Palestra Inclusão

Post on 08-Jul-2016

213 views 0 download

description

Sobre inclusão

Transcript of Palestra Inclusão

IPAE

INCLUSÃOTDAH – DISLEXIA – Dificuldades de aprendizagem

Lislei ConradPsicopedagoga Clínica

DISTÚRBIO X DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

◦DISTÚRBIO: A expressão distúrbios de aprendizagem teria o significado de “anormalidade patológica por alteração violenta na ordem natural da aprendizagem”, obviamente localizada em quem aprende. Portanto, um distúrbio de aprendizagem obrigatoriamente remete a um problema ou a uma doença que acomete o aluno em nível individual e orgânico.

◦DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: A dificuldade de aprendizagem caracteriza-se por um resultado substancialmente abaixo do esperado no desenvolvimento de elementos básicos como: escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio lógico e habilidades matemáticas. Entre os principais fatores que contribuem para que um aluno tenha dificuldades de aprendizagem, podemos destacar: Baixa motivação, Fatores econômicos, Problemas no núcleo familiar, Alimentação incorreta em quantidade e/ou qualidade, Baixa qualidade do sono, Salas superlotadas, Professores sobrecarregados, pouco treinados e mal remunerados, Material didático inadequado.

DISTÚRBIOScausas mais prováveis

◦ Lesão Cerebral, ◦ Alteração no desenvolvimento cerebral, ◦Hereditariedade com variáveis genéticas ou

biológicas,◦ Características de funcionamento do sistema

nervoso central, ◦ Funcionamento dos órgãos sensoriais.

Dificuldades ou problemas de aprendizagem

Participariam dessa conceituação:

◦ os atrasos no desempenho escolar por falta de interesse,

◦ perturbação emocional,◦ inadequação metodológica ou mudança no padrão de

exigência da escola.

Que fatores são determinantes nas dificuldades de aprendizagem?

A dificuldade para aprender é um sintoma, que pode ser determinado por:

◦ 1. Fatores orgânicos: relacionados com aspectos do funcionamento anatômico, como o funcionamento dos órgãos dos sentidos e do sistema nervoso central;

◦ 2. Fatores específicos: relacionados à dificuldades específicas do indivíduo, os quais não são passíveis de constatação orgânica, mas que se manifestam na área da linguagem ou na organização espacial e temporal, dentre outros;

◦ 3. Fatores decorrentes de um sintoma ou de uma inibição. Quando relacionado a um sintoma, o não aprender possui um significado inconsciente; quando relacionado a uma inibição, trata-se de uma retração intelectual do ego, ocorrendo uma diminuição das funções cognitivas que acaba por acarretar os problemas para aprender;

◦ 4. Fatores ambientais: relacionados às condições objetivas ambientais que podem favorecer ou não a aprendizagem do indivíduo.

DISLEXIA◦Dislexia corresponde a uma perturbação em nível da leitura e

escrita.

◦O termo Dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com que lêem as crianças do mesmo grupo etário, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.

◦ Pessoas com dislexia apresentam um funcionamento peculiar do cérebro para os processamentos linguísticos relacionados à leitura. O disléxico tem dificuldade para associar o símbolo gráfico, as letras, com o som que elas representam, e organizá-los, mentalmente, numa sequência temporal.

Em termos globais, as características das crianças disléxicas dividem-se em dois grandes grupos:

◦Características de conduta◦ Afeta o tipo de personalidade do aluno, e faz-se notar nas

aulas pela inibição e retraimento, insegurança, ansiedade e mesmo pelo aparecimento de condutas disruptivas, que muitas vezes os professores apontam como causa do problema, mas que é o resultado do mesmo.

◦Características Escolares◦ Observam-se basicamente na leitura, na escrita – disgrafia

e disortografia – e, algumas vezes, no cálculo.

Discalculia

◦ É um problema causado por má formação neurológica e que se manifesta como uma dificuldade da criança em realizar operações matemáticas, classificar números e colocá-los em sequência.

Disortografia◦ Perturbação na produção escrita (presença de muitos erros ortográficos) caracterizada por uma

dificuldade em escrever corretamente as palavras.

