Post on 30-Nov-2018
PESQUISAS SOBRE IDENTIDADES PROFISSIONAIS NO
TRABALHO DOCENTE: PERSPECTIVAS E CAMINHOS TEÓRICO-
METODOLÓGICOS
Este Painel reúne pesquisas, cujas discussões sobre construção de identidade
profissional docente incluem desde questões mais amplas, relativas ao processo de
produção das pesquisas sobre essa temática, passando pelo exame de bibliografia e
pesquisas recentes sobre perfil e identidade de alunos concluintes de curso de
Pedagogia, até a discussão de questões específicas sobre processos de reconfiguração
identitária de professores em exercício em escolas de educação básica. O primeiro
trabalho – A produção das pesquisas sobre construção de identidades profissionais no
trabalho docente – analisa resultados de pesquisas realizadas nos últimos anos 10 anos,
ao abrigo de Projeto de Pesquisa coletivo, pondo em destaque aspectos teórico-
metodológicos presentes no debate atual e na produção da pesquisa sobre o tema e
fatores intervenientes na construção das identidades docentes. O segundo texto –
Interfaces entre identidade profissional e didática: a pesquisa como elemento articulador
– propõe o diálogo entre identidade profissional e Didática, tendo como eixo pesquisas
bibliográfica e empírica sobre formação docente. Explicitam-se resultados de pesquisa
sobre formação/perfil de alunos concluintes de curso de Pedagogia, indicando
contribuições para o campo da Didática. A terceira pesquisa – A construção de retratos
sociológicos recuperando processos de socialização e reconfigurações identitárias de
professoras da educação básica – traz a construção de retratos sociológicos de
professoras da educação básica e seus processos de socialização, como metodologia
para análise das interações e reconfigurações identitárias que as professoras realizam
para responder aos desafios do cotidiano na sala de aula e na escola.
Palavras-chave: Identidade Profissional Docente. Professores em Formação e Em E,
Produção de Pesquisas
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3376ISSN 2177-336X
INTERFACES ENTRE IDENTIDADE PROFISSIONAL E DIDÁTICA:
A PESQUISA COMO ELEMENTO ARTICULADOR
Adriana Patrício Delgado – UNINOVE/SP
Resumo
O presente trabalho objetiva propor um diálogo entre dois campos do
conhecimento – identidade profissional e Didática – tendo como eixo interlocutor
pesquisas desenvolvidas no campo da formação docente, oriundas tanto de fonte
bibliográfica quanto empírica. Para tal o texto se estruturou em três partes. Em seu
início, propõe uma reflexão sobre a formação docente, com enfoque na identidade
profissional. Na sequência aponta o cenário recente de pesquisas no Brasil sobre
formação de professores, com base em dois descritores: “identidade docente no curso de
Pedagogia” e “alunos do curso de Pedagogia”. Em seguida, apresenta o percurso
metodológico referente ao mapeamento do perfil de 90 alunos concluintes do curso de
Pedagogia de uma instituição de ensino superior privada, localizada no município de
São Paulo. Cabe acrescentar que este estudo se fundamenta em um repertório teórico-
conceitual, de viés sociológico, com destaque a autores como Berger e Luckmann,
Dubar, Marcelo Garcia e Waillant. Por fim, são explicitados alguns resultados de
pesquisa empírica sobre o processo formativo dos alunos, sujeitos dessa pesquisa,
indicando contribuições para o campo da Didática - eixo central dos cursos de
licenciaturas.
Palavras-chave: Formação Docente. Identidade Profissional. Didática.
Introdução
Ao longo de anos exercendo a docência no ensino superior, em especial, no
curso de Pedagogia, pude deparar com inúmeras situações e vivenciar variadas
experiências, das quais emergiram inquietações e indagações relativas tanto ao que se
refere às práticas institucionais quanto às práticas dos professores formadores. Nesse
ínterim, os comportamentos e ações dos alunos em seu percurso formativo, sobretudo,
dos concluintes, chamaram muito minha atenção, despertando um interesse particular
expresso nos seguintes questionamentos: Que concepções os alunos constroem acerca
da docência no decurso da formação inicial? Há alterações nestas concepções, do
ingresso ao término do curso? Quais os impactos da Pedagogia, como primeira etapa
formativa, na construção da identidade profissional?
Focalizando estas concepções, segundo Roldão (2011) “[...] ainda é forte a
visão do professor como vocação, chamado ao magistério por um sentido de missão,
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3377ISSN 2177-336X
imagem compreensível diante do passado da atividade, então associada à missionação
[...]” (p.21). Em posição contrária a este tipo de concepção a autora defende que a
docência assuma seu estatuto de profissionalidade, superando conotações militantes,
vocacionais ou míticas, ainda tão arraigadas no imaginário de alunos e professores.
Já, para Libâneo (2002), ao se falar em curso de Pedagogia, de imediato, se
pensa em modos de ensinar, pois se “[...] estuda ou se serve da pedagogia para ensinar
melhor a matéria, a utilizar técnicas de ensino [...]” (p. 62). O mesmo autor também
aponta a origem do termo pedagogia (peda – que vem do termo grego paidós, que
significa criança), de modo que quem se torna responsável pelo ensino das crianças é o
pedagogo. Disso decorre a caracterização da Pedagogia como um curso voltado à
formação de profissionais que ensinam crianças e, por conseguinte, o mito que circunda
os alunos que ingressam nesta área que “para fazer este curso é preciso gostar de
crianças”.
Não há dúvidas e, tampouco se coloca em discussão, a relevância da
afetividade na relação pedagógica entre professor-aluno, contanto que o curso de
formação conceba a afetividade como algo que transcenda a crença de que “gostar de
crianças”, por si só, seja suficiente para o exercício da prática profissional. Afinal, é
preciso superar, como bem diz Severino (2006), “[...] a ideia medíocre do senso comum
de que a educação de crianças é tarefa simples, rotineira, para a qual não se exige nada
além de um curto treinamento didático” (p. 62).
Frente ao exposto até o momento é notória a necessidade de que tais
concepções sobre docência – vocação, ato missionário ou “gostar de crianças” como
condição suficiente para uma prática docente desejável – sejam devidamente
problematizadas e discutidas ao longo do percurso formativo dos professores, com
vistas à desnaturalizá-las. Para tal, a Didática, como uma das disciplinas que compõem
o currículo do curso de Pedagogia, se coloca como central ao focalizar em seus estudos
a formação profissional docente.
Na busca em entender estas questões acerca da formação docente, suas
interfaces com a identidade profissional e, por conseguinte, com o campo da Didática,
realizou-se um levantamento bibliográfico no Portal CAPES, nos níveis Mestrado e
Doutorado, utilizando dois descritores: “alunos do curso de Pedagogia” e “identidade
docente no curso de Pedagogia”. Por meio desse levantamento se constatou um número
significativo de pesquisas voltadas ao descritor “alunos do curso de Pedagogia”,
entretanto observou-se um percentual mais reduzido em relação às pesquisas
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3378ISSN 2177-336X
relacionadas à “identidade docente”, especialmente, àquelas cujos estudos evidenciaram
o aluno do curso de Pedagogia em sua trajetória formativa.
Objetiva-se com este trabalho, por meio dos dados de fonte bibliográfica
(estudos teóricos sobre identidade profissional e mapeamento de pesquisas na área) e de
fonte empírica (questionário, entrevista e produção escrita de 90 alunos concluintes de
curso de Pedagogia de uma universidade particular de grande porte do município de São
Paulo) estabelecer um ponto de diálogo entre formação docente, procedimentos de
pesquisa e Didática.
A identidade profissional docente como objeto de estudo
Ao falar em identidade docente, Vaillant (2007) aponta que esta não surge
repentinamente, como consequência de um título profissional, mas sim como algo
construído pelas e nas relações antes, durante e após o curso de formação, em um
processo que é tanto individual quanto coletivo.
Além de Vaillant (2007), outros estudiosos desse tema, como Dubar (1997) e
Marcelo Garcia (2009), sinalizam em suas produções que não há uma única identidade
docente, mas sim uma diversidade de identidades docentes. Nesse sentido, as
experiências pessoais, formativas e profissionais que constituem os processos de
socialização primária e secundária, segundo Berger e Luckmann (2012), consistem em
um dos fatores que incidem diretamente na construção dessas identidades e o curso de
graduação, por sua vez, como parte integrante da socialização secundária, representa um
momento significativo no processo de construção da identidade profissional docente.
Dessa forma, configuram-se como conceitos balizadores dos estudos de
formação de professores deste trabalho – os processos de socialização; identidade
profissional; e desenvolvimento profissional docente – a serem abordados,
respectivamente, pelos seguintes estudiosos, fundamentando pesquisas na área: Berger e
Luckmann (2012) – para compreensão dos conceitos socialização primária e
secundária; Dubar (1997) – para discussão do processo de construção da identidade
profissional a partir dos dois processos identitários fundamentais: o biográfico e o
relacional; e, por fim, Marcelo Garcia (2009) – para compreensão das relações entre
desenvolvimento profissional e identidade docente.
Assim, ao estudar as identidades construídas durante a formação inicial, é
preciso considerar três dimensões fulcrais que interferem diretamente na construção
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3379ISSN 2177-336X
identitária do futuro pedagogo. A primeira refere-se à dimensão legal que caracteriza o
contexto histórico em meio às políticas sobre formação de professores.
