Os antecedentes Os anos vinte presos ao academicismo e às influências francesas da belle époque;...

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Os antecedentes

Os anos vinte

presos ao academicismo e às influências francesas da belle époque; Informações fragmentadas sobre as vanguardas necessidade de atualização das artes a busca de identidade nacional retorno às raízes culturais do país.

anseios desencadeados pela Primeira Guerra e pela proximidade dos festejos do primeiro centenário da Independência.

Anseios Modernistas

Eventos que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

• 1912– Retorno de Oswald de Andrade da Europa e o

início da divulgação do Futurismo de Filippo Tommaso de Marinetti.

– “Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto-mortal, a bofetada e o murro” (F.T.M)

– “lançamos ao mundo este manifesto de violência arrebatadora e incendiária com o qual fundamos nosso futurismo, porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários”. (F.T.M)

Eventos que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

1912 A irreverência e a ironia demolidora de Oswald fazem

eco a Marinetti: “haveremos de andar sempre 50 anos atrás dos outros povos?” (O.A)

Antes já haviam se manifestado na fundação, com Emílio de Menezes, do jornal O Pirralho.

Nesse semanário encontramos também as paródias de Juó Bananére, que influenciarão os poemas paródia de Oswald de Andrade.

Uma das paródias que Bananére fez de Bilac

Soneto XIII De Via LácteaOlavo Bilac

Uvi StrellaJuó Bananere

Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E vos direi, no entantoQue, para ouvi-las, muita vez despertoe abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquantoA via lactea, como um palio aberto,Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estao contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entende-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender as estrelas."

Che scuitá strella, né meia strella!Você stá maluco! e io ti diró intanto,Chi p'ra iscuitalas montas veiz livanto,i vô dá una spiada na gianella.

I passo as notte acunversáno c'oella,

Inguanto cha as otra lá d'un cantoStó mi spiano. I o sol como um brigliantoNasce. Ogliu p'ru çeu: — Cadê strella?!

Direis intó: — Ó migno inlustre amigo!

O chi é chi as strellas ti diziaQuano illas viéro acunversá contigo?

E io ti diró: — Studi p'ra intendela,

Pois só chi giá studô Astrolomia,É capaiz de intendê istas strella.

Eventos e exposições que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

• 1913– A exposição de Lasar Segall sinaliza contatos com

as vanguardas alemãs.

Paisagem brasileira

Mário

Fim e Começo

Eventos e exposições que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

1914 O jornal O Estado de São Paulo publica vários artigos sobre o Futurismo

A primeira exposição de Anita Malfatti evidencia o abandono da pintura acadêmica.

Meu irmão Alexandre,1914

Eventos que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

1915 Fundação da Revista

Orpheu,organizada ao mesmo tempo no Rio por Ronald de Carvalho e Luís de Montalvôr.

Eventos e exposições que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

1917 - Ano fundamental no desencadeamento do Movimento modernista Publicados livros de estréia de vários autores que participarão da Semana de Arte

Moderna.

Mário de Andrade – Há uma gota de sangue em cada poema.

Manuel Bandeira – Cinza das Horas

Menotti del Picchia – Moisés e Juca Mulato

Guilherme de Almeida – Nós

Cassiano Ricardo – A frauta de Pã

Murilo Araújo - Carrilhões

PoemasMário de Andrade Manuel BandeiraAssim como há resquício de barro

Nas estradas asfaltadasE ruínas pelo impacto das guerrase catástrofesHá em cada poema uma lágrima;

Assim como ecoa aplausos e vaiasDa grande semana! Onde sobraPedaços mastigados na antropofagiaMário não desperdiçaria uma idéiaSem que esfacelasse fontes, rituais e oferendas.

Há uma gota de suor em cada letraE em cada verso um gozo de dorPor que sempre a dor do poeta?Simples… É exatamente aí que sucumbiAs mágoas de exprimir pelo dom;E despedir a força vital paulatinamente…

Mas há de deixar cada poeta, em cada página secaA ata boêmia, ideia difusa esua vida latente!

• DESENCANTO

Eu faço versos como quem choraDe desalento. . . de desencanto. . .Fecha o meu livro, se por agoraNão tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .Tristeza esparsa... remorso vão...Dói-me nas veias. Amargo e quente,Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,Assim dos lábios a vida corre,Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

PoemasMenotti del Picchia Guilherme de AlmeidaE, na noite estival, arrepiadas, as plantas

tinham na negra fronde, umas roucas gargantas bradando, sob o luar opalino, de chofre: "Sofre, Juca Mulato, é tua sina, sofre... Fechar ao mal de amor nossa alma adormecida é dormir sem sonhar, é viver sem ter vida... Ter, a um sonho de amor, o coração sujeito é o mesmo que cravar uma faca no peito. Esta vida é um punhal com dois gumes fatais: não amar é sofrer; amar é sofrer mais"!

