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20111:
PORTFÓLIOEDUCACIONAL FORMAÇÃO DEPROFESSORES
HELENA DE SÁ MELO 20/05/2011
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
"Há os que adquirem
conhecimento pelo valor do
conhecimento - e isto é
vaidade de baixo nível. Mas
há os que desejam tê-lo para
edificar outros - e isto é amor.
E há outros que o desejam
para que eles mesmos sejam
edificados - e isto é
sabedoria."
Bernardo de Claraval
Graduação: Pedagogia Plena – 1996
Pós- Graduação: Administração de Recursos Humanos –
2000
Docência do Ensino Superior - 2004
Mestrado em Ciências da Educação – em curso
Atuo no campo da Educação desde 1992. Atualmente, sou
professora do Ensino Superior no Curso de Pedagogia.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
__________________________________________________________
Trabalho exigido como avaliação da Disciplina
Modelos e Práticas de Formação de
Professores, sob orientação da Prof.ª Dra. Maria
Regina Peres, do Programa de Pós Graduação em
Supervisão Pedagógica e Formação de
Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em
Ciências da Educação.
São Paulo
2011
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................04
2. A formação do professor......................................................................................07
3. A Escola Reflexiva ..............................................................................................11
4. Considerações ....................................................................................................13
Referências..........................................................................................................15
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo fazeruma reflexão crítica sobre a formaçãodocente e seu processo na, para e sobre aação pedagógica, tanto na dimensãoprofissional como na dimensão pessoal.Também tem o objetivo de analisar a funçãosocial da escola dentro de uma posturareflexiva.
Espero, assim, contribuir para aconstrução personalizada do conhecimentosobre a ação docente reconhecendo-lhe anatureza dinâmica, estratégica, flexível econtextual.
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Este trabalho tem sua origem em muitos percursos. Que vai desde minha
formação no Magistério, passando pela graduação do curso de Pedagogia, minha
trajetória como professora do Ensino Fundamental, até o meu atual trabalho como
formadora de professores no Ensino Superior. Entrelaçados esses percursos,
encontra-se aqui o meu portfólio educacional.
O começo de tudo: O Magistério
Em 1992 conclui o meu curso de magistério, na época o 2.º grau técnico.
Comecei a trabalhar numa escola particular do Ensino Fundamental. Estava
encantada com a forma dinâmica e sedutora da educação e de como os meus
professores tinham conduzido as aulas no curso do magistério.
Formação Inicial – o curso de Pedagogia
Em 1994 dei início a minha graduação, pois achava fundamental para a
minha carreira. Durante o curso me deparei com diversos docentes, que possuíam
um excelente referencial teórico, mas que necessitavam rever sua prática
pedagógica, pois esta não condizia com a proposta teórica ensinada.
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A minha inquietação tornou-se grande quando observei que o desafio
enfrentado pelo professor, comprometido com sua prática pedagógica, estava em
descompasso com a realidade da escola e também de quem a administrava.
Naquele momento da minha formaçãoinicial, estavam em pauta muitas discussõesacerca da formação do professor construtivista.A prática pedagógica se limitava em muitasleituras, muitos seminários e muitas teorias.
OsEstágiostambémnãomeproporcionaram uma relação entre a teoria e aprática nessa ocasião..
Professora do curso de Pedagogia
Hoje, sou professora do curso de Pedagogia. O nosso debate atual ocorre
num cenário político e econômico que privilegia a noção do professor prático
reflexivo, que apresenta uma rica literatura, principalmente internacional, visto sua
concepção que busca a construção coletiva de uma identidade para o professor e
para a sua formação.
Essas reflexões e o ingresso no mestrado permitiram-me vislumbrar a
possibilidade de repensar, reconstruir e
pedagógica.
reinventar minha própria prática
Baseado nessa vivência e na atual
realidade refleti o quanto seria
analisar a função social da escola
dentro de uma postura reflexiva.
interessante abordar neste trabalho a
importância da formação do docente e
sua ação pedagógica, como também
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Para a elaboração desse trabalho foram utilizadas obras de personagens
muito importantes que tratam do conceito da formação do professor reflexivo e da
escola reflexiva:
Donald Schön (1992), o principal idealizador do conceito do professor
reflexivo, realizou estudos e pesquisas que tinham como alvo analisar as origens, os
pressupostos, os fundamentos e as características dos conceitos do professor
reflexivo.
Kenneth M. Zeichner (1993) desenvolveu como principal proposta de trabalho
a prática reflexiva, cujas pesquisas foram originadas na formação de professores
dos Estados Unidos.
Antônio Nóvoa (1991), com a sua obra “Formação do Professor”, considera
as perspectivas do professor pesquisador reflexivo nos países de origens da língua
portuguesa.
E também Isabel Alarcão (1996), com a obra “Professor reflexivo e Escola
Reflexiva”, demonstrando a importância da reflexão coletiva dentro da comunidade
escolar.