Sabe-se que a história do curso de Pedagogia desvela um percurso marcado por
indefinições e dissensos, observados tanto no âmbito legal, que implicou em diferentes
formas de organização curricular e temporal do curso, quanto devido aos intensos e
constantes debates sobre formação de professores, em especial, referente às atribuições
e campos de atuação do pedagogo. Desde a década de 1940, ou seja, do momento de sua
criação (1939), o curso de Pedagogia vem sendo objeto de estudo de muitas pesquisas e,
ao longo dessas décadas, algumas questões ainda se encontram em debate, tais como:
Qual o campo profissional do egresso do curso de Pedagogia? O curso de Pedagogia
terá como objetivo a formação de um profissional especialista ou generalista? Trata-se
de um curso de bacharelado, licenciatura ou os dois simultaneamente?
Deste modo, o percurso histórico do curso de Pedagogia e, em paralelo da
profissão docente, situando as políticas educacionais na interface com a conjuntura
socioeconômica vigente, constitui um aspecto que interfere, sobremaneira, na
construção identitária dos professores em formação por incidir nos modos como as
IES’s – Instituições de Ensino Superior - organizam seus cursos.
Com base no contexto histórico-legal, depreende-se a necessidade de
considerar a cultura da instituição formadora como outro elemento constitutivo da
identidade profissional durante o percurso da formação inicial. Trata-se aqui da segunda
dimensão, intitulada institucional.
Compõe a dimensão institucional, a cultura da instituição formadora que
envolve suas práticas didático-pedagógicas e avaliativas, a relação professor-aluno, a
gestão e o Projeto Pedagógico incluindo os seguintes elementos: matriz curricular,
corpo docente, planos de ensino (seleção e forma dos conteúdos a serem ensinados),
estágios, projetos de pesquisa e extensão e, por fim, o perfil do egresso esperado.
Assim, o tipo de cultura que permeia a instituição formadora, constitui mais um
aspecto interveniente na construção da identidade profissional do aluno em formação.
Logo, se a cultura institucional e a cultura do curso, forem marcadas por práticas pouco
reflexivas e críticas, mais orais do que escritas, é bem possível que prevaleça nos
alunos, futuros professores, as concepções advindas do senso comum, voltadas, em sua
maioria, a uma visão “romantizada, mítica e cuidadora” da docência.
E, por último, a dimensão pessoal, que engloba os processos de socialização,
advindos de experiências e vivências pessoais e profissionais anteriores ao ingresso no
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3380ISSN 2177-336X
curso de formação (logo, acríticas), constituindo-se, deste modo, outro elemento
interveniente na construção da identidade profissional do pedagogo.
Mapeando pesquisas sobre formação docente: fonte bibliográfica
Neste levantamento bibliográfico apresenta-se um balanço da produção
acadêmica disponível no Banco de Dissertações e Teses da CAPES, no período de 2001
a 2010 – primeira década do século XXI. A definição deste período levou em
consideração a fase de discussão, promulgação e implantação da Resolução n. 01/2006.
As pesquisas identificadas no levantamento bibliográfico, até o ano de 2006,
tiveram como sujeitos os alunos do curso de Pedagogia formados para áreas específicas
de atuação em função das habilitações, o que alternava seu campo de ação, a saber:
Pedagogia – Habilitação em Educação Infantil, Pedagogia – Habilitação nos Anos
Iniciais, Curso Normal Superior e Licenciatura em Pedagogia.
Todavia, após o ano de 2006, com base no que estabelece a Resolução n.01 do
CNE, essa formação sofreu alterações, ressoando nas pesquisas realizadas nos anos
subsequentes à sua promulgação, como demostram os dados coletados no Banco de
Teses e Dissertações da CAPES. Diante deste cenário, o ano de 2006 se tornou um
marco para o levantamento bibliográfico desta pesquisa.
As Tabelas 01 e 02, a seguir, reúnem as informações sobre o número de Teses
e Dissertações encontradas e selecionadas, tendo como referência dois descritores:
Alunos do Curso de Pedagogia e Identidade Docente no Curso de Pedagogia.
Tabela 01: Teses e Dissertações obtidas com odescritor - Alunos do curso de Pedagogia
Ano Dissertações
encontradas
Dissertações
selecionadas
Teses
encont
radas
Teses
selecio
nadas
2001 06 02 01 00
2002 07 02 01 00
2003 05 02 01 00
2004 180 10 01 01
2005 13 03 02 00
2006 259 13 62 05
2007 06 01 03 00
2008 09 02 57 03
2009 16 04 04 00
2010 00 00 00 00
Tota
l = 48
501 39 132 09
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3381ISSN 2177-336X
Fonte: Banco de Teses e Dissertações da CAPES (2001 a 2010) – organizada pela autora.
Tabela 02: Teses e Dissertações obtidas com o descritor – Identidade Docente no curso de
Pedagogia
Ano Dissertações
encontradas
Dissertações
selecionadas
Teses
encontr
adas
Teses
selecion
adas
2001 09 00 02 00
2002 09 03 01 00
2003 07 02 03 00
2004 07 03 04 00
2005 10 02 02 00
2006 10 01 08 00
2007 10 02 09 00
2008 10 00 10 00
2009 10 00 04 00
2010 23 05 07 01
Total
= 19
105 18 50 01
Fonte: Banco de Teses e Dissertações da CAPES (2001 a 2010) – organizada pela autora
Com base nas Tabelas 01 e 02, observa-se que após o ano de 2006 houve um
aumento de pesquisas relativas ao curso de Pedagogia, tanto no nível de Mestrado
quanto de Doutorado, comparativamente aos anos anteriores. Constata-se também um
número significativo de estudos (como indicado na Tabela 01) voltado ao descritor -
Alunos do Curso de Pedagogia; já em relação às pesquisas arroladas à Identidade
Docente no Curso de Pedagogia (Tabela 02) há um percentual mais reduzido, o que
aviva a relevância de se desenvolver estudos sobre identidade profissional que
focalizem o aluno em formação.
É importante dizer que, muitas das pesquisas identificadas pelos descritores
utilizados não foram selecionadas por tratarem de temas díspares que não estabeleciam
relação direta com o foco deste estudo, dentre elas: - estudos sobre outros cursos de
Licenciatura (em especial: Educação Física, Matemática, Biologia e Letras); - ensino de
inglês em cursos superiores; - educação musical; - educação especial; - educação à
distância; - trajetória de professores bem sucedidos no ensino superior; - formação
didático-pedagógica do docente no ensino superior; - formação continuada; - papel do
professor supervisor; - formação do professor de espanhol; - processo de aligeiramento
da formação docente; - identidade docente e o MST; - estudos sobre alunos com mais de
60 anos em cursos de Licenciatura; - competências do pedagogo na gestão educacional;
- resgate da função e imagem do orientador educacional; - novas tecnologias; -
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3382ISSN 2177-336X
síndrome de Burnout; e - imaginários docentes sobre o ensino da Língua Portuguesa nos
processos formativos e na prática pedagógica.
Em ambos os descritores, foram também registradas pesquisas com temas
distantes das discussões relativas ao âmbito escolar, dentre elas: cursos de bacharelado
(como: Psicologia, Enfermagem, Medicina, Administração e Fisioterapia); formação de
soldados; docência na policia militar; conceito de competência para ingresso; e fixação
do profissional no mercado de trabalho.
A partir da leitura dos resumos, tendo como referência o descritor – Alunos do
Curso de Pedagogia – foi possível identificar que boa parte não fez referência aos
aportes teóricos e, aqueles que o fizeram, destacam-se os seguintes autores: Stuart Hall,
Stephen Ball, Vygotsky, Edgar Morin, Laurence Bardin, Boaventura de Souza Santos,
Michel de Certeau, Antônio Flávio Moreira, Tomaz Tadeu da Silva, Michel Apple,
Henry Giroux, Ivor Goodson, Donaldo Schön, Selma Garrido Pimenta, Maurice Tardif,
José Carlos Libâneo, Marli André, Maria das Graças Mizukami, Paulo Freire, Miguel
Arroyo, Antônio Nóvoa e Henry Wallon. No tocante ao descritor - Identidade Docente
no Curso de Pedagogia – em sua maioria os resumos também não indicam o referencial
teórico utilizado para o desenvolvimento das pesquisas. Nos poucos resumos em que foi
identificada a referência bibliográfica, evidenciam-se os seguintes autores: Iria
Brzezinski, Leonor Tanuri, Antônio Nóvoa, Bernadete Gatti, Isabel Alarcão, Maria do
Céu Roldão, Tadeu Silva, Gimeno Sacristán, Maurice Tardif, Liston e Zeichner, Marli
André, José Pacheco, Bernard Charlot, Menga Lüdke, Carlos Marcelo Garcia, Francisco
Imbérnon.
No que tange aos procedimentos metodológicos adotados nas pesquisas e
mencionados nos resumos, observou-se o predomínio da abordagem qualitativa por
meio de instrumentos, como: entrevistas, questionários, análise de documentos e
depoimentos.
