Paulo Faria e Altina Ramos ticLINGUAS2010

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As Tecnologias e o Ensino do Português: Uma Leitura do Novo Programa de Português do Ensino Básico

Paulo Manuel FariaAltina Ramos

Universidade do Minho - BragaDezembro de 2010

Fazer era o grande verbo humano, aquele que claramente tinha separado o homem da formiga, do cão, ou das plantas: os seus fazeres eram gigantescos, poderosos; nunca imortais mas bem mais permanentes que qualquer outra construção de qualquer outra espécie”.

Gonçalo M. Tavares, Aprender a rezar na Era da Técnica, p. 49.

3. Expectativas e circunstâncias do surgimento dos novos Programas de Português.

2. O lugar e a função das TIC nos novos Programas - Eixos de Actuação:

• E1 – Literacias Múltiplas;• E2 - Pesquisa e os direitos de autor;• E3 - Procedimental: operacionalização em cada um dos

ciclos.

3. A essência é estarmos ligados.

Por que surgem os novos Programas de Português?

1. Expectativas e circunstâncias do surgimento dos novos Programas de Português

“O ensino do Português desenrola-se hoje num cenário que apresenta diferenças substanciais, relativamente ao início dos anos 90 do século passado. Exemplo flagrante disso: a projecção, no processo de aprendizagem do idioma, das ferramentas e das linguagens facultadas pelas chamadas tecnologia da informação e comunicação, associadas a procedimentos de escrita e de leitura de textos electrónicos e à disseminação da Internet e das comunicações em rede”. (p.5)

2. O lugar e a abordagem das TIC nos novos Programas - Eixos de Actuação

E1 – Literacias Múltiplas E2 - Pesquisa e os direitos de autorE3 - Procedimental: operacionalização em cada um dos ciclos

E1 – Literacias Múltiplas

“Convém ter em conta que a existência de novos cenários, linguagens e suportes para o acesso à informação exige o domínio de literacias múltiplas, nomeadamente, a literacia informacional (associada às tecnologias de informação e comunicação) e a literacia visual (leitura de imagens). Este facto torna imprescindível, desde cedo, a convivência com diferentes suportes e com diferentes linguagens”. (p.63)

Literacias Múltiplas – multimodalidade.

Vivemos tempos de profunda transformação nas práticas de comunicação, com a linguagem visual a ganhar espaços de significação que outrora eram propriedade da linguagem verbal.

Multimodalidade: esta palavra consta dos NPP.No mesmo meio ou suporte encontramos dois ou mais meios de comunicação. Veja-se que interagimos diariamente com dispositivos electrónicos através pela leitura de símbolos e ícones. (Gouveia, 2009).

E1 – Literacias Múltiplas

E2 - Pesquisa e os direitos de autorE3 - Procedimental: operacionalização em cada um dos ciclos

“Outra área onde se espera que a biblioteca – como a escola em geral – desempenhe um papel relevante é a da implementação do uso das TIC, tendo em vista a criação de hábitos de pesquisa e o desenvolvimento de competências que permitam a todos aceder à informação em diferentes suportes e linguagens.

“Ler (…) na web, requer capacidades para decifrar uma possível complexidade na relação entre as diferentes páginas [links hipertextuais], para além das capacidades convencionais inerentes à linearidade da prosa de cada página” (Bolter, 1998).

“No que respeita ao acesso à Internet, os alunos terão de aprender, desde cedo, regras básicas de segurança e de comportamento ético, principalmente no que diz respeito às questões de autoria da informação.” (p. 67)

E1 – Literacias Múltiplas E2 - Pesquisa e os direitos de autorE3 - Procedimental: operacionalização em cada um dos ciclos

“A escola do 1.º ciclo deve, assim, constituir-se como um contexto favorável ao desenvolvimento de literacias múltiplas, nomeadamente na leitura, na escrita e nas tecnologias de informação e comunicação”. (p. 66)

Resultados esperados no final do 2.º ciclo

“Utilizar com autonomia processos de planificação, textualização e revisão, com recurso a instrumentos de apoio e ferramentas informáticas”. (p. 77)

“O trabalho de alfabetização deve acontecer, cada vez mais, em comunidades de escrita onde alunos e professor mantêm uma espécie de conversação ao longo do tempo decorrente de uma continuada actividade intertextual. Esta pode acontecer em espaços comuns e em relação virtual” (Niza, 2005).

