Post on 29-Sep-2020
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
Título: MÍDIAS IMPRESSA E INTERNET: PROPOSTAS METODOLÓGICAS PARA
PRÁTICAS SIGNIFICATIVAS DE ESCRITA
Autor Joseane Cíntia Piechnicki
Disciplina/Área (ingresso no PDE) Língua Portuguesa
Escola de Implementação do Projeto e sua
localização Colégio Estadual Manoel Ribas
Município da escola Telêmaco Borba
Núcleo Regional de Educação Telêmaco Borba
Professor Orientador Profª Drª Djane Antonucci Correa
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Ponta Grossa
Relação Interdisciplinar Arte, História
Resumo A escrita se potencializa no mundo
moderno, principalmente pela circulação das
mais diferentes linguagens e recursos, os
quais se constituem como meios que podem
contribuir com o desenvolvimento de
práticas significativas de escrita. Em
contrapartida, evidencia-se o interesse de
crianças, jovens e adultos pelo universo
midiático e por todo tipo de aparato
tecnológico que proporcione a interação
entre seus pares. Na escola, a criação de
espaços diferenciados que oportunizem a
participação interativa e a construção
individual e coletiva, utilizando-se destas
novas formas de linguagem são, sem
dúvida, um grande desafio para professores
de Língua Portuguesa, principalmente, no
que se refere à metodologias eficientes e
significativas que possam contribuir nesse
processo. Este projeto intenciona apresentar
propostas metodológicas diferenciadas na
tentativa de aproximar a realidade
vivenciada pelos educandos à realidade
escolar, ou seja, oportunizando práticas que
dinamizem e tornem as atividades de
práticas da escrita mais atrativas e
interessantes para os educandos. Na
metodologia está previsto o
desenvolvimento de oficinas de prática da
escrita com atividades individuais e coletivas
utilizando-se das Mídias Impressa e Internet.
Na primeira oficina intitulada “Tecendo o
Texto” propõe-se uma reflexão a respeito da
importância da escrita. Trata-se de um
momento de resgate do conhecimento dos
alunos e reflexão a respeito do que a escrita
é capaz de proporcionar em nosso dia-a-dia.
Na segunda oficina: “Crônicas: Da leitura à
autoria” os alunos serão instigados a
compreensão do gênero crônica, à
pesquisa, leitura e, por fim, a produção
escrita do gênero utilizando-se de recursos
midiáticos. Espera-se que os alunos se
sintam motivados a desenvolver atividades
diferenciadas de práticas da escrita, se
interessem pela autoria de textos e,
principalmente, compreendam a importância
da produção e fluência textual.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Língua Portuguesa, Escrita, Mídias
Formato do Material Didático Caderno Pedagógico
Público Alvo Alunos do 2º Ano do Ensino Médio
O Programa de Desenvolvimento Educacional propõe um conjunto de atividades que
se articulam e se definem a partir das necessidades da Educação Básica, buscando no
Ensino Superior a contribuição para supri-las e um nível de qualidade desejado para a
educação pública no Estado do Paraná.
Neste sentido, ao compor o grupo de professores pesquisadores deste programa
busca-se, durante todo o percurso, subsídios teóricos e metodológicos para o
desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas e que resultem em um
redimensionamento de nossa prática pedagógica.
Dentre as atividades propostas está este caderno pedagógico que tem como
finalidade dar suporte ao trabalho durante a implementação do projeto, no Colégio em que o
professor PDE está vinculado.
Este material didático foi elaborado considerando a realidade do Colégio Estadual
Manoel Ribas, que pertence ao Núcleo Regional de Telêmaco Borba, no entanto, é aplicável
a todas as Escolas da Rede Estadual de Ensino.
Nesta proposta, sugerem-se atividades para introduzir a produção escrita, bem
como, atividades que contemplam o gênero textual. Pretende-se, desta forma, oportunizar
ao aluno um contato próximo com o texto, por meio de práticas significativas de escrita.
Sabe-se que escrever, por vezes, é um processo desinteressante para os alunos.
Este desinteresse pela escrita se justifica, pois diante de inúmeras possibilidades de contato
com a escrita nos mais diversos meios midiáticos a que se tem acesso, escrever sem que
ocorra interação, intervenção e a exposição que são naturalmente proporcionadas por esses
meios não parecem atrativas na concepção dos educandos.
Desta forma, este material foi planejado e organizado sugerindo metodologias que
contemplam a utilização das mídias impressa e internet. Durante a aplicação, o professor
poderá optar pela metodologia que contempla a realidade de sua escola e também, sua
necessidade. Vale ressaltar, no entanto, que tal proposta pode ser adaptada, alterada,
considerando principalmente o contexto em que se pretende aplicá-la.
Coloco-me à disposição para dar continuidade às discussões, seja pelas redes
sociais ou por correio eletrônico. Um abraço e boas práticas a todos nós!
Profª Joseane Cíntia Piechnicki
joseane@seed.pr.gov.br / joseanecintia@gmail.com
Palavra da Autora
Este caderno pedagógico está dividido em dois módulos. As atividades previstas
para o primeiro módulo denominado “Tecendo o Texto” são introdutórias e intencionam levar
o aluno a refletir sobre a escrita experenciando o texto de maneira individual e colaborativa.
Para o segundo módulo, intitulado: Crônicas: Da leitura à autoria, sugerem-se atividades
específicas de leitura e escrita a respeito do gênero crônica.
Entende-se ser fundamental saber mais sobre o público a que a proposta se destina,
assim, antes do início das atividades é pertinente a aplicação de um questionário, o qual
dará uma visão geral da relação dos alunos com escrita e as mídias (ver: apêndice –
questionário).
Durante todo o desenvolvimento da proposta é possível optar por práticas que se
utilizam das mídias impressa ou internet. Os materiais a serem utilizados deverão ser
previamente organizados pelo professor, desta forma, se tem neste caderno pedagógico
todo o caminho a ser percorrido, ou seja, sugestão de links da internet, tutoriais, filmes, bem
como, as etapas que podem ser desenvolvidas por meio da proposta metodológica. Desta
forma, você professor, será direcionado aos textos sugeridos, tutoriais e poderá organizar
seu espaço virtual para desenvolvimento das atividades a serem desenvolvidas pelos
alunos. Aqui, sugere-se o Facebook para estabelecer um contato próximo com os alunos,
bem como, disponibilizar materiais e instigar as discussões (ver: apêndice - Facebook).
