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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
REDES SOCIAIS NA ESCOLA: USO CONSCIENTE E ÉTICO
YASAWA, Giane da Silva Flores1
FRANÇA, Eliacir Neves2
Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar o resultado dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). O projeto foi implementado no Colégio Estadual
Barbosa Ferraz, no município de Ivaiporã, PR, com alunos do 3º ano do curso Técnico em
Informática/Integrado, cujo objetivo foi promover discussões e reflexões junto aos alunos sobre o uso
consciente e ético das redes sociais no âmbito escolar. As ações pautaram-se no material didático
elaborado para essa finalidade, que se concretizou em formato de Unidade Didática, sendo
desenvolvida de forma digital, no aplicativo Microsoft PowerPoint. Os resultados obtidos apontaram
para a importância e a necessidade de se discutir a inserção dessas novas tecnologias dentro da
escola e a utilização consciente, não só em sala de aula, mas em todo contexto escolar.
Palavras-chave: Redes Sociais. Educação Pública. Redes sociais. Ética.
1 Tecnóloga em Processamento de Dados pelas Faculdades Integradas do Vale do Ivai (UNIVALE).
Acadêmica do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), turma 2013. E-mail: gianeflores@seed.pr.gov.br 2 Licenciada em Pedagogia e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT). Orientadora do Programa PDE. Docente do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: eliacir@uel.br.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por finalidade apresentar o resultado das atividades
desenvolvidas no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do
estado do Paraná com alunos do 3º ano do curso Técnico em Informática/Integrado
do Colégio Estadual Barbosa Ferraz, na cidade de Ivaiporã.
Na perspectiva de ação do Programa PDE, abriu-se um importante espaço
para discussões e reflexões juntamente com os alunos, acerca das tecnologias que
estão disponíveis atualmente e as conseqüências ao se utilizar de forma inadequada
essas ferramentas.
O objetivo central desse trabalho foi abordado também com educadores e
comunidade escolar, por meio do GTR, onde foi possível debater os
questionamentos e trocar de experiências sobre esse desafio que a escola vem
enfrentando.
A internet hoje faz parte do cotidiano de muitas pessoas, independente da
classe social e econômica. Cada vez mais cedo, nossos alunos tem acesso as redes
sociais e essa parece ser uma realidade imutável.
A rede mundial de computadores atrai alunos, professores e todos nós por
várias razões. Uma delas com certeza é a ampliação do universo de
relacionamentos, além de ter acesso rápido a textos, vídeos, imagens, noticias,
entre outros.
Essa tecnologia nos permite estar em contato com muitas fontes e
principalmente, nos permite falarmos para muitos. Eis aí uma grande armadilha que
se deve ter cuidado. Se por um lado a Internet é rica em possibilidades, por outro,
nem todas essas possibilidades são interessantes, importantes ou positivas.
As Instituições de Ensino vem passando por situações de discórdias e
desavenças entre alunos, justamente pelo mau uso desta ferramenta tecnológica.
Muitos não têm maturidade ou responsabilidade ao postar conteúdos ou fazer
comentários que podem ofender a conduta do outro.
Neste contexto, reconheço que é um desafio a ser encarado: como
estabelecer com essa nova geração, uma relação de ensino aprendizagem que
concilie os interesses desse público com os objetivos pedagógicos da escola? É
possível utilizar redes sociais na escola? Como utilizar as redes sociais como aliada
ao processo de ensino-aprendizagem dos alunos?
Levando em conta esses questionamentos, a implementação desse projeto
de intervenção pedagógica adotou-se como metodologia um material digitalizado,
mais especificamente uma apresentação de slides propondo diversas atividades
reflexivas sobre o uso das tecnologias e suas conseqüências, haja vista que esses
conflitos já estão dentro da escola.
1. A tecnologia ao longo da história
O uso das tecnologias pelo ser humano não é algo novo. Desde a Idade da
Pedra os homens já faziam uso de ferramentas que auxiliavam em seu dia a dia. Era
isso que garantia a sua sobrevivência. Utilizavam pedaços de pau, ossos de animais
contra aqueles que não tinham tanta habilidade. Esses instrumentos serviram não só
mais para a defesa, mas para o ataque e dominação.
Conseqüentemente o homem buscou aumentar seus domínios e acumular
cada vez mais riquezas, aliado a inovações tecnológicas cada vez mais poderosas.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente na Guerra Fria, a
ciência e a tecnologia tiveram um impulso como nunca antes havia visto.
As inovações partiram dos centros de pesquisa, invadiram nossas casas e
transformaram radicalmente a nossa vida.
Essa inovação não se limita apenas aos novos usos de determinados
equipamentos ou produtos. Ela altera comportamentos, transforma a maneira de
pensar, sentir, agir.
Para Lyotard (1988 e 1993), o grande desafio da espécie humana na
atualidade é a tecnologia.
É importante destacar que tecnologias não se referem somente a
equipamentos e aparelhos. Essa expressão diz respeito a muitas outras coisas além
de máquinas. Engloba todas as coisas que a engenhosidade do cérebro humano
conseguiu criar.
Como prova dessa influência, pode-se dizer que a tecnologia está tão próxima
e tão presente na nossa vida que nem percebemos mais que não são coisas
naturais.
A linguagem é outro exemplo de um tipo especifico de tecnologia que não
está ligada diretamente a equipamentos, é imaterial, mas é usada pelo homem
desde o inicio da civilização.
O ápice dessas inovações foi o surgimento das redes, que mais que uma
interligação de computadores, são articulações gigantescas entres pessoas
conectadas com os objetivos diversos.
Segundo Aguiar (2007), o conceito de “redes” envolve relações de
comunicação e/ou intercambio de informação e trocas culturais ou interculturais que
remetem a inter-relações, associações encadeadas, interações, vínculos não
hierarquizados.
A Internet é uma grande ferramenta de comunicação e se encontra
atualmente nos mais diversos ambientes.
Para que tudo isso pudesse acontecer, no entanto, foi preciso reunir diversos
computadores para transmitir todos dos tipos de dados uns aos outros.
