Poesia

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Poesia Gaucha

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Reza Chucra Alcy Cheuichegentileza de Marcio Leo da Silvaextrado do livro Versos do Extremo Sul

Perdoe Virgem MariaPor lhe tomar ateno, Envolvendo um coraoTo puro e to adorado,Nesta misria qu'eu trago,Que arrasto, melhor que diga,Por esta terra inimiga,Onde nunca fui amado.

A Senhora bem se lembraQue nem sempre foi assim...

Embora no fosse em mimQue a fortuna tinha ninho,Eu bem que tive carinhoE uma mulher cuidadosaQue me deixava de jeito,Um leno branco no peito,A bombacha bem limpinha, Quando para a igreja eu vinha,No tempo qu'eu fui feliz.

Agora olhe pra mim.Veja esta roupa rasgadaQu'eu carrego com vergonha.Parece que a gente sonha,Quando v que no nadaPr dominar o seu vcioQuando eu morava no pagoAs vezes tomava um tragoNo mais pr molh a gargantaE agora querida Santa,At virei cachaceiro,Depois que bebo o primeiroNo h nada que me pare.E depois at que eu sareVem me subindo a cabeaToda essa vida passadaE o rosto da minha amadaEnxergo assim como em sonho...

minha Nossa Senhora,Escute ao menos agoraUm pedido que le fao.

Sei que a morte j me rondaPela porteira do rancho...At j vejo os caranchosRodeando em volta de mim.

Reconheo o meu pecado,E quando tiver chegadoL na fronteira do cuVo me apontar outro rumo:- Ovelha com mancha pretaBota a marca na paletaQue s serve pr o consumo. -

Pr mim no h mais remdio,No pr mim o pedido.Sou ndio chucro vencidoPelo vcio aqui do povo.

Eu peo pelo meu filho,Que abandonei l no pagoQuando a sina de ndio vagoMe arrebatou da querncia.

Proteja a sua inocncia...No deixe que o coitadinhoSiga este duro caminhoQue est seguindo seu pai.

Que fique por toda a vidaGrudado naquele cho,Que resista a tentaoCom toda a fora de machd,Que no morra como guachoQuando par o corao.