Post on 16-Oct-2021
Edição n.º 3 março de 2016
Boletim informativo da Unidade de Recursos
Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral
Até sempre…
O tempo passa num ápice!… 3 anos …
Em três anos nutricionistas conheceram
fisioterapeutas, higienistas orais trocaram
ideias com técnicos de radiologia e ortoptis-
tas, psicólogos partilharam opiniões com
assistentes sociais, e no meio disto tudo
criou-se uma equipa com uma identidade:
somos URAP Pinhal Litoral.
Partilhamos recursos, damos horas da nossa
atividade a esta e a aquela Unidade Funcio-
nal. Damos mais às UCCs do que às outras,
mas somos poucos, cerca de 18, e não che-
gamos para todas as “encomendas”. Mas
ainda conseguimos o milagre de publicar o
“PARTILHA”!
Compreendemos agora os desafios e as
dificuldades das diferentes profissões, e
aproximámo-nos. Sim, acredito que agora,
passados três anos a proximidade e o co-
nhecimento que temos uns dos outros per-
mite-nos apoiarmo-nos e claro, também,
tecer críticas. Com lealdade, com respeito,
porque, acima de tudo, queremo-nos bem.
E não falta nem a maçã, nem o café. O chá e
um biscoito ou uma torradinha estão ali
quando nos juntamos. Já sabemos onde nos
sentar se queremos que a reunião avance
com mais celeridade, e sim, tomamos deci-
sões participadas. E mais, confiamos que o
coordenador irá defendê-las onde e junto de
quem de direito.
É olhando um pouco para isto que se criou
que me sinto tranquilo e satisfeito.
Cada um teve o seu espaço, e foi dada a
oportunidade aos colegas para me acompa-
nharem nas reuniões com as lideranças da
instituição. Foi preciso experienciar a coor-
denação de uma Unidade Funcional e vários
colegas acompanharam-me neste processo.
Sei que a minha substituição causará mudan-
ça, é por essa razão que deixo o cargo, mas
também sei que a minha saída não irá causar
muito sobressalto. A URAP Pinhal Litoral
está mais madura, e acredito que esta evolu-
ção será benéfica e trará mais oportunidades
de desenvolvimento.
Senti-me, nestes três anos, rodeado por
colegas que confiavam em mim. Procurei
sempre, dentro das minhas capacidades,
devolver essa confiança com trabalho e dedi-
cação.
Quero deixar apenas mais duas palavras:
Muito Obrigado!
Emanuel Vital
Coordenador da URAPPL
Nota editorial
Nesta edição:
Nota Editorial 1
A Multiculturalidade 2
Atividades Relevantes 15
Notícias 22
Crónica 29
A Equipa 30
Ficha Técnica 31
PARTILHA
Página 2
A multiculturalidade é um tema com contor-
nos… múltiplos.
As características étnicas, sociais, económi-
cas, religiosas e mesmo as características
ambientais de um determinado grupo popu-
lacional conjugam-se de variadas formas para
a criação de um conjunto de valores, cren-
ças e comportamentos que condicionarão o
modus vivendi de uma sociedade e, em última
instância, a saúde das pessoas.
Esta riqueza de manifestação das organiza-
ções sociais humanas é reconhecida desde
sempre. A época dos descobrimentos deu a
conhecer ao mundo europeu a realidade de
África, da Ásia e das Américas. As trocas
comerciais, acima de tudo, constituíram o
principal meio pelo qual se conheceram
realidades sociais bem diferentes que habi-
tam este planeta.
No mesmo sentido, o movimento expansio-
nista de vários países do mundo, a maior
parte das vezes através da sua componente
bélica, ultrapassou fronteiras e cruzou civili-
zações.
Os processos migratórios que se lhe foram
seguindo contribuíram com especial relevân-
cia para o contato direto e para o entendi-
mento das várias formas de viver e de ver a
vida.
Viram-se pés enfaixados que retratavam a
beleza e estatuto social da menina chinesa
mas que condicionava também a sua mobili-
dade e a sua saúde.
Viram-se ritos de iniciação na entrada da
puberdade que apresentam várias manifesta-
ções consoante as culturas, observando-se
práticas de mutilação e outras que podem
ser consideradas como ofensas corporais
segundo o padrão ocidental.
Cicatrizes hipertróficas da pele são provoca-
das com o objetivo de alcançar a beleza em
algumas tribos de África; na Ásia adornam-se
com anéis as raparigas provocando o alonga-
mento do pescoço com o mesmo propósito
de beleza.
O estudo de cariz antropológico de Roseiro
(2013), enriquece o conhecimento que já
tínhamos da prática da mutilação dentária
praticada em Moçambique pelos Makonde,
que, com certeza, causa alterações da estru-
tura orofacial e das funções da fala e da mas-
tigação.
Até para comportamentos universais como
sentar e andar, o que é normal ou típico
numa cultura pode não o ser noutra. Papalia
e Olds (1992) trazem vários exemplos de
como o contexto cultural pode ter alguma
influência no desenvolvimento motor. Por
exemplo, os bebés negros africanos são mais
precoces na motricidade global que os bebés
europeus e estes mais precoces que os asiá-
ticos. Estas diferenças podem estar relacio-
nadas com cuidados distintos. Os bebés
Arapesh na Nova Guiné conseguem ficar de
pé, segurando-se em algo, antes mesmo de
conseguirem sentar-se sozinhos. Aos três
meses, os bebés da península do Yucatan no
México estão mais avançados que os bebés
americanos no domínio da manipulação; no
entanto, aos 11 meses estes encontram-se
mais atrasados na área da locomoção, tão
atrasados que segundo o padrão de desen-
IMAGEM
brasilnamao.co.uk
Página 3
volvimento, este atraso poderia ser conside-
rado como patológico. Esta situação prova-
velmente está relacionada com o facto des-
tes bebés serem enfaixados nos seus berços,
e mais tarde serem restringidos de várias
maneiras.
Esta diversidade cultural reflecte-se de mo-
do mais visível nos hábitos e comportamen-
tos alimentares, que se assume como carac-
terística identitária das diversas comunidades
e países. Aqui também, as modas e a força
do mercado, vão criando pressões de consu-
mo com repercussões na saúde, sendo um
exemplo estudado, o padrão alimentar base-
ado no “fast food” (Martins, 2009), ou a
facilidade de acesso a alimentos de alta den-
sidade calórica (Barreto, 2005).
A cultura tem, definitivamente, uma impor-
tância decisiva na formação de crenças e
valores que influenciam o comportamento
humano e isto constitui uma determinante
da saúde, quer seja pela adopção de com-
portamentos de risco sobre as mais diversas
manifestações – actividades radicais, consu-
mos, violência -, quer seja, até mesmo, pelo
evitamento dos serviços de saúde ou recusa
a determinados procedimentos técnicos, que
em algumas circunstâncias poderiam salvar
vidas.
Neste sentido, a multiculturalidade apresen-
ta-se como um tema que não deve ser negli-
genciado, e cada vez mais tem um papel de
destaque na área da saúde.
A globalização acelerou todo este processo.
Assiste-se hoje a uma marcada multicultura-
lidade em cada país, em cada cidade, em
cada freguesia. No mesmo bairro e no mes-
mo edifício pessoas com heranças culturais
distintas constroem novas realidades.
É um pouco das implicações que este fenó-
meno pode ter no comportamento e na
saúde das pessoas que este número do
“PARTILHA” trata. A questão da comunica-
ção entre grupos sociais com culturas dife-
rentes, e o acolhimento de pessoas refugia-
das também irá merecer a necessária aten-
ção.
Votos de uma boa leitura. E.V.
REFERENCIAS:
- Papalia, D. E. e Olds S. W. (1992). Human
Development. 5th edition. McGraw-Hill.
New York.
- ROSEIRO, A. H. R. (2013). Símbolos e
práticas culturais dos Makonde. Coimbra :
[s.n.]. Tese de doutoramento.
- Martins, M. J. R. L. (2009). Hábitos alimen-
tares de estudantes universitários: Trabalho
de Investigação. Edição de autor. Porto.
- Barreto S. M. e colaboradores (2005).
Análise da Estratégia Global para Alimenta-
ção, Atividade Física e Saúde, da Organiza-
ção Mundial da Saúde. Epidemiologia e Servi-
ços de Saúde. Vol. 14 (1): 41-68.
Página 4
MARCHAS DOS HORRORES
No inicio do século XXI, ainda se assiste
de forma vergonhosa para a humanidade
a “fileiras” de pessoas que fogem à vio-
lência das guerras e em vez de acolhi-
mento, encontram desconfiança e o re-
chaçar deste tipo de vizinhança, de gen-
tes diferentes, por essa Europa fora, e às
nossas portas, e de forma diferente, aco-
lhemos refugiados na Marinha Grande,
embora com acolhimento à nossa manei-
ra, em Português suave. Atente-se.
Tendo em conta que esta edição do boletim
da URAP PL, “Partilha” é dedicado à multi-
culturalidade, parece-nos pertinente que a
área funcional da Psicologia não deixe de
fazer uma referência a um dos maiores e
atuais flagelos que a Europa tem a braços, as
migrações de refugiados e as implicações nas
multiculturalidades. Isto inclusive, numa
altura em que, na redistribuição destes mi-
grantes pelo continente europeu, tenha
levado a que alguns tenham mesmo chegado
à área de abrangência do ACES PL, mais
especificamente à Marinha Grande. Isto, não
invalidando que outros mais migrantes pos-
sam chegar a Portugal, não sabendo da pos-
sibilidade de que mais alguns possam ter que
vir a ser abrangidos pelos nossos serviços de
saúde no Pinhal Litoral.
A propósito deste tema, na revista E do
jornal Expresso de 13 de Fevereiro de 2016,
o jornalista Daniel Ribeiro através de uma
excelente reportagem, descrevendo um
exemplo deste terrível flagelo num dos cam-
pos de refugiados a partir de Calais em Fran-
ça, às portas da ilha da Grã-Bretanha, faz um
sucinto relato que não deveria escapar àque-
les que pelos valores humanos se interessam
e preocupam e que poderão vir ter às nos-
sas portas.
Na “Selva de Calais” como lhe chama Daniel
Ribeiro, pode ler-se «(…) os rapazes passam
o dia em pequenos grupos ao longo das
“avenidas” e no labirinto de ruelas e de ca-
minhos sinuosos que compõem o bairro de
lata.”. Apenas homens, não se vêem mulhe-
res, não há misturas. Cada tasquita tem a sua
marca étnica, não se misturando os que têm
religiões distintas. E, referindo-se ao drama
das crianças, refere existirem crianças sozi-
nhas, que perderam o contacto com os seus
progenitores ou familiares e que durante a
travessia pelo mar, tiveram de beber água
salgada, enquanto outros refugiados se de-
gladiavam pela água potável. Crianças perdi-
das, carentes de afecto e que apesar do
drama ainda conseguem sorrir, como refere
na sua descrição. Os jovens adolescentes,
também muitos deles sem família, terão sido
identificados como cerca de 300 menores
sozinhos na “Selva” de Calais.