A Tabela 03 indica os temas destacados nas pesquisas relativas aos dois
descritores já mencionados, os quais foram organizados em blocos temáticos para
facilitar a construção e apresentação dos dados.
Tabela 03: Focos específicos e questões abordadas nas pesquisas sobre alunos do curso de
Pedagogia/ formação de professores (2001 a 2010)
Temas Abordados Freq
uência
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3383ISSN 2177-336X
Estágio supervisionado, didática e prática de ensino
Aprendizagens da docência pelas próprias experiências
Relação teoria e prática/ formação e experiências profissionais
Representações dos alunos sobre a docência e a profissão docente
Carreira docente e primeiras experiências profissionais
Organização do trabalho pedagógico e avaliação de aprendizagem
Aspectos do currículo e saberes da docência
Dimensão estética de professores egressos
Dimensão afetiva na formação dos professores
Aspectos históricos do curso de Pedagogia no Brasil
Concepções e narrativas de aprendizagem
Expectativas das licenciadas em relação ao curso e motivos de
escolha
Feminização do magistério e discussão de gênero
Experiências educativas anteriores ao ingresso no curso de
Pedagogia
Relação professor-aluno a partir do conceito de
interdisciplinaridade
Identidade profissional (atribuída e construída/ individual e
coletiva)
Interfaces das políticas na organização dos cursos
Cultura escolar e cultura docente
Pedagogo reflexivo
Práticas de pesquisa
Formação do gestor
17
01
02
04
01
02
07
01
03
01
04
01
02
01
01
09
01
01
01
01
01
TOTAL:
62*
Fonte: Tabela elaborada a partir dos dados obtidos no levantamento no Banco de Teses e
Dissertações da CAPES: organizada pela autora. *Obs.: Este total não se refere ao número de Teses e
Dissertações selecionadas (51), mas sim ao número de vezes em que os Blocos / temas foram
identificados nos resumos.
Foi possível identificar que o maior número de pesquisas está voltado para
temas relativos ao “Estágio Supervisionado, Didática e Prática de Ensino”, disciplinas
que estão presentes amiúde na Matriz Curricular dos cursos de Pedagogia e das demais
licenciaturas. Os outros dois temas de destaque referem-se à “Identidade Profissional”
(abordada em diferentes enfoques) e aos “Aspectos do Currículo e Saberes da
Docência” – devidamente negritados na Tabela 03.
Em relação ao descritor – Identidade Docente no Curso de Pedagogia –
observa-se, com base no levantamento feito, que os sujeitos pesquisados alternam-se
entre: estudantes do curso de Pedagogia (formação inicial) e egressos (professores em
exercício no campo profissional). Dentre os focos de pesquisa que abordam a
construção da identidade profissional docente destacam-se: relação das dimensões
pessoais e profissionais; relação currículo e cultura; estágio supervisionado; saberes
da docência; relação entre os saberes da escola e da Universidade; formação inicial e
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3384ISSN 2177-336X
continuada; “crise de identidade” decorrente das inúmeras atribuições delegadas ao
pedagogo após a promulgação das DCN’s e um trabalho que abordou a identidade do
gestor educacional.
Alicerçado nos dados apresentados pôde-se verificar, na primeira década do
século XXI, um número não expressivo de pesquisas voltado ao tema identidade
docente, sobretudo, sob o enfoque do licenciando. Condição esta que sinaliza a
necessidade de mais pesquisas acerca deste tema, as concepções dos alunos no que
tange sua trajetória formativa ao longo do curso de graduação.
Tendo em vista contribuir com as pesquisas sobre formação de professores, o
interesse investigativo deste trabalho situa-se na área dos estudos de ensino superior
área da formação inicial docente, constituindo-se sujeitos de pesquisa os alunos
concluintes do curso de Pedagogia, amparado pelos estudos sobre identidade
profissional docente em uma perspectiva sociológica.
Mapeando perfil de alunos concluintes do curso de Pedagogia: fonte empírica
Uma universidade privada de ensino superior de grande porte, localizada na
região metropolitana do município de São Paulo, com campi distribuídos em diferentes
regiões do município, constitui o locus desta pesquisa. A escolha dessa universidade
deve-se ao número expressivo de alunos que possui no curso de Pedagogia, bem como
ao lugar que ocupa no campo educacional em relação à quantidade de formandos a cada
semestre e que exercem a profissão docente inserindo-se em espaços públicos e
privados. Outro ponto que influenciou na escolha dessa universidade foi o acesso aos
alunos, documentos e rotinas institucionais, que favoreceu a obtenção de dados, assim
como sua análise.
O curso de Pedagogia, na referida universidade, contava no 1º semestre de
2013 com 76 turmas no total, contabilizando os campi em que o curso é oferecido e,
dentre elas, 20 turmas correspondem à modalidade à distância (nove turmas de primeiro
semestre, quatro de segundo, cinco de terceiro e duas de quarto semestre). Vale ressaltar
que os alunos matriculados no curso à distância não se configuram como sujeitos desta
pesquisa: primeiro, por questões de interesse da pesquisadora e, segundo, por ainda não
haver nenhuma turma concluinte até 2013.
Destaca-se que em cada turma há uma média de 50 alunos, dessa forma, tem-se
um universo de cerca de 3.800 alunos, para um total de, aproximadamente, 100
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3385ISSN 2177-336X
professores. Assim, considerando o significativo número de alunos da instituição
pesquisada foi necessário trabalhar com uma amostragem de alunos e definir um único
campus como locus da pesquisa. Desse modo, a pesquisa organizou-se com base em
uma amostra de alunos concluintes do curso no primeiro semestre de 2013 da unidade
em que há maior fluxo de alunos em razão de sua localização geográfica.
Os dados foram coletados, inicialmente, por meio de questionário (contendo
questões relativas a aspectos mais objetivos, com vistas a traçar o perfil dos 90 alunos
respondentes, concluintes do curso de Pedagogia na instituição pesquisada) e, em
seguida, por meio de 10 entrevistas individuaissemiestruturadas (aprofundando questões
relativas aos processos identitários biográficos e relacionais e ao percurso de formação
na instituição). Para escolha dos 10 alunos a serem entrevistados, foi feita uma prévia
seleção, com vistas a obter um grupo heterogêneo considerando: diferenças de gênero;
faixa etária; tempo de conclusão do Ensino Médio e ingresso na universidade; atuação
na área profissional; ser egresso ou não do curso de Magistério e, sobretudo, a anuência
em serem sujeitos dessa pesquisa. Vale salientar que tanto o Roteiro para as entrevistas
quanto o Questionário foram previamente construídos (com base nos conceitos teóricos,
questões, objetivos e hipóteses norteadores da pesquisa) e testados (por meio de análise
do instrumento por pesquisador experiente na área e aplicação-teste com sujeitos não
representantes da amostra). A intenção era a de assegurar a adequação dos instrumentos
e permitir que, tanto a pesquisadora quanto os sujeitos investigados, se sentissem à
vontade no momento da coleta dos dados.
A coleta de dados com os alunos incluiu, ainda, instrumento de investigação de
pensamento que possibilitou não só acesso aos processos internos de pensamento dos
alunos, como pressupõe a valorização da subjetividade e ações dos sujeitos pesquisados,
segundo o que propõe Januário (1996). São exemplos desses instrumentos de apreensão
de estratégias ou linhas de pensamento: análise de protocolos, relatos escritos ou
verbalização oral sobre situações interativas mais frequentes ou mais incomuns vividas
pelos sujeitos em seu processo de formação e profissionalização.
Nesta pesquisa, o instrumento utilizado refere-se à análise das atribuições
indicadas pela Resolução n. 01/2006, organizadas em um Quadro-Síntese entregue aos
alunos, contendo cada uma das atribuições a serem desenvolvidas pelos egressos do
curso de Pedagogia no seu exercício profissional.
Considerando a subjetividade e amplitude de funções atribuídas ao pedagogo
pela Resolução n. 01, como já mencionado, estas apenas reforçam a diversidade de
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3386ISSN 2177-336X
funções, saberes e locais de atuação propostos ao futuro pedagogo. Em meio a essa
diversidade, o instrumento de pesquisa utilizadovisa identificar, dentre as 24 (vinte e
quatro) atribuições, quais seriam aquelas em que os alunos concluintes do curso de
Pedagogia se sentiriam plenamente preparados, parcialmentepreparados ou não
preparados, visto que em pouco tempo estariam formados e, portanto, legalmente, aptos
ao exercício da profissão.
Por fim, resta acrescentar que a coleta de dados incluiu ainda a análise
documental, também orientada por roteiro norteador previamente construído e testado –
o primeiro deles se refere à Matriz Curricular do curso e o segundo diz respeito a
imagens fotográficas de produções coletivas e individuais discentes, que retratam
diferentes situações e momentos vivenciados no curso, expressando suas visões sobre a
profissão docente e também sobre o próprio curso de Pedagogia. Dentre os documentos
que se configuraram como fonte de pesquisa, destacam-se o PPC – Projeto Pedagógico
do Curso, onde constam a Matriz Curricular, as Resoluções Institucionais, os Planos de
Ensino, bem como os instrumentos e processos de avaliação. Juntamente com os
documentos institucionais, foram ainda analisados documentos legais como: a LDB n.
