, e o vidro estava salpicado de gotas, como se fossem
de suor. A palavra BUDWEISER era a única legível.
Dirigimo-nos rapidamente até os muros da cidade. Tal como
havia nos contato no Colégio, no meio do deserto, elevavam-se umas
torres monumentais. Pensei em Arden e Pip, amarradas às camas de
metal, e em Ruby com o seu olhar perdido. A pergunta que havia me
feito continuava ressonando em minha cabeça “E quanto a você”? O
sentimento de culpa voltou a perturbar novamente, e me disse que eu
não havia feito o suficiente. Mas aquela noite tinha ido convencida de
que teria a oportunidade de regressar. Precisa de mais tempo. Nesse
momento, algemada e prestes a entrar na Cidade de Areia, não podia
fazer nada por elas.
Quando nos aproximamos das muralhas de quase quinze metros
de altura, Stark tirou do bolso uma placa circular e a mostrou as
guardiãs. Depois de uma pausa interminável, uma porta se abriu na
lateral da muralha, grande o suficiente para que o Jeep passasse.
Entramos e ficamos parados em uma barreira. Com as armas
desembainhadas, vários soldados cercaram o veículo.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Digam os seus nomes” alguém gritou da escuridão.
Stark mostrou a ele a placa e pronunciou o seu nome e o seu
número; os demais ocupantes fizeram o mesmo. Um soldado, com a
pele queimada pelo sol, estudou a placa, enquanto os outros
companheiros registravam o veículo, iluminavam a parte inferior da
carroceria, examinavam as faces dos viajantes, e observavam o chão
sob os seus pés. O feixe de luz passou pelas minhas mãos, ainda presa
pelas presilhas de plástico.
“É uma prisioneira?” quis saber um dos soldados em desviar a
luz dos meus pulsos. “Tem documentos”?
“Não há necessidade” respondeu Stark “É ela.”
O soldado, de olhinhos redondos e brilhantes, me examinou e
finalmente disse arrogante.
“Nesse caso, bem-vinda.”
Fez um sinal para que seus companheiros se afastassem, e a
cerca metálica se levantou; Stark pisou no acelerador e nos dirigimos
velozmente em direção a brilhante cidade.
Passamos em frente à edifícios cujos interiores estavam
iluminados em tons azul, verde e branco reluzentes, como haviam
descrito nossas professoras. Lembro-me de estar sentada no refeitório
da escola escutando pela rádio o discurso do rei sobre a restauração.
Haviam transformado alguns hotéis de luxo em blocos de apartamentos
e escritórios, e fornecido água, conduzindo-a desde um lago
denominado lago Mead. Os últimos andares de cada edifício estavam
muito iluminados, e as piscinas eram de um precioso azul cristalino,
gerado pela eletricidade produzida pela represa de Hoover.
O Jeep circulou rapidamente por um extenso canteiro de obras
nos arredores da cidade
Em alguns pontos os montes de areia chegavam aos três metros
de altura. Por todos os lados, os soldados percorriam a parte superior
das muralhas, apontando as armas para a escuridão. Passamos por
casas em ruínas, pilhas de entulho e um impressionante curral repleto
de animais de granja. O cheiro de excremento impregnou as fossas
nasais. Sobre nós pairavam palmeiras gigantes, de troncos secos e cor
parda.
O terreno clareou quando nos aproximamos ao centro da cidade:
a nossa esquerda avistamos jardins, e, à direita, um solar coberto de
concreto; havia alguns aviões oxidados em frente de um edifício
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
decrépito, no qual um letreiro dizia: MCCARRAN AIRORT. Deixamos
para trás bairros destruídos e carcaças de carros antigos, até que
chegamos a uma área de edifícios, cada um mais grandioso que o outro,
de cores diferentes e transbordando luz elétrica.
“Não é incrível?” Opinou o soldado das cicatrizes. Viaja comigo
no banco de trás, e se prontificou a abrir o cantil.
Analisei o edifício que apareceu diante de nós: uma gigantesca
pirâmide dourada. À direita havia uma torre verde, em que na superfície
envidraçada, refletia a lua. “Impressionante” não era a palavra
adequada. Aqueles elegantes construções, não se parecia com nada com
que eu tinha visto até agora. Afinal, eu só conhecia o caos: estradas de
asfalto rachadas, casas com tetos desabados, as paredes do colégio com
um mofo negro... Nesta cidade, as pessoas passeavam por viadutos de
metal, e no final da rua principal, uma torre alcançava as estrelas,
como uma agulha de vermelho brilhante, em oposição com o céu.
Graças a cada brilhante arranha-céus, a cada rua pavimentada e a
cada árvore, a cidade parecia afirmar: “Nós sobrevivemos. O mundo
continuará”.
O Jeep era o único veículo que circulava. Íamos tão rápido que
as pessoas ficavam destorcidas. Devidos aos largos ombros e os
musculosos corpos dos transeuntes, percebi que a maioria era homens.
Alguns cães brancos, muito pequenos, mais ou menos um terço do
tamanho de Heddy, corriam pela rua.
“Quem são?” perguntei.
“Caçadores de ratos” respondeu o soldado das cicatrizes. “O rei
ordenou que os criassem para combater a praga de roedores.”
Não tive para responder por que o veículo virou para a esquerda
e dirigiu-se a uma longa estrada que serpenteava em direção a um
edifício branco e imponente, e em sua frente havia fileiras e fileiras de
veículos do Governo. Uns soldados, com as metralhadoras penduradas
nas costas, estavam postos ao longo de uma fila de árvores estilizados.
Examinei com atenção a ampla construção. A entrada principal estava
rodeado por esculturas: anjos alados, cavalos e mulheres decapitadas.
Depois de viajar muitos quilômetros tínhamos chegado.
Aquele edifício era o Palácio, e o rei estava me esperando ali.
Stark me tirou do Jeep apertando energicamente o meu braço.
Engoli em seco, quando entramos no átrio circular de mármore. Fazia
meses que o rosto do monarca me perseguia, e recordei da fotografia
que sempre haviam nos mostrado no colégio: o cabelo “branco e ralo”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
caído na testa, à pele de sua face caia e seus olhos astutos, sempre
vigilantes, parecia que te seguia fosse aonde fosse.
Vários soldados percorriam o Hall, alguns conversavam, outros
passeavam, para cima e para baixo diante de uma fonte. Stark
conduziu-me através de várias portas douradas até um pequeno
elevador revestido de espelhos, e digitou um código no teclado. As
portas se fecharam e subimos sem parar; senti um vazio no estomago
ao subir os andares a toda velocidade: os cinquenta primeiros e logo
mais cinquenta.
“Vai se arrepender” disse, e tirei a presilha de plástico que
prendia os meus pulsos “Contarei o que você me fez. Direi a ele que os
seus homens me jogaram no chão do estacionamento e ameaçou a me
matar”.
Reparei que o corte do braço tinha escurecido.
“Perfeito” declarou Stark, impassível. “Cumpri as ordens que me
deram. Fui instruído a fazer o que fosse necessário para te trazer à
cidade.” Ele me encarou com os olhos injetados de sangue. Agarrou-me
pelo colarinho e me puxou até ele, que o meu rosto ficou estava a
apenas alguns centímetros do dele. “Os homens que você matou, eram
como irmãos para mim; durante três anos, havíamos trabalhado juntos,
todos os dias. O rei jamais irá castigar você pelos assassinatos, mas eu
me encarregarei de que você nunca se esqueça do que ocorreu naquele
dia.”
As portas se abriram com um sussurro aterrorizante. O soldado
enfiou as unhas em meu braço, enquanto me conduzia a uma sala do
outro lado do corredor acarpetado.
“Espere aqui” ordenou e, tirando uma faca do bolso, cortou a
presilha. Imediatamente senti um formigamento nas mãos depois de
uma súbita circulação sanguínea.
A porta se fechou. Dei um salto para segurar a alça, mas antes
de tentar, me dei conta, que estava trancada. No centro do quarto havia
uma larga mesa de mogno, cercada por várias cadeiras maciças.
A partir de uma grande janela, cuja soleira estava a uns
sessenta centímetros de mim, podia-se ver a cidade. Aproximei-me dela,
encaixei como pude os dedos embaixo da moldura da janela e
pressionei.
“Abra, por favor,” murmurei em voz baixa. “Por favor, abra.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
O modo de conseguir não importava o que eu precisava era sair
desse quarto.
“Está selado” murmurou alguém.
Levantei-me e virei. À porta estava um homem de
aproximadamente sessenta anos, com o cabelo grisalho e a pele muito
fina e seca. Afastei-me da janela e deixei as mãos caírem ao lado do
corpo. O homem usava um terno de cor azulão, uma gravata de seda e o
emblema da Nova América bordado na aba. Ele se aproximou e me
rodeou lentamente, examinando o meu embaraçado cabelo castanho, a
camisa de linho empapada de suor e as marcas no pulso, devido ás
ataduras. A ferida do braço continuava aberta. E o sangue sujou-me
desde o cotovelo a mão. Quando concluiu o escrutínio, parou diante de
mim, estendeu o braço e acariciou a minha bochecha.
“Minha bela menina...” murmurou e passou o polegar na testa.
Dei um tapa em sua mão, dei um passo para trás, e tentei
aumentar o espaço que nos separava.
“Não se aproxime de mim” adverti “não me importa quem você
é.”
Sem deixar de me olhar, deu um passo, depois outro, na
tentativa de se aproximar.
“Eu sei por que você me trouxe aqui” rebati e, rodeando a mesa,
retrocedi até ficar encurralada contra a parede. “Para a sua informação,
eu prefiro morrer a parir um filho seu.”
Levantei o braço para golpeá-lo, mas segurou o meu pulso com
firmeza: estava com os olhos húmidos. Agachou-se até ficar à minha
altura, e quando finalmente falou – cada palavra era lenta e comedida:
“Não está aqui para dar-me um filho.” Deu uma risada estranha. “Você
é minha filha.”
Puxou-me para ele, segurou a minha cabeça com as mãos e
beijou a minha testa.
“Você e minha filha Genevieve.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
11
Ficamos assim por um segundo, a mão dele na parte de
trás da minha cabeça, até que soltou. Eu não podia falar. As palavras
dele correram e corromperam tudo - passado e presente - com suas
implicações terríveis.
Eu me senti tonta. O que minha mãe me disse? O que ela
disse? Era sempre nós duas, desde que eu me lembrava. Não havia
fotos de meu pai na parede acima da escada, não há histórias contadas
sobre ele na hora de dormir. Ele foi embora, isso era tudo que eu
precisava saber, ela disse. E ela me amou o suficiente por ambos.
Ele pegou um pedaço brilhante de papel do bolso interno do
paletó e estendeu-o para mim. Uma fotografia. Peguei-o, estudando a
imagem dele, muitos anos antes, seu rosto ainda não tocado pelo
tempo. Ele parecia feliz, bonito mesmo, com o braço em torno de uma
jovem, a franja escura caindo em seus olhos. Ele estava olhando para
ela, enquanto ela olhava para a câmera, sem sorrir. Seu rosto tinha a
expressão confiante de uma mulher que sabe que ela é linda.
Segurei a foto ao meu peito. Era ela. Lembrei-me de todas as
linhas do rosto da minha mãe, a pequena covinha no queixo, o modo
como seu cabelo negro caía sobre sua testa. Ela estava sempre lutando
por um alfinete para prendê-lo de volta. Eu ainda podia ouvir as
crianças de fora, gritando e rindo, o som dos skates na calçada. Eu
usava meus sapatos com os laços rosa. Ela pegou meu outro barrete
elefante e colocou-o em seu cabelo, logo acima da orelha. Olha, minha
doce menina, ela disse, beijando minha mão, agora somos gêmeas.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Eu a conheci dois anos antes de você nascer,” o Rei começou.
Ele me levou para a mesa, puxando um cadeira para mim. Eu agradeci,
grata quando meu corpo afundou na almofada, minhas pernas ainda
tremendo. "Eu já era o governador na época, e estava fazendo um
evento de angariação de fundos no museu onde ela trabalhava. Era
uma curadora antes de acontecer", disse ele. "Mas eu tenho certeza que
você sabe disso."
“Eu dificilmente sei alguma coisa sobre ela,” eu ponderei,
encarando os olhos dela na foto.
Ele estava atrás de mim, com as mãos descansando no encosto
da cadeira, olhando por cima do meu ombro. "Ela estava me dando um
tour privado nos jardins, ressaltando assim essas plantas que cheirava
a alho e mantinham o cervo de distância." Sentou-se ao meu lado,
passando os dedos pelos cabelos. "E havia algo na maneira como ela
falou que me surpreendeu, como se ela estivesse sempre rindo de
alguma piada só ela entendia. Fiquei duas semanas lá, e depois
mantivemos contato. Que eu iria vê-la sempre que eu não estava em
Sacramento. Mas, eventualmente, a distância foi demais para nós. Nós
perdemos contato.
“Dois antes mais tarde, a praga chegou. Foi gradual no começo.
Houve relatos de notícias da doença na China, em partes da Europa.
Durante muito tempo pensamos que tinha sido contida no exterior.
Médicos americanos foram chegando com uma vacina. Então mudou. O
vírus era mais forte, que matou mais rápido. Ele atingiu os Estados e as
pessoas começaram a morrer aos milhares. A vacina foi levada às
pressas para o mercado, mas só desacelerou o progresso da doença,
tirou o sofrimento por meses. Sua mãe estava tentando me atingir, mas
eu não tinha idéia. Ela enviou e-mails e cartas, chamou antes dos
telefones saírem. Não foi até que eu estava em quarentena que eu
descobri a correspondência no meu escritório. Toda uma pilha de cartas
foi empilhados na minha mesa, sem abrir.
Lembrei-me desse tempo. As hemorragias tinham piorado. Ela
passou lenço após lenço, tentando manter o nariz seco. Ela finalmente
foi dormir em uma tarde, o quarto escuro, enquanto eu saí. A casa do
outro lado da rua foi marcada com um X vermelho. O gramado foi
desenterrado, a sujeira virou onde haviam enterrado os primeiros
corpos. O silêncio me assustou. Todas as crianças foram embora. A
bicicleta quebrada sentou-se no meio da estrada. O gato do vizinho
estava fora, lambendo no final de uma mangueira, quando me
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
aproximei da porta. Eu entrei, olhando para o casal que eu vi indo e
vindo tantas vezes antes, o homem com o chapéu marrom. Lembrei-me
do cheiro, grosso e sujo, e o pó que tinha acumulado nos cantos. Nós
precisamos de ajuda, eu disse, enquanto dei alguns passos na sala de
estar. Então eu vi os seus restos mortais no sofá. Sua pele era cinza,
com o rosto parcialmente submerso dentro de decadência.
“Você nos deixou”, eu disse, incapaz de esconder a raiva na voz.
“Ela estava sozinha, ele morreu sozinha naquela casa, e você poderia ter
ajudado-a. Eu estava esperando que alguém nos ajudasse.”
Ele cobriu minha mão com a sua, mas eu me afastei. "Eu teria,
Genevieve..."
“Esse não é meu nome,” eu estalei. Agarrei a imagem para o meu
peito. "Você não pode simplesmente me chamar assim."
Ele se levantou e caminhou até a janela, de costas para mim. Lá
fora, a terra além do muro era negro, não uma luz visível por
quilômetros. "Eu nem sabia que você existia até ler suas cartas." Ele
suspirou. "Como você pode estar com raiva de mim por isso? Eles
tinham que colocar soldados na minha porta para impedir que as
pessoas me atacassem. Fui um dos poucos oficiais do governo em
Sacramento que sobreviveram. As pessoas estavam convencidas que eu
tinha alguma cura mágica, que eu poderia salvar suas famílias. Assim
que o surto terminou, logo que eu tinha os recursos, enviei soldados.
Eu estava criando uma nova e temporária capital e tentando juntar os
sobreviventes. Mandei-os para sua casa para encontrá-la. Você já tinha
ido."
“Ela estava lá?” Eu perguntei, minhas mãos dobrando a foto.
Lembrei-a de pé na soleira da porta, soprando-me um beijo. Ela parecia
tão frágil, seus ossos sobressaindo sob a pele. Ainda assim, isso não me
impede de imaginar que as coisas não poderia ter sido diferente. Que
talvez - contra toda a lógica - ela poderia ter sobrevivido.
“Eles encontraram os restos dela.” Ele disse. Ele se virou e veio
em minha direção. "Foi quando eu comecei a procurar por você, nos
orfanatos, num primeiro momento, e depois, quando as escolas foram
montadas, eu olhei para as listas lá, mas não havia nenhuma menina
chamada Genevieve em qualquer um deles – você já devia ter começado
a usar Eva. Foi só quando eles mandaram as fotos de formatura e eu a
vi que eu soube que você estava viva. Você parece tanto com ela."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Eu supostamente tenho que acreditar em tudo isso baseado
nessa foto?” Eu segurei.
“Há provas.” Ele disse calmamente.
“Como eu supostamente devo confiar em qualquer coisa que
você diga? Meus amigos ainda estão nessas Escolas. Todos eles estão lá
por sua causa.”
Ele caminhou ao redor da mesa, deixando escapar um suspiro
profundo. "Eu não espero que você entenda isso ainda. Você não
poderia."
Deixei escapar uma pequena risada. "O que é para entender?
Não parece ser nada complicado sobre o que você está fazendo. Eles
estão todos lá, contra a sua vontade, por causa de você. Você é o único
que começou nos campos de trabalho e as Escolas". Eu balancei minha
cabeça, tentando não perceber a forma como os nossos narizes tanto
inclinaram para a esquerda, ou como nós compartilhamos os mesmos
olhos de pálpebras pesadas. Eu odiava o cabelo ralo, a sutil fenda em
seu queixo, os vincos profundos nos cantos da boca. Eu não podia
acreditar que estava relacionada a esse homem - que nós
compartilhamos história ou sangue.
Sua pele brilhava com o suor. Ele cobriu seu rosto, mas eu
assistia-o, recusando-se a desviar o olhar. Finalmente, ele se virou e
apertou um botão na parede. "Beatrice, por favor, venha agora", disse
ele, em voz baixa. Ele tirou um pedaço de fibra de fora da parte
dianteira de seu paletó. "Você teve um dia de tentativas, para dizer o
mínimo. Você deve estar cansada. Sua empregada vai mostrar seu
quarto."
A porta abriu. Uma pequena mulher de meia idade veio, vestida
em uma blusa vermelha e jaqueta, o elmo da Nova America na lapela.
Seu rosto estava forrado com rugas profundas. Ela sorriu quando me
viu e fez uma reverência, uma "Sua Alteza Real" escapando de seus
lábios.
O rei pôs a mão levemente no meu braço. “Tenha uma boa noite
de descanso. Verei você amanhã.”
Eu comecei a andar para a porta, mas ele agarrou minha mão e
me trouxe para um abraço, me espremendo. Quando ele puxou de volta,
a sua expressão era suave, seus olhos fixos nos meus. Ele queria que
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
eu acreditasse nele, isso estava claro, mas eu me preparei contra ele.
Eu só pensava em tornozelos encadernados da Arden, o corpo dela
escrevendo enquanto ela tentava libertar-se.
Fiquei aliviada quando ele finalmente soltou minha mão. "Por
favor, mostre a Princesa Genevieve sua suíte e ajude-a a sair dessas
roupas."
A mulher olhou para as minhas calças rasgadas, o sangue no
meu braço, os pedaços de folhas secas emaranhadas no meu cabelo.
Ela sorriu docemente enquanto ele desaparecia pelo corredor, tirando
seus sapatos contra o chão de madeira brilhante. Eu fiquei congelada,
meu coração alto no meu peito, até que a sala estava em silêncio, todos
os vestígios de que ele se foi.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
12
"E este é o lugar onde você vai ter o seu chá da tarde", Beatrice
disse, apontando para o átrio enorme. Três paredes eram todas as
janelas e teto de vidro exposto a céu sem estrelas. Tínhamos passado a
sala de jantar formal, a área de estar, as suítes trancadas, e cozinha da
empregada. Tudo tinha ido em um borrão. Ele é o seu pai, eu repetia
para mim mesma, como se eu fosse um estranho entregando a notícia.
O Rei é o seu pai.
Não importava quantas vezes eu remoesse esse pensamento,
isso parecia impossível. Senti o chão de madeira sob os meus pés. Senti
o cheiro do doce de cidra fervendo no fogão no corredor. Eu vi as
paredes brancas estéreis, as portas de madeira polida, ouviu o clack
clack clack de saltos baixos de Beatrice. Mas eu ainda não podia
acreditar que eu estava aqui, no palácio do rei, tão longe da escola,
Califa, e da selvageria. Assim, longe de Arden, Pip e Caleb.
Beatrice deu dois passos à frente de mim, me contando sobre a
piscina interior, despejando a contagem da linha das folhas. Ela passou
sobre as carnes frescas e vegetais que foram entregues ao Palácio
diariamente, chef pessoal do Rei, e algo chamado de ar condicionado.
Eu não ouvi. Em todos os lugares que eu olhei, vi uma porta trancada
com um teclado ao lado dela.
“Todas as portas precisam de um código para abrir?” Eu
perguntei.
Beatrice olhou para mim por cima do ombro. “Apenas algumas.
Sua segurança é obviamente muito importante, então o rei pediu que eu
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
não compartilhasse o código. Você pode me chamar pelo interfone se
precisar de algo, e eu levá-la onde quer que você precise ir.”
“Certo,” eu murmurei. “Minha segurança.”
“Você deveria estar aliviada por estar aqui,” Beatrice continuou.
"Eu queria dizer o quão eu sinto porbtudo que você passou." Vi quando
ela deu um soco no código para a suite, tentando pegar tantos números
quanto pude. Ela abriu a porta, expondo uma grande cama, lustre, e
um carrinho de servir com uma bandeja de prata coberta. O leve cheiro
de frango assado encheu a sala. "Eu ouvi o que aconteceu na selva -
como Stray levou você, como ele matou os soldados na sua frente."
“Stray?” Eu perguntei. A fotografia da minha mãe tremeu nas
minhas mãos.
“O garoto,” ela disse, baixando a voz quando ela me levou para o
banheiro. "O rapaz que seqüestrou você. Acho que ainda não é público,
mas os trabalhadores do palácio já ouviram. Você deve ser muito grata
ao sargento Stark por trazer você de volta aqui, no interior das
muralhas. Todo mundo está falando sobre sua próxima promoção."
Meu estômago estava oco. As palavras de Stark no elevador
voltaram, sua promessa de que ele nunca me deixará esquecer o que
aconteceu naquele dia. Ele deve ter sabido que eu sentia por Caleb. Ele
tinha visto quão preocupada eu estava no passeio no Jeep, podia ouvir
o pânico na minha voz quando eu implorei para costurar a perna de
Caleb. Tudo tornou-se doentiamente claro: como a filha do rei, eu
nunca poderia ser executada na cidade. Mas Caleb poderia.
“Você está errada. Caleb não matou ninguém. Eu não teria
sobrevivido se não fosse por ele.” Eu tentei olhá-la nos olhos, mas ela
virou-se. Ela estava na frente da pia e torceu a torneira, esperando até
que a água estivesse quente e vaporosa.
“Mas isso é o que todo mundo está dizendo,” ela repetiu. “Eles
estavam procurando por um garoto na selva. Há um mandado de prisão
para ele.”
“Você não entende,” eu meneei. “Todos eles estão mentindo.
Você não sabe o que o rei faz fora daqui. Ele é um demônio...”
Os olhos de Beatrice se arregalaram. Quando ela finalmente
falou, sua voz era tão baixa que eu mal podia ouvi-la sobre a água
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
corrente. "Você não quis dizer isso", ela sussurrou. "Você não pode dizer
essas coisas sobre o rei."
Eu apontei para a janela, a terra se estendia por centenas de
quilômetros. "Meus melhores amigos são presos agora nessas escolas.
Eles estão sendo usados como fazendas de animais, como eles nunca
imaginaram ou esperavam nada diferente."
Eu deixei a foto cair no chão e coloquei minha cabeça em
minhas mãos. Ouvi Beatrice baralhar ao redor do quarto, abrindo e
fechando gavetas. A torneira ainda estava correndo. Então, ela estava
ao meu lado, puxando a camisa ácida, encharcada de suor do meu
corpo, me ajudando a sair das calças enlameadas. Ela colocou um pano
quente, sabão na parte de trás do meu pescoço e ele correu sobre meus
ombros, trabalhando a sujeira fora da minha pele.
"Talvez você tenha entendido ou ouvido mal", disse ela com
naturalidade. "É uma escolha que as meninas têm nas Escolas - é
sempre uma escolha.”
“Eles não escolheram,” eu disse, sacudindo minha cabeça. “Eles
não escolheram. Nós não escolhemos..” Mordi o lábio inferior. Eu queria
odiá-la, esta mulher tola, que estava me contando sobre a minha escola,
meus amigos, minha vida. Eu queria tomar posse de seu braço e aperto,
até ela ouvir. Ela tinha que ouvir - por que não seria apenas ela a ouvir?
Mas ela colocou a toalha sobre minhas costas, levantando suavemente
as tiras finas de minha parte superior do tanque. Ela limpou a sujeira
das minhas pernas e por entre os meus dedos e esfregou na lama atrás
de meus joelhos. Ela fez isso com tanto cuidado. Depois de tantos
meses em fuga, de dormir nos porões frios de casas abandonadas, a sua
ternura era quase demais para suportar.
“Eles nos caçam,” Eu continuei, deixando meu corpo relaxar um
pouco. "Eles me tropas e Caleb caçados. Eles esfaqueou. E meu amigo
Arden foi arrastado de volta para aquela escola. Ela estava gritando."
Fiz uma pausa, esperando por ela para discutir, mas ela estava
ajoelhada ao meu lado, o pano que paira sobre o corte no meu braço.
Ela virou-se sobre minhas mãos, olhando para a linha azul-
vermelho em volta do meu pulso, onde as algemas tinham prendido. O
pano caiu sobre a marca, trabalhando a pele em carne viva, o sangue
agora uma fina crosta roxo. "Nós não deveríamos estar falando sobre as
tropas dessa maneira", disse ela lentamente, menos garantida. "Eu não
posso." Ela olhou para mim, os olhos implorando me parar. Finalmente,
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
ela se virou e pegou uma camisola que ela tinha colocado para fora da
cama.
Peguei o vestido de babados de sua mão e atirei-a sobre a minha
cabeça. Eu queria chorar, deixar meu corpo alçada com soluços, mas
eu estava muito cansada. Não havia nada em mim. "Ele não pode ser
meu pai", eu murmurei, não se importando se ela estava ouvindo. "Ele
só não pode ser." Deitei-me na cama e fechei os olhos.
Beatrice sentou-se ao meu lado, o colchão de molas rangendo
debaixo dela. Ela apertou um pano limpo para o meu rosto, limpando
ao redor do meu couro cabeludo, minhas bochechas, então dobrou-o e
colocou-o suavemente sobre os olhos. O mundo inteiro estava negro.
O dia tinha sido muito. A esperança de ver Caleb, o ataque dos
soldados, Arden e Ruby e o reu com suas declarações - o peso caiu
sobre mim, prendendo-me para baixo. Beatrice estava bem ao meu lado
ainda, os dedos suaves esfregando minhas têmporas, mas ela parecia
tão longe.
“Você não está se sentindo bem,”ela sugeriu. “Sim,” ela repetiu
para ela mesma quando eu adormeci. “Deve ser isso.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
13
O rei saiu para a plataforma de observação e gesticulou para que
eu o seguisse. Minhas pernas estavam vacilante enquanto eu olhava
para o pequeno mundo de uma centena de histórias abaixo. O muro em
volta da cidade em um circuito gigante, que se estendia por quilômetros
brotando no leste. Antigos armazéns espalhavam-se para o oeste. A
terra na borda da parede foi coberta com edifícios caídos, montes de
lixo, e enferrujadas, carros sol-branqueada.
“Suponho que nunca esteve tão alto antes?" O rei perguntou,
olhando para as minhas mãos, que foram enroladas firmemente em
torno do corrimão de metal. “Antes da praga, havia edifícios como este
em todas as grandes cidades, cheias de escritórios, restaurantes,
apartamentos."
"Por que você me trouxe aqui?" Eu perguntei, olhando para os
trilhos curtos na frente de mim, a única coisa que impedia uma queda.
"Qual é o sentido disso?" Eu passei o dia nos andares superiores do
palácio. Meu braço estava costurado e enfaixado. Eu tinha embebido no
banho, entupindo o ralo com a sujeira e pedaços de folhas mortas. O rei
insistiu para que eu acompanhasse a esta imensa torre, durante todo o
tempo a divagar sobre a sua cidade. Minha cidade agora.
Mudou-se facilmente ao redor da plataforma estreita. "Eu queria
que você visse o progresso por você mesma. Esta é a melhor vista de
toda a cidade. A Estratosfera costumava ser o deck de observação mais
alto da América, mas agora podemos usá-lo como principal torre de
vigia do exército. Daqui de cima, um soldado pode ver por milhas.
Tempestades de areia, as quadrilhas. No caso de um ataque surpresa
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
de um outro país ou uma das colônias, teremos abundância de
advertência."
No interior, a torre de vidro estava cheia de soldados. Eles
olharam através dos escopos de metal, a digitalização das ruas abaixo.
Alguns sentaram em mesas, fones de ouvido, ouvindo mensagens de
rádio. Eu vi meu reflexo nas janelas. A pele embaixo dos meus olhos
estava inchada. Eu acordei no meio da noite, tentando decidir o que
fazer com Caleb. Eu sabia que poderia colocá-lo em mais perigo apenas
por mencionar o seu nome. Mas eu também sabia que Stark não iria
parar de procurar por ele. Eu não podia deixá-lo ser punido pelo que eu
tinha feito. "Há algo que você deve saber", eu disse depois de um longo
tempo. "Stark mentiu para você. O rapaz que estava na selva comigo -
ele não era a pessoa que atirou nos soldados."
O rei congelou pela grade de metal. Ele se virou para mim,
olhando contra o sol. "O que você quer dizer?"
“Eu não sei o que Stark contou a você, mas aquele garoto me
ajudou na selva. Ele me salvou. Eu era a pessoa que disparou os
soldados quando eles atacaram." Minha garganta estava apertada. Tudo
o que eu podia ver era o corpo do soldado bater o pavimento, o acúmulo
de sangue abaixo dele.
“Você não pode puni-lo,” eu continuei. “Você tem que parar a
busca. Foi legítima defesa. Eles irão matá-lo.”
O rei virou-se, com a cabeça ligeiramente inclinada para um
lado. "E o que eles fizeram? Quem é ele para você? Caleb, essa pessoa
pra quem você enviou a mensagem para aquela noite."
Dei um passo para trás ao som desse nome, sabendo que eu
tinha revelado demais. "Eu não o conhecia bem." Minha voz estava
trêmula. "Ele agiu como meu guia sobre a montanha."
Ele estreitou os olhos para mim. "Eu não me importo com o que
ele disse a você, Genevieve. Estática pode ser incrivelmente
manipulada. Eles são conhecidos por aproveitar-se de pessoas em
estado selvagem." Ele apontou no horizonte, para onde as montanhas
tocam o céu. "Há todo um círculo deles que trocam as mulheres como
você. Qualquer garota que podem encontrar."
Eu limpei o suor da minha testa, lembrando Fletcher, que o
caminhão, as barras de metal que queimavam minha pele. Havia
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
verdade no que ele disse, mas se não tivesse sido para o Rei, nenhum
de nós teria ido na corrida em primeiro lugar. Não teria sido nada
escapar. "Isso é melhor do que o que você fez? Qual é a alternativa?
Encha a cabeça com mentiras e envie-nos para algum prédio para ter
filhos que nunca veremos crescer, nunca consegue manter ou alimentar
ou amar?"
“Eu fiz escolhas,” ele disse, o rosto de repente corado. Ele olhou
para o prédio, olhando para os soldados estacionados nos escopos de
metal. Em seguida, ele retomou, com a voz muito mais baixa do que
antes. "Você viu apenas uma fração deste mundo, e ainda assim você
julga. Eu quem tomei as decisões difíceis." Ele pressionou o dedo para
seu peito. "Você não entende, Genevieve. Os Strays vivem em estado
selvagem, até mesmo algumas pessoas dentro destas paredes, eles
falam sobre o que eu não fiz. O que eu poderia ter feito, como ouso
escolher este ou aquele para o povo da Nova America. Mas este mundo
não é mais o mesmo. Motins eclodiram por toda parte. O Noroeste foi
ameaçado de inundações. Centenas de hectares no sul do país arderam
em chamas. Aqueles que sobreviveram a peste morreram quando o fogo
atravessou. Eles dizem que eles queriam escolhas - mas não havia
escolhas. Eu fiz o que tinha que fazer para que as pessoas
sobrevivessem.”
Ele me guiou até a borda da plataforma, vento chicoteando
nosso cabelo. "Nós descobrimos que poderíamos usar o Hoover Dam e
Lake Mead na restauração. Tivemos que nos proteger de outros países
recuperados que podem ver-nos como vulneráveis. Tomamos a decisão
de reconstruir aqui, usando o poder da barragem. "Ele apontou para
além da faixa principal. "Um hospital foi restaurado dentro dos dois
primeiros anos. A escola, três edifícios de escritórios e habitação
suficiente para cem mil pessoas. Os hotéis foram transformados em
apartamentos. Os campos de golfe foram transformados em hortas, três
fazendas industriais subiram no ano seguinte. As pessoas já não têm de
se preocupar com ataques de animais ou invasões de gangues. Se
alguém quer atacar a cidade, eles terão a caminhada através do deserto
por dias, em seguida, passar pela parede. E todos os dias, as melhorias
estão sendo feitas. Charles Harris, nosso Chefe de Desenvolvimento, foi
restaurando restaurantes e lojas e museus, trazendo toda a vida de
volta a este país."
Eu me afastei dele. Não importa o quanto bem ele fez ou quantos
edifícios tinham subido do pó. Seus homens eram os mesmos homens
que me caçavam.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Nós fomos capazes de restaurar um poço de petróleo e
refinarias." Ele me seguiu, inclinando-se para olhar para a minha cara.
"Você tem alguma idéia do que isso significa?"
"E quem trabalha nessas refinarias?" Eu atirei de volta,
pensando em Caleb e todos os meninos do abrigo. "Quem fez a
construção nesses hotéis? Você vem usando escravos."
O rei balançou a cabeça. "Eles têm casa e comida em troca de
seu trabalho. Você acha que alguém teria levado as crianças em suas
casas? Pessoas mal podia alimentar as suas próprias famílias. Demos-
lhes um propósito, um lugar na história. Não há progresso sem
sacrifício."
“E por que você decide quem será sacrificado? Ninguém deu
uma opção aos meus amigos.”
Ele se inclinou tão perto que eu podia ver as manchas de azul
dentro de suas íris cinzentas. "A corrida é agora. Quase todos os países
do mundo foram afetados pela praga, e todos eles estão tentando
reconstruir e recuperar o mais rápido possível. Todo mundo está
querendo saber quem vai ser a próxima superpotência. "Ele ficou me
olhando, recusando-se a desviar o olhar. "Eu decido porque o futuro
deste país, o nosso futuro dependem disso."
"Tinha que ter sido de outra forma," eu tentei. "Você forçou
todos,"
"As pessoas não estavam a ter filhos após a praga", disse ele, rindo
baixo escapar de seus lábios. "Eu poderia ter falado sobre o declínio da
população, estatísticas, apelou para a razão, ofereceu o declínio da
população, estatísticas, apelou para a razão, ofereceu
incentivos. Ninguém queria criar um filho neste mundo. As pessoas
estavam apenas tentando sobreviver, tentando cuidar da sua própria.
Sim, isso está mudando agora, pouco a pouco. Os casais estão tendo
filhos novamente. Mas este país não pode dar ao luxo de esperar. nós
necessárias novas habitações, uma capital, uma população próspera, e
que precisávamos de imediato."
Eu olhei para o sol, edifícios banhados pelo sol diante de mim,
suas fachadas esbotadas para cremoso pastéis-azuis, verdes e rosa.
Era fácil ver o que tinha sido restaurado na faixa principal: as cores
eram mais brilhantes, o vidro brilhando à luz do meio-dia. As
estradas pavimentadas foram apuradas de detritos, ervas daninhas, e
areia. Em seguida
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
houve a faixa de terra fora pela Parede, de modo diferente a partir de em
qualquer outro lugar. Edifícios foram assolados metade cobertos de
areia, seus telhados desabaram dentro Sinais tinha caído. Palmeiras
podres na rua. Conchas enferrujadas de carros foram alinhados em um
vazio estacionamento. Do alto, as melhorias foram claras – edifícios
foram restaurados, o Rei salvou-los, ou eles teriam apodrecido.
"Eu não posso perdoá-lo pelo que você fez. Meus amigos ainda
estão presos. Seus soldados mataram boas pessoas enquanto me
caçavam, eles nem sequer pestanejaram quando atiraram neles." Pensei
em Marjorie e Otis, que nos deu abrigo ao longo da trilha, escondendo-
nos em sua adega antes de serem mortos.
O rei voltou-se para a torre. "Na natureza, a primeira prioridade
dos soldados é para se proteger. Eu não estou justificando – Eu não
vou. Mas eles aprenderam com a experiência que encontrar com Strays
pode ser mortal." Ele soltou uma respiração profunda e puxou a gola de
sua camisa. "Eu não espero que você entenda, Genevieve. Mas eu achei
você, porque você é a minha família. Eu quero saber de você. Eu quero
que esta cidade reconheça-a como minha filha."
Família. Virei a palavra em minha mente. Não é isso que eu
sempre quis, também? Pip e eu tínhamos ficado acordados durante a
noite, falando sobre o que seria ser irmãs, crescendo no mundo antes
da praga, em alguma casa normal, em alguma rua normal. Ela se
lembrou de um irmão, dois anos mais velho, que tinha levado nas
costas pela floresta. Eu desejei por isso, esperava e queria que nesses
últimos dias, sozinha com a minha mãe naquela casa. Eu ansiava por
alguém ao meu lado, que se assente comigo em sua porta, ouvindo o
sussurro silencioso de suas folhas, alguém para me ajudar a suportar o
som daquelas horríveis tosses secas. Mas agora que eu tinha família eu
não queria mais, não como esta. Não é o rei. "Eu não sei se eu posso
fazer isso", eu disse.
Ele descansou a mão no meu ombro. Ele estava tão perto que eu
podia ver a poeira fina de areia em seu terno. "Nós planejado um desfile
para amanhã", disse ele finalmente. "É hora de as pessoas saberem que
você está aqui, o tempo que você toma o seu lugar como princesa da
Nova América. Você vai considerar em juntar-se a nós?"
"Isso não soa como se eu tivesse uma escolha," eu disse. Ele não
respondeu. Meu estômago tremeu. Arden estava em algum lugar frio e
eu estava aqui, no alto da cidade, a filha do rei, a discutir um desfile.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Você tem que liberar os meus amigos", disse eu. "Arden, Pip, e Ruby
ainda estão nessa escola. Você tem que cancelar a busca por Caleb. Eu
era a única..."
"Nós não vamos discutir isso", disse o rei, com a voz baixa. Ele
se voltou para o prédio, onde um soldado estava olhando através da
mira de metal em algo além de nós. "Dois soldados estão mortos.
Alguém tem de ser responsabilizado." Ele estreitou os olhos para mim,
como se dissesse: E não vai ser você.
“Pelo menos me diga que você libertará meus amigos. Me
prometa isso.”
Lentamente, sua expressão se suavizou. Ele passou o braço em
volta do meu ombro. Ficamos ali olhando para a cidade abaixo. Eu não
afastar. Em vez disso, eu deixá-lo acreditar que éramos um, mesmo
unidas lado a lado. "Eu entendo de onde você está vindo. Vamos
aproveitar o desfile de amanhã, dar-nos algum tempo. Eu prometo que
vou considerá-lo."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
14 O conversível preto arrastou-se junto à estrada principal,
acelerando, em seguida, parou, como uma barata assustada. Eu
andava em volta com Beatrice, o Rei no carro à nossa frente. Havia
cerca de meio milhão de pessoas na cidade, e parecia que todos eles
tinham ido para o desfile. Eles pararam, com as mãos estendidas sobre
as barricadas que se alinhavam na rua, gritando e acenando. Um sinal
pendurado para o lado de um edifício, “BEM-VINDA, PRINCESA
GENEVIEVE” pintado em letras vermelhas altas.
Nós seguimos. O Palácio estava logo à frente, o conjunto de
edifícios brancos gigantes de cem metros de distância. Um pedestal de
mármore foi criado na frente das fontes. Eu não conseguia parar de
pensar de Caleb, das tropas de rastreamento através da selva. Eu não
tinha dormido. Minha cabeça doía, uma dor constante maçante.
"Princesa! Princesa! Por aqui!" Uma menina chorou. Ela não
poderia ser muito mais velha que eu, com o cabelo num emaranhado de
cachos negros. Ela saltou para cima e para baixo em seus calcanhares.
Mas eu olhei para a direita após ela, o homem que pairava sobre seu
ombro. Seu cabelo era tão gorduroso que ficou preso na testa, queixo
áspero de dias sem fazer a barba.
O carro estava parado, esperando o rei sair do seu veículo na
frente dos degraus do palácio. O homem empurrou através da multidão.
Segurei o assento, de repente, olhando para os soldados que estavam
estacionados ao longo do percurso do desfile, as armas em suas mãos.
O mais próximo era de cinco metros atrás de mim, com os olhos fixos
no veículo do rei. O homem apertou mais.
Em seguida, sua mão foi para cima, lançando uma grande rocha
cinzenta no ar. Tempo desacelerou. Eu o vi vindo em minha direção em
um arco claro. Mas antes de me atingir o carro balançou para a frente.
A pedra passou zunindo nas minhas costas e ricocheteou na barricada,
a multidão agora em pânico.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Ele jogou para ela!" Uma mulher corpulenta com um lenço azul
gritou para o soldado, enquanto a rocha deslizou pelo pavimento,
parando no meio-fio. "Aquele homem jogou uma pedra na Princesa!" Ela
apontou para o homem do outro lado da rua. Ele já estava sendo
empurrando pela multidão, longe do palácio, para as vastas extensões
de terra além do centro da cidade.
“Você está bem?” Um soldado correu para o carro, descansando
a mão sobre a porta. Mais dois sairam após o homem.
"Sim", eu disse, minha respiração curta. Três soldados cercaram
o carro à medida que nos aproximamos do Palácio. "Quem era ele?" Eu
perguntei a Beatrice, examinando a multidão de rostos mais irritados.
"O Rei tornou a cidade um ótimo lugar", Beatrice disse, sorrindo
para os soldados, que agora caminhava ao lado do carro. "Mas ainda há
alguns que são infelizes", disse ela, com a voz muito baixa. "Muito
infelizes."
Um dos soldados abriu a porta do carro, deixando-nos na frente
da escada de mármore gigante. A multidão gritava abafando meus
pensamentos. Pessoas se inclinaram sobre as barricadas, as mãos
estendendo em minha direção.
Beatrice se abaixou para pegar o vestido de noite que eu usava,
e eu me ajoelhei ao lado dela, fingindo ajustar meu sapato. "O que você
quer dizer?" Eu perguntei, lembrando-se que o rei tinha dito sobre as
pessoas que questionaram suas escolhas. Seus olhos corriam até um
soldado que estava a poucos metros de distância, esperando para me
escoltar até o meu assento. "Você está infeliz aqui?" Eu sussurrei.
Beatrice soltou uma risada desconfortável, os olhos voltando
para o soldado. "As pessoas estão esperando por você, princesa", disse
ela. "Nós deveríamos ir." Em um movimento rápido, ela se levantou,
afofando o trem do vestido.
Subi as escadas, os soldados me circundando. A multidão ficou
em silêncio. O sol do meio-dia estava escaldante. O rei levantou-se para
me cumprimentar, pressionando os lábios finos uma vez contra cada
bochecha. Sargento Stark sentou-se ao lado dele. Ele trocou seu
uniforme para o terno verde escuro, medalhas e insígnias que marcam
a sua frente. Ao seu lado estava um homem gordo curto, sua careca
rosa e suada do sol. Sentei-me na cadeira vazia ao lado dele enquanto o
Rei tomou o seu lugar no pódio.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Cidadãos da Nova América, nós nos reunimos neste dia glorioso
para celebrar a minha filha, a Princesa Genevieve." Ele apontou para
mim e as pessoas aplaudiram, os aplausos ecoando pelas construções
de pedra gigantes. Eu olhei para a frente, ecoando pelas construções de
pedra gigantes. Eu olhei para a frente. Espectadores saiam dos andares
superiores de prédios de apartamentos. Outros estavam na passarela,
as palmas das mãos
contra o vidro.