Ao escolher utilizar-se dos recursos da internet, sugere-se que as orientações sejam
dadas em sala de aula e que os alunos produzam, interajam, publiquem e participem a
distância, ou seja, por meio dos recursos de interação e colaboração sugeridos neste
caderno pedagógico. Durante as oficinas os alunos serão orientados sobre onde acessar as
atividades da oficina e como desenvolvê-las, estes por sua vez, irão desenvolver as
atividades a distância e terão o acompanhamento do professor presencialmente e a
distância.
Esta proposta será aplicada em duas turmas do 2º ano do Ensino Médio. Em uma
delas será utilizada somente a mídia impressa e, em outra, os recursos da internet. Todo o
trabalho desenvolvido, bem como os resultados observados serão sistematizados por meio
de um artigo. Vale ressaltar, no entanto, que ao optar pela utilização de recursos impressos
as atividades propostas deverão ser desenvolvidas presencialmente.
Coloco-me à disposição para eventuais dúvidas ou para discussões que visem o
enriquecimento desta proposta.
Profª Joseane Cíntia Piechnicki
joseane@seed.pr.gov.br / joseanecintia@gmail.com
Orientações Gerais
“Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto
final. No meio você coloca ideias”. Pablo Neruda
Não são todas as pessoas que consideram escrever uma tarefa fácil. Pablo Neruda,
renomado poeta chileno, define de maneira simples o que para muitos é um processo
complicado e muitas vezes árduo. Eu demorei a começar a escrever. Digo, escrever de
verdade. Fui alfabetizada pela cartilha Sodré, juntando o “b” mais o “a” para formar o “ba”.
Quando cheguei ao Ensino Fundamental e Médio não conseguia ligar uma frase a outra. Foi
uma fase difícil, a qual não me permitia sequer, entender o porquê de não tirar boas notas
nas aulas de produção textual.
Quando concluí o Ensino Médio foi necessário escolher um curso de graduação. Não
tive dúvidas. Optei por Letras. Quem sabe, na faculdade, pudesse compreender o mistério
da produção escrita, da união conexa de uma frase e outra, da produção de um texto
coerente e que fizesse sentido para mim e para meus leitores.
Entre uma disciplina e outra mais longe eu ficava dos meus textos. Cultura Brasileira,
Teoria Literária, Literaturas, inquestionavelmente, eu via muito texto, muito mesmo.
Perfeitos, significativos, conexos. Desde Alfredo Bosi até Drummond e Vinícius.
Tive que produzir muito também. Sofri. Perdi horas e horas e sentia-me insatisfeita
com os resultados. Obviamente que meus professores, também. Engana-se quem pensa
que na faculdade de Letras se aprende, principalmente, a escrever. Pressupõe que aquele
que passou por um vestibular onde há, inclusive, uma prova de redação, saiba produzir um
texto coeso e coerente.
Foi justamente nessa época, ou seja, no início da faculdade que comecei a ter
acesso ao computador. Bendita hora em que o acesso passou a ser facilitado. Aquela
geringonça, grande e desajeitada passou a fazer parte da mobília do meu quarto. Ela e a
suave, digo, irritante música que eu ouvia após a meia-noite para tentar conectar a internet.
Internet? Sim, só discada e para aqueles que tivessem paciência. Justo eu que era
acostumada a dormir cedo precisava aguardar até meia-noite para conseguir uma conexão
com a rede, pois em outros horários era muito caro. Fui forte, determinada e comecei a
brincar de aprender a navegar naquele mundo desconhecido. Por onde comecei? Por onde
eu tinha a possibilidade de conhecer pessoas: salas de bate-papo. Escolhia um nickname e
fazia uso da escrita para me comunicar com meus amigos virtuais, ou melhor, tentar. No
começo não era fácil. Eu, naturalmente, tinha dificuldades para produzir textos. Agora,
Escrever…
pensar rápido, escrever rápido, formando frases imediatas fez com que no início, eu
perdesse muitos contatos. Muitos não tinham a paciência de esperar meu raciocínio. Entre
um passeio e outro pelas salas virtuais fiz muitos amigos. Troquei muitas mensagens por
correio eletrônico, produzi muitos textos, porque dependia deles para estabelecer meus
vínculos, minhas amizades, no mundo novo, do qual eu passava a fazer parte e tornar-me
habitante.
Desta forma, a escrita passou a fazer sentido, ou seja, a ter signicado. Com o
interesse pela escrita surgiu, também, a vontade de saber mais sobre as tecnologias e
investigar de que maneira elas poderiam contribuir com o desenvolvimento de práticas
significativas de escrita. Até que, de sala de bate papo, em 2005, já formada e atuando
conheci os blogs e passei a escrever a respeito das minhas experiências com as tecnologias
e a educação. Foi a descoberta de um novo mundo, pois eu escrevia e conseguia perceber
que aqueles que também se interessavam pelo assunto me acompanhavam e interagiam
comigo. Tive várias surpresas até perceber, de fato, o contrário do que imaginava: eu não
escrevia para mim. Eu escrevia para aqueles que quisessem ler, viver junto comigo minhas
descobertas, minhas percepções.
Justamente aqui está minha preocupação enquanto educadora, a necessidade de
escrever mais e, mais do que isso, disseminar essa possibilidade de se mostrar ao mundo
pelo que se é, vive, aprende, descobre. E por que não usufruir das inúmeras possibilidades
que temos para expor um pouco de nós deixando registros e permitindo a interação para
além daquilo que estamos habituados?
É preciso buscar novas possibilidades, novos mares. A respeito dos desafios, o
poeta português, Fernando Pessoa, afirma que “os barcos estão seguros se permanecem
no porto, mas não foram feitos para isso.”
Autora: Joseane Cíntia Piechnicki (http://www.toondoo.com)
A escrita se potencializa no mundo moderno, principalmente pela circulação
das mais diferentes linguagens e recursos, os quais, naturalmente se constituem
como recursos que podem contribuir com o desenvolvimento de práticas
significativas de escrita. Em contrapartida, evidencia-se o interesse de crianças,
jovens e adultos pelo universo midiático e por todo tipo de aparato tecnológico. Por
meio dos celulares, principalmente, adolescentes e crianças se comunicam a todo
instante, como nunca foi possível fazer antes. Seja pelas redes sociais ou por
serviços como WhatsApp, grupos são criados para compartilhar textos escritos,
vídeos, áudios, entre outros recursos.
Na escola, a criação de espaços diferenciados que oportunizem a
participação interativa e a construção individual e coletiva utilizando-se destas novas
formas de linguagem é, sem dúvida, um grande desafio para professores de Língua
Portuguesa.