9.394/96 e as DCN’s instituídas pela Resolução n. 01/2006 do CNE.
Considerações finais
Com base nos dados empíricos, devidamente fundamentados pelos estudos
teórico-metodológicos, foi difícil, como um dos achados da pesquisa, estabelecer um
traço distintivo de mudança entre os alunos. Ademais, os estudantes concluintes,
sujeitos da pesquisa, ao expressarem suas concepções sobre o profissional professor os
formandos, no momento da entrevista, utilizaram termos variados, mas não divergentes.
Acrescenta-se a esse dado, os modelos formativos vigentes de professores, que
aligeirizam a aquisição dos saberes e fazeres próprios da docência tendendo a favorecer
a construção de traços de fragilidade no perfil identitário, expressos pelos discentes em
seus modos de ver e conceber a profissão durante sua trajetória no curso de Pedagogia.
Cabe destacar que, se tais traços forem identificados tanto nas práticas dos alunos
ingressantes quanto na dos concluintes, pode-se inferir que a formação não provocou
mudanças significativas nos alunos no tocante às concepções construídas sobre a
profissão e sobre a docência.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3387ISSN 2177-336X
Tendo como premissa as diversas identidades docentes possíveis de ser
construídas, cumpre identificar, no âmbito coletivo, uma especificidade do campo da
atividade docente que seja comum ao grupo profissional de professores, permitindo que
se reconheçam e sejam reconhecidos como tais, além de criar relações de identificação
ou diferenciação com os demais profissionais da mesma área ou de outras áreas. No
caso reconhecerem o professor como um profissional e a docência como profissão, que
tem como espinha dorsal o conhecimento.
Nesse sentido, se o futuro professor não se perceber e tampouco se reconhecer
como profissional intelectual, o qual pesquisa, reflete, estuda, isto é, se profissionaliza
para a docência, tenderá a construir uma identidade fragilizada sobre o que é ser
professor. Daí a relevância dos conhecimentos do campo da Didática, os quais servirão
tanto como elemento articulador do processo de construção da identidade profissional
quanto da efetivação de um espaço para se discutir formal e sistematicamente temas
relacionados à formação e prática docente.
Referências
BERGER, Peter L. e LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade.
Petrópolis: Vozes, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional n. 9.394 de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.
________. Conselho Nacional da Educação. Resolução n. 01 de 15 de maio de
2006. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em
Pedagogia, Licenciatura. Diário Oficial da União – Brasília: MEC, 2006.
DUBAR, C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais.
Porto: Pt, 1997.
JANUÁRIO, Carlos. Do pensamento do professor à sala de aula. Coimbra-Pt:
Livraria Almedina, 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o
pedagogo, o que deve ser o curso de Pedagogia. In: PIMENTA, Selma Garrido (org.).
Pedagogia e Pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002, p. 59-98.
MARCELO GARCIA, Carlos. Desenvolvimento Profissional Docente: passado e
futuro. Sisifo – Ciências da Educação. LISBOA-Pt: Universidade de Lisboa, n.08, 2009,
p. 07-22.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3388ISSN 2177-336X
ROLDÃO, Maria do Céu Neves. Profissionalidade docente: o tempo e o modo de
uma transformação. In: PINHO, Sheila Zambello de (org.). Formação de Educadores:
dilemas contemporâneos. São Paulo: UNESP, 2011, p. 15-26.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Formação, perfil e identidade dos profissionais da
educação: a propósito das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia. In:
VAILLANT, Denise. La identidade docente y La importância del professorado. ANAIS
do I Congresso Internacional Nuevas Tendencias em La Formacion Permanente del
Professorado. Barcelona/ Es: 2007.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3389ISSN 2177-336X
RETRATOS SOCIOLÓGICOS: PERSPECTIVAS DA IDENTIDADE
DOCENTE
Lúcia Matias da Silva Oliveira
SEESP
Resumo
Esta pesquisa privilegiou a construção de retratos sociológicos que recuperam
processos de socialização, como metodologia para análise das interações que três
professoras da educação básica realizam e de que modo elas potencializam suas
disposições a partir do principio gerador do habitus, bem como promovem
reconfigurações identitárias para responder aos desafios do cotidiano na sala de aula e
na escola. As hipóteses norteadoras foram pautadas em pressupostos que admitem a
reconfiguração identitátia a partir das interações nos contextos de trabalho com ações e
atitudes oriundas de disposições dependentes do habitus. Para registrar suas trajetórias
individuais foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas e planejadas a partir da
elaboração de um roteiro constituído por seis categorias: família, escola, trabalho,
sociabilidade, lazer/cultura e corpo. Cada professora respondeu a 160 questões em 37
horas de entrevistas. A sustentação teórica se pauta na lógica de que a construção social
do sujeito se dá a partir dos princípios geradores do habitus, das disposições construídas
ao longo da trajetória de vida e trabalho, que respondem pelas identidades profissionais,
segundo Bourdieu, Lahire e Dubar. O levantamento bibliográfico aponta lacunas em
relação à uma sociologia na perspectiva do sujeito que decifre as estruturas dessa matriz
de percepções e permita analisar como ela interfere na constituição das disposições. Os
resultados apontam que as disposições construídas pelas professoras estão intimamente
imbricadas com as estruturas constituintes do habitus e que, embora possuam
especificidades ligadas à interpretação singular que cada uma delas expressa nas suas
ações cotidianas nos diferentes contextos de inserção profissional, elas decorrem desses
princípios geradores. Por outro lado, tais disposições acionadas num jogo de mostrar-
ocultar para responder às demandas cotidianas, mostram uma tendência a manter as
regularidades orientadas pelo habitus e não promovem uma reconfiguração identitária,
mas rupturas e mudanças pautadas em fracas e provisórias mobilizações.
Palavras-chave: Habitus, Disposições, Identidade
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3390ISSN 2177-336X
Introdução
Esta pesquisa privilegiou a construção de retratos sociológicos que recuperam
processos de socialização, como metodologia para análise das interações que três
professoras da educação básica realizam e de que modo elas potencializam suas
disposições a partir do principio gerador do habitus, bem como promovem
reconfigurações identitárias para responder aos desafios do cotidiano na sala de aula e
na escola. As hipóteses norteadoras foram pautadas em pressupostos que admitem a
reconfiguração identitátia a partir das interações nos contextos de trabalho com ações e
atitudes oriundas de disposições dependentes do habitus.
Para registrar suas trajetórias individuais foram utilizadas entrevistas semi-
estruturadas e planejadas a partir da elaboração de um roteiro constituído por seis
categorias: família, escola, trabalho, sociabilidade, lazer/cultura e corpo. Cada
professora respondeu a 160 questões em 37 horas de entrevistas.
A sustentação teórica se pauta na lógica de que a construção social do sujeito se dá a
partir dos princípios geradores do habitus (BOURDIEU, 2003), das disposições
construídas ao longo da trajetória de vida e trabalho (LAHIRE, 2004), que respondem
pelas identidades profissionais (DUBAR, 2005).
O levantamento bibliográfico aponta lacunas em relação à uma sociologia na
perspectiva do sujeito que decifre as estruturas dessa matriz de percepções e permita
analisar como ela interfere na constituição das disposições. Os resultados apontam que
as disposições construídas pelas professoras estão intimamente imbricadas com as
estruturas constituintes do habitus e que, embora possuam especificidades ligadas à
interpretação singular que cada uma delas expressa nas suas ações cotidianas nos
diferentes contextos de inserção profissional, elas decorrem desses princípios geradores.
Por outro lado, tais disposições acionadas num jogo de mostrar-ocultar para responder
às demandas cotidianas, mostram uma tendência a manter as regularidades orientadas
pelo habitus e não promovem uma reconfiguração identitária, mas rupturas e mudanças
pautadas em fracas e provisórias mobilizações.
Os processos de socialização e a gênese das disposições
A cultura dos professores se expressa no que pensam, dizem e fazem e decorre
de um conjunto de condições e processos que envolvem um sistema simbólico de
valores, normas, crenças e representações que, por sua vez, traduz uma cultura
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3391ISSN 2177-336X
profissional que já existe na escola e com a qual o professor interage cotidianamente no
exercício da profissão.
Nessa relação entre sujeito e cultura profissional ocorre um processo permeado
por escolhas, decisões, posturas, adequações, inquietações, rupturas, rejeições,
acomodações, angústias, fracassos e vitórias, decorrentes de um modo de ser que,
embora explicitado na interação, é individual.
Esse comportamento individual diante das demandas profissionais é um
exercício que o sujeito faz baseado no habitus construído em seus processos de
socialização e, desse conjunto de disposições oriundas de um universo simbólico e
concreto de vida e socialização, constrói representações que carregam resquícios dos
modos de ser, estar e ser, que preexiste à sua entrada no mundo.
Os processos de socialização são responsáveis por inserir o sujeito nessa
realidade social, isto é, por subsidiar sua entrada nesse mundo compartilhado (BERGER
& LUCKMANN, 2012), local em que encontra condições de forjar um sistema de
referências, muito embora cada contexto possua modos específicos de atuação, lógicas e
valores distintos (SETTON, 2009).