A Internet pode ser definida então como a soma de milhares de redes
espalhadas pelo mundo que, graças ao conjunto de regras do chamado protocolo
TCP/IP (Transmisssion Control Protocol/Internet Protocol), podem se comunicar
entre si. Entre essas redes existe a Web, sendo a responsável pela popularização
da Internet.
Inicialmente a Internet estava limitada ao compartilhamento de computadores
e ao envio de mensagens entre máquinas interligadas. (KENT, 1999)
Mesmo assim, foi uma grande descoberta, já que até o momento a única
forma de compartilhamento era carregando os discos de um lado para o outro.
Durante muito tempo a Internet ficou restrita ao ambiente acadêmico e cientifico. Em 1987, seu uso comercial foi liberado nos Estados Unidos. A evolução seguiu e, em 1992 foram criadas várias empresas americanas provedoras de Internet. (TAIT; TRINDADE, 2003, p. 34)
Cada vez mais jovens e adultos estão conectados a essas redes on line,
devido, provavelmente ao modo simples e interativo de operação, facilidade de
comunicação, acessibilidade à informação e entretenimento.
Conforme pesquisa de Ciribelli e Paiva (2011), brasileiros passam mais de 60
horas por mês navegando na Internet, especialmente através de redes sociais. O
Brasil se configura hoje como o “país com o maior número de pessoas conectadas
as redes sociais, com 87% de usuários ativos” (IBOPE apud Ciribelli e Paiva, 2011,
p. 64)
A partir de tais dados, percebe-se o grande potencial da Internet. Serviços
colocados nesta grande rede, desde comércio eletrônico até os de governos,
possibilitaram o aumento considerável de usuários, a partir de recursos à disposição
desses usuários com facilidade de acesso e transmissão das informações.
Hoje, grande parte das atividades profissionais e comunicacionais, de
pesquisa, de estudo, são realizadas na Web. Milhões de pessoas pelo mundo,
compram, vendem, negociam, lêem jornais, ouvem músicas, fazem pesquisas, tudo
isso sem saírem de suas casas ou locais de trabalho.
Estamos frente a um mundo que se redesenha de forma muito rápida e
intensa.
Pinho e Morais (2011) afirmam que, ainda que o celular, o iPhone e outras
novas tecnologias venham assumindo um papel antes desempenhado pelo
computador, e que esse cenário ganhe novos contornos aceleradamente, o conceito
continua sendo o da comunicação através da Internet.
Na educação, as tecnologias e o ciberespaço, como um novo espaço
pedagógico, ofertam possibilidades e desafios para a atividade cognitiva, afetiva e
social dos alunos. Mas para que isso realmente aconteça, é preciso um olhar
diferenciado.
De acordo com Valente (1999, p.4):
É necessário que todos os segmentos da escola – alunos, professores, administradores e comunidade de pais estejam preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação desse novo aluno. Nesse sentido, a tecnologia é um dos elementos que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança é mais profunda do que simplesmente montar laboratórios de informática na escola e formar professores para a utilização dos mesmos.
Nesse contexto, as novas tecnologias podem contribuir de forma positiva para
transformar a escola em um autêntico lugar de exploração de culturas, de realização
de projetos, de pesquisa e debate.
Outro ramo que conquistou um espaço significativo na rede foi o Comércio
Eletrônico. A facilidade e possibilidade de acesso imediato as informações
impulsionou o mercado das lojas virtuais. O e-commerce, como também é chamado,
aponta uma nova área para revendas, integradores, criadores de sites e todo tipo de
empresa que queira expandir seus negócios.
De acordo com Richers (2000, p.48), o e-commerce é uma transação
eletrônica entre vendedores e compradores que requer a construção de sistemas,
serviços, modelos e relacionamentos em suporte ou mecanismos de compra e
venda mais eficientes.
É possível perceber que a Internet em sua plenitude, é um ambiente que
propicia novos locais de encontros e relações pessoais, transações comerciais e o
compartilhamento de conhecimentos.
Tecnologia e Interatividade
Os homens se organizam em grupos desde o principio da humanidade. Neste
ambiente estabelecem signos, inventam tecnologias, constroem vínculos afetivos,
desenvolvem economia e criam diversas formas de comunicação.
As técnicas e tecnologias criadas por eles, podem modificar de forma rápida e
contínua, as estruturas destes grupos
O avanço tecnológico trouxe a tona um novo conceito de interação e
relacionamento pessoal. Ligado a isso vem ainda a preocupação de muitos pais com
as novas formas de interação desta geração internetiana. Há um certo receio quanto
ao mundo virtual, que muitas vezes pode isolar as pessoas e interferir seriamente na
interação do mundo real.
Com a propagação da Internet tornou-se comum às expressões
“comunidades”, “redes sociais“ e “indivíduo conectado”.
O conceito de comunidade que antes era interpretado como bairro, vizinhança
ou determinada cidade em que as pessoas conviviam presencialmente entre si, hoje
está diferente. As pessoas têm enfrentado muitas mudanças com o surgimento das
novas redes de relacionamento.
Marcuschi(2005, p. 10) afirma que a Internet incentiva novas ações que
permitem profundas mudanças sociais, de um lado, e o surgimento de novos modos
de operação cognitiva, de outro lado.
Segundo Castells (1999) vivemos em uma sociedade que hoje se constitui em
uma sociedade em rede. O início do século XXI é marcado por importantes
transformações e acontecimentos ocorridos em grande velocidade
Essa nova lógica das redes cria uma nova cultura, interfere na vida das
pessoas, nos modos de viver e de se relacionar socialmente, criando assim um novo
modelo de sociedade.
Sacristán (2007, p.16) confirma isso quando diz que:
Vivemos em um mundo emaranhado em tudo, para o bem ou para o mal. Mesmo que com diferentes graus de proximidade, compomos comunidades que compartilham experiências além das circunstâncias locais que rodeiam cada um de nós. Estamos com outros além do círculo de pessoas com as quais temos laços diretos.