"Doze anos, ela estava dentro de uma das nossas escolas de
prestígio, até que foi descoberta e voltou para mim. Enquanto Genevieve
estava lá, ela se destacou em todos os assuntos, aprendeu a tocar piano
e pintura, e contou com a segurança do composto guardado. Ela, como
muitos dos alunos da Escola, recebeu uma educação incomparável. Os
professores falaram de seu compromisso com seus estudos e seu
entusiasmo ilimitado, descrevendo-o como o próprio espírito em que
nossa nação foi construída há muitos anos, e sobre a qual já foi
reconstruído.
"Isso tudo é uma prova do sucesso do nosso novo sistema de
educação, e uma homenagem ao nosso Chefe de Educação, Horace
Jackson." O homem curto inclinou a cabeça, na explosão de aplausos.
Eu olhei para ele com nojo, seu ombro apenas alguns centímetros do
meu. O suor escorria pelos lados de sua cabeça e pegou no fino anel de
cabelos grisalhos.
O rei continuou falando do meu retorno, como estava orgulhoso
de me trazer para cá, para esta cidade que havia sido estabelecida no
dia primeiro de janeiro há mais de uma década. "A Princesa estava com
sorte. Em sua viagem para a cidade de Areia, ela foi escoltada por
soldados bravos desta nação, entre eles o feroz e leal Sargento Stark.
Foi Sargento Stark que a encontrou, que colocou sua própria vida em
risco para trazê-la de volta para nós." Stark subiu para receber uma
medalha. O Rei passou sobre o seu serviço e compromisso, detalhando
suas realizações como ele o promoveu a tenente.
Fechei os olhos. Os gritos, os elogios, o vozeirão que eu tinha
ouvido no rádio tantas vezes antes, tudo isso desapareceu. Lembrei-me
deitada ao lado de Caleb naquela noite na montanha, as grossas
blusas, mofo como uma parede indesejada entre nós. Ele me puxou
para ele, meu corpo descansando contra seu para se manter aquecido.
Nós ficamos assim a noite toda, a minha cabeça no peito dele, ouvindo
o tamborilar calmo de seu coração.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"E agora, para concluir," o Rei disse alegremente. "Eu gostaria de
apresentá-los mais uma vez para a Geração de Ouro, as crianças mais
jovens brilhantes que vieram diretamente das iniciativas de parto.
Todos os dias, as mulheres estão voluntariando seu serviço para apoiar
a Nova América e ajudar a restaurar este país para o seu pleno
potencial. A cada dia a nossa nação se torna mais forte, menos
vulnerável à guerra e doença. À medida que crescemos em números,
chegamos mais perto de retornar ao nosso rico passado, para tornar as
pessoas que já foram, a nação que inventou a eletricidade, viagens
aéreas, e pelo telefone. A nação que coloca um homem na lua."
Com isso, as pessoas irromperam em aplausos. Um canto
começou em algum lugar na parte de trás da multidão e ondulava para
a frente, um grande oceano de sentimento. "Vamos subir novamente!
Vamos subir de novo!" Eles repetiram, suas vozes se transformando em
uma.
A multidão na frente dele parecia vulnerável e desesperada. Seus
rostos eram magros, os ombros curvados. Alguns foram marcados,
outros tinham a pele queimada de sol de couro, vincos profundos em
cicatrizes, vincos profundos nas suas testas. Um homem de pé em cima
de um toldo do hotel estava faltando um braço. Os professores muitas
vezes tinham falado do caos nos anos após a peste. Ninguém foi para
hospitais por medo da doença. Braços quebrados foram imobilizadas
com a perna de uma cadeira, o cabo de uma vassoura. As feridas foram
costuradas com linha de costura, e os membros infectados foram
amputados com facões. Os sobreviventes foram atacados no caminho
para casa a partir de supermercados. Seus carros foram invadidos,
suas casas assaltadas. Pessoas morreram lutando por uma única
garrafa de água. O pior foi o que eles fizeram com as mulheres, A
professora Agnes havia dito, olhando para fora da janela, o seu quadro
sem caroço e quebrado a partir de onde os bares tinham sido
removidos. Estupros, sequestros, e abuso. Minha vizinha foi baleada
quando ela se recusou a dar sua filha para uma quadrilha.
O Rei pigarreou, fazendo uma pausa antes de retomar o
discurso. "Tornar-se o líder tem sido a maior honra da minha vida.
Temos embarcado em uma longa estrada, e eu vou vê-lo até ao fim.
"Sua voz falhou. "Eu não vou falhar com vocês."
O rei sentou-se ao meu lado. Ele agarrou minha mão,
apertando-a em sua própria. Olhando para a multidão, era fácil
acreditar que ele estava certo, que ele tinha salvado as pessoas dentro
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
dos muros da cidade. Eles pareciam calmos, felizes mesmo, em sua
presença. Eu me perguntava se eu era a única que pensava agora nos
meninos nos campos de trabalho, ou as meninas que ainda estavam
presas dentro das Escolas.
Havia crianças montadas atrás de nós em risers. Eles deveriam
ter cinco anos - mesma idade que Benny e Silas - mas muito menores.
Os meninos estavam vestidos com camisas e calças brancas nítidas, as
meninas as mesmas vestimentas usadas na escola, vestidos cinzas com
o símbolo da Nova América colado sobre a parte dianteira. "Maravilhosa
graça", uma menina com uma longa trança castanha cantou no
microfone. "Como é doce o som que salvou um miserável como eu. Uma
vez eu estava perdido, mas agora fui encontrado...”
O coro juntou-se, balançando para frente e para trás enquanto
eles cantavam. Suas mães talvez tenha sido as meninas que tinham se
formado cinco anos antes de mim. Pip e eu os observava da janela do
nosso andar de cima. Nós amamos como eles caminhavam, como elas
tinham os cabelos despenteados, como elas pareciam tão femininas e
bonitas em todo o gramado. Eu quero ser como elas, Pip disse,
inclinando a cabeça sobre o parapeito de pedra. Elas são tão... legais.
A multidão foi tomada. Alguns envolveram seus braços ao redor
de amigos, outros estavam com os olhos fechados. A mulher abaixou a
cabeça para chorar, borrando o rosto com a manga de sua camisa. Eu
quase desviei o olhar, mas algo atrás dela chamou minha atenção. Um
homem estava de pé apenas um metro de distância da barricada de
metal. Todo mundo estava absorto na música. Ele estava no centro de
todos eles. Ele não se mexeu. Ele não estava prestando atenção às
crianças atrás de mim, o tenente Stark, ou o rei. Ele estava olhando só
para mim.
Então, ele sorriu. Era quase imperceptível, apenas uma pequena
curvatura dos lábios, um brilho em seus olhos verdes pálidos. Sua
cabeça tinha sido raspada. Estava mais magro, sim, vestido com um
terno marrom escuro. Mas meu corpo inteiro o conhecia, as lágrimas
chegaram rapidamente quando nos olhamos, deixando a verdade
afundar-se.
Caleb tinha me encontrado.
Ele estava na Cidade de Areia.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
15
A música terminou. Eu continuei olhando para seu rosto, suas
maçãs do rosto altas, a boca que eu beijei tantas vezes antes. Eu tive
que me forçar a desviar o olhar. Caleb estava vivo, ele estava aqui, nós
estaríamos juntos. Os pensamentos que vieram para mim de uma só
vez. Então eu olhei para a mão do rei cobrindo minha. A presença de
Stark, apenas dois assentos de distância, fez o meu estômago revirar.
As tropas foram atrás dele. Todos queriam vê-lo morto.
O rei levantou-se, estendendo a mão para o meu braço. Eu
deixei-o levá-lo, minhas pernas tremendo, incerta, enquanto nós
voltamos para o Palácio. Foi um momento antes de eu perceber que ele
estava nos levando de volta para dentro, até os andares mais altos,
muito acima da cidade. Longe de Caleb.
Eu não consegui me controlar. “Espere... Eu gostaria de
agradecer a multidão.”
Ele parou ao lado da fonte, estudando meu rosto como se
minhas feições houvesse se reorganizado. Eu esperava que ele não
tivesse visto o desespero nos meus olhos, a forma como o meu olhar foi
atraído de volta para onde Caleb estava de pé, a tampa agora
escondendo o rosto. "Essa é uma boa idéia." Ele trouxe a minha mão à
boca, beijando-a, num gesto que endureceu minha espinha. Então, ele
fez um gesto para o tenente e o chefe de Educação para continuar.
Soldados nos cercavam. Quando começamos a descer as
escadas, eu olhava para a multidão. Caleb estava ali, a poucos metros,
esgueirando vislumbres de mim enquanto ele seguiu em frente,
aproximando-se da barricada para apertar minha mão.
As palmas das mãos acima de nós não ofereceu alívio para o
calor. Olhei para trás. O tenente desapareceu no Palácio, engolido pelo
mar das crianças, seus professores inaugurando o shopping do Palácio
com promessas de sorvete.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Princesa Genevieve!" Uma mulher com óculos tortos chamou,
quase derrubando a barricada de metal. "Bem-vinda à Cidade de Areia"
Ela estava em seus trinta anos, vestida com um vestido florido
desbotado. Sua pele era cor de rosa e úmido do sol do meio-dia.
Eu estendi a mão, pegando a mão dela na minha. "Estou feliz
por estar aqui", eu disse, as palavras de repente emanando verdade. O
Rei ficou ao meu lado, afagando um menino de doze anos de idade, na
cabeça. Ele não estava mais do que um metro de distância de mim, às
vezes sorrindo, às vezes, descansando a mão sobre a parte inferior das
minhas costas. Fiquei examinando a multidão, tensa quando Caleb
caminhou das profundezas, seu chapéu avançando em direção a mim.
"Prazer em conhecê-la."
Caleb estava a apenas dois metros de distância agora, a
diferença entre nós diminuindo a cada minuto que passava. Um homem
me pediu para assinar um pedaço de papel para ele, outro perguntou
como eu encontrei a cidade, se eu tinha ido ao topo da Torre Eiffel, no
entanto, para a versão em miniatura era só atravessar a rua. Eu
respondi em meias frases, em silêncio, perguntando-se se o rei sabia
como Caleb parecia. Não era tarde demais. Eu ainda podia virar antes
que ele chegasse mais perto.
Mas não o fiz. Em vez disso eu roubei vislumbres dele através da
massa de pessoas, tendo no queixo angular que eu tinha, uma vez
realizada, agora limpo de toda a palha. Sua pele não era o fundo
marrom avermelhado que tinha sido em estado selvagem. Ele parecia
mais magro, mas saudável, os lábios fixados em um sorriso sutil.
Um soldado caminhava em frente à barricada. Ele arrastou seu
bastão para baixo dos degraus de metal, deixando escapar um som
bap-bap-bap-bap horrível. Eu segui seu olhar, levando-se em cena
como ele fez, perguntando se ele percebeu o jovem na tampa escura.
Mas ele estabeleceu seu olhar em uma mulher em um vestido branco
apertado, os seios transbordando do decote.
Caleb se aproximou enquanto eu me movia para baixo da linha,
apertando a mão após mão. Eu beijei um menino na cabeça, cheirando
o pó em sua pele, desfrutando de como seu cabelo macio roçou meu
pescoço. Estendi a mão para uma mulher mais no meio da multidão,
sentindo os olhos de Caleb em mim quando ele se aproximou. Sua mão
pastosa deu sob o meu toque, a luz do meio-dia revelando as sardas
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
fracas em sua pele pálida. O rei ainda estava ao meu lado. Sua voz era
clara quando ele agradeceu a um homem por seu apoio.
Peguei a mão de uma mulher mais velha em minha própria,
afastando-se do meu pai. Caleb estava certo sobre o ombro, e não dois
pés para trás. "Prazer em conhecê-la, princesa", disse ele, estendendo a
mão para me segurar.
"Sim, obrigada", eu disse, oferecendo um ligeiro aceno de cabeça.
Ficamos assim por um momento. Eu queria enfiar meus dedos através
dele, para puxá-lo para perto de mim, tão perto seu queixo estava no
meu ombro, seu rosto aninhado no meu pescoço. Eu queria seu ombro,
braços, o rosto aninhado no meu pescoço. Eu queria os seus braços em
volta de mim, pressionando nossos corpos juntos, então seríamos um
novamente.
Mas o soldado voltou-se para a multidão. Ele deixou a mulher
com o vestido branco e me rodeou, gritando com um homem que estava
em uma lata de lixo para obter uma visão melhor. O rei afastou-se da
barricada de metal e sinalizou para nós voltarmos ao Palácio. Um
menino louro novamente estendeu a mão, sobre o braço de Caleb,
implorando para dizer olá.
Caleb me liberou para ir.
Fiquei ali, vozes de estranhos em meus ouvidos, minha mão
ainda quente com seu toque. Levei um segundo para processar o
pequeno pedaço de papel dobrado entre os dedos, cruzou tantas vezes,
era menor do que uma moeda de um centavo. Agarrei o meu peito,
empurrando-o no pescoço do meu vestido.
"Olá, princesa", o adolescente disse enquanto apertou minha
mão. "Estamos tão felizes por você estar aqui."
Eu fiquei ali, congelada no olhar do meu pai, enquanto Caleb
recuou. Então, tão repentinamente ele tinha aparecido, ele puxou seu
boné e foi embora.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
16
Uma hora mais tarde, o Conservatório estava cheio de gente.
Mulheres em vestidos de baile passeava pelo jardim interior, admirando
as rosas cor de pêssego e hortênsias. Esculturas de balões gigantes
flutuavam sobre a multidão. Após o desfile terminar, muitos dos
forasteiros, como o Rei lhes havia chamado, tinha desaparecido no
confins da cidade, onde a terra era estéril, exceto por algumas casas e
motéis. Outros tinham tomado os trens elevados de volta aos seus
prédios de apartamentos. Apenas um pequeno grupo-membros da Elite
tinha sido convidado para o desfile de recepção. Alguns esperaram em
linhas para montar os balões gigantes. Alguns subiram nos cestos
debaixo deles e levantaram até o teto de vidro.
Fiquei ali observando tudo, sem conseguir parar de sorrir. Caleb
estava vivo. Ele estava dentro das paredes da cidade. Eu pressionei
meus dedos no pescoço do meu vestido, sentindo o pequeno pedaço de
papel, só para ter certeza de que era real.
"Não é incrível?" Um jovem aproximou-se de mim. Ele tinha um
grosso tufo de cabelos negros e um rosto forte, angular. Um grupo de
mulheres se viravam quando ele se aproximou. "Tornou-se um dos
meus lugares favoritos no shopping do Palácio. Na parte da manhã, é
tranquilo, quase vazio. Você pode realmente ouvir os pássaros nas
árvores. "Ele apontou para alguns passarinhos em um galho acima de
uma pequena fonte.
"É impressionante", eu respondi, apenas metade prestando
atenção. Eu olhava para a frente enquanto o Rei saudou o Chefe de
Finanças e Chefe de Agricultura, dois homens em ternos escuros, que
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
sempre pareciam estar sussurrando um ao outro. Eu não me importava
agora. Eu não odeio a multidão parabenizando o tenente. Tudo parecia
mais certo agora, toda a cidade num lugar mais gerenciável. Eu
escorreguei para o banheiro depois do desfile, saboreando alguns
momentos solitários no espaço frio. Caleb tinha desenhado um mapa de
um lado do papel. A linha serpenteou para fora do Palácio e do outro
lado do viaduto, onde a terra era menos desenvolvida. Um „X‟ foi
rabiscado em um beco sem saída da rua. Eu corro meus dedos ao longo
da mensagem, lendo-o de novo e de novo. Encontre-me às 1h00, ele
havia escrito na parte inferior da página. Siga apenas a rota marcada.
O homem ainda estava olhando para mim, seus lábios se
retorceram com diversão tranquila. Virei-me para ele, pela primeira vez,
notando seus olhos azuis claros, sua impecável, pele cremosa, a
maneira como ele estava com uma mão no bolso, tão auto-confiante.
"Eu acho que você é impressionante", ele sussurrou.
O calor subiu em minhas bochechas. "Será que é certo?" Eu
sabia agora, o tom de brincadeira em sua voz, a maneira como ele se
inclinou para frente enquanto falava: ele estava flertando.
"Eu li sobre sua aventura no papel, como você se perdeu na
natureza todos os dias. Como você sobreviveu. Como você sobreviveu
depois de ter sido sequestrado por que Stray."
Eu balancei minha cabeça, tomando cuidado para não revelar
demais. "Então você leu um artigo e agora você acha que me conhece?"
Olhei para os jardins de Inverno, em Reginald, Chefe de
Imprensa do Rei - o mesmo homem que tinha escrito a história do rei.
Ele era alto, com a pele castanha e cortado seus cabelos grisalhos. O rei
tinha brevemente nos apresentado no dia seguinte em que cheguei no
Palácio. Reginald nunca se preocupou em perguntar sobre as marcas-
de-rosa em meus pulsos ou os pontos no meu braço. Em vez disso ele
completamente fabricou uma história sobre como eu tinha escapado da
Escola para encontrar meu pai, que eu nem sabia que era o rei. Como
eu tinha viajado através da selva até que fui seqüestrada por alguns
Strays. O artigo termina com uma citação de detalhamento de Stark de
como eu tinha sido "salva".
"Eu nunca entendi Strays." O homem sacudiu a cabeça. "Quem
escolhe essa vida, quando eles poderiam ter isso?" Ele gesticulou ao
redor da sala.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Meus pensamentos voaram para Marjorie e Otis na mesa da
cozinha, contentando em viver por si, livres de regras do rei. "Um monte
de gente."
O homem estreitou os olhos para mim, como se ele não tivesse
certeza do que ele tinha ouvido. Eu estava prestes a me desculpar
quando o rei se dirigiu para nós.
"Genevieve", ele chamou, com o rosto em um sorriso genuíno.
"Eu vejo que você conheceu Charles Harris. Ele é a quem eu estava
falando para você." Ele apontou para o teto abobadado, os jardins
plantados e piso de mármore. "Sua família tem acompanhado quase
todos os jardins, piso de mármore e projetos de restauração dentro das
muralhas da cidade. A cidade de Areia não seria o que é sem ele."
Então, este foi o Chefe de Desenvolvimento. Ele parecia
surpreendentemente normal, com a camisa abotoada e enormes olhos
azuis. Cada centímetro de seu corpo parecia implicar que ele era
decente, bom mesmo, uma pessoa de confiança. Eu me perguntei se ele
era o único que trabalhava com os garotos nos campos de trabalho, ou
se ele fez alguma outra pessoa fazê-lo.
"Eu estava apenas dizendo a Genevieve quão incrível é ela
chegar aqui em segurança. A prova de sua força, tenho certeza."
"Estou feliz que ela esteja em casa." O Rei saldou com um copo
na mão. "Charles está na cidade desde que foi fundada. Sua família foi
uma das sortudas, seus pais sobreviveram à praga. Eles doaram bens
para ajudar a financiar a nova capital. Seu pai era o chefe de
desenvolvimento até que ele faleceu no ano passado." Eu estudei
Charles, o brilhante, o rosto bem barbeado e tufo de cabelos negros. Ele
não poderia ser mais cinco anos mais velho do que eu. Tão pouco o
separava os meninos no banco – seus pais haviam morrido, e os dele
não.
"Tem sido uma honra assumir o legado do meu pai", disse ele
com naturalidade.
O Rei fez um gesto para o teto abobadado acima de nós. "Este foi
o primeiro projeto de Charles. Ele passou uns bons seis meses
estudando os planos de recuperação para o conservatório, olhando fotos
de antes da praga para fazer tudo certo. Com algumas melhorias, é
claro."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Charles apontou para a outra extremidade da cúpula. "Um
pequeno avião caiu em um lado da estufa, deixando um buraco gigante
no teto."
O quarteto de cordas no canto atingiu uma música, e alguns
casais se aventuraram no centro da sala. Pessoas tocaram os copos,
brindando. O rei levantou a mão, acenando com duas mulheres. A mais
nova parecia com a minha idade, com cabelos cor de palha e lábios
finos, brilhantes. A outra mulher parecia semelhante, mas mais velha,
os cílios aglutinados com máscara de espessura. Seu cabelo estava
arrumado em um duro coque. "Na hora certa", o Rei começou,
descansando a mão nas costas da mulher mais velha. "Genevieve, eu
gostaria que você conhecesse a minha cunhada, Rose, e minha
sobrinha, Clara. Rose foi casada com meu falecido irmão."
O rei havia mencionado no dia anterior, minha tia e minha
prima. Eu ofereci minha mão para a garota, mas ela desviou o olhar,
como se ela não percebesse. Rose rapidamente pegou no seu lugar.
"Estamos felizes que você esteja aqui, princesa", disse ela lentamente,
como se levasse um grande esforço para obter cada palavra.
Os olhos de Clara se lançaram de Charles para mim, depois de
volta para Charles novamente. Ela aproximou-se ao lado dele,
descansando a mão em seu braço. "Vamos continuar o passeio de
balão, Charles," ela disse suavemente. Ela se virou para mim,
examinando o vestido de cetim que Beatrice me ajudou, os sapatos com
os fechos de ouro em seus lados, o coque baixo no qual meu cabelo
tinha sido torcido. Eu tinha estado em sua presença por menos de cinco
minutos, mas eu poderia dizer, com toda a certeza, que ela me odiava.
Charles deu um passo adiante. "Eu estava prestes a perguntar a
Genevieve", disse ele. "Ela não foi ainda e é uma novidade que cada
novo cidadão deve experimentar. Eu prometo que vou levá-la mais
tarde." Ele me ofereceu o braço. Clara olhou para mim, com as
bochechas coradas.
"Na verdade, eu queria olhar para a casa de estufas", disse eu,
apontando para a sala de vidro fechado do outro lado do jardim de
inverno, as flores exuberantes preenchendo cada centímetro dela.
“Charles pode ir com você”, disse o rei, pedindo a ele.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Eu prefiro ir sozinha", eu disse, acenando para Charles em
desculpas. Seu braço ainda estava estendido, esperando por mim para
ir.
Levou um momento para se recuperar, uma risada baixa
escapou de seus lábios. "É claro", ele olhou para o grupo enquanto ele
falava. "Você deve estar exausta do desfile. Outra vez." Ele me estudou
como se eu fosse um animal exótico que ele nunca tinha entrado em
contato antes.
O rei abriu a boca para falar, mas eu me virei e saí do
conservatório para a casa de estufas, aliviada por eu estar finalmente
sozinha novamente. Fora o teto de vidro, o céu já estava laranja, o sol
mergulhando atrás das montanhas. A recepção iria acabar em breve.
Em poucas horas eu estaria à minha maneira para ver Caleb, tudo isso,
o Palácio, o Rei, Clara, e Charles – atrás de mim.
Caleb está vivo, eu repetia para mim mesma. Isso era tudo o que
importava. Cheguei a minha mão para a parte superior do meu vestido.
A pequena nota ainda estava dentro do meu vestido, pressionado contra
o meu coração.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
17
Quando voltei para a suíte, eu comecei a trabalhar, procurando
no armário por algo discreto para vestir. Os cabides eram pesados com
vestidos de seda, casacos de pele, camisolas e pétalas cor de rosa. Cavei
as gavetas abaixo, fixando-se em um suéter preto e um par de jeans que
eu tinha sido visto, embora Beatrice tinha me avisado para não usá-los
fora do meu quarto. Saí do vestido, finalmente capaz de respirar.
Eu desdobrei o mapa de papel minúsculo, um lado impresso
com as orientações, a outra com a nota de Caleb. Ele disse que tinha
um contato no Palácio, alguém que tinha deixado um saco para mim no
sétimo andar. Se eu pudesse sair, eu ia seguir 10 minutos fora da faixa
principal, para o edifício que tinha marcado com um X.
Se eu conseguisse sair.
Era uma idéia tola. Eu sabia disso. Eu abotoei meu jeans, calcei
em minhas meias e sapatos, e prendi meu cabelo para trás. Eu
organizei os travesseiros e edredons de forma como se parecesse que eu
estava dormindo. Era tolice pensar que eu poderia sair do Palácio
despercebida, que eu poderia encontrar meu caminho através da
cidade. Devido ao rigoroso toque de recolher, as ruas eram claras desde
as dez da noite até as seis da manhã, a regra do rei havia estabelecido a
noite até as seis da manhã, manter a ordem, eu seria uma das únicas
pessoas nas calçadas. Se alguém me seguisse, eu ia levá-los direito para
Caleb.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Mas, como eu rastejei em direção à porta, para ouvir qualquer
som na sala, eu não conseguia pensar em fazer outra coisa. Ele estava
aqui. Apenas algumas ruas nos separavam. Eu tinha deixado-o ir uma
vez, e eu não faria isso novamente.
Eu levantei a tampa de metal do teclado na parede. O código
começava com 1-1, eu sabia muito. Esses foram os números mais fáceis
de pegar. Eu pensei que eu tinha visto 3 e outra 1 no final, mas era
difícil saber com certeza, os dedos de Beatrice sempre se moveram tão
rapidamente quando ela estava indo e vindo. Eu pressionei meu ouvido
à porta. Eu não conseguia ouvir nada. Ela estava, provavelmente, no
corredor agora, limpando copos vazios na pia enquanto falava com
Tessa, a cozinheira. Ainda assim, minhas mãos tremiam enquanto eu
entrei no 1, depois outro 1, 2, 8 e, finalmente, 3 e 1 no final.
Ele buzinou duas vezes. Eu tentei abrir a porta, mas estava
trancada. Eu descansei minha cabeça na parede, tentando
desesperadamente me lembrar. Poderia ter sido um 7, não um 8, que eu
tinha visto. Poderia ter sido 2, e não 3. Poderia ter sido qualquer coisa.
Números, combinações, códigos passaram pela minha cabeça.
Então eu tive um súbito clarão do Rei no pódio, antes de Stark receber
sua medalha. Nós fizemos um grande progresso, ele disse: Desde o dia
em que os primeiros cidadãos chegaram aqui, 1º de janeiro, 2031.
Antes que eu pudesse me controlar, eu soquei esses seis
números: 1-1-2-0-3-1. Nada aconteceu. O bloqueio não emitiu som. A
tampa de metal se fechou. Virei a maçaneta e pela primeira vez ela deu.
A porta se abriu, me liberando para o corredor silencioso.
Era bom estar livre do conjunto, com suas janelas seladas e frio,
banheiro azulejado, o sofá que era tão duro que era como estar sentado
em um bloco de cimento. Lá fora, as luzes do corredor foram
desativadas. Eu ouvi um barulho tilintar da cozinha, onde o
pessoal estava limpando para a noite. Eu olhei para a direita, depois à
esquerda, movendo-se ao longo da parede, os nervos revirando meu
estômago enquanto aproximei mais para a escada leste.
Olhei através da pequena janela retangular na porta. A escada
estava vazia. Outro teclado estava na parede. Eu digitei o mesmo
código, movendo-se lentamente, com cuidado para não fazer nenhum
som. A trava abriu e eu corri pela porta, tentando ignorar o que estava
para além da grade, um poço aberto estreito que caiu cinqüenta
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
histórias para o chão. Tomei as escadas de dois em dois, quando
comecei a longa descida.
Quando eu tinha quatro vôos para baixo uma porta se abriu em
algum lugar acima de mim. "Onde você está indo?" Uma voz chamou.
Eu congelei, me pressionando contra a parede, fora de vista. Tudo
ecoou na escadaria de concreto. Mesmo minha respiração me traiu. "Eu
posso te ouvir!" Aquela voz, seu tom, eu sabia em um instante que era
Clara. Então ouvi o clack de seus sapatos contra o chão de cimento
enquanto ela veio atrás de mim.
Eu me atirei. Voei pelas escadas, sem parar até que eu tinha
conseguido outros dez vôos. Os passos aquietaram. Eu avancei para
longe da parede e olhei para cima. Eu poderia apenas fazer para fora as
mãos de Clara segurando no corrimão, as unhas pintadas vermelho-
sangue. "Eu sei que você está aí!" Ela gritou novamente. Eu continuei
indo, deixando-a ali, no topo da torre, chamando meu nome.
Quando cheguei ao sétimo andar, havi um saco esperando por
mim, como Caleb havia prometido. Dentro havia um uniforme do
Palácio. Troquei-me rapidamente, puxando a tampa sobre meus olhos, e
continuou a descer a escada. O vôo inaugurado em uma grande
corredor, portas de metal em ambos os lados. De uma das pequenas
janelas eu podia ver até o shopping do Palácio. Os tetos foram pintados
de azul nuvens brancas esponjosos, estendendo-se através deles. As
lojas estavam todas fechadas, um tempo de leitura e outra vez a jóia em
letras gordas, outro GUCCI restaurado. Um soldado andou o
comprimento das lojas, de costas para mim. Dois outros vigiavam as
portas giratórias.
Desci o grande corredor para o sinal de saída. Contato do Caleb
tinha apresentado uma bola de papel na ombreira da porta, o que torna
impossível para bloquear. O botão deu facilmente. Lá fora, o ar estava
mais frio, o vento cobrindo tudo com uma fina camada de areia. A rota
Caleb marcou foi mesmo em frente de mim. As tropas estavam
estacionadas na entrada principal do Palácio e ao longo de sua volta.
Eu podia vê-los através das árvores estreitas, cinco soldados
amontoados, apenas ocasionalmente olhando para trás. Tirei,
abaixando-se atrás da fonte, metade coberta pelo alto muro de
arbustos.
Virei-me de vez em quando para se certificar de que as tropas
não estavam me seguindo. Um nó alojado na parte de trás da minha
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
garganta. Clara tinha me visto. Neste exato momento, ela poderia estar
acordando o Palácio de cima para baixo, alertando os soldados
estacionados em cada andar. Eu mantive minha cabeça baixa,
acalmando-me a cada passo firme. Eu estava fora, movendo-se através
da cidade, já a caminho de Caleb. O que foi feito foi feito.
As ruas estavam escuras, os prédios altos lançando um brilho
estranho no pavimento. Eu ouvi os jipes que patrulham a outra
extremidade do centro da cidade. Altas acima de mim, janelas
brilhavam com a luz. Atravessei o viaduto como o mapa mostra,
mantendo-se perto dos edifícios do outro lado. Palmeiras secas foram
forrando a rua estreita. Alguns dos edifícios ainda não haviam sido
restaurados. Um restaurante estava abandonado, mesas e cadeiras
cinzas com poeira.
Toda vez que eu ouvia um Jeep na rua ao meu lado, o mapa
mostrava uma vez, e eu gostaria de ir na direção oposta, o ruído do
motor desaparecendo no fundo. O edifício Caleb tinha marcado era
quase uma milha a leste do monotrilho, a entrada em um beco atrás de
um teatro. Enquanto me aproximei, meus passos eram mais leves, meu
corpo flutuando, vivo com os nervos.
O beco estava escuro, o ar espesso com o cheiro de lixo podre.
Entrei pela porta arcada no mapa. Dentro estava escuro como breu. Eu
senti o meu caminho ao longo da parede e para baixo um conjunto
restrito de escadas, em baixo-ventre do edifício. Fumaça pairava no ar.
Em algum lugar, alguém cantava. Os murmúrios de vozes distantes
giravam em torno de mim. Eu rastejei ao longo, tropeçando ao longo dos
últimos passos, até que eu estava no fundo da escada, na frente de
outra porta.
Uma mulher que estava no palco, vestida com um vestido de
paetês prata, uma banda de três pessoas atrás dela. Ela cantou em um
microfone como o rei havia usado no desfile. A, música lenta triste
derivou para o fundo da sala. Um homem em um saxofone se inclinou
para frente, acrescentando algumas notas baixas. Casais giraram em
torno de uma pista de dança apertada, uma mulher esfregando o rosto
no pescoço de um homem enquanto ele trocou seu peso para trás e
para a frente, seus quadris balançando com a batida. Outros
amontoados em cabanas aconchegantes, rindo sobre óculos. Cigarros
acesos em bandejas de plástico, a fumaça em espiral até o teto.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
As paredes estavam cobertas com telas pintadas. Um mostrava
edifícios da cidade pontilhada com luzes vermelho-sangue, fazendo com
que cada arranha-céu tivesse um olhar sinistro. Uma pintura enorme
pendurada atrás do bar. Fileiras de crianças foram mostrados em
camisas branca e calção azul como as que a Geração Dourada usava,
mas seus rostos eram planas e sem traços característicos, cada uma
intercambiável com o próximo. Olhei para todas as pessoas na sala, à
procura de Caleb no bar, ou no pacote de homens amontoados ao lado
da porta. Na parte de trás, à direita do palco, uma figura estava sentado
sozinho em uma cabine. Seu rosto estava escondido sob a aba do seu
boné. Ele estava torcendo algo entre os dedos, perdido na concentração
tranquila.
A música terminou. A mulher de vestido de lantejoulas
introduziu alguns dos membros da banda e fez uma piada. Algumas
pessoas atrás de mim riram. Eu estava enraizada no lugar, vendo-o
jogar com o guardanapo de papel, como ele mordeu o lábio inferior. De
repente, como se estivesse me sentindo lá, ele olhou para cima. Ele
olhou para mim por um momento, o rosto iluminando-se num sorriso.
Então ele foi para cima, fechando o espaço entre nós. Quando a
mulher começou a cantar de novo, ele me alcançou, pressionando seu
rosto no meu pescoço. Ele passou os braços firmemente em torno de
meus ombros, puxando-me tão perto que meus pés levantaram do chão.
Ficamos lá enquanto a música cresceu em torno de nós. Nossos corpos
se encaixavam perfeitamente, como se nós nunca fossêmos feitos para
nos separar.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
18
"Eu estava ficando preocupado", disse ele, quando ele finalmente
me pôs. Ele puxou delicadamente fios de cabelo de distância dos meus
lábios molhados. "Eu pensei que tinha sido estúpido para lhe dar essa
nota, dizer-lhe para vir." Ele segurou meu rosto entre as mãos,
inclinando meu queixo para cima para que ele pudesse ver sob o meu
boné. "Você deve saber melhor do que manter um garoto esperando", ele
riu. "Foi uma tortura."
"Eu estou aqui agora." Eu segurei seus pulsos e pressionei para
baixo, sentindo os ossos logo abaixo da superfície de sua pele. Ele
sorriu, com os olhos molhados. "Eu estou realmente aqui."
Ele enterrou o rosto em meu pescoço, os lábios contra a minha
pele. "Eu senti tanto sua falta." Seus braços se apertaram ao meu redor.
Eu acariciava a parte de trás de sua cabeça. Havia algo sobre a maneira
como ele segurou-me agarrado ao meu lado, apertando a respiração do
meu corpo, que me assustou.
"Eu estou bem", eu disse baixinho, tentando tranqüilizá-lo. Sua
respiração desacelerou. "Nós estamos aqui, juntos. Estamos bem", eu
repeti.
Ele olhou para mim, correndo o dedo sobre minhas bochechas e
para baixo da ponte do meu nariz. Então ele pressionou seus lábios nos
meus, deixando-os descansar lá por um momento. Eu saboreava o
cheiro familiar de sua pele, sua barba no meu rosto, as mãos no meu
cabelo. Agarrei seu lado, desejando que pudéssemos ficar assim
sempre, a lua para sempre no céu, a Terra parou em seu eixo.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Depois de um longo tempo, deslizamos para dentro da cabine
onde Caleb estava esperando. A mulher no vestido de paetês ainda
estava cantando, a melodia lenta e doce como ela descreveu um trem da
meia-noite para a Geórgia. Alguns homens nos estudaram do bar. A luz
das velas dançava em nossos rostos. Caleb manteve-se segurando a
minha mão. "Onde estamos?" Eu perguntei, ajustando o meu boné para
que ele escondeu meus olhos.
"É um bar clandestino", disse Caleb. "Eles servem o seu próprio
álcool. As pessoas vêm aqui para beber, fumar, ir para fora após toque
de recolher – todas as coisas que o Rei proibiu na cidade."
Eu cobri meu rosto, com medo de alguém me reconhecer do
desfile. "É seguro? Será que eles sabem quem você é?"
"Todo mundo aqui é culpado de alguma coisa." Ele baixou a voz,
apontando para um homem no canto jogando cartas. Um relógio de
ouro foi fixado na mesa em frente a ele, juntamente com alguns anéis
de prata. "Jogos de azar, consumo de álcool, o tabagismo, a troca de
mercadorias „fora de registro‟ como eles chamam. Bens que não são
comprados com os cartões de crédito emitidos pelo governo devem ser
negociados através do jornal. Você poderia ser enviada para a prisão
apenas por ter vindo aqui." Ele pegou o guardanapo que estava com ele.
Foi torcido em uma pequena rosa branca. "Bem, talvez você não iria ser
presa, Genevieve." Ele sorriu, colocando-o atrás da minha orelha.
Eu coloquei minha mão em sua perna direita, onde havia sido
esfaqueada. Eu podia sentir a cicatriz através de suas calças finas, a
linha que inclinado para dentro, em direção ao joelho oposto. "O que
aconteceu com você?" Eu finalmente perguntei. "Todo esse tempo antes
de você chegar aqui. Pensei em você todos os dias. Eu não deveria ter
deixado você sair. Eu estava com tanto medo..."
"Você fez a coisa certa, nós dois fizemos." Caleb se aproximou e
passou o braço em volta de mim, massageando as dores do meu
pescoço. "É estranho, mas eu sempre soube que você ia voltar para
mim. O como e quando não estava claro, mas eu sabia."
“Eu esperava,” eu disse, mantendo minha mão na perna dele.
Caleb balançou a cabeça e sorriu. "Poderia algum dia ter sido
mais perfeito do que hoje?" Ele me beijou uma vez, duas vezes, seus
lábios se estabeleceram pelo oco do meu ouvido. "Eu acordei e a cidade
estava falando sobre a nova princesa, filha do rei, que tinha
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
voltado das Escolas. Corri todo o caminho desde as Outlands para o
centro da cidade como um completo idiota. Todo mundo achava que eu
era apenas mais um de seus fãs. Eu ficava pensando, ela voltou para
mim."
Eu puxei-me para mais perto dele. "Diga-me o que aconteceu
quando você saiu Califia. Eu preciso saber de tudo."
Caleb apertou minha mão. "Eu fiquei em San Francisco, em uma
casa logo após a ponte. Foi difícil para eu andar, mesmo com o
ferimento costurado. Por um tempo eu vivia de figos e frutos do parque
local. Mas então um dia se passou, e outro, e eu estava fraco demais
para andar mais. Eu estava preso.”
"Em algum momento, quando eu estava realmente desesperado,
eu tentei ir a apenas um quarteirão para encontrar comida. Caí na
calçada. Eu não tenho certeza de quanto tempo eu estava lá, um dia
talvez. Eu só me lembro de um cavalo vindo em minha direção. Tentei
rastejar em uma loja, para me esconder, mas já era tarde demais. Um
homem foi me puxando para o cavalo, e então eu desmaiei. Acordei
horas depois. Ele estava me dando água. Então ele finalmente
mencionou Moss."
"Moss", eu perguntei, lembrando-se do nome. "A pessoa que
organizou o Trail?"
"Ele está operando de dentro da cidade agora", disse Caleb, sua
voz quase inaudível. Ele olhou rapidamente ao redor da sala antes de
falar. Apenas um casal estava dançando, a mão da mulher descansando
no coração do homem. "Ele estava trabalhando no interior, quando o
relatório veio sobre os soldados mortos na base da montanha. O
soldado disse que ele tinha me visto pela última vez, enquanto eu tinha
sido esfaqueado. Moss sabia que eu devia estar levando você para
Califia. Ele veio e me encontrou. Ele forjou minha papelada para fazer
parecer que eu era apenas mais um refugiado buscando refúgio na
cidade. Ele foi organizar as pessoas dentro das paredes, os dissidentes."
"Os dissidentes?" Eu mantive minha voz baixa e agradeci
quando a trombeta criticou algumas notas altas. Todos ao nosso redor
estavam absorvidos em suas próprias conversas, tilintando os copos
juntos em aplausos.
"Não há oposição ao regime. Moss me trouxe aqui para liderar
uma construção – estamos construindo túneis sob o muro de trazer
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
mais pessoas para ajudar na luta. Eventualmente vamos contrabandear
armas do lado de fora. Existem três túneis em todos. Moss está falando
de uma revolução, mas sem armas estamos indefesos contra os
soldados."
Caleb manteve seus lábios perto do meu ouvido quando ele me
contou sobre as Outlands, as vastas, blocos estéreis além da rua
principal da cidade, onde motéis antigos estavam sendo usados como
moradia para a classe mais baixa. Alguns viviam em depósitos, outros
em edifícios degradados, sem água quente ou mesmo encanamento. O
regime tinha designado habitação com base nos ativos indivíduos
capazes de contribuir após a praga. Empregos foram designados pelo
governo. A maioria dos Outlanders trabalhou na limpeza dos
apartamentos de luxo e edifícios de escritórios no centro da cidade,
pessoal das lojas no shopping do Palácio ou executar o novos
divertimentos que foram se abrindo em toda a cidade. O rei tinha
estabelecido regras infinitas: não beber, não fumar, sem armas, sem
negociação, sem o seu consentimento. Não havia ninguém para estar
fora depois das dez horas. E a cidade era entrar somente, ninguém
podia sair.
"Todos os trabalhadores aqui estão presos. O regime decide sua
mesada semanal, o trabalho que eles têm. Eles continuam dizendo a
todos que as condições vão melhorar, que as Outlands serão
restauradas assim como o resto da cidade, mas faz muitos anos. Agora,
há uma conversa de expansão, de conquistar as colônias no leste, de
restauração e reconstrução de lá."
"As colônias?"
"Três grandes assentamentos para o leste que o Rei visitou.
Centenas de milhares de sobreviventes estão lá. Ele as considera parte
da Nova América já, mas até as colônias são murada, até que as tropas
estejam estacionadas dentro, eles estão tecnicamente separados."
"Eles estão procurando por você. Stark, aquele garoto assustado
–" Eu tropecei na palavra. "Ele disse que você era a pessoa que matou
os soldados. E se eles souberem que você está aqui?"
"Sem uma camisa, eu sou apenas mais um dos trabalhadores."
Caleb apertou a mão em seu ombro, onde sua tatuagem estava. Eu
notei no primeiro dia que eu conheci, o círculo com o símbolo da Nova
América nele. Todo menino dos campos de trabalho tinha um, como um
selo, marcando-os como propriedade do rei. "Eles estão me procurando
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
na natureza, não trabalhando nas Outlands, como qualquer outro
escravo."
"E Moss? Onde ele está? ", perguntei.
"É melhor se você não saiba." Caleb puxou a aba do seu boné
para baixo para esconder seus olhos. "Um dissidente ficou preso alguns
meses antes de eu chegar aqui. Eles acham que ele foi torturado. Ele
desistiu de nomes. De repente as pessoas estavam desaparecendo,
sendo levadas para a prisão.”
"Foi o homem que matou?" Eu perguntei, minha garganta
apertada.
"Um dos nossos contatos está trabalhando como faxineiro dentro
da prisão, mas ele não podia chegar a ele no tempo. Foi um golpe real.
Os dissidentes consideraram uma outra família – se uma pessoa está
com problemas, todo mundo está. Eles não teriam feito para ajudá-lo."
Apertei a mão de Caleb, enquanto eu disse a ele sobre os últimos
três meses: o meu tempo em Califia, a chegada da Arden, nossa fuga e
captura, os meus dias no Palácio com o homem que se dizia meu pai.
Quando eu terminei, a multidão havia se diluído, metade das cabines
estavam vazias, repleta de copos e cinzeiros fumegantes.
Caleb colocou alguns cabelos dispersos de volta sob o meu boné,
tão suavemente que quase me fez chorar. Em seguida, ele puxou um
papel dobrado do bolso e estendeu-o sobre a mesa, revelando um mapa
da cidade com rotas descritas em cores diferentes. Ele explicou que as
tropas tiveram suas rotinas, as ruas específicas que patrulhavam em
blocos de noventa minutos. Os dissidentes haviam aprendido os seus
padrões e os usou para evitar serem pegos. Ele copiou uma rota para
baixo em um guardanapo, marcando o caminho de volta para o centro
da cidade, como reentrar no Palácio e que escadaria tomar. Em seguida,
ele copiou outro para mim usar no tempo de duas noites.
