Post on 22-Apr-2022
OS IMPACTES DA POLUIÇÃO SONORA DE BAIXA FREQUÊNCIA NA SAÚDE
Juliana Araújo Alves
Uma abordagem da Geografia da Saúde
Centros de Investigação associados:
Estrutura da apresentação
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1. A Geografia Médica e a Geografia da Saúde
2. Definição da problemática e as questões norteadoras
3. Objetivos e metodologia
4. Caraterização da área de estudo
5. Resultados e discussão
6. Conclusões, recomendações e propostas
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1. A Geografia Médica e a Geografia da Saúde
Séculos XVIII e XIX – Topografia Médica, Topografia e a Geografia Médica, Patologia Geográfica, Geopatologia, Medicina Geográfica, Geografia Médica...
Hipócrates – Dos ares, das águas e dos lugares (480 a.C.);
John Snow - (médico anestesista inglês)- mortes por cólera em Londres (1864).
Maximillien Sorre - Geografia Francesa – primeiro geógrafo académico.
1. A Geografia Médica e a Geografia da Saúde
Terminologia – para os geógrafos a terminologia Geografia da Saúde é preferível, por traduzir os interesses dominantes dos geógrafos aproximando-se do bem-estar e da promoção da saúde.
Mas, afinal o que é a Geografia da Saúde?
trata-se de uma área interdisciplinar que articula diversos domínios , tais como as Ciências Sociais, as Ciências da Terra e as Ciências da Saúde.
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País Principais autores Temáticas investigadas
Reino UnidoAndrew T. A. Learmonth, Dame Sally Macintyre, Sarah E. Curtis,Graham Moon, Peter Atkinson, Steven Cummis, Tim Brown, PaulNorman, Clive Sabel, Anthony Gratell, Christine Milligan, Liz Twigge Isabel Dyck
Teoria e metodologia da Geografia da Saúde; Geografia da Saúde nos paísesem desenvolvimento; Geografia da Alimentação na Índia; Desigualdadessocioeconómicas, espaciais e de género em saúde; Geografia da Saúde e doBem-estar.Geografia do comportamento, a saúde e o asilo psiquiátrico contemporâneo;Epidemiologia espacial; Doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.Segurança alimentar, a saúde global e ambiente e saúde; Dinâmicapopulacional e a saúde (morbidade e a mortalidade); Desigualdades na saúde;Epidemiologia espacial e a Geografia dos Cuidados de Saúde; Cuidados desaúde em idosos e as Paisagens Terapêuticas; Geografia da Fecundidade;Comportamentos aditivos.
Escócia Paul Boyle e Matthew Sothern Geografia da Saúde e as Desigualdades em Saúde; HIV/SIDA.
Irlanda Dennis Pringle Geografia Médica e da Saúde e o uso dos Sistemas de Informação Geográfica.
FrançaHenri Picheral; Gérard Salem; Stéphane Rican; Emmanuel
Vigneron
Epistemologia da Geografia Médica e da Geografia da Saúde; Saúde em áreasurbanas; Impactes da dinâmica territorial na saúde e nos indicadores demortalidade; Desigualdades geográficas em saúde.
Polónia Izabella LeckaGeografia das Doenças; Desigualdade de acesso aos serviços de saúde;
Telemedicina para países em desenvolvimento.
Roménia Liliana Dumitrache Cuidados em saúde e o Envelhecimento Demográfico.
Finlândia Tapani Valkonen e Markku LöytönenDemografia e Saúde; Sistemas de Informações Geográfica na Geografia daSaúde.
EspanhaAna Oliveira Poll; Francisco Feo Parrondo; José Luis UrteagaGonzález; Antonio Buj Buj; Jesus M. González Pérez
Geografia da Saúde na Galiza; Geografia da Saúde em Espanha; Teoria dosmiasmas e higienismo; Enfermidades reemergentes e emergentes.
PortugalMaria Emília Cabral de Arroz; Ana Paula Santana; HelenaGuilhermina Nogueira; Paulo Nuno Nossa; Paula CristinaRemoaldo; Ana Monteiro
Teoria da difusão espacial; Hepatite infecciosa; Geografia da Saúde; Obesidadeem Portugal; Mortalidade por cancro e SIDA; Promoção da saúde; Teoria eMetodolgia em Geografia da Saúde e o HIV/SIDA; Geografia da SaúdePortuguesa; Infertilidade; Mortalidade infantil; Impactes do lugar na saúde.