◦Disgrafia: Perturbação de tipo funcional que afeta a qualidade da escrita, sendo caracterizada por uma dificuldade na grafia, no traçado e na forma das letras e palavras, surgindo estas de forma irregular, disforme e rasurada.

Problemática Emocional◦Reduzida motivação

◦Recusa de situações e atividades que exigem a leitura e a escrita, devido ao temor de viver novamente uma experiência de fracasso.

◦ Sintomatologia ansiosa perante situações de avaliação ou perante atividades que impliquem a utilização da leitura e escrita.

◦ Sentimento de tristeza e de auto-culpabilização

◦Reduzida autoestima e autoconceito acadêmico.

◦ Sentimento de insegurança e de vergonha como resultado do seu sucessivo fracasso.

◦ Sentimento de incapacidade, de inferioridade

◦ Problemas comportamentais

◦Outras problemáticas poderão estar presentes como: a enurese noturna, perturbação do sono, etc.

TDAHTranstorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

◦ É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida.

◦ Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.

◦O TDAH não é um problema de aprendizado, mas as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a inquietude, atrapalham bastante o rendimento nos estudos, diante disso, é necessário ensinar ao aluno técnicas específicas para minimizar suas dificuldades.

Estratégias inclusivas- TDAH◦O aluno deve ser colocado para sentar próximo à área onde o professor permanece o

maior tempo e distante de outros locais que possam provocar distração (janela, porta, etc.) ou de colegas inquietos e desatentos.

◦ O aluno deve ser colocado para sentar perto de alunos que possam colaborar. ◦Na medida do possível, o professor deve se posicionar próximo ao aluno enquanto

apresenta a matéria.◦ Na medida do possível, o professor deve dar assistência individual a este aluno,

checando seu entendimento a cada passo da explicação e usando seu caderno para dar exemplos.

◦O aluno colaborador pode ser de grande valia na inclusão de alunos com TDAH. Sua atuação deve ser elaborada pelo professor tendo em vista as necessidades do aluno a ser incluído, suas habilidades, dificuldades e grau de autonomia.

Apresentação das informações:

◦O professor deve tornar o processo de aprendizado o mais concreto e visual possível, as instruções devem ser curtas e objetivas.

◦O aluno deverá receber instrução de forma segmentada, seriada (evitando-se longas apresentações) e multissensorial, contemplando diferentes estilos de aprendizagem (visual, auditiva e cinestésica).

◦ Se o aluno tem dificuldades para fixar através do aprendizado visual, utilizar recursos verbais, por exemplo, incentiva-lo a gravar as aulas para recordá-las em casa.

◦Quando possível utilizar cores vivas nos diferentes recursos visuais.

◦ Se assegurar de que o aluno escutou e entendeu as explicações e instruções.

◦Manter na lousa apenas as informações necessárias para o tema.

◦ Antes de iniciar uma nova matéria utilizar alguns minutos para recordar a matéria anterior. Desta forma criam-se elos entre os assuntos favorecendo a atenção e fixação das informações na memória.

◦ Ao avaliar o alunos com TDAH, devemos primar mais pela qualidade e menos pela quantidade de tarefas executadas. O mais importante é que os conceitos estejam sendo aprendidos

Estratégias Inclusivas: Dislexia◦ O professor deve colocar o aluno para sentar-se próximo a sua mesa e à lousa já que frequentemente

acaba se distraindo com facilidade em decorrência de suas dificuldades e/ou desinteresse. Essa medida tende a favorecer também o diálogo, orientação e acompanhamento das atividades, além de fortalecer o vínculo afetivo entre eles.

Apresentação das informações: ◦ O professor deve dar informações curtas e espaçadas, pois alunos com Dislexia frequentemente

apresentam dificuldades para guardar (reter) informações mais longas, o que prejudica a compreensão das tarefas. A linguagem também deve ser direta e objetiva, evitando colocações simbólicas, sofisticadas ou metafóricas.

◦ O aluno com Dislexia tende a lidar melhor com as partes do que com o todo (“ver a árvore, mas não conseguir ver a floresta”), portanto, deve ser auxiliado na dedução dos conceitos.