Sem nos esquecermos da violência original,
gerada pela forçada partida dos seus lares,
das suas terras, dos seus países de origem,
fugindo á violência das balas e às atrocidades
das guerras, estas pessoas desalojadas e
deslocalizadas, em condições sub-humanas,
com formas de fuga onde arriscam a vida e
confrontando-se com a perda da mesma,
por alguém mesmo ao seu lado.
Perante o horror desta descrição, podemos
tomar contacto, ainda que de forma distan-
te, com a violência a que qualquer ser huma-
no nestas condições está sujeito e é con-
frontado com tais terríveis experiências. Do
enorme esforço que leva a que alguém se
mova para a frente, nestas circunstâncias,
tentando preservar a vida, valor primordial,
enfrentando forte angústia de morte, procu-
rando locais ainda que desconhecidos, ex-
pectantemente mais seguros e supostamente
com o imaginário de melhores condições de
preservação da vida.
Sujeitos a tais traumatizantes experiências,
não deixam os indivíduos, tal como nos
relata Daniel Ribeiro, mesmo em situações
dramaticamente degradantes, de se reagru-
parem segundo os valores identificatórios,
oriundo de costumes de uma culturalidade
básica original. Esses valores e tradições que
por si vão reagrupando os indivíduos, que se
vão reorganizando e distinguindo uns dos
outros pelos seus hábitos, costumes e ritos,
fazem com que este reagrupamento lhes
permita identificações entre pares, gerando
sentimentos de maior protecção e mais
securizantes. Percebe-se que devolvendo
este sentimento de pertença e de unidade
entre indivíduos, leve a uma delimitação
psicológica de território que levará à separa-
ção e distinção entre grupos dentro da pró-
pria “Selva”, o campo de refugiados.
As famílias que conseguem manter-se juntas,
constituem-se como pequenos núcleos, mais
protectores e mais organizados e muitas
vezes com a possibilidade de manter esses
valores de raízes genéticas, que permitem
uma maior força mental ao risco da deses-
truturação psicológica interna do ser huma-
no. Ainda que assim reagrupados e perten-
centes a esta reorganização, onde se inse-
rem todo o tipo de indivíduos, com todo o
tipo de educação, valores, atitudes, compor-
tamentos, mas ainda assim com a identifica-
ção dos seus costumes culturais comuns,
que os mantém reagrupados. Assim e como
em qualquer grupo com referências culturais
comuns, estes indivíduos estarão à mercê
das rixas e conflitos inter-indivíduos e inter-
grupos dentro da sua comunidade e intra-
grupos com diferentes hábitos, referências
culturais e etnias no perímetro do campo.
Por força destas identidades reagrupam-se,
tendo em conta hábitos e costumes, ritos e
mitos, valores religiosos, hábitos quotidia-
nos, das leis, das regras instauradas nos seus
Multiculturalidade e psicologia
Página 5
locais originários, homens na rua, mulheres
em casa com as restrições impostas, as ves-
tes, a forma da gastronomia possível segun-
do os alimentos que se conseguem obter, a
imagem visual e os próprios rituais inerentes
á sua própria identidade cultural.
E como se não bastasse, em torno destes
campos, existe uma população local que,
perante tais ambientes delicados e potencial-
mente explosivos, são confrontadas com
maior ou menor disponibilidade para este
tipo de hospitalidade emergente. Das forças
de autoridade, que bem ou mal, possam usar
a força para manter a ordem, grupos mais
radicais, ligados ao racismo ou a ideologias
politicas de extrema-direita, mais ou menos
organizados levam a um aumento do espaço
de conflito e clima tenso extra vedação,
onde derivado a estas rixas, inúmeras vezes
acabam este indivíduos nas instituições hos-
pitalares a receber tratamento por agres-
sões.
Assim, não só estes seres humanos têm de
conviver em condições de grande precarie-
dade em termos de cuidados básicos, ao
nível da higiene individual e pública, da ali-
mentação, da segurança e protecção da pró-
pria vida, vivem em permanente tensão en-
tre as possibilidades dos estados emocionais
dos indivíduos com quem coabitam dentro
dos seus grupos identitários, à mercê dos
conflitos entre grupos diferentes, bem como
em permanente tensão com a população
local, que facilmente periga a boa vizinhança.
São ambientes de permanente tensão e se
naturalmente nestas populações migrantes,
existe quem fuja das guerras procurando
segurança, aqueles haverão que se aprovei-
tam destes fluxos migratórios para procurar
formas de melhores situações de vida eco-
nómica e á mistura, também indivíduos infil-
trados provenientes dos movimentos q eu
são exactamente os responsáveis por causar
o terror, cujo uma das consequências, será
exactamente a criação destes caóticos fluxos
migratórios.
À parte deste mal-estar social à escala mun-
dial e à parte do vergonhoso que se torna
para a civilização humana, continuarem a
existir, no século XXI, este tipo de marchas
dos horrores, naquilo que mais directamen-
te nos diz respeito e numa menor escala, é a
possibilidade de em Portugal e na zona geo-
gráfica de Leiria ou seja, de actuação do
ACES Pinhal Litoral, termos de acolher
estes cidadãos migrantes e poder cuidar de
pessoas oriundas destas autênticas películas
reais que mais parecem saídas de uma tela
branca cinematográfica, o que já é uma reali-
dade na Marinha Grande.
Cabe-nos enquanto profissionais de saúde,
perceber nestes indivíduos, que dos nossos
cuidados possam vir a necessitar, ter em
conta naturalmente o seu estado de saúde
físico, emocional e situação social. É impor-
tante perceber que cada um trará consigo as
suas feridas, os seus dissabores e os seus
traumas de violência, mas também os seus
hábitos e os seus costumes enraizados de
terras tão longínquas.
Multiculturalidade e psicologia (cont.)
http://conceitos.com
Página 6
Após tais vivências passadas, que não retrac-
tam tudo o que poderão ter vivido mas, uma
ínfima parte, basta ler a citada reportagem e
perceber que existe muito mais por detrás
dessa e desta pequena reflexão sobre tal
flagelo, mas que de pessoas se trata.
Acolher não será dizimar ou segregar, mas
sim integrar, num respeito mútuo, prestando
os necessários cuidados de saúde, respeitan-
do e fazendo respeitar as culturas e os hábi-
tos culturais de cada um, entre os que aco-
lhem e os que são acolhidos. Naturalmente
dentro das regras de inserção básica de uma
qualquer comunidade.
A população portuguesa, conhecida como
hospitaleira e acolhedora, de hábitos facil-
mente integradores, no seu já habitual por-
tuguês suave, mais ainda mais, no que aos
técnicos de saúde diz respeito, seria impor-
tante realçar os cuidados a ter em relação
aos ambientes de onde poderão ser proveni-
entes tais migrantes, para uma cuidada res-
posta às suas necessidades emergentes, não
deixando de ter em conta os valores cultu-
rais enraizados em cada individuo.
Quando se refere valores enraizados numa
cultura, ter-se-á em conta a visão que têm
do mundo, tendo em conta as relações des-
se homem com o mundo e vice versa, os
mitos fundadores relacionados com a sua
história real ou imaginária, a sua língua, os
seus costumes, no que respeita essencial-
mente a uma concepção espiritual e prática
do dia a dia, como os seus ritos, hábitos
alimentares e de vestuário, a religião domi-
nante e suas práticas, a arte, o sentimento
de pertença e identificações á cultura pró-
pria, as representações do mundo visível e
do mundo invisível, a maneira própria de
viver e de morrerem.
Naturalmente que alguém deslocado das
suas origens e mais nas circunstâncias des-
critas, poderá desencadear ou exacerbar
determinados traços paranóides, não ligados
Multiculturalidade e psicologia (cont.)
a uma concepção patológica ocidental, mas
sobretudo um desencadeamento oriundo de
um mecanismo de defesa ou resistência ao
perigo de absorção ou desintegração, ou
mesmo de segregação desses valores enrai-
zados e orientadores de condutas e modus
vivendis.
É que, nestes valores citados, integra-se um
bem comum social e comunitário, trazido e
intrincado, ou seja, a forma como os indiví-
duos de uma determinada comunidade ou
sociedade, interiorizam juntos, combinações
de estímulos enraizados desde a infância e
vão expressando ao longo da vida, valores
como a dignidade, a distinção entre o bem e
o mal, a defesa da sua nação e do seu capital
intelectual, a aceitação de valores comuns,
os discursos ideológicos e religiosos, como a
escolha de um Deus e dos seus cultos religi-
osos, os rituais das relações e de união en-
tre elementos da comunidade, a socialização
interpares, as comemorações e os rituais
fúnebres isto é, a forma como enterram e
onde enterram os mortos.
Qualquer individuo desenraizado do seu
meio cultural e social, das suas referências e
valores, poderá sofrer dificuldades em
aprender, integrar, organizar e adaptar-se
dentro das raízes e condutas locais, diferen-
tes das suas de origem, desencadeando fenó-
menos que poderão ser reconhecidos como
desadaptação psicológica relacionada com
patologia mental quando não mais não será,
uma dificuldade de adaptação e de integra-
ção a uma nova e diferente realidade.
Tiago Caldeira
Psicólogo Clínico da URAPPL
Bibliografia recomendada:
Israel, L. (1995), Cérebro Direito Cére-
bro Esquerdo, Epigénese e Desenvolvi-
mento, Instituto Piaget, p 213- 220
Laplantine, F. (1978), Etnopsiquiatria,
Vega Universidade p. 67- 99
Citação de artigos de imprensa:
Ribeiro, D. (2016) A Selva de Calais, in
E, A Revista do Expresso, Edição 2259,
p. 44-47
Página 7
Enquadrando a abordagem do Serviço Social
nesta temática “Multiculturalidade na Saúde”
salienta-se o papel do Assistente Social, que
focado nos factores sociais da saúde será um
dos profissionais, por excelência, para aco-
lher e integrar o cidadão estrangeiro nos
serviços de saúde.
Assim sendo, nunca é demais referir, que
existe o Manual de Acolhimento no Aces-
so ao Sistema de Saúde de Cidadãos Es-
trangeiros que preconiza como objetivo
geral disponibilizar um conjunto de orienta-
ções que assegurem a identificação e os
procedimentos necessários à inscrição e
acesso de cidadãos estrangeiros ao sistema
de saúde português.