Cuba Luisa Iñiguez Rojas Epistemologia da Geografia da Saúde na América Latina e em Cuba.
Argentina Gustavo Buzai; Susana Curto; Jorge A. PickenhaynSistemas de Informação Geográfica em saúde; Epistemologia da Geografia daSaúde e Acessibilidade aos serviços de saúde; Desenvolvimento da Geografiada Saúde.
Fonte: Elaboração própria com base em vários autores.
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País Principais autores Temáticas investigadas
E.U.A.Juliana Maantay; Sarah McLafferty; Joseph Ransford Oppong;Vicent J. Del Casino Jr.; Michael Edward Emch; Anthony Dzik
Saúde ambiental; Geografia da Saúde; Sistemas de Informação Geográfica nas pesquisasem saúde; Saúde e bem-estar nas cidades; Sistemas de Informação Geográfica; HIV;Tuberculose; Geografia da Saúde; Sexualidade e HIV/SIDA; Acidente isquémico transitório.
CanadáNancy Ross; Joyce Davidson; Vera Chouinard; Mark W. Rosenberg;Allison M. Williams
Saúde e bem-estar no ambiente urbano; Geografia da Saúde e da Doença e a Geografia daRealização e das Emoções; Saúde Mental; Determinantes em Saúde; Saúde urbana e aqualidade de vida e Saúde da mulher; Acessibilidade aos Serviços de Saúde.
Holanda Thomas Krafft Geografia da Saúde e Sistemas de saúde.Hungria Annamária Uzzoli Geografia da Saúde e as Desigualdades em saúde.Bélgica Yola Verhasselt Epistemologia da Geografia da Saúde.Itália Giovanni De Santis Epistemologia da Geografia Médica.
Egito Fathy Abou Aianah e Mohamed Nour Elsabawy Mortalidade infantil; Geografia Médica no Egito.
África Frank Tanser Epidemiologia Espacial e HIV.
ÍndiaRais Akhtar; Ishtiaq Ahmad Mayer; G. M. Rather; Rameshwar
Prasad MisraGeografia Médica e da Saúde na Índia; Geografia da Alimentação na Índia.
Nepal Paschupati Nepal Dinâmica populacional e HIV/SIDA.Nova
ZelândiaRobin Affric Kearns; Ross Barnett; Sarah Lovell
Impacte do lugar no bem-estar humano; Desigualdades em saúde e no acesso aos serviçosde saúde; Promoção da saúde em áreas rurais.
Austrália Andrew Hodge e Neil D. McGlashan Economia e saúde; Desigualdades em saúde; Epistemologia da Geografia Médica.
Hong Kong
David R. Philips Epidemiologia Social e Acesso aos Cuidados em Saúde.
China Wuyi Wang Mudanças ambientais e a saúde humana.
Rússia Svetlana Malkhazova Saúde pública, Ambiente e Saúde, e Urbanização e Saúde.
BrasilRaul Borges Guimarães; Christovam Barcellos; Paulo Cesar
Peiter; Samuel do Carmo Lima
Promoção da Saúde e as Desigualdades Sociais em Saúde; Vigilância em Saúde;Desigualdades Sociais em Saúde e Sistemas de Informação Geográfica; Fronteiras e Saúde;Geografia Médica.
Fonte: Elaboração própria com base em vários autores.
1. Definição da problemática e questões norteadoras
Poluição Sonora
W.H.O. (2011) – a poluição sonora é a segunda maior forma de poluição ambiental.
Portugal é o 4º país da U.E. mais afectado com o ruído, com 23% da população atingida (Eurostat, 2017).
A maior parte do ruído corresponde ao tráfego automóvel.
Os efeitos na saúde humana mais citados referem-se a:
agitação, distração, irritação (Karpova et al., 1970; Brown et al., 1975; Job, 1993; Pawlaczyk-Luszczynska et al., 2003), além da associação do ruído de baixa frequência com alterações cognitivas (Miedema et al., 1998), no desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Babisch, 2000; Passchier-Vermee et al., 2000), perturbações no sono (Ising et al., 2002) e hipertensão arterial (Bluhm et al., 2007), alterações morfológicas dentárias (Cavacas et al., 2013; Mendes et al., 2014; Cavacas et al., 2015).