Os indivíduos de hoje são pessoas que vivem de uma maneira ou outra, na
agora chamada sociedade da informação. Essa sociedade é caracterizada por
diversos aspectos: desde o constante uso de certas tecnologias como o telefone
móvel, fazer tarefas escolares no computador, comprar uma passagem de avião
pela internet. Por outro lado, também a conhecemos por destruir muitos empregos e
criar outros para os quais se exigem novos modos de formação. (Sacristán, 2007.
p.41)
Nessa nova sociedade da informação um dos elementos marcantes que se
faz presente é a interatividade. Essa é uma nova função que garante a comunicação
entre usuários.
O ser humano possui necessidade de se relacionar com as pessoas, e nos
dias atuais isso pode acontecer das mais diversas formas. No que diz respeito a
este tema, especificamente, o que vem se destacando nos últimos anos são as
chamadas Redes Sociais. “Uma rede social é definida como um conjunto de dois
elementos: atores (pessoas, instituições, ou grupos; os nós da rede) e suas
conexões (interações ou laços sociais)” (Wasserman e Faust, 1994; Degenne e
Forse, 1999, p. 89)
Nos dias de hoje as redes sociais estão em evidência. Sua interconexão com
a mobilidade(celulares, smartphones e tablets), facilita o acesso e as torna em um
eficiente instrumento para que o homens possam fazer o que sempre fizeram desde
o início de sua espécie: constituir relacionamentos, físicos ou virtuais, envolvendo
atividades profissionais, negócios ou amizades.
Para o fortalecimento das redes sociais ou comunidades pessoais, um dos
aspectos primordiais é o sentimento de confiança que precisa existir entre as
pessoas. A constituição dessa confiança está diretamente relacionada com a
capacidade que cada um tem de entrar em uma relação e perceber no outro
características que combinem com as suas. Quanto mais o individuo interage, mais
ele está apto a reconhecer essas características e ajustar seu relacionamento.
Costa (2008) confirma que, Redes Sociais só podem ser construídas com
base na confiança mútua difundida entre os indivíduos. Isso pode se verificar em
maior ou menor grau, mas de qualquer maneira, a confiança deve estar presente da
forma mais ampla possível.
Os espaços criados pelo mundo virtual, mais especificamente pelas redes
sociais, não devem impedir a entrada do real, mas pelo contrário, deve oferecer
condições para lançar um olhar mais apurado da realidade.
O mundo virtual é poderoso; alimenta-se da vida intermediária das linguagens simbólicas e da realidade ela mesma. Transforma-se em ferramenta de representações revolucionárias das máquinas para melhor se comunicar com os homens. O virtual é uma imersão funcional o mundo sintético ou na representação de uma situação real. Está mergulhado na imagem, mas permanece como interação visual entre o mundo e os sujeitos. (Bastos, 2000. p.14)
As redes sociais tem o poder de encantamento mas podem se tornar um
ambiente nocivo para aqueles que não tem maturidade ou prudência para usufruir
de tal espaço. Espaço esse, não necessariamente harmonioso. É imprescindível
consciência crítica para o uso desses fenômenos tecnológicos
A internet é marcada pela possibilidade do anonimato e por uma certa falta
de clareza no que se refere às regras de funcionamento, o que pode, de
alguma forma, alterar as noções de certo e errado, ou seja, modificar o curso
do desenvolvimento moral dos sujeitos
Lévy(1999, p.49) diz que o ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento
quase independente dos lugares geográficos.
Dentro das redes sociais é preciso ter zelo pela reputação. As mídias têm
grande poder multiplicador, e o despreparo para reagir as situações adversas pode
comprometer a imagem daqueles que a utilizam.
Esta realidade já chegou dentro das instituições escolares. Escola e
tecnologias, duas corporações que estão cada vez mais próximas e, ao mesmo
tempo distantes. Embora não faltem teorias e estudos que defendam o trabalho
conjunto entre elas, a interface não é das melhores. Muitas escolas ainda não
sabem como lidar com os meios de comunicação cada vez mais presentes,
influentes e ao alcance dos alunos.
Existe ainda um grande questionamento sobre o que pode resultar dessas
relações que surgem nos ambientes virtuais, onde cada um pode se apresentar
como quer e não como realmente é.
Em tempos atuais é comum o jovem possuir um ou mais telefones celulares e
ter acesso muitas vezes ilimitado e sem controle à internet. Portanto, indivíduos, com
intenções maliciosas, encontram grande facilidade de ameaçar ou insultar seu alvo.
Neste contexto, já é possível se deparar com situações extremamente
comuns, nas quais sujeitos são ofendidos, ultrajados, agredidos, ameaçados,
difamados, mal tratados e intimidados. Para a surpresa da sociedade, muitos desses
exemplos ocorrem dentro das escolas.
Segundo Prados (2006), a internet, de certa forma, desperta em alguns
jovens o sentimento de que não existem normas, regras e nem moralidade que
regule a vida na rede, de maneira que pode ser usada para o bem ou para o mal.
Além de distanciar a vítima do agressor - que se sente seguro, já que não tem que
estar cara a cara com o alvo -, ainda traz consequências terríveis a quem sofre
as agressões.
Diante do exposto, é importante que a escola proponha discussões referentes
a esta nova forma de sociabilidade e trocas de informação que acontece em rede.
Há hoje um número significativo de sujeitos que criam e estabelecem novas regras e
dinâmicas, diferentes do que se está acostumado vivenciar na forma presencial ou
mesmo virtual.
Tendo como suporte as novas tecnologias, as redes sociais vão se tornando a
nova forma de fazer sociedade. Uma forma desprendida de tempo e espaço, com
muito mais base na cooperação e nas trocas objetivas do que na permanência de
laços.
Ética e consciência na utilização das Redes Sociais
É evidente que as redes sociais instituíram-se no cotidiano das pessoas, seja
por diversão, amizade ou motivos profissionais. Como conseqüência disso, a
exposição das pessoas nessas redes aumentou notoriamente. Mas até que ponto as
redes sociais podem ajudar ou atrapalhar?
Essa maneira ágil de comunicação proporcionada pela internet, aproxima
quem está longe, assim como pode distanciar quem está perto. Ou seja, além de
unir pessoas e criar laços também pode servir de palco para confusões, fofocas,
intrigas, desfazer namoros e até casamentos. Tudo depende do uso que se faz dela.
