Pe Diabetico

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Enfermagem

Pé Diabético: Proposta deum Protocolo para Avaliação

de Enfermagem(1ª Parte)

Vania Maria de Araújo Giaretta1 · Rivanda Maria de Toledo Santos2

Alessandra de Sousa Pereira3 · Shirley Silva Zorzam3 · Welington Carlos de Sousa3Profa. Dra. Maria Belén Salazar Posso4

RESUMO

iabetes  mellitus  é  odistúrbio metabólico

caracterizado por ní-

veis elevados de glicose no

sangue, ou seja, hiperglice-

mia, resultante da deficiência

na secreção de insulina e/ou

na  ação  desta,  causando,

que já está sendo efetivada e será a 2ª parte

deste trabalho.

Palavras-chave: Neuropatia diabética,

Pé diabético, Cinesiologia dos pés,

Sensibilidade, Prevenção.

INTRODUÇÃO

O conhecimento anatomofisiológico dos pés e

Ana Lúcia G. G. de Sant`anna(à esq.), Profa. Dra. MariaBelén S. Posso e  Vania Mariade A. Giaretta.

além de outros problemas, perda da sensibilida-

de nos pés, podendo levar às grandes infecções,

a  amputação  de  artelhos  e  pés  que  levam  adeformações.  O  objetivo  desta  pesquisa  é  aelaboração de um protocolo para Sistematização

da Assistência de Enfermagem (SAE), fornecen-

unhas é de suma importância para determinar as

alterações e anormalidades que possam ocorrer

nessas estruturas. Anatomicamente o pé é cons-

tituído por 33 articulações, 66 ossos, que se sub-

dividem em ossos do tarso, metatarso e falanges.

Também inclui-se nessa constituição o tornozelo.

do subsídios que possam facilitar a ação dos (1-4) Os pés são inervados por nervos periféricos,

enfermeiros e acadêmicos de enfermagem na

avaliação e controle de problemas como a neu-

ropatia diabética. Este protocolo para avaliação

do pé diabético foi constituído de 4 partes (1-

Caracterização do cliente; 2- Condições físicas

do cliente; 3- Intervenções de enfermagem; 4-

Evolução de enfermagem). A perspectiva futura

deste trabalho será a validação do protocolo,

1 - Mestre em Engenharia Biomédica pela UNIVAP. Docente do Curso de Enfermagem

da FCS da UNIVAP.2 - Enfermeira Estomaterapeuta pela UNITAU.3 - Enfermeiros pela UNIVAP.4 - Doutora em Enfermagem pela USP. Docente e Assessora Pedagógica do Curso de

Enfermagem da FCS - UNIVAP e Coordenadora do Curso de Enfermagem da FM ABC.

74  Prática Hospitalar · Ano X · Nº 60 · Nov-Dez/

2008

ou seja, o sural, o safeno e o fibular.(5,6)

A pele que reveste todo o organismo, ob-

viamente incluindo o pé, possui mecanorrecep-

tores, os corpúsculos de Pacini, que se situam

profundamente na derme e são responsáveis

pela sensibilidade vibratória, percebendo estímu-

los mecânicos rápidos e repetitivos; o corpúsculo

de Ruffini encontrado nas papilas dérmicas éresponsável  pela  sensibilidade  térmica,  e  os

corpúsculos de Meissner, que se localizam nas

papilas dérmicas.(3,6)

A unha, anexo cutâneo queratinizado, espe-

cializado, tem a função de proteção, preensão,

sustentação, agressão e sensibilidade. É cons-

tituída de lâmina ungueal, matriz ungueal,

leito ungueal, eponíquio, hiponíquio, pre-

gas periungueais, prega supra-ungueal,

sulco ungueal e lúnula.(2,6,7)

Essas estruturas são muito suscetí-

veis às alterações e anormalidades nos

indivíduos portadores de diabetes melli-

tus (DM), que é um distúrbio metabólico

caracterizado por níveis elevados de gli-

cose no sangue, ou seja, a hiperglicemia,

resultante de deficiência na secreção de

insulina  e/ou  na  ação  desta.(8-10)  O  DM

pode classificar-se em: tipo 1 (insulino-

dependente), tipo 2 (não-insulino-depen-

dente), gestacional e associada a outras

A elevação crônicadas taxas de glicosepor muitos anospode gerar sérios

problemas à saúde,surgindo alteraçõesnos vasos sangüíneose, conseqüentemente,complicações crônicas

e sempre utilizar o próprio material de hi-

gienização e cuidado com as mesmas ou

procurar um podólogo.(9,12,16,18)

Toda  essa  problemática  envolve  ocuidar do enfermeiro, que deve estar ca-

pacitado para realizar a Sistematização da

Assistência de Enfermagem ao portador

de DM e desenvolver protocolos que as-

segurem a qualidade da assistência a esse

indivíduo, sua família e comunidade.

