Post on 04-Oct-2018
Pictorialismo e
Fotografia Moderna
Prof. Ms. Déborah Rodrigues Borges
Fotografia: entre o documento e a arte
“Características da imagem fotográfica, como baixo custo, rapidez,
reprodutibilidade, fidelidade fizeram com que ela fosse adotada pela
sociedade ocidental como forma de documentação do cotidiano desde os seus
primórdios no século XIX. (...) Esse caráter documental, de representação fiel
da realidade fez com que por muito tempo a fotografia fosse afastada de seu
caráter artístico, com o argumento de que ela não passava de um processo
mecânico, onde o artista não expunha sua inventividade”.
Paul Périer, vice-presidente da Sociedade Francesa de Fotografia, divide os
fotógrafos, na segunda metade do século XIX, entre fotógrafos-artistas e
fotógrafos industriais.
Pictorialismo: a relação da fotografia com as
artes
O movimento pictorialista eclodiu na França, na Inglaterra e nos Estados
Unidos a partir da década de 1890, congregando os fotógrafos que
ambicionavam produzir aquilo que consideravam como fotografia artística,
capaz de conferir aos seus praticantes o mesmo prestígio e respeito
grangeado pelos praticantes dos processos artísticos convencionais.
“O pictorialismo surge a partir da união de fotógrafos-artistas para mostrarem
uma fotografia que vai além da técnica, que mostre subjetividade, valorize o
ato fotográfico e se desvencilhe do caráter documental que lhe era atribuído
até então. Os adeptos do pictorialismo propunham uma intervenção na
fotografia por meio de inúmeros processos, reivindicando ‘o reconhecimento
da fotografia enquanto imagem artística, com o mesmo estatuto da pintura’”
Início do Pictorialismo na Europa
• Surgimento das primeiras associações de fotógrafos: Photographic
Society of London (1853) e a Société Française de Photographie
(1885). Inspiradas nas academias de artes, essas associações
realizavam exposições, ditavam padrões estéticos e encorajavam a
apresentação pública das imagens. Nesse momento a fotografia e
seu estatuto artístico é destinada basicamente aos fotógrafos
amadores.
Técnicas de impressão e retoques
Várias técnicas de impressão e retoque surgiram no século
XIX para sanar a inquietação de diversos fotógrafos que
priorizavam a dimensão mais subjetiva da fotografia.
Alguns desses processos foram a cianotipia, a goma
bicromatada, o bromóleo, entre outros.
Cianotipia
A cianotipia foi um dos primeiros processos de impressão fotográfica em papel.
Foi descoberta por Sir John Herschel, notável cientista, cuja atividade principal
era a astronomia, tendo feito diversos achados neste campo. Além disso, fez
pesquisas relevantes na fotografia e, segundo autores abalizados, deve-se a ele
também a descoberta do hipossulfito como agente fixador.
A cianotipia tem este nome porque as imagens assim produzidas apresentam-se
em azul. Isto acontece pelo fato de se basear em sais de ferro e não prata.
Também é conhecida como ferroprussiato ou "Blueprint".
Não é um processo para produzir negativos, mas cópias em papel.A emulsão é
muito lenta, mais ou menos da ordem de 0.0005 ISO. Por causa disso, é
impraticável ampliar negativos sobre papel ao ferroprussiato. A cópia é obtida
por contato, numa prensa especialmente construída, embaixo de uma luz rica
em UV, podendo ser a própria luz do sol. Nesse caso, a impressão pode demorar
de 15 a 45 minutos, dependendo da densidade do negativo. Após o tempo de
exposição, a folha de papel é lavada em água corrente por alguns minutos e, ao
secar, a imagem adquire tons azuis bem saturados.
Carl Curman. Cianótipo. Granada, Espanha.
Carl Curman. Cianótipo. Ronda, Espanha.
Carl Curman. Cianótipo. Espanha.
Bromóleo
Esse processo consiste basicamente no branqueamento de
fotografias em papel de brometo e seu posterior revestimento
com um pigmento oleoso e produz um acabamento com textura
semelhante ao da pintura a óleo. Surge na Inglaterra em 1907,
gozando de grande sucesso entre os fotógrafos pictorialistas até
a década de 1920.
Robert Demachy. Bromóleo.
Edward Steichen. Bromóleo.
Alvin Langdon Coburn. Bromóleo.
Gertrude Käsebier. Bromóleo.
Alfred Stieglitz. Bromóleo.
