Post on 07-Jan-2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
JANE MARIA ARAUJO PASSOS
PRTICAS DE GESTO ESCOLAR E SEUS REFLEXOS NO DESEMPENHO DE UMA ESCOLA PBLICA: O CASO DA ESCOLA ESTADUAL JOS AMRICO
BARBOSA
Juiz de Fora 2014
JANE MARIA ARAUJO PASSOS
PRTICAS DE GESTO ESCOLAR E SEUS REFLEXOS NO DESEMPENHO DE UMA ESCOLA PBLICA: O Caso da Escola Estadual Jos Amrico Barbosa
Dissertao apresentada como requisito parcial concluso do Mestrado Profissional em Gesto e Avaliao da Educao Pblica, da Faculdade de Educao, Universidade Federal de Juiz de Fora.
Orientador: Prof. Victor Cludio Paradela Ferreira.
Juiz de Fora 2014
TERMO DE APROVAO
JANE MARIA ARAUJO PASSOS
PRTICAS DE GESTO ESCOLAR E SEUS REFLEXOS NO DESEMPENHO DE UMA ESCOLA PBLICA: O Caso da Escola Estadual Jos Amrico
Barbosa
Dissertao apresentada Banca Examinadora designada pela equipe do Mestrado
Profissional CAEd/ FACED/ UFJF, aprovada em __/__/__.
___________________________________ Prof. Victor Cludio Paradela Ferreira (UFJF) - Orientador
____________________________________ Prof. Dr. Arsnio Firmino de Novaes Netto
Membro da banca Externa
___________________________________ Prof. Dr. Danilo de Oliveira Sampaio
Membro da Banca Interna
Juiz de Fora, 19 de agosto de 2014
Dedico essa dissertao a Deus, a meu marido Armando, minhas filhas Dara, Jade e Amanda e a meu enteado Gabriel.
AGRADECIMENTOS
Agradeo a meu marido e minhas filhas, pelo amor incondicional, apoio, pacincia e compreenso durante as minhas ausncias para os estudos;
Agradeo imensamente a Cirene Ramos, pela amizade que foi construda no percurso do mestrado e gratido eterna pelo incentivo constante;
Agradeo a todos os profissionais da Escola Estadual Jos Amrico Barbosa, pelo trabalho dedicado que gerou a inteno dessa pesquisa, em especial Diretora Mireile Aparecida Gomes Sousa e Especialista Cleonice Fonseca, pelo incentivo e colaborao;
Agradeo ao meu orientador, Prof. Victor Paradela Ferreira; a meus tutores, Daniel Eveling, Lusa Vilardi, Leonardo Vilardi, Priscila SAntana, incansveis nas valiosas colaboraes desde o 1 perodo;
Agradeo a Selma Mendes, Valderlice Rosa de Souza, Tiago de Freitas Neto, Danielle Ferreira, Luclia Brant e Elisngela Silva, pelo companheirismo e parceria nessa caminhada;
Agradeo a minha sogra Maria da Conceio, por cuidar das minhas filhas durante as semanas presenciais do mestrado;
Agradeo a meus pais, Jos Geraldo e Shirley, e a todos meus irmos, especialmente a Saulo e Marcos, por todo apoio e auxlio ao longo da minha vida;
Agradeo a Deus, acima de tudo, pela minha vida.
Eu queria dizer que sempre sonhei em estudar na Jos Amrico, os professores so dedicados com seu trabalho e a direo muito boa.(Depoimento de um aluno, de 12 anos, do 6 ano do ensino fundamental respondendo ao questionrio da pesquisa.)
