Por seres tão inventivo E pareceres contínuo Tempo Tempo tempo Tempo És um dos deuses mais Lindos...

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Por seres tão inventivoE pareceres contínuoTempoTempo tempoTempoÉs um dosdeuses maisLindosTempo tempoTempo tempo Caetano Veloso

Uma das maiores conquistas do século XX.

Verdadeira revolução no curso de vidadas pessoas.

No século XXI a velhice pode ser uma faseda vida mais longa do que a infância e a adolescência juntas.

No século XX a expectativa de vida experimentou um salto jamais visto.

1900 - expectativa de vida para quem nascia na Europa era de 40 anos.

1990 - final do século XX – a expectativa de vida passa a ser de 80 anos.

Hoje temos 3 ou 4 gerações convivendo entre si.

OCTOGENÁRIOS - BRASIL

Oscar Niemeyer Bibi Ferreira Manoel de Barros

Fernanda Montenegro Fernando Henrique

Gilberto Gil Chico Buarque Caetano Veloso Maria Bethania

Pensar o envelhecimento é pensar em um

processo multidimensional que incorpora

fatores biológicos, psicológicos, sócio-

culturais e econômicos.

“Um idoso na fila do Detran”

Zuenir Ventura

“ O senhor aqui é idoso”, gritava a senhora para o guarda, no meio da confusão na porta do Detran da Avenida Presidente Vargas, apontando com o dedo o tal “senhor”.

Como ninguém protestasse, o policial abriu caminho para que o velhinho enfim passasse à frente de todo mundo para buscar a sua carteira.

Olhei em volta e procurei com os olhos o velhinho, mas nada. De repente, percebi que o “idoso” que a dama solitária queria proteger do empurra-empurra não era outro senão eu.

Até hoje não me refiz do choque, eu que já tinha me acostumado a vários e traumáticos ritos de passagem para a maturidade: dos 40, quando em crise se entra pela primeira vez nos “enta”; dos 50, quando, deprimido, se sente que jamais vai se fazer outros 50; e dos 60, quando um eufemismo diz que a gente entrou na “terceira idade”.

E muito menos, nunca achei que viesse a ser chamado, tão cedo, de “idoso”, ainda mais numa fila do Detran.

Na hora, tive vontade de pedir à tal senhora que falasse mais baixo. Na verdade, tive vontade mesmo foi de lhe dizer: “idoso é o senhor seu pai.”

O que mais me irritava era a ausência total de hesitação ou dúvida. Como é que ela tinha tanta certeza? Que ousadia! Quem lhe garantia que eu tinha 65 anos, se nem pediu pra ver minha identidade?

E o guarda paspalhão, por que não criou um caso, exigindo prova e documentos? Será que era tão evidente assim?

Como além de idoso eu era um recém-operado, acabei aceitando ser colocado pela porta adentro. Mas confesso que furei a fila sonhando com a massa gritando, revoltada: “esse coroa tá furando a fila! Ele não é idoso! Manda ele lá pro fim.”

Mas que nada, nem um pio.

O silêncio de aprovação aumentava o sentimento de que eu era ao mesmo tempo privilegiado e vítima – do tempo.

Me lembrei da manhã em que acordei fazendo 60 anos: “Isso é uma sacanagem comigo.”, me disse, “eu não mereço.”

Subi e a mocinha da mesa de informações apontou para os balcões 15 e 16, onde havia um cartaz avisando: “Gestantes, deficientes físicos e pessoas idosas.” hesitei um pouco e ela, já impaciente, perguntou: “o senhor não tem mais de 65 anos? Não é idoso?

- Não, sou gestante – tive vontade de responder, mas percebi que não carregava nenhum sinal aparente de que tinha amamentado ou estava prestes a amamentar alguém.

Saí resmungando: “não tenho mais, tenho só 65 anos.”

O ridículo, a partir de certa idade, é como você fica avaro em matéria de tempo: briga por causa de um mês, de um dia. “Você nasceu no dia 14, eu sou do dia 15”, já ouvi essa discussão.

Enquanto espero ser chamado, vou tentando me lembrar quem me faz companhia nesse triste transe.

Aí, se não me falha a memória – e essa é a segunda coisa que mais falha nessa idade - , me lembro que Fernando Henrique, Maluf e Chico Anísio estariam sentados ali comigo.

Por associação de idéias, ou de idades, vou recordando também que só no jornalismo, entre companheiros de geração há um respeitável time dos que não entram em fila do Detran, ou estão quase não entrando: Ziraldo, Gullar, Milton Coelho,Janio de Freitas (Lemos, Cony, Armando e Figueró já andam de graça em ônibus há um bom tempo).