Tendo em consideração a conjuntura atual,
nomeadamente a chegada de cidadãos es-
trangeiros, com estatuto de refugiado ao
nosso país destaca-se o ponto 3.4 das pág.40
a 42 do referido Manual:
Acesso ao sistema de saúde por cida-
dãos estrangeiros com estatuto de
refugiado ou direito de asilo em Portu-
gal .
Nos termos da legislação em vigor, é reco-
nhecido aos requerentes de asilo ou de pro-
teção subsidiária e respetivos membros da
família o acesso ao Serviço Nacional de Saú-
de.
O reconhecimento do acesso ao sistema de
saúde de todos os requerentes de asilo inse-
re-se dentro das medidas previstas no novo
regime jurídico-legal em matéria de asilo e
refugiados, no sentido de dotar o sistema
nacional de apoio aos requerentes de asilo e
refugiados de mecanismos que permitam ao
Estado Português assegurar aos requerentes
de asilo, até decisão final do pedido, condi-
ções de dignidade humana, de forma mais
consentânea com normas internacionais a
que Portugal aderiu.
O artigo 52.º da Lei n.º 27/2008, de 30 de
junho, alterada pela Lei nº 26/2014 de 5 de
Maio, que estabelece as condições e proce-
dimentos de concessão de asilo ou protec-
ção subsidiária e os estatutos de requeren-
tes de asilo, de refugiados e de protecção
subsidiária, reconhece desde o momento da
emissão de declaração comprovativa da
apresentação do pedido de asilo, o acesso
ao sistema de saúde, nos termos fixados pela
Portaria nº 30/2001, 17 de Janeiro e Portaria
nº 1042/2008, de 15 de setembro.
Os requerentes de asilo ou de protecção
subsidiária e respectivos membros da família
têm acesso gratuito ao sistema de saúde
para efeitos de cuidados de urgência, incluin-
do diagnóstico e terapêutica, e de cuidados
de saúde primários, bem como assistência
medicamentosa, a prestar pelos serviços de
saúde da sua área de residência.
Os cuidados de saúde primários referidos
anteriormente, cujos encargos são suporta-
dos pelo Serviço Nacional de Saúde, inclu-
em:
a) A prevenção da doença e promoção da
saúde e os cuidados de tipo ambulatório,
abrangendo os de clínica geral, materno-
infantis e de planeamento familiar, escolares
e geriátricos;
b) Cuidados de especialidades, abrangendo
nomeadamente as áreas da oftalmologia, da
estomatologia, da otorrinolaringologia e da
saúde mental;
c) Internamentos que não impliquem cuida-
dos diferenciados;
d) Elementos complementares de diagnósti-
co e terapêutica, incluindo a reabilitação;
e) Cuidados de enfermagem, incluindo os de
visitação domiciliária.
Serviço Social e multiculturalidade na saúde
www.indice.eu
Página 8
Para efeitos de acesso ao sistema de saúde,
os requerentes de asilo ou de protecção
subsidiária e respectivos membros da família
deverão ser titulares e portadores de decla-
ração comprovativa de apresentação de um
pedido de asilo ou de protecção subsidiária
ou de autorização de residência provisória
válidos.
O reconhecimento aos requerentes de asilo
do direito de acesso ao sistema de saúde
cessa com a decisão final que recair sobre o
seu pedido de asilo, salvo quando, avaliada a
situação médica do requerente, esta não
permita a sua cessação.
Tenha em atenção os seguintes procedimen-
tos no momento de acesso destes cidadãos
estrangeiros ao sistema de saúde:
a) Pedir um documento de identificação do
cidadão estrangeiro (passaporte, cartão de
identidade em vigor no seu país de origem).
b) Solicitar declaração comprovativa do
pedido de asilo ou protecção subsidiária.
c) Abrir uma ficha de identificação para o
cidadão certificando-se da correta introdu-
ção da nacionalidade, da morada e dos mei-
os de contacto
d) Se este cidadão já possuir uma ficha, con-
firmar sempre possíveis alterações nos da-
dos, com especial atenção para a morada e
meios de contacto.
e) Deverá ser utilizado o código referente
ao Fluxo 11, para a identificação da Entidade
Financeira Responsável (EFR).
No âmbito desta matéria e uma vez que
estão acolhidos alguns refugiados na fregue-
sia de Leiria, tem sido estabelecida uma arti-
culação entre os serviços da Segurança Soci-
al e o Serviço Social do C. S. Dr. Gorjão
Henriques, no sentido de melhor acolher e
integrar esta população.
Mara Cardoso
Rita Ferreira
Assistentes Sociais da URAPPL
Serviço Social e multiculturalidade na saúde (cont.)
Página 9
Alguns estudos têm demonstrado que crian-
ças inseridas em comunidades com fracos
recursos ou de minorias étnicas apresentam
níveis de cárie mais elevados (Pine et
al,2004).
Num estudo observacional, descritivo e
retrospectivo, foram recolhidos dados acer-
ca de oito sistemas de saúde oral europeus,
com vista à compreensão das estratégias
definidas e adotadas pelos diferentes países e
à análise do tipo de intervenções a ser ela-
boradas para o alcance das metas de saúde
oral definidas pela OMS para o ano 2020.
Foram selecionados oito países membros da
União Europeia e da mesma área geográfica:
Portugal, Espanha, França, Grécia, Holanda,
Bélgica, Reino Unido e Suécia.
Do levantamento de dados efetuado foi
possível constatar que a presença de cárie
dentária no ano 2010, em crianças com 12
anos de idade, apresentava uma percenta-
gem mais elevada nas crianças da Grécia
(63%), seguidas por Portugal (56%), Holanda
(47%), Espanha (45%), Bélgica e França
(ambas com 44%). Com menor proporção
de crianças afetadas (37% e 31%, respectiva-
mente) surgiram a Suécia e o Reino Unido.
Considerando como principal fonte de con-
sulta o European Observatory on Health Sys-
tems and Policies, a situação de cada país em
estudo, designadamente ao nível das inter-
venções de saúde oral implementadas, são as
seguintes:
Saúde Oral e multiculturalidade
A globalização e urbanização do mundo
actual têm intensificado as alterações nos
níveis de desenvolvimento das sociedades,
emergindo novos desafios na área da saúde,
em particular na saúde oral (Peterson e
Kwan, 2010).
Uma parte significativa da população mundial
sofre de doenças na cavidade oral, sendo
que populações mais desfavorecidas vêm
essa situação agravada e frequentemente
não recebem tratamentos orais adequados.
A promoção da saúde oral e a prevenção
das doenças orais é uma área de elevada
importância, mas muitas vezes negligenciada,
particularmente nos países de média e baixa
renda (Peterson e Kwan, 2010).
Os tratamentos orais estão no quarto lugar
na lista de tratamentos mais dispendiosos
em todo o mundo.
O Programa de Saúde Global da Organiza-
ção Mundial de Saúde enfatiza que a saúde
oral é uma condição determinante para a
qualidade de vida, destacando que a promo-
ção de saúde oral é uma estratégia, que sob
o ponto de vista do custo/efectividade, re-
duz a carga das doenças orais nos sistemas e
mantém a saúde oral (WHO, 2008).
A cárie dentária continua a ser um problema
relevante nos países industrializados, afec-
tando a maioria dos adultos e entre 60 a
90% das crianças em idade escolar (Petersen
et al, 2005). É uma doença multifactorial,
crónica, prevenível e uma das mais comuns
na infância, mantendo-se a susceptibilidade
ao longo da vida (Selwitz, Ismail e Pitts,
2007).
Vários são os factores que influenciam a
prevalência e severidade da doença, nomea-
damente os comportamentos (hábitos de
higiene oral e alimentação), condições soci-
ais e económicas e predisposição genética,
entre outros (Fejerskov, 2004).
www.distritonline.pt
Página 10
Grécia (Economou, 2010; Kravitz; Treasure,
2009)
Desde 2008, está a ser implementado, pelo
Ministério da Saúde, um novo Plano de Ação
para a Saúde Oral cujo objectivo é desenvol-
ver programas e políticas de promoção de
saúde oral, para crianças, adultos emprega-
dos, idosos, sem abrigo, refugiados e pesso-
as portadoras de deficiência.
Holanda (Schäfer, 2010; Kravitz; Treasure,
2009)
O NMT introduziu o chamado "monitor de
saúde dentária" cujo objetivo passa pelo
alcance de uma elevada qualidade na presta-
ção de serviços de saúde oral.
Bélgica (Gerkens; Merkur, 2010; Kravitz;
Treasure, 2009)
Nos últimos anos tem sido dada maior aten-
ção aos cuidados preventivos, acessibilidade
a cuidados de saúde oral e acompanhamento
de jovens.
Reino Unido (Boyle, 2011; Kravitz; Treasu-
re, 2009)
Foram sugeridos programas locais mais para
promoção de melhores condições e estados
de saúde oral entre as populações locais,
incentivo à cessação tabágica, dietas melho-
radas e monitorização de comportamentos
(escovagem regular com dentífrico fluoreta-
do).
Suécia (Anell; Glenngård; Merkur, 2012;
Kravitz; Treasure, 2009)
Na Suécia todas as crianças e adolescentes
são convocados para um check-up regular,
todos os anos ou a cada dois anos (e se
necessário receberão tratamento) e todos
os pais são aconselhados a ‘inscrever’ os
filhos num dentista a partir dos 3 anos de
idade.
Após sumarização das variadas linhas de
atuação seguidas pelos diferentes países, é
possível concluir que de um modo geral, é
dado maior relevo a grupos prioritários,
principalmente crianças e adolescentes até
aos 18 anos de idade.
Importa evidenciar que de entre os países
analisados nenhum apresentou práticas idên-
ticas às desenvolvidas em Portugal, como o
cheque-dentista, a referenciação higienista
oral e o diagnóstico do cancro oral.
Importa lembrar também que as diversas
políticas adotadas pelos vários países tentam
seguir a evidência gerada. Apesar de existir
maior foco em alguns grupos de risco, uma
perspetiva que inclua todo o ciclo de vida é
fundamental. E todos os países estão, de
certa maneira, a desenvolver estratégias
nesse sentido.
Olga Alves
Magda Antunes
Higienistas Orais da URAPPL
Saúde Oral e multiculturalidade (cont.)