OBJETIVO

Proposta de protocolo para a avalia-

ção de enfermagem de pacientes com pé

condições ou síndromes.(8)

A elevação crônica das taxas de gli- caso de indivíduo portador de DM, quan-diabético ou suscetíveis.

cose por muitos anos pode gerar sérios

problemas à saúde, surgindo alterações

nos vasos sangüíneos e, conseqüente-

mente, complicações crônicas, sendo as

principais: A neuropatia diabética, que éo comprometimento das vias nervosas; aneuropatia periférica, que leva ao resseca-

mento aumentado ou ausência de sudore-

se (anidrose) dos membros, aumentando

o risco de desenvolvimento de úlceras nos

pés, e a neuropatia motora, que resulta em

atrofia muscular, levando às alterações no

formato do pé.(8-11)

A associação dessas principais com-

plicações do DM pode resultar em um pé

diabético, denominação dada a transtor-

nos tróficos ocorrentes na pele e estruturas

osteoarticulares, podendo levar a ulcera-

ção, infecção, gangrena e até a amputação

do pé.(13-15)

Assim, é importante realizar o exame

físico dos pés para a identificação de baixo

e alto risco para pé diabético. Os dados

coletados nesse exame podem identificar

sinais e sintomas, tais como dor, cãib

ras,

parestesias, eritemas, calosidades, defor-

mações, tanto nos pés como nas unhas,

dificuldade na marcha e equilíbrio, hip

er

ou hipotermia da pele, edema e o gra

u de

mobilidade dos pés, entre outros.(1,10-13,16)

Tais dados encontram ressonância em

Carpenito-Moyet,(17) especificamente, no

do define o diagnóstico de enfermagem

“Integridade da pele prejudicada “ como

o estado em que o indivíduo apresenta,

ou está em risco para apresentar, dano ao

tecido epidérmico e dérmico”, ainda que

está aliado “a risco para a integridade da

pele prejudicada relacionada à imobilidade

e dor aguda”, “à integridade tissular preju-

dicada, risco para infecção” associados àpotencialidade da solução de continuidade

da pele advinda dos transtornos do pé

diabético.

Esses  diagnósticos  de  enfermagem

permitem  planejar  intervenções  basea-

das  em  princípios  e  justificativas  que

direcionam para o controle da glicemia,

da pressão arterial, horário das refeições,

tipos e quantidade dos alimentos inge-

ridos, o correto uso dos medicamentos

prescritos,(8,14,16-18) entre outras. Também

contribuem para a prevenção daquelas

alterações identificadas e diagnosticadas:

a  realização  de  exercícios  físicos,  uso

de sapatos adequados, uso de itens do

__________________

________ ____________________

________ ____________________

________ __

____________   fermagem:______________ __

____________________________________

________ __

____________  magem:

________ ________________ __

________ ________________ __

vestuário, de preferência de algodão, uso

cuidadoso de aplicações quentes ou frias,

ou até mesmo evitá-las. Orientar e/ou dar

atenção  ao  auto-exame  diário  dos  pés

com ajuda de um espelho e não furtar-

se de procurar ajuda, se for o caso, de

um membro familiar para o auxílio nesse

exame e ao corte de unhas de forma reta

METODOLOGIA

Este  estudo  utilizou  a  metodologia

descritiva exploratória, por mais se ade-

quar à obtenção da propositura. A partir

de extensa revisão de literatura, particu-

larmente sobre pé diabético e construção

de protocolos, resultou na elaboração do

protocolo – SAE para indivíduos portado-

res de pé diabético.

O protocolo proposto é composto de

cinco itens com seus subitens, como pode

ser observado a seguir:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a elaboração desta proposta

verificou-se  a  importância  destacada

pela literatura nacional e internacional na

prevenção do pé diabético. Dentre todas

as literaturas consultadas obteve-se so-

mente  uma  com  ênfase  na  assistência

de  enfermagem  que  descrevesse  os

procedimentos  utilizados,  bem  como  amaneira  de  execução  do  exame  físico

voltado ao cliente com essa problemática

específica.

A  avaliação  e  assistência  de  en-

fermagem  do  pé  diabético  é  de  suma

importância  para  o  portador  de  DM,

pois,  se  não  avaliado  com  freqüência,

pode vir a apresentar deformidades que

Prática Hospitalar · Ano X · Nº 60 · Nov-Dez/2008   75

Enfermagem

Proposta de protocolo de avaliaçãode enfermagem do pé diabético 

emindivíduos portadoresde DM.

4- Hábit osNão

.

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_____

______ ______ ______Religião :______ ______ Presente Passado

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______ ______ Não

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Diabete s:dia

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Luzelé trica_______

_____ ___entosem uso:______________ 

______ ___ômicas: os ______ __ __ ______ 

______ ____________ ______ ____________ ______ 

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miliar: ______ ______ ______

Ou ______ ___Memb

______ __Diagnó sticoMé dico:_________ ______ ____________ ______ ______

__

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Etiolog iadafer ida:arterial  diabétic   neu

rotróúrg                                   fica

descama çãomaceraçã o   fissura                  

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__

__

__

durante o exame de prevenção pode não

ter  apresentado,  podendo  resultar  em

danos  sérios  para  os  mesmos.  Mesmo

pacientes diabéticos orientados e com-

pensados quando no domicílio, podem

esquecer-se  de  avaliar,  diariamente,  os

pés, sozinhos ou com ajuda, Porém, ao

comparecerem à unidade de saúde para

buscar medicações e realizar a consulta

de rotina, muitas vezes já estão presente

s

as alterações nos pés.

