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PATRÍCIA SIQUEIRA LOPES KARNIOL
A ODDISÉIA DE UM CERTO ULISSES...
Monografia apresentada a comissão avaliadora do curso de pós‐graduação
Latu‐senso do Instituto de Psicologia da USP‐Universidade de São Paulo, como
parte integrante dos requisitos para obtenção do Título de Especialista em
Psicoterapia Psicanalítica e Psicanálise (coord. Profa. Dra. Kayoko Yamamoto).
Área de concentração: Psicologia Clínica.
Orientador: Prof. Dr. Roberto Kehdy.
São Paulo, 2010.
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1. DEDICATÓRIA
Oh! Narciso, que falta você me faz...
Este trabalho dedico especialmente a você, meu querido analista... (in
memorian).
Dr. Narciso Coelho Neto, você foi mais do que um analista, você foi meu
amigo, meu colega de jornada, permanecerá vivo dentro de mim para toda a
Eternidade!
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2. AGRADECIMENTOS
2.1 AO MEU MARIDO
Ao meu marido, Isac, meu grande amor, também um grande pesquisador e
professor da mente humana, o meu melhor modelo. Com quem tenho o privilégio
em dividir minhas inquietações profissionais, além de desfrutar da sua intimidade,
criatividade e bom humor.
Vocë sabe os créditos que você tem neste trabalho, obrigada pela
disponibilidade e contribuição aos meus estudos.
Você sempre comigo! Te amo.
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2.2. À MINHA FAMÍLIA, PELA LUZ QUE REPRESENTA EM MINHA VIDA.
Obrigada pai pela essencial contribuição à minha formação. Com quem
aprendi sobre o valor e o prazer do trabalho. Exemplo de perseverança. A minha
mãe, onde quer que você esteja, por me ensinar tanto sobre a importância dos
estudos. As minhas irmãs, Adriana e Izabella, também à Gedalva, Mateus, ao meu
enteado Guilherme e a Camillie, pelo que vocês são, pela convivência
estimulante, capacidade de doação, bondade e pelos ensinamentos que
constantemente me proporcionam. Às minhas enteadas, pelo simples fato de
existirem e me propiciarem certos entendimentos. E ao meu filho que tão pouco
tempo estivera nesta existência.
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2.3. AOS COORDENADORES, PROFESSORES, SUPERVISORES, ORIENTADOR,
COLEGAS E PACIENTES.
Expresso os meus calorosos agradecimentos aos coordenadores deste
curso, Prof. Dr. Ryad Simon e Profa. Dra. Kayoko Yamamoto, professores,
supervisores, ao orientador deste trabalho, Prof. Roberto Kehdy, colegas,
pacientes, especialmente ao Ulisses, que colaboraram para a realização deste
percurso, auxiliando‐me com suas idéias, afeição e apoio.
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SUMÁRIO
1.DEDICATÓRIA 022.AGRADECIMENTOS 03, 04 e 05TÍTULO 074.RESUMO 08APRESENTAÇÃO 09 e 105. INTRODUÇÃO 10 e 126.INÍCIO DA ANÁLISE 136.1.NOVAS SESSÕES; DISCUSSÃO 14, 15, 16 e 176.2.OUTRAS SESSÕES E COMENTÁRIOS 17, 18, 19, 20, 21 e 226.3.PROSSEGUIMENTO DA ANÁLISE 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28 e 297.CONCLUSÃO 30, 31 e 328.BIBLIOGRAFIA 33 e 34
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4. RESUMO
Na evolução da Psicanálise Winnicott foi um dos que mais
contribuiram para a compreensão teórica e o lidar clínicamente com
pacientes psicóticos.
Apresentamos aqui utilizando como referencial teórico‐prático este
autor, o caso de um paciente, um “certo Ulisses”, que de um episódio
maníaco tratado medicamentosamente, passou a apresentar uma
rigidez no funcionamento mental, concretude, monotonia,
hipoafetividade e difícil contato. Além do espaço potencial de
comunicação, onde interpretações, atividades plásticas, o “brincar”
foram introduzidos. Conseguiu‐se uma evolução favorável do paciente
onde o “ser” e não somente o “fazer”, “falso‐self”, pode ser
desenvolvido.
Palavras chaves: psicose, winnicott, falso self, fazer e ser.