Portugal (Barros; Machado; Simões, 2010;
Kravitz; Treasure, 2009; DGS, 2005; OMD,
2010)
As intervenções de saúde oral estão direcio-
nadas à prestação de cuidados a crianças e a
outros grupos prioritários sob negociação
entre a Ordem dos Médicos Dentistas e o
Estado (DGS). Nos últimos anos vários pro-
gressos têm sido alcançados, através do
Programa Nacional de Promoção de Saúde
Oral (PNPSO), com resultados favoráveis
em crianças e adolescentes e posteriormen-
te outros grupos. Beneficiam deste Progra-
ma as crianças dos 3 aos 16 anos, as grávidas
seguidas no Serviço Nacional de Saúde, os
beneficiários do complemento solidário para
idosos e os utentes infetados com o vírus do
VIH/SIDA.
Espanha (García-Armesto; et al., 2010;
Kravitz; Treasure, 2009)
Desde 1989 existem alguns programas desti-
nados a crianças dos 6 aos 15 anos de idade
nas regiões do Pais Basco e Navarra. Poste-
riormente (2003), surgiu um novo programa
desenvolvido nas regiões da Andaluzia e
Múrcia que, em 2008 já se encontrava a ser
implementado por todo país, este é destina-
do a crianças a partir dos 6/7 anos de idade.
França (Chevreul; et al., 2010; Kravitz;
Treasure, 2009)
O programa foi inicialmente direcionado a
adolescentes com idade entre 15 e 18 anos,
e em 2003, foi estendido para adolescentes
entre 13 e 15 anos. Assim, o programa que
contou com cartas-convite enviadas direta-
mente para a habitação dos adolescentes,
parece ter melhorado condição de saúde
oral dos mesmos.
A partir de 2007, deveriam começar a ser
agendadas, para todas as crianças na escola
primária, sessões de prevenção de saúde
oral e um exame anual de higiene oral co-
meçou a ser oferecido a todas as crianças de
6, 9, 12, 15 e 18 anos (com obrigatoriedade
para os 6 e 12 anos de idade).
http://www.euro.who.int
Página 11
Página 11
refeições, por exemplo. Por outro lado, em
Cuba alguns dos alimentos ainda são racio-
nados. Países como a China, que atravessam
uma situação de desenvolvimento e conse-
quente enriquecimento da população, ten-
dem a adoptar uma dieta mais ocidental. Em
contrapartida, em países como os EUA, a
elevada disponibilidade e o preço reduzido
de alimentos hipercalóricos torna o seu
consumo mais frequente, o que não se pode
dissociar do aumento da prevalência de
obesidade e de outras doenças crónicas não
transmissíveis.
Contudo, estas diferenças entre os países
com maior e menor desenvolvimento ten-
dem a reduzir com a crescente globalização.
Este processo, que afecta todos os domínios
da vida (as dimensões culturais, económicas,
políticas e ambientais), atinge também os
padrões de produção e consumo alimentar.
O processo de globalização, que teve início
há mais de 2000 anos com a expansão da
civilização europeia, que teve continuidade
mais tarde durante a época dos Descobri-
mentos e que se acentua a cada dia que
passa com o aumento dos movimentos mi-
gratórios, permite que nos chegue à mesa
um pouco da experiência alimentar proveni-
ente de todos os cantos do Mundo.
Mas se, por um lado, esta partilha de cultu-
ras enriquece a nossa gastronomia, apresen-
tando-nos diversos e novos paladares, tam-
bém nos traz, por outro lado, novos hábitos
de consumo que põem muitas vezes em
risco a saúde dos indivíduos (como o fast
food, por exemplo, cujo consumo excessivo
A alimentação é sem dúvida uma das maio-
res formas de expressão cultural do ser
humano. A economia, a política, a geografia,
o clima, a etnia e a religião, entre tantos
outros factores que condicionam a alimenta-
ção, traduzem a sociedade a que cada povo
pertence e são bem visíveis à sua mesa. É a
cultura que define os alimentos a ingerir e os
alimentos a evitar.
No projecto “Hungry Planet: what the
world eats”, apresentado em livro em 2007,
dois fotógrafos (Faith D’Aluisio e Peter Men-
zel) retratam trinta famílias de todo o mun-
do junto dos alimentos e bebidas que conso-
mem ao longo de uma semana. Com o ob-
jectivo de mostrar a diversidade alimentar,
estas imagens reforçam a importância da
base cultural na alimentação das diferentes
famílias.
Os alimentos apresentados surgem agrupa-
dos em diferentes categorias: os alimentos
propriamente ditos (carne, lacticínios, legu-
minosas, etc.) e miscelâneas (incluindo taba-
co, suplementos alimentares e ração para
animais, entre outros).
É possível perceber de imediato que nalgu-
mas famílias muitos dos alimentos são pro-
cessados – que se torna perceptível pelas
embalagens –, enquanto noutras são essenci-
almente frescos, por vezes resultantes de
produção própria ou da caça ou pesca. Da
mesma forma, facilmente se percebe que
nalgumas famílias os alimentos são abundan-
tes, escasseando noutras.
A pobreza, os conflitos e até as alterações
climáticas afectam a disponibilidade e o pre-
ço de alguns alimentos, condicionando assim
o seu consumo. A escassez de recursos
essenciais como a água, a energia ou até o
solo fértil, constitui uma realidade com a
qual, sobretudo os países de baixos rendi-
mentos, têm de lidar diariamente. Em países
como o Chade ou o Sudão, a ausência de
electricidade condiciona a confecção das
LEGENDA: fotos do livro “Hungry Planet: what the world eats”, retratando famílias do Sudão, do
Equador, dos EUA e da China.
Mais fotos em: http://menzelphoto.photoshelter.com/gallery/Hungry-Planet-Family-Food-
Portraits/G0000zmgWvU6SiKM/C0000k7JgEHhEq0w
Nutrição e cultura
Página 12
Nutrição e cultura (cont.)
ra (UNESCO), envolve um conjunto de
saberes, rituais, símbolos e tradições relacio-
nados com a produção, partilha e consumo
de alimentos, e preconiza o consumo abun-
dante de hortícolas, frutícolas e cereais, o
consumo moderado de lacticínios e carne e
o consumo regular de azeite e vinho. Este
padrão alimentar, ao qual foi atribuído o
estatuto de “bem frágil, valioso e com neces-
sidade de ser preservado para as gerações
futuras”, constitui um dos nossos maiores
legados culturais. E como tal, não pode, de
forma alguma, perder-se.
Carla Louro | 0274N
Sónia Rodrigues | 0356N
Nutricionistas da URAPPL
Referências bibliográficas:
Cunha, A. et al – O Futuro da Alimentação:
Ambiente, Saúde e Economia. Ed.Fundação
Calouste Gulbenkian, 2013.
D’Aluisio, F e Menzel, P – Hungry Planet:
what the world eats. Ten Speed Press,
2007.
Direcção-Geral da Saúde. Programa Nacio-
nal para a Promoção da Alimentação Saudá-
vel – Acolhimento de refugiados: Alimenta-
ção e Necessidades Nutricionais em Situa-
ções de Emergência. DGS-PNPAS, 2015.
Direcção-Geral da Saúde. Programa Nacio-
nal para a Promoção da Alimentação Saudá-
vel – Padrão Alimentar Mediterrânico: Pro-
motor de Saúde. DGS-PNPAS, 2016.
Partidário, A. et al – A Dieta Mediterrânica
em Portugal: Cultura, Alimentação e Saúde.
Faro: Universidade do Algarve, 2014.
aumenta o risco de obesidade e doença
cardiovascular) ou mesmo o equilíbrio dos
ecossistemas (o aumento exponencial do
consumo de sushi, por exemplo, coloca em
risco algumas das espécies de peixe utilizado
na sua confecção).
Num mundo cada vez mais globalizado, em
que as necessidades de uma população cada
vez maior têm que ser satisfeitas com recur-
sos essenciais cada vez mais escassos, impor-
ta pensar em sustentabilidade. É essencial
que as populações preservem a sua herança
cultural, aceitando e respeitando as novas
culturas que vão surgindo, mas considerando
as necessidades de redução do desperdício
alimentar e da pegada ecológica associada à
produção e transformação dos alimentos. É
igualmente essencial repensar comporta-
mentos e escolhas alimentares, no sentido
de promover a saúde e o bem-estar das
populações.
Preocupado com o mais recente fluxo mi-
gratório que traz até à Europa (e até Portu-
gal) cidadãos que fogem dos conflitos arma-
dos no Médio Oriente e em África, o Pro-
grama Nacional para a Promoção da Alimen-
tação Saudável da Direcção-Geral da Saúde
elaborou em 2015 o manual “Acolhimento
de refugiados: Alimentação e Necessidades
Nutricionais em Situações de Emergência”.
Este manual visa garantir o apoio nutricional
adequado às populações em trânsito, que
podem ver comprometido o seu acesso a
uma alimentação adequada e a cuidados
básicos de saúde, num esforço de integração
das diferentes culturas nas comunidades
locais.
O nosso país possui uma cultura alimentar
semelhante à dos outros povos da bacia
mediterrânica. A Dieta Mediterrânica, classi-
ficada como Património Cultural Imaterial da
Humanidade pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultu-
Página 13
A prevalência geral da Retinopatia Diabética
é influenciada por diversos factores.
Em países ricos em recursos, com um bom
sistema de saúde, o diagnóstico da Diabetes
é feito precocemente, influenciando assim a
diminuição da prevalência da Retinopatia
Diabética.
Quando os recursos são escassos e o siste-
ma de saúde é inexistente ou deficitário,
como acontece em muitos países pobres, o
número de casos de Retinopatia Diabética
aumenta devido a um diagnóstico tardio da
patologia que está na origem desta causa tão
grave de cegueira.
Segundo o Conselho Internacional de Oftal-
mologia, estima-se que nos Estados Unidos,
40% das pessoas com diabetes tipo 2 e 86%
das pessoas com diabetes tipo 1 apresentem
Retinopatia Diabética.
Em países Asiáticos os dados epidemiológi-
cos da Retinopatia Diabética são muito limi-
tados.
Na América Latina, 40% dos diabéticos apre-
sentavam alguma Retinopatia Diabética e
17% solicitaram tratamento.
No continente Africano foram realizados
poucos estudos sobre a Retinopatia Diabéti-
ca.
A realização de rastreios à Retinopatia Dia-
bética permite uma boa relação custo-
benefício, com poupanças significativas para
os sistemas de saúde.
Os custos envolvidos na prevenção da doen-
ça ocular diabética são muito menores em
relação aos custos do tratamento em fases
avançadas da doença e implicações da ce-
gueira provocada pela diabetes.
Os custos de um tratamento precoce po-
dem ser somente 10% dos custos de um
doente com Retinopatia Diabética avançada.
Referências:
- Conselho Internacional de Oftalmologia |
Diretrizes para o Tratamento do Olho Dia-
bético
- Henriques, J., Nascimento, J. & Silva, F.