Num mundo acelerado e veloz na transmissão de informação, surgem
considerações acerca das condutas e comportamentos durante o uso destas redes.
Estas mudanças na vida das pessoas, provocam questionamentos e dilemas éticos.
Por todos os cantos, nos meios de comunicação social, nas empresas, nas
escolas, nas universidades, as pessoas estão se indagando quanto ao que é certo e
errado, bom e mau neste mundo de relações virtuais mediadas pela tecnologia.
Busca-se aqui abordar a questão ética sob a perspectiva da atitude,do agir
prático do aluno diante das transformações e mudanças que ocorrem ao seu redor,
principalmente no espaço escolar. A ética entendida como moral (mundo das
intenções) em ação (mundo das conseqüências) num exercício de aprendizagem
dialógico e cooperativo entre professores e alunos, alunos entre si e com as Novas
Tecnologias que estão à disposição de todos.
Para CHAUÍ (2000), para que haja conduta ética é preciso que exista o
agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo
e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece
tais diferenças, mas também reconhece-se como capaz de julgar o valor dos atos
e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo por
isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas conseqüências do que
faz e sente. Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida
ética.
No mundo virtual as informações são acessadas facilmente. Essa
disponibilidade de informações e o gerenciamento das mesmas, requer um
posicionamento ético, consciente, de respeito mútuo aos direitos individuais.
Levando-se também em conta os interesses e o bem estar coletivo.
Enquanto as Redes Sociais são utilizadas, a pessoa é confrontada com
diferentes situações de escolha, onde o espírito crítico e a sensibilidade são
desafiados para a tomada de decisões.
Haja vista que esses conflitos já estão dentro da escola, considera-se que ela
deve instigar os alunos para que interajam reflexivamente sobre o uso das
tecnologias e suas consequências. Propondo estas ferramentas como forma de
comunicação, tirando proveito de seus benefícios, sem afetar a idoneidade de
outros.
A construção de pessoas autônomas passa pela construção de processos de
auto-regulação que permitem a pessoa dirigir as próprias atitudes e condutas para
assim serem capazes de agirem eticamente com as tecnologias.
O objetivo da educação é o crescimento e o desenvolvimento, tanto intelectual quanto moral. Os princípios éticos e psicológicos podem ajudar a escola na maior de todas as construções: a edificação de um caráter livre e forte. (DEWEY, apud PUIG, 1998, p. 45).
Sendo assim, percebe-se a necessidade de orientar os alunos para usar a
rede de forma ética, sadia, filtrando as informações úteis e verdadeiras. Com isso
essa ferramenta poderá ser utilizada de forma útil e proveitosa sem o detrimento do
ser humano.
Estratégias de Ação
Grupo de Trabalho em Rede
O Grupo de Trabalho em Rede – GTR constitui uma atividade do Programa
de Desenvolvimento Educacional – PDE, que se caracteriza pela interação virtual
entre os Professores PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual.
Também promove a inclusão virtual do Professores como forma democratizar o
acesso da Educação Básica aos conhecimentos teórico-práticos específicos das
áreas/disciplinas trabalhados no Programa.
O Professor PDE é denominado tutor de um GTR, conforme sua
disciplina ou área de seleção no Programa. Já em relação aos participantes
do GTR, todos professores do Quadro Próprio do Magistério em exercício
na Rede Pública Estadual, foram organizados em Grupos pela SEED
conforme sua área de concurso e participam do GTR por adesão.
As atividades foram desenvolvidas à distância, em ambiente virtual,
utilizando uma plataforma específica para as atividades.
Foi por meio do GTR, que se tornou possível discutir a temática proposta
inicialmente no projeto e, também no decorrer da aplicação do material didático
pedagógico. As discussões estabelecidas por meio do GTR, juntamente com os
professores da rede, proporcionaram um diálogo enriquecedor a respeito da
temática.
O grupo contou com 17 participantes, onde todos concluíram as atividades
propostas.
O grupo de trabalho em rede foi dividido em três momentos específicos:
apresentação do projeto de implementação; apresentação do material didático
pedagógico; relato de experiências referente à aplicação do material didático
pedagógico em sala de aula.
A Temática 1 foi a apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica
na Escola, ressaltando o levantamento da problemática do objeto de estudo.
Os professores participantes puderam analisar a realidade das suas
escolas comparando com a proposta apresentada no projeto.
Após essa apresentação os professores participaram do primeiro Fórum de
Discussão e Diário onde o objetivo era uma reflexão sobre a contribuição do Projeto
de Intervenção Pedagógica para a Escola
Vale ressaltar que o fórum de discussões foi uma ferramenta da
plataforma amplamente utilizada ao longo do curso. Nesta primeira discussão os
professores participaram ativamente dos debates, manifestando sua opinião sobre a
relevância do projeto, fazendo a ligação com a sua prática pedagógica.
As discussões foram produtivas, pois os professores interagiram
positivamente com a temática proposta e, também com as contribuições dos demais
colegas participantes, havendo assim, uma maior interação por parte do grupo.
Foram vários os relatos de experiências, sugestões de atividades e projetos bem-
sucedidos que estão sendo desenvolvidos em várias escolas do Estado do Paraná.
Constatou-se também, por meio das discussões, a importância da temática e a
relevância do projeto, uma vez que a presença das redes sociais na sociedade hoje
é um caminho sem volta. Os alunos de hoje em dia praticamente não conhecem a
vida sem internet, sem a conectividade e, por consequência, sem as redes sociais.
O ensino via redes pode ser uma ação dinâmica e motivadora. Mesclam-
se nas redes informáticas- na própria situação de produção e aquisição
de conhecimentos – autores e leitores, professores e alunos. As
possibilidades comunicativas e a facilidade de acesso às informações
favorecem a formação de equipes interdisciplinares de professores e
alunos, orientadas para a elaboração de projetos que visem à superação
de desafios ao conhecimento; equipes preocupadas com a articulação do
ensino com a realidade em que os alunos se encontram, procurando a
melhor compreensão dos problemas e das situações encontradas nos
ambientes em que vivem ou no contexto social geral da época em que
vivemos. (KENSKI, 2004, p.74)
Na Temática 2 foi apresentada a Produção Didático-pedagógica, isto é, a
estratégia metodológica do Projeto de Intervenção Pedagógica que possibilita
discussões sobre sua aplicabilidade na escola.
