Pos modernidade

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“Quando os ventos

de mudança sopram,

umas pessoas levantam barreiras,

outras constroem moinhos de

vento.”

Érico Veríssimo

No abismo misterioso e

fecundo,um punhado

de poeira cósmica.

E em meio a esta silenciosa imensidão,

um pequeninoponto azul.

A brisa que sopra na superfície deste pequenino ponto

produzum leve ruído que atravessa

as colinas e os campos verdes.

Uma leve brisa pode anunciar a chegada de uma

nova estação.

Uma leve brisa pode anunciar a chegada de uma

nova estação.

Nos países árabes,

ventos de mudança

anunciam a chegada da primavera.

Regimes que pareciam sólidos e intocáveis vão sendo varridos

pela brisa transformadora.

Num mundo cada dia mais interconectado,

as velhas regras de opressão e manipulação

vão sendo uma a uma superadas.

Pintura num muro na capital

da Tunísia, exaltando

a liberdade.

“LIBERDADE, essa palavra que o sonho

humano alimenta, que não

há ninguém que explique, e ninguém que

não entenda...”

Cecília Meireles

Porém, as brisas que anunciam mudanças

muitas vezes trazem junto

de sicaos, dor e confusão.

Londres, agosto de 2011

Raiva, desencanto e violentos distúrbios que se alastram por vários dias.

Uma vigília pacífica em Tottenham contra a morte

de um jovem por policiais acaba se convertendo

numa explosão de selvageria que se espalhapor diversos outros bairros londrinos.

Saqueadores atacam vitrines e depósitos de lojas, carregando principalmente

equipamentos eletrônicos,

– celulares, computadores, TVs de plasma, entre outros.

Também são alvos de saques lojas contendo

“itens de grife”, – marcas valorizadas

por mensagens de consumo.

E depois dos saques, a onda de incêndios criminosos.

A jovem moça, cujo apartamento fica acima de uma

loja de móveis que foi

incendiada, salta numa

desesperada fuga das chamas.

Um morador que presenciou a

onda de saques, depredações e

incêndios relata: “Nunca vi tanto desprezo pela vida humana.”

“Queimaram carros, lojas, e casas, sem se preocupar se

havia velhos ou bebês dormindo

dentro.”

São tempos de crise os nossos,

– crise econômica, financeira,

política e social.

E acima de tudo, ética e moral.

Tristes tempos em que uma

vida vale tão pouco,perdendo-se por

quase nada.

Saldo de quatro mortos e dezenas de feridos,

além de prejuízos que ultrapassam R$ 260 milhões.

Diversos especialistas

acreditam que os conflitos que

tiveram por palco as ruas londrinas

poderiam ter ocorrido em

qualquer outra cidade grande.

A voracidade consumista,

a pulsão pela aquisição do

novo,

a permanente sensação de

insaciabilidade, e vidas vazias

de sentidoinfelizmente permeiam a

quase totalidade das sociedades

modernas.

Tempos desleais os nossos, onde testemunhamos

a mercantilização

de tudo:sentimentos, ideais, metas existenciais

e sonhos.

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês considerado, aos 86 anos de idade,

um dos principais pensadores daatualidade, classificou os distúrbios

na capital inglesa como

“um motim de

consumidores excluídos e frustrados.”

Em obras como

“Modernidade Líquida” e “Vida para consumo:

a transformação das pessoas

em mercadoria”, Bauman já havia

observado como na atual sociedade

de consumo as campanhas publicitárias sucessivas

atrelam a busca da felicidade

a indicadores de consumo e de riqueza ostentada.

Anúncios publicitário

s que vendem o delírio de que ser

dono de um determinado produto é

o coroamento do sucesso individual.

A torrente desumana de publicidade a que somos

expostos todos

os dias, fomentando o individualism

o e o

consumismo, em

detrimento à

solidariedade e cidadania.

“Prazer é mais do que

uma sensação.

É um objetivo de vida”,

nos recorda o anúncio ao lado.

Em outras palavras,

se você não adquirir o produto

anunciado, sua vida

estará vazia não somente

de prazer, mas

de um objetivo.

Bauman é enfático ao afirmar que

“enquanto não repensarmos a maneira como

medimos o bem-estar,

mais problemas

são inevitáveis.”

“A busca da felicidade

não deve ser atrelada

a indicadores de riqueza,

pois isso apenas resulta numa

erosão do espírito

comunitário em prol de competição

e egoísmo.”

Em suas entrevistas,

Bauman costuma citar um antigo

provérbio chinês de mais de

dois mil anos antes do advento da modernidade,

que diz:...

“Quando planejas por um ano,

semeias o grão.

Quando planejas por uma década, plantas árvores.

Quando planejas por uma vida

inteira, formas e educas

as pessoas.”

As graves crises éticas e morais,

sociais e ambientais

que solapam ahumanidade por todos os lados

anunciam a necessidade de superarmos

a modernidade, e trabalharmos para o advento daquilo definido por pós-modernidade.

E o que significa ‘educar’ paraos tempos de

pós-modernidade?

O urgente e vital desafio de

educar as futuras

gerações de modo que possam

cultivar uma nova visão,

uma atenção expandida.

Pais e avós, professores e educadores, e todos aqueles amantes da

vida devemos abraçar a

causa de como garantir às

novas gerações uma

educação plena.

Uma educação capaz de

estimular a reflexão e a crítica,

de modo que saibam cultivar

a ética, a

transcendência,

a cooperação, a solidariedade

e o respeito à

vida.

Uma educação plena, que abarque o

desenvolvimento físico e

intelectual, emocional, espiritual e social das crianças

pequenas que estão iniciando

a sua caminhada

pela jornada terrena.

Somente teremos ordem, progresso e beleza...

...no dia em que a Educação e a Infância forem consideradas uma prioridade

essencial.

O educador recifense

Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais notáveis na história da

pedagogia mundial,afirma:...

“Eu nunca poderia pensar em educação sem amor.

É por isso que eu me

considero um educador:acima de tudo

porque eu sinto amor.”

“Eu sou um intelectual que

não tem medo de ser amoroso,

eu amo as gentes e amo o mundo.E é porque amo

as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a

justiça social se implante

antes da caridade.”

“Pra mim, o ‘eu sou, logo existo’ há muito tempo

sumiu. ‘Nós somos,

logo existimos’, esta é que é

a formulação.

Nós existimos, fazemos coisas, por isso somos,

entende?...”

“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo

sério, com adolescentes brincando de matar

gente, ofendendo a

vida, destruindo o sonho,

inviabilizando o amor. Se a educação

sozinha não transformar a sociedade,

sem ela tampouco

a sociedade muda.”

“Mudar é difícil mas é

possível.”Paulo Freire(1921 – 1997)

Projeto “Compaixão e Cidadania”

Um espaço para refletirmos sobre temas essenciais.compaixao_cidadania@hotmail.com