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Ruído de Baixa Frequência
A “incomodidade” tem sido reportadocomo o impacte mais frequente daexposição ao ruído de baixa frequência nosseres humanos (Waye, 1995; Berglund etal., 1996; Pawlaczyk-Łuszczyńska et al.,2006).
O sistema auditivo humano é poucosensível as baixas frequências, por essemotivo utiliza-se o filtro A de ponderação(Fig. 1).
são os mais difíceis de provar como decorrentes exclusivamente da exposição ao ruído.
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Fonte: http://www.fau.usp.br/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0278/index.html
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a) Os postes e linhas de alta tensão emitem ruído?
b) Os postes e linhas de alta tensão podem causar incomodidade napopulação devido ao ruído?
c) Os postes e linhas de alta tensão podem afetar a saúde humana?
d) A utilização do filtro A é realmente adequada para a análise daincomodidade devido ao ruído proveniente dos postes e linhas dealta tensão?
.... questões norteadoras
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2. Objetivos e metodologia
Analisar os impactes da exposição à poluição sonora de baixa frequência no município de Guimarães.
Realizar testes audiométricos adaptados, sons puros e o som gravado, com os “expostos” e os “não-expostos”.
Avaliar a saúde da população que habita em áreas urbanas “expostas” e “não-expostas'' a este tipo de poluição sonora em duas freguesias do município de Guimarães.
Propor uma metodologia de avaliação da incomodidade devido ao ruído de baixa frequência.
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2. ... metodologia
Análise da incomodidade
Dimensão Objetiva
Medição dos níveis sonoros
Adaptação da Metodologia
D.E.F.R.A (2011)
“Expostos”
“Não-expostos”
Dimensão Teórica
Gestão Ambiental
Acústica Ambiental
Dimensão Subjetiva
Testes audiométricos
STEP 1Determinação do
limiar de audibilidade
Sons Puros
Som Real
STEP 2
Testes CognitivosMini Exame do Estado Mental
Inquérito de Incomodidade
Inquéritos à população residente
Adaptação da metodologia de Azevedo (2010)
Dimensão Teórica
Geografia da Saúde
Saúde Pública
Fonte: Elaboração própria.
Dimensão Objetiva
Adaptação Metodologia DEFRA (NANR45)
Proposed criteria for the assessment oflow frequency noise disturbance(NANR45).
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Fonte: Elaboração própria baseada em vários autores.
• Medições sumárias: 9 pontos –“expostos” (e.g., 50 metros) e “não-expostos” (e.g., 250 metros).
Primeira abordagem
• Medições completas – 3 pontos(72h) apenas com o grupo “muitopróximo da fonte”.
Segunda abordagem
• Medições sumárias – 62 pontos – 32“expostos” e 30 “não-expostos”.Terceira
abordagem
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Dimensão Subjetiva
Testes audiométricos adaptados (ISO 8253-1/2010)
Cabine audiométrica, marca Optac –Aumec Horprufkabine.
A reprodução dos sons puros (faixas deum CD de alta fidelidade da marcaNordost - System Set-Up & Tuning Disc ).
Auscultadores com boa resposta a baixasfrequências do modelo e marca HE4OOS –Hifima.
• Avaliação da perceção daincomodidade devido ao ruído.
Primeira etapa
• Determinação do limiar deaudibilidade para os sons purose para o som gravado.
Segunda etapa
• Realização dos testes cognitivos.Terceira etapa
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Inq
ué
rito
à p
op
ula
ção
re
sid
en
te
Comportamento Humano
Informações da escolha do lugar para viver
O(a) senhor viveu sempre nesta freguesia?
Há quanto tempo o(a) senhor(a) e a sua família
vivem nesta casa?Hábitos diários, alimentação e práticas
saudáveis
Qualidade do sono
Como avalia a qualidade do seu sono?
O(a) senhor(a) utiliza alguma medicação para
dormir?
Saúde ocupacional
Qual é a sua profissão atual?
O(a) senhor(a) tem algum problema de saúde?