Nesse momento, os professores participantes puderam analisar e avaliar o
material, que foi organizado em formato de Unidade Didática, sendo desenvolvida de
forma digital, mais especificamente uma apresentação de slides, criados no
aplicativo Microsoft PowerPoint.
Os professores participantes manifestaram-se positivamente a respeito do
material didático produzido, teceram críticas positivas, tanto no Fórum quanto no
Diário, destacando a importância das atividades elaboradas, elogiaram o formato do
material, bem como a teorização utilizada no decorrer do material. Destacaram que
apresenta uma linguagem acessível ao aluno e com informações claras,
proporcionando uma leitura prezerosa.
A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi
discutida na Temática 3, destacando os movimentos de aplicação do Projeto e
uso da Produção Didático-pedagógica na escola, evidenciando limites e
potencialidades.
Foi um momento muito especial, quando foi possível relatar aos professores
o resultado parcial das atividades desenvolvidas até esse momento, os relatos e
impressões obtidas, por mim, no decorrer desse processo. Foi muito importante
dividir com os demais professores a grande realização obtida até aquele momento
com as atividades aplicadas, pois era o resultado da pesquisa realizada para a
elaboração do projeto e também, do material didático idealizado e construído por
mim.
Resumindo esta parte do trabalho, posso afirmar que este Grupo de
Trabalho em Rede (GTR), foi um trabalho muito gratificante. Houve uma efetiva
participação dos cursistas. Uma riqueza imensa de compartilhamentos e
depoimentos de situações do dia a dia das escolas, que se referem ao tema
proposto.
Foram relatadas experiências com os diferentes recursos tecnológicos que
estão a disposição de todos nós e os vários problemas com relação ao mau uso
dessas ferramentas. Não esquecendo ainda que a utilização das redes sociais na
educação causam muita polêmica, entre professores, alunos, pais e equipe
pedagógica.
Diversos professores destacaram a presença da tecnologia nas nossas
atividades diárias e a popularização dos celulares com acesso a Internet. Isso pode
trazer resultados positivos e negativos, dependendo de como são utilizadas.
Outro ponto importante surgido nos fóruns e diários foi sobre a proibição ou
não do uso desses equipamentos tecnológicos(como celular e tablets) e das redes
sociais no ambiente escolar.
Nesse cenário, percebe-se a necessidade da conscientização no uso desse
recurso, pois nos deparamos com diversas situações no dia a dia escolar, e isso
vem interferido nas aulas e na relação entre colegas e professores.
Precisamos enfrentar os problemas das redes sociais e achar meios de
incluir as novas tecnologias em nossas aulas, a nosso favor.
IMPLEMENTACÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
O projeto como já foi citado anteriormente foi implementado no Colégio
Estadual Barbosa Ferraz, na cidade de Ivaiporã, com alunos do 3º ano do curso
Técnico em Informática/Integrado .
As atividades tiveram início em fevereiro com a semana pedagógica, quando
realizou-se a apresentação do projeto à comunidade escolar. Durante a
apresentação, muitos questionamentos foram feitos por parte dos professores
participantes, bem como da equipe pedagógica, pois ressaltaram a importância da
temática no contexto escolar. A equipe pedagógica da escola destacou a
importância do projeto já que ultimamente a escola vem enfrentando constantes
problemas devido ao mal uso da Internet, mais especificamente das Redes Sociais.
A falta de maturidade ou responsabilidade por parte dos alunos, ao postar
conteúdos, vem gerando desavenças e discórdias no ambiente escolar.
Estes avanços trouxeram muitas facilidades e confortos ao cotidiano e
também muitos problemas, tais como os dilemas éticos surgidos durante
o uso das NTIC. Dentre estes, pode-se citar o uso privilegiado de dados
confidenciais ou a divulgação de dados impróprios pela Internet, o
acesso não autorizado a sistemas computacionais, a discussão acerca
do direito de propriedade de softwares, as questões relativas ao direito
autoral na rede, entre outros. (MASIEIRO, 2000, p. 67)
O trabalho com os alunos foi iniciado com a aplicação de um questionário
diagnóstico, que contempla a Unidade 1 da Unidade Didática: “Você usa Redes
Sociais?”, para levantamento sobre o uso das redes sociais pelos alunos. Este
diagnóstico foi a primeira etapa para melhor desenvolvimento das outras ações. Tal
questionário foi elaborado e enviado aos alunos utilizando a ferramenta Google
Drive, que é um serviço de armazenamento e sincronização de arquivos,
disponibilizado pelo Google
A partir da análise dos questionários foi possível perceber que a grande
maioria dos alunos faz uso constante das Redes Sociais. Utilizam essa ferramenta
diariamente e acessam tanto de computadores pessoais, quanto de equipamentos
móveis como celulares e tablets.
Quando o questionamento foi sobre a finalidade de uso das Redes Sociais,
pode-se observar que grande parte dos alunos entrevistados afirma que se
conectam a rede por lazer e entretenimento ou ainda para se comunicar com os
colegas. Foi verificado ainda a partir dos questionários, que os usuários mostram-se
preocupados com a superexposição e também seleção das pessoas que acessam
seu perfil.
Quando questionados se as Redes Sociais poderiam ser usadas de forma
pedagógica na escola, 61% dos alunos que responderam a pesquisa, acreditam que
sim, enquanto 39% ainda não enxergam essa possibilidade de uso pedagógico
dessa ferramenta tecnológica.