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Do alto da cidade de Esparta, na Grécia, o rei Menelau inconformado com o
rapto de sua bela Helena, convocou os outros reis gregos a se armarem contra a
cidade de Tróia. Centenas de navios repletos de guerreiros atravessaram o mar a
fim de destruir a cidade amaldiçoada. Assim começou uma guerra impiedosa, que
os deuses acompanharam do alto do Olímpo; por fim, após nove anos de lutas
sangrentas, o rei de Ítaca, Ulisses, vitorioso e com saudades, pretende retornar a
sua origem, onde sua esposa Penélope e seu filho ainda pequeno o aguardam.
Seu retorno depende do sopro dos ventos, do movimento das ondas e,
sobretudo, da boa vontade dos Deuses. Este herói é reconhecido pela sua astúcia
e bravura durante os combates, o que mais uma vez tem que demonstrar na sua
tentativa de retornar ao lar, aos braços de sua amada Penélope. Seus
compatriotas o chamam de Odisseu, o nome grego dado por seu avô; por isso, a
longa viagem de retorno se denomina Odisséia.
Qual seria a razão para que no mito os Deuses retardassem tanto o retorno
de Ulisses, submetendo‐o a tantos percalços? Talvez para demonstrar que para os
humanos defrontados com os seus conflitos íntimos e com as vicissitudes da vida,
a plenitude só é atingível depois de um amadurecimento, depois de ultrapassar
inúmeras perdas, sabendo lidar com as idealizações que podem servir de molas
propulsoras, mas não se distanciando da realidade. Mesmo assim esta realização
“Para Joyce a arte de forma nenhuma traz respostas sem antes gerar uma série de perguntas, considerando que na arte o que possuímos é uma excitação inicial indefinida e incompreensível, sendo a imaginação e os pensamentos tão importantes quanto à expressão das emoções”. Acredito que o mesmo ocorre na
prática da psicanálise.
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pode durar por períodos, se não instantes, sendo necessário um constante
recomeçar.
O certo Ulisses considerado aqui é na verdade um anti herói, um homem
comum que também tem sua Odisséia, diante das vicissitudes da vida. Ele tenta
sobreviver às intempéries, uma aposentadoria que o afasta de um trabalho que
lhe é estruturante, desmanchar o casamento, onde procurava encontrar não só a
Penélope companheira e amante, mas a “mãe”, idealizada no início da sua vida.
Com o atropelamento, as doenças, ele se aproxima na verdade do Ulisses do
Romance de Jaymes Joyce onde a um personagem tem uma vida simples,
monótona, rotineira e sistemática.
Para Arantes o nome Ulisses escolhido por Joyce para o seu personagem, e
acrescentamos para o nosso também funciona em relação ao mito Grego como
uma metáfora “‐ estabelecida com ironia, humor, e seriedade – do heróico no
homem comum na era moderna”.
Na análise Ulisses procura suprir aquilo que talvez não tivesse nos seus
primórdios, ou o que diante dos acontecimentos tenta desesperadamente
recobrar.
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5. INTRODUÇÃO
Freud e os diversos autores e correntes que o sucederam sempre aceitaram
que a Psicanálise tem na Clínica o seu lastro fundamental. Ou seja, que a
Psicanálise é a ciência de um certo tipo de fatos clínicos. Dentro da sua
metapsicologia psicanalítica o desenvolvimento da mente acompanharia a
estimulação de várias regiões erógenas, oral, anal e uretral respectivamente,
culminando no chamado “Complexo de Édipo”. A partir dele a identidade do ser
estaria constituída. Nas neuroses ocorreria uma dificuldade de ultrapassar
adequadamente a fase Edipiana; na formação da personalidade regressões e
fixações explicariam outras características do adoecer mental. Nas psicoses
haveria uma fixação ou regressão a uma fase primordial do desenvolvimento
mental, a Narcísica. Nesta aproximação pulsões instintivas provenientes do
interior do indivíduo seriam as molas propulsoras do desenvolvimento mental.
Esta vertente teórica de Freud mostrou‐se muito útil no lidar com pacientes
neuróticos, o mesmo não ocorrendo, na prática clínica com outros pacientes
como psicóticos e psicopatas.