RESUMO
A presente dissertao analisa as prticas de gesto escolar da Escola Estadual Jos Amrico Barbosa, localizada no municpio de Mato Verde e seus reflexos no desempenho escolar, luz da vertente da gesto escolar participativa e estratgica. As anlises foram resultados de entrevistas realizadas com a equipe gestora da escola e dos questionrios com os demais profissionais da escola, alunos e pais ou responsveis representantes da comunidade escolar, como tambm pela observao participante e anlise documental, tendo como metodologia a pesquisa qualitativa. As informaes obtidas foram confrontadas com autores selecionados para construir o referencial terico. Objetivou-se analisar como as aes de gesto influenciam no desempenho escolar. A Escola Estadual Jos Amrico foi escolhida porque vem conseguindo transformar suas aes em resultados positivos, se destacando no desempenho dos alunos em resultados de avaliaes externas dos anos finais do ensino fundamental na gesto atual e nas colocaes do Prmio de Gesto Regional de Minas Gerais. Palavras-chave: prticas de gesto, gesto escolar, Escola Estadual Jos Amrico Barbosa, desempenho escolar
ABSTRACT
The present dissertation analyses the school administration practices of the State School Jos Amrico Barbosa, localized in the city of Mato Verde and their reflections in the light of strand of participatory school management and strategic. The analyses were results of interviews with the management team of the school and of the questionnaires with the other school professionals, students and parents or guardians representatives of the school community, also by participant observation and document analysis, having as methodology the qualitative research. The informations obted were confrontation with authors selections of confection the teoric reference. It was aimed to analyze how management actions influence the performance of the school. The State School Jos Amrico was chosen because it has been able to transform their actions into positive results highlighting itself in performance of students in results of external evaluations of the final years of primary education in the current administration and in the awards of the regional management Prize of Minas Gerais. Keywords: management practices, school management, Jos Amrico Barbosa State School, school performance.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Mapa de Minas Gerais com a diviso territorial das SREs. 23
FIGURA 2: Organograma da Estrutura Organizacional da SRE de Janaba 24
FIGURA 3: Mapa da Regional da SRE de Janaba inserida em Minas Gerais............................................................................................
26
FIGURA 4: Mapa IDH no Brasil 28
FIGURA 5: Resultados do IDEB 2011 - Anos finais do ensino fundamental... 58
FIGURA 6: IDEB 2011 - Anos finais do ensino mdio..................................... 58
FIGURA 7: Proficincia Mdia e Padres de desempenho de 2006 a 2013 Rede Estadual...............................................................................
65
FIGURA 8: Organograma Reflexivo sobre a Gesto escolar.......................... 79
FIGURA 9: Organograma Reflexivo sobre a Gesto escolar.......................... 82
FIGURA 10: Grau de concordncia da existncia da gesto participativa na E. E. Jos Amrico Barbosa pelos seus profissionais.................
86
FIGURA 11: Participao dos alunos e pais nas reunies pedaggicas da E. E. Jos Amrico Barbosa..............................................................
87
FIGURA 12: Formas de transmisso da comunicao da SEE/SEE para os profissionais da escola..................................................................
91
FIGURA 13: Repasse de informaes dadas aos alunos da E. E. Jos A. Barbosa.........................................................................................
93
FIGURA 14: Relacionamento dos pais de alunos com a E. E. Jos Amrico Barbosa.........................................................................................
94
FIGURA 15: Relao interpessoal na escola..................................................... 95
FIGURA 16: Percepo dos alunos e profissionais sobre os fatores que mais influenciam nos resultados das avaliaes externas da E. E. Jos Amrico Barbosa..................................................................
98
FIGURA 17: Parcerias mais conhecidas pelos profissionais da escola............ 100
FIGURA 18: Frequncia de realizao de visitas da equipe gestora sala de aula................................................................................................
109
FIGURA 19: Percepo dos profissionais sobre a participao da direo nas reunies de planejamentos da E. E. Jos Amrico Barbosa........
111
FIGURA 20: Projetos mais realizados na escola............................................... 112
FIGURA 21: Dificuldades presentes na escola.................................................. 115
FIGURA 22: Realizaes da E. E. Jos Amrico Barbosa................................ 117
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Evidncias dos Indicadores I - Planejamento e aes pedaggicas Nvel A Planejamento e aes Pedaggicas
50
QUADRO 2: Evidncias dos Indicadores I Planejamento e aes pedaggicas Nvel B Indicadores de Resultados Educacionais.
52
QUADRO 3: Evidncias dos Indicadores II - Gesto Participativa. 53
QUADRO 4: Evidncias dos Indicadores III Gesto de Pessoas e Liderana
55
QUADRO 5: Evidncias dos Indicadores IV - Gesto de Infraestrutura: recursos e servios...