◦ O professor deve utilizar elementos visuais (figuras, gráficos, vídeos, etc.) e táteis para que a entrada das informações possa ser beneficiada por outras vias sensoriais.

◦ As aulas devem ser segmentadas com intervalos para exposição, discussão, síntese e/ou jogo pedagógico

◦ É equivocado insistir em exercícios de fixação, repetitivos e numerosos, isto não diminui a dificuldade dos alunos com Dislexia.

◦O professor deve verificar sempre (e discretamente) se o aluno está demonstrando entender a explicação e se suas anotações estão corretas. Dê tempo suficiente para anotar as informações da lousa antes de apagá-las.

◦O professor pode dar algumas atividades já prontas para que o aluno tenha o material em seu caderno e não perca tempo maior que os outros para copiar textos.

◦ Levar em consideração que a velocidade da escrita do aluno com Dislexia é mais lenta em razão de dificuldades de orientação e mapeamento espacial, entre outras razões.

◦ Fornecer dicas, atalhos, regras mnemônicas e associações ajudam o aluno a lembrar-se das informações, executar atividades e resolver problemas.

◦Como opção para atividades de aprendizado complementar além da leitura, indicar filmes, documentários, peças de teatro, visita a museus, quadrinhos e, sobretudo, recursos digitais.

As avaliações do aluno com Dislexia devem atender aos seguintes princípios:

• O professor deve priorizar o progresso individual do aluno com Dislexia, tendo por base um Plano Educacional Individualizado e a valorização de aspectos qualitativos ao invés de quantitativos.

• É recomendado que ao invés de poucas avaliações cobrando um grande conteúdo de informações, seja realizado maior número de avaliações com menor conteúdo de informações (segmentação).

• Dependendo de consenso com o aluno e seus pais, as avaliações podem ser realizadas junto à turma ou em separado. Quando em separado pode facilitar o aluno cuja leitura em voz alta auxilia sua compreensão. No entanto, lembrar que em alguns casos, essa providência pode criar estigmas. Quando junto à turma recomenda-se que seja feita em dois tempos. Num primeiro momento, antes de iniciar, o professor deve ler a prova para todos os alunos, certificar-se de que o aluno disléxico compreendeu as questões e oferecer assistência frequente a ele. Em um segundo momento, em separado da turma, o professor deve corrigir a prova individualmente com o aluno, permitindo que responda oralmente as questões erradas. Mas é considerável a necessidade desse aluno fazer prova oral ou atividade que utilize diferentes expressões e linguagens.

◦ Disponibilizar maior tempo para as avaliações conforme a necessidade do aluno nas habilidades de leitura e escrita.

◦ Facilitar a compreensão dos enunciados utilizando um menor número de palavras sem necessariamente comprometer o conteúdo.

◦ Ao empregar questões de falso-verdadeiro evitar o uso da negativa e expressões absolutas, e construir as afirmações com bastante clareza e que incluam somente uma ideia em cada afirmação.

◦ Empregar questões de associações apenas de um único assunto em cada questão e redigir cuidadosamente os itens para que o aluno não se atrapalhe com os mesmos.

◦ Personalizar a avaliação com recursos gráficos que substituam palavras e textos auxilia muito o aluno com Dislexia.

◦ Avaliações que contenham exclusivamente textos, sobretudo textos longos, devem ser evitadas nesses alunos.

LDBNão podemos esquecer que esses alunos estão amparados por lei, considerados como NEE (Necessidades Educacionais Especiais). Na lei de Diretrizes e Bases da educação- LDB7, diz :

Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem:

◦ I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:

◦ a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;

◦ b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;

◦ II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;

◦ III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.

Lembre sempre que...“A criança ou o adolescente é um ALUNO... Não é um laudo quem vai dizer quem ele é! Esqueça que o aluno tem transtornos, deficiências, dificuldades... Pense que ELE é seu ALUNO e no que você pode fazer para que ele desenvolva aprendizagem.

Você pode escolher se vai ficar parado ou caminhar, se vai esperar ou agir.

O aluno dos sonhos não existe mais... Portanto respeite seu tempo, processe as novas informações, mas depois... mãos à

obra!