Winnicott, acreditando segundo Fulgêncio no progresso da psicanálise
como uma ciência, tenta ultrapassar estas barreiras. Para tanto ele leva em conta
inúmeras descobertas feitas por Freud (como a sexualidade infantil, o complexo
de Édipo, o inconsciente recalcado, a transferência, resistência, etc.), por Klein (a
posição depressiva, o uso do jogo e da brincadeira na técnica de tratamento de
crianças, etc.), além daquelas. Ele, procura redefinir ou reescrever a partir da sua
prática estes aspectos dentro de uma teoria do amadurecimento pessoal, levando
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em conta a sua experiência advinda de uma longa prática como pediatra e
psicanalista, enfatizando a importância do ambiente, da mãe suficientemente
boa, e não somente daquilo que adviria do interior do indivíduo. Winnicott
procura interagir com o paciente, lançando mão não só de palavras,
interpretações, mas também com uma participação ativa, que poderia se
estender a desenhos, brincadeiras, etc. A tentativa constante era ficar
emocionalmente ligado a situação clínica, inclusive quando de interpretações.
Isto seria particularmente importante no caso de psicóticos que a
semelhança do Ulisses vem à procura de análise. De fato Ulisses teve um episódio
importante de Mania, com intensa agitação psicomotora que foi
psiquiatricamente tratado com medicamentos; ele se acalmou, mas quando
iniciou a análise estava ainda destituído de interesses, desvitalizado, quase sem
emoções. Com a análise acabou tendo alta do tratamento medicamentoso pelo
médico assistente que, aliás, o tinha inicialmente enviado para psicoterapia.
Neste contexto me descobri muito próxima das idéias de Winnicott na
tentantiva de me aproximar das angústias básicas do meu paciente. Na criação de
um espaço para o contato, além do diálogo, interpretações, lançamos mão de giz,
argila, tinta e pincéis... Um convite ao brinde, uma tentativa de estabelecer um
elo comum, algo que pudesse ampliar nossa comunicação. Com isto a monotonia
quase insuportável frequentemente era ultrapassada.
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6. INÍCIO DA ANÁLISE
Focalizarei inicialmente nossa primeira sessão que decorreu dentro de um
clima de distanciamento afetivo entre mim e Ulisses, de queixas descritas num
tom de lamurio. Ulisses cabisbaixo, retraído, como se estivesse preso em seu
próprio corpo, encolhido, senta‐se em frente e diz: “Foi uma vida trabalhando,
encontro‐me aposentado, não tenho o que fazer, minha esposa quer que eu
compre uma casa na praia e vá morar lá, não me agüenta mais, implico com tudo,
até com os funcionários dela...”. Conta em detalhes sua história profissional, que
sempre trabalhou em empresas de grande porte, multinacionais, ocupava a
posição de técnico especializado; sempre metódico, detalhista. A sessão vai se
tornando cada vez mais pesada... distancio‐me imaginando um grande túnel
escuro sem fim, mas consigo entender que se sente indignado com a esposa que
pediu para ele sair de casa. Relata também que embora esteja em tratamento
psiquiátrico a cada dia se isola mais.
Numa sessão subseqüente Ulisses fala da insossa comemoração de
mais de trinta anos de casado e de um sonho que teve nesta mesma noite:
“sonhei com uma ex‐namorada, estávamos abraçados e perguntei se ela queria
casar‐se comigo.” Aqui Ulisses relata que talvez deveria ter se casado com ela. De
fato namorou a futura esposa e esta moça concomitantemente, por um longo
período. Escolheu sua esposa para se casar por ela ser de uma família tradicional,
imaginou que ela seria mais aceita pela sua família.
Relata sonhos recorrentes: “sente‐se amarrado nele mesmo, preso e não
consegue se mexer”, grita! Acorda assustado, sua esposa levanta vai até o seu
quarto pega em sua mão, ele adormece novamente.
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6.1 NOVAS SESSÕES; DISCUSSÃO:
Segundo Winnicott, (1952), “o centro de gravidade do ser não se
inicia com a criança, mas com a mônada mãe‐bebê”. No início, o ser só é possível
em conjunto com um outro. A continuidade do ser é o sentimento que resulta da
sua fusão com u’a mãe suficientemente boa, o self infantil não integrado, sem
vinculo entre o corpo e a psique, não havendo lugar para a realidade não‐eu.