(2012). 25 perguntas & respostas: Retinopa-
tia Diabética - Novo paradigma e cuidados.
Lisboa: Grupo de Estudos da Retina.
- GER – Grupo de Estudos de Retina e Gru-
po Português de Retina e Vítreo da Socieda-
de Portuguesa de Oftalmologia.
Dina Mendes
Ortoptista da URAPPL
Prevalência da retinopatia diabética
Anualmente em Portugal, mais de 3 mil pes-
soas atingem o grau de cegueira devido à
Retinopatia Diabética, segundo dados da
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.
Alguns destes casos poderiam ser evitados
com bom controle metabólico e tratamento
atempado da doença, através da realização
de rastreios.
Um bom controle da diabetes reduz a inci-
dência anual de desenvolvimento de Retino-
patia Diabética e prolonga a vida.
Detectar a Retinopatia Diabética em está-
dios de desenvolvimento precoces é extre-
mamente importante quer para o indivíduo,
quer para a sociedade. Esta é uma patologia
que acomete sobretudo cidadãos na idade
adulta e mais produtiva do ponto de vista de
laboral, tendo assim repercussões graves
para o doente, sua família e também para a
economia do país.
No nosso país existe um programa de ras-
treio de Retinopatia Diabética, integrado no
Programa Regional de Prevenção e Controlo
da Diabetes.
Na região Centro (Coimbra, Viseu, Aveiro,
Leiria, Covilhã Castelo Branco), através do
Programa de Rastreio, foram obtidos os
seguintes resultados durante o ano de 2015:
Nº
Uten-
tes
Sexo Olho Direito Olho Esquerdo
M F NA NC Repe-
tir R0 RL M RP NA NC
Re-
petir R0 RL M RP
19792 10550 9242 163 954 6 1639
1
190
5 356 23 181 1046 5
1648
2 1740 310 33
19792 53,3% 46,7
% 0,8% 4,8% 0,0%
82,8
% 9,6%
1,8
%
0,1
% 0,9% 5,3% 0,0%
83,3
% 8,8% 1,6% 0,2%
Tabela 1 - resultados obtidos durante o rastreio de retinopatia diabética na região Centro, em 2015.
LEGENDA:
NA – Não Aplicável NC – Não Classificável R0 – Sem Maculopatia
RL – Retinopatia não proliferativa ligeira (não referenciável) M – Maculopatia RP - Retinopatia proliferativa
O CUIDAR MULTICULTURAL NA
SAÚDE
Os fisioterapeutas, enquanto profissionais de
saúde, cuidam de pessoas de diferentes cul-
turas, como tal, para que obtenham sucesso
nas suas intervenções devem ser considera-
das, entre outras, a sua cultura.
Tendo em conta os dados do “Internacional
Migration Report 2002”do Departamento
das Nações Unidas, o número de migrações
duplicou desde os anos de 1970.
Cerca de 175 milhões de pessoas residem
fora do seu país de origem (Unesco,2006).
Numa mesma sociedade podemos encontrar
uma grande diversidade cultural associado
ao aumento das migrações, aumenta o desa-
fio da prestação de cuidados.
Mas afinal o que se entende por cultura?
Leininger citado por Bolander,1998 definiu
cultura comparando-a a um “guarda-chuva”,
termo que indica a acumulação de experiên-
cias humanas na sua transformação para uma
determinada forma de vida em relação a um
grupo de pessoas.
A multiculturalidade pode referir-se à dife-
rença visível entre pessoas de diferentes
grupos de população no que se relaciona
com os seus valores, crenças, linguagem,
características físicas e padrões gerais de
comportamento (Black citado por Contente
et al.,2001).
Em contexto de prestação de cuidados de
saúde, torna-se imprescindível o desenvolvi-
mento de competências individuais, comuni-
cacionais, interculturais e de cidadania.
Ramos (2012) chama a atenção para que a
comunicação em contexto de saúde esteja
adaptada às capacidades cognitivas, ao nível
cultural/educacional; às necessidades indivi-
duais, emocionais, sociais, culturais e linguís-
ticas do doente. Nesse sentido a efectivida-
de da comunicação irá suportar-se na escuta
ativa, na empatia, para se criar um clima de
Multiculturalidade e fisioterapia
confiança e de compreensão entre o utente
e os profissionais, o qual passa pelo diálogo,
por gestos, atitudes e palavras acessíveis e
simples.
A falta de conhecimento dos profissionais de
saúde sobre as representações e as crenças
de saúde e doença do utente/doente e sobre
as relações deste com o mundo social, espi-
ritual, cultural pode constituir um entrave
ou um recurso.
No contato com utentes de contextos cul-
turais distintos, é necessária uma formação
psicocultural e comunicacional dos profissio-
nais de saúde. Ramos (2012) propõe a inte-
gração de conhecimentos psicossociais, an-
tropológicos e comunicacionais na formação
dos profissionais de saúde. A dificuldade ou
ineficácia em estabelecer uma relação com-
preensiva, empática e afetiva pode conduzir
a uma atitude de distanciamento do profis-
sional de saúde e este poderá refugiar-se
numa relação meramente tecnicista e impes-
soal com o utente.
A relação com o corpo é outro elemento
que causa, por vezes algum desconforto,
conflito e dificuldade de comunicação entre
utente/fisioterapeuta, uma vez que o gesto, a
mímica, o toque, o olhar, o vestuário, a pos-
tura, o pudor, variam segundo as pessoas
inseridas em cada cultura específica. Como
exemplo, na cultura ocidental, o corpo da
pessoa e a nudez, em contexto clinico, não
tem carácter de tabu e pudor tão acentuado
comparativamente à cultura muçulmana.
Neste caso, particularmente para as mulhe-
res, estas podem recusar cuidados de saúde
efetuados por membros de outro sexo.
Pela diversidade de culturas, que caracteriza
o perfil de pessoas que atualmente recorrem
aos cuidados de saúde, reforça-se a perti-
nência do profissional de saúde estar dotado
de conhecimentos que lhe permitam atuar
de acordo com as “normas “culturais e o
respeito pela individualidade, quaisquer que
sejam as suas crenças ou valores.
Referências bibliográficas:
Ramos,M. Comunicação em saúde e inter-
culturalidade – Perspectivas Teóricas, Meto-
dológicas e Práticas. RECIIS – R.Eletr. de Com.
Inf.Inov. Saúde, v.6, nº4, 2012 (recuperado de
www.reciis.icict.fiocruz.br);
Barradas,A.,Rodrigues,J.&Pereira,M. O cuidar
multicultural como estratégia no futuro –
Nursing, nº 252 (recuperado de
www.forumenfermagem.org/dossier-tecnico/
revistas/item/3548);
Ramos, N. Cuidados de saúde e comunica-
ção na sociedade multicultural: discutindo
interculturalidade (s),práticas e políticas em
saúde. Health Care and Communication in
Multicultural Societies: Discussion Interculturali-
ties, Practices and politics of health
(recuperado de W:\artigo 2.htm);
Braga,G. (1997). Enfermagem transcultural e
as crenças, valores e práticas do povo ciga-
no. Revista escola Enfermagem USP,3
(31),pp.1.
Fisioterapeutas da URAPPL
guiadoestudante.abril.com.br
Página 14
Página 15
Atividades Relevantes
A URAP Pinhal Litoral inclui na sua missão a promoção da saúde e a prevenção da doença na
população da sua área geográfica, para obtenção de ganhos em saúde sustentáveis ao longo do ciclo de
vida, pelo que o trabalho em equipa e na comunidade, em geometrias variáveis, se torna essencial. Procura
ainda o desenvolvimento profissional e humano da sua equipa de profissionais.
Nesse contexto foram desenvolvidas múltiplas actividades, como as que descrevemos em seguida.
A Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados
Pinhal Litoral do ACeS Pinhal Litoral, com o apoio
do Município de Pombal, e com a colaboração do
neuropsicólogo Daniel Martins, organizou o Ciclo
Informativo "Prevenção do Suicídio nos Jovens", nos
dias 10 e 11 de setembro, pelas 18h00, no Mini Au-
ditório do Teatro-Cine de Pombal.
Enquadrado no Dia Mundial da Prevenção do Suicí-
dio, o ciclo teve como finalidade consciencializar e
debater sobre a problemática, tendo sido abordados
sinais de alerta e sintomas, estratégias de interven-
ção, prevenção em meio escolar e promoção da
saúde mental nos jovens, através de comunicações
de profissionais de saúde das áreas de medicina,
psicologia e enfermagem de saúde mental.
Destinado à população em geral – pais e cuidadores
– e a profissionais com intervenção em matérias da
juventude, contou com 60 participantes, com idades
compreendidas entre os 21 e os 56 anos, do conce-
lho de Pombal e outros concelhos adjacentes, das
áreas de educação, saúde, sociais e a título pessoal,
com uma avaliação bastante positiva por parte dos
mesmos, a par da presença nos media. Porque juntos
somos mais fortes (IASP). S.M.
24.09.2015_Dia da URAPPL
Teve lugar no dia 24 de
setembro de 2016 o
segundo aniversário da
nossa unidade.
Neste contexto, integra-
do num dos pontos da
reunião interna, foi desenvolvida a análise crítica
dos dois primeiros anos de constituição e desenvol-
vimento da Unidade, bem como atividades de team
building, pontuadas pela reflexão pessoal de cada um
dos profissionais e pelo fortalecimento dos laços
profissionais.
O SEGUNDO ANIVERSÁRIO DA URAPPL
Nesse sentido, foi ainda programada uma actividade
cultural, neste ano, no concelho de Pombal, permi-
tindo a descentralização e a partilha de um maior
conhecimento das áreas de abrangência e dos con-
textos profissionais dos diferentes elementos da
Unidade. S.M.
10 e 11.09.2015_Ciclo Informativo Prevenção do Suicídio nos Jovens
Página 16
Atividades Relevantes
2015-2016_Saúde Oral
O Programa Nacional de promoção da Saúde
Oral (PNPSO) continua em curso em todas as esco-
las da área de abrangência do Centro de Saúde.
No corrente ano lectivo (2015-2016), são abrangi-
das as crianças/jovens nascidas em 2008, 2005 e
2002.
As triagens/rastreios orais, sessões de educação
para a saúde e promoção da realização dos boche-
chos de flúor são atividades desenvolvidas pela Higi-
enista Oral em contexto escolar.
No novo Centro Escolar da Barreira, foi imple-
mentada a escovagem diária (realizada na escola)
pela higienista oral Olga Alves com a preciosa cola-
boração da Prof.ª Isabel Silva (coordenadora daquele
estabelecimento de ensino). De salientar a execução
dos suportes para as escovas de dentes pelos alunos
e professores (as).