56
QUADRO 6: Onze fatores para escolas eficazes.......................................... 76
QUADRO 7: Dimenses da gesto escolar e as competncias do gestor.... 101
QUADRO 8: Cruzamento de dados das dimenses de gesto com os comentrios dos alunos e profissionais da escola e as prticas de gesto detectadas na escola..................................
118
QUADRO 9: Fatores a serem envolvidos no Projeto de compartilhamento.. 124
QUADRO 10: Plano de ao........................................................................... 125
QUADRO 11: Planilha de custos..................................................................... 130
QUADRO 12: Formulrio para avaliao do projeto no final de cada visita in locu............................................................................................
131
QUADRO 13: Formulrio para avaliao do projeto no final do seminrio.....
131
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Nmero de escolas por rede no Estado de MG 22
TABELA 2: Nmero de escolas por rede do municpio de Mato Verde.. 29
TABELA 3: Total de escolas, docentes e alunos matriculados do municpio de Mato Verde de acordo com o censo IBGE 2012
29
TABELA 4: Nmero de turnos, turmas e alunos da E. E. Jos Amrico Barbosa, em 2014...
32
TABELA 5: Nmero de funcionrios da E. E. Jos Amrico Barbosa, em 2014..
33
TABELA 6: SIMAVE PROEB 9 ano Anos finais do Ensino Fundamental. 36
TABELA 7: Taxas de Rendimento da Rede Estadual 2009......................... 59
TABELA 8: Percentual de alunos no nvel recomendvel PROALFA (2011) Rede estadual...............................................................
60
TABELA 9: Proficincia mdia de Minas gerais. PROALFA (2011)........... 61
TABELA 10: IDEB da Educao Bsica (anos finais do ensino fundamental. 62
TABELA 11: SIMAVE PROEB 9 ano do Ensino Fundamental....................... 64
TABELA 12: SIMAVE PROEB 9 ano do Ensino Fundamental Matemtica 64
TABELA 13: Avaliao Estadual SIMAVE/PROEB e metas de Matemtica e Lngua Portuguesa - 9 ano do Ensino Fundamental da E. E. Jos Amrico Barbosa................................................................
65
TABELA 14: Padro de desempenho da E. E. Jos Amrico Barbosa........... 66
TABELA 15: Padro de desempenho da E. E. Jos Amrico Barbosa PROEB 9 ANO Matemtica....................................................
66
TABELA 16: Avaliao Federal do SAEB/Prova Brasil - E. E. Jos Amrico Barbosa.......................................................................................
67
TABELA 17: Nmero de componentes da amostra de funcionrios que responderam os questionrios....................................................
71
TABELA 18: N de amostra de alunos e pais que responderam os questionrios...............................................................................
71
TABELA 19: A percepo dos profissionais da escola sobre a presena de caractersticas da gesto participativa........................................
85
TABELA 20: Percepo dos alunos e pais sobre a participao da direo da escola nas atividades escolares.............................................
86
TABELA 21: A percepo dos profissionais da escola sobre a implementao de polticas pblicas na E. E. Jos Amrico Barbosa.......................................................................................
88
TABELA 22: Quais os fatores que mais tm impactado o clima organizacional?...........................................................................
96 TABELA 23: Processos de gesto que mais influenciaram nos resultados
da escola.....................................................................................
98
TABELA 24: Caractersticas da diretora da E. E. Jos Amrico Barbosa....... 106
TABELA 25: Percepo dos pais sobre as caractersticas da escola............. 107
TABELA 26: Percepo dos profissionais sobre as caractersticas da escola 107
TABELA 27: Fatores que Influenciam na distribuio de atividades dos profissionais................................................................................