Essas disposições construídas pelo sujeito possuem relação direta com o mundo,
uma vez que o indivíduo não se produz isolado da sociedade, afinal ele representa uma
realidade social caracterizada por sua complexidade disposicional, que se manifesta na
diversidade dos domínios de práticas ou cenários nos quais insere suas ações (LAHIRE,
2004).
Tal patrimônio de disposições, traduzido em pensamentos, sentimentos e ações,
resultante de experiências socializadoras múltiplas, se converte em modos de agir,
perceber, enfrentar, resolver seus impasses, numa palavra, em sua identidade (DUBAR,
2005). Portanto, o indivíduo não é redutível a um aspecto, mas deve ser considerado no
conjunto das relações que o definem.
A construção social do indivíduo é um processo edificado a partir da
configuração de forças entre as agências de socialização (SETTON, 2009) que constrói
um habitus como fruto de estruturas sociais herdadas por um lado e, como escolha ou
cálculo racional, por outro (LUGLI, 2007). O habitus é, assim, definido como sistema
de disposições que exprime uma ação organizada e designa uma predisposição,
tendência ou propensão (BOURDIEU, 2003).
A gênese das disposições aparece como construções derivadas dos processos de
socialização. As estruturas sociais que perpassam as primeiras experiências dos sujeitos
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3392ISSN 2177-336X
no contexto familiar aparecem nos depoimentos por meio das características da
educação recebida dos pais que expressam seus valores, condutas, marcas, condições
objetivas e as relações, não como produto de obediência a regras, mas determinadas
pela antecipação implícita de suas consequências.
Por meio dessa dinâmica o sujeito constrói (BOURDIEU, 2003 e LAHIRE,
2004) um conjunto de disposições duráveis e transponíveis com as quais transita pelas
instituições e enfrenta o mundo da socialização secundária. A leitura interpretativa
recupera os indicadores desse processo, o modo natural de conceber o mundo em face
das condições sociais de sua produção para pôr em destaque essa “localização social”
do pensamento de acordo com a maneira que é ordenada pela sociedade e com a
significação que lhe é atribuída (BERGER & LUCKMANN, 2012).
Nessa lógica de entendimento, é importante ressaltar alguns elementos
apreendidos na análise deste estudo e destacar elementos que favorecem a compreensão
de seus mecanismos.
Perspectivas Identitárias
As estruturas constituidoras do habitus das professoras analisadas são
promotoras de disposições que respondem não apenas ao mundo social e aos diferentes
contextos de inserção profissional, mas representam uma coerência com o universo de
socialização primária para afastar os infortúnios ou negociar posições compartilhadas.
Essas estruturas constituidoras do habitus parecem responder por princípios
geradores que permitiram a construção de disposições resultantes de um processo em
que as experiências dolorosas vividas na infância, por exemplo, se traduziram por uma
independência e um amadurecimento precoce que foi caminho e não destino.
A opção pela fuga das situações limite, a criação de estratégias de defesa diante
das experiências que viviam permitiram espaços para constituição de disposições que
proporcionaram o alcance do mérito para reverter experiências que significavam algum
tipo de sofrimento e quando a estratégia não resultava positiva, protelavam decisões e
consequências.
Essa dinâmica criou a possibilidade de um movimento de mostrar/ocultar
dependente do contexto, de modo a ativar ou manter em estado de vigília uma
disposição para a defesa ou para a distinção, com variações em função da influência
exercida; se pressionadas se defendem, se sentem segurança, constroem uma imagem de
si que garante sua estabilidade emocional.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3393ISSN 2177-336X
Mostram uma disposição para resignação em face daquilo que não podem
mudar ou julgam de difícil solução, parece funcionar como uma defesa diante de
impasses e situações conflituosas; essa aceitação se traduz como enfrentamento e
possibilidade de fazer o possível. Embora a escola e o trabalho sejam contextos
importantes em suas concepções, a família aparece como um território constituído,
conquistado e construído para suprir os conflitos do passado. Por isso, precisa ser
defendido continuamente.
No que se refere às instituições, a escola parece ter papel de destaque, pois, foi o
caminho possível para que construíssem as condições pessoais e profissionais para
defesa de seus territórios. Reconhecem em seus relatos a importância e o valor da
educação formal para que os filhos alcancem seus objetivos, embora tenham uma visão
crítica da forma escolar. Há, também, nesse caso, uma disposição para a consideração
da “cultura escolar”.
A escolarização é o contributo mais importante para atingir objetivos, e num
segundo momento, a carreira acena como a possibilidade de estabilizar um imaginário
construído em face das experiências vividas no ambiente familiar e que empreenderam
muitos esforços para superar.
Essas professoras, sujeitos da pesquisa, na condição de alunas demonstram a
construção de disposições que apontam o aceite do desafio e a busca da excelência,
estudavam, se esforçavam, exploravam novas perspectivas e buscavam provar que
também mereciam respeito e consideração. As marcas da preleção em detrimento dos
irmãos parecem ter funcionado como um desafio para que conquistassem seu espaço.
A dinâmica de mostrar disposição para enfrentar os desafios e ocultar medos e
inseguranças, sempre dependentes do contexto, levou a estabelecer fronteiras que
garantissem conquistar posições. A disposição para a defesa em busca da excelência em
suas localizações sociais foi permeada por uma regularidade de condutas oriunda do
habitus familiar, com variações em função, por exemplo, do apelo moral quando a
família necessita dos préstimos filiais.
Embora as trajetórias sejam marcadas pela independência nas conquistas
pessoais, quando solicitadas correspondem às expectativas familiares, afinal a
consideração faz parte desse universo conquistado.
O habitus como conjunto de disposições parece responder por princípios
geradores constituídos no processo de socialização primária, que garantem uma
coerência expressa nas respostas para negar ou reforçar as escolhas individuais, os
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3394ISSN 2177-336X
modos de pensar, sentir e agir trazem as marcas desse habitus constituído na
socialização primária para reforçar ou negar posições.
Quando impõem ações diante das demandas, as professoras evidenciam posições
singulares como resposta ao mundo social, e esse processo possui singularidade e é
individual, no entanto, são respostas que têm relação direta com o mundo da
socialização primária; há momentos em que agem para negar essa experiência e outros,
em que agem para reforçar essa experiência socializadora.
De todo modo, suas ações respondem a essa socialização primeira, momento em
que se estabelecem os princípios geradores da ação. Parece ser essa a possibilidade de
compreensão da “teoria da prática” de que fala Bourdieu (2003), superando o que ele
próprio denomina de “amnésia da gênese”.
Entre os conflitos e contradições experimentados pelas professoras analisadas na
vida familiar e profissional, é evidente a busca por outras posições capazes de superar as
representações sentidas em face da interação nesses diferentes contextos.
Há tentativas de superação dadas pelo contexto e permeadas por um processo
conflituoso que ocorre por meio das tensões entre o pertencimento herdado e a seleção
ativa, contudo, o patrimônio de disposições construído por elas possui uma regularidade
que aponta para ações que se estruturam num habitus que emite respostas semelhantes
às dadas diante dos conflitos enfrentados na infância.
A relação estabelecida pelas professoras analisadas com as instituições em suas
trajetórias de socialização foi permeada por dinâmicas de submissão, orientadas em face
dos valores imprimidos pela família, portanto, processos com pouca ou nenhuma
autonomia, repressores e limitadores desse tipo de emancipação.
Essas estruturas representam as condições objetivas e a forma como interpretam
e expressam as subjetividades presentes na ação. A possibilidade e o limite que esses
processos imprimem são dependentes dessa maneira de interpretar o mundo e que, de
alguma maneira, é sempre um diferencial na qualidade dos resultados que apresenta. O
entendimento desses mecanismos interdependentes permite a decifração e a
compreensão da teoria da ação porque expressa como ela se processa nessa dinâmica de
interiorização e de exteriorização.
Entendida essa dinâmica processual, alguns elementos emergem da análise que
ajudam a pensar como é complexa essa rede de constituição de sentidos que torna os
sujeitos dependentes do habitus e das disposições que ele é capaz de produzir para
reconfigurar suas identidades docentes.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3395ISSN 2177-336X
A decifração de uma perspectiva possível desse processo implica duas
constatações que contribuem para entender a gênese das disposições e o que faz com
que os sujeitos respondam de maneira singular ao mundo social. Uma é a de que todos,
sem exceção são submetidos ao princípio gerador do habitus entendido como processo
de internalização de estruturas e, segundo que as disposições são decorrentes desse
habitus e interpretadas de maneira singular pelos sujeitos sociais.
A constituição desse habitus (BOURDIEU, 2003) explicitado por meio da
análise expressa a condição das professoras analisadas, a partir do processo de
socialização primária e da internalização das estruturas sociais possíveis para àquele
ambiente familiar. Ninguém escapa desse mecanismo de experiências em sua inserção
no contexto familiar e essa constatação torna os sujeitos dessa pesquisa iguais em face
de uma dinâmica de socialização que num primeiro momento, propicia condições
objetivas para agir no mundo social.
A gênese dessas disposições gira em torno dessa coerência interna que, embora
vivida e sentida de maneira singular pelos sujeitos investigados, é oferecida a todos
como princípios geradores da ação; como viver essas experiências, como reagir aos
conflitos, bem como os valores imbricados nessas ações representam um conjunto de
disposições específicos para cada um, não igual para todos, mas com a mesma força
para todos. O habitus é, assim, “um sistema único de referência, uma matriz geradora de
disposições, ainda que sejam disposições heterogêneas (SETTON, 2009, p. 303)”.