Existiria apenas u’a massa de emoções, sem limites e sem definições. Com o
empréstimo do ego materno, que deveria ter adaptação quase perfeita às
necessidades da criança, se inicia o processo de elaboração psíquica das funções
corporais, no ritmo do bebê. O cerne assim protegido inicia o processo de se
tornar um ser de dentro para fora. O crucial para o bebê é: “Eu sou visto logo,
existo”. Winnicott constata a importância não somente das pulsões como
considerada por Freud, mas também do ambiente emocional‐afetivo propiciado
por uma mãe suficientemente boa, continente, que possibilita um holding
adequado ao bebê, até que ele não mais misturado, atinja um estado
diferenciado. Ele passa a sentir dentro de si a mãe, as qualidades dela necessárias
para a sua sobrevivência.
Com isto diante do ser só que caracteriza a condição humana, diante das
frustrações, ele consegue lidar melhor com sua raiva, não mais dissociado, não
mais dividido. Ele reconhece a presença do outro, não como extensão de si
próprio. Quando o Holding e o manejo são insuficientes na primeira infância,
conseqüências psicopatológicas graves podem adivir diante de determinadas
situações da vida.
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Na fase de total dependência da mãe é que ocorrem as chamadas ilusões.
Ou seja, à realidade subjetiva do lactente corresponderia a realidade do mundo
como um todo. É imprescindível que as necessidades do bebê (inclusive
emocionais) sejam satisfeitas pela mãe. É importante que a mãe (suficientemente
boa), seja continente desta área de ilusão, que permita a existência da mesma,
tratando‐se de uma fase fundamental do desenvolvimento emocional do
lactente.
Voltemos a Ulisses. Pelos relatos ele teria sido um bebê feliz e comunicativo
e isto teria se estendido, em parte no decorrer de sua vida. Dos irmãos ele era o
único que teria “dado certo”. Os outros muito cedo na vida adulta apresentaram
alterações mentais. Ele teria sido sempre o “queridinho da mamãe”, que o super
protegia. Logicamente características inatas dele ser capaz de receber, deveriam
estar presentes. O pai parece ter sido uma figura ausente. Alcoolista, ele se
distanciava emocionalmente da vida familiar. Para Winnicott a possibilidade de
fantasiar, da ilusão, que se origina nos contatos iniciais do lactente com a mãe é
que permitiria ao ser humano tornar‐se criativo através da vida. Ou pelo menos
não entregar‐se à total desilusão.
Será que uma maior proteção a Ulisses por parte da mãe o teria salvado de
um destino pior? Aqui algumas ressalvas podem ser feitas, pois a mãe não só o
protegia, mas parecia pouco inclinada a permitir que o filho tivesse uma vida solo.
Como um exemplo, uma carta anônima da mãe teria sido enviada para sua esposa
logo após o casamento dizendo que ele era infiel. Este episódio perturbou muito
seu relacionamento conjugal. O mais estranho é que a sua escolhida não era
aquela que ele realmente amava, ou (idealizava), mas alguém que sua família
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(ambiente) aprovava. Um desastroso falso‐self ao invés do amor teria
prevalecido.
A situação do casamento de Ulisses tornava‐se insuportável. A pedido da
mulher, já dormiam em quartos separados. Além disto, o homem que passara a
vida toda trabalhando agora estava aposentado. Emocionalmente ele procurava
uma saída. Num sonho a antiga pretendente amada com quem não se casara,
agora ressurge e é com quem iria se casar. Será que começava a depositar
esperanças no contato analítico? Contrastando com isto, pesadelos se repetem.
Acorda assustado e a esposa o socorre,com afagos procura acalmá‐lo. É a mesma
que insiste no divórcio. Também sonha que em desespero se sente amarrado,
talvez um reflexo da situação real onde não consegue encontrar uma saída, ser
criativo.
Provavelmente uma saída deste impasse se expressa num quadro psicótico,
maníaco, quando seu humor se expande, sentindo‐se vivo, participante e
importante. Isto contrastava totalmente com a realidade onde suas necessidades
emocionais, sua subjetividade ainda procurava desesperadamente uma resposta.
Viver no mundo real uma ilusão, foi ser medicado, quase foi internado.
Na seqüência, em análise trouxe sua desesperança, falta de vida,
monotonia, falta de assuntos, ausência de interesses, sem iniciativas... sem
caminhos. Isto foi por identificação projetiva percebida por mim quando numa
sessão fantasiei um túnel sem saída.
Como ua’mãe vigilante com as necessidades do seu filho, procurei com
Ulisses uma linguagem que representasse aquele até então “mundo sem
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palavras”. Um brincar segundo Winnicott, uma procura de objetos intermediários,
algo que redundasse numa possibilidade de novamente viver.