"Vamos nos encontrar aqui", disse ele, apontando para um ponto
no segundo mapa. "Há um outro dissidente que funciona naquele
prédio durante a noite que você irá apontar na direção certa." Ele
estudou o meu rosto e sorriu. "Eu tenho uma surpresa para você."
“O que é?” Eu perguntei.
“Se eu te disser, não seria uma surpresa, seria?” Ele riu.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Olhei para o lugar que ele tinha marcado, foi à direita na estrada
principal, em diagonal a partir das fontes do Palácio. "Mas você pode ser
pego".
"Eu não vou ser pego", disse Caleb. Ele alisou os cantos do papel
com a palma da mão. "Eu prometo. Basta estar lá."
"Quanto tempo levará até que os túneis sejam concluídos? Não
podemos nos esconder até então?" Ele disse que os outros dissidentes
estavam preocupados com o nosso encontro, que poderia comprometê-
los, mas ele assegurou-lhes que eu poderia ser confiável.
Caleb balançou a cabeça tristemente. "Nós não sabemos.
Precisamos de planos para continuar. E se você tornar a desaparecer...
eles vão saber que você está em algum lugar dentro das paredes. Eles
vêm à procura." Ele colocou a mão no meu rosto. "É um bom sinal de
que você chegou aqui, esta noite, no entanto. Nós vamos ter que nos
encontrar assim até que as coisas estejam mais certas."
Ficamos ali por um tempo, meu rosto aninhado contra seu peito,
até que a cantora cantou sua última canção. A banda arrumou seus
instrumentos. Óculos tocaram juntos. Devagar, fizemos o nosso
caminho para fora.
A mão de Caleb descansou no minhas costas quando subimos
as escadas, sentindo o nosso caminho no escuro. Os Outlands ficaram
quietos. Figuras moveram atrás de uma cortina na janela de um antigo
motel. Passamos por um parque de estacionamento forrado com carros
enferrujados, uma piscina seca, uma longa faixa de casas vazias. "Eu
posso levá-la para o canto", disse ele, segurando minha mão. Ele
acenou para a rua a apenas um quarteirão de distância.
Senti o mapa no bolso, cada passo aproximando-nos do adeus.
Gostaria de vê-lo novamente em breve. Ainda assim, eu me encolhi com
o pensamento de deitar sozinho na cama, entre os lençóis frios. "É
apenas dois dias", eu disse em voz alta, sem saber que eu estava
tentando me confortar.
"Certo", Caleb concordou. Ele manteve os olhos na estrada
quando nos aproximamos dela. "Não é por muito tempo, realmente",
disse ele, mas ele não parecia convencido.
Nós estávamos quase na esquina. Ele iria virar à direita, mais
para as Outlands, e eu viraria à esquerda, em direção ao Palácio.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Quando estávamos a poucos metros de distância, Caleb me puxou para
a porta na rua estreita, o limite de dois metros de profundidade apenas
o suficiente para nós dois nos pressionarmos para dentro. Ele segurou
meu rosto em suas mãos, sua expressão quase invisível na escuridão.
"Eu acho que isso é um adeus", sussurrou.
“Eu acho que sim,” eu disse calmamente.
Ele me beijou, seus dedos com força contra meu queixo. Meus
braços agarraram as costas enquanto me puxou para mais perto. As
mãos dele estavam no meu cabelo. Meu coração acelerou com o dedo
mergulhado dentro da gola da minha camisola, traçando linhas sobre a
minha clavícula. Ele se inclinou e me beijou suas pálpebras fechadas,
essa pequena cicatriz em seu rosto.
Em algum lugar distante um jipe saiu pela culatra, o boom
surpreendendo-me do meu sonho acordado.
"Eu tenho que ir, nós temos que ir", eu respirei.
Eu me afastei primeiro, sabendo que se eu não saísse, então eu
nunca faria isso. Virei-me para ir, dando a mão num aperto final.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
19
CLARA derrubou seu prato ao lado do meu, salpicando
pequenas gotas de molho de tomate sobre a toalha branca. "Você parece
cansada", disse ela friamente, seus olhos procurando os meus. "Tarde
da noite?" Seu vestido azul curto era muito apertado, a seda franzida ao
longo das costuras.
"Nem um pouco." Eu me endireitei. No máximo, Clara tinha visto
minhas costas enquanto eu corri para dentro da porta da escada. Ela
não poderia saber com certeza que era eu.
Charles e o rei tinha acabado de cortar a fita-azul e vermelho do
novo mercado, um restaurante gigante ao ar livre construído em torno
de extensas piscinas do Palácio. As pessoas comiam em mesas criadas
no pátio de pedra ou passeavam nos vários estandes. Colunas
elevavam-se sobre nós, segurando verdejantes topiarias e pendurado
com flores roxas. Estátuas de leões alados e traçamento com cavalos
empoleirados acima.
Rose sentou-se sobre a mesa, olhando como se seu rosto
pudesse derreter. Tinha blush rosa em suas rugas, e havia olheiras sob
seus olhos fracos. Ela olhou para o prato meio comido de Clara. "Saber
quando dizer quando", ela sussurrou, apoiando a mão no garfo de
Clara. "Você é bonita demais para deixar-se ir." Clara desviou os olhos,
as bochechas ficando um vermelho escuro.
"Estamos entusiasmados com o produto final," o Rei disse em
voz alta enquanto caminhava em direção a nós, Charles ao seu lado. Ele
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
se dirigiu a Reginald, o Chefe de Imprensa, que estava segurando um
notebook. "Quando nós restauramos Paris, Nova York, Veneza e
queríamos que eles fossem tributos para as grandes cidades do mundo
de ontem. Este mercado é uma extensão do lugar onde as pessoas
podem experimentar todas as iguarias que gostava antes. Você não
pode simplesmente subir em um avião e estar na Europa, América do
Sul, ou a Índia. "Ele apontou para um canto do grande mercado.
Tendas foram preenchidas com fumegantes carrinhos de bolinhos,
carnes e pequenos rolos de arroz pegajoso e peixe. "O meu favorito é a
Ásia. Você já pensou que você teria sashimi de novo?", o rei perguntou.
Eu assisti-o, percebendo a facilidade com que ele usava em sua
persona pública. Sua voz era mais alta, os ombros para trás. Parecia
que cada palavra havia sido ensaiada previamente, cada leve aceno de
cabeça e gestos cuidadosamente projetados para inspirar confiança.
"Nosso chefe de Agricultura está trabalhando em maneiras de produzir
algas. A truta é tudo criação do lago Mead. Não é um substituto ideal,
mas será suficiente até chegarmos as frotas de pesca de volta nos
oceanos."
Sentaram-se ao meu lado, Reginald ainda rabiscando em seu
caderno. Os olhos de Charles me seguindo. Ele ficou olhando até que eu
encontrei o seu olhar. "Não dizer Olá ou qualquer coisa", disse ele,
brincando levantando uma sobrancelha. "Você sabe, eu estou
começando a levar para o lado pessoal."
"Eu acho que o seu ego pode lidar com isso," eu ofereci,
enquanto cortava os bolinhos amarelados que eu tinha encontrado na
loja polonesa.
O rei estendeu a mão, apertando a minha mão com tanta força
que doía. "Genevieve está brincando." Ele riu. Ele ofereceu Reginald
uma olhar sutil, como se dissesse Não escreva isso.
Ele limpou a garganta e continuou. "Este é apenas o começo. A
cidade tem se mostrado um modelo viável para os outros na Nova
América. Há três colônias separadas no leste. Todos os dias pessoas
nessas colônias se preocupam de onde sua próxima refeição virá, se vai
ser atacado por seus vizinhos. Não há eletricidade, não há água quente
– as pessoas estão apenas sobrevivendo. Na cidade da Areia, não
estamos sobrevivendo – estamos prosperando. Isto é que é viver."
Ele apontou para o mármore branco ofuscante e as piscinas
azuis. "Há muito terreno para a tomada, e Charles e seu pai provaram
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
que podemos desenvolver com rapidez e eficiência. Em seis meses
vamos começar a murar a primeira colônia num acordo no que era
antigamente o Texas."
"Eu não posso esperar para ver o que você vai fazer com ele."
Clara deslizou sua cadeira mais perto de Charles. "Eu tenho ouvido as
pessoas falarem sobre o mercado global para os últimos meses, e eu
nunca imaginei que seria tão incrível como esta."
"Muito disso devemos a McCallister," Charles disse, acenando
com o Cabeça da Agricultura, um homem com óculos, que estavam com
um mural gigante do velho mundo, cada país pintado de uma cor
diferente. "Se não fosse pelas fábricas que ele construiu nas Outlands,
ou os novos métodos de cultivo que ele desenvolveu, não teríamos nada
disso."
"Você está sendo modesto. Esta foi a sua visão," Clara
balbuciou. Ela apontou para Reginald. "Eu espero que você esteja
escrevendo isso embaixo. Charles tem imaginado isso desde antes do
Palácio ser concluído, antes da maioria dos edifícios serem restaurados.
Você vem falando sobre isso desde que, desde que me lembro, como
você queria trazer a diversidade do mundo para dentro dos muros da
cidade."
Eu mal conseguia olhar para ela. A voz da professora Agnes
estava na minha cabeça, suas advertências sobre os homens e a
natureza enganosa de flerte. Charme é um substantivo, ela disse, algo
que os homens fazem para controlá-la. Mas eu queria que ela visse isso
agora: Clara inclinando-se, descansando os dedos no braço de Charles,
colocando os cabelos loiros para trás das orelhas. Foi a primeira vez que
eu vi uma mulher flertar tão descaradamente. Eu cobri minha boca
para eu parar de rir, mas já era tarde demais. Uma pequena risada
escapou dos meus lábios. Eu me virei, tentando passá-la como uma
tosse.
“Alguma coisa engraçada, Genevieve?” o Rei perguntou.
Clara estreitou os olhos para mim. Um sorriso sutil cruzou os
lábios quando ela olhou ao redor da mesa. Todo mundo estava calmo,
sua atenção fixa em mim. "Então, o que você estava fazendo ontem à
noite?", Ela perguntou em voz alta, inclinando a cabeça como se fosse a
mais inocente das perguntas.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Você deixou seu quarto?" O Rei voltou-se para mim. Eu deslizei
minhas mãos debaixo da mesa, segurando a saia do meu vestido para
firmá-los. Estudei seu rosto no café da manhã, perguntando se ele
tinha voltado para minha suíte durante a noite, se ele tivesse
descoberto os travesseiros debaixo das cobertas. Mas ele parecia tão
calmo.
"Não." Eu balancei minha cabeça. "Eu não." Voltei-me para a
minha comida, mergulhando o garfo para os bolinhos, mas Clara
continuou.
"Eu vi você na escada leste." Ela plantou os cotovelos sobre a
mesa e se inclinou para frente. "Você ia lá embaixo. Você estava usando
um suéter preto. Você parou quando eu chamei o seu nome."
O rei virou-se para mim. "Isso é verdade?"
"Não", eu insisti, tentando firmar minha voz. Minha garganta
estava seca de repente, o calor do dia, meu cabelo espetado para o meu
rosto e pescoço. "Não fui eu. Eu não sei o que ela está falando. "
"Oh," Clara disse, sua voz melodiosa. "Eu acho que sim..."
Os olhos de todos estavam em mim. O sol batia em mim, o ar
sufocante ainda. O Rei estava estudando meu rosto, sua expressão
escura. Tinha valido a pena, mesmo que por algumas horas com Caleb,
mas de repente eu desejei que eu não tivesse parado na escada, que eu
tivesse ignorado os apelos de Clara. Eu ofereci um ligeiro encolher de
ombros e voltei para o meu prato, as palavras apresentadas na parte de
trás da minha garganta.
O rei se inclinou, sua pesada mão no meu braço. "Você não
saiu", ele sussurrou. "É para sua própria segurança. Eu pensei que era
claro."
“Perfeitamente,” eu firmei. “Eu não o fiz.”
A mesa ficou em silêncio. Clara abriu a boca para continuar,
mas Charles a interrompeu. "Você já viu a fonte fora do conservatório?",
ele perguntou, dando-me um pequeno sorriso. "Eu pensei em levá-la lá.
Se sairmos agora, podemos chegar para o próximo show." Ele olhou
através da mesa para o rei. "Você se importa se eu roubar a sua filha
por um tempo?"
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Por sugestão, o rosto do rei relaxou. "Não – vocês dois vão.
Divirtam-se."
Enquanto observavam-nos caminhar, Reginald voltou-se para
Clara, seu bloco de anotações ainda na mão. "Talvez você viu um dos
trabalhadores do Palácio", ele perguntou.
"Eu sei o que vi", Clara assobiou. Ela olhou para Rose, que
balançou levemente a cabeça, sinalizando para ela parar.
Segui Charles através do mercado, em torno das grandes
piscinas de hidromassagem, agradecida quando estávamos longe da
mesa. Ele me levou através do lobby de mármore do Palácio, onde as
máquinas de jogos antigos ainda estavam de pé, envolto em panos
cinzentos. Durante todo o tempo dois soldados arrastavam-se atrás de
nós, os seus passos, mantendo o tempo com a nossa, seus rifles
balançando em suas costas. "Eu sinto muito por isso", disse ele quando
entramos para o sol. Atravessamos uma ponte estreita de onde uma
fonte enorme espalhava-se em direção à calçada.
"O que você sente muito?", eu perguntei.
"Eu tenho um sentimento que eu tinha algo a ver com isso." Um
tufo de cabelos negros caiu sobre sua testa. Ele sorriu, penteando para
trás com os dedos.
"Nem tudo tem a ver com você", eu respondi. Um aglomerado de
pessoas na rua, virou-se, estudar-nos, os soldados gesticulando para
que eles ficassem para trás.
"Eu acho que o que você quer dizer é, obrigada, Charles, por me
resgatar daquela inquisição." Ele jogou as mãos para cima na defesa.
"Eu só estou dizendo. Eu acho que talvez, apenas talvez, Clara tem um
pouco de queda por mim. Pelo menos é assim que parece desde...
sempre."
Eu olhei para ele. O rosto de Charles foi tão sincero, seu rosto
pálido corou. Eu não pude deixar de rir. "Talvez você esteja certo," eu
admiti. Mesmo que Clara tivesse me visto na noite passada, eu
duvidava que ela se importasse com o que eu fiz com o meu tempo livre.
Ela parecia ter mais problema com Charles sentado ao meu lado nas
refeições, ou a maneira como ele se inclinou para frente, quando ele
falou para mim, então não havia mais do que alguns centímetros entre
nós.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Nós crescemos juntos na cidade", acrescentou. "Nos últimos dez
anos temos sido os mais jovens que vivem no Palácio. Clara é
incrivelmente inteligente. Ela falou sobre o estudo no hospital para ser
médica. Sua mãe está dirigindo-a em uma direção diferente, no
entanto." Ele ergueu as sobrancelhas, como se estivesse dizendo, para
mim.
"Eu vejo." Eu balancei a cabeça, pensando no frio e calculista
olhar Clara que me deu quando nos conhecemos. Pessoas recolhiam-se
ao longo da borda da grande fonte. Olhei para a nossa reflexão na água,
duas sombras ondulando com o vento. Charles não tirava os olhos de
mim. "Então, como você encontrou a cidade? Você não parece
apaixonada pelo jeito que todo mundo está."
Eu pensei no braço de Caleb em torno de mim na noite passada,
como a música e fumaça encheu a sala. Nossos corpos pressionados
juntos na porta. Eu sorri, o calor subindo nas minhas bochechas. "Ela
tem as suas vantagens."
Charles se aproximou de mim, pressionando seu ombro contra o
meu. "Você pode guardar um segredo?" Ele estudou o meu rosto. "Meu
pai teria escolhido quase toda a cidade mais de um presente. Apesar do
que disse ao Rei, ele não estava convencido de que até poucos anos a
restauração de Las Vegas iria funcionar. Foi a minha mãe que sabia que
esse era o lugar certo. A maioria dos hotéis estavam vazios no momento
da praga. Os edifícios foram facilmente retirados das propagandas. É
tão separado de todo o resto – um refúgio. Ela sempre soube."
"Intuição feminina", eu perguntei, lembrando-me de uma frase
que eu ouvi na escola.
"Deve ter sido", disse ele. Ele olhou para a fonte. Um menino
com um boné xadrez estava ajoelhado no parapeito de pedra, olhando
para a água. "Ela está tendo um momento difícil sem ele. Ela mantém
muito de si mesma. Tão ruim quanto isso soa, parte de mim quer saber
o que é amar alguém tanto assim."
Olhei para as pequenas pedras empilhadas no fundo da fonte.
Eu tinha pensado em dizer à Caleb antes, dizer aquelas três palavras
específicas – as qye professores tinha nos avisado. Eu tinha decidido no
silêncio da casa de Maeve, a noite calma ao meu redor, que eu quis
dizer essas palavras para Caleb. Nada era tão persistente, tão
implacável, trabalhando o seu caminho através de mim, puxando cada
pensamento.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Quando me virei, Charles ainda estava olhando para mim. "Às
vezes é terrível. A idéia de estar tão perto de alguém." Ele procurou
minha expressão. "Você sabe o que eu quero dizer? Eu estou fazendo
algum sentido?"
A pergunta pairou no ar entre nós. Lembrei-me de meus
primeiros dias em Califia, como eu tinha visto a cidade sombria sobre a
ponte, imaginando o que Caleb estava fazendo lá, se ele tinha entrado
em contato com o Trail. Os pesadelos vieram logo depois: Caleb em pé
pela água, o sangue escorrendo pela perna, transformando toda a baía
num roxo rançoso. "Eu faço", eu disse. "Tantas coisas podem dar
errado."
Charles olhou para a água. "Ver todos aquelas", ele perguntou,
apontando para as pedras. "Eles fizeram isso em um memorial das
sortes. As pessoas iriam trazer pedras aqui e jogá-los na fonte, um para
cada ente querido que perdeu na praga."
Ele caminhou até os arbustos que ladeavam o conservatório e
arrancou várias pedras pequenas do solo abaixo, esfregando a sujeira
com os dedos. "Você quer um pouco?", Ele perguntou, oferecendo-lhes a
mim.
"Apenas um." Eu levei a pedra marrom suave na minha mão.
Tinha a forma de uma amêndoa, de um lado um pouco mais largo que o
outro. Corri meus dedos sobre ele, perguntando-se o que minha mãe
pensaria se soubesse que eu estava aqui, dentro da nova capital, presa
pelo homem que ela tinha se apaixonado tantos anos antes. Eu podia
quase ver seu rosto, sentir o cheiro da erva-cidreira, ela sempre
manchada nos lábios, deixando manchas escorregadias nas minhas
bochechas quando ela me beijou. Eu deixei a pedra escorregar por entre
meus dedos na água abaixo. Depositou no fundo, desaparecendo entre
os outros, a superfície ainda ondulando em seu rastro.
Ficamos em silêncio por um minuto. O vento soprava em torno
de nós, um alívio passageiro do calor. Duas mulheres mais velhas se
aproximaram da borda da fonte, segurando fotos desgastadas em suas
mãos. Eles observaram que os outros alinhados ao longo da borda de
pedra. "O que exatamente todo mundo está esperando?", perguntei.
"Você vai ver...", disse Charles. Olhou para o relógio. "Em três...
dois... um..." A música soou na estrada principal. Todo mundo deu um
passo atrás. Água rompeu a superfície da piscina e disparou em direção
ao céu. Ela levantou-se e levantou-se e subiu, cerca de 20 pés no ar. O
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
menino levantou-se no parapeito de pedra e bateu. O rosto de Charles
iluminou-se como uma criança. Ele piou alto, jogando o punho no ar,
uma visão que fez mesmo os soldados rirem.
O vento mudou, soprando o spray para nós e absorvendo parte
da frente do meu vestido. A água fria se sentia bem na minha pele.
Fechei os olhos, as palmas e aplausos inchando em torno de mim, e
aproveitei os últimos momentos longe do Palácio.
Eu mantive meus olhos no cenário, tentando fingir que eu estava
sozinho. Esta manhã, o Rei tinha sugerido Clara me levar para um
passeio pela galeria de arte. Ele disse que seria bom para nós, para
passar o tempo juntos para que eu pudesse conhecer minha prima. Eu
sabia que a declaração não era verdade, mas eu fui obrigada, esperando
que isso me faria parecer feliz com o meu lugar no Palácio. Como uma
menina, sem segredos.
"Como foi seu encontro com Charles?" Clara perguntou depois
de um longo tempo. O soldado sempre arrastando-se a apenas alguns
passos atrás de nós desceu a escada rolante.
"Não foi um encontro," eu disse, uma vantagem para a minha
voz. Lembrei-me de que o termo de escola, os professores se referiam a
ele como parte do período de namoro. Disseram nós, homens, por vezes
agiam como cavalheiro antes de revelar suas verdadeiras intenções.
Passamos por baixo da grade. Abaixo de nós, compradores
vagavam pelo átrio, ocasionalmente olhando para cima para ver onde
estávamos indo. Acima da entrada da galeria era uma tela enorme que
mudava a cada poucos segundos. Primeiro foi um anúncio para o novo
mercado global, a abertura da semana! Em seguida, ele mudou para
uma imagem de papel de ontem, de mim na parte de trás de um carro
com a legenda: Princesa Genevieve conversível BMW restaurada por
MOTORS DO Gerrard: PRESTAÇÃO DE RESTAURAÇÃO e exposição de
automóveis desde 2035.
"Você sabe, você sair por aí agindo irritada, quando você é a
princesa da Nova América", Clara murmurou. "Qualquer um iria matar
para estar na sua posição." O jeito que ela disse isso - a ênfase em
matar – me enervou.
"Quando foi a última vez que você esteve fora destas paredes?",
perguntei. "Dez anos atrás?"
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Cabelo cor de palha de Clara estava em uma trança, que
serpenteava em volta da cabeça e enrolou-se na nuca de seu pescoço.
"Qual é o seu ponto?" Ela estreitou os olhos cinzentos para mim.
"Você não pode falar isso, se tenho ou não o direito de estar com
raiva ou irritada. Você não sabe o que o mundo é fora de sua bolha."
Com isso eu me virei e entrei pela entrada principal da galeria.
No interior, o quarto era muito bom, e vazia, exceto por alguns
alunos agrupados no canto, seus uniformes cinza semelhantes aos que
eu tinha crescido vestindo. Por um breve momento, o soldado e Clara
estavam atrás de mim, e eu tive a grande sensação de estar sozinho. O
espaço aberto me confortou. Os pisos de madeira eram sólidas sob os
meus pés, as paredes cobertas com amigos familiares. Eu andei até a
pintura de Van Gogh que eu tinha visto nos meus livros de arte tantas
vezes antes, as flores azuis que se estendia do outro lado da tela,
crescendo em direção ao sol. ÍRIS, VINCENT VAN GOGH, uma placa ao
lado ler. Recuperado da Getty Museum, Los Angeles.
No interior, o quarto era muito bom, e vazio, exceto por alguns
alunos agrupados no canto, seus uniformes cinza semelhantes aos que
eu tinha crescido vestindo. Por um breve momento, o soldado e Clara
estavam atrás de mim, e eu tive a grande sensação de estar sozinha. O
espaço aberto me confortou. Os pisos de madeira eram sólidos sob os
meus pés, as paredes cobertas com amigos familiares. Eu andei até a
pintura de Van Gogh que eu tinha visto nos meus livros de arte tantas
vezes antes, as flores azuis que se estendiam do outro lado da tela,
crescendo em direção ao sol. ÍRIS, VINCENT VAN GOGH, uma placa ao
lado lia-se. Recuperado da Getty Museum, Los Angeles.
Mais pinturas penduradas em uma fileira, Manet e Cézanne e
Ticiano, um após o outro. Eu caminhava ao lado deles, lembrando o
tempo todo que eu passei no gramado da Escola, o lago em frente de
mim, arrastando pincel em tela para replicar sua superfície vítrea. Eu
estava examinando o corte no fundo de um Renoir, sua tela colada,
quando Clara veio ao meu lado.
"Há coisas que eu sei", ela disse, sua voz cheia de raiva. Eu
poderia dizer que ela estava preparando o discurso para os últimos
minutos. Cada palavra tremeu com prazer enquanto ela falava. "Eu sei
como é desagradável para uma mulher ser amante de um homem." Ela
olhou para as duas figuras na pintura. Um homem estava ajudando
uma mulher num gramado inclinado.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"O que você está falando?" Eu perguntei, incapaz de parar.
"Você não era a primogênita de seu pai", disse ela. "Você foi a
última. Eu tinha três primos antes de você, e uma tia, todos eles
morreram na praga." Então ela se virou, olhando para mim. "Eu não sei
que tipo de mulher faria isso, ter relações sexuais com um homem
casado."
Eu sorri, tentando ignorar o nó que estava no fundo da minha
garganta. "Você está enganada", eu consegui. Clara apenas deu de
ombros antes que ela passou por mim, em direção a uma vida ainda na
parede distante.
Meus pés estavam enraizados no chão. Olhei para o homem na
pintura, o chapéu encobrindo seu rosto, a lâmpada-de-rosa do seu
nariz, a forma como os seus olhos foram pintados com duas linhas
pretas. Ele parecia estar zombando de mim agora.
Ela era amante dele, eu pensei comigo mesmo, minha visão ficou
turva pelas lágrimas repentinas. Minha mãe, que tinha cantado para
mim no banho, limpando a espuma dos meus olhos. Eu tinha cinco
anos, novamente, ajoelhada no chão. Ela estava doente. Eu vi a luz
quebrada debaixo da porta do quarto, sua sombra se movendo quando
ela bateu com os nós dos dedos contra a madeira, batendo para fora
seus beijos, porque ela não podia arriscar pressionar os lábios na
minha pele. Eu tinha segurado minha mão para o outro lado,
mantendo-a lá, mesmo depois que ela voltou para a cama, ela tossia
quebrando no silêncio da noite.
Eu virei em direção à porta, as lágrimas ameaçando me
ultrapassar. Eu continuei andando, passando pelas íris e tourada de
Manet, a espetar animal, o cavalo com seus grandes e terríveis chifres.
"Sua Alteza?" Eu ouvi o soldado perguntar, seus passos atrás de
mim. "Gostaria de ser escoltada para cima agora?"
Fiquei na frente dele, mal ouvindo como ele conduziu Clara atrás
de mim, em direção ao elevador. Não importa o que Clara disse, eu
sabia que não era culpa da minha mãe, não poderia ter sido, a mulher
que me amou tão docemente, quem apertou meus dedos, um por um,
como ela contou-os, cantando uma música boba em meu ouvido.
Soprando na minha sopa para esfriá-la antes mesmo de eu tomar uma
colherada. Ele era o único que tinha a outra família.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Entrei no elevador. Clara veio atrás de mim, fazendo com que o
carro parecesse menor e claustrofóbico, o ar viciado e quente.
"Está tudo bem, princesa?" O soldado perguntou quando ele
apertou o botão. Juntei minhas mãos, tentando firmar-las. Eu só
conseguia pensar no Rei, na história que ele me contou, a foto que ele
tinha nas mãos. Ele nunca disse nada sobre sua família. Ele tinha
levado tanto tempo para vir para mim, me deixou sozinha naquela casa.
Passei tantos dias ouvindo suas tosses sufocadas, aterrorizada quando
a sala ficou em silêncio por muito tempo. Ela nunca se sentiu mais
longe do que ela fez agora, a minha única conexão com seu partido.
"Princesa?" O soldado repetiu. Ele colocou a mão no meu ombro, me
assustando. "O que há de errado?"
"Nada", eu disse, pressionando o botão para o andar de baixo
novamente. "Eu só preciso de falar com o rei."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
20
Clara e eu começamos a subir as escadas rolantes para a galeria
no mezanino do segundo andar. Eu ainda não tinha me acostumado
com as escadas de metal em movimento, eu nunca sabia se devia
escalá-las ou simplesmente ficar lá, deslizando. Luz entrava a partir do
átrio acima de nós. Peguei nos murais do teto e as estátuas gigantes de
mulheres vestidas, os pilares de mármore gigantescos, a estátua do
cavalo abaixo, saltando no ar, as fontes que disparam, piscinas azul-
turquesa. De alguma maneira horrível, o Palácio era como Pip
imaginou, um modelo brilhante de perfeição.
Eu mantive meus olhos no cenário, tentando fingir que eu estava
sozinha. Esta manhã, o Rei tinha sugerido de Clara me levar para um
passeio pela galeria de arte. Ele disse que seria bom para nós, para
passar o tempo juntas, para que eu pudesse conhecer minha prima. Eu
não conhecia nem se a declaração era verdade, mas eu fui obrigada,
esperando que isso me fizesse parecer feliz com o meu lugar no Palácio .
Como uma menina, sem segredos.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
21
O rei estava em uma construção, trabalhando em um edifício na
orla do centro da cidade. Quando ele não poderia ser alcançado, eu pedi
para ser levada até ele.
O carro zunia pela rua vazia, passando pelos grandes edifícios
da cidade. Os chafarizes ao lado do palácio dispararam para o ar,
borrifando nos transeuntes com uma névoa fina. A vista não detinha
qualquer maravilha para mim agora. Eu só pensava no sorriso de
satisfação no rosto de Clara quando ela me contou sobre o caso. Todos
os dias na escola, até mesmo os mais solitários momentos quando eu
tinha acabado de chegar, eu sempre tinha aquelas lembranças de
minha mãe. Ficaram comigo na estrada, no abrigo, na parte de trás do
caminhão de Fletcher, mesmo após o caos da adega. Mas agora tudo foi
corrompido pelas palavras de Clara.
Viramos a direita por um longo caminho, em direção a um
edifício verde gigante com um leão de ouro na frente. Os soldados me
acompanharam para fora do carro. Acima da entrada estava outro
gigante outdoor, como a do shopping, mostrando diferentes anúncios.
Uma imagem de dois leões surgiu, as palavras THE GRAND ZOO:
Aberto no próximo mês! Abaixo dela. "Dessa forma," um dos soldados
disse, levando-me para dentro.
Três soldados estavam na entrada do lobby principal. A sala
gigante estava sufocante, o ar com cheiro de suor e fumaça. Refletores
iluminavam diferentes seções do corredor escuro. Poucos metros à
frente, um rapaz estava ajoelhado sobre um balde. Ele era um ou dois
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
anos mais novo que eu, com as costas nuas pingando de suor enquanto
ele trabalhava, polindo gesso molhado sobre a parede. Ele olhou para
cima, com o rosto magro e triste. "Ele deveria estar aqui", outro soldado
disse, pegando ritmo, sua mão desceu ao redor do meu braço quando
ele me conduziu rapidamente para outra sala.
Eu me virei, notando dois rapazes da minha idade que estavam
grampeando para baixo o tapete. Um trabalhador mais velho, talvez
vinte anos, caminhou lentamente pelo corredor, carregando uma caixa
de madeira gigante. Quando ele passou por um dos refletores e eu vi
seu rosto, magro e doentio, seus olhos afundados de volta em seu
crânio. Seu ombro tinha a mesma tatuagem como a de Caleb. Em
algum lugar acima de nós um som de perfuração terrível cortou o ar.
"Onde ele está?" Eu disse, minha voz plana. Eu andei mais
rápido, com um propósito, pensando em todos os meninos no abrigo.
Os soldados caminharam na minha frente, na direção de uma
luz azul brilhante. Eles olharam um para o outro, com os rostos
incertos, sem saber se eles deveriam ter me trazido para cá ou não.
"Genevieve" uma voz chamou. Duas figuras apareceram no final do
corredor, recortados pela luz. "O que você está fazendo aqui?"
"Eu precisava falar com você," eu disse. O rei estava com
Charles, que parecia momentaneamente feliz, seu sorriso
desaparecendo quando ele viu meu rosto. Eu passei por eles, para a
grande sala. Uma estranha luz encheu o espaço. As paredes eram todas
de vidro, formando várias áreas cercadas com as plantas e gigantes,
pedras falsas.
"Você poderia nos dar um minuto?" O Rei disse finalmente. Os
homens recuaram para o corredor. Ele deu um passo ao meu lado,
enfrentando um tanque cheio de grama amarela. Bem acima, um leão
da montanha estava em uma rocha plana, suas costelas se projetando
para fora do seu lado.
"Ela me disse," eu disse, sem se virar para encontrar seu olhar.
"Clara me contou sobre sua esposa. Ela disse que minha mãe era sua
amante." Todo o meu corpo estava quente. "Isso é verdade?"
O rei se voltou para o corredor, onde Charles e os soldados
haviam deixado. "Este não é o melhor momento para falar sobre isso,”
ele disse. "Você não devia ter vindo aqui."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Nunca haverá um bom momento para falar sobre isso." Olhei
para ele. "Você não quer que eu venha aqui, porque você não quer que
eu- ou ninguém- veja como todos os seus projetos são construídos".
Seu rosto corou e seus olhos escureceram. Ele esfregou a testa,
como se estivesse tentando se acalmar. "Eu entendo que você está com
raiva,” ele disse. "Clara não deveria ter dito nada. Não era o seu lugar."
Ele se virou e andou o comprimento da sala, com os braços
cruzados sobre o peito. "Eu não gosto dessa palavra- amante. Eu sei
como isso parece o que não era o caso. Quando eu conheci a sua mãe
eu estava separado da minha esposa." Ele parou na frente de uma caixa
de vidro intitulado OS LOBOS CINZENTOS. Dois cães gigantes estavam
rasgando a carne vermelha. Outro roía um osso quebrado.
"Então ela era sua amante," Eu disse, incapaz de controlar a
minha voz. "E você me trouxe aqui, me dizendo como você tinha estado
olhando por mim por tanto tempo, como quebrado que estava sem a
sua filha, e apenas aconteceu de você deixar de fora que tinha outra
família?"
O rei limpou a garganta. "Eu sinto muito," ele disse, trabalhando
em cada palavra, “por eu não te contar sobre meus outros filhos. Mas
não é algo que eu gostaria de falar. Estou mais preocupado com o
futuro, como toda a gente nesta cidade. Estamos todos tentando seguir
em frente."
A suavidade de sua voz me assustou, me puxando para fora da
minha própria cabeça e na dele. Eu me perguntava como eles tinham
morrido, se o nariz havia sangrado como a minha mãe, se eles estavam
juntos, como uma família, ou foram separados nos hospitais. Eu me
perguntava se ele tinha prendido eles, apesar dos avisos que não, se ele
tivesse sido o único a misturar sua comida e pressioná-lo contra seus
lábios secos.
"Quais eram os seus nomes?" Eu finalmente perguntei. Eu tinha
que saber, só queria imaginá-los, mesmo que apenas por um momento.
Eu tinha irmãos-em um ponto, se não agora. O pensamento me encheu
de uma estranha tristeza. "Quantos anos eles tinham?"
Ele se voltou para mim. Ele tirou um lenço do bolso e estava o
torcendo em seus dedos, tornando eles rosa. "Samantha era a mais
velha. Ela tinha onze anos quando ela morreu. Paul foi o primeiro- ele
tinha oito anos. E em seguida Jackson, meu pequenino." Um leve
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
sorriso apareceu e depois foi embora. "Ele não tinha até cinco anos de
idade."
Lembrei-me do prato que eu tinha preparado na cozinha. Como
eu tinha sentada encostada na porta do quarto, devorando o último dos
grãos mushy pink1, confortada por sua tosse intermitente.
Antes que ela tivesse recuado para seu quarto, ela havia me
mostrado como abrir as latas, com a mão ao redor da minha conforme
nós apertávamos o dispositivo do metal. Eles estavam em uma linha,
uma para cada dia, mais de vinte latas de comprimento. Só abra uma
lata, ela disse, enquanto ela se movia ao redor da casa, fechando todas
as portas. Não mais do que um a cada dia.
"Sinto muito" eu disse baixinho. Ficamos lado a lado, e nessa
hora, no silêncio da sala, ele não era o rei. Eu não era a princesa,
tomada contra a sua vontade para a cidade. Éramos duas pessoas
tentando esquecer.
Ele esfregou a testa com a mão. "Eu realmente amava sua mãe.
E eu estava indo obter o divórcio. Esse sempre foi o plano," ele disse.
"Mas as coisas ficaram complicadas entre nós. Nós estávamos vivendo
vidas diferentes, em cidades diferentes. Eu nem sabia que ela estava
grávida. E depois, quando a praga aconteceu, mudou tudo. Eu não
poderia ter deixado Sacramento, mesmo se eu quisesse. Não havia
nenhuma maneira de eu ajudá-la. Todo mundo estava apenas
sobrevivendo."
"Será que sua esposa sabia sobre ela?" Eu perguntei, me
sentindo doente mesmo quando a questão saiu da minha boca. "Alguma
vez você disse a ela, ou a minha mãe era um segredo?"
"Eu estava pensando em um divórcio" repetiu ele. "Eu estava
apenas esperando o momento certo."
Virei passando por ele, começando abaixo de um túnel com uma
área de vidro de um lado. Lá, apenas trinta metros de distância, estava
um urso como o que eu tinha visto na vida selvagem. Ele estava ali,
parecendo meio vivo, com a cabeça descansando sobre uma pedra de
plástico.
1 Mushy Pink- (Um tipo de Grãos do Estados Unidos)
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"As únicas duas pessoas que podem entender um
relacionamento são as duas mesmas pessoas," disse ele em algum lugar
atrás de mim. Seus sapatos batiam contra o chão de pedra quebrada.
"Você não pode saber como era naquele tempo."
"Eu sei que você mentiu" eu disse. "Você mentiu para todos."
Olhei para as nossas reflexos no vidro, a forma como os nossos narizes
era inclinada um pouco para a esquerda, a nossa pele de cor creme, as
cortinas de cílios negros que se espalharam sobre nossos olhos.
Ficamos ali, nós dois lado a lado, olhando através de nós mesmos no
pequeno recinto.
"Eu era feliz quando estava com a sua mãe," ele continuou. Eu
não tinha certeza se ele estava falando comigo ou não. Ele olhou para o
animal enorme, com a voz clara de raiva. "É difícil para mim olhar para
essa imagem, ver a me mesmo depois. Eu era mais feliz do que eu já
estive em minha vida. Parecia que ela sempre estava vibrando em uma
frequência diferente. Ela estava com quase trinta anos, quando eu a
conheci. Foi logo depois que ela tinha tomado uma pausa da pintura.”
Eu me virei para olhar para ele. "Eu nunca soube que ela era
uma pintora," eu disse. Nossa casa tinha lentamente desaparecido da
memória. Eu podia ver apenas trechos do- velho relógio de pêndulo que
estava no hall, os pesos de ouro batido que pendiam dentro dele,
fazendo com que sua mão movesse. As estrelas que brilhavam-no-
escuro teto do meu quarto, a mancha no nosso sofá de onde ela tinha
derramado chá. Eu não conseguia lembrar sequer de um pincel, sem
telas ou arte nas paredes. "Eu aprendi na escola."
"Eu sei" ele disse, sem elaborar sobre como. Um sorriso cruzou
os lábios, e ele soltou uma pequena risada. "Eu estava com a sua mãe
no meu quadragésimo aniversário. Ela tinha planejado todo o dia.
Fomos caminhando ao longo da praia, e ela trouxe este bolo de
chocolate em miniatura que ela tinha feito para mim. Ela carregou o
tempo todo, cerca de quatro milhas, apenas para que pudéssemos
comê-lo lá em cima, com vista para o oceano. E ela cantou essa canção
boba para mim, este-"
"Hoje, hoje" eu cantei, incapaz de parar de sorrir, “é um dia muito
especial, hoje é o aniversário de alguém." Eu balancei a cabeça,
lembrando de como minha mãe costumava segurar minhas mãos
enquanto cantava e dançava na sala de estar, contornando ao redor da
mesa de café e poltronas.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Eu queria odiá-lo, tentei me lembrar de todas as coisas que ele
tinha feito, tentei imaginar Arden, Ruby e Pip naquele edifício de tijolos.
Ele era a razão de Caleb estar nas Outlands, por que não poderíamos
ficar juntos. Mas logo em seguida, nós compartilhamos algo que
ninguém mais no mundo poderia: minha mãe. Todas as suas
peculiaridades, suas músicas bobas, a maneira como o cabelo dela
cheirava a shampoo de lavanda. Ele era a única pessoa que sabia.
Caminhamos em silêncio pelo corredor. Então ele se virou para
mim, inclinando-se para que os nossos olhos se encontrasse. "Eu
amava sua mãe. No entanto a nossa situação era complicada,
provavelmente parece errado no entanto. Eu a amava. E o nosso
relacionamento me deu você." Ele balançou a cabeça, os dedos
pressionando contra seu templo. "Naquela manhã, eu fui para a sua
escola, eu estava animado. Eu tive a mesma sensação que eu tive no dia
que meus outros filhos nasceram. E quando chegamos e a diretora nos
disse o que tinha acontecido, que você tinha nós deixado, eu
imediatamente ordenei que as tropas a encontrasse. Você pode pensar o
que quiser, mas você é minha filha- a única família que me resta. Eu
odiava a ideia de você lá fora, na natureza, por si só."
Eu olhei para seu rosto, tenso de preocupação. Em seguida, ele
deu um passo em minha direção, me puxando para um abraço. Pela
primeira vez, eu não me afastei. Era inevitável, irresistível, mesmo
depois de tudo que ele tinha feito. Eu me via a cada vez que ele
segurava os dedos no queixo quando ele estava pensando, ou sorria
com a boca fechada. Argumentávamos da mesma forma, nossas
palavras curtas e até mesmo, tínhamos a mesma pele pálida, seu cabelo
que era uma vez o mesmo cabelo castanho-avermelhado escuro como o
meu, embora o seu agora estava salpicado com cinza. Ele era parte de
mim, a conexão inegável, não importa o quanto eu lutei contra isso.
"Venha agora" disse o rei depois de um longo tempo. "Vamos
levá-la de volta para o Palácio." Ele me levou através de um longo
corredor, passando por áreas cobertas cheias de outras criaturas
descobertas na natureza - jiboias, jacarés, um tigre que escapou de um
zoológico. Saímos por uma saída lateral. O sol ardia os olhos. O suor
escorria na minha pele. Um milhão de pensamentos correram em minha
cabeça enquanto caminhávamos em direção ao carro que esperava. Mas
então eu parei meus pés enraizados no chão, a estranheza da cena
revelando-se a mim.
Fora da entrada da frente, alguns soldados se reuniram com
suas armas descansando aos seus lados. Eles estavam todos olhando
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
para o painel eletrônico empoleirado no alto da entrada do lobby. Lá, em
letras enormes, estavam as palavras: UM INIMIGO DO ESTADO FOI
FLAGRADO DENTRO DA CIDADE. VOCÊ VIU ESTE HOMEM? SE
ASSIM, ALERTE AS AUTORIDADES IMEDIATAMENTE.
E abaixo deles, um desenho de um rosto tão familiar, era como
olhar para o meu próprio. Caleb estava olhando para mim. Sua altura,
peso e configurações foram listados. As descrições das cicatrizes em
sua perna e rosto.
Eu senti como se todo o sangue tivesse escorrido do meu corpo.
A mão do Rei estava no meu braço, me pedindo para ir ao carro.
"Genevieve" ele disse em voz baixa, os olhos fixos nos soldados na frente
do edifício. "Este não é o momento. Podemos discutir isso no Palácio.”
Eu mal o ouvi quando eu li a última linha no quadro de avisos outra
vez.
ELE É PROCURADO PELO ASSASSINATO DE DOIS NOVOS
SOLDADOS AMERICANOS.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
22
"Eu não estou me sentindo bem" eu disse, puxando as cobertas
grossas em torno de mim. O sol estava se pondo. O andar superior do
Palácio estava silencioso e escuro. Beatrice sentou na ponta da cama,
sua mão descansando sobre o monte do meu pé. "Você vai me trazer
algo para comer? Eu vou dormir, mas você pode deixar na porta." Eu
desviei o olhar antes de acrescentar, "Por favor, não deixe que ninguém
me incomode esta noite, não importa o quê”.