108
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASB - Ajudante de Servios Gerais da Educao Bsica
ATB - Assistente Tcnico da Educao Bsica
BH - Belo Horizonte
CAEd - Centro de Polticas Pblicas e Avaliao da Educao
DAFI - Diretoria de Administrao e Finana
DCNs - Diretrizes Curriculares Nacionais
DIPE - Diretoria de Pessoal
DIRE - Diretoria Educacional
DIVI - Diviso de Infra estrutura Escolar Rede Fsica
DIVDVANT - Diviso de Vantagens
DIVAE - Diviso de Atendimento Escolar
DIVEP - Diviso de Equipe Pedaggica
DIVGP - Diviso de Gesto de Pessoal
DIVOF - Diviso Operacional e Financeira
DIVRH - Diviso de Recursos Humanos
EAD - Educao A Distncia
E. E. - Escola Estadual
EJA - Educao de Jovens e Adultos
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IDEB - ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica
IDH - ndice de desenvolvimento Humano
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio
Teixeira
ISEJAN - Instituto de Educao Superior de Janaba
FAVAG - Faculdade do Vale do Gorutuba
FAVENORTE - Faculdade Verde Norte
JB - Janaba
LP - Lngua Portuguesa
MAT - Matemtica
MG - Minas Gerais
OBMEP - Olimpada Brasileira de Matemtica e Lngua Portuguesa
PAE - Plano de Ao Educacional
PATI - Projeto Aluno em Tempo Integral
PDI -Plano de Desenvolvimento Individual
PEAS - Programa de Educao Afetivo Sexual
PEB - Professor da Educao Bsica
PGE - Prmio de Gesto Educacional
PPGP - Programa de Ps- graduao Profissional em Gesto e Avaliao
da Educao Pblica
PROALFA - Programa de Avaliao da Alfabetizao
PROEB - Programa de Avaliao da Rede Pblica de Educao Bsica
PROETI - Projeto Estratgico Educao em Tempo Integral
PROGESTO
- Programa de formao continuada e em servio, de dirigentes
escolares e profissionais do magistrio
PEUB - Professor de Uso da Biblioteca
PUC - Pontifcia Catlica de Minas Gerais
QIzo - Quadro de Identificao de Turmas e Alunos das Escolas
Estaduais de Minas Gerais
SAEB - Sistema Nacional de Avaliao da Educao Bsica
SME - Secretaria Municipal de educao
SEE - Secretaria de Estado da Educao
SIMAVE - Sistema Mineiro de Avaliao da Educao Pblica
SISAP - Sistema Eletrnico de Administrao de Pessoal do Estado de
Minas Gerais
SER - Superintendncia Regional de Ensino
UAB - Universidade Aberta do Brasil
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros
Sumrio
INTRODUO. 18
1. O CONTEXTO DA ESCOLA ESTADUAL JOS AMRICO BARBOSA........ 22
1.1 O panorama do sistema de educao do Estado de Minas Gerais.. 22
1.2 A Superintendncia Regional de Ensino de Janaba.. 25
1.3 O municpio de Mato Verde. 27
1.4 A Escola Estadual Jos Amrico Barbosa.. 30
1.4.1 Projetos desenvolvidos.. 34
1.4.2 O prmio de gesto escolar... 49
1.5 O IDEB e as avaliaes externas de rendimento escolar 57
2. ANLISE DOS DADOS. 69
2.1 Procedimentos metodolgicos.. 69
2.2 Reflexes tericas sobre as prticas de gesto escolar. 72
2.2.1 Reflexes para a elaborao do roteiro de entrevista com a equipe
gestora da escola
77
2.2.2 Reflexes para a elaborao dos questionrios dos profissionais
da escola e comunidade escolar..
80
2.3 As Prticas de Gesto na Escola Estadual Jos Amrico Barbosa.. 81
2.3.1 Prticas de gesto 81
2.3.1.1 Gesto participativa................................................................. 83
2.3.1.2 Implementao de polticas pblicas...................................... 87
2.3.1.3 O processo comunicativo........................................................ 90
2.3.1.4 Clima organizacional da escola.............................................. 93
2.3.1.5 Gesto dos resultados............................................................ 97
2.3.1.6 Parcerias firmadas.................................................................. 99
2.3.1.7 Competncias dos gestores.................................................... 101
2.3.1.8 Liderana pedaggica............................................................. 108
2.3.1.9 Dificuldades evidenciadas........................................................ 113
2.3.1.10 Realizaes destacadas na escola........................................ 116
3. PROJETO COMPARTILHAR PARA CRESCER.. 121
3.1 Proposta de interveno.. 121
3.2 A avaliao do PAE 130
4. CONSIDERAES FINAIS.. 133
REFERNCIAS 137
APNDICES. 141
Apndice 1- Apresentao da Pesquisadora.. 141
Apndice 2- Formulrio da Entrevista com a Equipe Gestora.. 145
Apndice 3- Formulrios dos questionrios dos profissionais da escola... 146
Apndice 4 Roteiro de Questionrio dos Alunos 151
Apndice 5: Questionrio dos Pais/Responsveis 153
ANEXOS 155
Anexo 1 - Fotos da escola... 155
Anexo 2 - Descries de alguns projetos da escolar.. 156
17
INTRODUO
A pesquisa aborda o caso da Escola Estadual Jos Amrico Barbosa, no
municpio de Mato Verde, localizada no norte de Minas Gerais, a qual tem se
destacado no cenrio educacional da Superintendncia Regional de Ensino de
Janaba (SRE/JB), pelo desempenho dos alunos nas avaliaes externas, prmios
de gesto, atividades cotidianas e projetos pedaggicos desenvolvidos.