6.2 OUTRAS SESSÕES E COMENTÁRIOS
Na descrição feita por Winnicott sobre o amadurecimento de dentro para
fora, dependendo das condições ambientais (uma mãe suficientemente boa),
uma seqüência temporal de acontecimentos parece ocorrer. Na pratica clínica o
material que surge por vezes nos deixa desorientado, principalmente no trabalho
com adultos. Um vai e vem se estabelece numa forma dinâmica, com fases do
amadurecimento se seguirem ou sendo seguidas por outras muito “primitivas”. O
“ser individualizado”, que reagiria com criatividade às situações de abandono da
Odisséia Humana, nem sempre é atingido, nem mesmo procurado.
Winnicott sugere que diante de situações externas desfavoráveis como
ocorreu na vida adulta de Ulisses, o desenlace tem maiores possibilidades de ser
“favorável”, “criativo”, quando em sua história o contato inicial do indivíduo se
deu dentro de um ambiente favorável. Podemos entender melhor o que ocorreu
com o nosso paciente se levarmos em consideração Forlenza Neto que no
trabalho “Constituição de si ‐ mesmo e transicionalidade”, ponderou: “as
perturbações do desenvolvimento produzem sensação de falta de fronteiras no
corpo, ameaças de desintegração e despedaçamento, de cair para sempre, e falta
de coesão, e falta de coesão psicossomática. O referencial do sujeito, outras
vezes, deixa de ser o pessoal, e ele elabora um falso‐self defensivo e submisso,
cujo referencial é o de outra pessoa; ao mesmo tempo, queixa‐se de falta de uma
diretriz na vida, de continuidade, sua comunicação é vazia e monótona. É incapaz
de aprender com a experiência da vida, sente suas fronteiras vulneráveis, teme se
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misturar com os outros, funciona por imitação, age de acordo com o que supõe
que se espera dele. Se for inteligente, usa essa capacidade dissociada de sua
existência psicossomática para obter algum sucesso, mas é sempre acompanhado
de vazio e fracasso afetivo”.
Ulisses decidiu procurar a ex‐namorada, encontrou‐a pela internet, soube
que estava casada, em uma vida muito diferente de quando a conheceu, mas não
a reencontrou pessoalmente. Numa sessão Ulisses fez o desenho abaixo,
revelando em suas palavras um coração dividido...(fig. 01).
Coração
Fig. 01
Ou seja, apesar de ainda manter a idealização que surgiu da outra na
sua adolescência, desta vez, ele sai a campo para ver se ela realmente existia
dentro da realidade atual. Ele portanto não fica somente na ilusão.
Repete a seguir, uma frase que faz parte dos seus lamúrios, de um
“superego” extremamente rigoroso: “sempre soube muito bem o que esperavam
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de mim e sempre cumpri com os meus deveres”. Ele necessita de um mundo
controlado, onde não existem duvidas, onde a possibilidade de se individualizar,
de liberdade, não estejam presentes.
Relata: “meus filhos adultos casados zombam de mim, do fato de eu
precisar que tudo esteja em ordem”. No seu dia a dia diz que levantava cedo, fazia
o seu café, não gostava do modo como a empregada lavava a louça; então fazia
isto a sua maneira, primeiro os pratos, depois os copos e talheres, tudo de forma
organizada. Depois lia o jornal, ficando irritado com o toque da campainha dos
funcionários da sua esposa que chegavam, pois teria que abrir a porta uma vez
que ela tinha sua oficina nos fundos da casa.
Em outra sessão ele chega com um canudo na mão, pergunto o que é
aquilo? Ele trouxe um projeto seu para instalação elétrica para que eu entenda o
que ele produzia durante o período em que trabalhava, (fig. 02).
Projeto para instalação elétrica
Fig. 02
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Ele explica como fazia para controlar a energia elétrica. Indago se ele não
estaria se referindo as suas emoções? Ele confirma, realmente fica impaciente e
irritado diante de algumas situações que atualmente vive em sua própria casa:
“as pessoas da minha casa acham minha sala feia, minha arrumação, pois sou
sistemático, não gosto da desorganização da minha filha e retiro o que é dos
outros quando acontece de se misturarem com as minhas “coisas”, por exemplo,
quando um colega guardava as ferramentas dele dentro da minha caixa ou
quando minha filha guarda algo dela no meu quartinho de ferramentas, eu vou lá
e retiro, gosto de tudo certinho.”