“Em contexto escolar, como na sociedade em geral, os alunos deparam com quadros comunicativos que implicam combinatórias de diferentes modalidades textuais, tal como, no interior de um mesmo texto, com diferentes sequências.

Esta circunstância, que exige o domínio de literacias múltiplas, nomeadamente a literacia visual (com suporte nas imagens) e, de uma maneira geral, a tecnológica (TIC), deve ser instituída enquanto critério ao serviço da diversidade textual”. (p.101)

Considera-se fundamental que neste ciclo se dê continuidade a práticas que instituam a turma enquanto comunidade de leitores, intérpretes e divulgadores de textos, com recurso frequente aos meios tecnológicos e informáticos disponíveis, num espectro de linguagens muito alargado, com a consequente compreensão e valoração do seu papel social e cultural (p. 102).

Assim, importa dar ao aluno oportunidades para:

i) Utilizar criticamente a Internet na busca e no tratamento de informação multimodal, em função de diferentes objectivos de estudo;

ii) Utilizar programas informáticos tendo em vista uma apresentação cuidada de trabalhos;

iii) Utilizar programas de processamento e edição de texto para as tarefas de revisão da escrita;

iv) Trocar e partilhar informação por via electrónica, respeitando regras de comportamento no uso da Internet;

v) Ser crítico, relativamente ao uso das TIC no acesso à informação, na resolução de problemas ou na produção de trabalho criativo (p.109).

Resultados esperados no 3.º ciclo

“Na concretização destes percursos, é fundamental consolidar a apropriação de estratégias e o domínio dos instrumentos de acesso à informação, tendo em vista uma utilização autónoma e criteriosa das tecnologias da informação e comunicação”.

“Participação na construção de utensílios (quadros-síntese, mapas conceptuais) para sistematizar e registar a informação de modo estruturado, metódico e progressivo, nomeadamente com recurso a ferramentas tecnológicas”. (p.152)

“A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação deve ser favorecida como ferramenta de aprendizagem, como recurso documental para acesso à informação, na resolução de problemas ou como auxiliar na elaboração de trabalhos”. (p.153)

• O uso crítico das TIC na selecção e na avaliação da informação obtida;

• O respeito pelas regras éticas no uso da informação pesquisada;

iii) A utilização crítica e criativa das potencialidades das TIC na produção, revisão, correcção e comunicação de trabalhos. (p.154)

3. A essência é estarmos ligados.

“Com o aparecimento da Web 2.0, a facilidade em publicar online, contactar e estar em comunidade aumentou de uma forma impensável há alguns anos atrás. [...]. E, por toda essa evolução tecnológica interactiva, ensinar na geração Net (Tapscott, 1998) como se fosse a geração do papel, aumenta o desfasamento entre a escola e o meio circundante" (Carvalho & Aguiar, 2010).

Referências Bibliográficas

AAVV (2007). Conferência Intenacional sobre o Ensino do Português: Ministério da educação

Bolter, Jay David (1998). HyperText and the Question of Visual Literacy; texto do livro Handbook of literacy and technology: transformations in a post-typographic world de David Reinking.

Carvalho A.; Aguiar C. (2010). Podcasts para Ensinar e Aprender em Contexto. Col. Practicum. Santo Tirso.

Programa de Português para o ensino Básico. 2009. Ministério da Educação:DGIDC.

Niza, S. (coord.) (1998). Criar o gosto pela escrita. Lisboa: Ministério da Educação