Lisboa e Coutinho (2010) afirmam que seja um momento oportuno e
necessário a utilização das redes social na educação, como forma de ampliar os
espaços educativos para além da sala de aula e assim contribuir para que a
aprendizagem seja contínua e permaneça ao longo da vida, destacando o potencial
educativo das redes sociais virtuais por permitir uma aprendizagem construtivista,
em que o educando passa a ser agente ativo e responsável pela sua própria
aprendizagem utilizando para isso um arsenal de ferramentas que contribui não só
para a pesquisa, mas também oferece condições para que o conhecimento seja
construído e compartilhado no mundo global.
Após esta etapa de diagnóstico da turma foi iniciado a Unidade 2 – “ O que
são Redes Sociais?”.
A partir desta segunda unidade, grande parte das atividades foram
desenvolvidas no Laboratório de Informática da escola. Cada aluno recebeu um
pendrive contendo o material que seria trabalhado, o que causou grande euforia na
turma. Foi gratificante ver a empolgação em receber os pendrives. Os alunos
mostraram-se curiosos e motivados com a apresentação, participaram ativamente
com comentários e relatos sobre o conhecimento que tinham sobre as redes.
Neste momento foi trabalhado a história das redes sociais, conhecendo suas
características, curiosidades e também as redes mais acessadas atualmente.
Perceberam a diferença de Mídias Sociais e Redes Sociais.
Manifestaram interesse e elogiaram o material digitalizado, mostrando-se até
um pouco ansiosos em trabalhar todas as unidades no mesmo dia. Foi então que
expliquei que trabalharíamos pouco a pouco cada unidade do material.
Crianças e jovens que fazem parte da geração net já exibem um perfil
muito diferente dos excluídos digitais, e as diferenças não estão apenas
na fluência com que usam computadores e redes. A conduta desses
jovens em atividades diárias em seus computadores muda também a
maneira como agem quando não estão conectados. (KENSKI, 2007, p.
115)
O avanço tecnológico conseguiu reunir diversos computadores e
equipamentos para transmitir todos os tipos de dados uns aos outros. Essas são as
chamadas redes de computadores.
Um processo tecnologicamente simples tornou possível transformar o
espaço de ação finito dos computadores em um novo ambiente, um novo espaço
virtual, o ciberespaço, com uma outra cultura, a cibercultura.
A vantagem dos ambientes colaborativos para os alunos, segundo Romanó
(2003), reside no aumento das competências sociais, da interação e comunicação
efetivas, favorecendo o desenvolvimento do pensamento crítico, o que lhes permite
conhecer diferentes temas e adquirir nova informação. Além disso, reforça a ideia de
que cada aluno é um professor, diminui os sentimentos de isolamento e receio da
crítica, aumenta a autoconfiança, a autoestima e a integração no grupo e fortalece o
sentimento de solidariedade e respeito mútuo.
Diante do exposto, é possível conceber uma rede social online como:[...]
forma de comunicação mediada por computador com acesso à internet,
que permite a criação, o compartilhamento, comentário, avaliação,
classificação, recomendação e disseminação de conteúdos digitais de
relevância social de forma descentralizada, colaborativa e autônoma
tecnologicamente. (LIMA JUNIOR, 2009, p. 97).
A Unidade 3 – “Redes Sociais – Curta com moderação”, foi um trabalho
desenvolvido a partir de duas cartilhas sobre os cuidados que devemos ter ao
acessar a Internet. Essas cartilhas estavam arquivadas nos pendrives de cada
aluno, mas também mostrei que se apresentavam on line na Internet, conforme os
links a seguir: http://issuu.com/safernet-brasil/docs/cartilha-saferdicas/7?e=0 ,
http://cartilha.cert.br/fasciculos/redes-sociais/fasciculo-redes-sociais.pdf.
Questionei os alunos se realmente sabem utilizar a rede se forma segura.
Iniciei o trabalho destacando que ao nos cadastrarmos nas Redes Sociais
somos responsáveis pelos dados que disponibilizamos nesses espaços. Navegar na
internet com responsabilidade é um dever de todos.
Não conseguimos finalizar esta unidade em um só encontro, pois gerou
muito debate e contribuições dos alunos sobre os assuntos citados. Percebi que
muitos alunos utilizam a Internet sem segurança alguma e até mesmo de forma
ingênua. Diversos relatos surgiram de situações que vivenciam em seu dia a dia,
como roubos de senhas de cartão, publicação de conteúdos indesejados, publicação
de imagem sem autorização, golpes na Internet e tantos outros citados por eles.
Quem poderia imaginar há 20 ou 30 anos atrás que estaria preocupado com
a clonagem do cartão de crédito, ou com fraudes nas senhas da conta bancária. Ou
ainda quem teria dúvidas quanto a veracidade de informações veiculadas, ou acerca
do que é certo ou errado com relação a divulgação de informações e dados.
Estas mudanças no cotidiano das pessoas, que afetam a todos
indistintamente, provocam questionamentos, dilemas éticos. Por todos os cantos,
nos meios de comunicação social, nas empresas privadas, nas escolas... As
pessoas estão se questionando quanto ao que é certo e errado, bom e mau neste
mundo de relações virtuais mediatizadas pelas novas tecnologias de informações.
A possibilidade de dispor de tantas e tão variadas informações requer um
posicionamento ético de respeito mútuo aos direitos individuais e também com vistas
aos interesses e ao bem estar coletivo.
De acordo com Silva (2009), “devemos ter cuidado com o que publicamos
nas redes sociais (artigos, opiniões, dados pessoais, comentários, respostas a
outros usuários, etc.), porque nem sempre podemos reformular ou remover essas
informações”, o que pode gerar algum tipo de problema, tanto para quem publicou,
como para quem é alvo daquela publicação.
Finalizamos esta unidade resumindo que devemos tomar todos os cuidados
necessários ao acessar a rede, pois como todo espaço público, pode ser acessada
por pessoas mal intencionadas. Frisamos também que a Internet apesar da
sensação de anonimato, quem praticar crime por meio dela pode ser identificado e
punido.