Segundo Winnicott existem pessoas para as quais “a possibilidade de serem
chamadas (eu acrescentaria se sentirem) doídas, alucinadas, faz com que se
aferrem a sanidade; agarram‐se a objetividade por causa da permanente ameaça
de não saberem de si, colam‐se as regras e aos padrões da realidade externa
como um roteiro e script para a vida, um parâmetro do que são do que fazem”.
Apesar deste controle ou tentativa constante de controle, quase obsessiva
de sua mente, Ulisses constantemente se sente como ele descreve no desenho
em uma corda bamba, (fig. 03).
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Corda bamba
Fig. 03
Qual será este equilíbrio que ele tenta manter? O que o influência?
Aparentemente ele tenta em desespero se equilibrar entre um falso‐self com o
qual constitui sua personalidade e sua maneira de ser e interagir no mundo, e o
terror de um mundo interno desorganizado, caótico, no qual a ameaça de
desintegração fica evidente. Isto transparece em pesadelos aterrorizantes, dos
quais foge, acorda para se refugiar junto a sua esposa. Este continente é, porém
passageiro, pois esta deixava claro que queria a separação.
A possibilidade de conter em si os elementos femininos “ser” e o
masculino “fazer” não estava acontecendo. Segundo Winnicott o feminino
corresponderia a um dos primeiros estágios do desenvolvimento emocional,
dentro do contato mãe‐bebê e é o que daria a sensação de existir da qual Ulisses
se ressentia. O fazer dentro do falso‐self é que acaba predominando, um canal
onde os desejos raramente se fazem presentes. O que existe é um “ser
robotizado” diante das exigências da realidade, onde fantasias quase não surgem,
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nem são esboçadas. O objeto externo aparece de uma forma concreta, não
colorido pelas fantasias, pelos desejos, apenas obrigações. Uma maneira
ineficiente para evitar a solidão, o só, o não ser; paradoxalmente ele teme perder
essa não vida e ficar a mercê do caos da sua realidade interna que não tenha sido
ainda alvo de uma suficiente maternagem. A analista parece gradativamente
ocupar esta função.
6.3 PROSSEGUIMENTO DA ANÁLISE
Procuro disponibilizar novamente nas sessões seguintes diversos materiais
tentando criar com Ulisses um espaço de experiência compartilhada, um espaço
para a vida. O “criar”, brincar, no caso ocorria por meio de atividades plásticas
como esculpir em argila, reproduzir pinturas, etc. Ele se encantou como modelo
com as obras de Picasso.
Diante da argila colocada a sua disposição na sessão Ulisses comenta: “hoje
temos argila! Há será que vai sair alguma coisa, não creio viu!”. Replico pedindo
que ele use a imaginação e proponho trabalharmos juntos.
Ele tenta reproduzir algumas peças que usava em seu trabalho, também
formas como os pedaços poderiam encaixar‐se um no outro (fig. 04.1)
concomitantemente eu tento representar o estado dele, isolado quando se sente
amarrado (fig. 04.2 abaixo a esquerda). Em seguida faço espontâneamente uma
segunda figura 04.2 abaixo a direita. Para meu espanto, sem perceber,
inicialmente reproduzo nela “ua’ mãe com o filho bebê no colo”. Provavelmente a
mãe analista com paciente com aspectos infantis, tentando satisfazer as
necessidades do mesmo.
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Argila
Fig. 04.1
Fig. 04.2
Focalizando as peças que reproduziu e tentou encaixar fig. 04.1, lembro da
possibilidade do bebê num estágio primitivo poder alucinar, por exemplo, o seio,
e este magicamente aparece dentro do seu mundo mental. No brincar, na
fantasia, magicamente ele cria e tenta encaixar as peças desordenadas do seu
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mundo mental. Possivelmente numa via bidirecional é a mesma forma como ele
começa a lidar com os acontecimentos insuportáveis da sua vida de adulto. Na
figura 04.2 da situação de amarrado, paralisado (à esquerda) eu procuro
desencaixá‐lo, pegá‐lo no colo (à direita), ajudando‐o para “ser”, “existir”, para
aproximá‐lo de uma forma protegida da realidade externa.
Lembro‐me de um conto chamado Argila de James Joyce, onde uma
personagem muito ingênua, só, com uma vida metódica, que é exposta ao
ridículo, quando com os olhos vendados procura descobrir uma forma numa
massa gelatinosa de argila. Ulisses também manipula a argila com grande
dificuldade e ao invés de criar novas figuras, apenas reproduz formas que já
conhece. Ou seja, mesmo o fantasiar envolve um esforço enorme, pois consegue
somente reproduzir formas conhecidas.