Nessa tua janela, solitário,entre as grades douradas da gaiola,teu amigo de exílio, teu canáriocanta, e eu sei que esse canto te consola.

E, lá na rua, o povo tumultuárioouvindo o canto que daqui se evolacrê que é o nosso romance extraordinárioque naquela canção se desenrola.

Mas, cedo ou tarde, encontrarás, um dia,calado e frio, na gaiola fria,o teu canário que cantava tanto.

E eu chorarei. Teu pobre confidenteensinou-me a chorar tão docemente,que todo mundo pensará que eu canto.

PoemasCassiano Ricardo

Murilo Araújo

O pássaro fugiu, ficaram-me as penas da sua asa, nas mãos encantadas. Mas, que é a vida, afinal? Um vôo, apenas. Uma lembrança e outros pequenos nadas.

Passou o vento mau, entre açucenas,deixou-me só corolas arrancadas...Despedem-se de mim glorias terrenas.Fica-me aos pés a poeira das estradas.

A água correu veloz, fica-me a espuma.Só o tempo não me deixa coisa algumaaté que da própria alma me despoje!

Desfolhados os últimos segredos,quero agarrar a vida, que me foge,vão-se-me as horas pelos vãos dos dedos.

SINOS DE BRONZE! o vosso timbre escuto dobrando em luto - dobrando e soluçando quando tange. A angústia negra o coração me morde: O vosso acorde - a Morte vem zoá-lo como um alfanje? Eu vos escuto como um choro fundo, quando aprofundo o nada... a vida - e o ser se me confrange. Sinos de bronze! a vossa voz tão longa, na noite se prolonga como um gemido ao longe... E plange, plange!

Eventos e exposições que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

• 1917 - Ano fundamental no desencadeamento do Movimento modernista

Villa Lobos – compõe Amazonas, sob a influência de Igor Stravinsky.

Donga – compõe Pelo Telefone

Eventos que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

1917 Exposição com 53 telas de Anita Malfatti: o estopim do

Movimento Modernista

O homem amarelo

A estudante

O japonês

Eventos e exposições que marcam o período antecedente ao Modernismo Brasileiro.

• A crítica de Monteiro Lobato

– “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. [...]

– A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro.”

Entre 1917 e 1922• Exposição de Di Cavalcanti• Escultura de Vitor Brecheret

• Artigo “Mestres do Passado”, de Mário de Andrade

• A publicação de Carnaval, de Manuel Bandeira

Poemas de CarnavalOs saposEnfunando os papos,Saem da penumbra,Aos pulos, os sapos.A luz os deslumbra. Em ronco que aterra,Berra o sapo-boi:-“Meu pai foi à guerra!”-“Não foi!”-“Foi!”-“Não foi!”. O sapo-tanoeiro,Parnasiano aguado,Diz: - “ Meu cancioneiroÉ bem martelado.•

Longe dessa grita,Lá onde mais densaA noite infinitaVerte a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo,Sem glória, sem fé,No perau profundoE solitário, é Que soluças tu,Transido de frio,Sapo-cururuDa beira do rio...(1918)

Vede como primoEm comer os hiatos!Que arte! E nunca rimoOs termos cognatos. O meu verso é bomFrumento sem joio.Faço rimas comConsoantes de apoio. Vai por cinqüenta anosQue lhes déia norma:Reduzi sem danosAs formas a forma. Clame a sapariaEm críticas céticas:Não há mais poesia,Mas há artes poéticas...”

Urra o sapo-boi:- “Meu pai foi rei”- “Foi!”- “Não foi!”- “Foi!” – “Não foi!”. Brada em um assomoO sapo-tanoeiro:- “ A grande arte é comoLavor de joalheiro. Ou bem de estatuário.Tudo quanto é belo,Tudo quanto é vário,Canta no martelo.” Outros, sapos-pipas(um mal em si cabe),falam pelas tripas:- “Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”.

A semana

1922

Cartazes da Semana

Pintura

1. A onda2. A ventania3. Mulher de cabelos verdes4. O homem de sete cores (Fauno)

MALFATTI

ANNITA

Di Cavalcanti

•O "gran finale" surge na forma de um recital de música comandado pelo maestro Ernani Braga.

• Executa solos de piano das Danças Africanas de Villa Lobos:• I Farrapós• II Kankukus• III Kankikis

Mais uma vez Villa Lobos