A partir desta premissa deu-se a escolha do tema desta pesquisa que está
vinculada, principalmente, à vivência pessoal e profissional como professora de
Língua Portuguesa e também como pesquisadora em Tecnologias na Educação. No
exercício destas funções foi possível concordar que “é preciso que o aluno se
envolva com os textos que produz e assuma a autoria do que escreve, visto que ele
é um sujeito que tem o que dizer. Quando escreve, ele diz de si, de sua leitura de
mundo”. (PARANÁ, 2008, p. 56)
Ao aprofundar a pesquisa e no exercício dessas funções, percebeu-se que a
prática da elaboração de textos realmente se torna ainda mais dinâmica com os
recursos da internet, já que estes facilitam o caminho e permitem que qualquer
pessoa se mostre para o mundo por meio da escrita.
É inevitável a percepção de que a internet propiciou uma “explosão de novos
gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade quanto na escrita”
(MARCUSCHI, 2005, p.19), não diretamente decorrentes da tecnologia, em si, mas
sim de sua influência no uso cotidiano da linguagem.
Na internet, muitos dos recursos disponíveis podem ser utilizados em
atividades de práticas da escrita e, desta forma, corroborar com a prática docente.
Primeiras Reflexões
Estes recursos, em virtude de suas características, primordialmente dinâmicas,
possibilitam a interação, o que pode intensificar o movimento dialógico e a mediação
durante o processo de ensino aprendizagem.
Para Koch (2012, p. 13) “no texto escrito, a dialogicidade constitui-se numa
relação ‘ideal’, em que o escritor leva em conta a perspectiva do leitor, ou seja,
dialoga com determinado (tipo de) leitor, cujas respostas e reações ele prevê”.
Ainda, Koch (2012, p. 34) afirma que “tanto aquele que escreve como aquele para
quem escreve são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que -
dialogicamente - se constroem e são construídos no texto”.
Ao escrever, aquele que escreve deve naturalmente, conhecer seu público
leitor e considerá-lo. Afinal, quem escreve, escreve por alguma razão e tem algum
objetivo com o seu texto.
Vemos, portanto, que a escrita é um trabalho no qual o sujeito tem algo a dizer e o faz em relação a outro (o seu interlocutor/leitor) com certo propósito. Em razão do objetivo pretendido (para que escrever?), do interlocutor/leitor (para quem escrever?), do quadro espacio-temporal (onde? quando?) e do suporte de veiculação, o produtor elabora um projeto de dizer e desenvolve esse projeto, recorrendo a estratégias linguísticas, textuais, pragmáticas, cognitivas, discursivas e interacionais, vendo e revendo, no próprio percurso da atividade, a sua produção. (KOCH, 2012. p.36).
Na internet este processo é fácil de ser compreendido visto que existem sites,
blogs que abordam temas específicos, fóruns que discutem a respeito de diversos
temas além de comunidades em redes sociais que abordam assuntos de interesse,
principalmente, daquele que escreve.
No que se refere, em especial, às redes sociais, há de se considerar que a
grande maioria dos educandos faz parte de comunidades virtuais, estas são
definidas por Lévy (1999, p. 27) como “um grupo de pessoas se correspondendo
mutuamente por meio de computadores interconectados”, no entanto, ainda não as
visualizam como grupo de estudos e aperfeiçoamento do aprendizado.
A forma pela qual os textos da internet são organizados se difere dos textos
impressos.
O conhecimento escolar da cultura letrada se estruturou como as páginas de um livro: linear, encadeado e segmentado. Num livro é difícil, mesmo incômodo, consultar dois trechos de páginas diferentes ao mesmo tempo: na escola também. É preciso passar primeiro pelo pré-requisito, e só depois ver o seguinte. (RAMAL, 2000).
No texto impresso, a leitura é linear e as páginas devem ser seguidas para
que o texto ganhe sentido, significado. Seu manuseio possibilita ao leitor “ir e vir” até
o texto ou trecho do texto de interesse além de permitir a inserção de grifos e
anotações.
Coscarelli (2007, p. 75) esclarece que:
O texto convencional é tido como linear porque as palavras vêm umas depois das outras, assim como os parágrafos, os capítulos e assim por diante. Isso não significa que todos os textos são lidos na sequência proposta pelo autor, e há muitos textos que estimulam a leitura não-linear.
A escrita na rede também é diferenciada. Ao publicar um texto na internet o
escritor tem a possibilidade de organizá-lo no formato de um hipertexto,
disponibilizando sugestões de leituras que complementem o assunto abordado. No
caso de uma notícia, por exemplo, o autor pode indicar fontes que completem as
informações buscando oferecer maior clareza ao leitor ou ainda, direcionar o texto a
imagens e vídeos que exemplifiquem e enriqueçam o assunto apresentado.
De acordo com Lévy (1993, p.33), o hipertexto:
É um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa, portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira.
Assim, uma das características do hipertexto se refere à autoria, pois o autor
tem a possibilidade de elaborar seu próprio texto, o qual pode vir seguido de
indicações de outros textos de gêneros diversos, além de possibilitar interações e
por vezes a colaboração de outros leitorespara sua produção.
(...) Dentro do hipertexto existem vários links, que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas expressões com novos textos, fazendo com que estes se distanciem da linearidade da página e se pareçam mais com uma rede. Na Internet, cada site é um hipertexto –clicando em certas palavras vamos para novos trechos, e vamos construindo, nós mesmos, uma espécie de texto”. (RAMAL, 2000).
Diante das inúmeras possibilidades de recursos da internet que podem
contribuir com propostas metodológicas inovadoras, entende-se que o educador tem
um papel importante no processo educativo. O maior deles, talvez seja a tentativa de
aproximar a realidade vivenciada pelo educando à realidade da escola, ou seja,
oportunizando práticas que dinamizem e tornem as atividades de práticas da escrita,
foco deste projeto, mais atrativas e interessantes para os educandos.
Desta forma, o desafio está lançado: instigar os alunos à autoria de textos de
forma que eles se sintam motivados ao visualizar suas produções publicadas em
jornais ou na internet e ao interagir com seu público leitor.
Módulo 1
Tecendo o texto
Objetivos
Oportunizar um contato próximo do aluno com o texto.
Compreender o que é escrita.
Relacionar a prática da escrita com o meio social.
Refletir sobre a relação da escrita com recursos de
comunicação e interação.
Textos Complementares
Alguns autores se utilizam da comparação para abordar a
prática da escrita. Desta forma, sugerem-se como textos
complementares, as produções de Marcuschi e Graciliano Ramos,
os quais, assim como o poema de João Cabral de Melo Neto,
podem auxiliar na compreensão dos movimentos dialógicos
perceptivos e necessários que ocorrem durante a prática da escrita.