Beatrice penteou meu cabelo, correndo os dedos sobre minha
testa. "Claro. Você teve um dia muito longo." Eu fechei meus olhos. Eu
ficava vendo o rosto de Caleb no outdoor, ouvindo os soldados
murmurando sobre o traidor que matou um dos seus, sobre o que
dariam para testemunhar a sua execução. Eles sabiam que ele estava
dentro das muralhas da cidade. Eu precisava dizer a ele para não vir,
que era muito perigoso, mas não havia nenhuma maneira de chegar a
ele. Ele já estava se movendo através de Outlands, serpenteando pelas
ruas vazias para me encontrar.
"O que está incomodando você?" Beatrice sussurrou. Ela pegou
minha mão na dela, embalando-a. "Você pode me dizer."
Eu olhei para seu perfil, rosto redondo. Eu não posso, eu pensei,
sabendo o quanto de perigo Caleb já estava tendo. Eles provavelmente
estavam vasculhando Outlands por ele. "Estou doente" eu disse,
tentando sorrir. "Isso é tudo."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Beatrice beijou o topo da minha cabeça. "Bem, então é melhor eu
ir" ela disse, de pé pronta para ir. Então ela se inclinou, olhou
diretamente para mim, e pressionou a palma da mão quente contra
minha bochecha. "Eu vou ter certeza que ninguém te incomode. Você
tem a minha palavra." Ela permaneceu ali por um momento. Seus olhos
castanhos estavam alertas, sérios, como eu nunca tinha visto antes. Eu
sei o que você está fazendo, ela parecia dizer, sem tirar os olhos dos
meus. E eu vou fazer o que puder para ajudá-la.
Ela se levantou e foi para o corredor. Eu continuei olhando para
a porta. Ela não fechou toda a porta, e ela não puxou fechando e
verificando o botão como ela sempre fazia. Em vez disso, tocavam de
leve na moldura de madeira contra o bloqueio, apenas entreaberta.
Mudei rapidamente. Eu escondi o uniforme no tanque do
banheiro, deixando o saco plástico flutuar no topo da água. Eu apertei
fechar na porta do banheiro e me vesti o mais rápido que pude, vestindo
a camisa branca enrugada, o colete vermelho, as calças pretas. Então
eu fui para o corredor, descendo a escadaria leste, tirando os sapatos
para não fazer nenhum som.
Foi ainda antes do toque de recolher. As ruas estavam apenas
desbastadas. Eu desapareci nos aglomerados de trabalhadores que
mudavam de turnos, meu estômago revirando quando eu olhei por cima
do ombro para ver se alguém estava me seguindo.
Pessoas atravessaram o viaduto, andando de braço dado quando
eles fizeram o seu caminho de volta para os seus apartamentos. Um
Jeep desceu a rua, dois soldados saíram do leito do caminhão,
escaneando as calçadas. Eu mantive minha cabeça abaixada, virando à
direita para cruzar a estrada principal, em direção ao prédio que Caleb
tinha marcado. Era chamado de Venetian, um antigo hotel que tinha
sido convertido em escritórios. Alguns restaurantes estavam abertos, os
jardins foram replantados, e amplos canais foram preenchidos com
água, uma vez mais. Quando eu fiz meu caminho até a ponte em arco,
um barco passou deslizando, levando o último passageiro do dia.
Eu estava a poucos passos da entrada principal quando me
virei, vendo uma figura de pé na doca. Ela era muito menor do que eu,
mas usava o mesmo uniforme, cabelos castanhos encaracolados se
afastavam de seu rosto. "Você está esperando por uma gôndola,
Senhorita?" ela perguntou em voz baixa, passando debaixo de uma
saliência e indo para as sombras. Ela pausou, esperando por uma
resposta.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Olhei para o mapa, no X que Caleb tinha rabiscado junto à doca,
e acenei com a cabeça. A segui para a beira da água. "Você deve tirar o
colete, Eve," ela sussurrou. Com a luz refletida na água eu peguei
vislumbres de suas mãos delicadas, o antigo broche camafeu que ela
usava no pescoço. "Vai parecer estranho se um dos trabalhadores
estiver na água. Mas mantenha o seu chapéu puxado sobre os olhos."
Tirei o colete e entreguei a ela apenas quando um barco estreito
deslizou por nós. Caleb estava na popa, vestindo uma camisa preta e
um chapéu branco que protegia seu rosto. Olhei para a multidão
deixando o jardim, olhando para os soldados. "Último passeio da noite"
ele gritou. Ele dirigiu o barco com um remo de madeira longo, parando
na doca para que eu pudesse entrar. Então ele se empurrou para fora,
para a água, com as últimas pessoas serpenteando para fora dos
jardins do veneziano.
Sentei de frente para ele, nossos olhos se encontraram quando
ele remou para o centro do canal, longe de onde alguém pudesse nos
ouvir. Nós flutuamos sobre a água clara, a torre de Veneza iluminando
atrás de nós. Foi um longo tempo antes de qualquer um de nós
falarmos. "Eles sabem que você esta aqui" eu disse. "Nós não
deveríamos estar fazendo isso. É muito perigoso agora. E se alguém me
seguiu?"
Caleb examinou a ponte. "Eles não seguiram você", disse ele em
voz baixa.
Minhas mãos tremiam. Tentei não olhar para ele enquanto eu
falava. Em vez disso me recostei no assento, ficando firme. "O Rei pode
suspeitar de algo. Clara me viu sair na outra noite. Ontem no mercado,
ela disse algo na frente dele." Eu olhei para ele, suplicante. "Eu não
posso vê-lo novamente, Caleb. Eles não podem me tocar- eu sou a filha.
Mas você vai ser morto se for pego. Sua foto esta sobre toda cidade.”
Caleb mergulhou o remo na água, seus músculos se esticando
com o esforço. As luzes dançaram na superfície do canal à medida que
deslizávamos para a ponte. "E se eu vou estar morto amanhã?" ele
disse, apertando os lábios. "O que importa, então? Eu estou vivo aqui,
hoje. Eu fui aos canteiros de obras e conversei com as pessoas nas
Outlands. Aos poucos, eles estão começando a ver que não há outro
caminho. Estamos falando de uma rebelião. Moss precisa de mim." Ele
sorriu aquele sorriso que eu amava uma covinha que aparece em sua
bochecha direita. "E eu gosto de pensar que você, também."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Eu quero você aqui" eu disse. "Claro que eu faço."
"Então este é o lugar onde eu quero estar." Caleb virou o remo
na água, guiando-nos. "Eu não posso ficar sem fazer nada. Eu já te dei
uma vez antes- eu não vou fazer isso de novo."
Ele ficou em silêncio por um longo tempo. "Você conhece a
Itália?" ele finalmente perguntou. Eu balancei a cabeça, lembrando-se
do país que eu havia lido a respeito em nossos livros de história da arte,
onde tantos mestres, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Caravaggio,
nasceram.
"Eu li uma vez que Veneza foi a cidade mais romântica do
mundo. Que em vez de ruas existiam canais. Que as pessoas tocavam
violinos e dançavam na praça principal, e os barcos os moviam de lugar
para lugar. Eu sei que nunca posso ir lá, mas nós temos isso."
Eu olhei para a torre de ouro acima de nós, no canal vítreo, nos
arcos ornamentados por baixo da ponte. A noite estava tranquila. Eu só
conseguia ouvir as palmeiras farfalhando ao vento, o barco cortando a
água imóvel.
Caleb desceu da popa e veio em minha direção, tomando
cuidado para não colocar o barco para fora de equilíbrio. "Nós estamos
aqui agora, juntos. Vamos fazer o máximo disso.”
Ele manteve os olhos em mim quando o barco flutuou debaixo
da ponte, na escuridão. Ele pressionou o remo na água para nos
atrasar. Então, ele estava bem ali na minha frente, com o rosto pouco
visível quando o seu nariz roçou minha bochecha, seu hálito quente na
minha pele. Inclinei minha testa contra a dele. "Eu só estou com medo.
Eu não quero perder você de novo."
"Você não vai" ele disse, tirando o meu boné. Sua mão encontrou
o seu caminho para a base do meu pescoço, os dedos torcendo no meu
cabelo. Deixei ele me segurar, minha cabeça apoiada na palma da sua
mão. Ele arrastou a ponta dos dedos ao longo da minha espinha,
massageando minhas costas através da minha camisa. Então, meus
lábios estavam em seu pescoço, trabalhando contra os músculos
macios, até que encontraram o caminho para sua boca.
Sua mão parou na minha cintura. Ele puxou suavemente na
parte inferior da camisa do uniforme, como se estivesse me fazendo
uma pergunta. Ele nunca tinha me tocado antes, não assim, seus dedos
certos contra a minha pele. Era exatamente sobre isso que os
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
professores haviam alertado em todas as suas aulas, dos homens que
constantemente testavam as suas defesas, primeiro intimidando, e
depois passar para a próxima. Todos queriam a mesma coisa- usar você
até que tudo estivesse esgotado.
Eu passei tantos anos se preparando para este momento,
apenas para que eu pudesse enrijecer contra ele. Mas não me sinto
assim. Não agora- não com Caleb. Ele estava pedindo permissão, seu
rosto refletindo todo o nervosismo que eu sentia. Eu quero estar mais
perto de você, ele parecia dizer, quando ele mordeu o seu lábio inferior.
Você vai me deixar?
Subi no banco ao lado dele, passando os braços ao redor do
pescoço, nossos corpos emaranhados escondido debaixo da ponte. Sua
cabeça caiu para trás quando eu o beijei, o calor de sua língua me
estimulando a ir adiante. Eu balancei a cabeça que sim, guiando seus
dedos na minha cintura enquanto ele tirou a minha camisa para fora da
calça. Suas mãos frias pressionadas contra o meu estômago, o toque de
roubar o fôlego do meu corpo.
O barco flutuava no túnel escuro e fresco. Água rodou na parte
inferior da ponte de pedra. Suas mãos vagaram sobre minhas costas
quando ele me puxou para mais perto dele, pressionando seu peito ao
meu. Eu descansei meu queixo em seu ombro. Ele estava dizendo
alguma coisa, cada palavra abafada. Eu não poderia fazer isso até que
sua boca estava bem próximo ao meu ouvido, seus lábios fazendo
cócegas em minha pele. "Eu não me importo com o que aconteça, Eve,"
ele repetiu. "Isso não é algo que eu só posso afastar. Não desta vez. Eu
não vou."
Olhei para ele, nossos narizes quase se tocando. Eu trouxe as
minhas mãos para seu rosto, desejando que a cidade estivesse deserta,
que não houvesse soldados patrulhando o centro da cidade, sem passos
acima de nós na ponte, que nós pudéssemos ficar no canal aberto, seus
braços em volta de mim. "Eu sei" eu sussurrei, beijando-o suavemente
quando nós deslizamos em direção ao fim do túnel. "Nada é mais
importante do que isso."
Eu sentei de volta no meu lugar. Ele tomou a sua posição na
popa, os cinco metros entre nós parecendo muito mais agora. Eu puxei
o meu boné para trás quando a luz me pegou. Lentamente, a gôndola se
afastou para fora da escuridão, o remo mergulhando abaixo da
superfície ainda do canal.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Podemos ir para os túneis?" Eu perguntei, quando estávamos
longe o suficiente da ponte para que ninguém pudesse nos ouvir. "Eu
quero ver onde você está gastando seu tempo, quem são todas essas
pessoa."
Dois soldados caminhou com suas armas pendurada em suas
costas. Caleb puxou seu boné para baixo sobre os olhos. Ele pegou o
remo, empurrando-nos mais longe na água. Nós dois estávamos em
silêncio até que eles passaram. "Nós podemos ir lá hoje à noite" ele disse
em voz baixa. "Encontre-me nos jardins depois da doca. Mas primeiro
eu tenho que lhe dizer algo." Ele apoiou o joelho no banco estreito na
frente de alguma coisa. Ele sorriu, com os olhos tão brilhantes que
pareciam que estavam iluminadas por dentro.
O barco parou ao lado das escadas de pedra. Caleb olhou para o
grupo de pessoas ainda remanescentes na beira da ponte, aproveitando
os últimos 30 minutos antes do toque de recolher.
"Eu estou caído de amor por você" ele sussurrou, ajoelhando-se
para beijar o topo da minha mão. Ele ficou lá por um momento,
sorrindo para mim, antes de me ajudar a sair do barco.
Eu comecei a subir os degraus de pedra, cada centímetro de
mim cantarolando com uma nova energia. Eu queria gritar isso e
depois- Eu te amo Eu te amo Eu te amo- pegar sua mão e fugir do
palácio, dessas pessoas, dessa ponte.
"Boa noite, senhorita" ele disse em voz alta, como se eu fosse
qualquer outro estranho. "Espero que tenham gostado da sua noite."
A mulher que tinha me recebido ainda estava de pé debaixo da
saliência. Eu andei em direção a ela, mas não antes de voltar, meus
olhos molhados. "Eu também te amo" eu murmurei. Não parecia
estúpido, ou tolo, ou errado. Eu disse algo que eu sempre soube, a
admissão me enviou para a mais feliz, irreversível queda livre.
Seu rosto abriu-se num sorriso. Ele me estudou, sem tirar os
olhos dos meus, quando ele se empurrou para fora da doca e deslizou
para longe.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
23
Demorou quase uma hora e meia para chegar ao avião Hangar.
Caleb cortou através de Outlands, através de bairros antigos à espera
de serem restauradas, casas de estar com janelas quebradas, areia
empilhada em suas portas. Eu ande 30 m atrás dele, mantendo minha
cabeça para baixo, desaparecendo nos aglomerados de pessoas
correndo para casa para fazer toque de recolher.
Enquanto eu caminhava eu repassava esse momento: seus olhos
olhando para mim, as palavras sussurradas para que eu pudesse ouvir.
Eu carregava dentro de mim agora, situado em algum lugar dentro do
meu coração, uma coisa pequena e silenciosa que só nós
compartilhávamos.
Finalmente a terra se abriu diante de nós. Aviões, enferrujados e
abandonados reunidos na calçada. Carrinhos de metal estavam
espalhados por toda parte, alguns vazios e dobrados, outros
amontoados de malas com roupas amassadas, sol-chamuscado. Uma
placa de metal acima do edifício se lia AEROPORTO McCARRAN.
Caleb foi para a direita. Eu o segui em frente ao estacionamento
arenoso, virando de vez em quando para verificar se há soldados. O
aeroporto estava vazio. Algumas cartas desbotadas explodiam
passando, dando cambalhotas no ar. Ele desapareceu em um edifício de
pedra longa e eu segui atrás, esperando alguns minutos antes de ir
para dentro.
No interior, sombras de aviões se erguiam acima de mim,
AMERICAN AIRLINES impresso em seus lados, em letras vermelhas e
azuis. Eu só tinha visto aviões em livros infantis antes, tinha ouvido os
professores referenciar os voos que passavam de uma costa a outra.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Psiu" a voz de Caleb chamou para fora da escuridão. Ele estava
escondido atrás de uma escada de metal curto sobre rodas. Eu fui até
ele. Me mantendo próximo à parede, nós começamos a ir em direção da
parte de trás do hangar, com o seu braço em volta do meu ombro.
"Então este é o lugar onde você vem todos os dias...," eu disse,
olhando para os aviões grandes, mais de cento e cinquenta metros de
comprimento. Suas asas de metal estavam alinhadas com a ferrugem, a
tinta branca borbulhando em alguns lugares.
"Em alguns dias. A construção está em espera agora, mas uma
semana atrás, havia cerca de cinquenta pessoas aqui todas as
manhãs." Caminhamos em direção a uma porta na parede de trás. "Os
cidadãos vêm de toda Outlands tomar turnos, em cima do trabalho que
é esperado para fazer no centro da cidade. O regime tem executado
demolição de um quilômetro a leste daqui. Durante o dia é tão alto que
você mal pode ouvir-se pensar, mas cobre a perfuração e os sons de
martelar.”
Caleb bateu cinco vezes na porta. Um homem com uma barba
cheia enfiou a cabeça para fora, um lenço vermelho amarrado na
cabeça. Suor encharcado na frente de sua camiseta. "Você não deveria
ter um encontro quente hoje à noite?" ele perguntou. Então ele me
notou em pé atrás de Caleb e um sorriso curvou em seus lábios.
"Ahhhhh... você deve ser a bela Eve!" Ele fez um grande espetáculo de
reverência, deixando um lado para o chão.
"O que é um bem-vindo" eu disse, me inclinando para trás. Ele
não havia me chamado de Genevieve, e eu imediatamente o amava por
isso.
"Este é Harper" Caleb disse. "Ele está supervisionando a
escavação enquanto eu estive em outros locais."
Harper abriu a porta apenas o suficiente para nos espremer para
dentro. Lanternas iluminavam o quarto pequeno. Outros dois, um
homem e uma mulher na casa dos trinta, ficaram em uma mesa,
pairando sobre uma grande folha de papel. Eles olharam para cima
quando eu entrei, seus olhos frios.
"Eu não estive fora desde uma da tarde" Harper continuou. Ele
era um homem com uma barriga baixa que pairava sobre o cinto, sua
camisa cinza dois tamanhos muito pequenos. "Você pode ver as estrelas
hoje à noite? A lua?" Seus olhos cinza claro dispararam de Caleb para
mim.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Eu não olhei para cima" eu disse, me sentindo um pouco
culpada. Eu estava muito focada em manter meus olhos escondidos, o
boné puxado para baixo sobre a minha testa.
Harper limpou o suor da testa. "Ela não olhou para cima," ele
brincou. "A única coisa que é difícil sobre esta cidade são as luzes. Faz
com que seja difícil ver as constelações. Você pode ter uma boa visão
das Outlands embora."
"Harper pode dizer direção pelas estrelas. É assim que ele
chegou à cidade originalmente," Caleb explicou. Ele pousou a mão nas
minhas costas enquanto ele falava seu polegar passava em minha
espinha. "O que é aquela coisa que você sempre diz, velho?"
Harper jogou a cabeça para trás e riu. "Velho é você mesmo," ele
resmungou, pousando o punho no braço de Caleb. Então ele olhou para
mim, apontando para o teto, para dar ênfase. "Há milhões de estrelas,
cada uma brilhando e queimando ao mesmo tempo. Eles morrem como
tudo o mais- você tem que apreciá-los antes deles se forem."
"Eu não vou esquecer" eu disse.
O grande escritório estava vazio, exceto por uma tabela e uma
pilha de caixas. Um buraco de cerca de três metros de largura se abria
no chão. Fiquei ali, esperando os outros dois falarem, mas eles ainda
estavam sobre o papel, seus rostos metade iluminada pelas lanternas.
"Nenhum progresso com o colapso?" Caleb perguntou a eles.
O homem era alto e magro, com óculos rachados. Ele usava a
mesma camisa e uniforme como eu estava, exceto as mangas haviam
sido rasgadas. Ele balançou sua cabeça. "Eu te disse, eu não estou
discutindo isso na frente dela."
Caleb abriu a boca para dizer algo, mas eu o interrompi. "Eu
tenho um nome," eu disse surpresa com o som da minha própria voz. O
homem mantinha os olhos no papel, estudando esboços de diversos
edifícios espalhados pela cidade, notas rabiscadas ao lado deles em
tinta azul.
"Estamos todos bem conscientes" disse a mulher, olhando para
mim. Seu cabelo loiro estava enrolado em dreadlocks finos, calça
manchada com lama. "Você é a princesa Genevieve."
"Isso não é justo" Caleb pulou. "Eu disse a você, você pode
confiar nela. Ela não é mais a família do Rei do que eu." Meu estômago
ficou tenso quando me lembrei desta tarde. Eu não tinha me afastado
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
quando ele me abraçou, me senti perto dele quando tinha falado da
minha mãe. Uma parte bem no fundo me perguntava se talvez eu fosse
culpada de alguma coisa.
O casal voltou para os esboços. "Dê-me um tempo," Harper
murmurou, acariciando Caleb nas costas. Então ele olhou para mim.
"Se Caleb diz que eu posso confiar em você, eu confio em você. Eu não
preciso de mais nenhuma prova."
"Eu aprecio isso" Caleb disse, agarrando o braço de Harper.
"Harper quem começou a construir os túneis para fora da cidade. Ele
percebeu que poderia usar os canais de inundação como ponto de
partida. Partes deles entraram em colapso ou são demasiado instáveis,
principalmente a partir de todas as demolições do rei. Estamos
constantemente vasculhando escombros, ou encontrando partes deles
bloqueados. Nós quase ficamos presos sob uma parede em um
momento, mas depois batemos uma seção inteira que desabou."
Harper subiu seu cinto. "É muito denso para vasculhar.
Precisamos descobrir uma rota alternativa através dos canais de
inundação. Sem mapas do sistema de drenagem estamos sentindo o
nosso caminho no escuro."
"Esta é a entrada do primeiro túnel" Caleb disse, apontando para
o buraco. Atrás de nós, o casal pairava sobre o seu trabalho. "Tentamos
manter o hangar do jeito que era quando o encontramos, apenas no
caso de qualquer tropa passar. O entulho é retirado no final da noite,
um pouco de cada vez, e depois a construção começa novamente na
noite seguinte- ou pelo menos costumava ser."
"Onde estão os outros dois túneis que está sendo construído?"
eu perguntei. "Quem está trabalhando nisso?" O homem e a mulher
levantaram a cabeça ao ouvir o som da minha voz.
"Por favor, não responda a isso" o homem disse, sua voz plana.
Ele alisou o papel com as duas mãos.
Todos os músculos do meu corpo ficaram tensos. "Você sabe que
eu era uma órfã" eu disse. "Até poucos dias atrás, eu acreditava que os
meus pais estavam mortos. Eu não sou uma espiã. Eu tenho amigas
que ainda estão presas nessas escolas-"
"Você sentou em seu desfile, não é?" O homem com os óculos
rachados interrompeu. Eu podia ver a minha sombra em suas lentes,
uma figura negra contra a luz laranja da lanterna. "Você não estava no
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
palco, na frente de todos os moradores da cidade, aquele sorriso
estúpido na cara? Diga-me que não era você."
Caleb deu um passo para frente, levantando a mão para me
defender das acusações do homem. "Chega, Curtis. Nós não estamos
indo para isso novamente, não agora."
Mas eu abaixei seu braço, sem conseguir me conter. "Você não
me conhece" eu disse, tentando manter minha voz firme. Eu nivelei meu
dedo em seu rosto. "Você já esteve nas escolas? Por favor, já que você
parece saber muito, diga-me como que é lá?" O homem deu um passo
atrás, mas seus olhos ainda estavam presos nos meus, recusando-se a
desviar o olhar.
Poderíamos ter ficado assim durante horas, olhando um ao
outro, mas Caleb pegou meu braço, me puxando para longe. "Vamos
sair daqui" ele sussurrou. Ele deu uma pequena saudação a Harper, e
depois estávamos de volta no hangar, a porta se fechou atrás de nós
clicando. "Eu não deveria ter trazido você aqui. Curtis e Jo têm sido
bons para mim desde que eu cheguei, foram os únicos que me
encontraram um lugar para ficar, que me apoiou quando os outros não
tinham certeza sobre deixar me ir às escavações. Eles não são
geralmente assim. Eles acabaram de ver o que pode acontecer com os
dissidentes que são descobertos."
"Eu odiei a maneira como eles olharam para mim" eu murmurei.
Nós nos movemos através do armazém em silêncio, sob a barriga do
aviões enferrujados.
Quando chegamos à porta Caleb parou, descansando a mão
sobre o lado do meu rosto. "Eu sei" ele disse, pressionando sua testa na
minha. "Sinto muito. Eles nunca podem confiar completamente você.
Mas eu sim, isso é o que importa."
Ficamos lá por um momento, sua respiração aquecendo a minha
pele, seu polegar passando em minha bochecha. "Eu sei" foi tudo o que
consegui. As lágrimas estavam quentes nos meus olhos. Aqui estávamos
nós, a milhas do abrigo, de Califia, e ainda não havia lugar para nós.
Nós estávamos saltando entre os mundos, ele no meu, eu no dele, mas
nunca seriamos capaz de realmente estar juntos em qualquer um.
Caleb olhou para o relógio, a face de vidro dividido em dois.
"Você pode tomar a segunda rua paralela à principal avenida. Vire
através do antigo mercado havaiano para voltar. Está vazio nesse
momento da noite." Ele olhou nos meus olhos. "Não se preocupe, Eve"
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
acrescentou. "Por favor, não se preocupe com eles. Vejo você amanhã à
noite."
Eu pressionei meus lábios nos dele, sentindo as pontas de seus
dedos contra a minha pele. Segurei seus dedos lá, querendo que a
sensação desconfortável e terrível diminuísse, desejando que
pudéssemos estar de volta a doca, essas três palavras flutuando entre
nós. "Amanhã à noite,” eu repeti quando Caleb colocou outro mapa
dobrado no meu bolso. Ele me deu um beijo de adeus- meus dedos,
minhas mãos, minhas bochechas e testa. Eu fiquei lá por um momento.
O resto do mundo parecia distante.
Mas quando eu comecei a atravessar a cidade, por si só,
somente com o som dos meus passos, as palavras de Curtis e Jo
retornou. Eu me encontrei argumentando o meu caso para uma sala
imaginária, explicando o meu lugar no Palácio- algo que ainda não
estava completamente certo. Não foi até que eu passei a grande fonte, a
sua superfície vítrea e continuei que eu pensei em Charles. Eu vi seu
rosto no conservatório naquela tarde quando ele apontou para a cúpula
de vidro, descrevendo todos os seus planos para a restauração.
Subi as escadas, subindo de dois em dois, ignorando a
queimação em minhas pernas. Cinquenta voos passaram rapidamente,
meu corpo energizado pelo pensamento repentino. Finalmente, havia
algo que eu poderia fazer.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
24
"os edifícios que devem ser restaurados são determinados
primeiro pelo seu pai,” Charles disse, espalhando as fotos sobre a mesa.
"Nós visitamos o lugar, tiramos medidas, ver que tipo de forma que os
edifícios têm. Então eu vou com toda a informação que eu recuperei
antes da praga- plantas, esquemas, fotos- para aprender sobre a
condição original do edifício, decidir o que pode ser restaurado e o que
queremos fazer com tudo isso."
Eu balancei a cabeça, meus olhos correndo pelas longas gavetas
do outro lado da sala. A suíte no trigésimo andar tinha sido convertida
no escritório de Charles. A cama e cômodas foram substituídas por
armários largos, e a mesa estava em frente de uma parede de vidro com
vista para a avenida principal. Uma longa mesa de madeira foi criada
como modelos, versões em miniatura de alguns dos locais que eu tinha
visto no centro da cidade: o conservatório da cúpula, os jardins
venezianos e o Grand Zoo. Uma sala menor tinha mais modelos, alguns
empilhados uns em cima do outro. Eu pedi a ele por uma turnê em seu
escritório no café da manhã naquela manhã. O rosto de Charles havia
se iluminado. O rei nos incentivou a ir, apesar de nossos pratos
acabarem de chegar à mesa, a comida ainda quente. Peguei outra foto
da montanha-russa e árcade na antiga Nova York, composto de Nova
York. "É fascinante" eu ofereci. O flash instantâneo usado mostrava
pessoas amarradas dentro de um carro, gritando, suas bochechas
sopradas de volta pelo vento. Era fascinante ver como o mundo era uma
vez, tantos anos atrás. Mas era impossível olhar para ele sem pensar
em como chegamos até aqui, agora- os meninos no abrigo ou as
cicatrizes que cruzavam a parte superior das costas de Leif.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Estou aliviado de ouvi-la dizer isso," Charles disse. "Eu poderia
falar sobre isso por horas. Às vezes eu me preocupo que eu estou a
entediando."
Deixei escapar uma risada baixa, lembrando uma das frases da
Professora Fran. "Somente as pessoas chatas se entediam," eu disse
baixinho. Virei uma foto sobre minhas mãos, tentando decifrar a escrita
suja na parte de trás. Quando olhei para cima, Charles estava olhando
para mim. "As professoras costumavam dizer isso." Eu dei de ombros.
"É bobagem, eu sei."
"As professoras," ele disse. "Certo. Eu só percebi agora que você
nunca falou sobre sua escola.”
"Se você não tem nada de bom para dizer, não diga nada,” eu
acrescentei, apontando a foto para ele. "Isso foi outra coisa que
costumavam dizer." Olhei através da porta atrás dele. Este quarto
continha tantos documentos- com papéis empilhados nos cantos,
projetos da maioria dos edifícios no centro da cidade. Tinha que haver
mais informações aqui, algo que seria útil para Caleb- eu tinha que
encontrar.
"Mas você foi à oradora da turma." Ele arrancou a foto da minha
mão e colocou para baixo. De repente eu me senti estranho, até mesmo
exposta, agora que eu não tinha nada a fazer com as minhas mãos.
"Deve ter gostado um pouco."
"Eu gostei enquanto eu estava lá," eu disse, sabendo que eu não
poderia lhe dizer a verdade agora. Sobre como nossas professoras
tinham torcido nossas lições. Sobre as minhas amigas que ainda
estavam lá dentro. Fui até a mesa, fingindo olhar para uma bola de
beisebol descansando sobre uma pilha de cadernos de folhas soltas.
Cada superfície estava coberta com mapas. Notas rabiscadas foram
gravadas na janela.
"Você gosta do meu pisa-papel," ele fez um gesto para isso. "Você
ainda pode ver as manchas de grama, se você olhar de perto. É uma
das poucas coisas que eu tenho de quando eu era criança."
Pisa-papel=( Os pisa-papéis de vidro decorativo geralmente têm
uma base plana e o topo em forma de cúpula podendo ser gravados ou
facetados. O núcleo pode ser revestido com uma ou mais camadas finas
de vidro colorido e ter cortes para revelar o motivo interior. A base sobre
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
o qual assenta, pode ser clara ou colorida, feita de papel de areia ou
com rendados.)
Segurei por um momento, estudando a costura vermelha
desbotada que estava se desfazendo em alguns lugares. "Onde você
cresceu?"
Ele abriu as mãos, sinalizando para eu jogar para ele. "Uma
cidade no norte da Califórnia. Havia transportes públicos durante a
migração, os caminhões que fizeram a viagem até aqui semana após
semana. Demorou quase dois dias com paradas. Todo mundo teve que
ser limpo por um médico de antemão.”
Eu lancei em toda a sala em um arco lento. Pensei na ala de
quarentena na Escola, como aquelas primeiras semanas foram. As
professoras só falam através de uma janela na porta. Eu era tão jovem,
mas eu ainda lembrava como eu me verificava todas as manhãs,
procurando minha pele por qualquer sinal dos hematomas sintomáticos
da praga.
"Eles nos deram essas máscaras para cobrir nossas bocas,"
Charles continuou. "Eu me lembro de que eram quinze e eu olhando em
volta para todas essas pessoas sem rosto, a maioria deles viajando para
a cidade sozinhos. Foi surreal." Ele jogou de volta para mim.
"Como estava à cidade naqueles primeiros anos?" Eu virei à bola
para cima, esfregando na mancha de grama com meu polegar.
"Deprimente," ele disse. "Ainda assim degradado. Pessoas vieram
de toda parte. Alguns deles literalmente andando por semanas,
arriscando suas vidas para chegar até aqui. Não era o lugar reluzente
que tinham imaginado. Pelo menos não depois."
Ele caminhou até os armários, do outro lado do quarto. Eu segui
um pouco atrás, agradecida quando ele abriu uma das gavetas largas,
planas, expondo todos os documentos dentro. "Esses primeiros anos em
que estivemos aqui, tudo que eu vi foi possibilidade. Eu sabia que
queria fazer o que meu pai fez, de trabalhar como ele um dia. O centro
da cidade mudou, construção de edifício. Você podia sentir a elevação
de tristeza quando as pessoas se instalaram, quando a cidade começou
a se parecer mais com o mundo de antes. Obviamente, ainda é um
trabalho em andamento. Nós ainda estamos colocando a vida de volta
para eles com restaurantes e entretenimento. Mas eu estive jogando em
torno de algumas outras ideias..."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Cada gaveta estava rotulada. Alguns se liam Outlands com
diferentes direções ao lado dele- nordeste, sudeste, noroeste, sudoeste.
Outros foram nomeados por hotéis antigos: duas gavetas cada, para
Venetian, Mirage, Cosmopolitan e Grand. "Quando começaram a
construção, eles se voltaram cada gramado e campo de golfe na cidade
com jardins utilizáveis. Que é necessário, sim," Charles disse, folheando
uma pilha de papéis na gaveta. "Mas o público não tem acesso a eles.
Nós temos água limpa agora, capacidade de sustentar as plantas. Eu
queria criar um espaço ao ar livre para todos." Ele estendeu uma folha
de papel em cima da mesa.
Eu olhei para a vasta extensão de verde, quebrado em lugares
por caminhos sinuosos. Árvores estavam tiradas em intrincados
detalhes, seus membros espalhados por lagos e jardins de pedras. O
lago gigante no centro foi cercado por três edifícios de pedra. Corri meus
dedos sobre as marcas de lápis de luz. Era tão bom desenho como
qualquer um dos que eu tinha feito na escola. "Você desenhou isso?"
"Não fique tão surpresa." Charles riu. "Vai ser quatrocentos
hectares se estiver já construído. O maior parque dentro das muralhas
da cidade."
Toda árvore e flor foram cuidadosamente desenhadas. Barcos
flutuavam ao longo de uma lagoa. Flores vermelhas e amarelas estavam
agrupadas em torno da costa. Um dos edifícios estava rotulado
CENTRO DE RECREACÃO; outro- MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL.
Um terceiro tinha um pátio e cadeiras. "A biblioteca," eu disse, sem
conseguir parar de sorrir. "Não há nada na cidade?"
"Nós restauramos uma saída da estrada principal, mas é
pequeno e sempre lotado. Isto seria de quatro andares, com uma vista
para água. É apenas uma questão de classificar todos os livros
recuperados. Há um prédio inteiro cheio deles apenas três quarteirões a
leste." Charles apontou para a sala atrás dele. "Eu tenho o modelo em
algum lugar- você gostaria de ver?"
Ele olhou para mim, os olhos azuis arregalados. Parecia uma
das bonecas na cama de Lilac em Califia, com seu queixo quadrado e
feições fortes, seu tufo de cabelos negros perfeitamente no lugar. Eu
sabia que ele era objetivamente bonito. Ficou claro todo caminho que
Clara roubou olhares para ele, ou como um grupo de mulheres
sussurrou quando ele passou. Mas cada vez que eu o vi lembrei-me do
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
meu pai, das muralhas da cidade que se levantou em torno de nós, nos
trancando dentro. "Eu adoraria," eu disse.
Assim que ele desapareceu no quarto apertado, fui até os
armários, correndo o dedo para baixo das etiquetas em cada gaveta. Os
primeiros documentos continham um dos velhos hotéis. A próxima
tinha planos de um prédio de hospital, outra duas escolas que haviam
sido restaurados dentro da Cidade. Havia aqueles marcados por algo
chamado Planeta Hollywood. Ajoelhei-me, estudando as últimas
gavetas. Charles se embaralhando na outra sala, procurando através
dos modelos empilhados, seus passos acelerando meu pulso.
"Onde ele está?" Eu sussurrei, lendo os rótulos. Três das gavetas
inferiores foram marcadas com PLANOS DE EMERGÊNCIA. Eu puxei o
primeiro aberto e comecei a folhear o seu conteúdo, documentos que
mostravam as portas nas paredes, os estoques dos armazéns de
fornecimentos de Outlands- médicos, água mineral, produtos enlatados.
Nenhum deles mostrou os túneis de inundação.
Os passos de Charles pararam por um momento, e então
começou de novo, cada vez mais alto, que vinham em direção à porta.
Puxei a última gaveta aberta. Eu não tive tempo para pensar,
simplesmente enrolei toda a pilha de papéis mais firmemente que pude
e apertei para o lado da minha bota. Enfiei a gaveta fechada e fiquei
pronta apenas quando Charles voltou para o quarto.
"Isso," ele disse, colocando o modelo em cima da mesa, “deve lhe
dar a ideia completa."
Limpei a minha testa, esperando que ele não percebesse a fina
camada de suor que se instalou na minha pele. A versão em miniatura
do parque pegou metade da mesa, as construções feitas a partir de
finos pedaços de madeira. Pintura azul tinha endurecido para formar as
lagoas. Um verde musgo como penugem cobria o chão. Charles ficou
olhando para mim, depois para o modelo, como se estivesse esperando
por algum tipo de aprovação.
"É ótimo, realmente é" eu disse, tentando manter minha voz
calma. Mas com os planos escondidos, eu só queria ficar sozinha
novamente.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Há mais," acrescentou, apontando por cima do ombro, na sala
ao lado. "Eu costumava construir isso com meu pai. Eu posso mostrar a
você os outros-"
"Está tudo bem," eu disse rapidamente, afastando-se. "Eu
realmente deveria voltar."
O rosto de Charles mudou e seu sorriso de repente desapareceu.
Ele parecia ferido. "Certo. Outra vez, então," ele disse, respirando fundo.
Seus olhos procuraram os meus, procurando desesperadamente por
algo mais.
"Outro dia," eu finalmente oferece, cedendo à culpa persistente.
Tentei me lembrar de que ele trabalhava para o meu pai. Que só tinha
passado algumas horas juntos- e isso- e que ele provavelmente tinha
suas próprias motivações para buscar a minha companhia. "Eu
prometo."
Fui para a porta, deixando-o ali, com o rosto metade iluminado
pelo sol fluindo através das cortinas. Um soldado esperou por mim no
corredor. Ele me seguiu até o elevador e até os andares superiores do
Palácio.
Quando eu estava sozinha em minha suíte sentei no chão e tirei
minhas botas. Enquanto eu classificava através das folhas finas,
qualquer culpa que sentia por enganar Charles desapareceu. Lá,
apenas dez papéis na pilha, eram esboços de túneis. LAS VEGAS
SISTEMA DE DRENAGEM digitado na parte superior em uma
impressão, bonita e perfeito.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
25
"Você não precisava fazer isso," Caleb disse quando chegamos ao
topo da escada do motel. Ele agarrou minha mão, me puxando para ele,
seus braços em volta dos meus ombros. "Mas eu estou feliz que você
fez."
Os sons fracos da música derivam de uma sala no final do
corredor. Nós tínhamos viajado através de Outlands para o apartamento
de Harper, procurando por Jo e Curtis. Agora ficamos no patamar
superior do decrepito motel. Chips de plástico desbotados estavam
espalhados por toda parte. Cadeiras quebradas cobriam o pátio. Um
homem banhava seu pequeno filho na banheira de hidromassagem
meio vazio, usando uma caixa de suco velha para lavar o sabão de seu
cabelo.
Caleb me levou pelo corredor. Ficamos perto da parede,
escondido debaixo do toldo. Algumas luzes estavam acesas nos outros
quartos, visíveis através das janelas cobertas com lonas e lençóis
rasgados. Caleb bateu cinco vezes na última porta do corredor, da
mesma maneira que ele tinha feito no hangar. Harper estava lá dentro,
sua gargalhada quebrando o silêncio.
"Vocês dois novamente." Harper sorriu, abrindo a porta. Ele
usava um longo robe azul, uma blusa cinza apertada visível logo abaixo
dele. “O que você está fazendo aqui?” ele nos introduziu, verificando e
tendo certeza de que ninguém tenha visto. A sala estava repleta de
colchões desgastados e pilhas de jornais da cidade. Curtis e Jo estavam
sentados em caixas de madeira deformadas, bebendo uma jarra de um
líquido âmbar. Curtis colocou o jarro para baixo quando ele me viu.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Seus olhos eram pequenos pontos pretos atrás de seus óculos de lentes
grossas.
"Eu tenho um presente para você," eu disse, sem conseguir
parar de sorrir. Ajoelhe e abri minha bota, passando o rolo de papéis
para ele.
Jo ajudou Curtis a espalhá-los no chão. "Isso são o que eu acho
que eles são?" ela perguntou, folheando as páginas.
"Onde é que você encontrou?" Curtis tirou um do fundo da pilha,
traçando seus dedos sobre os desenhos. Ele olhou de soslaio para Jo,
seu rosto invadindo em um sorriso. Ele cobriu a boca como se estivesse
tentando esconder isso. "Eu não acredito nisso."
"Eu acho que o que você quer dizer é „Obrigado‟" eu corrigi.
Harper soltou uma risada e piscou para mim em sinal de aprovação.
"É aí que está o colapso," Jo sussurrou, apontando para um
ponto no mapa. Ela moveu um dedo para o outro lado. "Precisamos
acessar o túnel para o leste. Todo esse tempo que estive pensando que
devemos continuar a cavar para o norte."
A panela estava fervendo em um prato quente ao lado da
geladeira, o vapor enchendo o ar com um aroma forte picante. Harper
se moveu em torno da cozinha improvisada, tomando outro jarro e
esvaziando em um copo para Caleb e eu. "Você fez bem," ele sussurrou,
entregando-me um.
"Eve roubou do escritório de Charles Harris," Caleb acrescentou,
como se isso desse maior compreensão.
Mesmo Jo riu. "O Charles Harris? A cabeça do rei do
desenvolvimento?"
Eu balancei a cabeça, tomando um gole da bebida. Tinha um
gosto semelhante a da cerveja que fizeram em Califia. "Eu trouxe para
você assim que pude." Olhei para Curtis, esperando por ele para
responder- agradecer, pedir desculpas, qualquer coisa, mas ele manteve
os olhos nos papeis, estudando a nova rota. Foi um longo tempo antes
que ele sequer olhasse para cima.
Estávamos todos olhando para ele. Ele olhou ao redor da sala e
deu de ombros. "Você é a filha do rei,” disse ele, ajeitando os óculos no
nariz. "O que você esperava?"
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Jo olhou para mim, os olhos contornados com delineador preto
grosso. "Nós cometemos um erro." Ela olhou de soslaio para Curtis. "É
difícil saber em quem confiar. Acabamos de perder alguns dos nossos
próprios por causa de vazamento de informações."
Harper sentou-se ao meu lado, passando o braço em volta do
meu ombro. "Esse é o código para 'desculpe'" ele sussurrou. Ele tomou
outro gole de sua bebida.
"Com os novos planos, isso não pode ser mais do que uma
semana de folga," Caleb ofereceu. Ele se ajoelhou ao lado de Curtis e
traçou a distância para a parede. "Eu já alertei Moss para que ele saiba
que a construção vai avançar amanhã. Ele está em contato com o Trail."
"Eu posso conseguir trinta trabalhadores pela tarde," Jo disse,
olhando para o relógio. Seus dreadlocks loiros estavam amarrados para
trás com uma tira de tecido vermelho. "Eu vou pegar os contatos saindo
os turnos da noite."
"Curtis, eu vou confiar em você para executar a construção,
enquanto eu estou em outro lugar amanhã de manhã," Caleb
acrescentou. Curtis revirou os papéis e os colocou em sua mochila. Ele
balançou a cabeça, seus olhos se movendo de Caleb para mim.
"O que significa" Harper disse, pulando para cima do colchão,
“em vez de comiseração, deveríamos estar comemorando." Ele foi até
um aparelho de som na cômoda e bateu em um disco como os que eu
tinha visto na escola. A sala encheu de baixa música, uma música boba
com um homem que fala a letra. Ele fez o mash, cantou. Ele fez um
Monstro Mash. Um Monstro Mash. Foi um estou no cemitério!
Caleb riu. "O que é isso, Harper?" ele perguntou.
Harper chutou algumas camisas amassadas fora do caminho
para limpar a pista de dança. "Este é o único CD que tenho que
funciona. Músicas de Halloween ou não, ainda é música."
Harper virou, derramando a cerveja no copo quando ele puxou
Jo junto de seu rastro. Ela evitou alguns jornais amassados, rindo todo
o caminho. Sentei no colchão, observando quando Caleb se juntou, sem
entusiasmo balançando os quadris, para deleite de Harper. "Woohoo!"
Harper gritou. "Atta menino!"
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Levei um momento para perceber que Curtis se sentou ao meu
lado. "Eu duvidei de você," ele disse tão baixo que eu mal podia ouvi-lo
sobre a música. "Temos trabalhado naquele túnel pelos os últimos três
meses e por causa de você, nós vamos poder terminar." Ele ofereceu
sua mão. "Você é um de nós agora."
Toquei do meu jeito. "Eu sempre fui" eu disse. "O Rei pode ser
meu pai, mas eu estive na selva, nas Escolas. Eu sei o que ele fez."
A música enchia a pequena sala. Curtis ficou em silêncio por um
momento, considerando o que eu disse. "Isso só me leva muito tempo
para confiar em alguém. A maioria das pessoas nas Outlands nem sabe
o meu nome real."