Depois se lembra de um pesadelo: “um olho muito grande apareceu na
janela do meu quarto, eu gritei e acordei. Chato os meus gritos à noite, deste jeito
não posso nem casar de novo...” Neste sonho Ulisses aparentemente traz não
apenas o terror, a perseguição que ameaça sua estrutura mental, mas já acordado
a idéia de uma ressurreição que se vê impedida: o casar de novo.
Esse sonho me faz lembrar de uma lenda egípcia sobre o Deus Hórus, fig 05
o seu olho esquerdo simbolizava a Lua (informações estéticas, abstração) e o
direito o Sol (informações concretas, factuais). O Deus Seth numa luta arranca o
olho esquerdo de Hórus (destrói sua criatividade, fantasia). Resta somente a
Hórus a semelhança do ocorrido com Ulisses a parte objetiva, concreta (olho
direito). Somente com a vitória de Hórus sobre Seth é que o olho como um todo
poderia ser reconstituído. Ou seja, somente com o desenvolvimento de suas
partes
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pintura. Ele começa lentamente a brincar, tomando iniciativas. Lembramos que
outro grande artista Picasso cujo obras Ulisses também procurava reproduzir,
para ser ele mesmo, teve que passar por uma fase inicial de aprendizado, sendo
seus primeiros quadros acadêmicos, pintava modelos vivos, procurava ter o
domínio da técnica, de uma linguagem. De posse da mesma é que pode
finalmente se tornar o artista que se imortalizou.
Vincent Van Gogh
Fig. 06
Num movimento contínuo que se desenrola por meses, um
renascimento emocional parecia estar ocorrendo. Apesar dos temores
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aceitou um convite para voltar a trabalhar, e numa das sessões com olhos
mareados, fala: “já vou avisando para receber um abraço, o netinho
nasceu! Estou cheio de fotos aqui... o meu genro filmou tudo!”. Ou quando
mostrou uma foto com o neto, já com um ano de idade, e comentou:
“Quero ver o meu neto tomando o primeiro chimarrão e aliás pretendo
também ir para a festa dos farroupilhas em setembro no sul”. Reproduz
então um quadro de Picasso chamado O Nascimento, fig. 07. Podemos
sugerir que Ulisses focaliza aqui a criatividade que dentro dele começa a
brotar: Ele fez uma filha que lhe deu um neto. Ele passa, portanto a sonhar,
brincar com a realidade.
O nascimento
Fig. 07
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Este caminhar não se deu sem momentos dolorosos como seguindo ainda
um modelo de Van Gogh, ele pinta O barco abandonado, (fig 08), momentos
difíceis que fazem tanto ele como eu duvidar se conseguiríamos prosseguir na
Odisséia.
O barco abandonado
Fig. 08
O seu renascimento, no entanto prossegue... reage quando vê um homem
roubando a torneira do seu jardim, começa mesmo só a freqüentar bares e
restaurantes, volta a prestar atenção nas moças bonitas, navega pela internet,
usa MSN, paquera...
Tem um sonho inusitado: “no início estava amarrado, mas com muito
esforço consegui me desamarrar...”. Aqui diferentemente do representado na
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figura 04.2, onde eu tomava a iniciativa de desencaixá‐lo, é ele mesmo que com
condições internas suficientes deseja, ou consegue se libertar.
Neste mesmo sentido num cartão de Natal quando interrompeu a análise,
pois confiante iria se mudar para a casa da praia estava escrito: “Há pessoas que
passam em nossas vidas e deixam um pouco de si. Outras levam um pouco de nós.
Porém, existem aqueles que sempre permanecem”. Ou seja, aparentemente
Ulisses conseguira pela análise introjetar a mãe boa analista e seguro de si e só,
partia para novos caminhos.
Em visitas periódicas posteriores Ulisses me relata que sua Odisséia, cheia
de acontecimentos trágicos não tinha sido interrompida: foi atropelado e teve
sérias sequelas clínicas, precisou tratar de um câncer de próstata e pelo seu
estado teve que segundo falou provisoriamente, voltar a morar na casa da mãe...