Baseados  nas  evidências  clíni

cas

vivenciadas e em dois autores pesquisa-

dos(12,13) pode-se inferir que a avaliação do

pé diabético é um fator preponderante na

prevenção de várias alterações, como adoença de Charcot, amputações, defor-

midades incapacitantes e, ainda, colabora

com a diminuição de custo do tratamento.

Vale  ressaltar  que  esta  avaliação  não

é  exclusiva  do  enfermeiro,  mas  sim  da

equipe de saúde, e este protocolo, mesmo

enfocando a assistência de enfermagem,

7-ExameFísicogeraledospés:

PA:_________ T:_________   Fc:________   FR:________Altura:____________Peso:____________IMC:_______________

Mobilidade:       Deambula           NãodeambulaDeambulacomauxílio:    Muleta           Bengala     Andador

CadeiradeRodas.Eliminações:FunçãoIntestinal:    Normal           Constipação        DiarréiaFunçãoUrinária:     Espontânea      Incontinência      RetençãoUrinária

CondiçõesdeHigienegeral:      Boa         Regular   Ruim

8-Examedospés:

CondiçõesdeHigienedospés:      Boa         Regular             Ruim

PeleIntegra:     Sim               Não___________________________

Coloraçãodapele:    pálida         vermelha               cianótica

Textura:      normal        lisa        áspera               fina

Temperatura:    diminuída         aumentada

Umidade:    anidrótica              hiperhidrótica         normal

Espessura:    atrófica                hipertrófica            normal

Tiposdecalçados:      pontaampla                    saltosde2a6cmdecouro                         pontaquadradasaltoscommaisde6cm       sintéticosandálias                        sapatofechadosapatoaberto

Tiposdemeias:________________________________________

CondiçõesdeHigienedosPés:    Boa         Regular                Ruim

Pés:

Calosidade:    caloduro____________      calomiliar______________calomole___________           calodemillet____________calodorsaldosartelhos______    calosubunguial__________caloperiunguial__________      calovascular____________caloneurovascular__________

Condiçõesdasunhas:      Limpas             Sujas

Aparadas:     Sim          Não             retas         curvas

Unhas:    escurecidas       descamante      brilhante     opaca

machucada      involuta

PatologiadasUnhas:    onicocriptose          paroníquiaonicomicose           leuconíquiaonicogrifose          coiloníquiaonicocólise            unhashipocráticasonicocauxia           onicorrexe                          Donicoatrofia           tíneapedis

Interdigitais:      úmido      macerado     fissura      exsudatoqueixadeprurido

Odor:_________________________________________________________

9-AvaliaçãoNeurológicadosMMII:

TiposdeMarcha:___________________

Testedesensibilidadevibratória(comDiapasão)

Direito                                               Esquerdo

preservado      diminuído          preservado      diminuído

Sensibilidadedolorosa

Direito                                               Esquerdo

preservado      diminuído          preservado      diminuído

Sensibilidadetérmica

     Calor                           preservado

o     Frio                             diminuído

Sensibilidadetátil

preservado         diminuído

MonofilamentodeSemmes-Weinstein

Positivo           Negativo

Testerotuliano:_________________________________________

TestedeAquileu:_______________________________________

10-AvaliaçãoVascular:

Manchaspigmentares:

hipocrômica     acrômica    hipercrômica

Pulsos:

Efemurais                         P:presentepoplíteos                         A:ausentefibular                           C:cheiotibial                             F:filiforme.pedioso

Perfusãoperiférica:

normal    vasoconstrito          vasodilatado

Edema:    sim___________       não

______________________________________________________________

pode vir a subsidiar outros, adequando-se

às especificidades da área de atividades

de cada profissional.

Também acredita-se que este trabalho

possa vir a subsidiar e facilitar a elaboração

da Sistematização da Assistência de En-

fermagem em todos os níveis de atenção

à saúde, no que tange ao cliente portador

de pé diabético. Daí o interesse em de-

senvolver este protocolo. Pode se inferir

também que a validação deste protocolo

modificado  ou  na  íntegra,  para  futura

aplicação e implantação, venha ampliar

e favorecer a prevenção. Essa validação,

2ª parte deste trabalho, já se encontra em

fase de execução. 

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Endereço para correspondência:R. Iperoig, 749 - apto 111 - PerdizesCEP 05016-000 - São Paulo - SP.

76  Prática Hospitalar · Ano X · Nº 60 · Nov-Dez/2008