Os textos podem ser lidos no momento em que o professor
considerar necessário, com o objetivo de fomentar e fundamentar
das discussões.
Marcushi (p. 77, 2008), em seu livro: Produção Textual,
análise de gêneros e compreensão, compara a produção de texto a
um jogo. Para ele:
Professor,
Nesta oficina você
deverá oportunizar
ao aluno, uma
reflexão a respeito
da importância da
escrita. É um
momento de resgate
do conhecimento de
seus alunos, bem
como, de reflexão a
respeito do que a
escrita é capaz de
proporcionar em
nosso dia-a-dia. Com
o poema “Tecendo a
Manhã” de João
Cabral de Melo Neto
pretende-se instigar
os alunos a
percepção de como
ocorre o processo da
escrita, dando
ênfase ao
movimento
proporcionado pelo
canto dos galos. É
importante que seus
alunos sejam
instigados a
perceber que
durante a escrita o
autor precisa retomar
conhecimentos
prévios e, também, ir
em busca de outros
“gritos de galos”.
Cabe abordar a
importância que a
leitura exerce
durante todo o
processo de prática
da escrita.
Antes de um jogo, temos um conjunto de regras (que podem ser elásticas como no futebol ou rígidas como no xadrez), um espaço de manobra (a quadra, o campo, o tabuleiro, a mesa) e uma série de atores (os jogadores), cada qual com seus papéis e funções (que podem ser bastante variáveis, se for um futebol, um basquete, um xadrez etc). Mas o jogo só se dá no decorrer do jogo. Para que o jogo ocorra, todos devem colaborar (…).
Graciliano Ramos, por sua vez, faz uma comparação entre as lavadeiras de
Alagoas e o ato de escrever:
Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes (…).
Para saber mais…
Produção Textual, análise de gêneros e compreensão, Luiz
Antônio Marcuschi.
Língua, texto e ensino, Irandé
Antunes
Ler e escrever: estratégias de Produção Textual, Ingedore Villaça
Koch e Vanda Maria Elias.
Filmografia
Tecendo a Manhã, João Cabral de Mello Neto. Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=23053. Acesso em 21 de
outubro de 2013.
Animação baseada no poema "Tecendo a
Manhã" de João Cabral de Melo, poeta
que inaugurou um novo modo de fazer
poesia na literatura brasileira, guiado pela
lógica, pelo raciocínio, seus poemas
evitam análise e exposição do eu e volta-
se para o universo dos objetos, das
paisagens, dos fatos sociais, jamais
apelando para o sentimentalismo.
.
Proposta Metodológica
Autora: Joseane Cíntia Piechnicki( http://www.toondoo.com)
Ler o poema “Tecendo a Manhã”, de João Cabral de Melo Neto, disponível
em: http://www.revista.agulha.nom.br/joao02.html.
“Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro (...). ”
Solicitar a leitura individual e compartilhada do poema e análise das possíveis
relações do poema com a escrita.
Estabelecer relações a respeito dos diálogos que são necessários para a
compreensão dos textos: conhecimento prévio, discussões, leituras, etc.
Instigar a percepção do movimento do canto dos galos e estabelecer a
comparação com o movimento necessário para a prática da escrita. Distribuir,
aos alunos, fragmentos de textos que exijam conhecimento prévio (ver
apêndice – “Tecendo o Texto”).
Solicitar ao grupo a leitura e a exposição da compreensão do fragmento.
Instigar a percepção da necessidade do conhecimento prévio e em seguida
solicitar a apresentação das informações necessárias à compreensão dos
fragmentos lidos.
Solicitar que cada aluno escreva uma definição para escrita ou um benefício
da escrita para o desenvolvimento de atividades cotidianas.
Em pequenos grupos, realizar a mesma atividade baseada na produção
anterior.
Reproduzir as definições em tiras de papel para confecção de um painel ou
utilizar a lousa digital para apresentação das produções.
Organizar um debate para exposição oral da experiência.
Autora: Joseane Cíntia Piechnicki (http://www.toondoo.com)
Que tal utilizar um recurso
a mais no desenvolvimento
desta atividade?
É possível optar pela criação de uma página simples na internet para que os
alunos postem suas produções no formato de pequenos bilhetes.
O Webnote ou Aypwip é uma ferramenta para fazer anotações em seu
computador. Ele possibilita a criação e escrita de algo a qualquer momento, desde
que se tenha acesso à internet.
Para dar início, basta criar uma página no endereço:
http://www.aypwip.org/webnote, inserindo após a palavra “webnote”, na barra de
endereço, a palavra que irá identificar seu espaço (ver modelo). É possível salvar o
seu espaço de trabalho e retornar a ele no momento que quiser. Também, o recurso
permite que você compartilhe suas notas com os outros, fornecendo o nome do
espaço de trabalho (ou URL) a um amigo.
Lembre-se! Se optar por este recurso a atividade deverá ser desenvolvida pelos
alunos como atividade de casa.
Modelo. Disponível em: http://www.aypwip.org/webnote/modelo. Acesso em 10 de outubro de 2013.
Sugere-se que esta atividade seja desenvolvida durante uma semana ou
mais, isso para que os alunos possam acessar, participar e acompanhar as
produções dos demais colegas.
Para sistematizar esta atividade, solicite que o grupo elabore uma
apresentação no Prezi (http://www.prezi.com) e poste no Grupo do Facebook.
É importante que esta apresentação seja elaborada considerando a
participação de todos os grupos no Aypwip.
Trocando ideias...
Autora: Joseane Cíntia Piechnicki (http://www.toondoo.com)
Você tem dificuldade para escrever? Comente.
Que estratégias mais comuns você encontra quando precisa escrever um
texto em sala de aula?
Você tem o hábito de escrever ou escreve somente quando o professor
solicita?
Quando escreve, você guarda suas produções ou divulga para outros
leitores?
De que maneira suas produções são divulgadas para outros leitores e/ou
como elas podem ser divulgadas para outros leitores?
Professor, acesse no apêndice, o tutorial do Prezi.
Módulo 2
Crônicas: Da leitura à autoria
Objetivos
Buscar subsídios por meio da proposição de atividades de
leitura e discussão com o intuito de instigar a compreensão da
crônica como um gênero de circulação social cuja função é
entreter, divertir, levar a uma reflexão;
Identificar os elementos que constituem o gênero: função
social, linguagem, assunto e elementos textuais.
Propor atividades de prática da escrita que contemplem as
características, incorporadas pelos alunos, do gênero crônica.
Discutir e incentivar a pesquisa da crônica com vistas à
ressignificação do gênero e a identificação de produções que
contemplem a realidade dos educandos.