Mas continuava pintando, esperançoso ou segundo suas palavras: “estou
fisicamente quebrado, mas me sinto vivo por dentro, acho que agora estou
decidindo as minhas coisas”.
Na última sessão, emocionados, chorando, nos abraçamos e nos
despedimos. Ele podia agora só prosseguir na sua Odisséia.
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7 CONCLUSÃO
No início da minha prática clínica de Psicoterapeuta e no meu Curso de
Especialização em Psicoterapia Psicanalítica e Psicanálise ao percorrer os vários
autores e teorias, eu estava à procura de um referencial teórico‐prático que
melhor se adaptasse às minhas características de personalidade e modo de
trabalhar.
Numa aproximação Freudiana clássica, onde as interpretações ocupam um
papel fundamental, eu tinha a impressão que alguns pacientes, principalmente
crianças e psicóticos, ou não ouviam, ou não pareciam “entender” o que eu
estava falando. Isto prejudicava e muito minha comunicação com eles. Eu me
deparei então com as aulas sobre Winnicott e percebi que as coisas começaram a
ficar mais claras e factíveis dentro da minha linha de atuação. Em particular isto
ocorria com pacientes muito “concretos” e naqueles absortos num vazio
existencial muito grande, ou nos seus delírios. Foi dentro desta perspectiva que
desenvolvemos nosso trabalho com Ulisses. Vindo de um grave episódio psicótico
pesadamente medicado no início da psicoterapia (depois não necessitou mais dos
remédios), rígido, hipoafetivo, possibilitava um contato monótono ou como eu
cheguei a fantasiar como “um túnel escuro sem saída”.
Com o passar do tempo e do nosso diálogo, brincando, pintando, lidando
com argila... esse clima começou a se modificar e eu percebi que sua “chatice”
provinha de defesas dentro de um funcionamento mental dissociado, onde
emoções e afetos não se faziam presentes.
Eu comprovava na prática que o trabalho psicanalítico quase impossível
enquanto eram usadas técnicas tradicionais interpretativas foi se modificando.
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Ele gradativamente diminuiu o temor de uma solidão inevitável dentro da
saga dos Seres Humanos, e mesmo o prosseguir sua Odisséia com acontecimentos
trágicos com doenças e desastres, ele encontra dentro de si um ser
emocionalmente vivo para lidar com estas situações. Ele não precisa mais se
dissociar, se automatizar.
Diferentemente do Ulisses da tragédia grega cujo desejo era retornar a um
paraíso, a Ítaca, à sua Penélope, e aí encontrar a sua completude, o nosso Ulisses
se encontra, ou reencontra consigo próprio, com o seu ser, com a sua
individualidade. Ou seja, com uma mente que de um modo contínuo precisa se
desenvolver para enfrentar os acontecimentos inevitáveis da vida. Nisto ele se
aproxima muito mais do Ulisses de Jaymes Joice, um homem comum, que no
cotidiano precisa a todo tempo se renovar. O nascimento do neto, agora já tem
uma linguagem para representá‐lo, quando reproduz a pintura O Nascimento, de
Picasso Fig 07. Mesmo a solidão agora é suportável quando a representa como
um barco abandonado Fig. 08. Agora ressurge a criatividade, a capacidade de
fantasiar, “ilusão impressindível” como descrita por Winnicott no adulto. Ele
aspira ver o neto tomar um chimarrão e ir no futuro para a festa dos Farroupilhas.
Agora ele já procura fantasiar saídas, e mais do que isto procurá‐las fora de si,
levando em conta o seu ser, suas características, mas também a realidade
externa.
Ou como disse o nosso Ulisses: “estou fisicamente quebrado, mas me sinto
vivo por dentro. Acho que agora eu estou decidindo as minhas coisas”. Ou como
ele tinha sonhado: “eu me desamarrei...”.
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Para isto ele já tinha dentro de si a mãe analista que nos momentos de
maior precisão e incapacidade tinha compartilhado suas dificuldades. Isto no
conversar, brincar, na busca de adaptações realistas, criativas, levando em conta
a existência de sí e dos outros.
Ou como estava escrito no cartão quando ele interrompeu a análise “Há
pessoas que passam em nossas vidas e deixam um pouco de si. Outros levam um
pouco de nós. Porém existem aqueles que sempre permanecem”.
Concluímos que psicanaliticamente usando um referencial Winnicottiano é
possível analisar pacientes psicóticos e aqueles muito concretos, dissociados, com
dificuldade de comunicação emocional.
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