"Chega de latir!" Harper nos interrompeu. Ele agarrou meu
braço, me puxando para cima a partir do chão. Ele me girou uma vez,
rapidamente, seus membros soltando toda a cerveja. "Vamos nos
divertir por uma noite. Vamos, Curtis- em seus pés, cara! Caso
contrário, eu vou fazer isso, eu vou,” ele ameaçou, agarrando as alças
de seu robe, pronto para abri-lo.
Curtis levantou as mãos em sinal de rendição. Ele se juntou, se
arrastando desajeitadamente ao redor do quarto apertado. Caleb pegou
minha mão, me virou e me mergulhou tão rápido que meu estômago se
sentia leve. Seus olhos verdes encontraram os meus, os nossos rostos a
poucos centímetros de distancia nós ficamos lá por um segundo,
ouvindo o refrão bobo.
Ele se inclinou, seus lábios roçando minha orelha. "Você quer
ir?" Ele perguntou.
Ele sorriu para mim, o mesmo sorriso que eu tinha visto tantas
vezes antes. Eu amava cada parte dele. O cheiro de sua pele, a cicatriz
em seu rosto, a sensação de seus dedos pressionando em minhas
costas. A maneira como ele poderia dizer que eu estava pensando só de
olhar para mim.
"Sim" eu disse finalmente, minha pele quente sob sua mão. "Eu
pensei que você nunca perguntaria.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
26
As mãos de Caleb estavam cobrindo os meus olhos, as palmas
de suas mãos suadas contra a minha pele. Eu segurei seus pulsos,
amando o jeito que seus braços estavam à minha volta, com seus pés
de cada lado dos meus, me guiando para frente. Estávamos dentro, isso
eu poderia dizer, mas eu não sabia onde. "Agora?" eu perguntei,
tentando manter minha voz baixa. "Ainda não," ele sussurrou em meu
ouvido. Eu me arrastava na escuridão.
Logo, ele parou, me virando para a direita. Então ele deixou cair
as mãos. "Tudo bem" ele sussurrou, apoiando o queixo no meu ombro.
"Agora você pode olhar."
Abri os olhos. Estávamos em outro hangar de aviões, muito
maior do que aquele em que a entrada do túnel estava escondida.
Aviões ficavam em fileiras, alguns grandes, outros pequenos, todos
iluminados pela luz da lua que entrava pelas janelas do hangar. "Este é
o lugar onde você está vivendo?" Eu perguntei, olhando para o avião
acima de nós.
Ele pegou uma escada de metal e arrastou para baixo, suas
rodas enferrujadas rangendo e gemendo com cada turno. "Harper
encontrou para mim- ele acha que eu vou estar mais seguro aqui. É do
outro lado do aeroporto de onde estávamos ontem.” Ele apontou para os
degraus. "Depois de você."
Eu comecei a subir as escadas de metal, muito menor em
relação ao avião. Ele era muito maior quando você estava bem ao lado
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
dele, com asas que dez pessoas poderiam se encontrar
transversalmente. Lembrei do dia em que tinha lido sobre um acidente
de avião em O Senhor das Moscas. Professora Agnes nos disse sobre os
aviões que voavam sobre os oceanos e continentes, como acidentes
eram raros, mas mortal. Nós tínhamos feito ela nos contar tudo- sobre
os "comissários de bordo" que rolavam os carrinhos pelos corredores,
servindo bebidas e refeições em miniatura, sobre as televisões situadas
na parte de trás de cada assento. Que mais tarde Pip e eu tínhamos
ficado sobre a grama, olhando para o céu, imaginando como era tocar
as nuvens.
Caleb abriu uma porta oval marcado com SAÍDA DE
EMERGÊNCIA, puxando para fora e para cima com as duas mãos. Os
assentos estavam alinhados, fileira após fileira, que se estendia por todo
o caminho de volta para a cauda do avião. As máscaras de plástico
foram puxadas. Lanternas foram empoleiradas em bandejas nos
encostos dos bancos, dando todo o lugar um brilho especial.
"Eu nunca vi o interior de um desses," eu disse, seguindo Caleb
pelas filas da frente. Os assentos eram largos. Dois foram dobrados
para baixo como camas, cobertores mofados empilhados em cima deles.
Uma mochila cheia de roupas e alguns jornais velhos estavam na
cadeira ao lado dele. Acima tinha a imagem de mim do desfile, A
PRINCESA GENEVIEVE CUMPRIMENTA cidadãos escrito abaixo dela.
"Olhe para tudo nesta sala!" Virei com os meus braços e ainda
não toquei em nada.
Caleb passou por mim, para frente do avião, pousando um beijo
na minha testa, como ele fazia. "Para onde você gostaria de voar?
França? Espanha?" Ele agarrou minha mão, me levando para dentro da
cabine da frente, que estava coberto de painéis de metal e milhares de
pequenos mostradores.
"Itália" eu disse, colocando os dedos sobre o dele, quando ele
moveu um controle no banco da frente. "Veneza."
"Ahhh... você quer um passeio real de gôndola." Ele riu. Ele
deslizou um guia sobre as nossas cabeças, depois outro, fingindo que
estava se preparando o avião para a decolagem.
Peguei um dos fones de ouvido e cobri meus ouvidos. Virei um
interruptor à nossa direita, depois outro, como me acomodei em uma
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
das cadeiras. "Aperte o cinto" Caleb disse. Ele puxou a fivela na cintura,
com uma mão apoiada no meu quadril.
Ele se inclinou e apertou os controles, fingindo voar. Olhamos
pela janela da frente, olhando o escuro hangar como se realizou a visão
mais espetacular. "Nós vamos ter que parar em Londres, em primeiro
lugar," ele disse sua voz crescendo na pequena sala de metal. "Ver Big
Ben. Então talvez Espanha- depois Veneza."
Eu apontei para o chão abaixo. "Tudo é tão pequeno daqui de
cima." Me debrucei sobre ele para obter um melhor olhar para o mundo
imaginário abaixo. "A torre de Stratosphere é uma polegada de altura..."
"Olha" Caleb disse, apontando pela janela lateral. "Você pode ver
as montanhas." Ele colocou a mão na minha perna e sorriu.
"Nós estamos finalmente no caminho." O avião estava decolando,
meu corpo afundando no assento macio, e a cidade ficou cada vez
menor, os edifícios encolhendo até que desapareceu na distância.
Estávamos à deriva, sobre as nuvens, o sol radiante distante.
Depois de um longo tempo, Caleb se inclinou e tirou o cabelo do
meu templo, beijando minha testa. Ele soltou o cinto de segurança e se
levantou, me puxando para fora do meu assento, com as mãos em
meus quadris. Ele estava sorrindo para si mesmo, com os olhos
brilhantes à luz da lanterna, como se soubesse algo que eu não sabia.
Tirei o fone de ouvido. "O que é isso?" Eu perguntei, tentando
encontrar o seu olhar.
"Moss me concedeu sair da cidade," ele disse. "Assim que o
primeiro túnel estiver concluído, ele me disse que eu posso ir. Ele acha
que é perigoso demais ficar, ser líder das escavações. Eles estão
estreitando sua busca. Eu vou voltar, se ele precisa de mim."
Minhas mãos tremiam. "Então você está indo embora?" Eu
perguntei, minha voz fina com os nervos.
"Nós estamos indo embora." Ele acariciou o lado do meu rosto.
"Se você vai vim comigo. Eu quero ir para o leste, para longe da cidade.
Vai ser um risco, mas tem risco em todos os lugares. Estaríamos em
fuga novamente, o que não é o que qualquer um de nós quer, mas, por
favor, pelo menos considere.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Eu não hesitei. "É claro." Eu trouxe as minhas mãos em seu
rosto, vendo a luz da lanterna em sua pele. "Não é até mesmo uma
questão."
Ele pressionou nossos corpos juntos, suas mãos se movendo
sobre minhas costas, meus ombros, minha cintura, me puxando para
mais perto e mais perto dele. "Eu prometo que nós vamos descobrir
isso- descobrir uma maneira de viver." Ele respirou em meu pescoço.
"Isso parece certo para mim. Tudo o mais é asneira."
"Então as coisas começam agora" eu disse. "Eu estou aqui. Eu
estou com você. E em uma semana vamos embora. É tão simples como
isso."
Caleb me levantou, deixando minha costa contra a parede de
metal. Eu envolvi minhas pernas em volta de sua cintura. Ele
pressionou sua boca com a minha, suas mãos no meu cabelo. Meus
lábios tocaram os dele, em seguida, encontraram o caminho para a pele
macia de seu pescoço. Suas mãos escorregaram pelos meus lados,
correndo pelo meu colete, e se estabeleceram em minhas costelas
inferiores.
Ele me levou para a cabine. Cada centímetro de mim estava
acordado, minhas bochechas coradas, meu pulso vivo com meus dedos
das mãos e dos pés. Eu não conseguia parar de tocá-lo. Meus dedos
corriam os nós de sua coluna vertebral, demorando em cada um, um
minúsculo nó abaixo da superfície da pele. O avião estava silencioso e
imóvel, com as mãos segurando o meu pescoço quando deitamos na
cama improvisada, apenas grande o suficiente para caber nós dois. Ele
tirou a camisa e jogou no chão. Corri minhas mãos sobre o seu peito,
observando arrepios aparecerem sob meu toque. Ele soltou uma
pequena risada. Eu circulei sobre suas costelas, e depois até os
músculos quadrados de seu estômago, observando seus lábios torcer
conforme os meus dedos se moviam.
"É a minha vez," ele finalmente sussurrou, estendendo a mão
para os botões do meu colete. Ele abriu um por um. Em seguida suas
mãos se moviam rapidamente, puxando dos meus ombros e começando
a puxar camisa branca do uniforme. Ele não parou até que cada botão
tinha sido desfeito, o tecido puxado para trás, expondo o sutiã preto
que eu tinha encontrado no meu armário no primeiro dia que eu
cheguei. O mapa dobrado ainda estava lá dentro.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Ele me beijou, incapaz de parar de sorrir. Minha cabeça
descansava na curva de seu braço, seu rosto junto ao meu enquanto eu
observava sua mão mover sobre meu corpo. Seus dedos tocaram a
baixo na minha pele, o calor se espalhando debaixo deles enquanto eles
corriam ao longo do meu estômago, circulando meu umbigo. Ele traçou
uma linha até o centro das minhas costelas, o espaço plano entre os
meus seios. Depois ele passou a mão por cima de cada um. Ele fechou
os dedos, os nós dos dedos arrastando toda a carne macia que
derramava sobre o meu sutiã.
Isso era tudo o que tinha. Nossas bocas pressionadas juntas,
seu hálito quente no meu ouvido, suas palavras sussurradas quase
inaudíveis. Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Ele me beijou de novo,
seus lábios com força contra os meus quando eu me agarrei a ele. Suas
mãos estavam em cima de mim, seu corpo deslocando em cima do meu.
Depois o ar saiu de meus pulmões, e o mundo desapareceu.
As paredes foram as primeiras, depois os assentos. O chão
desapareceu debaixo de nós, as lanternas desapareceram. As vozes da
Escola foram silenciadas. Eu não podia sentir o cheiro de mofo nas
almofadas. Estávamos suspensos no tempo, suas as mãos segurando
meus lados, as minhas pernas em volta dele, puxando-o para mim
quando nós nos beijamos.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
27
Batidas nós acordaram. O avião estava tão escuro que eu não
podia ver Caleb ao meu lado. Eu só podia ouvi-lo e sentir suas mãos
procurando em volta dos meus pés por sua camisa amassada. Nós só
tínhamos estado dormindo por alguns minutos. Tínhamos apenas
adormecido. "Quem é?" Eu perguntei pânico crescendo em meu peito.
"Eu não sei," Caleb sussurrou. "Rapido- podemos sair pela porta
de trás." Ele estendeu a mão ao redor até que ele encontrou minha mão.
O calor que me confortou.
Nós procuramos por nossas roupas no chão. As batidas
continuaram, cada batida sacudia meu corpo inteiro. "Vamos lá, cara!"
Eu ouvi Harper gritar. Ele estava abrindo a porta de emergência,
tentando puxá-lo para fora. "Sou eu. Você não tem muito tempo!"
Caleb puxou sua mão da minha. A almofada que estava ao meu
lado ele passou por cima, os pés descalços preenchendo a passagem
estreita. A porta finalmente se abriu, lançando um longo quadro de luz
na cabine.
"Eu sabia disso," Harper cuspiu. Puxei o cobertor em torno de
mim, abaixando para fora da luz, lutando para encontrar as minhas
roupas. "Eu deveria ter vindo mais cedo. Eu sabia que algo estava
errado quando você não apareceu no hangar. São quase oito e meia. Ela
tem que sair daqui." Eu só podia ver o seu dedo apontando para as
profundezas do avião. Vesti minha calça e meias e prende meu sutiã
nas minhas costas. Coloquei meus pés nas botas pretas, abotoando a
camisa que eu comecei a ir para porta.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Oito e meia. Beatrice já deve ter entrado em meu quarto para me
acordar, provavelmente estava enrolando agora, com as empregadas
preparando para café da manhã. Em menos de meia hora, o Rei iria a
passos largos para o salão de jantar e sentar na cadeira enorme no final
da mesa do banquete. A refeição sempre começa às nove horas, nem
um minuto mais tarde. Sempre.
"Eu estou indo," eu disse, minha garganta seca. Abaixei a porta,
apertando o braço de Caleb em adeus. "Eu vou ir do jeito que eu vim."
Harper estava torcendo as mãos. Corri pela escada de metal, mexendo
no meu bolso, olhando para o mapa dobrado.
"Espere!" Caleb me chamou. Ele puxou o sapato enquanto
corria, pulando uma parte do caminho. "Você não pode ir por essas
estradas. Poderia haver pontos de verificação. Vou levar você." Ele
estendeu a mão para me segurar.
"Você não deveria." Eu balancei minha cabeça quando
começamos a ir em direção à porta do hangar. Corremos de avião
depois de avião, nossos passos ecoando no chão de concreto. "Há mais
risco para você. Eu não quero que você se envolva nisso."
Mas ele me seguiu de qualquer maneira, caminhando atrás de
mim enquanto eu empurrei a porta para a luz ofuscante. Ele pegou meu
braço, me puxando para trás. Seus olhos encontraram os meus por um
breve segundo. "Eu não posso deixar você ir sozinha," ele implorou. Ele
arrancou o mapa das minhas mãos e rasgou-o ao meio. "Por favor,
basta seguir atrás de mim. Ficar a poucos metros atrás."
Então ele estava fora, correndo através das Outlands, os
edifícios decrépitos cuspindo o primeiro turno de trabalhadores da
cidade. A manhã estava mais frio do que o habitual, o vento levantando
poeira e lixo. Um saco de plástico passou derivando, DORITOS impresso
em seu lado. Eu mantive minha cabeça abaixada para se misturar com
todos os outros. Estávamos todos nos movendo em direção ao centro da
cidade, vestindo coletes vermelhos idênticos, a rapidez para os nossos
passos. Nós passamos por outro hotel velho e um edifício de escritórios
com janelas queimadas. Uma fileira de casas estava plana acima, as
paredes rachadas, areia empilhados no peitoral das janelas. Em menos
de 10 minutos chegamos ao limite da cidade, e Caleb virou numa rua
ladeada de árvores finas. Segui, a estrada pavimentada dura debaixo
dos meus pés.
Quando chegamos mais perto do Palácio da multidão espessa.
Era mais difícil para evitar ser notada. Uma mulher passou com duas
crianças pequenas. A menina apontou para o meu rosto. "É a princesa,
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
mãe,” ela disse, olhando para mim por cima do ombro enquanto eu
passava.
Eu continuei andando, o vento empurrando o meu cabelo longe
do meu rosto. Eu estava grata quando ouvi sua mãe frustrada dizer
Shhhhhh. "Chega, Lizzie," ela repreendeu. "Pare de dizer coisas tolas."
Dez minutos se passaram, e depois vinte. Agora o rei estava
sentado à mesa, olhando para a cadeira vazia ao lado dele, o garfo
tinindo nervosamente contra a borda do prato. Talvez ele estivesse me
procurando no meu quarto. Beatrice iria dizer a eles que eu tinha
estado lá quando ela me deixou na noite anterior, e ela não estaria
mentindo- eu tinha estado. Eu tinha ficado na cama até que ela
estivesse no corredor, em seu próprio quarto, sua porta fechada. Eu
poderia inventar uma história. Precisando de uma bebida no meio da
noite, se sentindo claustrofóbica na suíte. Talvez a fechadura da porta
tivesse quebrado, me soltando. Mas o que quer aconteça, qualquer
história que eu inventar, uma coisa era certa: A partir de agora seria
quase impossível deixar o Palácio.
Estávamos chegando perto. Caleb caminhou com confiança, sem
pressa, com as mãos nos bolsos. Ele olhava por cima do ombro,
ocasionalmente, para ter certeza que eu ainda estava lá. Passamos por
um campo de beisebol me lembrando de minha caminhada de casa
para o hangar. Nós não podemos estar longe agora, eu disse a mim
mesma, acelerando meus passos.
Passamos por meio de um parque de estacionamento velho e por
uma estrada estreita. O monotrilho voou por cima das nossas cabeças,
os cidadãos bem vestidos sentados confortavelmente em carros grandes
do trem. O vento era implacável, o sol escondido atrás de um plano
cobertor cinza de nuvem. À medida que nos arrastávamos ao longo do
antigo hotel Flamingo o cruzamento se abriu diante de nós para revelar
um pequeno trecho da estrada principal. Mais um quarteirão, pensei
observando pelo canto de olho Caleb, onde a rua estreita esvaziou ao
lado da fonte de frente do Palácio. Ele iria virar à direita e eu iria tomar
o viaduto para o outro lado da estrada, se misturando com os
trabalhadores no shopping Palace.
Quando ele estava a poucos passos da esquina, ele se ajoelhou,
fingindo amarrar o sapato. Ele olhou para mim, sua boca se
transformando em um meio sorriso, seus olhos verdes brilhantes. Nós
tínhamos feito isso. Eu não sabia quando eu iria vê-lo novamente, ou
como, mas gostaríamos de encontrar um jeito. Eu toquei a borda do
meu boné, uma saudação quase imperceptível.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Então ele se levantou. Ele levou os seus últimos passos, virando
à direita na estrada principal para fazer um circuito de volta para
Outlands. Subi as escadas do viaduto, mantendo minha cabeça para
baixo para evitar ser vista. Levei um segundo para ouvir vozes dos
soldados, para ver a multidão que se reuniu pela entrada principal do
Palácio, os trabalhadores e os consumidores da mesma forma, todos
tentando entrar. As tropas tinham fechado o edifício, bloqueando a rua
ao norte e ao sul ao mesmo tempo. Estávamos presos.
Eu congelei no viaduto, observando o rosto apavorado de Caleb
quando ele se aproximou do Palácio. Ele correu atrás de alguns
trabalhadores, depois virou, tentando voltar pelo caminho que viemos,
pela rua estreita. Era tarde demais. Um soldado no final do ponto de
verificação já estava saindo da linha, com os olhos fixos no estrangeiro
de calças amassadas e parcialmente com a camisa para fora da calça- o
único que estava indo em direção ao palácio, depois virou.
Eu não pensei. Eu apenas corri. Eu empurrei através do viaduto
lotado e desce as escadas, correndo através da rua. Caleb estava
andando rapidamente na direção oposta, com a cabeça para baixo,
tentando desaparecer no meio da multidão. O soldado estava quase em
cima dele. Então ele estendeu a mão e agarrou o colarinho de Caleb,
puxando-o de volta.
"É ele!" Ele gritou para os outros.
Eu inquirir meus braços tão rápido quanto eu podia não parei
até que eu estava bem atrás dele. Eu pulei nas costas do soldado,
tentando puxá-lo para baixo, para dar a Caleb apenas alguns segundos-
uma chance- mas meu corpo estava leve demais para causar danos.
Outro soldado me agarrou por trás. "Eu tenho a princesa" ele
chamou, e depois estávamos no centro de todos eles, os soldados
pularam em torno de nós, um tomando conta das minhas mãos, outro
as minhas pernas.
"Caleb!" Eu gritei, esforçando-se para ver através dos homens se
movendo freneticamente em torno de mim. "Onde você está?"
Eu torci meus pulsos, tentando me libertar, mas as restrições
estavam muito apertadas. Eles me arrastaram de volta para a entrada
do Palácio, por meio da linha de baixo de arbustos, além das fontes e
alados, estátuas de mármore. A última coisa que vi foi o bastão de um
soldado, a haste negra elevando-se acima da multidão febril, seguida de
pouso, com um terrível baque, nas costas de Caleb.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
28
"Então. Clara estava certa. Ela viu você deixar o palácio naquela
noite," o rei começou. Eu não respondi. Ele andou o comprimento do
seu escritório, com as mãos atrás das costas. "Há quanto tempo você
esteve se esgueirando com isto, de mentir para mim, para todos nós?"
Quando eu fui arrastada para o shopping Palace, ele tinha
estado ali esperando por mim. Ele ordenou que os homens me
deixassem ir e para que eles não assustassem os funcionários presos
dentro das lojas. A mulher na loja de joias restauradas espiou por trás
de uma caixa de vidro de colares, observando eles desatarem minhas
mãos, meu pai mantem um controle firme sobre meu braço. "Genevieve"
ele disse, sua voz plana. "Eu lhe fiz uma pergunta."
"Eu não sei" eu consegui. Esfreguei meus pulsos, a pele ainda
vermelha de onde tinha apertado às restrições. Eu continuava vendo o
corpo de Caleb no chão. As tropas em torno dele. Um soldado havia se
afastado do bloco e cuspiu no lado da estrada. Desejava que eu pudesse
matá-lo eu mesmo.
O Rei bufou. "Você não sabe. Bem, você vai ter que descobrir
isso. Você poderia ter sido sequestrada, mantida refém- você tem
alguma ideia de como isso é perigoso? Há pessoas nesta cidade que
querem me ver morto, que acreditam que eu estou estragando este país.
Você tem sorte de não ter morrido."
Olhei para fora da janela. Eu não podia ver a cidade. Além do
vidro o mundo era todo o céu, uma extensão cinza que se estendia para
sempre. "Onde ele está?" Perguntei. "Onde eles estão o levando?"
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Isso não é mais seu negócio," o rei disse. "Eu quero saber como
você saiu, onde você estava ontem à noite, o que você estava fazendo, e
com quem você estava. Eu quero os nomes das pessoas que ajudaram
você. Você tem que entender, ele estava apenas usando-a para chegar
até mim."
"Você esta errado." Eu balancei minha cabeça. Eu olhava para o
tapete, nas linhas cuidadas e aspiradas esmagados por pegadas. "Você
não o conhece. Você não tem ideia do que você está falando."
Nesse momento ele explodiu, seu rosto ficando um rosa
profundo. "Não me diga o que eu sei," ele gritou. "Esse menino foi viver
na selva há anos, sem nenhum respeito pela lei. Você sabe que estes
não são os primeiros soldados que ele atacou? Quando ele escapou dos
campos de trabalho ele quase matou um dos guardas.”
"Eu não acredito nisso" eu disse.
"Você tem que entender, Genevieve. As pessoas que vivem fora
do regime vão perpetuar o caos. Estamos tentando construir, e eles
estão tentando destruir."
"Construir a que custo?" Eu perguntei, incapaz de suportar
mais. Eu torci o boné em minhas mãos, dobrando a borda até que ela
quase dobrou ao meio. "Não é esta sempre a pergunta? Quando vocês
estarão satisfeitos? Quando cada pessoa neste país estiver sob seu
controle? Meus amigos deram suas vidas. Arden, Pip e Ruby ainda
estão lá." O rei virou com a menção de seus nomes.
O silêncio cresceu em torno de nós. Olhei para suas costas, a
resposta cada vez mais clara antes mesmo de eu fazer a pergunta. "Você
não vai deixá-las ir, não é? Você nunca ia." Ele ainda não olhava para
mim.
Ele respirou em um ritmo, lento, arrastado, mantendo o tempo
horrível. "Eu não posso" ele disse finalmente. "Eu não posso fazer uma
exceção para elas. Assim, muitas mulheres jovens já deram o seu
serviço. Não seria certo."
"Você fez uma exceção para mim" eu tentei.
Ele balançou a cabeça. "Você é minha filha."
Eu senti como se estivesse sufocando. Lembrei-me do rosto de
Pip quando ela se enrolou ao meu lado, seu rosto pressionado contra o
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
meu travesseiro. As luzes já tinham se apagado na escola. Ruby estava
dormindo. Ficamos ali, nossas mãos entrelaçadas, luar se lançando a
partir da janela. Prometa-me que assim que chegar à cidade, vamos
encontrar uma loja de vestido. Ela beliscou seu colar, a mesma
camisola branca engomada que todo mundo usava. Espero nunca ver
mais um desses novamente.
"Pelo sangue" eu murmurei agora. "Eu sou sua filha de sangue.
Eu não pertenço aqui, neste lugar. Não com você."
Finalmente, ele encontrou meu olhar. Algo em seu rosto mudou.
Seus olhos eram pequenos e calculistas, olhando para mim como se
fosse à primeira vez. "Onde é que você pertence, então? Com ele?"
Eu balancei a cabeça, ameaçando derramar lágrimas pelo meu
rosto.
O rei esfregou o templo, deixando escapar um pequeno e triste
sorriso. "Isso não pode acontecer. As pessoas esperam que você seja
alguém como Charles- não um fugitivo dos campos de trabalho. Charles
é o tipo de homem que você deveria se casar."
"Quem é você para dizer o que eu devo fazer? Com quem eu
deveria estar?" Eu atirei de volta. "Você me conhece há menos de uma
semana. Onde você estava quando eu estava sozinha naquela casa com
a minha mãe, quando eu estava ouvindo ela morrer?"
"Eu disse a você" o Rei disse com uma borda na sua voz. "Eu
estaria lá se eu pudesse estar."
"Certo" eu disse. "E você teria dito a sua esposa sobre ela-
simplesmente não era o momento certo. E você começou a restaurar as
Outlands, para dar aos trabalhadores habitação adequada, assim que
você colocar zoológicos e museus e parques de diversões e restaurar as
três colônias no leste."
O rei levantou a mão para me silenciar. "Isso é o bastante. O que
quer que eles disseram Genevieve, o que eles disseram sobre mim- eles
têm uma ordem que você não pode começar a conhecer. Eles querem
deixar você contra mim."
"Não é assim." Eu balancei minha cabeça, odiando que a certeza
em sua voz tenha criado tantas dúvidas na minha. "Caleb teria morrido
nesse campo de trabalho, se não tivesse escapado. Você não o conhece."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Eu não preciso" o rei disse, andando em direção a mim. "Eu sei
o suficiente. Agora, eu vou perguntar mais uma vez. Eu preciso saber se
ele estava trabalhando com alguém, se você já ouviu alguma coisa sobre
os planos para atacar o Palácio. Será que alguém ameaçou você?"
Fixei as palavras de Caleb em minha mente, todas as coisas que
ele disse naquela primeira noite abaixo do solo, quando ele me contou
sobre os dissidentes que tinham sido torturados. "Ele não estava
trabalhando com ninguém" eu disse baixinho, desejando que o Rei
desviasse o olhar. "Ele estava apenas na cidade por causa de mim."
"Como você saiu de sua suíte?" ele perguntou. "Será que Beatriz
ajudou?"
"Não- ela não tinha ideia" eu disse, as palmas das mãos
pressionadas juntas. "Eu descobri o código. A porta na escada leste
estava destrancada. Eu roubei o uniforme de um apartamento nas
Outlands." Eu pensei no avião sentado abandonado no hangar, os
cobertores amassado, as lanternas escuras. Eles iriam alterar o código
agora, teria soldados estacionados na minha porta. Seria impossível
sair do palácio. Isto seria insuportável, Caleb continua nas Outlands.
Se eu tivesse qualquer motivo deixou escapar.
"Tudo o que ele disse a você, Genevieve, tudo o que ele disse- ele
está usando você. Há centenas de dissidentes na cidade. Alguns deles
estão trabalhando como errantes do lado de fora. É possível que ele
soubesse que você era minha filha antes de você.”
"Você não sabe nada sobre nós." Eu recuei, odiando a facilidade
com que todas as advertências da Escola voltaram, enchendo minha
cabeça, colorindo todo o passado e o presente. Caleb tinha essa imagem
de mim quando nos conhecemos. Ele ficou comigo no rio, me ajudando
a me esconder, mesmo quando as tropas estavam logo atrás de nós.
Não era verdade, eu sabia que não podia ser, mas as acusações
pairavam no ar.
"Você não está mais associada com ele" o rei disse. "Não há um
'nós'. Você é a princesa da À Nova América. É ruim o suficiente que os
cidadãos viram você sendo apreendida fora do Palácio ao mesmo tempo
em que ele estava. Ele cometeu um crime contra o Estado."
"Eu te disse, ele não fez isso" eu disse. "Ele não pode ser punido
por isso."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Dois soldados foram mortos em um posto de controle do
governo. Alguém tem de ser responsabilizado," disse o rei, sua voz
plana.
"Eu poderia explicar o que aconteceu, como foi em legítima
defesa."
"Essas leis existem por um motivo, quem ameaça a Nova
América ameaça a todos." Ele olhou para mim. "Você não pode defendê-
lo, Genevieve. Você não deve falar com ninguém sobre isso."
"As pessoas não têm de saber," eu tentei. "Você poderia libertá-
lo. O que importa para você, se ele estiver fora da cidade? Todo mundo
vai acreditar que ele está morto."
O rei andou o comprimento da sala. Eu vi sua hesitação
momentânea, a forma como as sobrancelhas de malha juntaram, seus
dedos trabalhando no lado de seu rosto. Eu ainda estava vestida o
uniforme, a mesma camisa que Caleb tinha desabotoado, o mesmo
colete que ele tinha retirado dos meus ombros. Eu ainda podia sentir
suas mãos correndo sobre minha pele. Nada tinha importância naquele
momento- o resto do mundo tão longe, avisos das professoras perdeu
todo o significado.
Agora, o resto da minha vida se apresentou para mim, uma
sucessão interminável de dias no Palácio, noites sozinha em minha
própria cama. A única coisa que me tinha feito ficar em Califia foi a
possibilidade de encontrar Caleb, de estar juntos novamente, em algum
momento no futuro e lugar. "Você não pode matá-lo" eu disse, minhas
mãos úmidas e frias.
O rei se dirigiu para a porta. "Eu não posso mais discutir sobre
isso" disse ele. Ele estendeu a mão para o teclado ao lado dele. Eu corri
na frente dele, as minhas mãos no batente da porta. "Não faça isso." Eu
ficava imaginando Caleb em algum quarto horrível, um soldado
atingindo-o com um bastão de metal. Eles não iriam parar até que seu
rosto- o rosto que eu tanto amava- estivesse inchado e sangrando. Até
que seu corpo ficasse horrivelmente. "Você disse que nós éramos uma
família. Isso é o que você disse. Se você gosta de mim em tudo, você não
vai fazer isso."
O rei arrancou meus dedos do batente da porta e prendeu-os em
seu próprio. "Ele vai ser julgado amanhã. Com o depoimento do tenente
tudo vai acabar em três dias. Eu vou deixar você saber quando for
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
feito." Ele se inclinou para baixo para encontrar o meu olhar. Sua voz
era suave, com as mãos apertando a minha, como se esta pequena
oferta, patética fosse algum tipo de consolo.
A porta se abriu. Ele entrou no salão tranquilo e disse algo com
o soldado do lado de fora. As palavras pareciam muito longe, em algum
lugar além de mim. Eu estava presa em minha própria cabeça, as
memórias da manhã voltando para mim. A escuridão do avião, a volta
com Caleb enquanto caminhávamos pela cidade. O vento levantando
poeira e areia, revestindo tudo com uma fina camada de sujeira.
É o fim, eu pensei, o cheiro de sua pele ainda agarrado a minha
roupa. Em três dias, Caleb estaria morto.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
29
O silêncio da suíte era intolerável. Mais tarde naquela noite, eu
me sentei na beira da cama, os minutos passando lentamente. O luar
lançando formas estranhas no chão, sombras negras ameaçadoras que
pairavam em torno de mim, a minha única companhia. Não havia mais
como fingir. Um soldado do lado de fora da minha porta agora. Caleb
estava em algum lugar além do centro da cidade, sentado em alguma
cela, tanto de nós à espera, cada hora nos trazendo mais perto do fim.
Passos ecoou no corredor. A batida na porta levantou os cabelos
finos em meus braços. O Rei entrou, sacudindo as luzes acesas, o
brilho fazendo meus olhos arderem. "Eles disseram que você queria
conversar, Genevieve." Ele sentou na poltrona, no canto, com as mãos
dobradas em conjunto, com o queixo apoiado nos nós dos dedos
enquanto me observava. "Será que você pensou sobre o que eu disse? É
uma questão de segurança- o sua e a minha."
"Eu pensei" eu respondi. Lá fora, o céu estava salpicado de
estrelas. O sol tinha desaparecido horas antes, deslizando por trás das
montanhas. Peguei a pele fina em torno de minhas unhas, me
perguntando se eu poderia realmente dizer isso em voz alta. Se eu tinha
a coragem de fazê-lo real. "Eu não posso deixar você punir Caleb por
algo que ele não fez. Eu fiz isso. Eu disse a você, eu era a pessoa que
atirou nos soldados."
O rei balançou a cabeça. "Eu não estou tendo essa conversa de
novo. Eu não-"
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Você disse que eu deveria estar com alguém como Charles, que
há expectativas para mim, como a Princesa. Mas eu não posso passar
mais um dia aqui sabendo que Caleb estará morto. Que ele foi punido
por algo que eu fiz." Minha voz falhou quando eu disse isso. Os
soldados estavam em todos os lugares agora, alguns vagando pelos
corredores, outros estacionados ao lado da minha porta. Não havia
nenhuma maneira de ir para fora. Eu respirei fundo, pensando no que
iria acontecer com Caleb após o tenente testemunhar, se ele seria
torturado, como ele seria morto. "Eu vou casar com Charles se é isso
que você quer- se é isso que você acha que eu devo fazer. Mas você tem
que deixar Caleb ir."
O rei olhou para mim. "Não é apenas o que eu quero- é o que a
cidade quer. É o que faz sentido. Você ficaria feliz com ele. Eu sei que
você ficaria."
"Então, você vai concordar com isso?"
O rei soltou uma longa respiração crepitante. "Eu sei que você
não pode vê-lo agora, mas isso vai ser o melhor para todos. Charles é
um bom homem, tem sido tão leal e-"
"Diga-me você não vai machucá-lo." Minha garganta estava
apertada. Eu não conseguia ouvir mais nada sobre Charles, como se
casar com ele de repente abriu algo dentro de mim, uma correnteza de
sentimentos, ameaçando tudo o que eu já tinha conhecido. Como se o
amor fosse uma escolha.
O rei levantou e veio em minha direção. Ele colocou a mão no
meu ombro. "Eu vou liberta-lo para além das muralhas. Mas de agora
em diante, não haverá mais conversa desse menino. Você vai buscar
um futuro com Charles."
Eu balancei a cabeça, sabendo que amanhã tudo iria se sentir
muito mais pesado. Mas agora, sentado na minha suíte, foi suportável.
Caleb iria ficar livre. Havia possibilidade de que- mesmo esperança.
Enquanto Caleb estivesse vivo, havia sempre uma esperança. "Eu quero
dizer adeus" eu disse. "Só uma última vez. Você vai me levar até ele?"
O rei olhou para fora da janela, além do Cidade. Fechei os olhos,
ouvindo o ar que vem através das aberturas, esperando por ele para
responder. Tudo o que eu podia ver era o rosto de Caleb. Na noite
passada ficamos acordados, com a sua cabeça descansando contra o
meu coração. O avião ficou em silêncio. Eu quase tive, ele disse, com os
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
olhos semicerrados. Mais uma vez. Enfiei minha mão por baixo do
cobertor, pressionando o dedo em suas costas e arrastando-o ao longo
de sua pele, soletrando as letra por letra, mais lento do que antes.
Quando terminei, ele ergueu os olhos, o nariz quase tocando o meu, um
sorriso curvando em seus lábios. Eu sei, ele disse, enterrando o rosto
no meu pescoço. Eu amo você, também.
Quando abri os olhos, o rei ainda estava ali. Ele se afastou da
janela. Sem dizer uma palavra, ele abriu a porta, gesticulando a mão
para que a gente fosse.
A PRISÃO, UM ENORME COMPLEXO CERCADO POR UMA
PAREDE DE TIJOLOS, estava a dez minutos de carro do centro da
cidade. Duas das sete torres estavam em uso, os guardas parados
elevados acima do solo, seus rifles prontos. Eles tinham me mostrado
uma sala de concreto com uma mesa e cadeiras aparafusado ao chão. O
Rei do lado de fora com um guarda, os dois me olhando. Eu sentei lá,
meus dedos batendo nervosamente sobre o metal.
Um minuto se passou. Talvez dois. Memórias empilhadas em
cima uns dos outros- momentos entre nós, a sensação do cavalo abaixo
de nós quando passamos por um obstáculo sobre a ravina, o cheiro,
úmido de terra do abrigo em nossa pele. Ele agarrou minha mão
naquela noite enquanto caminhávamos pelo corredor frio, o calor envio
uma carga de fogo ao meu braço. Espalhou-se em meu peito, disparado
pelas minhas pernas, uma sensação de despertar em cada centímetro
de mim, eletrizando até os meus pés. Até então eu estava meio viva, seu
toque a única coisa que poderia me acordar desse sono.
Um guarda trouxe Caleb para dentro. Eles haviam arruinado seu
rosto. A ferida sangrenta estendia de sua sobrancelha direito para sua
testa, dividindo sua pele. Seu rosto estava rosado e inchado. Ele estava
curvado, ainda na mesma camisa enrugada que ele colocou naquela
manhã, abotoado todo errado, o sangue preto secou em volta da gola.
"Quem fez isso?" Eu perguntei, mal capaz de obter palavras. Eu
o puxei para perto, odiando que não tinham desamarrado suas mãos,
que ele não podia tocar meu rosto ou o meu cabelo com os seus dedos.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Todos eles" ele disse, suas palavras lenta. Ele apoiou o queixo
no meu ombro. Passei a mão ao longo de suas costas, estremecendo
quando eu senti os vergões onde o bastão havia batido. Eu toquei cada
um, desejando que pudéssemos voltar para a noite passando, desejando
que pudesse desfazer tudo o que tinha acontecido desde que
acordamos.
"Eles me disseram que eles estão me lançando para fora dos
muros," ele continuou. "E que eu não posso entrar em 500 milhas da
cidade novamente. O que você disse a eles?"
O rei estava apenas fora da porta, o seu perfil visível na pequena
janela. Olhei para o concreto. "Sinto muito" eu sussurrei. "Era a única
maneira que eu poderia levá-los a deixá-lo ir."
Caleb abaixou a cabeça. "Eve- me diga. O que você disse?" ele
perguntou, com o rosto com preocupação.
Me inclinei, os meus braços em volta de seus lados. "Eu disse
que iria me casar com Charles Harris," eu sussurrei. "Isso se deixarem
você ir e eu..." Eu parei, a minha garganta apertada. De pé junto à fonte
naquele dia, Charles havia aparecido inofensivo, até mesmo doce. O
momento tinha sido um alívio bem-vindo do Palácio. Mas agora cada
palavra que ele tinha falado parecia mergulhada em segundas
intenções. Gostaria de saber quantas conversas que ele teve com o Rei-
se ele sempre soube que nós dois estávamos em alta velocidade,
inevitavelmente, para isso, um futuro que nos uniu.
Caleb balançou a cabeça negativamente. "Você não pode, Eve"
ele disse. "Você não pode."
"Nós não temos outras opções" eu disse. Os olhos do guarda
estavam em mim, seu olhar perfurando minha pele.
Caleb se inclinou para baixo, tentando encontrar o meu olhar.
"Podemos encontrar alguma maneira. Depois de se casar com ele, não
há mais você e eu- não há mais nós. Você não pode."
"Eu não quero isso também" eu disse, minha voz ameaçando
quebrar. "Mas que outra escolha temos?"
"Eu só preciso de mais tempo." Sua voz era suplicante,
desesperada. "Tem que haver um jeito."
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
O rei bateu duas vezes na porta. "Tempo esgotado" o guarda
chamou. Ele deu um passo para frente, olhando para fora para o meu
pai. Inclinei-me, tentando puxar Caleb para mim uma última vez,
segurando a parte de trás de sua cabeça para levar o queixo no meu
ombro. Eu beijei seu rosto, senti a pele macia ao redor do corte, deixei
meus dedos acariciar seu templo.
"Você tem que ficar longe daqui. Me prometa que você vai, "eu
disse, meus olhos lacrimejando. Eu sabia que se ele tivesse alguma
chance de ele usar os túneis viria me encontrar. "Nós não podemos
fazer isso de novo."
O guarda aproximou-se dele, puxando seu braço. Caleb inclinou
seus lábios contra meu ouvido direito. Ele falou tão baixo que eu mal
conseguia entender o que ele disse. "Você não é a única no papel, Eve."
Eu olhei para ele, tentando decifrar o significado por trás de
suas palavras, mas o guarda já estava levando-o para longe. Com ele
arrastado pelo braço, Caleb arrastou para trás, tentando manter o
equilíbrio, os olhos procurando o meu rosto por entendimento.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
30
Charles pousou a mão nas minhas costas. Eu podia sentir seus
dedos tremendo através do meu vestido de cetim fino.
"Você se importa?”, Ele perguntou, sua voz hesitante. Tinha sido
assim durante dias, querendo saber se ele poderia sentar-se ao meu
lado, se eu gostaria de andar com ele através das novas lojas
parisienses ou fazer uma excursão nos andares superiores do shopping
Palace. Isso me fez gostar dele ainda mais o seu constante pedir
permissão, como se estivéssemos buscando um relacionamento real.
Tudo do que seria tolerável se não incomodasse fingir um para o outro,
como se pudéssemos dizer a verdade em voz alta: Eu nunca estarei com
ele por escolha.
“Se você quiser” eu sussurrei, virando-se para a pequena
multidão que tinha se reuniram em torno de nós. O restaurante estava no Eiffel Tower, uma réplica de quase quinhentos metros do Paris original com tapetes vermelhos exuberantes e uma parede de janelas de
vidro que faziam esquecer a estrada principal. Um seleto grupo sentou em mesas cobertas de lençóis brancos. Alguns homens fumavam charutos. A fumaça branca pendurada em torno de nós, fazendo
parecer como se eu estivesse vendo tudo através de um véu pesado.
Charles pegou minha mão. Ele tinha o anel na palma da mão, o
diamante capturava a luz. Eu não tinha comido durante todo o dia,
meu estômago estava no pensamento de ocupar-se da imensidão do
mesmo, nas semanas que fariam arrastar-se como a anterior tinha, a
troca obrigatória deconversa educada passada para trás e para frente
entre nós. Não era sua culpa, parte de mim sabia que eu o odiava, mas
eu tinha que ir junto com ele. Ele sentou-se comigo todas as noites no
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
jantar, oferecendo histórias sobre a vida antes da praga, como ele
passava os verões na praia na casa de seus pais, deixando as ondas
levá-lo a costa. Ele me falou de seu último projeto na cidade. Ele nunca
mencionou Caleb ou o nosso noivado iminente, como se ignorá-lo
desfaria os fatos. Não importa o que foi dito , não importa quanto ele
tentasse, éramos apenas dois estranhos sentados em frente o outro, em
uma rota de colisão terrível.
Fazia oito dias. O rei me levou de volta para a prisão para me
mostrar a célula vazia de Caleb. Ele apontou para o exato ponto no
mapa onde Caleb tinha sido deixado para ir, uma abandonada cidade
ao norte de Califia chamado Ashland. Eu me debrucei sobre as fotos
que tinham sido tiradas como uma prova do que tinha sido feito. Caleb
já estava a meio caminho para a floresta, com uma mochila nas costas,
com o rosto virado de perfil. Ele usava a mesma camisa azul que ele
tinha usado na última vez que eu o vi. Eu reconheci as manchas no
pescoço.