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2. A Formação do ProfessorA formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva,
que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada
(Nóvoa, 1992:25)
A formação do professor se dá seguramente como um dos maiores e mais
frequentes desafios da educação nos dias de hoje. É nas questões que envolvem a
formação de professores para o ensino básico que se destaca a reflexão da prática
docente como um dos requisitos básicos para a formação do professor reflexivo e para a
educação continuada do mesmo.
Nas últimas décadas, a questão da formação de professores e da profissão
docente tem sido central nas propostas de reformas educacionais, na tentativa de
romper com o modelo da racionalidade técnica e com a concepção do ensino como um
processo técnico. Nesse sentido, faz-se necessário refletir sobre a formação do
professor como profissional reflexivo, buscando superar a relação linear e mecânica
entre o conhecimento científico e a prática na sala de aula.
Schön (1992) definiu noções fundamentais para a constituição do processo de
reflexividade, a qual denominou de “praxiologia para a reflexão”: conhecimento na ação
(o conhecimento demonstrado na execução da ação); reflexão na ação (o pensar sobre
o que faz no mesmo tempo em que está atuando); reflexão sobre a ação (reconstrói a
ação mentalmente para analisá-la retrospectivamente); reflexão sobre a reflexão na
ação (reflexão crítica após realizar a ação).
Desta forma, em grandes linhas, os profissionais reflexivos, para Schön, refletem “na”, “sobre” e “para a ação”.
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Enquanto Schön aborda a relação ao processo de reflexão do professor à
prática imediata, desconsiderando as práticas sociais e políticas que interferem na
prática educativa, Zeichner (1993) considera que uma das formas do professor
assumir uma postura reflexiva deve ser a partir da socialização com seus pares das
teorias práticas do professor.
Uma das maiores contribuições de Zeichner (1993) para a estruturação do
conceito de professor-reflexivo é sua visão de reflexão para transformação social.
A prática reflexiva está naturalmente associada aos contextos. Na época da minha
formação o cenário (1993), a reflexão nãoedeve sernão privilegiavafim em formaçãosocial vista como um essa si mesma,Para Zeichner político, econômicoreflexiva nos cursos de graduação, tampouco de uma escola reflexiva.
Diante dessas abordagens sobre a
formação do professor crítico-reflexivo,
acredito que os professores não podem
manter
contexto
uma posição de alienação
É
do
social vigente. importante
contextualizar a ação profissional docente
para que não seja visto individualmente e
descolada da sociedade em que vive.
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Nóvoa (1992:15) propõe a formação dos professores numa perspectiva
denominada “crítico-reflexiva”, que “forneça aos professores os meios de um
pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada, com
vista à construção de uma identidade profissional”
Diante do exposto, entendo que a
formação do professor reflexivo não servirá
somente para encorajá-lo na investigação
da sua própria prática pedagógica, como também sua própria formação deve alicerçá-lo
no campo profissional.
Hoje não é mais novidade afirmar que o professor precisa ser reflexivo sobre
sua ação docente, isso já é muito discutido no meio educacional. Esse discurso, muitas
vezes, acaba ficando no vazio porque não existe a articulação entre a teoria e a prática
de alguns docentes.
É preciso nos conscientizarmos de que a partir deste cenário o
Professor se torna a peça principal dentro da educação, portanto, em sua
formação, este processo de reflexão surge como mola propulsora para a
mudança educacional, possibilitando aos educadores a adoção de uma
postura crítica frente as suas práticas e a estrutura na qual está inserido.
O processo reflexivo acontece
pela necessidade de produções de
novos saberes e posturas de
permanente interrogação das práticas
pedagógicas que são imprescindíveis a
nossa atual realidade educacional.
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Para os profissionais que atuam na sala de aula, a falta dessa reflexão ainda
é mais grave, visto que ele lida com crianças e jovens que podem ser afetados por
uma conduta inadequada ou por conceitos errôneos. Um professor reflexivo está
sempre em busca do aprimoramento, analisando sempre sua ação docente. A falta
de reflexão sobre a prática docente o distancia do aluno e pode frustrá-lo
profissionalmente.
A reflexão leva o docente a repensar o currículo, sua metodologia e seus
objetivos. Dando conta do que não está sendo entendido, o professor vai investigar
o que está acontecendo e promover as mudanças necessárias.
Como formadora de professores, necessito cada vez mais ser uma profissional
reflexiva, ter uma atuação flexível e contextualizada, e sempre reconstruir os meus
saberes dando continuidade a minha formação
Como formadora de professores, necessito cada vez mais ser uma profissional
reflexiva, ter uma atuação flexível e contextualizada, e sempre reconstruir os meus
saberes dando continuidade a minha formação
Acredito que o meu Mestrado em
Educação possa contribuir para a
construção coletiva de saberes a partir
da reflexão sobre o cotidiano de vários
contextos educativos, postos em
confronto em nossa atual sociedade.