Essa coerência interna se torna também um princípio explicativo das práticas e
das representações, é uma mediação que particulariza cada sujeito como resultado de
uma história, “uma orquestração, de trocas e símbolos identitários, sem maestro,
classificados e organizados segundo contextos particulares (SETTON, 2009, p. 305)”.
A construção das disposições (LAHIRE, 2004) é, assim, o resultado da
possibilidade e do limite das professoras investigadas na interpretação do habitus,
assim, a gênese disposicional é decorrente dele e das condições subjetivas com que
respondem às demandas diversificadas, concorrentes e contraditórias do mundo social.
Esse processo é particular e específico e, por isso, diferente para cada sujeito social.
Com variações dependentes das interações nos diferentes contextos, as professoras
lançam mão de suas disposições como realidade reconstruída e interpretada para
responder ao mundo social.
Na constituição do habitus as professoras apresentam condições objetivas
semelhantes em alguns aspectos que poderiam tornar seu patrimônio de disposições
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3396ISSN 2177-336X
também semelhante, no entanto, elas reagem de maneira singular às demandas do
mundo social.
São filhas de pais migrantes em diferentes momentos e por diferentes razões, e
atravessam por isso, dificuldades financeiras, carências de afeto e pouco envolvimento
dos pais na vida escolar. Todas elas passam por sofrimentos emocionais, aprendem
desde cedo a buscar uma autodefesa para sobreviver ao mundo familiar e escolar e
experimentam decepções decorrentes do comportamento dos pais e dos irmãos.
Ainda assim, as respostas que emitem ao mundo social são muito diferentes para
cada uma delas e imbricadas com a coerência interna que produz princípios geradores
das disposições. A primeira partilha de um isolamento e de uma indiferença que aparece
nas suas respostas da vida adulta, a segunda experimenta um sofrimento emocional e
uma carência afetiva que serve como um dispositivo que emite o cuidado que deve
manter para a defesa de suas posições e a terceira que vive a experiência de ser preterida
em face do irmão, dos conflitos vividos pelos pais, além dos sacrifícios advindos da
dificuldade financeira, interpreta essas condições objetivas como incentivo a superação.
Em suas posições profissionais nos contextos de trabalho, a primeira leva com
indiferença e sacrifício um trabalho que faz de maneira mediana, a segunda defende sua
posição por meio de uma representação de si que lhe garante o respeito e a admiração
dos pares e a terceira, construiu dentro de seu espaço de atuação, uma excelência no
trabalho que lhe dá a segurança para manter-se na profissão.
É evidente que suas respostas são dependentes do modo como interpretaram
subjetivamente as condições objetivas de vida e trabalho, mas ainda assim, as
regularidades são comuns e as rupturas apresentam fracas e provisórias mobilizações.
Agora podemos nos perguntar? Até que ponto a formação responde por esse
retrato profissional das professoras pesquisadas?
Mas que formação é essa?
A profissão docente possui uma natureza complexa que envolve atividade
intelectual, técnica, moral e relacional, sobretudo após a implantação de uma escola de
massas, porém, as possibilidades de uma ação docente dessa ordem são muito limitadas
em face não só do caráter abstrato, impessoal e descontínuo da alocação de professores,
mas também das condições aligeiradas em que ocorre sua formação inicial
(LOUREIRO, 2001).
No âmbito das reformas, além das possibilidades anteriores é acrescido o Curso
Normal Superior voltado especificamente para formar professores para a educação
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3397ISSN 2177-336X
infantil e anos iniciais do ensino fundamental no âmbito do ensino superior, agora
preconizado como nível “preferencial” para essa formação (GIOVANNI e MARIN,
2007).
A reestruturação da formação, aliada a essa questão pedagógica, que de inicio é
ausente, mas em momento posterior passa a ocupar posição central nas reformas, não
encontrou até hoje, um encaminhamento satisfatório. O que se revela permanente é a
precariedade das políticas formativas que não conseguem estabelecer um padrão
consistente de preparação docente face aos problemas enfrentados pela educação escolar
em nosso país (SAVIANI, 2009).
O estudo de Giovanni e Marin (2007) constata a continuidade expressa na
ausência de superação de problemas e dificuldades denunciados durante todo o século
XX, apesar da situação atual de disseminação da formação dos professores. De acordo
com as referidas autoras, tal afirmação é constatada em estudos com alunas de um curso
Normal Superior presencial que demonstram como é particularmente significativo
compreender que:
(...) A ação da escola, ao longo desses anos todos, não tem
permitido aos formandos superar totalmente o capital cultural
familiar, pois os diferentes momentos da trajetória escolar não
lhes permitiram adquirir disposições em relação aos
conhecimentos necessários para sua vida e para sua atuação
profissional. O domínio do capital pedagógico e de cultura geral
não lhes propicia sequer condições para continuidade de sua
formação (GIOVANNI e MARIN, 2007, p. 09).
As medidas políticas concretizadas acabam resultando na manutenção e
agravamento dos vários problemas, mantendo inalteradas as propostas de formação, o
que significa a ausência de um projeto educacional para o país, que supere as denúncias
feitas ao longo do século XX.
Considerações finais
A gênese constitutiva das ações aponta para um conjunto de experiências
socioculturais que permitem ao sujeito construir ideias e comportamentos para
responder às demandas surgidas nos diferentes contextos que se traduzem em
estratégias identitárias diferentes, dependentes do habitus do professor.
Os resultados apontam que as disposições construídas pelas professoras estão
intimamente imbricadas com as estruturas constituintes do habitus e que, embora
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3398ISSN 2177-336X
possuam especificidades ligadas à interpretação singular que cada uma delas expressa
nas suas ações cotidianas nos diferentes contextos de inserção, elas decorrem da
coerência desses princípios geradores.
É claro que as frustrações e decepções decorrentes da falta de consideração, de
más condições de trabalho, da intensificação e proletarização da prática, geram a
necessidade de outras respostas, mas não se referem à formação como responsável pelos
enfrentamentos e suas disposições para responder às demandas possuem regularidades
com o habitus constituído; tal fato parece apontar para o fato de que o protagonismo
exercido pelas professoras analisadas é um exercício solitário que demanda alterações
no modo como se veem na escola para garantir posições e evitar conflitos.
Diante desse quadro, será possível afirmar que essas ações protagonizadas pelas
professoras representam indícios de uma reconfiguração identitária?
Para Dubar (2005) parece que não, pois, defende a denominação de “formas
identitárias” e afirma que a socialização é a construção de um mundo vivido pelo sujeito
em relação ao resultado das interações e das opções feitas frente às demandas
cotidianas. Em outras palavras, consiste em um processo que pode ser desconstruído e
reconstruído e, então, se torna, dentro de cada esfera de atividade, principalmente a
profissional, uma possibilidade para manter a regularidade ou promover a mudança.
Nessa dinâmica onde ocorrem tensões entre o pertencimento herdado e a
seleção ativa ou escolhida pelo sujeito, a socialização nunca é totalmente bem-sucedida
nem terminada, o que equivale a dizer que as disposições construídas podem não
responder ao que se espera alcançar, mas ainda assim, esse universo construído
anteriormente poderá influir diretamente, não apenas como processo de ruptura, mas
também na configuração de outras disposições, visto que as estruturas funcionam como
uma espécie de eixo em torno do qual toda a dinâmica ocorre.
As observações feitas por Dubar (2005) em consonância com os estudos que
empreendeu acerca das identidades profissionais permitem concluir que as identidades
docentes em interação nos contextos de trabalho, sofrem alterações ligadas às suas
“formas identitárias” dentro do contexto de ação considerado, mas com provisórias e
fracas mobilizações, em face das condições objetivas a que estão submetidas.
Tais considerações nos remetem ao desafio de pensar e repensar a formação, de
modo que seus princípios e pressupostos possam de fato, reordenar as cenas ainda tão
conflituosas e problemáticas da educação brasileira.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3399ISSN 2177-336X
Referências Bibliográficas
BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade –
Tratado de sociologia do conhecimento. Tradução de Floriano de Souza Fernandes.
Petrópolis, RJ: Vozes. 2012.
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: A sociologia de Pierre
Bourdieu. Renato Ortiz (Org). São Paulo: Olho D’água, 2004, p. 39-72.
DUBAR, Claude. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais.
São Paulo: Martins Fontes, 2005.
GIOVANNI, Luciana Maria; MARIN, Alda Junqueira. Continuidades e
Descontinuidades na problemática da formação docente para os anos iniciais da escola
básica no Brasil. Anais do Seminário: Investigação sobre a problemática educacional
em Portugal e no Brasil. Porto: PT. Centro de Investigação e Intervenção Educativa –
Universidade do Porto, 2007.
LAHIRE, Bernard. Retratos Sociológicos: Disposições e Variações Individuais. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
______________. Crenças coletivas e desigualdades culturais. Educação & Sociedade.
Campinas-SP: Cedes/Unicamp, vol. 24, n. 84, 2003, p. 983-995.