As prticas de gesto escolar tm sido alvo de muitas pesquisas e debates.
Um dos principais focos de abordagem desse tema a inter-relao entre gesto
escolar e bons resultados.1 Nessa perspectiva, esta dissertao analisa as prticas
de gesto da Escola Estadual Jos Amrico Barbosa, no perodo de 2008 a 2013,
buscando compreender a sua gesto educacional, sua relao com os resultados
apresentados e projetos desenvolvidos.
Considerando-se que a escola em questo, entre 2008 a 2013, obteve
resultados interessantes nas avaliaes externas (que sero apresentados no
primeiro captulo), tais como: ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (IDEB)
e Sistema Mineiro de Avaliao da Educao Pblica(SIMAVE) no Programa de
Avaliao da Rede Pblica de Educao Bsica (PROEB), sendo inclusive
reconhecida com o Prmio Regional de Gesto Escolar, da Superintendncia
Regional de Ensino, esta dissertao resultou de uma pesquisa que se props a
investigar quais foram as aes de gesto, desenvolvidas na Escola Estadual Jos
Amrico Barbosa, que contriburam para esse resultado.
Prope-se, ao final, um Plano de Ao Escolar (PAE) com o desenvolvimento
de trocas de experincias por meio do Projeto Compartilhar para crescer,2
apresentando as prticas dos atos exitosos da gesto escolar detectadas na escola
estudada e a busca de outras prticas exitosas na regional, proporcionando um
dilogo e trocas de experincias com os demais gestores dos municpios e unidades
1 LCK, Helosa. Dimenses da gesto escolar e suas competncias. Curitiba: Editora Positiva, 2009, p. 7.
MACHADO, Marcia. A dinmica do trabalho de gesto. PARO, Victor H. Administrao escolar: introduo crtica. So Paulo: Cortez, Polon, Thelma Lucia Pinto; Bonamino, Alicia Maria de Catalano. Identificao dos perfis de liderana e caractersticas relacionadas gesto pedaggica eficaz nas escolas participantes do Projeto GERES - Estudo Longitudinal - Gerao Escolar 2005 - Polo Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. 323p. Tese de Doutorado Departamento de Educao, Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro. 2 O Projeto Compartilhar para crescer, da SEE/MG, objetiva oportunizar o intercmbio de aes e
experincias exitosas entre as escolas estaduais, com vistas a otimizar a gesto pedaggica e a melhoria dos resultados educacionais.
18
escolares atendidas pela regional da SRE/JB. Para que isso seja feito analisou-se
como as aes de gesto tm influenciado no desempenho dessa escola
Os objetivos intermedirios perseguidos foram: contextualizar o cenrio no
qual est inserida a escola no Estado de Minas Gerais, na SRE/JB e no municpio
de Mato Verde; identificar as principais atribuies do gestor escolar; caracterizar as
aes implementadas na escola; verificar o desenvolvimento da gesto integrada,
estratgica e participativa na escola;
A Escola Estadual Jos Amrico foi escolhida, dentre as demais do municpio,
porque tem conseguido transformar suas aes de gesto em resultados positivos,
destacando-se, pelo desempenho dos alunos, em resultados de avaliaes externas
dos anos finais do ensino fundamental, na gesto de 2008 a 2013 e nas premiaes
do Prmio de Gesto Regional.
A pesquisa procurou compreender como funcionava o modelo de gesto
adotado na escola, no perodo estudado, para divulgar as suas boas prticas para
os demais gestores da regional, apresentando-lhes os motivos que fazem essa
escola obter bons resultados, a fim de que essas aes sejam divulgadas de forma
clara e possam servir de subsdio para novas aes de gesto escolar.
