Os 12 Trabalha de Hercules

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAO DO CAMPUS I - PEDAGOGIA

DISCIPLINA; ESTUDOS LINGUSTICOS E EDUCAO I

PROFA. JANE ADRIANA VASCONCELOSALUNA: JILMARA BALBINA DOS SANTOS

ASSUNO, Claudia Adjunto de Arajo de. DELPHINO, Rosangela Mary. MENDONA, Maria do Carmo Cardoso. Produo escrita assistemtica, espontanesta improvisada, restrita s aulas de portugus In:________. (org.). RICARDO-BORTONI, Stella Marie e Machado, Verueka Ribeiro. Os doze trabalhos de Hercules: do oral para o escrito. So Paulo: Parbola, 2013. P. 81-95.Introduo

O programa Internacional de avaliao de alunos (PISA). cujo objetivo avaliar alunos de 15 anos, idade mdia em que terminam a educao bsica em grande parte dos pases, vem mostrando que ainda h um longo caminho para os alunos brasileiros alcanarem melhores resultados. O Brasil, apesar de ter aumentado sua pontuao em redao e leitura em relao a 2006, ainda continua abaixo da mdia internacional de 492 pontos atingida pelos 65 pases que participaram da avaliao em 2009. Enquanto a China, representada por Xangai. Atingiu 556 pontos, o Brasil obteve 412 pontos (p. 82-83).Mas porque isso acontece? Talvez porque as prticas de leitura e escrita sejam competncias que costumam ser delegadas somente ao professor de lngua portuguesa, que depara com uma matria extensa de ensino gramatical, que quase no favorece o potencial de leitura e produo textual na vida escolar do aluno. Quando h tempo, ele desenvolve propostas de produes textuais j pr-elaboradas pelo livro didtico. Cujas atividades podem ou no ter sentido para os alunos [...] (p.83).

Em um contexto politico social que exige cada vez mais o exerccio pleno da cidadania, atividades de leitura e escrita precisam ser conduzidas de forma continua e sistematizada. Contudo ainda encontramos contextos em que o ensino da redao realizado de forma assistemtica, espontanesta e improvisada [...] (p.83).[...] O ensino de gramtica acaba por tornar o foco, relegando o segundo plano a prtica textual. J nas series iniciais, pode ocorrer algo similar: os estudos de gramatica adquirem maior relevncia e a produo textual deixa de protagonizar o processo de ensino- aprendizagem (p.83).

O que dizem os especialistas

[...] Segundo Antunes (2009: 89) fundamental em cada exerccio de linguagem prover para quem vai escrever. Nesse sentido, o que percebemos que, quando h propostas de produo textual em sal de aula, o aluno, ao produzi-la, escreve unicamente para o professor. Assim seu ato de escrever constitui-se na maioria das vezes, em escrita-cpia, escrita norma[...](p.84).Para Antunes (2009: 167), Que leva ao insucesso nas produes escolares tem razes na contingncia daquela intertextualidade no estimulada, no providenciada na escola, que se satisfaz com a rotina de escrever textos sem a discusso prvia de informaes, dados, sem planejamento, sem rascunhos, imobilizada numa nica verso, em geral, improvisada [...] (p.84). relevante, no entanto, entender que o mercado de trabalho dada ao profissional a incumbncia de produzir, revisar e reescrever testos de diversas naturezas. Mas a escola no o tem preparado para executar essas atividades com competncia que costumam ser de funo de um nico profissional: o professor de portugus[...] (p.85).

Bortoni-Ricardo, Machado e Castanheira (2010: 16) ainda acrescentam que todo professor precisa familiarizar-se com as metodologias voltadas para as estratgias facilitadoras da compreenso leitora (.85).

J para os Parmetros Curriculares nacionais de 1998 (PCNs), cabe a escola promover a ampliao dos nveis de conhecimento prvio do aluno de forma que , progressivamente, durante os nove anos do ensino fundamental, ele se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidado, de produzir textos eficazes nas mais variadas situaes, Para tanto, imprescindvel no desvincular a linguagem da situao concreta de sua produo, ou seja, do contexto de interao verbal dos interlocutores[...](p. 85-86). O que acontece em sala de aula

Se a exigncia da disciplina se mostra um ponto favorvel ao desenvolvimento da atividade docente na escola, outra matria importante a que se refere ao planejamento das aulas, superviso e a gesto escolar. Carnoy (2009:139) aponta em sua pesquisa que os diretores carecem de liderana pedaggica, relutando em criticar o despenho profissional dos professores, assim como os supervisores desempenham um papel limitado intervindo pouco para melhorar a prtica de ensino (p.87).