Um bem-haja a estas iniciativas e colaboração dos
professores, auxiliares de educação e encarregados
de educação envolvidos em prol da Saúde Oral das
“nossas crianças”. O.A.
Página 17
Atividades Relevantes
Dada a manifestação de interesse do Agrupamento
de Escolas de Pombal e dos professores na conti-
nuidade das atividades desenvolvidas no ano ante-
rior, foram criadas novas apresentações, mantendo
a metodologia de apoio aos professores para desen-
volvimento de atividade no âmbito curricular.
Destinado ao 1º ciclo do ensino básico, foram abor-
dados temas para a promoção de consciência emo-
cional, gestão das emoções, prestar apoio e pedido
de ajuda.
Relativamente ao 2º ciclo, tendo por base a platafor-
ma online “Feliz Mente” em saúde mental para jo-
vens, foram abordados pelos professores os temas
de saúde mental, problemas ligados ao álcool e per-
turbações do comportamento alimentar. Ambas as
metodologias contaram com a participação ativa de
alunos e professores.
Foi ainda divulgado documento com o tema deste
ano alusivo ao Dia Mundial da Saúde Mental - Digni-
dade na Saúde Mental (WFMH).
S.M.
09 a 12.2015_Parentalidade Positiva
Ao logo de todo o ano decorre o curso "Somos Pais
e Agora?”, integrado no programa no âmbito da
Parentalidade Positiva da Unidade de Cuidados da
Comunidade do Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sam-
paio (UCCAS).
O programa contem 12 sessões duas das quais são
da dinamizadas pela psicóloga Lina Duarte e abor-
dam os temas da Vinculação, dos modelos parentais
e da assertividade.
Neste âmbito estiveram presentes novos grupos de
pais, nos dias 15 e 22 de Setembro, 27 de outubro,
3 de novembro e 22 de dezembro de 2015, na junta
de freguesia de Marrazes, onde decorrem as ses-
sões, uma vez que a UCCAS tem pareceria com a
mesma, para o efeito. L.D.
10.11.2015_Dia Mundial da Saúde Mental
DIGNIDADE NA SAÚDE MENTAL (WFMH)
Página 18
Atividades Relevantes
16.10.2015_Dia Mundial da Alimentação
Comemorou-se no dia 16 de Outubro o Dia Mundi-
al da Alimentação.
O tema “Protecção social e agricultura: quebrar o
ciclo da pobreza rural”, definido pela Food and Agri-
cultural Organization (FAO) para 2015, teve como
objectivo a sensibilização para o apoio em situações
de pobreza, observadas sobretudo em contexto
rural, um pouco por todo o Mundo.
Foi difundida pelos profissionais de saúde do
ACESPL informação alusiva ao tema pelas nutricio-
nistas Carla Louro e Sónia Rodrigues. S.R.
12-16.10.2015_Semana da Alimentação na EB 2,3 Marrazes
No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, come-
morado no dia 16 de Outubro, celebrou-se na EB
2,3 Marrazes a semana da alimentação, em parceria
com a UCC Dr. Arnaldo Sampaio.
Ao longo da semana foram desenvolvidas várias
actividades envolvendo toda a comunidade escolar,
onde se incluiu o workshop “Confecção de lanches
saudáveis”, que contou com a colaboração da nutri-
cionista Sónia Rodrigues. S.R.
Página 19
Atividades Relevantes
14.11.2015_Dia Mundial da Diabetes
Teve lugar nos dias 14 de Setembro e 16 de novem-
bro de 2015, no âmbito do Programa VIH/SIDA a
ação " A implementação do teste rápido do VIH nos
Centros de Saúde", no Departamento de Formação
da ARSCentro.
De entre os formadores desta acção, esteve a psicó-
loga Lina Duarte, desenvolvendo as questões do
aconselhamento pré e pós-teste, pela sua larga ex-
periência nesta área, tendo em conta que coordena
o Centro de Aconselhamento e Detecção precoce do
HIV/SIDA de Leiria, desde a sua abertura em 2001.
No dia 14 de Novembro comemorou-se o Dia
Mundial da Diabetes.
Neste âmbito, foi difundida junto dos profissionais
de saúde do ACESPL informação relativa a esta
comemoração, pelas nutricionistas Sónia Rodrigues
e Carla Louro, reforçando a importância de todos
os profissionais dos Cuidados de Saúde Primários na
prevenção e controlo desta doença, que afecta mais
de 13% da população portuguesa. S.R.
14 e 16.11.2015_A implementação do teste rápido do VIH nos CS
A formação foi dirigida a Profissionais de Saúde de
diversos Centros de Saúde da ARS Centro, pois
perspectiva-se a implementação dos teste rápidos
em todos os Centros de Saúde do país, como meio
da Direcção Geral da Saúde atingir um dos seus
objectivos neste âmbito, mais concretamente, al-
cançar até 2020 os denominados “90-90-90”: 90%
das pessoas a viver com VIH que sabem do seu esta-
dio; 90% das pessoas que sabem do seu estadio
positivo a realizar tratamento; e 90% das pessoas
em tratamento com cargas virais suprimidas. L.D.
Página 20
12.2015_Poster “Alongamentos no trabalho”
Atividades Relevantes
No âmbito de orientação de estágios de Fisioterapia nos cuidados de saúde primários, os alunos estagiários do 3º Ano da
Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra Carina Martins e João Rolim elaboraram em dezembro sob a orien-
tação da fisioterapeuta Carla Lemos, poster alusivo a alongamentos no local de trabalho, sem prejuízo do tempo de tra-
balho e com benefícios em saúde e no desempenho, a divulgar pelos profissionais do ACES PL. C.L.
Página 21
Atividades Relevantes
18.01.2016_Projeto “Gerações”_ARS Centro
A ARS Centro no âmbito da Saúde Escolar (SE) e a
Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditi-
vos e nas Dependências (DICAD), em parceria com
a Direcção –Geral dos Estabelecimentos Escolares
(DGESTE) do Centro, pretendem implementar um
projecto na área da Saúde Mental, intitulado
“Gerações”.
O objetivo deste projecto consiste em promover
competências nas crianças do pré-escolar e 1º ciclo,
através da identificação e gestão das emoções bási-
cas, desenvolvendo atividades que envolvem as cri-
anças, pais e educadores e em que a metodologia
utilizada é através da exploração de histórias.
O Centro de Saúde da Marinha Grande, ao nível do
programa de Saúde Escolar da Unidade de Saúde
Pública e da Unidade de Cuidados na Comunidade
foi um dos escolhidos para projecto piloto, a imple-
mentar no ano lectivo em curso, e por isso a psicó-
loga Lina Duarte, esteve presente no dia 18.01.2016
na primeira reunião decorrida na ARS Centro para
este propósito, bem como na formação realizada na
Escola Calazans Duarte da Marinha Grande nos dias
29 de fevereiro e 2 de março, como elemento da
referida equipa. L.D.
2015-2016_Projetos em Saúde Escolar_ARS Centro
A URAP PL em colaboração com as respetivas
UCC´s encontra-se a desenvolver no âmbito da
Saúde Escolar, no presente ano letivo, os seguintes
projetos integrados na ARS Centro, em parceria
com respetivas Instituições:
Conta, Peso e Medida (ARSC) destinado a
alunos do 5º ano e comunidade educativa, na
área da alimentação saudável e combate à
obesidade, com a colaboração dos profissio-
nais de nutrição e psicologia (Pombal);
+Contigo—Promoção de saúde mental e pre-
venção de comportamentos suicidários em meio
educativo (ESEC) destinado a alunos do 2º
ensino básico e comunidade educativa, na área de
saúde mental, com a colaboração dos profissionais
de psicologia (Leiria, Marinha Grande e Pombal);
Like Saúde—Programa de Prevenção em Com-
portamentos Aditivos e Dependências (DICAD/
CRI de Leiria), destinado a alunos do 2º ciclo
do ensino básico, na área da prevenção de
consumo de substâncias, com a colaboração
do profissional de Psicologia (Pombal).
Estes projetos ilustram uma vez mais a sinergia
entre os cuidados na comunidade e os recursos
partilhados, nas áreas de promoção da saúde e pre-
venção nos jovens em meio escolar. S.M.
Página 22
Nomeado a 27 de março de 2013 como coordena-
dor da URAP Pinhal Litoral, Emanuel Vital conclui
este ano o seu mandato de três anos. A Exma. Sra.
Diretora Executiva do ACESPL aceitou a intenção
manifestada de não continuidade naquele cargo,
devendo nomear, nos termos da legislação aplicável,
novo coordenador.
O nosso agradecimento a Emanuel Vital, pela exímia
coordenação da Unidade, na fase da sua constituição
e desenvolvimento; pelas suas qualidades humanas e
profissionais; pelo respeito pela autonomia das dife-
rentes áreas profissionais mas sempre com a sua
reflexão crítica e apoio; pelo incentivo das melhores
qualidades de cada um dos elementos da equipa,
criando mais valor; pelos haiku e fotografia, a arte
com que inspirou cada reunião... Bem haja. S.M.
Cessação de funções do coordenador da URAP Pinhal Litoral
Chidhood Obesity Surveillance Initiative (COSI)
Estão disponíveis informações referentes às últimas
avaliações no site do Repositório Científico do Insti-
tuto Nacional de Saúde, em:
http://repositorio.insa.pt/simple-search?
que-
ry=COSI&sort_by=score&order=desc&rpp=10&etal
=0&filtername=subject&filterquery=COSI+Portugal
&filtertype=equals
S.R.
O WHO European Chidhood Obesity Surveillance
Initiative (COSI) é um projeto da Organização Mun-
dial de Saúde – Europa, que envolve 30 países (onde
Portugal se inclui) e cujo objetivo é a monitorização
da evolução da obesidade infantil.
Em Portugal já ocorreram três avaliações (em 2008,
2010 e 2013), estando a iniciar-se actualmente uma
nova avaliação.
No ACES Pinhal Litoral o trabalho de campo estará,
à semelhança do ocorrido nos anos anteriores, a
cargo das nutricionistas Sónia Rodrigues e Carla
Louro e das enfermeiras Fátima Soares e Dina Pas-
coal.
Notícias
Página 23
“História de uma princesa obesa e de
um dragão que cuspia bolas de sabão”
Em Portugal, uma em cada três crianças em idade
escolar tem excesso de peso ou obesidade.
Um número preocupante, sobretudo se considerar-
mos todas as co-morbilidades associadas que afec-
tam a qualidade de vida destes indivíduos, não só
enquanto crianças, mas também mais tarde, na vida
adulta.