A SRE/JB est inserida em um contexto geogrfico de precariedade social e
econmica no Estado de Minas Gerais, est em um dos ltimos lugares no ranking
do IDEB. No entanto, dos municpios pertencentes a essa Superintendncia, o de
Mato Verde se destaca por possuir cinco escolas que, mesmo inseridas nesse
panorama de dificuldades, vm buscando uma gesto diferenciada, por meio de
parcerias gerando um clima favorvel para a melhoria educacional. Dessas escolas,
foi escolhida a Escola Estadual Jos Amrico Barbosa que vem superando suas
metas educacionais, como tambm vm recebendo premiaes nas olimpadas
brasileiras de matemtica.
A pesquisa foi desenvolvida com base na anlise das aes de gesto
levantadas atravs de entrevistas, questionrios, observao participante e anlise
documental dos seguintes documentos: regimento e proposta pedaggica da escola,
o relatrio para o prmio gesto regional de 2011 e 2012, o formulrio do Quadro de
Identificao de Turmas e alunos das Escolas Estaduais de Minas Gerais (QIzo),
os dados do IDEB e das avaliaes externas SIMAVE/PROEB, buscados nos
registros eletrnicos do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Ansio Teixeira (INEP) e no portal da Secretaria de Estado de
19
Educao de Minas Gerais (SEE/MG), e os resultados obtidos pelas participaes
em concursos nacionais, como Olimpadas Brasileiras em contedos educacionais,
e estaduais, como o Prmio de Gesto Escolar do Estado de Minas Gerais.
Esta dissertao est estruturada em quatro captulos. No primeiro
apresentado a contextualizao do caso estudado, apresentando em cinco sees:
na primeira a educao em Minas Gerais, com o intuito de situar a escola e a
regional em relao aos dados do Estado, demonstrando as diferenas e
dificuldades das condies polticos, econmicas e regionais no norte de Minas. Em
seguida descrita a SRE/JB e suas particularidades no cenrio da educao
mineira, detalhando-se na terceira seo especialmente o contexto do municpio de
Mato verde, que sedia a Escola Estadual Jos Amrico Barbosa. Diante disso
apresenta-se na quarta seo, a escola destacando especialmente os projetos
desenvolvidos, e consideraes sobre o prmio de gesto escolar e por fim, na
quinta seo a anlise do IDEB e dos resultados nas avaliaes externas de
rendimento escolar.
O segundo captulo relata o percurso da pesquisa, justificando a opo pela
pesquisa qualitativa. Tambm identifica as principais atribuies do gestor escolar,
caracterizando as principais aes implementadas na escola estudada. Apresentou
o desenvolvimento da gesto integrada, estratgica e participativa. Em sua primeira
seo so apresentados os tericos cujas contribuies embasam os argumentos
que sustentam essa pesquisa, o contexto no qual est inserida a escola, o pblico
envolvido, os instrumentos de coleta de dados. Em seguida encontram-se as
anlises dos resultados coletados, confrontando-as com as teorias apresentadas.
Nessa ltima seo, considerou-se importante descrever a reflexo feita pela autora
para a elaborao do roteiro de entrevista com a equipe gestora da escola, e dos
questionrios destinados aos profissionais da escola, alunos e comunidade escolar.
No terceiro captulo, encontra-se a proposio do Plano de Ao Educacional
(PAE), voltado para o compartilhamento e divulgao de aes de gesto de
sucesso para a SRE/JB. Prope-se uma adaptao e coordenao do Projeto
Compartilhar para crescer idealizado pela SEE/MG para o compartilhamento das
boas prticas encontradas nas escolas, adaptado pela autora para apresentar a
escola estudada e de outras a serem encontradas de outros gestores da regional,
visando a edio dessas prticas de gesto em CDs para serem distribudos nas
escolas da SRE/JB., redimensionados e reeditados anualmente com novas
20
experincias. As trocas de experincias acontecero com encontros nas escolas,
possibilitando aos profissionais um dilogo direto com as equipes gestoras e demais
profissionais envolvidos nas aes que sero apresentadas, visualizando os
registros no cotidiano escolar, para que vejam de perto os resultados alcanados.