Para saber mais…
Crônica: História, Teoria e Prática;
Flora Bender e Ilka Laurito.
Professor,
Nesta oficina você
deverá instigar os
alunos à prática da
escrita. A
compreensão do
gênero crônica é
fundamental para o
bom andamento das
atividades previstas
nesta oficina. Desta
forma, o momento
de leitura e
compreensão dos
textos sugeridos
deverá ser
preparado de forma
que os alunos se
sintam motivados a
participar das
atividades e
principalmente, a se
tornarem autores.
Será durante a
leitura que os alunos
irão perceber as
principais
características do
gênero e
estabelecer
comparações com
situações
vivenciadas por eles.
Após a leitura e o
diálogo com o texto,
os alunos poderão
materializar as suas
vivências, por meio
de um texto escrito e
ainda publicá-las
utilizando-se da
mídia impressa ou
internet buscando a
interação com seu
público leitor.
Textos Complementares
Curta Crônicas. Disponível em: http://curtacronicas.com. Acesso em 19 de
setembro de 2013.
Site criado por um eclético grupo de pessoas participantes da Oficina de Crônicas de
Felipe Pena que optam por manter o espaço com suas produções e interações.
Crônica do Dia. Disponível em: http://www.cronicadodia.com.br. Acesso em 30 de
agosto de 2013.
Machado de Assis - Obra Completa. Disponível em:
http://machado.mec.gov.br/index.php?Itemid=123&catid=34:obra-
completa&id=169:cronica&option=com_content&view=article. Acesso em 20 de
outubro de 2013.
Parceria entre o Portal Domínio Público – a biblioteca digital do MEC – e o Núcleo
de Pesquisa em Informática, Literatura e Linguística da Universidade de Santa
Catarina para homenagear o centenário da morte de Machado de Assis.
A poesia das coisas simples, Moacir Sclyar.
Reúne 82 crônicas escritas entre outubro de 1977 e novembro de 2010, Scliar
discorre sobre as ideias evocadas por leituras e experiências, fala de pessoas
queridas e admiradas, de fatos políticos e da crônica cotidiana.
Crônicas no Cinema
Homem Nu, Hugo
Carvana
Traição, Arthur Fontes,
Claudio Torres e José
Henrique Fonseca
Crônicas Digitais
As crônicas de Samuel. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=peBzr9gUXC0. Acesso
em 21 de outubro de 2013.
Crônica. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=rjHJT2WwVtg. Acesso em 04/11/2013.
Trecho do programa " De ponto em ponto se faz um conto" da série Palavra
Puxa Palavra da MultiRio, A estrutura e características da crônica.Educopédia -
SME/RJ.
Para começo de conversa…
É preciso lembrar, antes de tudo, que há uma série de narrativas. Desde os
contos lidos antes das crianças dormirem até os blogs – diários do mundo
contemporâneo nos quais os internautas narram acontecimentos diários. Na
Literatura estuda-se o conto, a novela, o romance a crônica enquanto modalidades
narrativas. Nestas modalidades tem-se a representação da vida comum, de um
mundo individual e particular.
As crônicas, tema de estudo deste módulo, são textos narrativos, que
geralmente são curtos e narrados em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor
dialoga com o leitor e não se organiza ao redor de um ou mais conflitos.
Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim
como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos, tratam de problemas do
cotidiano, assuntos comuns, que retratam o dia a dia e ocorrem em torno de um
único núcleo, um único problema. Tem como principal objetivo envolver, emocionar
o leitor.
Na crônica, o autor dá a um fato corriqueiro uma perspectiva, que o
transforma em fato singular e único, que constituem a base da crônica. Entretanto,
há elementos que distinguem um texto do outro. O cronista expõe seu ponto de
vista, seus comentários e deduções, suas ironias e interpretações a respeito de fatos
(notícias ou dia a dia pessoal). Após cercar-se desses acontecimentos diários, o
cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como: ficção,
fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém.
Ao escrever uma crônica é importante, antes de tudo, escolher um fato que
chame a atenção, pois o tema escolhido deve primeiro despertar a atenção do
próprio autor. Como em qualquer produção escrita é imprescindível a leitura prévia,
ou seja, o autor precisa ler sobre o tema, assim, terá a sua própria opinião sobre ele
e poderá colocá-la em seu texto.
No que se refere às personagens das crônicas, não há descrição psicológica
profunda, pois, são caracterizadas por uma ou duas características centrais,
suficientes para compor traços genéricos, com os quais uma pessoa comum pode
se identificar. É comum não nomear os personagens, normalmente, em uma crônica
eles são tratados como: o jovem, a criança, o garçom, o padeiro, o gerente. Quando
recebem nomes, possuem nomes comuns: dona Maria, Chica, Seu Zé, etc.
A crônica é um texto escrito para ser publicado no jornal, em virtude disso,
permanece em circulação por pouco tempo. Há, no entanto, escritores que reúnem
algumas crônicas publicadas em jornal para publicação de um livro. Martha
Medeiros é um exemplo. Em um de seus livros: “A graça da coisa”, publicado em
2013, selecionou crônicas, originalmente publicadas nos jornais “O Globo” e “Zero
Hora” para compor seu livro. Como ela, ou seja, autores que escrevem para jornais
e que possuem livros publicados de coletâneas de crônicas destacam-se Mário
Prata, Luís Fernando Veríssimo, Rubem Braga e Moacir Sclyar.
Proposta Metodológica
Autora: Joseane Cíntia Piechnicki (http://www.toondoo.com)
1º Passo: Compreendendo o gênero crônica
Instigar a reflexão e propor uma discussão entre os alunos a respeito das
principais características do gênero “Crônica”.
Compreensão e identificação das características do gênero Crônica:
Leia com seus alunos a crônica: “A última crônica”
(http://contobrasileiro.com.br/?p=1308#more-1308), de Fernando Sabino.
“A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao
balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me
assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca
do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher
da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a
faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta
perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma
criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção
do essencial (...)”.
Auxilie os alunos a compreenderem as palavras que não conhecem no texto.
Este trabalho pode ser feito por meio de inferências, buscando compreender
as palavras em seu contexto, ou por meio do uso de dicionário.
Instigue os alunos à compreensão do texto:
Qual é o assunto da crônica?
Por que o autor demonstra ter dificuldades em escrever sua “última crônica”?
Como surge a crônica?
Que explicação é dada no texto para o surgimento da crônica?
Por que o título “a última crônica”?
Solicite aos alunos que identifiquem na crônica de Fernando Sabino, trechos
em que o autor, ao seu modo, sugere características particulares do gênero
crônicas;
Instigue os alunos a pensarem sobre tais características e a apresentarem
seu posicionamento no que se refere a estas características.