Sei que devo estar cometendo injustiça com um ou com outro – de ano, meses ou dias -, e eles vão ficar bravos. Mas não perdem por esperar: é questão de tempo.

Ah, sim onde é que seu estava mesmo? “No Detran”, diz uma voz. Ah, sim.

“E o atendimento?” ah, sim, está mais civilizado, há mais ordem e limpeza. Mas mesmo sem entrar em fila passa-se um dia para renovar a carteira.

Pelo menos alguma coisa se renova nessa idade.

Zuenir Ventura.

Imagens: desenho do ilustrador italiano

Donald SoffrittiDonald Soffritti nasceu em 1967 e

atualmente mora na Bolonha, Itália. O artista é associado do INCA (Italian Internet Comics Academy). Um dos

seus trabalhos mais interessantes são versões de diversos heróis em idade bastante avançada. É um concepção

muito bem humorada.

Música – “O Evocação”- Altamiro Carrilho Formatação – Christina Meirelles Neves

Envelhecer pode ser um momento extremamente difícil para algumas pessoas quando não conseguem elaborar e se adaptar às mudanças.

Uma das maiores dificuldades reside no sentimento de angústia que acompanha o processo de perdas, de declínio físico, de reflexões profundas sobre a própria vida e a proximidade da morte.

Quando envelhecemos os primeiros sinais são físicos: - os cabelos embranquecem - os passos se tornam mais lentos

- a atividade física diminui

- a pele enruga

Numa sociedade que valoriza intensamente o trabalho e a produção, bem como as qualidades da juventude, abre-se um vasto campo para os preconceitos sobre o potencial e a

capacidade dos velhos.

FERNANDA MONTENEGRO

Fernanda Montenegro

• “ A tragédia é quando se morre jovem. Você paga um preço para viver que é ficar velho.

É melhor ficar velho e ir tocando, como se a velhice não existisse. Não é ignorá-la. É encará-la, respeitá-la e não denegri-la.”

Folha de São Paulo. Ilustrada. 16/05/10

“ É essa possibilidade de chegar a esse ponto, de assumir isso, assumiro seu tempo, a idade que você tem e não ficar se desesperando por isso.Eu desconfiava desde garotinho que ia ficar velho. Eu acho que ainda vou ficar velho.”

Na velhice acontecem alguns fenômenos

que estão fora do controle dos indivíduos.

- confronto com a morte

- saída do mercado de trabalho

- maior índice de doenças

A Velhice é Heterogênea :

○ padrões de saúde individuais○ questões de gênero○ classes social e cultural○ condições sócio econômicas

Lya Luft

O desafio da sociedade é desenvolver atividades para as pessoas idosas nasquais elas possam encontrar significadoe perspectivas.

E, o mais importante, eliminar as colocações negativas.

• Iniciar um novo ciclo de vida que poderá perdurar por mais de 30 ou 40 anos

• Preservar a autonomia e a independência

• Superar os preconceitos e estigmas

• Elaborar novos projetos

• Buscar novos conhecimentos e novos interesses

• Espaços urbanos mais adequados ao envelhecimento

populacional com base no programa da OMS – Cidades

Amigas dos Idosos.

• Política de formação profissional específica para os

cuidadores.

• Constituição de uma plataforma que inclua todas as

instituições que trabalham na área do envelhecimento

a nível municipal, estadual e federal para partilhar as

suas experiências e modelos.

Garantir aos idosos as condições necessárias para viver a velhice

de forma mais plena e satisfatória, com respeito e apoio, é tarefa de todos nós.

Todos iremos envelhecer. Querendo ou não, iremostodos envelhecer. As pernas irão pesar, a colunadoer, o colesterol aumentar. A imagem no espelhoIrá se alterar gradativamente e perderemos estaturalábios e cabelos.

A boa notícia é que a alma pode permanecer com ohumor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dostrinta anos. O segredo não é reformar por fora. É,acima de tudo, renovar a mobília interior, tirar o pó,dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejaro ambiente.

Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer oexterior. “Erótica é a Alma” – Adélia Prado

Michel de Montaigne

Ligue o som Desconheço autoria

Em certa ocasião alguém perguntou a Galileo Galilei: - Quantos anos tens?

- Oito ou dez, respondeu Galileo, em evidente contradição com sua barba branca.

E logo explicou

- Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais,como não temos mais as moedas que já gastamos.

Crescemos em sabedoria se valorizarmos o

tempo como Galileo Galilei

Dizemos espantados

- Como passa o tempo!!.  Mas na verdade, somos nós que passamos.