George Seeley y Hugo Henneberg. Bromóleo.
Goma Bicromatada
Surgido em 1894, foi um dos processos mais apreciados pelos fotógrafos
pictorialistas, a partir da última década do século passado, permanecendo em
voga até a década de 1920, em virtude de possibilitar o uso da cor, um grande
controle da formação da imagem e por gerar imagens cujo acabamento podia
evocar tanto o aspecto de uma gravura ou de um desenho a carvão ou em pastel.
Os papéis de goma bicromatada, que deviam ser artesanalmente produzidos pelo
próprio fotógrafo, eram recobertos por uma camada de goma bicromatada -
composta pela mistura de goma arábica e de dicromato de potássio - na qual
podiam ser adicionados pigmentos de qualquer cor a escolha do fotógrafo.
Jandora B. Jakobson. Goma bicromatada.
Jandora B. Jakobson. Goma bicromatada.
L. E. R Achutti. Goma bicromatada.
Correntes artísticas do Pictorialismo
• Corrente de Oscar Rejlander, da década de 1850: utilizava a câmera como
mecanismo de expressão, mostrando que o fotógrafo também dispunha de
poder de representação, e que era possível usufruir da fotografia como
linguagem.
• Corrente de Henry Peach Robinson, que também utilizou fotomontagens em
suas produções, mas ao contrário de Rejlander, buscava dar um caráter
realístico às imagens.
• Corrente influenciada pela pintura impressionista: apresentava
características como foco suave
Dois modos de vida. Oscar Rejlander.
Fading Away. Henry Peach Robinson.
Peter Henry Emerson. Ricking the Reed. 1886
Photo-Secession
O Photo-Secession foi um movimento fotográfico conduzido por Edward
Steichen e Alfred Stieglitz, que se iniciou em 1902 e durou até 1916,
aproximadamente – estabeleceu o direito da fotografia ser considerada
uma das belas-artes. Através de suas fotografias e suas apresentações em
concursos e exibições, os Secessionistas demonstraram conclusivamente
que era necessário diferenciar a fotografia como informação visual da
fotografia como expressão visual. O tema, por si só, não faz da fotografia
uma arte; usada como uma forma de compreensão estética, ela poderia ser
um meio expressivo.
Os fotossecessionistas defendem a fotografia sem retoques ou manipulação
nos negativos e nas cópias, em reação ao pictorialismo. Muitas vezes, os
fotógrafos buscavam condições atmosféricas que pudessem produzir os
efeitos que desejavam, sem terem que fazer intervenções na fotografia. A
fotografia se aproxima do Abstracionismo, com ênfase na forma e não no
objeto em si. O trabalho dos fotossecessionistas é divulgado pela revista
CAMERA WORK, fundada por Stieglitz e publicada entre 1903 e 1917.
Edward Steichen, Alvin Langdon Coburn e Paul Strand estão entre os
principais nomes do movimento.
Fotografia Moderna
As vanguardas modernistas também influenciaram a produção fotográfica e, ao
mesmo tempo, foram influenciadas por ela. A partir do trabalho dos fotógrafos da
Photo-Secession e de toda a movimentação criada pelos artistas vanguardistas, a
Fotografia Moderna se desenvolveu na Europa e nos Estados Unidos. A principal
ideia dos fotógrafos modernos era buscar uma forma de desenvolver uma
linguagem artística fotográfica. Não atribuir sentido artístico à fotografia fazendo-a
parecer-se com um outro tipo de imagem artística, mas criar uma estética
genuinamente fotográfica.
Nomes importantes da Fotografia Moderna: Eugène Atget, Làszlo Moholy-Nagy, Man
Ray, Kasimir Malevich etc.
Alfred Stieglitz. O terminal. 1892
Alfred Stieglitz. Georgia O’Keeffe. 1921
Alfred Stieglitz. Equivalência. 1926
Edward Steichen. The Flatiron Building. 1905
Edward Steichen. Dor. 1903
Edward Steichen. Nuvens. 1930
Edward Steichen. Fósforos e caixas de fósforos. 1926
Edward Steichen. Girassol maduro.
Paul Strand. From the El. 1915
Paul Strand. Blind. 1916
Paul Strand. Quintais geométricos. 1917
Eugène Atget.
Eugène Atget.
Eugène Atget.
Làszlo Moholy-Nagy. A flor. 1925
Làszlo Moholy-Nagy. Mecânica Humana. 1925