Considerando a crônica de Fernando Sabino e a estrutura do texto, instigue
por meio de questionamentos que os alunos reflitam a respeito do início da
escrita de uma crônica.
Considerando estes aspectos, discuta com seus alunos:
A crônica de Fernando Sabino aponta uma função social? O que ela representa?
2º Passo: Leitura e compreensão
Para a atividade de leitura, solicite que os alunos pesquisem e leiam em
jornais, revistas e internet algumas crônicas, escolham a que mais gostem e
se indentifiquem, e enviem o endereço ou arquivo para o endereço eletrônico
do professor, ou endereço eletrônico da turma (criar previamente uma conta).
Na aula seguinte, em grupos de 3 ou 4 alunos, solicite a leitura silenciosa e,
posteriormente, a leitura compartilhada das crônicas escolhidas.
No caso da crônica "A última crônica", de Fernando Sabino, o autor caracteriza, com situações cotidianas vivenciadas por ele, a construção de uma crônica. O primeiro parágrafo aborda fundamentalmente seu momento íntimo com situações cotidianas para a construção de seu texto: seu diálogo na “busca do piotoresco”, “um flagrante de esquina”, “nas palavras de uma criança”, “num acidente doméstico”. Ainda, evidencia a valorização de momentos simples da vida enfatizando, por meio dos detalhes, a instituição família. Há, por certo, uma abordagem implícita ou explícita a respeito da desigualdade social.
Instigue cada grupo a realizar uma análise oral das crônicas lidas, enfatizando
aspectos relacionados ao assunto, à linguagem, à organização textual e à
função social.
Sugestões de leitura:
O Padeiro
Rubem Braga
Disponível em: http://tvcultura.cmais.com.br/aloescola/literatura/cronicas/rubembraga.htm
“Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e
abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo
instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve
do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões,
que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café
da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo “(...).
O Fim do Mundo
Cecília Meireles
Disponível em: http://www.releituras.com/cmeireles_ofimdomundo.asp
“A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha
nenhum sentido, ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem o
seu fim. Lembro-me, porém, vagamente, de umas mulheres nervosas que choravam,
meio desgrenhadas, e aludiam a um cometa que andava pelo céu, responsável pelo
acontecimento que elas tanto temiam.
Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas: nós,
crianças, existíamos apenas para brincar com as flores da goiabeira e as cores do
tapete”(...).
Barulhos Urbanos
Martha Medeiros
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/2013/06/1300442-novo-
livro-de-cronicas-de-martha-medeiros-entra-em-pre-venda.shtml
“Creio que eram seis horas da manhã. Reparei pelas frestas da cortina que o dia
estava amanhecendo. O barulho era de tontear, algo de muito grave deveria ter
acontecido para um helicóptero ficar parado bem em cima do meu edifício. Pior: ele
parecia estar alinhado à minha janela. Aos poucos fui voltando do sono e disse a
mim mesma: deve ter acontecido um assalto a banco, estão à procura de
fugitivos”(...).
Autora: Joseane Cíntia Piechnicki (http://www.toondoo.com)
Que tal utilizar um recurso
a mais no desenvolvimento
desta atividade?
Esta atividade, por ser em grupo, pode ser realizada a distância com auxílio de uma
ferramenta que possibilite que sua produção ocorra de maneira colaborativa.
Sugere-se aqui, o Google Drive, um recurso gratuito que permite o armazenamento
de arquivos e ainda, que sua edição ocorra colaborativamente, ou seja,
possibiltando que, mesmo a distância, seja possível produzir textos, planilhas, slides,
etc.
Para utilizar esta ferramenta o usuário deve possuir uma conta no Google. Este
cadastro irá permitir o acesso a diversos aplicativos, dentre eles, o Google Drive.
Professor, acesse no apêndice, o tutorial do Google
Drive.
Nesta atividade, em grupo, os alunos deverão escolher uma crônica e elaborar uma análise
considerando alguns elementos relevantes. Sugere-se, como ponto de partida, que os alunos
pensem a respeito do assunto, organização textual, linguagem, função social, entre outros
aspectos, que sejam observados por eles na crônica escolhida.
3º Passo
Discuta com seus alunos:
Considerando o que foi estudado até aqui, é possível pensar na produção de uma
crônica cujo assunto seja “pernilongo”?
Faça a leitura em voz alta da crônica “Pernilongo” de Mário Prata (disponível
em: http://marioprata.net/cronicas/o-pernilongo/).
“Era o melhor dos mundos. Mata Atlântica e praia, num mesmo local, num mesmo
momento. Uma varanda, uma lareira, uma rede. Doces loiras a caminho do mar, The
Beatles alto, a culpa baixa. E a pressa, nenhuma. Vinho. Mas tinha pernilongo.
A primeira providência foi chamar o Flávio Scherer, cobra em telas para janelas. Fiz
uma no meu escritório e outra entre a varanda e a sala. No quarto já tinha.
Fechando a porta da cozinha eu estava salvo dele, o pernilongo (…).”
Disponível em: http://marioprata.net/cronicas/o-pernilongo. Acesso em 16 de outubro
de 2013.
Mário Prata. Site Oficial.
Disponível em: http://marioprata.net/cronicas. Acesso em 21/10/2013.
Neste momento, cabe citar que as crônicas podem surgir de situações simples e se referir a
objetos, animais, pessoas, etc. Mario Prata, autor da crônica “O Pernilongo”, também já escreveu
sobre o coentro, o cravo, a peruca, um sapatinho vermelho, o dedo, etc. Em sua página oficial da
internet: http://marioprata.net/cronicas, o espaço destinado às crônicas é organizado por
categorias (crianças, gente, lugar, objetos, coisas, etc), o que dá ao leitor uma visão geral dos
principais assuntos de suas crônicas.
.
4º Passo: De leitor para autor
Sobre o que escrever?
Para instigar a produção escrita sugere-se um
momento em que os alunos possam pensar e narrar
alguma situação vivenciada do cotidiano.
Para isso sugere-se a seguinte atividade:
Em duplas, solicite aos alunos que relatem para os colegas uma situação
engraçada, interessante e que eles tenham vivenciado.
Um aluno deverá gravar a história do outro. Sugere-se a utilização de
celulares, gravadores de áudio ou filmadoras para realização desta etapa.
As produções poderão ser compartilhadas com toda a turma na internet, por
meio do grupo, preferencialmente fechado, que deverá ser criado no
Facebook (ver apêndice – Facebook). Desta forma cada dupla poderá
visualizar as produções dos demais colegas.