Ambiente
Caraterização geral do lugar
Considera que mora num sítio ambientalmente
saudável?
Poluição sonoraHá algum tipo de ruído
que o incomode?
Aspetos genéticosAntecedente de doenças
na famíliaAntecedente de doenças
na família
Estatísticas descritivas eanalíticas – S.P.S.S.
Qui-quadrado e p-value – Nívelde significância (Asymp. Sig.) 5%.
Fonte: Elaboração própria.
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3. Caracterização da área de estudo
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Fonte: Elaboração própria com base nas medições realizadas entre julho e agosto de 2014.
4. Resultados e discussão
Medição completa
• 72 horasMedição isolada
• 24 horas
Medição período noturno
• 02:00 às 04:00 horas
Primeiraabordagem
Segundaabordagem
A média de ultrapassagem registada foi obtida através damédia dos valores dos níveis de pressão sonora obtidos emcada ponto de medição.
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A média de ultrapassagem registada parao grupo dos “expostos” foi de 68.9 dB.
A média de ultrapassagem registada parao grupo dos “não-expostos” foi de 64.6dB.
Fonte: Elaboração própria com base nas medições realizadas entre outubro e dezembro de 2015 nas freguesias de Abação (São Tomé) e Serzedelo.
Análise dos níveis sonorosLeq (dB)
Expostos
Não-Expostos
Terceira abordagem
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A média de ultrapassagem registada parao grupo dos “expostos” foi de 55.7 dB.
A média de ultrapassagem registada para
o grupo dos “não-expostos” foi de 50.1dB.
Fonte: Elaboração própria com base nas medições realizadas entre outubro e dezembro de 2015 nas freguesias de Abação (São Tomé) e Serzedelo.
Análise sem interferência do tráfego automóvel
Expostos
Não-Expostos
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Localização dos pontos medidos na freguesia de Serzedelo
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Legend
Distance to A7 Highway (m)
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25
50
100
150
200
250
! Measured points
Village boundary
A7 Highway
Localização dos pontos medidos na freguesia de Abação (São Tomé)
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Testes audiométricos adaptados (ISO 8253-1/2010)
Fonte: Elaboração própria com base nos testes audiométricos realizados entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017 com a população “exposta” e ”não-exposta”.
A média do limiar de audibilidade para o somgravado “expostos” foi de 51,3 dB, enquanto amédia do limiar de audibilidade para o grupo dos“não-expostos”, foi de 24,1 dB.
Expostos
Não-Expostos
a)
b)
c)
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Serzedelo (“expostos”)
Abação (São Tomé)(“não-expostos”)
Fonte: Elaboração própria com base no inquérito realizado aos residentes de Abação (São Tomé) e Serzedelo, entre julho de 2015 e setembro de 2016; I.N.E., 2012.
Serzedelo (“expostos”)
Abação (São Tomé)(“não-expostos”)
Sempre viveu na freguesia
Desde que nasceu
41,0% 50,0%
58,0%
42,0%
Sim
Não46,0%
54,0%Sim
Não
A relação é significativa em termos estatísticos apenas para Serzedelo (p<0,05).
Inquéritos à população residente
Problemas de saúde
Desde que nasceu
28,0% 23,0%
64,0%
36,0%
Sim
Não51,0%
49,0%Não
Sim
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Não existe uma relação estatisticamente significativa entre residir próximo da autoestrada A11 e a presença de problemas de saúde em Serzedelo (p-value >0.05).
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...50 metros
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...100 metros
28
...150 metros
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...200 metros
30
...250 metros
Princípio da precaução (W.H.O.).
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...É possível estabelecer um padrão espacial?
5. Conclusões e recomendações
Dimensão objetiva
Dimensãosubjetiva
a) Os postes e linhas de alta tensão emitem
ruído?
b) Os postes e linhas de alta tensão podem causar
incomodidade devida ao ruído na população?
c) Os postes e linhas de alta tensão podem afetar a saúde
humana?
d) A utilização do filtro A é realmente adequada para a
análise da incomodidade devida ao ruído?
Questões norteadoras
Rapley et al. (2017)
“expostos” 51,3 dB“não-expostos” 24,1 dB
Aleatoriedade e tamanho da amostra