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3. A Escola Reflexiva
A escola reflexiva deve agir de acordo com sua realidade e no momento
apropriado. O papel de uma escola reflexiva é ter ciência de sua organização,
objetivos e potencialidades.
Os desafios que são atribuídos à
escola exigem que esta pense pó si
própria, que assuma um caráter
reflexivo e seja gerida como tal.
Para Isabel Alarcão (1996), o professor reflexivo é aquele que pensa, e a
escola reflexiva é uma instituição que pensa e que é capaz de avaliar a si própria.
A escola reflexiva, a qual Alarcão se refere, é aquela que envolve todos os
seus agentes na construção de sua diversidade. É aquela que dialoga com a
comunidade, disposta a promover mudanças, que interage com a tecnologia e
flexibiliza diante das transformações. Não é uma escola pronta. É uma escola que
continuadamente reflete sobre si mesma no presente para SER no futuro .
A partir das considerações aqui feitas, creio que a escola reflexiva é o sonho
que embala todos os educadores que ainda são comprometidos com seu papel
diante da sociedade.
Para mim, a ideia de reflexão surge associada ao modo como a escola lida
com problemas da prática profissional, à possibilidade de aceitar um estado de
incerteza e estar aberta a novas hipóteses, dando forma a esses problemas,
descobrindo novos caminhos, construindo e concretizando soluções, enfim,
remodelando escola, currículo e prática docente.
Acredito nas potencialidades que nos oferece a proposta de formação do
professor reflexivo. Reconheço, porém, a necessidade de proceder a novas formas
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de aprofundamento e de, como afirmei na introdução, a necessidade da
formação continuada.
Uma escola reflexiva é uma comunidade de aprendizagem, é um local onde se
produz conhecimento sobre educação. Nesta reflexão e no poder que dela retira, a
escola toma consciência de que tem o dever de alertar a sociedade e as autoridades
para que algumas mudanças a operar sejam absolutamente vitais para a formação
do cidadão do século XXI.
De maneira geral, penso que muitas escolas já perceberam o fenômeno, já
começaram a funcionar como comunidades autocríticas, aprendentes, reflexivas e
constituem aquilo que Alarcão chama de “a escola reflexiva”.
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4. CONSIDERAÇÕES
A noção de professor reflexivo baseia-se na consciência da capacidade de
pensamento e reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não como
mero reprodutor de ideias e práticas que lhe são exteriores.
O professor reflexivo deve abandonar de vez a racionalidade da técnica e
ampliar sua visão sobre as diversidades encontradas na sociedade e na sala de
aula.
A formação do professor reflexivo não termina no ambiente de formação.
Cabe ao professor refletir e analisar sobre a sua formação, refletir o seu papel
profissional e social, ser capaz de pensar no que faz, se comprometer com a
profissão, ser autônomo e capaz de tomar decisões e ter opiniões.
Para que existam professores reflexivos é necessário que haja também
escolas reflexivas.
O aluno deve ser um aprendiz curioso, procurar o saber, ter a mente ativa e
receptiva. A sala de aula deve ser um lugar de produção de conhecimentos. O
professor precisa criar situações de aprendizagem e estimular a autoconfiança do
aluno em si próprio.
No entanto, as mudanças não devem ocorrer somente nos alunos e
professores, mas na escola. Hoje, há um grande número de informações em que as
pessoas são submetidas diariamente, pois a sociedade exige que se tenha cada vez
mais variadas competências. Cabe às escolas desenvolvê-las.
Percebo o grande desafio que está sendo atribuído ao trabalho docente, o
qual abre caminhos à necessidade de reflexão sobre a formação do professor,
visando um novo modo de ser e estar em sua profissão.
É através da reflexão sobre a prática que vamos caminhar rumo a uma
educação de qualidade. Esta tarefa não é só função do professor, mas também da
escola, isto é, de quem a administra.
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FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Portanto, urge em nossa sociedade uma reconstrução de novas
possibilidades sobre a formação inicial de professores e torna-se cada vez mais
necessário o desenvolvimento da formação continuada.
Para finalizar, exercitar uma reflexão crítica implica planejamento cuidadoso
de nossas ações, abrir um espaço de reflexão coletiva onde todos os envolvidos se
coloquem abertos para reconstruir e reformular suas práticas pedagógicas. E como
diz o poeta Manoel de Barros: “é preciso apalpar as intimidades do mundo [...] e
desaprender oito horas por dia.”
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REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel (Org.). Formação Reflexiva de professores: Estratégia de
supervisão. Porto: Porto Editora,1996.
NÓVOA, A. A formação do professor e profissão docente. In: A. Nóvoa (org.). Osprofessores e sua formação. Lisboa: Nova Enciclopédia, 1992.
SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA.
Antonio. (org.) Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992b, pp. 77-
92.
ZEICHNER, Kenneth M. A Formação Reflexiva de Professores: Idéias e Prática.
Trad. Teixeira, A. J. Carmona; Carvalho, Maria João; Nóvoa, Maria.Lisboa: Educa,
1993.