A Unidade 4 – “Filme- A Rede Social”, foi exibido o filme que conta a história
de Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin, fundadores de uma das redes sociais mais
conhecidas do mundo: o Facebook. Depois de ter uma nova idéia, o analista de
sistemas graduado em Harvard, Mark Zuckerberg, senta em frente ao computador e
desenvolve o projeto que faz deve o mais novo bilionário da história. Popular entre
jovens e adultos do mundo inteiro, a rede de relacionamento também traz
complicações na vida pessoal e profissional de Mark, que chega, inclusive a brigar
com Eduardo depois do sucesso financeiro do produto.
Alguns alunos já conheciam o filme, mas se mostraram motivados a assistir
novamente, já que o filme conta uma história interessante. Aqueles que ainda não
conheciam se mostraram curiosos já que queriam saber como tudo começou neste
mundo do Facebook.
O roteiro do filme é dinâmico e alterna a linha do tempo entre a criação da
rede mais famosa do mundo e os acordos extrajudiciais que Mark Zuckerberg teve
que enfrentar, à medida em que o Facebook crescia, o que percebi que dificultou o
entendimento do filme para alguns alunos. Mas no final, fizemos um apanhado e
comentários sobre a história e pude notar que todos entenderam o seu desenrolar.
Depois de vários encontros, debates e relatos, partimos para a Unidade 5 –
“Colocando em prática no Prezzi”. Eu estava muito apreensiva para este momento,
já que o Prezzi era uma ferramenta desconhecida para a maioria dos alunos e
estava ansiosa em mostrá-los e ver os resultados.
O Prezi é um software utilizado para a criação de apresentações não
lineares. Tudo é criado em uma estrutura única, parecida com uma palheta de
designer real. A plataforma disponibiliza uma versão gratuita que roda a partir do
navegador. Após rápido cadastro, é possível criar suas apresentações
tranquilamente. Além disso, é possível reutilizar apresentações públicas
compartilhadas por outros usuários. Para apresentar o trabalho pronto, é possível
acessá-lo pela internet ou baixá-lo em uma pasta compactada que não depende de
acesso à internet para funcionar.
Além da versão gratuita, há também opções de uso pagas que aumentam o
tamanho disponível para armazenamento na nuvem, e permitem editar o trabalho
localmente, offline.
Devido a sua portabilidade, pode ser utilizado em palestras, conferências,
apresentações de projetos e simples mostras de trabalhos escolares ou acadêmicos.
Ele criará apresentações mais dinâmicas e visualmente mais atrativas do que um
Power Point.
Depois de apresentar o novo aplicativo aos alunos, exibi algumas
apresentações prontas e o que seria possível criar neste novo aplicativo. Os alunos
mostraram muito interesse, fizeram vários questionamentos e ficaram muito
entusiasmados a começar a montar suas apresentações. Mas nem sempre o
desenvolvimento da aula é como se planeja.
Enquanto eu estava apresentando com somente um computador ligado, ele
abriu e exibiu devidamente os slides, mas a partir do momento em que os
computadores do laboratório foram ligados, a conexão com a Internet tornou-se mais
lenta.
Fiquei um pouco frustrada perante o ocorrido, pois tinha planejado uma
atividade para desenvolvermos em conjunto, mas cada um em seu computador,
para que pudessem manusear o aplicativo.
Aos poucos fomos nos adaptando, os alunos foram organizados em duplas e
com menos computadores ligados, a passos lentos os alunos foram montando as
apresentações. A aula ficou um pouco tumultuada pelo acontecido e terminei essa
aula desapontada.
O próximo encontro voltamos ao laboratório de informática com o objetivo de
desenvolver as apresentações com mais agilidade. O que me chamou atenção foi
que a aula anterior despertou a curiosidade de muitos alunos e aqueles que
possuíam computador e Internet e casa já tinham pesquisado e até mesmo
conseguido montar apresentações no Prezzi.
Alguns alunos levaram seus notebooks e mostraram a turma o que tinham
conseguido desenvolver.
Retomamos as duplas e continuamos nossos trabalhos. Nesse dia o
desenvolvimento foi um pouco melhor e independentemente os alunos já estavam
conseguindo descobrir componentes e funções novas que o aplicativo apresenta.
Neste momento expliquei como seria o fechamento do nosso trabalho.
Comuniquei que encerraríamos com uma palestra e apresentação das criações
desenvolvidas por eles no Prezzi.
Foi proposto então um apresentação final para conclusão do projeto.
Retomamos os assuntos que tínhamos discutido durante todos os encontros e
orientei para que desenvolvessem em duplas, uma apresentação sobre o uso
consciente das redes sociais na escola, onde poderiam inserir imagens, textos e
vídeos.
Eles receberam animados, o desafio proposto, e rapidamente começaram a
organizar suas apresentações.
Levamos mais dois encontros para conclusão das criações das
apresentações. Algumas duplas adiantaram seu trabalho em casa, aproveitando a
Internet um pouco mais eficiente. Depois de alguns contratempos os trabalhos foram
concluídos.
Produção Final
A unidade didática foi finalizada com uma produção final que deu ao
educando a possibilidade de colocar em prática o que aprendeu durante o estudo
das unidades.
As produções que foram propostas para finalizar o trabalho foram
apresentações criadas no Prezzi sobre o uso consciente das redes sociais na
escola. Vale ressaltar, que foi uma atividade bem trabalhosa, pois os alunos
encontraram algumas dificuldades, não com o software, mas com os recursos
necessários para manuseio do aplicativo, como computadores e Internet eficientes,
mas com uma certa medida de paciência e alguns ajustes os trabalhos foram
concluídos com sucesso.
Como encerramento do projeto foi organizado um dia com palestra e
apresentação dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos. Foram convidados todos os
alunos do Ensino Médio para participarem das apresentações.
A palestra teve como tema: O uso consciente das Mídias Sociais e foi
ministrada por um psicólogo do Departamento Municipal de Educação.
Falou de forma objetiva e descontraída sobre o uso da Internet. Conduziu
sua fala de maneira provocativa e questionadora, possibilitando aos participantes
tirar suas próprias conclusões.
Foi um momento bem interessante, onde os alunos também puderam
participar.
