Post on 10-Jul-2015
Paulo, o judeu
entendendo as cartas paulinas
em perspectiva judaica
EXPERIÊNCIA MÍSTICA COM CRISTO
1. Introdução:
- Quanto mais tempo distante da
experiência, mais a pessoa aprende o
significado social do que se passou.
- o passado é reavaliado a partir do significado
- Paulo sobre seu passado: influenciado pelos
seus compromissos presentes
- Lucas enfatiza o indivíduo convertido por
poderes sobre os quais ele não tem controle
- Paulo focaliza a dimensão social da
experiência de conversão como indivíduo que
desenvolve um novo mundo de significado a
partir de sua entrada num novo grupo.
2. Contexto histórico no qual Paulo fez sua
experiência mística com o Ressuscitado
- Durante o período helenista (iniciado em 333
aC), a sociedade israelita se dividiu em seitas
(facções) que diferiam sobre várias questões
- Essas seitas competiam ferozmente entre si
- Nessa atmosfera a conversão religiosa era
tão comum quanto hoje
- Na migração entre seitas estava a busca
religiosa pessoal
- O relato de Paulo sobre a experiência mística
deve considerar os fenômenos religiosos
judaicos e greco-romanos de seu tempo.
3. Os relatos de Paulo sobre a experiência
mística dele (p. 69-130):
- Paulo é tanto um convertido quanto um
místico e o misticismo na Judéia do primeiro
século era apocalíptico.
- Paulo é o único místico apocalíptico, no
primeiro século, cujo escrito confessional e
pessoal chegou até nós (p. 94, 99-100)
- Escassez de textos: rabinos proibiram a
discussão pública do fenômeno místico (p. 111).
- Paulo relata viagens celestiais nas quais
segredos lhe são revelados
- Ele acredita que sua salvação se encontra em
uma identificação corpo com seu Salvador.
- embora enfatize uma vida de disciplina
espiritual, ao invés de um único evento
- Em 2 Cor 12,1-9, ele descreve essa
experiência:
→ não é para gabar-se, “um homem”: retórica
exige modéstia, trata-se de Paulo mesmo;
→ é um apocalipse (revelação);
→ há quatorze anos;
→ terceiro céu;
→ no corpo ou fora do corpo: não é um
transporte físico (p. 78), mas uma jornada por
meio de um corpo espiritual (p. 95).
→ ouviu informações secretas (p. 71-73)
- É possível que esse texto de 2Cor 12 registre
a experiência de conversão original de Paulo (p.
73), embora não a descreva definitivamente
(p.74).
- Apocalipticismo e misticismo tem sido tratados
como categorias separadas. Mas textos
místicos judaicos estão repletos de apocalipses.
- A literatura apocalíptica antiga é baseada em
visões , havia práticas especiais para alcançá-
las (p.103).
- A imagem central do misticismo judaico (Ez 1)
é a glória de Deus em forma humana (p. 100-
101) no trono-carruagem (merkabah).
- daí se derivou a figura do filho do homem no
apocalipticismo, como uma figura angélica
(chefe dos anjos)
- A experiência de Paulo é diferente da de
outros místicos judeus porque ele identifica
essa figura com Cristo (p. 110).
- O resultado da jornada celeste: identificação
de Cristo com a glória de Deus (p. 115).
- O apostolado de Paulo, que é um chamado
profético, é proclamar que a face de Cristo é a
glória de Deus.
- A legitimidade do apostolado de Paulo está
nesta revelação que recebeu (p. 129).
- Nas jornadas celestiais geralmente aparece o
tema da transformação angelical.
- A transformação da pessoa é feita à
semelhança de uma mudança de veste, é uma
metamorfose (p. 94).
- A transformação de alguém em seu estado
imortal é descrita como esse alguém se
tornando uma figura angélica (p. 96).
- A discussão mais longa de Paulo sobre esses
temas acontece em 2 Cor 3,18–4,6:
→ refletimos como num espelho a glória do
Senhor
→ somos transfigurados nessa mesma imagem
(p. 112-121).
- Daqui se inicia a transformação como evento
contínuo que culminará na Parusia.
- Havia cristãos cuja fé em Jesus somente
completou suas crenças anteriores, no
judaísmo.
- Paulo é um fariseu cuja fé em Cristo
transformou seu judaísmo, e mais ainda, sua
conversão faz uma diferença palpável em seu
cristianismo, criando uma nova compreensão
sobre a missão de Jesus (p. 130).
4. A conversão na sociedade de Paulo (p.
131-194):
- Paulo falou dos estados internos através de
vocabulários proféticos, extáticos ou
místicos, que se aproximam dos termos
modernos da conversão.
- A expressão que Paulo mais usa nos seus
escritos para descrever essa experiência é
transformação.
- No judaísmo (e depois no cristianismo), a
conversão era uma escolha nova para uma
ressocialização :
- devido a uma falta encontrada no mundo;
- Resultando na construção de uma nova
estrutura de identidade a partir do novo grupo;
- o convertido não tinha amnésia, mas dava
novo significado a tudo que havia conhecido;
- a conversão inicia um processo de
compromisso com o grupo
- A conversão gradual era o padrão típico e
esperado, pedagogicamente as seitas
ofereciam suas verdades.
- O cristianismo não foi a única seita judaica a
fazer “proselitismo”, seu estilo “proselitista”
estava enraizado no judaísmo, embora tenha
feito missão mais que todas as outras seitas
- os outros grupos: pouco interessadas numa
missão gentílica,se limitavam a judeus de
outras seitas.
- As primeiras lições que os prosélitos recebiam
eram desprezar os deuses.
- O judaísmo foi acusado de intolerância, ou
seja, de provocar antipatriotismo e desamor às
famílias.
- Por isso os judeus tentavam provar
superioridade moral através de regras de
comportamento.
- Dentre os judeus helenistas exigiam apenas
ritos simbólicos da vida judaica em geral e não
representativos de um ritual específico de
conversão
- O apócrifo José e Asenath é o modelo do
proselitismo no mundo helenista.