A etiologia da obesidade é complexa e multifactorial,
desempenhando os estilos de vida adoptados pelas
famílias um papel fulcral.
O sedentarismo e o consumo frequente de alimen-
tos hipercalóricos, ricos em sal, gordura e açúcar,
são factores determinantes para o surgimento desta
doença.
Importa em primeiro lugar definir a obesidade en-
quanto doença! Uma criança obesa não é “cheiinha”,
“fortezinha” nem “gordinha”. É sim portadora de
uma doença, que a afecta física e psicologicamente,
mas que tem tratamento.
Em seguida há que sensibilizar para a colaboração de
familiares e amigos no tratamento desta doença.
Finalmente há que munir todos os intervenientes
das ferramentas adequadas. E aqui o papel do nutri-
cionista é fundamental, para a elaboração de um
plano alimentar adequado a cada criança (e à sua
família).
Todos estes passos são abordados no livro
“História de uma princesa obesa e de um dragão
que cuspia bolas de sabão”, de forma lúdica, para
que pais e filhos reconheçam esta doença e actuem
na sua prevenção e tratamento precoce.
Porque a obesidade é um legado que nenhum rei ou
rainha que deixar aos seus pequenos príncipes ou
princesas...
Mais informações em:
www.historiadeumaprincesaobesa.com
S.R.
Notícias
Página 24
Notícias
A literacia em saúde é entendida como a
capacidade para tomar decisões informadas
sobre a saúde, no quotidiano. Inclui temáti-
cas tão distintas quanto a utilização racional
e segura do medicamento, o envelhecimento
activo, a prática de uma alimentação saudá-
vel ou a prevenção da doença.
Portugal, à semelhança de outros países
europeus, apresenta uma baixa literacia em
saúde, o que pode comprometer a promo-
ção e protecção da saúde dos cidadãos e a
eficiência dos cuidados de saúde prestados,
pondo assim em causa a sustentabilidade do
Serviço Nacional de Saúde.
Com vista à minimização desta problemática,
o governo deliberou a criação do Programa
Nacional para a Saúde, Literacia e Autocui-
dados.
Este programa visa contribuir para a melho-
ria da educação para a saúde, literacia e
autocuidados da população, promover o
acesso a informação de qualidade, desenvol-
ver novos projectos e instrumentos e divul-
gar boas práticas.
No âmbito deste programa, serão desenvol-
vidos no período 2016-2017 diversos pro-
jectos:
a) rede inteligente para a promoção da lite-
racia em saúde;
b) vida activa;
c) jovem móvel;
d) envelhecimento, autocuidados e cuidado-
res informais;
e) qualificação e promoção da literacia em
saúde nos espaços de atendimento do
SNS;
f) navegabilidade no SNS e no sistema de
saúde português.
A coordenação deste programa está a cargo
da Direcção-Geral da Saúde (a nível nacio-
nal), dos departamentos regionais de Saúde
Pública (a nível regional) e das Unidades de
Saúde Pública (a nível local).
A URAPPL, enquanto unidade multidiscipli-
nar do ACESPL, espera poder contribuir
para a implementação com sucesso deste
programa junto da população portuguesa.
Mais informações sobre o programa em:
https://www.sns.gov.pt/programa-nacional-
educacao-literacia-e-autocuidados/
S.R.
Programa Nacional para a Saúde, Literacia e Autocuidados
LEGENDA - microsite do PNSLA, no site do Serviço Nacional de Saúde.
Página 25
Notícias
No dia 30 de Setembro de 2015, decorre-
ram as V Jornadas URAP, sob a organização
da ARS Norte, no Centro de Reabilitação
do Norte, em Valadares.
Decorridos os primeiros 5 anos de reflexão
em jornadas de âmbito nacional, foram neste
ano discutidos temas como os desafios para
as URAP no futuro, os contributos das
URAP para sustentabilidade e qualidade no
serviço nacional de saúde e, a um nível mais
prático, o processo de contratualização,
projetos do SPMS e SClÍnico. O grande desa-
fio decorre da heterogeneidade das equipas
a nível nacional, sendo que de URAPs distin-
tas, pode-se partir da capacidade e potencial
que cada Unidade apresenta.
No que concerne os demais desafios, emer-
ge o papel que as URAP podem desempe-
nhar nas ligações funcionais hospitala-
res, na articulação e continuidade dos
cuidados e na prevenção das doenças
crónicas, nomeadamente nos eixos e pro-
gramas prioritário do Plano Nacional
de Saúde, extensão 2020.
A URAPPL esteve representada no painel
dedicado à apresentação de comunicações
orais, com a comunicação Experiência da
ligação funcional hospitalar Pediatria –
Psicologia, do Centro Hospitalar de Lei-
ria, EPE, Hospital Distrital de Pombal e
ACeS Pinhal Litoral, URAP Pinhal Litoral,
de co-autoria da psicóloga Sónia Mira
(URAP PL) e da pediatra Dr.ª Helena Porfí-
rio (CHL), à qual foi atribuído o 1º Prémio
de Comunicação Oral, ao constituir um
exemplo de boas práticas ao nível de ligação
funcional hospitalar e metodologia.
Ambos o processo de contratualização
e o desenvolvimento de sistemas de
informação encontram-se em fase de de-
senvolvimento, com potencialidades en-
quanto instrumentos de gestão, registo clíni-
co e visão clínica integrada, avaliação e me-
lhoria contínuas.
Foi ainda salientada a potencialidade das
URAP na contribuição para os eixos estra-
tégicos de Governação Clínica e Quali-
dade em Saúde. Do ponto de vista das
ARS, foi salientada a importância do reforço
dos cuidados primários de saúde e dos cui-
dados continuados, do aumento da qualidade
e eficiência dos serviços e da aposta na pre-
venção e promoção da saúde, onde o retor-
no em termos de custo-eficácia é significati-
vo.
As URAP podem contribuir para uma utiliza-
ção mais eficiente de recursos através da
partilha e sinergias de trabalho com demais
equipas de saúde e recursos intersectoriais
na comunidade. Sobretudo, podem contri-
buir com o seu potencial ao nível da promo-
ção da saúde e prevenção da doença, acessi-
bilidade, articulação entre os níveis de cuida-
dos de saúde e qualidade. S.M.
V Jornadas URAP
PLANEAR PARA AGIR: BOAS PRÁTICAS E QUALIDADE
Página 26
Notícias
Erradicar o VIH/SIDA até 2020,
com uma meta alargada para 2030,
são os grandes objectivos da
UNAIDS no mundo, ECDC na euro-
pa e claro, também na linha da fren-
te, do PNIVIH/SIDA da DGS em
Portugal.
O CAD de Leiria esteve presente na
Conferência 2015 “VIH: Prevenir Sem-
pre, Diagnosticar Cedo, Tratar Todos”,
organizado pelo Programa Nacional para
a Infecção VIH/SIDA (PNIVIH/Sida) da
Direcção Geral de Saúde (DGS), nos dias
20 e 21 de Novembro, no Instituto Supe-
rior de Ciências Sociais e Politicas em
Lisboa, onde foi apresentado o Relatório
“Portugal, Infecção pelo VIH-SIDA e Tu-
berculose em números - 2015”,disponível
no sítio da internet da DGS.
Organizado em seis mesas repartidas por
dois dias, onde se trataram dos números
da infecção VIH-SIDA e Tuberculose em
2015, em Portugal, na Europa e no Mun-
do, da prevenção primária e diagnóstico
precoce, do Tratamento e da Profilaxia
Pré exposição (PrEP).
Os grandes objectivos para 2030 passam
por zero mortes, zero transmissões e
zero discriminações, a fim de se conse-
guir um “mundo”, onde se inclui natural-
mente Portugal na linha da frente, sem
SIDA e sem tuberculose, deixando estas
infecções de serem uma ameaça para a
saúde Pública.
Para isso, traça-se um objectivo para
2020 de 90% de diagnósticos efectuados,
90% de portadores de VIH em tratamen-
to e 90 % de infectados em supressão
viral. Em primeiro lugar, tratar todos os
doentes diagnosticados, independente-
mente da contagem de linfócitos T CD4
e tratar continuadamente outras IST´s
interligadas, bem como infecções associa-
das. Para tal, é necessário melhores for-
mas de actuação como, disponibilizar
tratamento aos utentes para 90 dias, que
diminuiria consultas e deslocações aos
hospitais, com tempo máximo de espera
para consulta não superior a sete dias.
Para além disso, segundo o Coordenador
do PNIVIH/SIDA Dr. António Diniz é
necessário um aconselhamento útil, pre-
ciso e eficaz, para uma boa prevenção da
doença, promoção da saúde e para se
conseguir um travão da epidemiologia e
ampliar no PNIVIH/SIDA a possibilidade
de rastreio a outras IST´s.
No mundo existem 36,9 milhões de in-
fectados, 25,8 milhões no continente
africano, sendo o número de infectados
em Portugal de 59 365 indivíduos, notifi-
cados até 2015, segundo Teymour Noori
do European Centre for Disease Preven-
tion and Control (ECDC).
Como política de combate a esta infecção
pelo VIH/SIDA, será importante o acesso
a tratamento de todos os infectados,
após diagnóstico, sem descurar a grande
preocupação do subdiagnóstico calculado
em cerca de 30% e a ainda existência
por isso, de elevado número de diagnós-
ticos tardios.
A implementação e generalização do
teste rápido é outra medida importante,
para que exista um maior, melhor e mais
fácil acesso da população, de forma des-
burocratizada, à possibilidade de fazer o
teste, para que no caso de detecção, seja
possível uma intervenção imediata, no
intuito de ser possível iniciar medicação,
independente da contagem dos Linfócitos
T CD4. Por outro lado, a continuação da
Conferência 2015 VIH
política de distribuição de preservativos e
locais com bons aconselhamentos e tra-
balho de detecção precoce, nomeada-
mente através da sensibilização.
Iniciou-se um importante avanço para o
estudo do uso da Profilaxia Pré exposi-
ção considerada altamente eficaz, uma
vez que segundo dados do ECDC, reduz
a possibilidade de infecção em 86%. Dado
que, o objectivo é tratar toda a gente,
conseguir uma supressão viral através da
introdução da terapia anti retrovírica
(TARv), o mais precocemente possível
em indivíduos diagnosticados, com o
intuito de se conseguir uma carga viral
indetectável, sendo o risco de transmis-
são muito menor, contribuiria fortemen-
te para o objectivo de minimizar a trans-
missão e suprimir as mortes provocadas
por esta infecção.