Suas palavras ainda me assombravam. Eu tinha olhado para o
papelada a cada dia, à espera de ouvir que algo tinha acontecido fora
das paredes da cidade, que Caleb tinha sido manchado em algum lugar,
apesar do "relatório" público de sua execução. Mas a cada dia era o
mesmo absurdo inane. Eles especularam sobre o meu crescente
relacionamento com Charles, se a proposta era iminente. Pessoas
escreviam, dizendo que tínhamos sido vistos dentro da Cidade. Passei
noites sozinha no meu quarto, olhando para o teto, com lágrimas
escorrendo pela minha face.
Em pouco mais de uma semana minha vida tinha sido drenada
de tudo que era real. O rei bateu com o garfo contra o vidro, o tilintar
dividiu o ar. Clara estava do outro lado da sala com Rose, seu rosto
pálido. Ela me evitava desde que Charles e eu tínhamos sidos
anunciado como um casal. Eu só via ela nos eventos sociais
obrigatórios, jantares e recepções na cidade. Seus olhos pareciam
permanentemente vermelhos. Ela falava baixinho e sempre desculpava-
se saindo cedo. Eu ouvi que a mãe dela estava agora empurrando-a em
direção ao Chefe de Finanças , um homem na casa dos quarenta que
constantemente cuspia em um lenço. Sempre que eu estava certa que
não poderia haver ninguém no Palácio tão miserável como eu era, meu
pensamento ia para Clara.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Charles pegou minha mão, esperando até que eu descansei
minha mão na sua. Em seguida, ele limpou a garganta, o som enchendo
a sala silenciosa.
“Alguns de vocês podem ter notado que as coisas têm sido
diferentes para mim ultimamente. Que eu fui mais feliz desde que
Genevieve chegou ao Palácio. Agora que estamos gastando mais tempo
juntos, eu não posso imaginar estar sem ela.” Ele se ajoelhou na minha
frente, com os olhos focados nos meus. "Eu sei que nós vamos ser
felizes juntos, eu estou certo disso.” Enquanto ele falava, o resto da
multidão desapareceu. Ele só estava falando comigo, dizendo todas as
coisas não ditas entre nós. Sinto muito, mas tinha que acontecer assim.
Ele apertou minha mão, seus lábios ainda se movendo quando ele
passou sobre, como quando ele me viu pela primeira vez, na tarde ao
lado da fonte, como ele amava o som da minha risada, do jeito que eu
só fiquei lá, não se importando que a água molhasse meu vestido. Mas
eu ainda estou feliz que isso aconteceu.
“Tudo o que eu realmente preciso agora é ela dizer sim.” Ele
soltou um riso estranho e segurou o anel até para as pessoas verem. Vi
Clara com o canto do meu olho. Ela estava correndo em direção à saída,
apertando no meio da multidão, tentando esconder o rosto com as suas
mãos. “Quer se casar comigo?”
A sala ficou em silêncio, esperando pela minha resposta.
"Sim", eu disse silenciosamente, mal conseguindo ouvir as
minhas próprias palavras. "Eu vou, sim.”
O rei bateu palmas. Os outros se juntaram dentro, então todos
nos rodeavam, suas mãos me dando tapinhas nas costas e agarrando
os meus dedos, pedindo para ver o anel.
"Estou tão orgulhosa de você”, o Rei disse. Eu tentei não
estremecer quando seus lábios finos pressionaram contra a minha
testa. “Este é um dia feliz", ele anunciou como se estivesse dizendo:
para torná-lo realidade.
"Podemos tirar uma foto?” Reginald, o Chefe de Imprensa, andou
a passos largos. Sua fotógrafa, uma mulher pequena com cabelos
vermelhos, estava bem atrás dele.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Eu acho que está tudo bem”, Charles ofereceu. Ele descansou
sua mão nas minhas costas. Eu tentei sorrir, mas meu rosto estava
duro. A câmera manteve piscando, ardendo meus olhos.
Reginald abriu seu caderno, rabiscando na margem até a sua
caneta funcionar.
"Você tem que ser feliz, Genevieve”, disse ele, metade questão,
metade resposta. O rei estava bem ao meu lado. Girei o anel no meu
dedo, não parando até que ele queimou.
“É uma alegria”, disse.
Características de Reginald suavizaram, como se minha resposta
lhe agradasse.
“Eu recebi muitos comentários sobre as peças que eu soube
sobre vocês dois. Esqueça o engajamento - as pessoas já estão pedindo
quando o casamento vai ocorrer.”
“Nós gostaríamos de tê-lo o mais rápido possível”, disse o Rei
respondendo. “O pessoal já está falando sobre o cortejo através da
cidade. Vai ser espetacular. Você pode garantir as pessoas disso.”
"Eu não tenho nenhuma dúvida", disse Reginald. Ele pressionou
seu polegar na parte de trás da caneta, clique sobre ele fechado. “Estou
ansioso para correr esta notícia amanhã de manhã. Todo mundo vai
ficar feliz.”
A fumaça circundou minha cabeça. Aqui estava eu , em pé ao
lado de Charles Harris como sua noiva, fez-se em um vestido e saltos,
fazendo o que eu disse que eu nunca faria. Eu contei isso no momento
prisional tantas vezes, o rosto machucado de Caleb, os nós criados ao
longo de suas costas. Eles estavam indo para matá-lo, eu ficava
lembrando-me.
Eu tinha parado da única maneira que podia.
E ainda agora eu fazia parte do regime, uma traidora, sem
dúvida, nos olhos dos dissidentes. Imaginei Curtis lendo sobre o meu
engajamento na fábrica, segurando-o com os outros como prova que ele
estava certo sobre mim o tempo todo. Mesmo quando os túneis foram
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
concluídos, eles nunca iriam me ajudar a escapar agora. O Chefe de
Finanças sinalizou para Reginald de toda a sala. Ele estava com um
grupo de homens, o cabelo loiro gel de volta em um capacete duro.
“Se você me der licença, eu tenho algo que eu preciso atender.”
Reginald ergueu a taça mais uma vez. Então ele caminhou,
manobrando, passando por uma mulher em uma estola de pele.
O restaurante estava muito quente. A fumaça serpenteando
através do ar e achatava pelo teto. Eu cobri minha boca, incapaz de
respirar.
"Eu tenho que voltar para o meu quarto”, disse eu, tomando a
mão de Charles de mim.
O rei deixou cair o copo sobre a bandeja de um garçom.
"Você não pode simplesmente fugir”, disse ele. "Todas essas
pessoas estão aqui para ver você, Genevieve. O que devo dizer a eles?”
Ele gesticulou ao redor da sala. Alguns da multidão tinham se
estabelecido em seus lugares, outros amontoados, especulando sobre se
a mãe de Charles estaria bem o suficiente para assistir ao casamento.
Charles acenou para o rei.
"Eu posso levá-la”, ele sussurrou. Ele pegou minha mão,
apertando-a com tanta delicadeza que me assustou. "Eu acho que todo
mundo vai entender, se sairmos cedo. Tem sido uma longa noite. A
maioria dos convidados estará deixando logo de qualquer maneira.”
O Rei olhou ao redor da sala, as poucas pessoas de pé ao nosso
lado, certificando-se de que não tinham ouvido a nossa conversa.
“Acho que se você saírem juntos vai ser melhor. Justo dizer
algumas despedidas, você vai?”
Ele apertou a mão de Charles e ofereceu-me um abraço. Meu
rosto pressionado contra o peito, os braços enrolado no meu pescoço,
me sufocando. Então ele começou a andar no meio da multidão. Rose
estava agitando um copo extra em sua mão. Charles e eu nos dirigimos
para a porta. Oferecemos rápidas explicações para os convidados que
passaram - toda a emoção tinha sido demais para um dia. Quando
finalmente fomos para fora no shopping aberto, longe da multidão,
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Charles ainda não tinha soltado a minha mão. Seu rosto estava perto,
os dedos em volta minha.
“O que é isso?”, Perguntei.
“Eu continuo esperando que algo mude com a gente”, ele
sussurrou seus olhos azuis encontrando os meus. Olhei para o nosso
ombro para os dois soldados arrastando atrás de nós. Estavam a dez
metros de nós, passeando pela loja fechada bens em casa, as janelas
exibindo panelas de cobre e panelas. "Eu sei que isso não é ideal”
“Ideal”, eu disse. A palavra me fez rir. “Essa é uma maneira para
colocá-lo.” Ele se recusou a desviar o olhar.
“Eu só acho que precisamos de mais tempo. Para realmente
conhecer um ao outro. Disseram-me que tinha sentimentos por ele, mas
isso não significa que isso não pode ser mais do que é, que ele não pode
se transformar em... alguma coisa.” Eu estava grata por ele não dizer à
palavra que nós dois sabíamos que ele estava pensando: o amor. Enfiei
minha mão por baixo dele. Parecia tão estranho com o anel de
brilhantes sobre ele, como uma imagem de um livro.
"É não vou”, eu sussurrei, andando na frente. Fechei os olhos, e
por um segundo eu quase podia sentir Caleb ao meu lado, ouvir sua
risada baixa, sentir o cheiro do suor doce em sua pele. Estávamos de
volta no avião, a orelha do meu coração, agarrando-se um ao outro no
escuro. "Eu não acho que pode acontecer mais de uma vez.”
Charles me seguiu.
"Eu não acredito nisso”, disse ele. Ele olhou para o chão de
mármore. “Eu não posso."
"Por que não?” Eu perguntei, levantando minha voz. Parecia tão
estrangeiro no largo, de corredor vazio. “Por que é tão difícil para você
acreditar que alguém não gostaria de estar com você?”
Descemos as escadas rolantes. Charles estava no passo acima
de mim, com a mão passando em seu cabelo.
“Você me faz parecer tão horrível”, ele murmurou. “Não é assim.
Desde que eu pudesse lembrar, as pessoas têm falado sobre como eu
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
vou me casar com Clara, como se se tratasse de um dado. Eu tinha
dezesseis anos e todos tinham toda a minha vida planejada para mim”
Os soldados seguiram atrás de nós. Ele baixou a voz, certificando-se
que eles não ouvissem. “E, em seguida, você veio ao Palácio. Você foi
diferente. Você não passou os últimos dez anos dentro da cidade,
fazendo a mesma coisa todos os dias, vendo as mesmas pessoas.
Desculpe-me se eu gosto disso sobre você. Eu não percebi que eu não
estava autorizado a ter sentimentos sobre essa coisa toda."
"Tenha todos os sentimentos que você quer”, eu disse, uma
vantagem para a minha voz." Mas isso não significa que eu posso fingir
que isso é o que eu sempre sonhei, não para você . "
À medida que atravessava a rua em direção ao palácio, com o
olhar vagando para as fontes, as estátuas das deusas gregas que
ficavam á 15 pés de altura, esculpidas em mármore de osso branco.
Tudo vestígios do homem que eu conheci no conservatório tinham ido
embora, ele parecia tão inseguro de si mesmo agora. Ele falou
lentamente, como se ele fosse tomando muito cuidado com cada palavra
que ele escolheu.
"Isso é o que eu quero. Você é o que eu quero”, disse ele
finalmente. “Eu tenho que acreditar que você vai querer isso também,
talvez não agora. Mas algum dia. Provavelmente mais cedo do que você
pensa.”
Pegamos o elevador da torre em silêncio. Dois soldados se
juntaram a nós, escorregando na casualmente, como se eles não
estivessem assistindo, cada movimento meu. Eu desprezava Charles
então. Eu só conseguia pensar sobre as conversas que deveriam ter
acontecido entre ele e o rei, imaginando se isso era algo que tinha sido
discutido o tempo todo. Quando chegou ao seu piso, Charles se inclinou
para me beijar na bochecha. Eu me virei, não me importando se os
soldados viram. Ele deu um passo para trás, com o rosto triste. Eu
apenas apertei o botão no carro, uma e outra vez, sem parar até que as
portas se fecharam atrás, prendendo ele para fora.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
31
Encontro Beatrice no elevador. Ela caminhou para Minha suíte e
me ajudou desde o vestido, o tempo todo me perguntando sobre a festa.
Foi um alívio estar fora dessas roupas justas, meu rosto estava limpo,
meu reflexo finalmente reconhecido sem toda a maquiagem endurecida
nele. Sentamos ao lado uma da outra na cama. Eu deslizei o anel e
coloque-o sobre o criado-mudo, uma leve marca rosa no meu dedo a
última lembrança do que tinha acontecido naquela noite.
“Eu nunca consegui tanto tempo sem você", eu disse, puxando a
gola da minha camisola. “Um muito obrigado não parece suficiente.”
“Oh, filha”, disse ela, acenando-me fora com a mão. “Eu tenho
feito o que posso. Eu só gostaria de poder ajudar mais.”
"Eu não posso viver assim", falei. Meus pulmões estavam
apertados, pensei nisso, dia após dias, cada um mais sufocante do que
o anterior. Fiquei esperando que algo mudasse, para o papel revelar
notícias de Caleb. Mas não aconteceu nada. Agora não haveria planos
para o casamento, incessante, conversa sem sentido de bouquets e
anéis e quais os alimentos que iriam trazer de onde. Eu queria roupa
bege ou branca? Rosas ou lírios? Beatrice pressionou as palmas das
mãos juntas , com o rosto tenso com a preocupação.
“Você vai viver assim”, disse, "como todos nós temos, com as
lembranças da vida antes da praga. Com a esperança de que um dia vai
ser melhor.”
“Mas como?”, Perguntei. “Como é que vai ser melhor?”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Ela não respondeu. Eu coloquei meu rosto em minhas mãos. Eu
não poderia chegar ao Trail mais. Ninguém iria confiar em mim. Eu
estava sob constante vigilância agora. Caleb estava, em algum lugar
além dos muros da cidade, sem nenhuma promessa de voltar. Mesmo
se os túneis fossem construídos, como eu iria chegar até eles? E se eu
conseguisse escapar, como eu ia sobreviver na selva sozinha, sem
nenhuma arma ou comida, as tropas do rei seguindo apenas algumas
horas atrás de mim?
Beatrice sentou-se ao meu lado, trabalhando na pele fina em
sua mão.
"Desde que você chegou me pergunto... se é possível que todos
possam ser verdadeiramente felizes aqui. Você tem que segurar certas
ilusões, eu suponho. Talvez esperando seja tolice”, disse ela, olhando
para um ponto no chão. "Houve rumores em torno do Palácio. Os
trabalhadores têm falado. É verdade, o que você fez para esse menino?”
Eu ofereci um leve aceno de cabeça, sabendo que eu nunca
poderia realmente responder essa pergunta.
"Foi um ato de coragem", disse Beatrice, descansando a mão
sobre minhas costas.
Eu limpei meu nariz, a memória do rosto quebrado de Caleb
voltando para mim, à fatia de rosa suave que corria através de sua
testa, o vergão em sua bochecha.
“Ele não se sente assim", disse. "Eu nunca poderia vê-lo
novamente."
Beatrice soltou um suspiro profundo. Seus dedos vagueavam na
colcha, cavar o seu tecido dourado suave. O cheiro de charuto e fumaça
ainda se agarrava a minha pele.
“Você pode fazer qualquer coisa para a pessoa que você ama”,
disse ela finalmente. “E então, quando você não acha que você pode dar
mais de si mesmo , você faz. Você continua, porque que iriam matá-lo
então. "
Ela virou para mim, seus olhos cinzentos vacilantes . A sala se
encheu com a pressa do ar – condicionado ligado.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Eu negociei com o rei, também." Uma mecha de cabelos
grisalhos caiu em seu rosto, protegendo os olhos.
"O que você quer dizer?" Eu perguntei.
"Quando eles estavam fazendo o censo que você tinha que
responder perguntas. Será que você queria viver dentro da cidade? Será
que você queria viver fora da cidade? Quais as habilidades que você tem
a oferecer? Com que recursos que você poderia contribuir? Algumas
pessoas tinham empresas, armazéns cheios de mercadorias. Eu tinha
limpado as casas antes da praga chegar. Eu não tinha muito dinheiro,
eu e minha filha não tínhamos nada que eles queriam. Nós fomos
colocadas na menor categoria, com os trabalhos mais básicos da
habitação. Nós teríamos vivido nas Outlands com todos os outros.
Depois do caos seguindo a praga, as pessoas não tinham certeza do que
isso significa, se não seria mais o mesmo, as pessoas que lutam por
comida e água limpa, assaltos mais violentos.”
“Mas me disseram que eu tive sorte. Fui selecionada entre
milhares. Eles disseram que o meu pedido tinha sido marcado, e eu
estava ganhando um emprego no Palácio. Mas minha filha não podia vir
comigo para um emprego no Palácio. Ela iria para as escolas. Nós não
seríamos capazes de manter contato, mas ela poderia voltar para a
cidade depois que ela se formasse, se essa é a vida que ela escolheu.
Agora eu percebo que provavelmente só queriam mais crianças para as
escolas e os campos de trabalho, como muitos como eles poderiam
obter. As escolas..." Beatrice soltou um curto, triste riso. Ela esfregou
sua bochecha. “Eles deveriam ser estes locais de grande aprendizado,
onde as meninas podem ter uma boa educação. Disseram-me que lhe
daria muito mais do que a vida na cidade podia. Quando eu ouvi sobre
a Geração Golden, todo mundo me garantiu que não era obrigatório,
que os membros da iniciativa tinham oferecido. Eles disseram que para
as meninas fosse dada uma escolha. Mas, então, você veio aqui...”.
“Quantos anos ela tem?”, Perguntei. "Você sabe como ela é?”
Beatrice balançou a cabeça. "Eu não sei. Eu estava grávida
quando a praga começou. Sarah acabou de completar quinze anos no
mês passado.” Ela olhou para mim com cor de rosa, olhos
lacrimejantes, seus lábios se contraindo, enquanto ela não tentou
chorar. "Você conhece alguém lá ainda? Qualquer um que você poderia
falar a para mim?”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Peguei-lhe a mão, meus dedos tremendo. Pensei nas
queimaduras da diretora, sua flacidez, seu rosto triste, como ela tido
conhecimento do destino dos diplomados o tempo todo, como ela
mantinha as mão nas minhas costas enquanto eu tomava as vitaminas,
como ela tinha me levado ao médico em cada mês. Eu não sabia o que
tinha acontecido com a Professora Florence, se tinham descoberto que
ela me ajudou a escapar.
"Eu não sei", eu disse. "Eu posso tentar.”
Beatrice apertou meus dedos com tanta força os nós dos dedos
estavam
Brancos.
"Isso seria bom", ela disse, com voz embargada. Eu dei um
abraço, sentindo a quão pequena ela era, seus ombros curvados, as
mãos apertadas nas minhas costas.
“Sim”, foi tudo que eu consegui quando estávamos sentados lá
na quietude do quarto. "Vou tentar”.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
32
“Bem, olhe para você, Charles Harris!” Senhora Wentworth
gritou, cutucando Charles brincando no peito. "Você está mais bonito
do que nunca. Deve ser o brilho de amoooooor”, ela demorou,
balançando os quadris largos para trás. Tinham-me dito que Amelda
Wentworth era viúva de destaque na cidade, uma das fundadoras
originais que tinham dado o acesso ao seu rei morto os bens do marido,
incluindo a sua empresa de carros. Ela tinha sido como uma tia de
Charles, observando-o desde que era um adolescente, quando ele
chegou pela primeira vez na cidade.
“E você, Vossa Alteza Real”, acrescentou , fazendo uma
reverência. “Que emoção isso deve ser para você. Um dia você está
vivendo na Escola e no próximo você está aqui, dentro dos muros da
cidade. Princesa Genevieve.” Ela estava de pé ao lado de nós,
transformando a cada poucos momentos para olhar ao redor da festa
lotada .
Estávamos na cobertura de Gregor Sparks, um dos homens que
tinham recursos doados após a praga. Os três andares de apartamentos
no topo do edifício Cosmopolitan tinha uma cachoeira no centro da sala
e recuperadas pinturas de Matisse nas paredes. Era ainda outra festa
de noivado, este com delicados biscoitos enxugados com queijo e um
porco assado dispostas em uma bandeja de prata. Era maior do que as
que tivemos na Escola para cerimônias, suas coxas bem abertas, com
um trabalhado corte em sua oferta de carne.
"Foi um sonho", eu disse, meu sorriso apertado quando eu
arrumei seus cachos rígidos com spray , e o batom formando crosta
nos cantos de sua boca.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Alguns convidados se reclinavam em muito tempo, no sofá em
forma de S, de Gregor, sua tagarelice feliz enchendo o ar. Todas as
mulheres usavam vestidos e xales de seda, enquanto os homens
vestiam camisas engomadas , gravatas e coletes abotoados. Era um
mundo diferente daquele que além da parede, e em momentos como
estes, rodeados pelos cheiros que refletiam cidra e cordeiro, o selvagem
sentia longe, outro planeta em alguma distante galáxia.
"Baby, costeleta de cordeiro?” Perguntou a um garçom, me
apresentando a uma bandeja de prata.
Peguei um pedaço de carne cor de rosa pelo osso e trouxe para a
minha boca, o cheiro forte de hortelã encheram minhas narinas.
Enquanto eu segurava entre meu dedo indicador e o polegar, uma
memória levantando-se: Pip e eu no gramado da Escola, pairando sobre
o monte cinza que tínhamos descoberto nos arbustos. Um monte de
pele, sua cauda Escondia o resto de seu corpo. Pip se arrastou em
direção a ela, determinada a pegá-lo, para descobrir se ele estava
doente ou morto. Ela se abaixou e beliscou o pé, em seguida, puxou, e a
carne podre se soltou.
Nós começamos a gritar, correndo para fora dos arbustos, mas
tínhamos segurado apenas um segundo o fino, osso sangrento. Bile
subiu na parte de trás da minha garganta. Eu ainda podia ouvir Pip a
gritar. Eu deixei a costeleta de cordeiro no prato e dei um passo de
distância.
“O que é isso?”, Perguntou Charles, sua mão ainda na parte
inferior das minhas costas.
"Estou me sentindo doente," eu disse, esquivando-me longe dele.
Eu pressionei um guardanapo em minha testa e lábios, tentando me
acalmar. Eu tinha sonhado com ela ontem à noite. Pip naquela cama de
metal, e Ruby ao lado dela, então Arden. Outra garota tinha aparecido,
a menina mais nova, suas características fracas na bruma do sonho.
Quando você está vindo de volta? Pip tinha pedido a barriga
protuberante, os seios inchados e cabelo vermelho na testa. Você se
esqueceu de nós.
“Gostaria de uma bebida?”, Perguntou Charles. "Água, talvez?”
Ele sinalizou para um servidor no canto.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Só espaço”, eu disse , afastando-se. "Dê- me um minuto.”
Eu levantei um dedo. Então eu abaixei para fora da sala lotada,
não parei até que eu estava no corredor, além da cozinha, minhas
costas descansando contra a parede.
Eu fiquei lá até minha respiração ficar lenta. Eu tinha prometido
a Beatrice. Eu prometi que eu iria ajuda-la a encontrar sua filha, e
ainda nos dias que se passaram eu estava estupidamente ao lado de
Charles quando ele abriu o zoológico no antigo Grand Hotel. Eu
participei de festas de galas e organizei um café da manhã para as
esposas da Elite.
"Está tudo bem, princesa?” Sra. Lemoyne perguntou quando ela
passou no caminho para o banheiro. "Você está doente." Ela era uma
mulher tímida com maneiras rígidas, sempre repreendendo alguém por
dar algum passo em falso percebido. Eu bati minha testa com meu
guardanapo.
“Sim, Grace, obrigado você. Só precisava de um fôlego.”
“Você deve ir até a janela, então", ela insistiu. "Ao longo, lá.”
Ela me dirigiu para a sala de jantar formal, onde o servidor estava
debruçado sobre a mesa, preparando-se para servir o chá da tarde.
Outro estava ajoelhado em um armário, puxando xícaras e pires de
uma prateleira. Felizmente, a janela estava aberta, o ar fresco da noite
ondulando as cortinas.
Entrei no quarto, os murmúrios do partido ainda podiam ser
ouvidos no corredor.
"Eu espero que você não se importe”, eu disse enquanto passei
por um homem na mesa. "Eu só preciso de um minuto.” Um momento
se passou. Ele não respondeu. Eu me virei e ele estava olhando para
mim. Ele não estava usando seus óculos. Seu cabelo preto estava
alisado para baixo e seu corpo estava rígido, com os ombros para trás,
olhando tão diferente da última vez que eu o vi. Eu cobri minha boca
para me impedir de dizer seu nome em voz alta.
Curtis equilibrava a bandeja na mão. Olhei para o servidor
ajoelhando-se a poucos metros de distância, cantarolando um pouco
enquanto ele arranjou os copos em uma bandeja de prata. Um dos
chefs caminhou pelo corredor com um prato vazio. Sra. Lemoyne
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
retornou da sala das senhoras, sorrindo para mim enquanto ela
passava.
Eu olhei nos olhos de pedra cinza de Curtis, tentando decifrar o
significado por trás de seu silêncio. Eu queria perguntar se tinha ouvido
mais nada sobre o lançamento do Caleb. Eu queria saber o quão longe
ao longo dos túneis estavam se tinham retomado o trabalho na
primeira, ou se os planos tinham sido corretos. Se eles pudessem me
alcançar, no Palácio eu teria a chance e ainda poderia escapar.
Mas ele apenas nivelou seu olhar para mim, sua expressão fria.
"Chá, Princesa?”, Ele perguntou, segurando a bandeja. Abaixei-
me, meus dedos tremendo enquanto eu tomava um copo. Ele inclinou a
panela, deixando a queda de água a ferver, o vapor nublando o ar entre
nós. Em segundos ele foi embora, caminhando de volta pelo longo
corredor, o barulho contra a bandeja de prata. Ele nunca olhou para
trás. Eu estive lá, a bebida quente em minhas mãos, até que eu ouvi o
rei chamando do quarto ao lado.
“Genevieve”, ele disse, sua voz alegre e leve. "Venha agora. É
hora para o brinde comemorativo.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
33
Eu olhava pela janela, longe de toda a cidade, o ponto onde as
Outlands encontravam a parede. De cinquenta histórias até parecia tão
pequeno, uma coisa inócua você poder pular uma pedra de novo. Toda
a noite eu tinha repetido aquele momento. A expressão de Curtis era a
mesma que tinha sido o dia que nos conhecemos no hangar. Eu o
imaginava voltando para os outros e dizendo-lhes que eu tinha desfilado
em torno do apartamento, conversando alegremente com Gregor
Sparks, ou como eu estava ali sorrindo estupidamente com o Rei, sobre
o novo casal real.
Eu odiava o que ele pensava de mim, de tudo o que deve ter
pensado. Que, quando Caleb foi, eu tinha voltado para o Palácio e
acertado minha mira em me casar com Charles. Não havia nenhuma
maneira de explicar. Tudo o que eu tinha feito para provar a minha
lealdade, não importava agora. Eu era uma traidora em seus olhos. Eu
aceito que um pouco mais a cada dia, uma tristeza resolvida na tomada
de cada café, cada gala, cada brinde que ficava muito solitário.
"Sua Alteza Real", Beatrice disse , fazendo uma reverência
enquanto ela entrava na suíte. "Eu tive os vestidos entregues na sala de
estar lá embaixo. Eles estão esperando por você.”
Estudei meu reflexo no espelho, perguntando-me como alguém
podia acreditar que eu estava feliz. A pele sob meus olhos estava
inchada. Minhas bochechas tinham o mesmo olhar vazio que tinham
nos primeiros dias depois que eu cheguei. Pisquei algumas vezes,
dissipando as lágrimas.
“Você não tem que fazer isso”, eu disse finalmente.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Você prefere eles na sala de estar do andar de cima”, ela
perguntou.
"Não, o absurdo Alteza Real”, disse voltando-me para ela. "É
desnecessário aqui". Beatrice suspirou.
"Bem, eu não posso ir ao redor do Palácio chamando você
Genevieve. O Rei não vai ter isso.”
Eu peguei a barra do meu vestido azul, sentindo-me satisfeita
quando um fio solto, franzindo a seda. Eu sabia que ela estava certa.
Ainda assim, eu estava desesperada para ouvir meu nome verdadeiro
falado em voz alta, não princesa Genevieve, e não princesa ou sua real
Alteza, apenas na véspera.
"Eu estive pensando sobre a sua filha,” disse. “Eu só preciso de
algum tempo. Eu preciso descobrir qual a escola que ela está e quem é
a diretora. Talvez depois eu possa me casar.” Eu tropecei nessa palavra,
"Eu vou ter uma melhor chance de negociar sua libertação. Felizmente
temos tempo antes...”.
Beatrice olhou para mim.
"Sim, eu sei...", disse ela, sua voz um sussurro. Ficamos ali em
silêncio, e então eu tomei seu lado, embalando-a. Eu a apertei,
tentando parar o tremor nos dedos e as lágrimas que se concentravam
em seus olhos, ameaçando derramar sobre suas bochechas. "Nós
deveríamos ir," ela finalmente, disse , voltando-se para a porta.
O corredor estava silencioso. Charles e o Rei estavam na Cidade,
visitando uma das novas fazendas de fábrica perto da parede. O fraco
som de respiração veio de outro quarto.
O elevador abriu no andar de baixo, onde as gigantes caixas
brancas estavam empilhadas em um canto. Rose e Clara sentaram-se
no outro, comendo muffins de mirtilo e tomando café, uma bebida que
eu tinha ainda tentado. Rose ainda estava de pijama de seda, os cabelos
loiros presos no alto da cabeça, jornal do dia na mão. Ninguém olhou
quando entramos.
“Portanto, estes são os vestidos”, disse Beatrice, caminhando
até a pilha. “São todos de antes da praga, mas estava tratados e
preservados, o tecido ainda é brilhante. Você vai ver tudo e a renda está
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
intacta. É bastante notável.” Ela tirou a tampa de uma longa caixa no
chão, revelando um vestido branco recheado com papel.
Seu corpete foi coberta com pequenas contas. Era para eu estar
excitada, eu sabia, mas quando os meus dedos tocaram o decote,
enrolamento ao longo das duras, mangas bufantes, eu não senti nada,
mas temor.
“Você tem que fazer isso agora?” Rose disse, pousando seu
papel. "Nós estamos tomando café da manhã.” Ela balançava seu café
ao redor antes de tomar outro gole. Beatrice soltou um suspiro.
"Desculpe-me, minha senhora, mas é a Ordem do rei. Isso deve
ser feito, esta manhã, e eu não suponho que podemos passar essas
caixas agora”.
Clara revirou os olhos. Ela empurrou o prato para longe da
borda da mesa e ficou de pé, nivelando o seu olhar para mim antes de
sair pela porta. Sua mãe seguiu atrás dela. Mesmo depois delas
voltarem, pelo corredor eu podia ouvir seus sussurros de raiva, Clara
murmurando alguma coisa sobre o meu nervo .Beatrice puxou o
primeiro vestido da caixa.
"Essa menina queria estar com Charles há anos. Sua
empregada diz que não está lidando com isso muito bem, dando
continuidade e tudo mais”.
Quando Beatrice fechou as pesadas portas de madeira, tirei até
a minha roupa interior, o ar-condicionado elevando arrepios na minha
pele. Entrei no vestido e Beatrice fechou-se, me virando para encarar o
espelho na parede distante. Ele mergulhou em V profundo no tecido
translúcido da frente, com pérolas brancas agarradas aos meus braços
e peito. Puxei a gola, quase a rasgando.
"Eu não consigo respirar”, eu murmurei.
"Há mais, o amor”, disse Beatrice. Ela abriu o zíper e tirou outro
da caixa. Foi uma coisa inchada com uma cauda gigante que se seguiu
atrás de mim há quase dez pés. Passei pelo espelho, odiando como ele
expôs a pele pálida dos meus ombros.
“O que é que isso importa?” Eu disse com tristeza, como Beatrice
embalada a distância. "Qualquer fará.” Ainda assim, outro foi retirado.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Outro era colocado. Meus pensamentos se afastaram da sala, a partir
do Palácio e os vestidos e o som incessante de zíperes indo para cima e
para baixo. Caleb deve ter atingido um ponto na fuga por agora. Ele
estaria de volta em comunicação com Moss em breve. Ele não
demoraria muito para que ele fosse capaz de dizer às pessoas dentro
das paredes o que havia acontecido.
Beatrice abotoou outro vestido. Estava apertado, o topo dele
apertando meu peito, me sufocando.
"Sinto muito, Beatrice,” Eu sussurrei. “Por favor, posso fazer
uma pausa?”
"Não se desculpe.” Beatrice suspirou, desfazendo a parte de trás
do vestido. "Claro que você pode.” Ela desabotoou-o até a metade e me
soltou me entregando o conjunto simples que eu tinha usado lá
embaixo. Eu furtivamente fui em direção à mesa, caindo no lugar vago
de Clara.
"Eu vou pedir a cozinha um pouco de água gelada”, disse ela,
desaparecendo na porta.
O sol da manhã entrava pela janela, quente na minha pele.
Imaginei-me no cortejo de casamento, o carro brilhante que acabaria
pelas ruas da cidade, a multidão aplaudindo indo além das barricadas
de metal, batendo contra o vidro no viaduto. Em uma semana eu seria a
esposa de Charles Harris. Eu iria sair da minha suíte e ir para a dele.
Eu estaria ao seu lado todas as noites, com as mãos estendendo a mão
para mim na escuridão, seus lábios procurando os meus.
Eu estava olhando para o jornal, metade no quarto, metade em
outro lugar, quando o negrito entrou em foco Chá Princesa. As mesmas
palavras foram proferidas por Curtis tinham agora mesmo em frente a
mim, impressa em uma das últimas páginas do jornal. A seção de
propaganda era o único lugar onde os cidadãos poderiam enviar
mensagens um ao outro. Há que se ofereceu para negociar ou vender
itens que eles tinham feito, trouxe para, ou adquiridas na Cidade, sob o
consentimento do rei. Corri meus dedos sobre o negrito, sabendo
imediatamente o que era. O Trail sempre usava mensagens codificadas
para se comunicar. Lembrei-me de que Caleb disse na prisão, quando
ele se inclinou e cochichou na minha orelha. Você não é a única no
papel. Pensei em Curtis enfrentando na sala de jantar. Seus olhos
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
corriam para os lados enquanto ele me falou a voz tensa. Era estranho
que ele tinha dito apenas me falou, a voz tensa. Era estranho que ele
tinha dito apenas essas duas palavras e nada mais. Agora tudo fazia
sentido. Olhei para o pequeno tipo que descreveu o chá, quatro caixas
foram recuperados a partir de um antigo armazém nas Outlands. O
anúncio listado no ano, data em que foi adquirida, a marca e a cidade
eram, e um desejado preço. Perfeito para celebrar o casamento real, as
últimas linhas diziam. Divirta-se com amigos depois de assistir a
procissão. Eu fiquei olhando para ela, estudando a forma como as letras
alinhadas em cima de outra, tentando descobrir o código, se ele corria
na vertical ou horizontalmente. Beatrice voltou com dois copos de água,
colocando- para baixo em frente a mim.
“Você tem uma caneta?” perguntei, contando cada segunda
carta, em seguida, a cada três, tentando encontrar um padrão.
Ela puxou uma de seu colete e sentou-se ao meu lado, vendo
como eu contei cada quinta, então cada sexto personagem, os copiei
para baixo ao lado do outro para ver se eles faziam sentido e nada.
Linha após linha era um completo disparate. Eu finalmente encontrei o
código correndo em linha reta para baixo o segundo a última coluna. C,
1,N, P , R, $, N, eu copiei as margens do papel. K, L, 1, 3, D.
“Caleb está na prisão”, eu repeti , rasgando o anúncio saindo do
papel. “O Rei mentiu!”
“Quem é Caleb?”, perguntou uma voz. Eu me virei. Clara estava
em pé no corredor, com a mão descansando no batente da porta. Antes
que eu pudesse pensar ela correu em direção a mim, estendendo a mão
para o anúncio. Em um movimento rápido, ela puxou–o do meu
alcance. Levantei-me, tentando arrancá-lo de suas mãos, mas eu não
poderia obter um bom controle sobre ela. Então, já era tarde demais.
Ela correu pelo corredor para seu quarto, batendo a porta atrás dela.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
34
Eu estava fora, batendo até que a minha juntas dos dedos
estavam feridas.
“Abra a porta, Clara”, eu gritei. "Isto não é uma piada.” Olhei
para o corredor. Um soldado postado pelo salão estava me observando.
Beatrice estava ao lado dele, sussurrando algo, tentando explicar a luta.
Eu finalmente desisti, deixando minha testa contra a porta de madeira.
Eu podia ouvi-la andando pelo comprimento de seu quarto, o estalar
abafado de seus pés descalços contra o chão. Deteve-se no outro lado
da porta. Houve o familiarizado som elétrico do teclado. Ela abriu
alguns centímetros, revelando um pedaço de seu rosto. Ela já não tinha
o jornal em suas mãos.
"Uau, princesa”, disse ela, mal conseguindo ficar sem rir. "Eu
nunca teria te imaginado por um subversivo”.
Eu dei a porta um grande impulso, empurrando o meu caminho
para dentro, ela esfregou o braço onde a porta se bateu nela.
“Onde é que você colocou o pedaço de papel?” Eu abri a gaveta
de cima da escrivaninha, folheando uma pilha de cadernos finos. Ao
lado deles estava uma imagem aumentada de um menino e uma
menina sentados em uma varanda de madeira em um balanço, um
gatinho enrolado no colo do menino. Levei um momento para perceber
que a menina era Clara. O menino olhou apenas alguns anos mais
jovem, com o cabelo preto grosso e pele de marfim.
“Você perdeu completamente sua mente?", ela perguntou. Ela
fechou a gaveta, quase fechando os dedos dentro. “Saia do meu quarto.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Não até que você dê isso de volta para mim", falei, a
digitalização da mesa de cabeceira ao lado da cama. O edredom rosa
fofo foi coberto com almofadas de todos os tamanhos. Alguns eram de
renda, outros bordados com lírios brancos delicados. Não havia nada no
topo de seus armários. Nada na lata de lixo ao lado da mesa. Ela
provavelmente escondeu em algum lugar, esperando até que ela tivesse
a oportunidade perfeita para me expor.
“O que é que isso importa? Eu já li”. Clara atravessou-lhe os
braços sobre o peito. “É o menino, não é? O que você estava vendo à
noite?”
Eu balancei minha cabeça.
“Basta deixá-lo sozinho, Clara.”
"Eu me pergunto o que Charles iria pensar sobre isso. Você
enviando mensagens através do jornal.” Suas bochechas estavam
vermelhas e manchadas, seus dedos ainda esfregando o ponto sensível
em seu braço. "Ao menos desta vez você não pode me chamar de
mentirosa. Agora eu tenho a prova.”
Deixei escapar um longo, sacudindo respiração, incapaz de
conter-me mais.
"Você acha que eu escolhi isso? Se fosse eu nunca teria vindo
para a cidade em primeiro lugar. Eu nunca quis estar aqui.” As
sobrancelhas finas de Clara foram entrelaçadas.
“Então, por que você vai se casar com ele? Eu estava lá quando
ele lhe pediu. Ninguém fez você dizer sim.”
Olhei para a minha sombra no chão, debatendo o que dizer a
ela. Ela já tinha o suficiente para me virar dentro da verdade não podia
tornar as coisas piores.
“Porque eles iriam matar Caleb. Concordando em me casar com
Charles era a única maneira que eu poderia parar isso.” Clara se
aproximou de mim, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado.
"Então me ajude a entender isso. Você deixaria o Palácio agora
se você pudesse?”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Claro,” eu disse suavemente. "Mas eu não posso nem sair do
meu quarto. Onde quer que vá alguém está me observando. Quando eu
entrar no corredor, Beatrice estará esperando lá com o soldado pela
sala de estar. Charles me acompanha a cada refeição.” Olhei para ela e
para a janela, que estava aberta apenas uma rachadura, as cortinas
ondulando a brisa. “Você não percebeu que eu nunca estou sozinha?”
Ficamos ali na sala silenciosa, de frente uma para a outra. Ela
parecia mais esperançosa do que ela tinha em dias. Eu me endireitei,
percebendo que eu tinha algo a lhe oferecer, afinal de contas.
“Então, se você quer dizer a Charles,” continuei, "ou ao rei, ou a
sua mãe sobre essa mensagem, então tudo bem. Vou me casar com
Charles em uma semana é o que será. Mas se você quiser me ver ir
embora, esses códigos são a minha única chance”. Eu podia vê-la,
considerando, pesando o que tinha a ganhar, contra o que aconteceria
se eu escapasse. Ela franziu os lábios.
“Você não ama Charles?", ela perguntou. Seus olhos estavam
claros quando eles encontraram os meus, o ressentimento neles
diminuiu.
"Não", eu disse. "Eu não sei.”
Ela caminhou até um cofrinho de porcelana em seu criado-
mudo. Sua pintura estava lascada em lugares e um olho estava quase
raspado. Ela segurou-o, um leve sorriso cruzando seus lábios.
"Eu tenho isso desde que eu tinha três anos.” Ela encolheu os
ombros. “Eu não sairia para a cidade sem ele.” Ela virou de ponta
cabeça, puxando um pedaço quebrado de rolha do fundo. O jornal
rasgado estava lá dentro, a minha escrita rabiscou nas margens. Ela
entregou de volta para mim. "Você tem a minha promessa, então. Eu
não vou contar a ninguém.”
Eu rasguei a papel em pedaços menores que pude, enfiando eles
no bolso da minha roupa. Ela tinha dado a volta. Ela disse que não
contaria. E ela não tinha motivos que a garantiriam que eu nunca
poderia deixar o Palácio. Ela abriu a porta para mim, e eu comecei a
descer o corredor, virando os restos no meu bolso, finalmente sendo
capaz de respirar.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
35
Naquela noite, eu não conseguia comer. Eu sentei-me na mesa
de jantar, pensando em Caleb na prisão. Eu vi a ferida na testa, um
soldado deu o golpe em suas costas, torcendo-lhe o braço para que ele
conhecesse seu ombro. Eles gostariam de nomes. Eu sabia que eles
fariam. Era só uma questão de tempo antes que eles desistissem,
percebendo que ele nunca iria dar-lhes a informação de que
precisavam. Quanto tempo que eu tinha antes que o matassem?
“Qual é o problema, querida?”, Perguntou o rei, olhando para o
meu prato. "Você quer mais alguma coisa? Poderíamos ter o chef
preparando o que quiser.” Ele esticou o braço e colocou a mão no meu
braço. Meu corpo inteiro ficou tenso com seu toque. Eu respirei fundo,
tentando acalmar a minha voz.
"Eu não estou com fome,” respondi. O frango assado no meu
prato me dava repulsa.
A mesa estava cheia. Clara e Rose sentaram-se ao lado do Chefe
de Financiamento. Clara conversou alegremente com ele agora, seu
encontro de olhos, como ela fez perguntas sobre um novo negócio.
Charles estava sentado ao meu lado, conversando com Reginaldo, o
Chefe de Imprensa, sobre uma futura abertura da Cidade.
"Eu estou contente que vocês dois estão se dando tão bem.” O
rei ofereceu um leve aceno de cabeça na direção de Charles. “Eu sempre
pensei que vocês dariam”. Ele apertou o meu braço, em seguida, virou-
se para o prato.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Eu tive a súbita vontade de pegar o meu copo de água e jogá-lo
em seu rosto. E mergulhar o garfo na carne macia de sua mão. Ele
tinha mentido. Ele pensou que eu nunca saberia que eu faria percorrer
a procissão do casamento com uma leveza no meu passo, imaginando
Caleb vivo em algum lugar na selva.
O rei afastou-se da mesa e levantou-se, sinalizando que ele
estava pronto para sair. Senti o pedaço de papel no bolso do meu
casaco, correndo os dedos sobre seus cantos contundentes para
consolar-me. Depois da minha conversa com Clara, eu tinha ido de
volta para o salão e escolhido um vestido de noiva. Eu escolhi o próximo
que eu experimentei, e não me preocupei em olhar no espelho para ver
como ficou. Segui Beatrice de volta para a suíte, parando no andar de
cima da sala de estar para lançar o jornal rasgado no fogo, observando
como o anúncio e a mensagem nele contida sumia nas chamas. Então
me sentei na minha mesa e escrevi.