A questo da formao outro vis que se mostra recorrente quando o assunto prtica pedaggica. Uma das grandes crticas feitas aos cursos de graduao em relao ao despreparo docente, que deveria ter em seu currculo um estagio mais eficiente, aqui entendido como uma maior participao no cotidiano das atividades escolares (p.87).SILVA, Meneses Mesquita. SILVA, Maria Leite da. Pouca nfase no desenvolvimento da competncia oral dos alunos In:________. (org.). RICARDO-BORTONI, Stella Marie e Machado, Verueka Ribeiro. Os doze trabalhos de Hercules: do oral para o escrito. So Paulo: Parbola, 2013. P.165-177.Dialogo com os autores A partir do ltimo quarto sculo XX, o desenvolvimento da oralidade das crianas em sala de aula comea a ganhar espao nas produes acadmicas sobre educao lingustica. O desenvolvimento da lngua oral dos alunos passou a integrar a responsabilidade das escolas e caracterizou-se como uma das principais mudanas no foco da pedagogia recentemente (.p166)Tendo em mente que necessrio alfabetizar letrando as crianas a partir dos 6 anos (Carvalho, 2009) e que escola precisa contemplar em seus projetos pedaggicos um trabalho eficiente com a oralidade [...] (p.166)

Para Marcuschi (2010), a fala a primeira atividade do ser humano. A criana, quando ingressa na escola, j aprendeu a falar e a entender a linguagem sem necessitar de treinamento especfico [...] (p.166). Freire e Macedo (1990) advertem que a lngua dos alunos o nico meio pelo qual eles podem desenvolver sua prpria voz, pr-requisito para o desenvolvimento de um sentimento positivo do prprio valor. A voz dos alunos jamais deve ser sacrificada, uma vez que o nico meio pelo qual eles do sentido a prpria experincia no mundo(p.167).os modos de fala de cada sujeito podem expressar tanto desejos imediatos como a subjetividade que cada um carrega. A fala define o homem como um ser de discurso, um ser que busca se comunicar por meio de varias formas de linguagem. Porm, quando lhe falta a voz, abre-se um caminho para o silencio e em consequncia h prejuzo para aprendizagens que lhe possibilitam expressar-se (p.168).

[...] Ao produzir fala, o sujeito expressa sentimentos, valores, pode ser posicionar diante de fatos e ideias que lhe so apresentadas (p.168).ao longo dos anos, a cultura oral foi sendo substituda pela cultura escrita. Assim a escola tradicional- e a de hoje ainda o faz definia como competente o sujeito de boa escrita e bom raciocnio lgico. A fala, abafada, escondida e, ao mesmo tempo, criativa, podia ser somente demostrada em versos e prosas escritos. A voz dar lugar ao silencio e s pode ser veiculada pela escrita (p168).

A criana, ao chegar a escola, traz oralidade, gosta de cantar, ouvir e contar estrias de seu dia a dia, estrias que ouviu de pessoas mais velhas, traz conceitos construdos culturalmente e deseja falar diante de seus pares no ambiente escolar. Pela valorizao da cultura escrita, entretanto, os fazeres pedaggicos dentro da escola acabam por abafar a voz da criana (p.169).A oralidade em sala de aula

Cabe a escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas situaes comunicativas, especialmente nas mais formais: planejamento e realizao de entrevistas, debates, dilogos com autoridades, dramatizaes etc (p.169)

Marcuschi (apud Santos, 2011) aponta a importncia do desenvolvimento de competncias orais na escola e apresenta quatro premissas para argumentar em favor do trabalho com a lngua falada (p.169).A primeira premissa insiste em que o foco do ensino deve ser deslocado do cdigo lingustico para o uso da lngua, ou para analise de textos e discursos (p. 170)

A segunda premissa que escola deve ser ocupar da fala propondo um paralelo de analise coma escrita. A chamada norma-padro, ou lngua falada culta, consequncia do letramento, motivos porque, indiretamente, funo da escola desenvolver no aluno o domnio da linguagem falada institucionalmente aceita [...] (p.170)

A terceira premissa diz respeito a bimodalidade. A escrita torna o aluno bimodal, o que diferente de dialetal. Bimodal significa ter domnio duplo da lngua materna, isto , ele domina a modalidade de uso tanto da lngua falada quanto da lngua escrita (p.170).A quarta e ultima premissa- que compe o arcabouo terico atravs do que Marcuschi defende de a incorporao da lngua falada ao ensino do portugus (apud Santos, 2011) refere-se ao uso da lngua em textos descontextualizados. Devemos romper com a insistncia no ensino de unidades isoladas como frases, palavras e sons e adotar uma concepo de lngua como interao social. Consequentemente a gramtica deve ser trabalhada na produo e compreenso textual, e no como mero exerccio analtico de palavras e frases a(p.171). Dessas reflexes, surge um grande desafio para os educadores de modo em geral, mas principalmente para o professor alfabetizador, porque ele quem atua no inicio da aquisio da construo textual oral e escrita dos alunos no ambiente escolar. Cabe a ele enquanto letrador, proporcionar possibilidades de as crianas compreenderem como a lngua funciona[...](p.171).

Consideraes finais

Voltada para a aprendizagem da leitura e escrita, a escola no compreende a importncia do trabalho com a oralidade, percebe-se que o foco tem sido na aprendizagem e no desenvolvimento da competncia escritora, porque a escrita culturalmente a modalidade de prestigio, em detrimento da oralidade (p.176)Hoje existem gneros textuais orais para ajudar a criana a ampliar sua competncia comunicativa. No entanto, existe uma lacuna na formao inicial e continuada dos professores no que se refere ao trabalho com gneros orais na sala de aula (p.177).

Depende principalmente de o professor levar o aluno a compreender que existem vrios modos de falar e que todos so considerados corretos, embora seja necessrio adequar fala a situao de uso. Por isso o professor deve facilitar ao aluno o acesso ao conhecimento da lngua culta tanto na modalidade escrita quanto oral (p.177).