Todos deverão acessar as produções e postar comentários buscando analisar
e contribuir com a produção dos colegas, considerando, inclusive, aspectos
éticos das postagens.
Planejamento da escrita
Sugere-se, neste momento, que os alunos elaborem um roteiro a respeito da história
narrada oralmente para o planejamento da produção da crônica. Sabe-se que este
momento é importantel durante a produção escrita. Talvez seja necessário retomar
conhecimentos prévios e realizar pesquisas na internet ou biblioteca da escola para
complementar e enriquecer o texto que será produzido.
Produção da primeira versão
Produção da 1ª versão da crônica.
Solicite que os alunos verifiquem se a crônica produzida possui os seguintes
elementos:
Estimule seus alunos ao resgate de um momento simples e que, atentem às características apresentadas até aqui para que o texto produzido por eles tenha, de fato, as características de uma crônica.
Cada um lê e comenta sua crônica, explicando o porquê da escolha do
assunto.
Que tal fazer uma rápida avaliação oral coletiva? Não importa quanto tempo
esta atividade possa levar, mas é um momento importante, onde uns poderão
auxiliar os outros, seja no que se refere à sugestão de palavras, situações a
serem acrescentadas ou ainda, dicas de coesão e coerência textual.
Reescrita
Orientações coletivas e individuais sobre as inadequações que foram
identificadas nas produções.
Sugere-se que a atividade de reescrita aconteça coletivamente e que seja
feita com uma ou algumas crônicas. Pode-se escolher dois ou três produções
para reescrevê-la com auxílio dos alunos utilizando um projetor multimidia, a
lousa digital ou mesmo cartazes com alguns trechos dos textos.
5º Passo: Socialização: Da produção escrita para as mãos do
leitor
Divulgação das crônicas por meio da mídia impressa:
Buscar parceria com jornal da cidade para publicação impressa das crônicas
produzidas pelos alunos. Disponibilizar o endereço eletrônico pessoal do aluno ao
fim do texto sugerindo a interação entre o público leitor e os autores.
Título atraente e adequado ao tema
Apresentação de um ponto de vista pessoal sobre o tema escolhido
A linguagem adequada ao estilo e ao público-alvo
Vale lembrar que o momento de reescrita textual, mesmo que não do texto escrito pelo
aluno auxilia o aluno a compreender a respeito da coesão e coerência textual, pois as
dificuldades podem ser comuns.
Folha da Cidade. Disponível em: https://www.facebook.com/pages/Jornal-Folha-da-Cidade/335247303187809. Acesso
em 6/11/13.
Divulgação das crônicas por meio da mídia internet:
Criação de um blog para divulgação das crônicas produzidas pelos alunos,
estimulando a utilização do recurso comentários para interação dos autores com o
público leitor.
Crônicas. Disponível em: http://cronicasCEMR.blogspot.com. Acesso em 7 de novembro de 2013.
Crônicas. Disponível em: http://cronicasCEMR.blogspot.com. Acesso em 7 de novembro de 2013.
Durante o desenvolvimento dos módulos deste caderno, são apresentadas
propostas metodológicas inovadoras na tentativa de aproximar a realidade
vivenciada pelos educandos à realidade escolar, ou seja, sugerindo na metodologia
recursos que dinamizem e tornem as atividades de práticas da escrita mais atrativas
e interessantes para os alunos.
É importante ressaltar que, toda nossa vida pessoal, social e profissional se
constrói pela interação a qual se dinamiza por meio de diálogos estabelecidos
também, pelos textos. Estes podem tecer toda a nossa trajetória. Cada um é o
resultado dos discursos que constrói e estes se materializam nos diversos gêneros,
segundo a necessidade de cada situação comunicativa.
A intenção primordial foi proporcionar a você, professor, as condições
necessárias para refletir sobre a importância de envolver o aluno aos textos que
produz, de forma que ele possa visualizar e assumir sua autoria. Também,
oportunizar a criação de espaços diferenciados que possibilitem a participação
interativa e a construção individual e coletiva de textos de maneira significativa.
Nós, professores, temos um papel importante, pois devemos orientar,
coordenar, fazer escolhas pedagógicas, promover a interação, ou seja, ser o
mediador durante todo o processo educativo. Entende-se, no entanto, que não se
trata de um processo engessado, ou seja, é importante considerar a realidade
escolar, o público-alvo e, ainda, a real necessidade dos alunos, permitindo a todo o
instante, as adequações necessárias.
Enquanto educadores é fundamental buscar propostas inovadoras que
contemplem, principalmente, a necessidade e realidade do meio escolar. Desta
forma, espera-se que esta proposta seja um estímulo para o aperfeiçoamento
constante do professor e também, um incentivo para o aluno, de forma que este
compreenda, principalmente, a importância da produção de textos fluentes e
significativos.
Considerações Finais
ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola
Editorial, 2009.
COSCARELLI, Carla Viana. Leitura, literatura e hipertextualidade. In.: Veredas de Rosa
III. Belo Horizonte: CESPUC, 2007.
KOCH, Ingedore. Ler e escrever: Estratégias de Produção Textual. São Paulo: Contexto,
2012.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. O futuro do pensamento na era da
informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34,1993.
___. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
MARCUSHI, Luiz Antônio. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. São
Paulo: Parábola Editorial, 2008.
___Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Editora Cortez,
2005.
MELO NETO, J. C. de. A educação pela pedra. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro,
Ed. Sabiá, 1968.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Orientadoras da Educação
Básica – Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.
RAMAL, Andrea Cecilia. Cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e
aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.
___. Ler e escrever na cultura digital. Porto Alegre: Revista Pátio, ano 4, no. 14, agosto-
outubro 2000, p. 21-24.
Referências
QUESTIONÁRIO:
1. Quanto você gosta de escrever?
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5
2. Quanto tempo você passa na internet?
( ) não costumo acessar a internet
( ) 1 vez por semana
( ) até 1 hora por dia
( ) até 4 horas por dia
( ) mais de 4 horas por dia
3. O que você costuma fazer na internet?
( ) pesquisas para trabalhos escolares
( ) acessar e-mail
( ) jogar
( ) interagir em redes sociais
( ) ler notícias
( ) outro ___________________________________
4. Você possui endereço eletrônico?
( ) sim _________________________ ( ) não
5. Você tem cadastro em redes sociais?
( ) Sim. Quais?____________________________________________ ( ) não
6. Sobre o blog, assinale as opções que melhor se adequam a seu conhecimento:
( ) Não sei o que é blog ( ) Já ouvi falar ( ) Gostaria de ter um blog ( )Eu tenho um blog
7. Assinale quais das atividades abaixo você desenvolve sem dificuldades:
( )Elaboração de slides utilizando o power point ou similar
( ) Edição de vídeo utilizando o Movie Maker ou similar
( ) Edição de imagens
( ) Edição de áudio
( ) Gravação de vídeo utilizando celular ou filmadora
( ) Gravação de áudio utilizando celular ou gravador de áudio
( ) Download e instalação de programas diversos
( ) Download de músicas e filmes
QUESTIONÁRIO:
Sugere-se que este
questionário seja
encaminhado aos
alunos via Google
Drive.