Tive o cuidado com cada palavra que eu escolhi, confundindo o
modo que o código poderia ser aplicado por trás, a partir do final do
texto para o início, usando todos os personagens em nono. Levei duas
horas de reorganização, movendo-se palavras e frases ao redor, até que
eu consegui alguma coisa. A peça foi um compromisso formal dirigido
ao povo de Nova America, uma missiva sobre a grande honra que era
servir como sua princesa. Falei do casamento próximo, meu grande
entusiasmo sobre as núpcias, e como eu tinha chegado primeiro a
conhecer Charles nas semanas no Palácio antes. Li a carta mais uma
vez, demorando-me sobre a palavra amor. A doença estabeleceu-se em
meu estômago. Fiquei pensando em Caleb, sozinho em alguma prisão
fria, a pele com crosta de sangue.
PARENTES QUE MENTEM? A mensagem escrita. Não há mais
tempo para jogar. Eu gostaria de ter mais para oferecer, um plano, uma
promessa que eu pudesse garantir a liberdade de Caleb. Mas se eu
confrontasse o Rei sobre as mentiras ele saberia que eu tinha uma
conexão do lado de fora, dizendo-me do paradeiro de Caleb. Tudo que
eu fizesse se tornaria suspeito novamente, e todo o trabalho que eu
tinha feito nas últimas semanas para garantir sua confiança seria para
nada.
"Gostaria de ir até o mercado para a sobremesa?” Charles
perguntou quando ele me ajudou a levantar da minha cadeira.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Ele tinha estado mais calmo nos últimos dias, parecendo
envergonhado por nossa conversa. Clara decolou com o Chefe de
Finanças, olhando para trás por cima do ombro para mim. Eu puxei o
papel dobrado do bolso.
"Na verdade, eu gostaria de falar com Reginald.” Ele virou-se
quando ouviu o seu nome.
"Para quê?”, Perguntou o rei. Ele e Charles reuniram-se ao meu
redor, o quarto menor em sua presença. O Chefe de Educação
permaneceu ao lado da porta para escutar. Deixei escapar um suspiro
profundo.
"Eu gostaria de abordar as pessoas de Nova América pela
primeira vez. Estou aqui para o bem, como sua Princesa. Eu gostaria
que eles pelo menos soubessem quem eu sou.” Eu não olhei para o Rei.
Eu não olhei para Charles. Em vez disso, eu mantive meus olhos sobre
Reginald enquanto eu lhe entregava o pedaço de papel.
"Eu acho que está tudo bem”, disse o rei, com a voz um pouco
incerta. "Enquanto não há nada de censurável na mesma, Reginald”.
Reginald beliscou a folha entre os dedos, os olhos se movendo
para baixo no papel. Suas sobrancelhas franzidas em algumas linhas e
relaxada em outros. Engoli em seco, meu peito em pânico. Ele não
poderia saber, eu disse a mim mesma, que ele não seria capaz de dizer.
E ainda a memória daquela noite em Marjorie e a casa de Otis retornou.
Vi as mãos trêmulas de Marjorie segurando o rádio, as perguntas, tão
urgentes, como Otis jogou as placas extras sob o fundo. Qual o código
que você usa? Eu a ouvi perguntar, então o som do primeiro tiro fatal.
Reginald apertou os lábios em pensamento. "Você tem certeza
que você deseja imprimir isso?” Seus olhos escuros encontraram os
meus, o Rei circulou em torno de nós, olhando por cima do ombro para
rever o conteúdo. Eu respirei, tentando retardar o batimento no meu
peito.
"Sim.”, eu disse finalmente.
Reginald sorriu e passou o papel para o rei.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"É encantador", declarou. Ele inclinou-se ligeiramente para
mostrar seu respeito. "O povo terá o prazer de ler isso no jornal de
amanhã.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
36
A geração de ouro estava sendo realizada em um complexo
nordeste da estrada principal, uma seção fechada da cidade que uma
vez tinha sido chamado um clube de campo. Seus grandes gramados
tinham sidos convertidos em jardins e as grandes lagoas foram usadas
como reservatórios. Edifícios de pedra maciça agora alojavam as
crianças em quartos, refeitório e escola. Nós paramos o tempo, curvados
na garagem. Soldados ao longo do perímetro, seus rifles na mão.
"Princesa Genevieve!” Uma voz gritou atrás de mim quando eu
encaminhei-me para as portas de vidro. "Princesa, por aqui, por favor!”
A fotógrafa de Reginald saiu do carro atrás de nós, uma câmera
na mão. Ela clicou incessantemente, me pegando quando subi em cada
passo, o Rei a poucos metros atrás. Eu não conseguia dar um sorriso.
Em vez disso, olhei para a lente, pensando em Pip, Ruby e Arden. Esta
visita tinha sido a minha sugestão. Eu queria ver onde as crianças
ficavam, para atender elas, para saber as condições de sua vida
cotidiana. Um grande pedaço seria executado no jornal do dia seguinte
sobre a ex-aluna que virou princesa a menina que entendia os
voluntários mais do que ninguém. Eu tinha planejado dar a Reginald
outra citação, outra mensagem para os dissidentes. E, no entanto,
agora que o dia estava aqui e o edifício de pedra estava certo antes de
mim, era difícil tomar sequer um passo.
“Eu acho que você vai gostar”, o Rei disse para mim quando nós
alcançamos as portas. Reginald seguiu atrás de nós, juntamente com
três soldados armados. “Os sacrifícios feitos por essas meninas não
tinham sido em vão. As crianças estão sendo levadas corretamente.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Eu tentei sorrir, mas, um sentimento inquieto enjoado balançou
minhas entranhas. Fazia três dias desde que o meu endereço correu no
papel. As pessoas tinham escrito em louvar as minhas palavras e
expressando entusiasmo sobre a minha próxima união com Charles. À
medida que cada carta foi entregue ao palácio, o rei se suavizou um
pouco mais.
Sua risada foi ouvida mais ao longo dos corredores. Suas
palavras foram gentis, mais entusiasmados, enquanto relaxava em sua
mentira. Caleb ainda estava sob custódia. Eu ia casar com Charles.
Tudo estava certo em seu mundo.
"Nós estivemos esperando por você, Princesa,” uma mulher de
branco na mudança do vestido, disse. Ela era apenas alguns anos mais
jovem que os Professores na escola, sua pele fina como papel crepe.
Uma pequena Nova Cristã americana estava presa em seu colarinho.
"Eu sou Margaret, a chefe do centro.”
"Obrigado por ter-nos recebido”, falei. "Passei toda a minha vida
em uma dessas escolas. Eu precisava vir aqui para ver esta eu mesma."
Eu entrei no salão de mármore, suas paredes ecoando com os sons das
crianças. No hall de entrada, um bouquet se sentou em uma mesa
redonda gigante, suas flores explodindo em todas as direções, enchendo
o ar com o cheiro de lírios. Ela apertou as mãos juntas quando ela me
acompanhou até a porta na parede traseira.
"Temos trabalhado duro nos últimos anos para assegurar que
as crianças estão bem cuidadas, desde que com o melhor médico.
Temos certeza que eles recebem bom exercício e comem uma dieta
equilibrada.”
O Rei e Reginald pararam atrás de mim quando eu olhei para o
amplo salão. Reginald retirou seu caderno a partir de seu terno do bolso
e anotou alguma coisa. As crianças pequenas estavam amontoadas
juntas no chão, empurrando carros de plástico e empilhamento blocos
em torres curtas. No canto a idade de uma mulher, Margaret sentou-se
com uma garotinha cujo rosto estava inchado e coberto de lágrimas,
esfregando suas costas enquanto ela chorava.
“Esta é a nossa maior sala de jogos”, disse Margaret. “Ela
costumava ser uma das salas de recepção. Nós mantemos as crianças
aqui durante o dia na esperança de que os cidadãos vão passar por aqui
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
e dar uma olhada. Com um pouco de sorte muitas dessas crianças será
adotada nos próximos meses.” Uma menina com tranças douradas
gingando sobre o fundo grosso de sua fralda. Ela olhou para cima para
nós com seus grandes olhos verde mar.
"Esta é Maya,” Margaret informou. "Ela tem dois anos e meio.”
Olhei para o rosto dela, o seu pequeno, nariz doce e suas
coradas bochechas rechonchudas. Toquei-lhe a mão, e seus dedos
minúsculos enrolados em torno dos meus, seu sorriso revelando dois
dentes da frente.
"Ela é preciosa, não é?”, perguntou Margaret. Atrás de nós, ouvi
o clique da câmara. Enquanto eu olhava em seus olhos eu só conseguia
pensar em Sophia, em que quarto horrível, seu olhar encontrando os
meus quando eu olhei através da sujeira terrível do quarto, seu olhar
encontrando a janela. Pensei na menina que tinha gritado, seus pulsos
lutando contra o couro, até que o médico tinha a silenciado com uma
agulha. Cada uma dessas crianças tinha vindo de uma garota e dos
meus amigos. Talvez a mãe de Maya tivesse sentado ao meu lado no
Refeitório escolar. Ela poderia ter sido uma das meninas de Pip que eu
admirava, mais alto do que o resto, seu rabo de cavalo brilhante
balançando para frente e para trás enquanto ela caminhava com uma
bandeja nas mãos.
“Estamos esperançosos de que mesmo aqueles que não são
adotados cresçam felizes e saudáveis, sentindo-se como se fossem
sempre amados”, Margaret continuou. Ela caminhou até uma porta
lateral e destrancou.
Começamos por um caminho de pedra, serpenteando através de
um campo de milho que estava sendo explorada por um grupo de
trabalhadores, para além de um edifício no reservatório.
"Essas crianças se tornarão cidadãos responsáveis em Nova
America. Eles vão adorar este país e conhecer o lugar que eles tiveram
no sentido de garantir o seu futuro”, disse o rei acrescentando. "Com
todas as crianças nascidas, nós crescemos em números. Tornamo-nos
menos vulneráveis . Estamos mais perto de ser a nação poderosa que já
fomos.”
Subimos os degraus de pedra e Margaret abriu uma segunda
porta, esvaziando-nos para outra sala grande. Enfermeiros em torno de
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
dezenas de camas de plástico. Os bebês estavam enrolados em
cobertores apertados. Somente os rostos redondos, cores de rosa eram
visíveis.
"Estas são as nossas chegadas mais recentes,” Margaret
acrescentou. O membro da equipe andava para cima e para baixo nas
linhas, embalando um bebê em um cobertor azul escuro. “Gostaria de
segurar um, princesa?”
"Sim", respondeu Reginald para mim. “Seria bom para ter uma
chance para o papel.”
Margaret empurrou para dentro do quarto e manobrou através
das camas, escolhendo um bebê dormindo empacotado em um cobertor
vermelho. Ela pegou-a e entregou-a em meus braços. Minha garganta
apertou apenas olhando para a pequena criatura, que tinha, sem
dúvida, sido enviada em algum caminhão, viajando quilômetros para
este frio quarto, a esperar por alguém para ela. Era verdade que o
prédio era muito diferente do que eu imaginava. Limpo, mais brilhante,
mais feliz. Cada piso estava cheio de funcionários que falaram com as
crianças em palavras sussurradas, que gentilmente acariciavam seus
fundos para mantê-los de chorar. Mas eu não conseguia olhar para
nenhuma nas camas e chupetas de plástico e os cobertores, sem estar
pensando em meus amigos.
“Por aqui, princesa”, a fotógrafa de Reginaldo chamou. “Sorria”.
Eu olhei para a lente e lembrei-me da mensagem, um calmo
conforto. Os dissidentes enviavam palavra no jornal no dia seguinte que
gostariam do meu casamento, escrevendo uma resposta sob o nome
familiar Mona Mash. Era uma carta longa e florida, uma conta jorrando
do desfile através dos olhos de uma mulher. Ela falou de sua emoção
para o casamento real, especulando sobre os melhores lugares para
repousar durante a procissão. Levei um dia inteiro para descobrir o seu
significado. Cuidadosamente copiando as letras de quase cinqüenta
maneiras diferentes, eu finalmente descobri a mensagem criptografada:
Nós temos um contato na prisão. Um plano está no lugar que deveria
obter a sua libertação. Um túnel concluído.
"Olha como você é linda”, o rei balbuciou enquanto eu segurava
o bebê em meus braços. O fotógrafo manteve tirando fotos, captura a
luz da manhã que entrava através das cortinas. O rostinho da menina
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
era calmo. Ela abriu seus olhos cinzentos, seus lábios franzindo
ligeiramente. Eu não senti o despertar da maternidade ou algo quente
dentro do meu peito. Eu só conseguia pensar no futuro diante de mim,
o que iria acontecer na próxima semana. Era apenas uma questão de
tempo, eu continuei dizendo a mim mesmo. O fim estava chegando.
Margaret pegou o bebê dos meus braços e a colocou de volta na
cama.
"Eu adoraria te mostrar mais uma coisa,” ela disse, começando
pela porta. Nós a seguimos até as escadas, o Rei descansando a mão
sobre meu ombro. "Essas crianças têm vidas reais dentro da Cidade.
Mesmo os que não são adotados saem melhor do que qualquer criança
poderia além da parede. Eles estão aqui levantadas, dada uma
adequada educação”, disse ele em voz baixa. "Elas estão tomadas de
cuidados. Os sacrifícios de suas mães foram honrados.”
"Eu posso ver isso agora”, menti, as palavras pegando na minha
garganta. “Tudo faz muito sentido.” Margaret saiu no segundo andar.
Reginald, sua fotografa, e os dois soldados seguiram atrás dela. Por um
momento, o rei e eu ficamos sozinhos na entrada. Ele virou para mim e
colocou a mão no meu ombro.
"Eu sei que isso não tem sido fácil para você”, disse ele,
baixando a cabeça para atender a meus olhos. "Mas eu aprecio o
esforço que você está fazendo. Eu acho que você vai realmente desfrutar
a vida aqui, com Charles. Acostumar levará apenas algum tempo.”
"Está ficando mais fácil”, falei sem olhar nos olhos dele. Ele foi à
primeira coisa que eu tinha dito que continha um pouco de verdade.
Desde a descoberta da mensagem no papel, me senti mais leve. Eu
podia ver uma saída deste mundo e eu estava me movendo em direção a
ela, constantemente, dia após dia. Eu tinha mais uma mensagem para
postar no papel, uma resposta da minha visita ao centro, que conteria a
mudança de um plano. Se Harper e Curtis poderiam ajudar a liberar
Caleb, eu o encontraria na manhã do casamento. Com a cidade em tal
reviravolta, teríamos as melhores chances de escapar.
Beatrice me tinha dado sua palavra de que ela iria ajudar. Ela
deixaria a suíte nupcial por um período prolongado de tempo,
desbloqueando a porta para a escada leste para permitir-me o acesso.
Eu passei dias observando Clara, esperando por ela para divulgar meus
segredos para Charles ou o rei. Depois de ver nenhum sinal de traição,
eu solicitei sua ajuda. Ela iria desviar o soldado estacionado fora do
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
meu quarto assim eu poderia escapar sem ser detectada. Eu tentei não
ficar ofendida pela forma exultante que ela estava porque eu estaria
deixando a cidade para sempre. O Rei manteve sua mão no meu ombro
enquanto caminhávamos no corredor.
"Estes são os nossos escritórios de adoção", disse Margaret.
Ela bateu em uma das portas e uma mulher de meia-idade em
um terno marinho respondeu. Eles trocaram algumas palavras e a
mulher deu um passo atrás, deixando-nos por dentro. Um casal sentou-
se em frente de uma mesa. Eles eram um pouco mais velhos do que
Beatrice, seu cabelo mostrando os primeiros sinais de cinza. Ambos
estavam quando viram o Rei e eu, o homem se curvou, e a mulher fez
uma reverência.
"Este é o Sr. E a Sra. Sherman," Margaret disse, gesticulando
para o casal. “Eles estão começando uma família.”
"Parabéns”, falei olhando para seus rostos. Os olhos da mulher
estavam rosados e aguados. O homem segurava um chapéu na sua
mão, enrolando a borda de algodão fino.
"Eles estão adotando dois filhos,” Margaret continuou. "Estamos
no processo de um mês, e hoje é o dia, eles estão trazendo para casa.”
“Duas meninas - gêmeas.” Sra. Sherman sorriu, mas seu rosto
pareceu aflito, a testa enrugada de preocupação. "É realmente um
sonho para nós.” Seu marido passou um braço ao redor do seu ombro e
apertou.
"Eu estava imaginando casais como vocês quando eu comecei o
programa,” disse o rei. "As pessoas que queriam uma segunda chance
na vida depois da praga. Este programa foi projetado para aumentar a
Nova América, enquanto permitindo que as pessoas mais uma vez
experimentem a alegria de ter uma família. Desejamos-lhe boa sorte.”
“Isso significa muito”, disse o homem em voz baixa, antes de
beijar sua esposa na testa. Ele não usava uniforme, o que me fez achar
que ele era um membro da classe média. Alguns trabalhavam nos
escritórios no Venetian, outros correram empresas no shopping Palace
ou em prédios de apartamentos na faixa principal. Suas roupas eram
usadas com cuidado, as bainhas reparadas, um pequeno buraco visível
no cotovelo sua camisa.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Margaret afastou-se, levando-nos de volta para o corredor, à
porta clicando fechada. Quando estávamos a poucos passos, ela se
virou.
"É difícil”, disse ela, com a voz baixa. “Sra. Sherman perdeu sua
família inteira em uma praga, um marido e dois filhos, um de apenas
16 meses de idade. O senhor Sherman perdeu sua esposa. Agora que o
tempo passou e eles estão estabelecidos na cidade, casaram de novo,
eles querem começar uma família. Mas abre velhas feridas, você sabe.”
O Rei estava em silêncio.
"É claro”, disse ele depois de uma longa pausa. “Todos nós
podemos entender isso.”
Descemos as escadas em silêncio, o som de nossos passos
ecoando nas paredes frias. Quando voltamos para o foyer principal
dissemos adeus a Margaret, a câmera clicando quando eu apertei a mão
dela. Saímos Reginald na entrada da frente, rabiscando em seu
caderno. Eu pensei no bebê, seu rosto doce, do jeito que ela abriu os
olhos e olhou para mim por um breve momento. Depois que eu deixasse
a cidade não haveria como voltar atrás. O Rei viria atrás de mim, e
Caleb e eu ficaríamos para sempre em fuga.
Eu não podia voltar para a escola. Eu nunca iria encontrar meu
caminho de volta a semente ou Arden. Eles ficariam presos naquele
prédio, e suas crianças enviadas para este centro estéril. Eu vi o rosto
de Ruby de novo, os olhos vidrados quando ela se inclinou em cima do
muro. Eu tive que começar a palavra para eles agora, antes de eu sair.
Comecei a descer os degraus, envolvida pelo calor do dia. O sol
queimava meus olhos, parecendo mais brilhante, mais duro ainda, pois
refletia fora do prédio de arenito.
"Pai", eu disse, consciente do título que eu tinha evitado por
tanto tempo. O rei levantou a cabeça. Os carros puxados até a calçada
circular. Soldados alinhados nos escoltando para fora. "Eu gostaria de
visitar a minha antiga escola, se só para ver as meninas menores de lá.
Eu quero ir para trás uma última vez.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Reginaldo e sua equipe foram no segundo carro, enquanto os
soldados estavam na rua, esperando por nós.
"Eu não sei se isso é prático. Você tem o casamento para se
preparar, e que poderia trazer."
“Por favor", tentei. "Eu quero vê-los apenas mais uma vez. Passei
12 anos da minha vida lá. É importante para mim. Além do mais,
poderia falar com os alunos como a princesa da Nova América." Tentei
manter minha voz calma. Os soldados estavam todos olhando para
cima, esperando por nós para descer as escadas. Algumas pessoas na
rua pararam para ver o espetáculo: o rei e sua filha fora de casa na
cidade. Ele encaminhou-se para mim, com o braço em volta do meu
ombro.
"Eu suponho que não é uma má ideia”, disse. "Já ouvi relatos de
que as meninas estavam muito confusas com seu súbito
desaparecimento." Nós deslizamos para o carro legal, com a mão pesada
na minha. “Acho que sim,” disse ele. “Mas nós vamos ter que enviar
soldados com você. E você vai ter Beatrice.”
Eu sorri, o primeiro sorriso genuíno do dia.
“Obrigado," Falei quando o carro começou a voltar para o
palácio.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
37
Chuva escorriam pela janela do JIPE, estreitas, torção de rios.
Beatrice sentou ao meu lado, com a mão sobre a minha, com o deserto
escuro espalhado diante de nós. Eu levei tudo isso e: as casas cobertas
de hera, a estrada quebrada que serpenteava por quilômetros,
pontilhada com cones laranja. Carros antigos sentados abandonados ao
lado da rodovia, seus tanques de gás deixados abertos por viajantes que
tinham tentado encontrar combustível. Cada parte se sentia familiar,
mais em casa do que qualquer outra coisa, até mesmo o Palácio, a
minha suíte, a Escola.
“Eu não vi isso em quase uma década”, disse Beatrice. "É pior do
que eu me lembrava.”
Dois soldados do sexo feminino sentaram-se no banco da frente.
A motorista, uma menina loura nova com uma marca de nascença no
rosto oval, observando o horizonte, procurando qualquer sinal de
gangues.
"Eu amo isso”, falei sem fôlego, olhando para as flores silvestres
roxas que surgiram nas rachaduras de um estacionamento velho. Uma
fábrica gigante estava na distância, a Casa Depot escrito em seu lado na
cópia desbotada. Nós tínhamos viajado por horas, mas o tempo
escapuliu facilmente. Árvores serpenteavam em volta uma da outra,
enrolando-se em direção ao céu. Rodas de bicicleta tinham enroscou
com flores e da chuva acumulada em buracos, formando poças rasas,
turvas. O outro Jeep estava bem atrás de nós, lançando sobre os
mesmos montes de pavimento que tínhamos, diminuindo à medida que
diminuiu a velocidade, observando-nos na parte de trás.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Ficaríamos na floresta novamente. Os barracos abandonados e
lojas que oferecem cobertura quando Caleb e eu nos mudamos para o
leste, de distância da cidade, as escolas e os campos. O plano foi posto
em movimento. Na manhã do meu casamento, quando eu passasse
pelas ruas congestionadas da cidade, misturando-me com as multidões,
os dissidentes iriam trabalhar com seus contatos dentro da prisão para
assegurar a libertação de Caleb.
Então nós percorreríamos o túnel, deixando a Cidade, e
esperaríamos. Nós vivemos no extremo leste do país, onde a terra não
foi visitada tanto por soldados. Nós manteríamos em contato com a
trilha até os dissidentes se mobilizarem, até que a próxima etapa fosse
planejada. Pela primeira vez em semanas, eu senti uma sensação de
propósito de controle. O futuro não era apenas uma série de jantares e
coquetéis e endereços públicos, de mentiras proferidas com um
apertado, sorriso falso.
"É isso aí”, disse o soldado no banco do passageiro apontando
para o alto muro de pedra. Ela era menor do que a outra soldada, sua
metralhadora descansando sobre suas pernas musculosas. O Rei tinha
enviado as poucas tropas do sexo feminino que tinha junto com a gente,
sabendo que a diretora nunca permitiria que os homens entrassem na
escola. Beatrice apertou minha mão.
"Eles estavam no centro de detenção juvenil antes da praga.” Ela
apontou para o fio cortante, enrolado no centro antes que estava
sentado no topo do edifício . "Diversas células para as crianças que
tinham cometido crimes.”
Chuva golpeava o carro. Quando chegamos à parede, os
soldados trocaram papelada com os guardas do sexo feminino na frente,
seus uniformes encharcados. Depois de alguns minutos nós fomos para
dentro do Jeep parando ao lado do edifício de pedra onde eu tinha
comido minhas refeições por doze anos. Agora que estávamos lá dentro,
a emoção da viagem tinha ido embora. Olhei para o lago no edifício sem
janelas, o lugar onde Pip, Ruby, e Arden foram todas detidas. O jantar
batia no meu estômago. Olhei para o mato ao lado da sala de jantar, os
únicos com a ligeira vala debaixo deles. Foi o local exato que eu tinha
encontrado Arden na noite que ela escapou. Quando ela revelou a
verdade sobre os graduados. Meu passado se levantou em torno de
mim, a escola, o gramado, o lago, tudo isso me lembrando da minha
vida antes. Através da chuva, poderia fazer para fora da janela da
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
biblioteca, no quarto andar, onde Pip e eu ficávamos sentadas lendo,
parando algumas vezes para assistir os pardais fora. A macieira ainda
estava lá, do outro lado do complexo. Nós estaríamos sob ela nos meses
de verão desfrutando da sombra. O metal falou se projetava para fora
da terra onde estamos habituados a jogar ferraduras. Eu tropecei uma
vez, o início da mesma divisão na minha canela.
“Tenho a sensação de...”, Beatrice começou, espiando os pingos
de chuva na janela. Os soldados saíram dos jipes para falar com os
guardas escolares. “... Que apenas talvez... Quem sabe, certo?” Ela não
tem que ir em frente. Ela me pediu esta manhã, a questão colocada em
meias frases, sobre se ela, sua filha poderia estar na escola. Era
possível, mas improvável. Eu duvidava que o Rei tivesse permitido que
ela viesse se sua filha estivesse aqui, e eu não me lembro de nenhuma
menina chamada Sarah. Eu tinha dito a ela o máximo, mas eu podia
ver agora que ela só pensava nisso quando ela olhou para fora da janela
para todas as milhas, os dedos nervosamente torcidos em uma mecha
de cabelo.
"Há sempre a chance,” disse, apertando a mão dela. "Nós
podemos ter esperança.”
Olhei pela janela lateral, através da parede de chuva, na figura
vindo em nossa direção. Ela estava sob um negro e gigante guarda-
chuva, a capa de chuva cinza caindo passando os joelhos. Mesmo a
partir de vinte metros de distância eu a reconheci, seus passos lentos e
desiguais, sua mandíbula quadrada, o cabelo que estava sempre
amarrado para trás em um coque apertado. A diretora.
Ela se aproximou do lado do Jeep, olhando para mim através da
chuva. Um soldado abriu a porta e me ajudou a descer no alto degrau.
"Princesa Genevieve”, disse a diretora , com a voz lenta e
deliberada, demorando-se sobre o meu novo título. "Como é agradável
de vocês para nos agraciar com sua presença.” Ela tomou outro guarda-
chuva do seu lado e colocou a mão em torno de seu pescoço,
lentamente ampliando sua cúpula de pano.
"Olá, diretora,” eu disse, enquanto o guarda ajudou Beatrice
atrás de mim. "É maravilhoso estar aqui.” Eu mantive meu queixo,
meus ombros para trás, cuidando para não revelar o terror que senti.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Eu odiava que ela tivesse esse efeito em mim, mesmo agora, quando eu
não estava mais sob sua supervisão.
Beatrice pegou o guarda-chuva e segurou-o por cima de nós.
Sua presença ao meu lado, me confortou .
"Esta é Beatrice,” falei enquanto começamos em direção ao
prédio de jantar. "Ela vai ficar a noite comigo.”
"Então, eu tenho dito ,” A diretora disse, olhando para frente.
"Eles limparam um quarto no andar de cima para vocês duas, bem
como para suas escoltas armadas. Não são nada extravagantes, apenas
as mesmas camas que você dormia quando você estava aqui. Eu espero
que não esteja terrivelmente ofendida por eles agora.”
Cada palavra era tingida com malícia. Não havia nenhuma
maneira para responder. Ela abriu a porta do prédio e fez um gesto
para que nós irmos para dentro. O corredor estava calmo, exceto para o
zumbido baixo dos geradores. Bati a água fora de meus pés quando nós
tiramos nossos casacos no armário.
“As meninas estão esperando por você na sala de jantar
principal", continuou a diretora. “Você pode imaginar o quão confusas
que ficaram quando você desapareceu na noite anterior à graduação.
Primeiro Arden, então você. Ele levantou uma série de questões para
eles, especialmente nas mais jovens.”
"Eu entendo".
"Seu pai estendeu a mão para mim sobre esta visita. Eu tenho
dito que você está falando esta noite sobre o valor de sua educação e
seus deveres reais em Nova America. E com isso você vai acalmar esses
jovens do dom que eles têm recebido apenas por estarem aqui.”
“Isso é correto”, eu disse, o calor rastejando em minhas
bochechas. “São essas as garotas na Escola? " Olhei de soslaio para
Beatrice.
"Sim", a diretora disse, virando-lhe as costas. “Vamos começar
então? Há apenas uma hora até desligarem as luzes”.
Descemos o mesmo corredor de azulejos que eu atravessava
centenas de vezes antes, com Pip e Ruby no braço, quando nós íamos
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
para o café da manhã, almoço e jantar. Nós penetramos no final de uma
noite, tentando escapar dos pudins extras da cozinha, quando Ruby
gritava , xingando um rato que tinha disparado sobre seus pés.
Corremos todo o caminho de volta até o quarto do dormitório, não
parando até que estivéssemos lotadas na minha cama, o cobertor
puxado sobre nossas cabeças. Beatrice estava torcendo os dedos. Eu
defini a minha mão nas costas para acalmá-la, mas não ajudou. Eu
podia sentir cada respiração curta e rápida, sob o suéter dela. Nós
finalmente chegamos no salão principal, uma sala gigante com mesas
metálicas aparafusadas no chão.
Mais de cem meninas sentaram lá, todas com idade superior a
doze anos.
Os mais novos tinham sido provavelmente entregue pelos pais
que agora vivia na cidade, pais como Beatrice que tinha acreditado que
suas filhas teriam uma vida melhor. Os mais antigos eram órfãos que
gostavam de mim.
Eles endireitaram-se em seus assentos quando me viram, os
seus sussurros dando lugar a um silêncio completo.
"Vocês todos conhecem a Princesa Genevieve,” A diretora disse,
com a voz drenada de todo entusiasmo. "Por favor, levantem-se e
mostrem-lhe seu respeito.”
As meninas se levantaram e fizeram uma reverência ao mesmo
tempo. Eles foram vestidos com as mesmas jaquetas que eu tinha
usado todos os dias quando eu estava aqui, a cristã Nova America
colado sobre a parte dianteira.
“Boa noite, Sua Alteza Real”, disseram em uníssono. Eu
reconheci um décimo do primeiro ano de cabelo preto na frente. Ela
tocava na banda da noite antes da formatura, a música que roda no ar,
acima do lago. Fiz um gesto para eles para se sentarem.
“Boa noite,” respondi, minha voz ecoando na sala. Olhei para a
multidão, reconhecendo os rostos de alguns dos alunos que estiveram
abaixo de mim na escola.
Seema, uma menina de olhos escuros, com a pele lisa, amêndoa-
colorido, ofereceu-me uma pequena onda. Ela ajudava a Professora
Fran na biblioteca, verificando os livros de história da arte que eu
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
amava resistir. Ela estava sempre pedindo desculpas para os volumes
perdidos.
“Obrigado por me convidar de volta. Reconheço que muitos de
vocês do meu tempo aqui. Por muitos anos, este lugar foi a minha casa.
Eu me senti tão segura aqui, e bem amada”. A diretora cruzou os
braços sobre o peito, me olhando do lado da sala. Beatrice estava ao
lado dela, preocupando-se os botões de seu vestido enquanto
examinava a multidão, estudando cada menina, procurando em cada
rosto. “Eu sei que minha saída da escola causou alguma confusão para
todos vocês. E agora que vocês já ouviram a notícia da Cidade, meu pai
é o Rei, e eu sou a princesa de Nova América”. Com isso, as meninas
comemoraram. Fiquei ali, tentando sorrir, mas meu rosto estava duro.
Meu estômago estava retorcido e tenso, o meu jantar ameaçando subir.
"Eu queria falar com vocês diretamente e dizer-lhes que não haverá
maior campeão para vocês dentro da Cidade de Areia. Eu vou fazer tudo
que posso para defender as suas necessidades." Foi sincero. Foi vago o
suficiente para convidar a interpretação. Eu não poderia mentir para
eles, seus rostos excitados lembrando-me dos meus tantos anos antes.
“Foi-me dado muito tempo para meus estudos. Eu me tornei
uma artista, uma pianista, uma leitora, uma escritora, entre muitas
outras coisas. Tirem proveito disso.” Uma mão atirou-se na parte de
trás da multidão, depois outra, depois um terceiro, até um quarto das
meninas tinham levantado, me esperando para chamá-los. "Eu acho
que estamos prontos para perguntas,” falei. É apenas uma questão de
tempo, eu continuei dizendo, olhando para seus rostos. Os túneis
estariam terminados, o resto das armas por meio de contrabando. Os
dissidentes estariam organizados em breve. Nós apenas tínhamos que
esperar. Liguei em uma menina curto na parte de trás com uma longa
trança negra.
"Quais são seus deveres como princesa?”, ela perguntou.
Peguei na pele do meu dedo. Eu queria dizer a ela como todo o
poder tinha sido tirado de mim no momento em que eu pisei dentro do
Palácio, como o rei só me deixou falar se era para apoiar o regime.
"Eu fui visitar um monte de pessoas na Cidade, em todos os
lugares diferentes, para dizer-lhes sobre o Rei da visão para a Nova
America”.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Quem são seus amigos?”, Perguntou outra garota.
Virei-me para Beatrice, que estava de pé ao lado da diretora. Ela
mordeu o dedo enquanto olhava sobre a linha da frente das meninas,
procurando em cada rosto por Sarah. Eu não podia falar, mal
percebendo a desculpa da menina, Princesa? Quando Beatrice chegou
ao fim da linha suas mãos tremiam, suas características eram uma
torção em uma expressão de dor. Então ela começou a chorar, as
lágrimas que vêm tão rápido que ela não teve tempo para detê-las. Em
vez disso, ela se virou e correu para fora, enxugando os olhos com a
manga.
Eu não acho. Eu só corri para o corredor, passando os dois
soldados que estavam em ambos os lados da porta.
“Beatrice”, eu chamei , começando pelo corredor de telha.
“Beatrice?” Mas o único som era a minha própria voz, ecoando no
corredor, repetindo o nome dela em uma pergunta.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
38
"Você vai ficar no terceiro andar”, a professora Agnes disse
quando começamos a subir as escadas. Ela deu uma olhada de vez em
quando em Beatrice, cujo rosto ainda estava inchado e vermelho. "É
bom vê-la novamente”, acrescentou.
Seu olhar encontrando o meu. Ombros da professora Agnes
curvados para frente, enquanto ela conquistava cada passo, movendo-
se lentamente ao meu lado, seus dedos segurando o corrimão. Ela tinha
sido uma presença constante na minha vida, mesmo depois de eu ter
deixado a escola. Eu ouvi a voz dela, por vezes, quando Caleb tocava a
minha nuca, quando seus dedos dançavam sobre o meu estômago. Eu
a odiava, a fúria vinha a mim quando eu me lembrava de tudo o que ela
tinha dito nessas aulas, como ela tinha falado da natureza
manipuladora de todos os homens, como o amor era apenas uma
mentira, a maior ferramenta usada contra as mulheres para fazê-las
vulneráveis .
Mas agora ela parecia tão pequena ao meu lado. Seu pescoço
estava dobrado, fazendo parecer que ela estava sempre olhando para o
chão. Sua respiração estava rouca e lenta. Eu me perguntei se ela tinha
realmente idade ou se foi o tempo que passou os meses em estado
selvagem que me permitiu vê-la através dos olhos de um estranho.
“Sim, é foi um bom tempo”, falei.
Estendi a mão e peguei a mão de Beatrice quando nós
começamos o terceiro andar. Eu a tinha encontrado escondida na porta
para a cozinha, seu suéter apertado para o rosto dela, tentando acalmar
seus soluços. Sarah não estava aqui. Não havia nada que eu pudesse
dizer nada que eu pudesse fazer a não ser abraçá-la, seu rosto
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
pressionado contra meu peito enquanto ela chorava. Depois de alguns
minutos, eu tinha voltado para as meninas e a diretora, e respondido às
suas perguntas e lhes assegurado que a minha amiga estava bem,
apenas cansada de todas àquelas horas presa na cabine entupida do
Jeep.
“Os guardas levaram até as malas”. Agnes transformou-se em
uma sala à direita, movendo-se através dela, iluminando a lanterna nas
mesas de cabeceira. Os sons familiares dos estudantes encheram o
corredor. As meninas estavam amontoados na casa de banho,
escovando os dentes, seus risos mais alto contra o azulejo.
Uma professora saiu do banheiro, voltando quando ela me
notou. Olhamos um para a outra por um momento antes de seu rosto
se abrir em um sorriso, que desapareceu tão rapidamente que eu me
perguntei se eu tinha imaginado isso. Era a Professora de Florença.
"Eu volto em apenas um minuto", eu disse, levantando um dedo
para
Beatrice, que se estabeleceram na cama. Professora Florence
ainda estava em sua blusa vermelha e calça azul, com o cabelo grisalho
ondulado da umidade. "Eu estava me perguntando se eu iria vê-la.” Eu
olhei pelo corredor até a escada para me certificar que a diretora não
estava à vista. "Você está bem?" Estávamos de pé no corredor, onde eu
estive tantas vezes, aquelas noites quando Ruby e eu parávamos fora do
banheiro, à espera de uma pia livre. A professora Florence apontou para
uma porta no final do corredor, o meu antigo quarto, e foi para dentro.
Ele estava vazio. Ela não falou até que estivéssemos sozinhas, a porta
de metal se fechou atrás de nós.
"Eu estou bem", disse ela. “E então você, eu espero.” Seus olhos
procuraram meu rosto.
Eu não respondi. Eu não conseguia parar de olhar para o
quarto. Eles mudaram nossas camas para que elas estivessem em uma
fila contra a parede. Todas as três foram desfeitas, repleta de livros e
esfarrapados uniformes amarrotados. Um bloco de notas sobre uma
mesa de cabeceira estava coberto com rabiscos. Fixado na parede acima
da mesa estava um papel com um desenho em preto e branco de duas
meninas, as palavras ANNIKA & Bess: AMIGAS PARA SEMPRE escrito
abaixo dela em grandes e inchadas letras. Todos os traços de Pip, Ruby,
e eu tinham ido embora.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Eu estou. A vida é muito diferente na cidade,” eu disse,
ignorando a protuberância na parte de trás da minha garganta.
"Eu não sabia que você era a filha do rei,” Mestre Florença disse.
“Era algo que só a diretora sabia.” Ela sentou-se em uma cama estreita,
os dedos pegando no cobertor cinza duro.
Gostaria de saber se isso teria mudado as coisas, se ela ainda
teria me ajudado a escapar naquela noite, me levando para fora através
da porta secreta na parede.
"Eu achei o máximo”, respondi lentamente.
"Ouvi dizer que Arden foi trazida de volta, que ela está no outro
lado do lago agora. Você sabia?”, ela perguntou.
Sentei-me ao lado dela.
"Eu sei.” Nós duas olhamos para frente, não encontrando os
olhos uma da outra.
“Eu a vi quando estava em estado selvagem. Ela me salvou.” Eu
olhei para a telha quebrada no chão, a um que Pip e eu costumávamos
esconder as notas abaixo. A peça foi rachada faltando agora, o rejunte
sujo exposto. Ela se levantou, mexendo com as chaves no bolso. “Eu
que trouxe as meninas para a cerimônia de formatura. Pip não queria
sair. Ela começou a chorar. Ela jurou que algo tinha acontecido com
você, que você nunca teria deixado. Ela ficava perguntando a Diretora
de ter a busca guardas do lado de fora da parede. Isso me fez pensar
sobre o que eu lhe tinha dito...” Ela diminuiu a voz, sua mão se
movendo em seu bolso, preenchendo o silêncio com o tilintar das
chaves. "... Talvez ele pudesse ter sido diferente.”
Eu tinha repetido esse momento na minha cabeça tantas vezes
antes, contando as palavras da professora Florença, suas ordens que eu
deveria ir sozinha. Eu tinha imaginado todas as coisas diferentes que
eu poderia ter feito, me imaginei acordando Pip e Ruby, ou se
escondendo em algum lugar além do muro. Eu imaginava voltando no
próximo dia em que reuniu no gramado, gritando com elas sobre os
formandos e todos os planos do rei.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Professora Florence caminhou até o canto mais distante, onde
tinha uma única cadeira sentou-se contra a parede. Ela deslizou para
frente.
“Foi só depois que as meninas passaram por cima da ponte que
eu descobri isso. Eu viria voltar para limpar o quarto.”
Eu me ajoelhei atrás da cadeira com ela, meus dedos
atropelando as letras esculpidas. EVE + PIP + RUBY estivesse aqui, ela
disse. Eu tinha esquecido tudo sobre ele. Pip tinha entrado no quarto
uma manhã depois do almoço animado com Violet, outra menina em
nosso ano que tinha escrito na parede do seu armário, por trás da
roupa, aonde ninguém iria descobri-lo. Ela colocou a nossa cama contra
a porta quando nos sentamos lá com uma faca roubada, gravando os
nossos nomes. Olhei para ele agora, meus olhos embaçados, lembrando
a maneira como ela tinha sorrido naquele dia, tão satisfeita quando
tínhamos terminado a nossa pequena obra-prima.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a mão da Professora
Florence estava na minha, apertando um objeto em minha palma. Ela
acenou para mim como se a afirmar que se tratava. Em seguida, ela
empurrou minha mão para baixo, gesticulando para eu colocá-lo fora.
Eu meti-o no bolso, sentindo imediatamente que era uma chave. A
chave. A porta se abriu, o barulho de metal contra o cimento da parede.
“Você estava com muito medo de perguntar a ela!” Uma voz de
menina quebrou o silêncio entre nós. "Você é uma galinha, às vezes.”
Duas meninas de quinze anos de idade tinham entrado, as
frentes de sua camisolas molhadas de lavar o rosto. Eles congelaram
quando nos viram. Uma das meninas estava corando tanto os ouvidos
virou vermelho.
"Você quer me perguntar alguma coisa?” Eu disse, sorrindo
quando saí de trás da cadeira. As meninas não responderam. "Este era
o meu antigo quarto, quando eu estava na escola. Eu espero que vocês
não se importem; Professora Florence estava me mostrando por aí.”
A menina que estava falando tinha franjas pretas grossas que
caíram em seus olhos.
"Não", ela murmurou, sacudindo a cabeça. "Claro que não.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Eu agarrei a mão da professora Florence, querendo agradecer a
ela pela compreensão, por me ajudar, por não me pedir para explicar
nada, mas, em seguida, a diretora apareceu na porta, com os lábios
franzidos.
"Eu estava procurando por você, princesa”, ela na porta, com os
lábios franzidos, seus olhos correndo para mim, então para a Professora
Florence. “Eu gostaria de falar com você em meu escritório, sozinha.”
Ela virou-se para a Professora Florence. "Por favor, faça com que essas
meninas vão para a cama em uma oportuna maneira.”
Então, ela desapareceu no corredor, sem se preocupar em ver se
eu iria segui-la. Eu não ousava olhar para a Professora Florence como
eu à esquerda. Em vez disso, eu senti a chave no meu bolso,
transformando-a entre os meus dedos, o peso dela me acalmando.
Pouco antes de cruzar o limite para o corredor, eu puxei-a para fora e
enfiei na coleira do meu vestido.
As luzes do salão foram desligadas. A diretora utilizou uma
lanterna quando começamos a descer as escadas para o seu escritório.
Minhas bochechas queimadas com o pensamento de sentar naquela
sala. Ninguém ia lá, a menos que estivessem sendo punidos. Eu me
senti como uma criança agora, nervosa e com medo, querendo
confessar tudo que eu já tinha feito para desagradar ela.
Quando chegou ao seu escritório, ela definir a lanterna na mesa,
em seguida, fez um gesto para eu me sentar. A porta se fechou, fazendo
a luz no interior do vidro de cintilação. Eu mantive meus olhos sobre
ela, meus ombros para trás, recusando-se a desviar o olhar.
“Posso ajudá-lo com alguma coisa, diretora?”, perguntei. “A
viagem tem exigido muito de mim. Estou ansiosa para ir para a cama.”
Ela soltou uma pequena risada.
“Sim, princesa”, disse ela, uma sugestão de sarcasmo em sua
voz. "Tenho certeza que você está.” Ela sentou-se na minha frente, as
ancas roliças espremidas na esquina da mesa. Sua perna balançou
para trás e para frente, como um metrônomo mantendo o tempo.
Minhas mãos estavam penteados com o suor. Eu mantive meus olhos
nos dela.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Ela poderia me acusar de tudo o que ela queria. Não importava
agora. Eu só pensava em Pip, Arden, e Ruby, e a chave pressionada
contra o meu peito, sua única chance.