Utilizando-se de uma linguagem atualizada, contextualizada e familiar aos
alunos, o palestrante, de maneira carismática, trouxe informações importantes sobre
o tema, apresentando os aspectos positivos e negativos do uso das mídias
eletrônicas mais acessíveis (computador, internet, jogos eletrônicos e telefone
celular), discutindo os efeitos na saúde do uso prolongado ou inadequado dessas
mídias e buscando a conscientização para uma utilização saudável dos recursos
tecnológicos hoje disponíveis.
De forma simples e bastante explicativa, a palestrante explicou a todos por
que é tão necessário estabelecer limites educativos no uso de tais mídias,
especialmente da Internet, a fim de não se sofrer os malefícios do seu uso
inadequado. Ressaltou ainda os benefícios da utilização consciente e criteriosa dos
recursos tecnológicos, mas alertou para os riscos de seu uso indiscriminado sem os
devidos cuidados, enfatizando a questão da superexposição de coisas íntimas e de
informações pessoais, que podem trazer grandes danos aos jovens. Também
alertou para o cuidado a se ter com a adição de novos "amigos", certificando-se
sempre de que de fato os conheça e evitando, assim, o risco de exposição a um
usuário mal-intencionado.
Destacou também que, no caso de o delito ser cometido por menores, os
pais podem ser responsabilizados civil e criminalmente.
Exibiu um vídeo sobre os temas abordados e finalizou dizendo que as
mídias virtuais, quando utilizadas de modo responsável, permitem um amplo
intercâmbio de informações, ampliando as possibilidades de instrução e de
compreensão dos fenômenos sociais, pois, em muitos casos, elas chegam a ser
mais abrangentes que os tradicionais meios de comunicação, como o rádio, jornais,
revistas e a televisão. É preciso, porém, saber filtrar as conexões e estabelecer bons
acessos. Além disso, o potencial mobilizador da internet é incrível, ao passo que ela
cria uma grande rede, que transmite e divulga as inquietações políticas de forma
dinâmica e ligeira.
Assim, estar conectado significa estar em contato, ainda que virtual, com um
universo de oportunidades. Cabe a cada um o discernimento quanto ao uso que
fazem das mídias sociais, que devem ser encaradas como instrumentos que
facilitam a comunicação.
Após a palestra os alunos apresentaram ao público as apresentações
criadas no Prezzi, que veio de encontro com o que o palestrante tinha falado.
A principio estavam nervosos, mas no decorrer das apresentações foram
ficando a vontade e puderam demonstrar e complementar o que tinha sido falado na
palestra. Os alunos e professores que estavam assistindo gostaram do resultado
dos trabalhos e se mostraram curiosos quanto ao uso do Prezzi, solicitando também
aulas e cursos sobre o aplicativo.
Reconheço que fiquei orgulhosa em ver os alunos apresentando, foi muito
gratificante ver os frutos do trabalho.
Assim, concluiu-se a aplicação do projeto elaborado no início do PDE e,
também,do material didático pedagógico construído para a concretização do mesmo.
Acredito, fielmente, que obtive muito êxito com o trabalho desenvolvido durante todo
o processo, mas sobretudo com a concretização e efetivação da proposta em sala
de aula, que atendeu, com eficácia, aos objetivos traçados no inicio desse projeto.
Considerações Finais
Este trabalho teve por objetivo promover a discussão junto aos alunos sobre
o uso consciente das redes sociais no âmbito escolar. Tendo em vista que este tema
é de extrema relevância considerando o contexto vivido no interior das escolas,
espera-se que este trabalho possa permitir a reflexão da necessidade de orientar os
alunos na utilização dessas ferramentas tecnológicas, de forma sadia, filtrando as
informações úteis e verdadeiras, isto é, fazendo uso da tecnologia de forma
consciente e proveitosa.
Ao iniciar as discussões a respeito das mídias sociais e das tecnologias em
geral, abordamos as características da sociedade atual. Marcada por avanços
científicos e tecnológicos essa sociedade produz e dissemina inovações que
invadem o cotidiano dos seres humanos, modificando a maneira como interagem e
se organizam.
Dentre tais mudanças, destaca-se aquelas que ocorrem no ambiente
escolar.
Na educação, as tecnologias e o ciberespaço, como um novo espaço
pedagógico, ofertam possibilidades e desafios para a atividade cognitiva, afetiva e
social dos alunos. Mas para que isso realmente aconteça, é preciso um olhar
diferenciado.
De acordo com Valente (1999, p.4), é necessário que todos os segmentos
da escola – alunos, professores, administradores e comunidade de pais estejam
preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação
desse novo aluno. Nesse sentido, a tecnologia é um dos elementos que deverão
fazer parte da mudança, porém essa mudança é mais profunda do que
simplesmente montar laboratórios de informática na escola e formar professores
para a utilização dos mesmos.
Nesse contexto, as novas tecnologias podem contribuir de forma positiva
para transformar a escola em um autêntico lugar de exploração de culturas, de
realização de projetos, de pesquisa e debate.
assim como as ferramentas da Web 2.0, as redes sociais oferecem um
imenso potencial pedagógico. Elas possibilitam o estudo em grupo, troca
de conhecimento e aprendizagem colaborativa. Uma das ferramentas de
comunicação existentes em quase todas as redes sociais são os fóruns
de discussão. Os membros podem abrir um novo tópico e interagir com
outros membros compartilhando idéias(...)Enfim, com tanta tecnologia e
ferramentas gratuitas disponibilizadas na Web, cabe ao professor o papel
de saber utilizá-las para atrair o interesse dos jovens no uso dessas
redes sociais favorecendo a sua própria aprendizagem de forma coletiva
e interativa(BOHN, 2009, p.01)
A escola precisa assumir o papel de formar cidadãos para a complexidade
do mundo dos desafios que ele propõe. Preparar cidadãos conscientes, para
analisar criticamente o excesso de informações e a mudança, a fim de lidar com as
inovações e as transformações sucessivas dos conhecimentos em todas as áreas.
A partir deste trabalho pode-se notar a possibilidade de provocar reflexões
acerca do uso das redes sociais na escola, bem como constituir alternativas
pedagógicas para uso desta poderosa ferramenta que está a tão fácil alcance tanto
dos alunos quanto dos professores.
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