Apêndice
Exemplos de frases para a atividade: Tecendo o Texto
1. Talvez uma de suas maiores mudanças tenha sido
tansformar a comunicação entre duas pessoas que
estão em lugares distantes.
2. Apenas assim, eu acredito, será plenamene factível o
gerenciamento dos ativos intangíveis, uma política
atualmente tão proconizada pelas organizações de
primeira linha, que pregam a disseminação indistinta
do conhecimento, como forma de alavancagem da
cultura empresaria.
3. Se isso aconteceu é porque o graveto era um inseto
conhecido como “bicho-pau”. Ele é tão parecido com
o galhinho, que pode ser confundido com o graveto.
1. BOALHEIRO. Bárbara. Como fazíamos sem… São Paulo. Panda Books, 2006.
2. Transcrição: Max Gehringer CBN: Clássicos do Mundo Corporativo: Para ouvinte,
lições devem ser abrangentes. Em: 07/03/2008.
3. MAVIAEL MONTEIRO, José. Bichos que usam disfarces para defesa. FOLHINHA,
6 nov. 1993.
Símbolos Facebook. Disponível em: http://s.glbimg.com/po/tt/f/original/2012/08/17/facebook_simbolos.jpg.
Acesso em 18 de novembro de 2013.
Sabe-se que atualmente alunos e professores têm demonstrado interesse e
participado com assiduidade das redes sociais. Cada qual elege o recurso que
melhor atende às suas necessidades e interesses. O Facebook
(http://www.facebook.com) está entre as preferidas, no entanto, alguns optam pelo
Linkedin, Sonico, Twitter, Instagram, outros, ainda, se mantém fiéis ao quase
exterminado Orkut.
Considerando a preferência predominante do Facebook e também, seus
recursos, os quais contemplam as necessidades e objetivos da proposta aqui
apresentada, optou-se pela rede sugerindo propostas metodológicas e ferramentas
que o tornem um ambiente virtual de aprendizagem, ou seja, o espaço destinado às
interações e construções dos alunos durante o desenvolvimento das atividades
previstas nas oficinas.
Para esta proposta entende-se que a criação de um grupo no Facebook pode
dinamizar a realização das atividades e intensificar a interação e colaboração entre
os alunos.
Mais do que ser utilizado como uma ferramenta na promoção de um ambiente institucionalizado do saber e de se constituir meramente como uma espécie de sala de aula virtual, o Facebook se revela importante como
um software social que agrega dinâmicas comunicacionais e que proporciona aos professores e seus estudantes outras formas de tecer “teias complexas de relacionamento com o mundo” (Santos, 2002, p. 121).
Antes de propor qualquer atividade em sala de aula com as redes sociais, é
importante que o professor aplique o questionário aos alunos com o intuito de
verificar o conhecimento que possuem com os recursos tecnológicos. Neste caso,
em especial, para verificar se todos possuem um cadastro no Facebook. Feito isso,
será possível criar um grupo, preferencialmente fechado, e inserir os participantes.
Facebook. Disponível em: http://www.facebook.com. Acesso em 18/11/2013.
Facebook. Disponível em: http://www.facebook.com. Acesso em 18/11/2013.
Facebook. Disponível em: http://www.facebook.com. Acesso em 18/11/2013.
Com o grupo criado, as atividades que necessitam de participação dos alunos
nos comentários poderão ser previamente criadas e ocultadas da linha do tempo até
que seja para ser realizada. Para melhor organizá-las, sugere-se que estas sejam
numeradas e também, conste em cada uma delas a data prevista para sua
realização.
Observe que em um grupo é possível disponibilizar arquivos de todos os
formatos, ou seja, textos, slides, áudios e vídeos.
Também, em álbum de fotos, é possível disponibilizar apresentações de
slides. Para isso, elabore-as em um editor de slides e salve em formato de imagem.
Facebook. Disponível em: http://www.facebook.com. Acesso em 18/11/2013.
Lembre-se:
A organização de um espaço virtual de aprendizagem deve considerar,
principalmente, o objetivo da proposta. O professor deve buscar transformá-lo em
um espaço agradável de interação e construções significativas.
O prezi é um quadro branco virtual que transforma os monólogos das
apresentações em debates: permitindo que as pessoas vejam, entendam e
lembrem-se das ideias expostas.
Prezi. Disponível em: http://prezi.com/about/. Acesso em 6 de novembro de 2013.
Para utilizar o Prezi e criar apresentações dinâmicas de slides, é necessário realizar
um cadastro simples para adquirir uma conta particular. Para fazer isso, siga os
passos a seguir:
1. Cadastro no Prezi: http://www.prezi.com:
Prezi. Disponível em: http://www.prezi.com. Acesso em 18/11/2013.
Prezi. Disponível em: http://www.prezi.com. Acesso em 18/11/2013
Prezi
2. Efetuar o login, após cadastro realizado:
Prezi. Disponível em: http://www.prezi.com. Acesso em 18/11/2013
3. Criar uma nova apresentação:
Prezi. Disponível em: http://www.prezi.com. Acesso em 18/11/2013
4. Escolher um modelo para apresentação:
Prezi. Disponível em: http://www.prezi.com. Acesso em 18/11/2013
5. Editar a apresentação
Prezi. Disponível em: http://www.prezi.com. Acesso em 18/11/2013
Prezi. Disponível em: http://www.prezi.com. Acesso em 18/11/2013
6. Salvar a apresentação:
Prezi. Disponível em: http://www.prezi.com. Acesso em 18/11/2013
1. Cadastro no Google
Google Drive. Disponível em: http://drive.google.com. Acesso em 18/11/2013
2. Criação de documento no Google Drive:
Google Drive. Disponível em: http://drive.google.com. Acesso em 18/11/2013
3. Envio de convite ao grupo:
Google Drive. Disponível em: http://drive.google.com. Acesso em 18/11/2013
Google Drive
4. Edição do texto:
Google Drive. Disponível em: http://drive.google.com. Acesso em 18/11/2013
5. Interação:
Google Drive. Disponível em: http://drive.google.com. Acesso em 18/11/2013