Foram levantadas também várias dificul-
dades como, ao nível dos cuidados de
saúde primários, o facto desta infecção
pelo VIH/SIDA ainda não ser contempla-
da nos indicadores de contratualização
das USF´s e UCSP´s com as administra-
ções Regionais de Saúde, a um nível glo-
bal a existência de uma cascata de dados
ainda com dificuldades na sua constante
actualização, pela dispersão desses dados
e da dificuldade de relacionar os sistemas
informáticos, acrescentando a complexi-
dade e morosidade na avaliação de medi-
camentos e sua implementação nos hos-
pitais, em media em Portugal de 2,5 anos,
não esquecendo claro está, as dificulda-
des económicas que se vive no país para
suportar estas implementações. T.C.
BOAS NOVAS SOBRE A INFECÇÃO VIH/SIDA: “2030 PORTUGAL UM PAÍS SEM SIDA”
Página 27
Notícias
Pelo segundo ano consecutivo, e prosseguindo o
trabalho desenvolvido pela Equipa para a Pessoa
Idosa em Isolamento (EPII) do Conselho Local de
Ação Social da Rede Social de Leiria realizou-se no
dia 4 de dezembro de 2015, o II Workshop
“Voluntariado para a Pessoa Idosa” no Estádio Dr.
Magalhães Pessoa (Porta 7), destinado aos Grupos
de Voluntariado do Concelho que colaboram com a
EPII e voluntários do Banco Local de Voluntariado
de Leiria.
A Equipa é constituída pelas seguintes identidades:
ACES PL/URAP PL/Centro de Saúde Dr. Arnaldo
Sampaio – Dra. Mara Cardoso; Instituto de Seguran-
ça Social, IP - Centro Distrital de Leiria – Dra. Delfi-
na Chita; Município de Leiria – Dra. Carla Feliciano;
Representante no CLASL dos Centros de Dia -
Centro de Assistência Paroquial de Carvide – Dra.
Carla Crespo; Representante no CLASL dos Servi-
ços de Apoio Domiciliário – ADESBA (Associação
de Desenvolvimento de Barreira) – Dra. Diana Lei-
tão; Representante no CLASL dos Lares de Idosos -
Academia Cultural e Social da Maceira Dra. Liliana
Santos; Polícia de Segurança Pública – Agente Princi-
pal Teresa Franco; Guarda Nacional Republica –
Guarda Principal Sandra Fonseca.
II Workshop “Voluntariado para a Pessoa Idosa”
Pretendeu-se com este encontro, não só dar conhe-
cimento do trabalho desta parceria, como também
alertar os voluntários para a importância do traba-
lho de proximidade, abordando questões que são
cada vez mais atuais, donde se podem adquirir
aprendizagens, facilitadoras com a população idosa.
Aproveito para agradecer, em nome de toda a Equi-
pa, todo o incentivo recebido por parte das entida-
des envolvidas, e em particular à entidade que re-
presento, o Agrupamento de Centros de Saúde
Pinhal Litoral que além de nos presentear com a sua
presença, a Diretora Executiva Dra. Isabel Poças e o
Coordenador da Unidade de Recursos Assistenciais
Partilhados Pinhal Litoral Dr. Emanuel Vital, nos
dirigiram palavras de reconhecimento pelo trabalho
desenvolvido. M.C.
Página 28
Notícias
No dia 15 de outubro de 2016 ocorreu o 1º Aniversário da Unidade de Cuidados na Comunidade de Pombal,
“Quem somos e o que fazemos pela Saúde da nossa Comunidade”, no Teatro-Cine de Pombal.
Foram apresentados a UCC de Pombal, a articulação com a URAP PL e os programas e projectos desenvolvidos
por esta Unidade ao longo do ciclo de vida. Integrou comunicações orais do Coordenador da URAP PL, da fisio-
terapeuta Carla Lemos sobre o projecto de Ajudas Técnicas e da assistente social Ana Sofia Jesus, em co-autoria
com a Presidente da CPCJ de Pombal, sobre a articulação entre a saúde e a Comissão de Protecção. Contou
com a presença da Direcção do ACES PL, da ERA da ARSC e de um número significativo de participantes e par-
ceiros da comunidade.
O ambiente foi de partilha, onde não faltaram afectos. S.M.
Parabéns UCC’s! — Encontros
15.10.2015_1º Aniversário da UCC de Pombal
15.01.2016_2º Encontro da UCC Dr. Arnaldo Sampaio
Teve lugar no dia 15 de janeiro de 2016 o 2º encontro da Unidade de Cuidados na Comunidade Dr. Arnaldo
Sampaio, intitulado “Construindo pontes pela comunidade”.
A multidisciplinaridade da equipa, as pontes com a comunidade escolar e a parentalidade positiva foram alguns
dos temas abordados ao longo do encontro.
Alguns elementos da URAPPL, que colaboram regularmente com a UCCAS, fizeram parte da comissão organiza-
dora deste evento, que recebeu cerca de 100 participantes no auditório do Instituto Português do Desporto e
da Juventude, em Leiria.
Todos estiveram de parabéns. S.R.
Decorreu no dia 23 de fevereiro de 2016 o 2º Aniversário da Unidade de Cuidados na Comunidade da Marinha
Grande.
As comemorações foram assinaladas com a realização de palestras e atividades várias, sobre diversos temas no
âmbito da promoção dos cuidados de saúde e da prevenção da doença, realizadas em diversos locais da comuni-
dade local.
Neste âmbito, a psicóloga Lina Duarte dinamizou com a enfermeira Coordenadora Ana Laura Baridó, na Biblio-
teca Municipal, uma palestra sobre os Direitos das Crianças e a Prevenção dos Maus Tratos, aberta à população
em geral e esteve também como co-adjuvante na dinamização de uma sessão de "Yoga do Riso" para população
em geral e para os funcionários da Camara municipal da Marinha Grande, no Auditório da Resinagem.
Ambas as acções tiveram grande aderência e foram bem sucedidas. L.D.
23.02.2016_2º Aniversário da UCC da Marinha Grande
Página 29
Olá bom dia!... e… do outro lado…, nada.
Bom dia! Repito.
No outro dia, vi numa dessas páginas das
redes sociais um preçário que dizia, um café
1 €; bom dia, quero um café 0,80 €; bom dia
quero um café, se faz favor, 0,60€.
Não obstante, lembrei-me e disse, desculpe,
quero um café por favor, se possível? É cla-
ro. Podia ser que resultasse e o café me
saísse mais barato. Mas do outro lado, au-
sência de resposta por surdez ou mudez,
não sei bem. Era ainda muito cedo para pen-
samentos profundos e raciocínios comple-
xos para elaborar tais diagnósticos.
Olho para ela e ela, impávida e serena, não
sei bem, nem sei se olha para mim. Mas eu,
olho para ela.
Que raio! Não me responde…, nada. Nem
bom dia nem boa tarde, continua inexpressi-
va, mas insisto. (…) Por favor, é possível
servir-me um café?
Nada.
Olho para a sua colega do lado, que tem
uma expressão não menos idêntica e menci-
ono, desculpe! Quero um pão com manteiga
para tomar com o meu café, se faz favor!
Claro está, também se usa. Faço uma pausa
e penso (…), devem estar contra mim, (…)
activando o meu lado mais paranóide. Será
que fiz alguma coisa? Que as tratei mal? (…)
Se calhar estou com mau aspecto? Ou será
que noutro dia me esqueci de pagar e fui-
me? (…)
Olho para ela ali especada e, vendo bem,
reparo que realmente não tem pão com
manteiga. Que burro que eu sou, deve ser
por isso(???), se calhar não lhe apetece tra-
balhar e fazer um.
Pronto está bem! Exclamo com o meu olhar
mais convictamente inteligente e com com-
preensão e benemérito samaritano! Dê-me
o croissant misto que está ali atrás…, se faz
favor. Em vez do pão, claro! Sempre com
delicadeza, cortesia e boa educação. Ah
Ah…, com esta é que eu vos apanhei. Espe-
ro (…), olho e (…), nada.
Temo que o mal não seja meu mas, incomo-
do-me porque, (…) posso não estar a acei-
tar as diferenças entre desiguais, mas…, nem
café, nem pão com manteiga, nem mesmo o
croissant misto.
E agora? Que faço eu? Vou-me embora? e
não tomo o meu pequeno-almoço? Além de
mal-educadas e rudes, porque não falam
com as pessoas, também não fazem nada,
nem se mexem (…) vem-me á cabeça! (…)
Não percebo quem as contratou, ou (…),
será que estão aqui por tendências sádicas e
exibicionistas a apurar o masoquismo voyeu-
rista dos esfomeados “desertos” por um
pequeno-almoço.
Bênção de deus, e “Vital” que passa, qual
alma vinda dos céus, (…), saca de 30 cênti-
mos, enfia na ranhura, carrega em dois bo-
tões e eis um barulho muito esquisito e
pestilento de uma ordenha nunca vista, a
desenhar tão almejado por mim (…)café.
Crónica
Saca-o e diz, é simples meu caro, não penses
tanto e segue só as instruções.
Enfim, não percebo nada disto. Arrisco?
Esqueço o croissant, encho-me de coragem
e de forma muito contrariada, enfio-lhe 50
cêntimos goela abaixo, carrego nos botões e
(…), barulho idêntico. Nem mais um som.
Filha da mãe, ficou-me com o troco.
Tiago Caldeira
Psicólogo da URAPPL
Será pedir muito que falem comigo?
Página 30
Emanuel Vital
Coordenador da URAPPL
Mara Cardoso
Assistente Social
Olga Alves
Higienista Oral
Magda Antunes
Higienista Oral
Sónia Rodrigues
Nutricionista
Carla Louro
Nutricionista
Emanuel Vital
Fisioterapeuta
Carla Lemos
Fisioterapeuta
Conceição Frazão
Fisioterapeuta
Lina Duarte
Psicóloga
Sónia Mira
Psicóloga
Tiago Caldeira
Psicólogo
Dina Mendes
Ortoptista
Mário Repolho
Radiologista
Isabel Batista
Radiologista
A equipa
Diana Carvalho
Fisioterapeuta
Susana Lopes
Assistente Social
Rita Ferreira
Assistente Social
Ana Sofia Jesus
Assistente Social
Página 31
FICHA TÉCNICA
Propriedade: Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral do Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Lito-
ral
Edição: Sónia Mira e Sónia Rodrigues Grupo de Informação e Imagem da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados
Pinhal Litoral
Distribuição gratuita.
UNIDADE DE RECURSOS ASSISTENCIAIS PARTILHADOS PINHAL LITORAL
Sede: Centro de Saúde Marinha Grande Rua Engº Arala Pinto 2430-069 Marinha Grande 244 572 920