______________. Patrimônios Individuais de Disposições: para uma sociologia à
escala individual. Sociologia: Problemas e Práticas, n. 49, 2005, p. 11- 42.
LOUREIRO, Carlos. A docência como profissão: culturas dos professores e a (in)
diferenciação profissional. Porto-Pt: ASA, 2001.
LUGLI, Rosário Genta. A construção social do individuo. In: Revista Educação:
Biblioteca do Professor – Bourdieu pensa a educação. São Paulo: Segmento, n. 5. 2007,
p. 26-35.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3400ISSN 2177-336X
SAVIANI, Demerval. Formação de Professores: Aspectos históricos e teóricos do
problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro:
UFRJ/ANPEd, v. 14, n. 40, jan./abril. 2009, p. 143-155.
SETTON, Maria da Graça Jacintho. A socialização como fato social total: notas
introdutórias sobre a teoria do habitus. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro:
UFRJ/ANPEd, v.14, n.41, maio/ago de 2009, p. 296-307.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3401ISSN 2177-336X
A PRODUÇÃO DAS PESQUISAS SOBRE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES
PROFISSIONAIS NO TRABALHO DOCENTE
LUCIANA MARIA GIOVANNI – PUCSP
Resumo
Este texto tem por objetivo identificar e discutir aspectos teóricos e
metodológicos presentes no debate atual e na produção da pesquisa sobre os processos
de socialização profissional e de construção de identidades profissionais no trabalho
docente. Pretende-se abordar tal discussão, considerando que as identidades
profissionais são sempre identificações em curso, em construção e nunca processos
prontos, acabados ou estáticos. Trata-se de pesquisa bibliográfica realizada, de um lado,
com base em estudos teóricos sobre o tema (com o auxílio de autores como C. Dubar, P.
Berger, T. Lukmann, M. Lawn, P. Bourdieu, M. Apple, A. Hargreaves, M. Tardif, J.
Gimeno Sacristán e A. I. Pérez Gómez) e, de outro lado, com base na análise de teses e
dissertações realizadas nos últimos 10 anos (2006 a 2015), ao abrigo de projeto de
pesquisa coletivo voltado para a mesma temática. O exame dos diferentes estudos
teóricos sobre identidade profissional docente permitiu pôr em destaque algumas idéias
recorrentes que dizem respeito: a) ao próprio conceito de identidade, b) às tensões
relativas à profissionalização da atividade docente e c) aos processos que definem a
produção das identidades profissionais. Os resultados das análises das teses e
dissertações selecionadas para esta pesquisa permitiram explicitar os principais
caminhos teórico-metodológicos na produção da pesquisa sobre essa temática; os
diferentes elementos revelados pelas pesquisas, associados aos processos de
socialização profissional e construção de identidades docentes; suas articulações com
variáveis organizacionais, profissionais e de contexto da profissão docente; bem como o
que representam para a produção da pesquisa e as novas possibilidades de investigação
que se abrem.
Introdução
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3402ISSN 2177-336X
Este texto busca contribuir para a discussão dessa temática tão antiga e,
ao mesmo tempo, tão atual e complexa, que é a da construção de identidades
profissionais no trabalho docente. Para isso, a opção foi a de focalizar essa discussão,
pondo em destaque alguns aspectos teóricos e metodológicos presentes no debate atual
e na produção da pesquisa sobre o tema. Pretende-se abordar tal discussão exatamente
como ela aparece no título – no plural – considerando que as identidades são sempre
identificações em curso, em construção e nunca processos prontos, acabados ou
estáticos.
O texto constrói-se, ainda, em torno de resultados de pesquisas que temos
levado a efeito nos últimos anos (2006 a 2015), ao abrigo de Projeto de Pesquisa
coletivo voltado para a compreensão dos elementos que envolvem os processos de
formação, seja nos cursos de formação inicial e continuada, seja no próprio exercício da
profissão docente. Tais resultados são decorrentes, de um lado, de estudos realizados
nesse período em Seminários/Atividades de Pesquisa e em Disciplinas ministradas para
alunos de Mestrado e Doutorado e, de outro lado, de Teses e Dissertações orientadas
nesse mesmo período, voltadas para essa temática – reunindo elementos para a análise
da constituição identitária de profissionais docentes que atuam na escola básica ou no
ensino superior brasileiro, como formadores.
Autores como P. Berger e T. Luckmann (1985), P. Berger (1986), C.
Dubar (1997), P. Bourdieu (2001 e 2004) e M. Lawn (2001), com seus estudos sobre
processos de socialização, habitus, disposições sociais, construção de identidades
profissionais e construção social da realidade; A. Hargreaves (1999), M. Apple (2002) e
M. Tardif (2002), com estudos sobre cultura, identidade, desenvolvimento profissional e
saberes docentes; bem como J. Gimeno Sacristán (1999) e A. Pérez Gómez (2001) e
seus estudos sobre a centralidade da cultura docente na escola e a institucionalização
das práticas na profissão docente – constituem os apoios teóricos orientadores das
reflexões aqui expostas.
Tais reflexões estão divididas em três partes: a primeira retoma algumas
idéias recorrentes nos estudos atuais sobre identidades docentes; na segunda,
explicitam-se os principais caminhos teórico-metodológicos na produção de pesquisas
sobre essa temática; finalmente, na terceira parte são apresentados os principais fatores
intervenientes na construção das identidades docentes, o que representam para a
produção da pesquisa e as novas possibilidades de investigação que se abrem.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3403ISSN 2177-336X
O debate atual dobre o tema
O exame de diferentes estudos sobre identidade profissional docente
permite pôr em destaque algumas idéias recorrentes que dizem respeito: a) ao próprio
conceito de identidade, b) às tensões relativas à profissionalização da atividade docente
e c) aos processos que definem a produção das identidades profissionais.
O conceito de identidade, tal como outros conceitos, tem suscitado
problemas de terminologia e definição, conforme sua abordagem. Por exemplo, na
perspectiva da Psicologia Social identidade está relacionada ao pertencimento a
determinados grupos sociais, aos significados, orientações, ordenações que definem o
lugar do indivíduo no/s grupo/s, na sociedade. Já nas perspectivas da Sociologia e
Antropologia são os processos identitários de caráter relacional e cultural que vão
forjando, de um lado, os esquemas de referência ou identidades de pertença a
determinados grupos e, de outro lado, os processos de autonomização ou de fronteiras,
de aproximação ou de distanciamento, maior ou menor, em relação aos demais atores
sociais ou grupos.
Especificamente no que tange à profissão docente, essa discussão tem se
situado na tensão entre a desprofissionalização docente (degradação das condições de
trabalho dos professores hoje e precarização de suas condições de formação, inicial e
continuada), de um lado, e sua profissionalização (crescente autonomia das escolas,
diversificação profissional e ampliação da qualificação dos agentes), de outro.
Nesse debate, dois processos se definem na produção das identidades
profissionais: o processo biográfico – relacionado à articulação entre a individualidade
de cada profissional e a relação com os demais, bem como à influência dos contextos
em que se inserem; e – o processo relacional – vinculado à “negociação identitária”
entre a “identidade para si” ou assumida pelo sujeito e a “identidade para o outro”, isto
é, atribuída ao indivíduo pelos outros.
Trata-se, portanto, de uma trajetória, um percurso. Ou seja, o que os
estudos têm revelado é que, considerar a construção de identidades profissionais como
uma trajetória, um percurso, significa trabalhar com perspectivas teóricas que recusem a
diferenciação ou polarização entre identidade individual e identidade coletiva, e façam
da articulação entre os dois processos (biográfico e relacional) a chave para
compreender a construção das identidades profissionais.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3404ISSN 2177-336X
Tal perspectiva teórica tem conseqüências para a metodologia das
pesquisas sobre identidades profissionais docente.
Metodologia das pesquisas sobre processos de socialização e construção de
identidades profissionais docentes
Que tipos de pesquisas são encontrados para investigação dessa temática?
Levantamentos bibliográficos já realizados encontrados em pesquisas
realizadas ao abrigo de projeto coletivo de pesquisa voltado para a análise dos processos
de socialização profissional docente e de construção de identidades ao longo da
formação inicial e do exercício da profissão (LOPES, 2001; LOUREIRO, 2002;
DOTTA, 2010; FURLAN, 2010; CUNHA, 2011; SLAVEZ, 2011; OLIVEIRA, 2013;
OLIVEIRA, 2014 e DELGADO, 2015) mostram que o que se tem são estudos
empíricos que incluem, na perspectiva dos processos biográficos, as histórias de vida, o
recurso à memória profissional e educativa de professores e outros profissionais ligados
ao ensino e, na perspectiva dos processos relacionais, os estudos da cultura e dos
contextos em que se movimentam os profissionais.
Em ambos os casos, o que se põe em destaque para compreender a
construção das identidades profissionais? Que elementos tais metodologias têm
permitido identificar, recorrentemente, na construção dessas identidades?
As informações apresentadas a seguir, reúnem os principais elementos
explicitados nas pesquisas, associados aos processos de socialização profissional e
construção de identidades docentes. Alguns desses elementos são citados com maior ou
menor ênfase, uns estão mais presentes nos relatos de pesquisa e são mais citados que
outros, revelando ainda, certo desequilíbrio nas investigações.