“Deve ter Pensado que você ia ser mais esperto que todos nós",
disse friamente. "Isso nós éramos mentirosos , que haviam enganado
você . Mas agora você está aqui, a filha de seu pai, falando a respeito da
educação que você recebeu.”
“Daria pra ir direto ao ponto?”, perguntei. “Ou você me chamou
aqui apenas para me castigar?”
A diretora inclinou-se, o seu nível de cara com a minha.
"Eu chamei aqui porque eu quero saber quem lhe ajudou. Para
dizer quem foi.”
“Eu não tive ajuda", murmurei. "Eu não..."
"Você está mentindo para mim.” Ela riu. “Você espera que eu
acredite que você subiu sobre a parede por si mesma?”
Então ela pensou que eu havia escalado. Isso era impossível,
tinha cerca de trinta metros de altura, e ainda assim eu não a corrigi, vi
a minha abertura e fui com ele.
"Eu tinha encontrado corda no armário. Eu cortei meu braço
sobre o fio em cima."
Mostrei a porta do armazém onde tinha cortado a minha pele
quando eu estava tentando escapar do Tenente. A cicatriz ainda era
rosa. Ela inclinou a cabeça como se estivesse pensando.
"Como é que você sabe sobre os graduados?”, ela perguntou.
“Eu sempre tive suspeita”, respondi friamente. O controle foi à
mudança, minha voz calma como cada pergunta foi respondida com ela
satisfeita. “Mas não importa como escapei. O que importa é que eu
estou aqui. E eu abordei as meninas. Eu expliquei o meu
desaparecimento e falei muito sobre a sua escola. Amanhã de manhã,
eu gostaria de ver os meus amigos.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Isso não pode ser arranjado”, disse ela rapidamente. Ela se
levantou e foi até a janela, com os braços cruzados sobre o peito. Lá
fora, o composto estava escuro. Algumas lâmpadas brilhavam no topo
da parede, o arame farpado brilhando na luz. "Isso elevaria todos os
tipos de perguntas. Iria confundir os alunos.”
“Não seria mais confuso para eles, se eu sair para a cidade e
nunca mais voltar, se eu não quisesse nem ver meus amigos saber
como eles estavam fazendo em sua escola de comércio em todo o lago?”
A diretora me enfrentou. Ela soltou um suspiro profundo, o dedo
correndo sobre as veias grossas na parte de trás de sua mão. Olhei para
as figuras alinhadas em sua prateleira - brilhante, berrante crianças
que pareciam ameaçadoras agora, suas características contorcido em
um estranho, euforia natural. Ela não falou por um longo tempo.
“Eu tenho que lembrar que um dia eu vou ser rainha?” endureci
a minha voz quando eu disse isso. O rosto dela mudou depois. Ela deu
alguns passos para frente, franzindo o nariz, como se tivesse apanhado
um cheiro de algo podre.
“Tudo bem. Você vai ver os seus amigos amanhã.” Virou-se para
a porta e abriu-a, indicando que eu deveria sair. Eu estava de pé,
alisando meu vestido.
“Obrigado, diretora ,” disse, tentando não sorrir. Eu caminhei
para fora da porta e para baixo no corredor escuro, sentindo a minha
maneira, como eu tinha feito tantas vezes antes.
“Mas lembre-se, Eve,” ela chamou quando eu tinha quase
chegado às escadas . Ela ainda estava de pé na soleira da porta, a
lanterna lançando sombras sobre o seu rosto. “Você ainda não é
rainha.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
39
Na manhã seguinte, a tempestade tinha desaparecido. Caminhei
na ponte um passo de cada vez, sentindo as tábuas de madeiras finas
dar ligeiramente abaixo dos meus pés. Era apenas mais largo que os
ombros, com cordas amarradas em cima de cada lado, uma coisa leve
estendido sobre a superfície ainda do lago. Joby, um dos guardas
escolares, seguiu atrás de mim. Olhei para trás de vez em quando para
as meninas estudando no gramado. Beatrice estava perto da sala de
jantar, conversando com a Professora Agnes .
Imaginei o que deve ter sido como naquele dia, com as cadeiras
arrumadas na grama, o pódio em pé na frente do lago. Os professores
se alinhavam ao longo da costa, dedos na beira da água, uma vez que
tinha todo o ano anterior. Quem dera o discurso, dizendo que as
meninas sobre a grande promessa de seu futuro? Quem os levou para o
outro lado? Imaginei Pip voltando, esperando por mim, certo de que eu
iria aparecer no último momento possível.
Quando chegamos à outra margem do chão ainda estava
molhado.
Joby passo à frente e circulou ao redor do prédio, apontando
para seguir ele. Os dois guardas na costa puxaram a corda para
aumentar a ponte para o outro lado. Nós viramos a esquina e vi as
janelas altas, as que eu tinha olhado através da noite, que eu tinha
escapado. O balde que eu estava tinha ido embora.
“Deve ser estranho estar de volta aqui de novo", Joby disse, seus
longos cabelos negros debaixo do chapéu do guarda. Ela encontrou os
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
meus olhos, como se a reconhecer no último dia que a vi, neste mesmo
lugar, Arden quando estava sendo levado para fora do jipe e fui levada
afastada por Stark. Eu balancei a cabeça, não querendo arriscar uma
resposta. Antes tinha Joby me dando um tapinha para baixo no outro
lado da ponte, eu coloquei a chave debaixo da minha língua. Agora,
sentado ali, esperando para ser entregue a Arden, enchendo toda a
minha boca com um forte sabor metálico. Ela se aproximou do alto da
seção cercada onde eles prenderam Arden. Joby abriu a primeira porta
e me levou através do cascalho curto. Mantivemos a ida, através da
porta seguinte e para o quintal gramado, onde eu tinha visto Ruby.
Duas mesas de pedra estavam ali fora, mas não havia sinais dos
graduados.
"Espere aqui", disse ela. “Ela vai vir para fora em um momento.”
Então, ela desapareceu no interior do edifício.
Andei o comprimento do quintal, tentando acalmar os nervos.
Assim, além da cerca, junto à porta fechada, mais dois guardas me
olhavam, seus rifles pendurados ao seu lado. Virei à chave na minha
boca. Eu não tinha dormido. Em vez disso, eu tinha imaginado Pip
como eu vi, girando em torno do gramado, as tochas lançando um
caloroso brilho em sua pele. Lembrei-me dela me provocando quando
ela ficou ao meu lado na pia ou pio descontroladamente, braços
levantados no ar, depois que ela ganhou um jogo de ferraduras.
A porta se abriu e Arden saiu, Joby seguindo de perto. Seus
olhos eram claros quando ela me olhou e para baixo, levando-se em
meu vestido azul curto, os brincos de ouro que estavam pendurados em
cada orelha. Meu cabelo escuro estava penteado para trás em um
coque.
"Eu espero que você não se arrumou toda só para me ver ",
disse ela , seu lábios rachados deixando em apenas o menor sorriso. O
vestido verde caiu um pouco abaixo dos joelhos. Eu olhei para o meu
vestido , desejando que eu tivesse permissão para usar mais roupas
casuais em público. Eu não falei, mas foi para ela, passando os braços
em torno dela e beijando-a na bochecha. Tudo enquanto isso fiquei de
olho em Joby e os dois guardas que estavam no portão fechado,
consciente de que eles estavam sempre nos observando .
Eu peguei a mão dela e segurou-o na minha frente. Fechei meus
olhos quando eu beijei a palma da mão, soltando a chave pequena para
ela, em seguida eu apertei sua mão em meu peito.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Claro que eu tinha.” Eu ri.
Arden sentou-se no banco. Seu cabelo tinha crescido para fora,
seu couro cabeludo não era mais visível. Seus braços pálidos estavam
cobertas com pequenas contusões circulares de todas as injeções. Ela
manteve o punho na mesa, com a palma para baixo, a chave agarrou
dentro dela.
"Estou aliviada ao ver você”, disse ela. "Ele não te machucou,
não é?” Atrás dela, Joby deslocou-se para ter uma visão melhor nossa.
Eu balancei minha cabeça.
“Testado preocupado com você, também.” Eu estudei a pulseira
de plástico que usava, coberta com números. “Você está...?” Eu não
terminei a frase.
"Ainda não”, disse ela. "Eu não penso assim.” Ficamos em
silêncio por um momento. Fiquei balançando a cabeça, as lágrimas nos
olhos, grata por que ela não estava grávida. Joby olhou para o relógio.
Eu toquei meus dedos para o topo da mão de Arden.
“Lembra quando nós costumávamos jogar maçãs da árvore no
quintal?" Perguntei, sabendo que Arden se lembraria de existisse tal
coisa. Nós odiávamos quando estávamos aqui juntas, tinha feito um
ponto de evitar outros aqueles últimos alguns anos. Mas as primeiras
noites em que tinha estado no banco eu disse a ela como a Professora
Florence tinha me ajudado, como eu tinha passado por uma porta
secreta. Eu me perguntei se ela se lembrava, ou se ela tinha estado
doente demais para processar os detalhes. "Costumávamos jogar ali
mesmo, ao lado da parede. Eu amava quando nós íamos para fora no
gramado.”
Arden sorriu, uma leve risada escapou de seus lábios. Ela olhou
para as nossas mãos, reconhecendo a chave debaixo deles.
"Sim, eu me lembro disso", disse ela. Olhei em seus olhos, em
busca de reconhecimento. Ela assentiu.
“Eu não sei quando a minha próxima visita será”, acrescentei,
não desviando o olhar. "Eu tenho um monte de obrigações no Palácio,
deveres para com o rei. Eu queria vir agora, porque eu não poderei estar
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
de volta por algum tempo.” Minha voz tremia enquanto falava. "Eu
queria que você cuidasse de Ruby e Pip para mim.”
"Eu entendo”. Os olhos de Arden estavam vermelhos e molhados.
Ela cobriu minha mão com a sua, a mesa de pedra quente em nossa
pele. "É realmente muito bom vê-la”, disse ela, balançando a cabeça.
"Eu não sabia se eu jamais iria novamente.” Ela enxugou o rosto com
seu vestido. Sentamos assim por um minuto. Acima de nós um bando
de pássaros rodando no céu, seu minúsculo corpo de espalhamento, em
seguida, voltaram juntos, em seguida, dispersando novamente.
“Eu perdi você”, eu disse. Arden seria capaz de sair, eu dizia a
mim mesmo. Ela havia chegado além dos muros da escola antes. Ela fez
isso para Califia.
Se alguém seria capaz de sair daquele prédio de tijolos, se
alguém poderia ajudar Ruby e Pip a fugir, seria ela. Joby adiantou,
apontando para a Arden para ficar .
"Eu vou trazer as outras”, disse ela.
Arden me abraçou. Seu corpo parecia muito menor sob o meu.
De costas para Joby ela trouxe os dedos em sua boca e colocou a chave
dentro, como se estivesse estalando um chupar rebuçado. Então ela
sorriu, apertando a minha mão antes que ela afastou-se. Fiquei ali,
assistindo seu retorno a esse edifício, com as mãos atrás das costas
onde Joby podia vê-las. Pensei nela sutil sorrindo quando ela arrasou a
chave sob a palma da mão, enquanto ela me ouvia falar da macieira e
na parede ao lado dela. Ela tinha entendido. Eu sabia que ela tinha.
Mas olhando ao redor do cercado no quintal, nos rifles dos guardas, eu
me perguntava quanto tempo seria antes que ela fugiu, se os dias
passariam rápido demais. Se, assim, ela estaria presa aqui por tempo
indeterminado.
A porta se abriu, as dobradiças enferrujadas deixando escapar
um terrível estridente som. Rubi apareceu pela primeira vez. Seus
passos eram os mesmos, seus longos cabelos negros protegidos em um
rabo de cavalo.
"Você voltou”, ela disse. Ela apertou a respiração do meu corpo.
Seu estômago pressionado contra o meu, o pequeno nódulo ainda não
perceptível sob seu vestido verde solto. Quando ela se afastou, seus
olhos estavam um pouco triste. "Eu sabia que você ainda estava viva.
Eu sabia que você não tinha desaparecido. Eu tinha essa memória de
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
vocês. Você estava de pé direito ali, perto do portão.” Ela apontou para o
lugar que eu tinha visto pela última vez ela, onde ela segurava a cerca,
olhando distraidamente para além de mim.
"Eu fiz”, eu disse , apertando o braço de Ruby. O que quer que
tinham dado a ela , então não tinha mais domínio sobre ela. "Eu vi você
naquele dia. Foi o dia em que trouxe Arden aqui.”
“Eu dizia a Pip que eu vi você.” Ruby assentiu. "Eu mantive
dizendo a ela, mas ela não acreditou em mim.”
Pip estava caminhando para fora do prédio, com a cabeça para
baixo. Ela manteve as mãos atrás das costas. A porta bateu fechada, o
som alto o suficiente para que eu vacilasse . Ela brincou com as
extremidades dos cabelos ruivos encaracolados, que haviam crescido
muito mais tempo nos meses que se tinham passado.
“Pip, eu estou aqui”, eu disse. Ela não respondeu. "Eu vim para
ver você." Ela se aproximou. Eu a abracei, mas seu corpo parecia pedra.
Ao contrário, ela puxou de volta, libertando-se da minha mão. Ela
esfregou o braço onde eu tocava.
“Isso dói” ela disse suavemente. "Tudo dói.”
“Sente-se no banco”, disse Joby, guiando Pip pelo cotovelo.
“Por que você está usando isso?”, Perguntou Ruby, apontando
para o meu vestido. "Onde você estava?”
Minha boca estava seca. Eu não queria dizer-lhes a verdade: que
eu estava vivendo na cidade de Areia. Que eu era a filha da mesma
pessoa que as tinha colocado aqui, neste edifício. O homem que havia
mentido para elas, para todos nós, por tantos anos. Não era assim que
eu queria que as coisas começassem, esta breve reunião entre nós.
“Fui levado para a cidade de Areia”, eu disse. "Eu descobri que
eu sou a filha do rei.” Pip levantou a cabeça.
"Você foi para a cidade de Areia sem mim." Foi uma afirmação,
não uma pergunta. “Você já esteva na Cidade de areia o tempo todo.”
"Eu sei como isso pode parecer ," eu disse , estendendo a mão
para ela.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Ela puxou-o para longe antes que eu pudesse tocá-la. “Mas não
é assim." Parei, sabendo que eu não poderia revelar muito em frente à
Joby. “Estou aqui agora", eu ofereci. Mas parecia tão pequeno, tão
patético, até mesmo para mim. Ruby estava olhando para mim. Ela
mordeu as suas unhas.
"Por que você está aqui?", ela perguntou.
Para ajudá-la a sair, pensei, as palavras perigosamente perto de
sair da minha boca. Porque eu não sei quando eu serei capaz de vê-la
novamente. Porque eu pensei em você tanto por todos os dias desde que
eu as deixei.
"Eu tive que vir", eu disse ao invés. "Eu precisava saber que você
estava bem.”
"Nós não estamos”, Pip murmurou. Ela olhou para a mesa, seu
dedo fazendo círculos ociosos. Suas cutículas estavam sangrentas e
inchadas. Sua barriga ficou visível quando ela se sentou, o vestido
projetando-se em torno de sua cintura. “Temos que sentar-se aqui uma
vez por dia, durante uma hora. Isso é tudo.” Ela baixou sua voz, seus
olhos correndo para Joby. “Uma vez por dia. As meninas que estão em
repouso na cama estão amarradas. Eles nos dão pílulas algumas vezes
que o tornam difícil pensar.”
"Eles disseram que não será por muito tempo,” Ruby ofereceu.
"Eles disseram que vamos ser lançadas em breve.”
Tentei manter a calma, sentindo os guardas me encarando. O
Rei ainda não tinha decidido o que aconteceria com a primeira geração
de meninas a partir da iniciativa do parto, mas eu tinha ouvido ainda
seriam anos, até que fossem liberados. Pensei na chave que eu tinha
dado a Arden. Dos dissidentes em algum lugar abaixo da Cidade,
trabalhando nos túneis. Do resto do Trail, levando elas longe das
escolas, serpenteando através do selvagem, a Califia. Arden iria levá-las
para fora. E se ela não o fizesse, se ela não pudesse, eu iria encontrar
um caminho.
“Sim, vai dar tudo certo.”
“Isso é o que eles dizem," Pip continuou. "Isso é o que todas as
meninas ficam dizendo. Maxine e Violet, e os médicos. Todo o mundo
acha que vai dar tudo certo.” Ela deu uma risada triste. "Não vai.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Eu vi quando ela passou os dedos sobre a mesa de pedra, seu
joelho saltando para cima e para baixo. Ela não era a mesma pessoa
que tinha dormido na cama de solteiro do meu lado todos esses anos,
que tinha feito brincadeiras no gramado , que às vezes eu pegava
cantarolando para si mesma enquanto se vestia , dando um passo para
o lado, depois para trás, em uma dança solitária em segredo.
“Pip, você tem que acreditar nisso,” tentei. "E será.”
“Vamos levá-lo de volta dentro de duas”, disse Joby, pisando
para frente. Pip ficou olhando para a mesa.
“Pip?", perguntei , esperando até que ela finalmente encontrou o
meu olhar. Sua pele pálida, suas sardas desbotadas de tantas horas
dentro de casa. "Eu prometo que tudo vai ficar bem.” Eu queria
continuar, mas eles já estavam levantando-se, com as mãos cruzadas à
altura dos pulsos atrás deles, pronta para ir para dentro.
“Você vai voltar?", perguntou Ruby, virando-se para mim.
"Eu vou tentar o meu melhor.”
Pip deslizou para dentro do edifício sem dizer adeus. Rubi seguiu
depois, olhando por cima do ombro uma última vez. Em seguida, elas
foram embora, a porta se fechou atrás delas caindo, o clique oco do
bloqueio enrijecendo minha espinha.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
40
Quando voltei para a cidade, eu concedi a REGINALD mais
entrevistas. Falei da minha grande emoção pelo casamento, do
Compromisso de Charles para com Nova América, e da minha visita a
Escola, ao mesmo tempo confortados pelas questões que surgem uma
vez que desapareceu. As pessoas teriam que saber o que tinha
acontecido comigo, sua princesa, por que eu tinha desaparecido em um
dos maiores dias da história recente. O Rei não seria capaz de explicá-la
tão facilmente, como tinha explicado tudo o resto. Cada dia que eu
estava em estado selvagem, na corrida, significava mais um dia para a
cidade de pensar onde eu estava, para questionar o que eu tinha dito,
se lembrar de todos os rumores que circularam após a captura de
Caleb. Número suficiente de pessoas tinham visto os soldados agarrar-
me, tinham visto como as minhas mãos estavam amarradas e eu fui
trazida para dentro.
Harper me tinha alcançado através do papel só mais uma vez,
para confirmar o plano em vigor. Agora eu estava no banho, olhando
pela janela pela última vez na cidade lotada abaixo. O sol da manhã
refletia as barricadas revestimento de metal nas calçadas, mostrando a
rota extensa que serpenteava em torno do centro da cidade. As pessoas
já estavam se reunindo na principal estrada. As ruas estavam cheias
todo o caminho para as Outlands. A porta se abriu atrás de mim.
Beatrice estava em seu vestido azul, apertando as mãos nervosamente.
Eu pisei para frente e pressionou os dedos entre a minha própria.
“Eu te disse, você não tem que fazer isso. Você não tem que me
ajudar. Poderia ser perigoso.”
"Eu quero”, disse ela. “Você tem que sair hoje, não é uma
pergunta. Eu só escondi o anel.” Eu passei meus braços em torno dela,
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
não querendo deixar ir. Em apenas uma hora, o Rei viria a minha suíte,
pronto para me escoltar das escadas para o carro, o motor em
execução, à espera de começar a longa procissão. Ele gostaria de
encontrar a sala vazia, que vestido branco bobo colocou sobre a cama.
Ele moveria através do Palácio, vasculhando a sala de jantar, sala de
estar, o seu escritório. Em um dos andares ele encontraria Beatrice, em
busca de seu próprio, frenética para encontrar o meu anel antes da
procissão começar. Ela iria dizer-lhe que ela tinha acabado de me
deixar no meu quarto, que eu insistia em procurar a peça que faltava
das joias, com medo que tivesse escorregado em algum lugar fora da
suíte.
"Obrigada”, sussurrei , sentindo as palavras inadequadas. “Por
tudo.”
Olhei ao redor da sala, lembrando como ela tinha lavado meus
pulsos com cicatrizes quando cheguei, como ela sentou-se na cama
comigo, com a mão nas minhas costas enquanto eu caí dormindo.
"Assim que eu chegar ao Trail Vou procurar Sarah,” eu
sussurrei. "Vamos tirá-la no tempo.”
"Espero que sim”, disse ela, o rosto escurecendo com a menção
de sua filha.
"Ela vai voltar para você”, eu insisti. "Eu prometo”.
Beatrice sorriu, e então apertou seus dedos para seus olhos.
“Clara está no corredor à espera de sinal para ela antes de sair.
Vou ficar aqui por mais 40 minutos”, disse ela. "Todas as entradas
devem estar claros agora. Eu não vou deixar ninguém entrar” Ela caiu
de volta para o quarto, gesticulando para eu ir. Arrastei-me até a porta.
O bloqueio havia sido ligado da mesma forma que a da escada havia um
chumaço de papel apresentado em suas profundezas, impedindo-a de
travamento. Escutei para o soldado.
Ele ficou ao lado da porta, sua respiração pesada enchendo o ar.
Minha mão estava na maçaneta, esperando ouvir a voz de Clara. Depois
de alguns minutos, o som de passos ecoou contra os pisos de madeira.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"Preciso de ajuda!” Clara chamou pelo corredor. “Você aí ,
alguém invadiu minha suíte. "
Ouvi a resposta abafada do soldado e o argumento de que
seguiria em frente, Clara insistindo que ele vá com ela naquele
momento, que a sua vida estava em perigo. Quando eles começaram a
descer o corredor, abri a porta um pouquinho. Clara estava andando
rapidamente, segurando a barra do seu vestido, falando sobre o
bloqueio quebrado em seu seguro, como alguém deve ter entrado em
sua suíte durante café da manhã. O soldado ouviu atentamente,
esfregando a testa com a mão.
Antes que dobrava a esquina Clara olhou por cima do ombro,
seus olhos encontrando os meus. Corri em direção à escada leste. Eu
usava uma camiseta e a calça jeans que eu tinha usado na primeira
noite que eu tinha deixado o palácio, meu cabelo garantido em um
coque baixo. Eu perdi a tampa eu tinha puxado para baixo sobre os
olhos, sentindo-me mais exposta agora, mais reconhecível quando eu
comecei a descer a escada. Eu mantive meus olhos nos meus pés,
tomando cuidado para abaixar abaixo das pequenas janelas que davam
para cada andar.
Muito abaixo, o palácio estava cheio de pessoas.
Trabalhadores foram fechando suas lojas para a manhã,
puxando baixo a grande de metal e as grelhas para cobrir suas janelas
dianteiras. Shoppers esvaziados para as ruas. Soldados se dirigindo a
todos as várias saídas, limpando o piso principal para a procissão.
Mantive minha cabeça quando comecei a ir em direção da mesma porta
que eu tinha saído dessa primeira noite, sentindo os olhos dos soldados
em mim.
"Mantenha se movendo!” um chamado para fora, suas palavras
enrijecendo meu corpo inteiro. "Vá para a direita quando você chegar à
estrada principal.”
Segui a multidão, empurrado para dentro do espaço entre o
Palácio fonte e as barricadas de metal. O homem ao meu lado teve seu
filho com ele, com o braço ao redor de seus ombros enquanto tomavam
pequenos passos, a apresentação de fora. Eu trouxe a minha mão ao
meu rosto, tentando evitar serem notados pelas duas mulheres mais
velhas, à minha esquerda, lenços amarrados festivamente em torno de
seus pescoços.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Paradise Road será a melhor vista”, disse um deles. "Se nós
estamos no lado direito, em frente à Torre Wynn, podemos evitar o
congestionamento. Eu não vou ficar preso atrás das multidões como
nós ficamos no desfile.”
Finalmente estávamos descendo as escadas de mármore do
Palácio, que se desloca mais rápido que apresentamos ao longo da faixa
principal e em todo o viaduto. Eu fiquei aliviada quando eu estava longe
das mulheres, perdida na atual da multidão mudando. Levaria tempo
para chegar as Outlands. Eu tinha previsto isso, mas ficou ainda mais
evidente agora, com todo mundo embalado dentro das barricadas,
arrastando as calçadas. Algumas ruas foram fechadas. A rota da
procissão estava repleta de soldados, muitos em pé na estrada estreita,
observando dos telhados dos prédios, seus rifles na mão.
Apertei-me entre as pessoas, esquivando-me em torno de um
homem que tinha parado para amarrar o sapato. Quando passei por
um restaurante que verifiquei o tempo contra o relógio dentro. Eram
nove e quinze. Caleb tinha sido levado para fora da prisão por contato
de Harper lá. Os dissidentes deveriam ter conhecido nas Outlands até
agora. Eles provavelmente já estavam no hangar. Com os soldados
concentrados dentro do centro da cidade, haveria menos segurança
perto da parede. Não viriam pelas obras. Pode passar uma hora ou mais
antes de um punhado de soldados na prisão perceberem que Caleb
sumiu e avisar a patrulha da torre.
O dia estava opressivamente quente. Peguei no colo da minha
camiseta, desejando uma fuga do sol. Tudo ao meu redor, pessoas
falavam animadamente sobre o cortejo do casamento e do Vestido da
princesa, e a cerimônia que seria transmitido em outdoors em toda a
cidade. Suas vozes pareciam distantes, um coro sumindo no fundo,
quando os meus pensamentos se voltaram para Caleb. Harper tinha me
dito que ele não tinha sido ferido. Ele disse que eles iriam tirá-lo. Ele
havia prometido que garantiria lugares para nós na Trilha, que estaria
esperando no hangar por mim quando eu chegasse. Quando eu rastejei
perto das Outlands, os minutos passaram mais rapidamente. Deixei-me
imaginar que, ao vê-lo ali, dentro da sala aberta. Nossos dedos atados
juntos, como começamos através do túnel escuro, colocando a cidade
atrás de nós.
Corri meus passos, tecendo dentro e fora da multidão como me
aproximou do antigo aeroporto. Eu não olhava para ninguém. Em vez
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Fixei meu olhar sobre esse ponto, no sul, apenas fora da estrada
principal, onde os edifícios se abriam para o pavimento rachado.
As Outlands estavam quietas. Em todo o cascalho, dois homens
estavam sentados em baldes derrubados, passando um cigarro e para
trás. Alguém estava pendurando lençóis molhados para fora de uma
janela no andar de cima. Eu comecei a atravessar o estacionamento do
aeroporto, incapaz de parar de sorrir. O Rei estava, provavelmente, na
minha suíte. Ele tinha acabado de perceber. Eu tinha ido embora. Era
tarde demais agora. Lá estava eu , a minutos do hangar, com Caleb tão
perto. Ele estava dentro daquela porta, os nossos pacotes cheios,
esperando por mim. Eu escorreguei para o antigo hangar, os aviões
elevando-se acima de mim.
Quando cheguei ao quarto dos fundos às caixas haviam sido
transferidas de lado, o túnel exposto, mas Já não estava lá. Olhei para a
outra extremidade do hangar, mas não havia nenhum sinal de Harper
ou Caleb. Não havia mapas definidos na tabela. Nenhuma lanterna foi
espalhada pelo chão. A luz entrava de uma janela partida, lançando
padrões estranhos no concreto.
O silêncio foi o suficiente para levantar os pêlos finos nos meus
braços.
Duas mochilas sentavam no chão aos meus pés, abri o zíper, e
olhei o dentro. Eu soube imediatamente que algo tinha saído errado. Saí
da sala. Peguei no hangar, as escadas enferrujadas que estavam
espalhadas pelos cantos, os altos aviões acima. No plano à esquerda de
mim, todos os tons caíram, exceto um. Algo, ou alguém, moveu-se no
interior. Virei-me e encaminhei-me para a porta, mantendo meu rosto
para baixo. Eu estava quase na saída quando uma voz familiar gritou:
ecoando contra as paredes.
“Não se mova, Genevieve.” Olhei para cima. O primeiro dos
soldados que saiu do avião, as armas fixas em mim. Seus rostos
estavam cobertos de máscaras de plástico duro. “Mantenha as mãos
onde podemos vê-las.”
Stark estava na frente, me circulando à distância. Dois mais
apareceram por trás de uma escada no canto, enquanto ainda outro
emergiu do túnel. Eles se espalharam em todo o hangar, movendo-se ao
longo das paredes de concreto em ambos os lados da entrada.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Stark estava em mim agora, puxando os pulsos atrás das costas
e prendeu uma restrição de plástico em torno deles. Ajoelhei-me, com
medo de minhas pernas desabarem embaixo de mim. Eu só pensava em
Caleb, esperando que um dos dissidentes tivesse advertido do raid.
Quando Stark me levou para o quarto dos fundos ouvi passos
chegando à porta do hangar. Alguém estava vindo. Os soldados se
agacharam ao lado da entrada, as suas armas na mão, de espera. Antes
que eu pudesse agir a porta se abriu. Harper saiu do interior. Eu o vi
processar a cena, apenas um segundo tarde demais. Ele caiu primeiro.
Aconteceu tão rápido que eu não sabia que ele tinha sido baleado. Eu
só o vi inclinar-se contra a porta, a ferida aberta em seu peito, onde a
primeira bala o atingiu. Levantei-me do chão.
“Caleb! Eles estão aqui”, eu gritei, com a voz estranha , uma vez
que saíram da minha boca . “Vire-se!”
Stark colocou a mão sobre meus lábios. Caleb era apenas
arredondamento o canto, o rosto mal à vista. Seus olhos encontraram
os meus e eu ouvi a arma, o tiro que atravessou seu lado. Soou mais
alto no enorme espaço de concreto, ricocheteando nas paredes. Eu
assisti ele cambalear para trás. Ele abaixou-se para o chão, seu braço
esmagado debaixo dele, com o rosto contorcido e estranho. Eu ajoelhei-
me ali, recusando-se a desviar o olhar quando ele agarrou-se, com os
olhos bem fechados de dor. Em seguida, os soldados se mudaram, a
grande massa deles engolindo tudo.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
41
O jipe se moveu rapidamente, acelerando pelas ruas amarrado
para o desfile. Milhares de pessoas se inclinavam sobre as barricadas,
ainda torcendo por sua Princesa, em busca da rota para sinais dela. Eu
estava curvada no banco de trás, enrolada em mim mesma, incapaz de
acreditar no que tinha acontecido. Minhas mãos estavam raspadas a
partir de quando eles tinham me levado do hangar. Eu tinha lutado na
aderência do soldado, tentando agarrar qualquer coisa que eu poderia,
mas eles tinha me arrastado para longe antes que eu pudesse chegar ao
Caleb.
Caleb foi baleado, eu disse a mim mesma. Eu vi seu rosto
novamente quando a bala passou por ele. Ele estava sozinho ali,
naquele piso frio de concreto, o sangue espalhando-se por baixo dele.
Nós aceleramos na longa entrada do Palácio. Eles me introduziram no
interior, além das fontes de mármore. O piso principal tinha sido
esvaziado para o casamento, os nossos passos a soar até o salão vazio.
Reginald era o único lá. Ele estava andando do lado de fora do elevador,
com o seu caderno estúpido em sua mão. Ele mordeu para baixo na
ponta do lápis.
“Fique longe de mim”, eu disse, já imaginando a história que
seria executada no dia seguinte, como os inimigos da Nova América
tinham sidos capturados na manhã do casamento. Como os cidadãos
estavam todos muito mais seguros agora. “Não adianta tentar ".
“Posso ter um momento com a princesa?”, Perguntou Reginald
aos soldados, ignorando o meu comentário. “Ela precisa ser interrogada
antes que ela vá lá em cima.” Os soldados cortaram minhas restrições e
afastaram-se, observando-nos.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
"O que você quer?” Perguntei quando estávamos sozinhos. Eu
esfreguei os pulsos “Alguns citam sobre o que a alegria de hoje, foi?” Ele
colocou a mão no meu ombro. Seus olhos corriam para os soldados,
agora estacionados ao longo das paredes do átrio circular.
"Ouça- me”, disse ele lentamente, suas palavras pouco acima de
um sussurrar. Seu rosto estava calmo. "Nós não temos muito tempo.”
"O que você está fazendo?” Eu tentei afastá-lo, mas ele chegou
mais perto, sua mão ainda em mim, seus dedos cavando minha pele.
"Acabou”, disse ele em voz baixa. “Quanto você está preocupada não há
nenhuma fuga, não há mais túneis. Você nunca conheceu Harper, ou
Curtis, ou qualquer um dos outros dissidentes. Tanto quanto você sabe,
Caleb estava trabalhando sozinho.”
"O que você sabe sobre o Caleb?” Reginald olhou para baixo.
“Muita coisa. Harper e Caleb morreram hoje, lutando contra este
regime.”
Eu balancei minha cabeça.
“Você não sabe do que está falando sobre”.
"Olhe para mim”, disse ele, apertando meu ombro. Ele não fez
parar até que meus olhos encontraram os dele. "Você me conhece como
Reginald, mas outros me conhecem como Moss.”
Ele deu um passo para trás, deixando as suas palavras afundar-
se dentro eu olhava para sua cara, vê-lo pela primeira vez, o homem
que estava sempre rabiscando em que o bloco de notas, correndo
histórias no papel, escorando citações para atender suas necessidades.
Este foi o mesmo homem que ajudou Caleb fora dos campos de
trabalho, que tinha ajudado a construir o abrigo. Ele era o único que
tinha organizado o Trail.
“Caleb está morto, " eu repito. A dormência espalhados em meu
peito.
“Você tem que continuar como se isso nunca tivesse acontecido",
continuou ele. “Você tem que se casar com Charles.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Eu não tenho que fazer nada.” Lutei livre de seu aperto. "O que
isso vai realizar?” Os sons de aplausos incharam fora da entrada
principal do Palácio.
“Você precisa estar aqui como a princesa,” ele sussurrou, seus
lábios de uma polegada de distância da minha orelha. "Então você pode
matar o seu pai.”
Ele olhou para mim atentamente. Ele não disse mais nada, em
vez lançando aberto o bloco e fingindo fazer anotações de nossa
conversa. Então, ele sinalizou para os soldados de volta, nos seguindo
para o elevador em silêncio completo.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
42
Quando voltei para minha suíte, o rei estava esperando por mim.
Ele olhou para o vestido de noiva colocado sobre a cama, um pacote de
papéis segurava em suas mãos.
“Você disse que iria deixá-lo ir. Você me mostrou fotos, levou-me
para a cela”, eu disse, incapaz de conter minha raiva por mais tempo.
“Você mentiu para mim."
O rei andou o comprimento da sala.
"Eu não preciso me explicar, certamente não para você. Você
não entende esse país. Você sabia sobre as pessoas que estavam
construindo um túnel do lado de fora e você não me contou.” Ele virou-
se e encostou o dedo na minha cara. "Você tem alguma idéia de que tipo
de perigo que teria colocado os civis? Ter uma passagem aberta para a
vida selvagem?”
“Os soldados atiraram neles”, eu disse, com minha voz trêmula.
O Rei amassou os papéis na mão. “Aqueles homens têm vindo a
organizar dissidentes durante meses, planejando trazer armas e quem
sabe o que a esta cidade. Eles tiveram que ser parados”.
“Morto", eu respondi, as lágrimas quentes nos meus olhos. "Você
quer dizer matou - não ' parado '. Diga o que você quer dizer.”
"Não fale comigo desse jeito.” O sangue correu para seu rosto.
"Eu já tive o suficiente. Eu vim aqui esta manhã, cedo, para trazer
você”, disse ele , jogando o maço de papéis para mim. Eles pousaram no
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
chão. "Vim para dizer-lhe como eu estava orgulhoso de você e a mulher
que você está se tornando.” Ele soltou um baixo, triste riso.
Mas eu mal escutava, minha mente em vez atropelando os
acontecimentos da manhã. Ele ordenou para Harper e Caleb serem
mortos. Mas quem lhe contou sobre o túnel por baixo da parede? Como
Stark tinha chegado lá antes de mim? As perguntas passaram pela
minha mente em uma velocidade infinita. Caleb está morto, eu repetia,
mas nada poderia fazê-lo sentir real.
“Há cerca de meio milhão de pessoas lá embaixo”, ele continuou,
"à espera de sua princesa a descer a rua com seu pai, para oferecer aos
seus bons desejos antes que ela esteja casada. Eu não podia deixá-los
esperando.” Ele se dirigiu para a porta, com os dedos batendo no
teclado. “Beatrice! Venha ajudar a princesa a ficar pronta”, ele gritou
antes de desaparecer pelo corredor.
A porta se fechou atrás dele. Deixei escapar um suspiro
profundo, sentindo a sala expandir na sua ausência. Eu olhei para as
minhas mãos, que queimaram agora, meus pulsos vermelho de onde as
restrições tinham estado. Eu ficava vendo Caleb, seu rosto antes que ele
caísse, a forma como o seu braço foi esmagado debaixo dele, Fechei os
olhos. Ele era demais. Eu sabia que ele não poderia ter sobrevivido, mas
a idéia que ele se foi, que ele nunca iria pegar a minha cabeça em suas
mãos, nunca mais sorrir para mim, nunca me provocar para me levar
tão a sério...
Ouvi Beatrice entrar, mas eu não conseguia parar de olhar para
a pele raspada em meus pulsos, a única prova de que as últimas horas
realmente tinham acontecido. Quando olhei para cima, ela estava de pé
ali, olhando para um ponto no tapete.
"Foi Clara, não foi?” Eu disse lentamente. “O que ela disse para
eles? Quanto é que eles sabem?” Mas Beatrice ficou em silêncio.
Quando ela olhou para cima, seus olhos estavam inchados. Ela
continuou balançando a cabeça para trás e para frente, balbuciando as
palavras:
"Eu sinto muito.” Ela finalmente disse em voz alta. "Eu tinha
que fazer.”
Algo sobre sua expressão me assustou. Seus lábios estavam
torcidos e trêmulos.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
“Você tinha o quê?”
“Ele me disse que iria matá-la”, disse ela, vindo em sua direção a
mim, envolvendo as mãos ao redor da minha. "Ele chegou cedo, apenas
depois que você saiu. Você não estava aqui. Eles descobriram que Caleb
tinha sumido. Ele disse que iria matá-la se eu não revelasse onde você
estava. Contei-lhe sobre o túnel.” Eu me afastei, minhas mãos
tremendo. "Eu sinto muito, Eve”, disse ela, estendendo a mão para
mim, tentando acariciar meu rosto. "Eu tinha que fazer, eu não quis
dizer”.
"Não”, eu disse. "Por favor.” Ela veio até mim novamente, sua
mão no meu braço, mas eu furtivamente de volta. Não era culpa dela.
Eu sabia disso. Mas eu não queria que ela me confortasse, essa pessoa
que tinha desempenhado um papel na morte de Caleb.
Eu me virei para a janela, ouvindo o som de seus soluços
sufocados até que se estabeleceram em silêncio. Finalmente, ouvi a
porta fechar. Quando eu tinha certeza de que ela se foi eu me virei,
estudando os papéis amassados no chão.
Peguei o primeiro acima, acalmada pela familiarizada caligrafia.
Era o mesmo papel amarelado que eu carregava comigo desde a Escola.
A velha carta, a que eu tinha lido milhares de vezes, agora estava
sentada em uma mochila fora da rota 80, fora desse armazém. Eu
nunca iria vê-lo novamente. A folha estava desgastada nas bordas. Dia
do casamento foi rabiscado ao longo da frente em letras trêmulas.
Sentei-me na minha cama, pressionando o papel entre os dedos,
tentando suavizar o vinco duro de onde ele amassou na mão. Minha
doce menina,
É impossível saber se e quando você vai ler isso, onde você vai
estar ou como. Nos dias que passam eu imaginei muitas vezes. O
mundo está sempre em que era uma vez. Às vezes, as portas da igreja
se abrem para a rua movimentada, e passos largos, o seu novo marido
ao seu lado. Alguém ajudando dentro de um carro esperando. Outras
vezes, é só você e ele e um pequeno grupo de amigos. Eu posso ver os
óculos criados em sua honra. E uma vez eu imaginava que não havia
casamento, nenhuma cerimônia, não é um grande vestido branco,
nenhuma das tradições só você e ele deitados ao lado do outro e uma
noite de decidir que era ele. De agora em diante, você sempre estarão
juntos.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Qualquer circunstância que seja, onde quer que esteja, eu
saberei que você está feliz. Minha esperança é que ele seja uma pessoa
boa, felicidade sem limites que trabalha o seu caminho em cada canto
de sua vida. Saibam que eu estou com você agora, como Eu sempre
estive.
Eu te amo, eu te amo, eu te amo, mamãe.
Dobrei a letra no meu colo. Eu não me mexi. Eu sentei lá na da
cama, meu rosto inchado e rosa, até que ouvi a voz do Rei, como se me
assustando de um sonho.
“Genevieve”, disse ele, sua voz grave. "Está na hora.”
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
43
Eu estava na parte de trás da Catedral do Palácio, o véu me
protegendo de milhares de olhos arregalados. O rei estava ao meu lado,
com o rosto fixo num sorriso grotesco. Ele me ofereceu seu braço.
Quando a música começou, eu enfiei minha mão pelo cotovelo e dei o
primeiro passo em direção ao altar, onde Charles esperava-me, a
aliança de casamento já para fora, pressionado entre os seus finos
dedos.
O quarteto de cordas tocadas, uma nota triste desde que tomei
um passo, depois outro. Os beirais estavam lotados com as pessoas
vestidas com seus melhores vestidos de seda, ornamentados, chapéus e
jóias. Seus sorrisos plásticos eram demais para suportar. Clara e Rose
estavam no corredor, seu cabelo feito em ondas exageradas rígidas. O
rosto de Clara estava sem cor. Ela não olhou para mim enquanto eu
passava, em vez envolvendo sua faixa de cetim firmemente em torno de
seus dedos, espremendo todo o sangue de suas mãos. Olhei para os
bancos para
Moss, finalmente no meio da fila da frente. Nós fechamos os
olhos por um momento antes de se virar. Eu estava presa aqui. O
sentimento, abafado horrível tinha retornado. Fechei os olhos por um
instante e a voz de Caleb voltou para mim, o cheiro de fumaça tão real
quanto ele tinha sido horas antes. Nós deveríamos estar fora do túnel
até agora, que se deslocam através do bairro abandonado, nossos
pacotes completos de suprimentos. Eu dei outro passo, depois outro,
todo o dever apresentando-se diante de mim, um após o outro.
Deveríamos estar deixando a cidade, indo para longe da parede e dos
soldados e do palácio, movendo a leste como o sol fez o seu lento arco
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
no céu, finalmente aquecendo nossas costas. Deveríamos estar
chegando à primeira parada na trilha.
Nós deveríamos estar juntos.
Mas ao invés disso eu estava aqui, mais só do que eu já estive a
tiara de diamantes pesada na minha cabeça. O rei parou na frente do
altar e levantou o véu por um momento. Ele olhou para mim, jogando o
papel do pai amoroso , a câmera piscou , congelando-nos para sempre
Neste lugar terrível. Ele apertou seus lábios finos contra minha
bochecha e deixou que o véu caísse sobre o meu rosto.
Então, finalmente, ele tinha ido embora. Fui até as três curtas
escadas e tomei o meu lugar ao lado de Charles. A música parou, as
pessoas ficaram em silêncio. Eu me concentrei na minha respiração, a
única lembrança que eu ainda estava viva. Firmei minhas mãos,
lembrando-me das palavras de Moss. A cerimônia estava prestes a
começar.
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Continua em:
O último volume da triologia EVE
Em breve aqui Na Dark Knight
– –
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu
Seja um Tradutor
A DK traduções precisa de você, que é tradutor ou que sabe inglês ou
espanhol. Ajude-nos a traduzir livros que ainda não vieram para o Brasil. Para
ser tradutor da Dk basta saber inglês ou espanhol suficiente para traduzir.
Interessou-se ou sabe quem poderia se interessar? Visite nossa página e nos
envie uma mensagem.
Agora se você quer ser revisor basta saber português, de preferencia nível
intermediário. Para ser revisor entre na nossa página e nos enviar uma
mensagem.
DK Traduções agradece a sua ajuda e atenção.
Dark Knight www.facebook.com/Darkknightradu