O exame desses elementos, no entanto, revela que o que se tem,
visivelmente desenhadas nos estudos, são articulações entre variáveis organizacionais,
profissionais e de contexto.
O Quadro 1, a seguir, sintetiza o conjunto dessas variáveis e suas
articulações descritas nas pesquisas analisadas.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3405ISSN 2177-336X
Quadro 1: Variáveis intervenientes nos processos de socialização profissional e
construção de identidades profissionais docente
IDENTIDADE PROFISSIONAL DOCENTE
interações com pares na escola atividades individuais e coletivas articula-
na escola relações de ção de relações com alunos/ conteúdos/ trabalho variáveis:
materiais/ e formas de trabalharem sala de aula - organi-
interiorização progressiva de zacio-normas/valores/regras/gestos/ formação e naiscomportamentos da profissão regulamentação
percepção de diferenças / profissional - profis-distâncias e aproximações com sionaisoutros reconhecimento
relações pertença/reconhecimento: identitário e - e desistema ensino/sindicatos/comuni- legitimação de contextodade local/sociedade em geral saberes
interações com pares na escola atividades individuais e coletivas articula-
na escola relações de ção de relações com alunos/ conteúdos/ trabalho variáveis:
materiais/ e formas de trabalharem sala de aula - organi-
interiorização progressiva de zacio-normas/valores/regras/gestos/ formação e naiscomportamentos da profissão regulamentação
percepção de diferenças / profissional - profis-distâncias e aproximações com sionaisoutros reconhecimento
relações pertença/reconhecimento: identitário e - e desistema ensino/sindicatos/comuni- legitimação de contextodade local/sociedade em geral saberes
Fonte: Elaborado pela autora.
Tais variáveis representam cenários possíveis, tendências na construção
de representações, referências, disposições e comportamentos dos profissionais em
relação a seu próprio trabalho e ao seu lugar dentro dele. Vejamos.
Dentre as variáveis citadas nas pesquisas relacionadas à construção de
identidades profissionais docentes, algumas dizem respeito aos espaços das relações de
trabalho. São elas: as interações com os pares nas escolas; as atividades individuais e
coletivas na organização escolar; as relações com alunos, conteúdos e formas de
organização do trabalho em sala de aula; a interiorização progressiva de normas, regras,
valores, comportamentos, expectativas e gestos da profissão.
Outras relacionam-se com os espaços de formação profissional e de
regulação da profissão. São os conhecimentos e práticas adquiridos na formação
inicial e continuada, no exercício da profissão (como a interiorização progressiva de
normas, regras, valores, comportamentos, expectativas e gestos da profissão, já citada) e
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3406ISSN 2177-336X
também a percepção de diferenças, o estabelecimento de fronteiras, distancias e
aproximações com outros profissionais.
Esta última variável e as relações sociais de pertencimento e
reconhecimento no interior do sistema de ensino; nos sindicatos e associações; na
comunidade local; e na sociedade em geral – compõem os espaços de reconhecimento
identitário e de legitimação de saberes.
A produção de pesquisas sobre identidades docentes
A revisão de estudos aqui realizada permitiu ainda identificar que os
estudos já realizados sobre identidades profissionais de professores podem ser
organizados em dois grandes grupos de pesquisas: de um lado, aqueles que se dedicam a
inventariar as diferentes facetas das identidades docentes, confirmando sua diversidade
e caráter sempre aberto a transformações e, de outro, os estudos que se concentram em
analisar e compreender tal diversidade e seus contextos.
No primeiro grupo os resultados das pesquisas tendem a explicitar os
conteúdos da profissão: atitudes, valores, crenças, práticas, concepções, interesses de
um grupo de professores ou de toda uma comunidade docente – algumas vezes ligados
às questões de gênero, raça e classe social. No segundo grupo as pesquisas realizam o
esforço de clarificar a forma como tais identidades processam ou “fabricam” a
profissão docente, identificando: padrões relacionais, modos de associação entre pares,
contradições, relações de controle e poder, processos de resistência.
Em síntese, o que se constata, ao examinar o conjunto de pesquisas já
produzidas sobre identidade de professores são as múltiplas possibilidades de
investigação dessas identidades e a complexidade de fatores que interferem nesse
processo. Dessa forma destacam-se como características desse esforço de investigação:
Aspectos fundantes dessa identidade e cultura profissional docente:
classe social, gênero e raça;
Diversidade: de contextos de formação, de condições de atuação, de
culturas e discursos envolvidos na construção das identidades, de fatores
que interferem no processo identitário do professor em relação ao seu
trabalho;
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3407ISSN 2177-336X
O fato de que pesquisas são sempre parciais e restritas a alguns desses
aspectos, o que põe em pauta a impossibilidade de pesquisar a totalidade
desses aspectos, a heterogeneidade dessa categoria profissional e a
instabilidade e mudança das identidades.
Assim, novos caminhos metodológicos delineiam-se para identificar e
compreender as diferenças, as descontinuidades, as divisões no processo de construção
de identidades profissionais de professores. De um lado, os estudos investem sobre as
narrativas dos professores sobre si mesmos e seus contextos de formação e de
trabalho. Narrativas concebidas como práticas discursivas forjadas na relação com
outros discursos sobre a profissão (o discurso oficial ou da legislação, o da cultura
escolar, o da comunidade, o da imprensa/mídia). Não para tomá-las como verdade, mas
para uma aproximação maior a esse universo em que se encontram mergulhados os
professores e para compreensão do como se vêem dentro desse universo.
De outro lado, o esforço dos pesquisadores recai sobre pesquisas em
parceria com professores nas escolas, ou seja, pesquisas que aproximam o
pesquisador desse universo multifacetado em que se manifestam as diferentes
identidades profissionais docentes.
Referências
APPLE, Michael W. Interromper a direita: realizar trabalho educativo crítico
numa época conservadora. Currículo sem Fronteiras. V.2, n.1, pp.80-98, Jan/Jun 2002.
BERGER, P. Perspectivas sociológicas: uma visão humanista. Petrópolis: Vozes,
1986.
BERCER, P. I. e LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Tratado de
Sociologia do Conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1985.
BOURDIEU, P. 2001. Os três estados do capital cultural. In: NOGUEIRA, M.A. e CATANI, A. Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, p. 71-79.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3408ISSN 2177-336X
BOURDIEU, P. 2004. Sistemas de ensino e sistemas de pensamento. In: BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, p. 203-229. CUNHA, Marciano de Almeida. O processo de socialização profissional de professores do ensino superior atuantes no Curso de Administração: trajetórias, saberes e identidades. Tese (Doutorado em Educação: História Política Sociedade). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2011.
DELGADO, Adriana Patricio. 2015. Concepções de alunos concluintes do curso
de Pedagogia sobre a docência: interfaces com a identidade profissional. Tese de
Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP.
Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade – EHP
DOTTA, L.T. Percursos identitários de formadores de professores: o papel do
contexto institucional, áreas de conhecimento e disciplinas. Tese (Doutorado em
Educação: História Política Sociedade). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, 2010.
DUBAR, C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais.
Porto-Pt: Porto, 1997.
FURLAN, E. G. M. O processo de socialização e construção de identidade
profissional do professor iniciante de Química. Tese (Doutorado em Educação,
História, Política, Sociedade). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
– PUC/SP, 2010.
GIMENO SACRISTÁN, J. Poderes instáveis em educação. Porto Alegre-RS:
Artes Médicas, 1999.
HARGREAVES, A. Hacia una geografía social de la formación docente. In:
ANGULO RASCO, J. F.; BARQUÍN RUIZ, J. y PÉREZ GÓMEZ, A. I. 1999.
Desarollo profesional del docente: política, investigación y práctica. Madrid-Es: Akal,
1999.
LAWN, Martin. Os professores e a fabricação de identidades. Currículo sem
Fronteiras. V.1, n.2, pp. 117-130, Jul/Dez 2001
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3409ISSN 2177-336X
LOPES, Amélia. Libertar o desejo, resgatar a inovação: A construção de
identidades
profissionais em docentes do 1º CEB. (Tese) Porto-Pt: IIE, 2001.
LOUREIRO, Carlos. A docência como profissão. Culturas dos professores e a
indiferenciação profissional. Lisboa-Pt: Asa, 2002.
OLIVEIRA, Lúcia Matias da Silva. 2014. A RECONFIGURAÇÃO
IDENTITÁRIA DO PROFESSOR NOS CONTEXTOS DE TRABALHO: Uma análise
da profissionalidade docente. Tese (Doutorado em Educação). São Paulo: PUCSP –
Programa de Estudos Pós-graduados em Educação: História, Política, Sociedade.
OLIVEIRA, Midiã Olinto de. 2013. A formação inicial e as condições de alunas
concluintes do curso de Pedagogia para o ingresso na profissão docente. Dissertação
(Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade). São Paulo: PUC-SP – Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo.
PÉREZ GÓMEZ, A. I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre-
RS: ArtMed, 2001.
SLAVEZ, Milka Helena Carrilho. Percursos identitários de professores alfabetizadores
no município de Paranaíba –MS. Tese (Doutorado em Educação: História, Política,
Sociedade). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2011.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Rio de Janeiro: Vozes,
2002.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
3410ISSN 2177-336X