Os relatos organizados e editados nos CDs incorporaro tambm textos de estudos
tericos sobre gesto escolar para dar subsdios nas prticas de gesto
apresentadas, os quais podero ser teis capacitaes internas das escolas.
O quarto captulo apresenta as consideraes finais da dissertao.
21
1. O CONTEXTO DA ESCOLA ESTADUAL JOS AMRICO BARBOSA
Nas sees a seguir apresenta-se o panorama da Educao de Minas Gerais
e logo aps o contexto no qual est inserida a Escola Estadual Jos Amrico
Barbosa, qual seja, a Educao no Estado de Minas Gerais, a Superintendncia
Regional de Ensino de Janaba e o municpio de Mato Verde.
1.1 O panorama do sistema de educaco do Estado de Minas Gerais
No Estado de Minas Gerais, h 17.364 instituies educacionais,
discriminadas na tabela 1, responsveis pelo processo de ensino e aprendizagem
escolar dos cidados mineiros.
Tabela 1-Nmero de escolas por rede no Estado de MG
DEPENDNCIA NMERO DE
ESCOLAS
Federal 57 Municipal 9.279 Estadual 3.682 Privada 4.346
Fonte: Adaptada do Cadastro de estabelecimentos de ensino (SEE-MG, 2013)
Para um conhecimento mais detalhado do contexto educacional de Minas
Gerais. A Secretaria de Estado de Educao de Minas Gerais SEE/MG dividiu o
estado em seis polos regionais e suas respectivas superintendncias de ensino
SRE, a saber:
1) PLO REGIONAL CENTRO (SRE Metropolitana A, B, C; SRE Conselheiro Lafaiete, SRE Par de Minas, SRE Ouro Preto, SRE Sete Lagoas e SRE Divinpolis);
2) PLO REGIONAL SUL (SRE Campo Belo, SRE Caxambu, SRE Itajub, SRE Passos, SRE Varginha, SRE Pouso Alegre, SRE So Sebastio do Paraso e SRE Poos de Caldas);
3) PLO REGIONAL MATA (SRE Barbacena, SRE Carangola, SRE Juiz de Fora, SRE Ub, SRE Muria, SRE Ponte Nova, SRE So Joo Del Rei, SRE Leopoldina);
22
4) PLO REGIONAL TRINGULO ( SRE Ituiutaba, SRE Monte Carmelo, SRE Paracatu, SRE Una, SRE Patrocnio, SRE Uberaba, SRE Uberlndia e SRE Patos de Minas);
5) PLO REGIONAL NORTE (SRE Curvelo, SRE Diamantina, SRE Pirapora, SRE Januria, SRE Montes Claros e SRE Janaba);
6) PLO REGIONAL VALE DO AO (SRE Almenara, SRE Araua, SRE Caratinga, SRE Coronel Fabriciano, SRE Governador, Valadares, SRE Tefilo Otoni, SRE Manhuau, SRE Nova Era e SRE Guanhes).
A reunio das SREs dentro de cada polo se deu por motivos de proximidade
geogrfica e de similaridades no perfil de desenvolvimento poltico e econmico
entre elas. Dessa forma, torna-se mais fcil a organizao e a implementao de
polticas pblicas em grande escala dentro de cada polo. A figura 1 representa a
delimitao das 47 regionais no Estado de Minas Gerais.
Figura 1- Mapa de Minas Gerais com a diviso territorial das SREs.
Fonte: SEE de MG
A SRE/JB fica ao norte, representada pela cor vermelha na figura 1 e delimita
ao norte, pelo Estado da Bahia , ao sul pela SRE de Montes Claros, ao leste pela
SRE de Araua e a oeste pela SRE de Januria.
A SEE/MG possui um estrutura que se organiza no gabinete, nos conselhos
estaduais e assessorias estaduais. H o Conselho Estadual de Educao, o de
Alimentao Escolar e o de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de
Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos
Profissionais de Educao FUNDEB. As assessorias so: a de Apoio
Administrativo, a de Gesto Estratgica e Inovao AGEI, a Jurdica, a de
Comunicao Social, a de Relaes Institucionais e a Auditoria Setorial. Esses
23
setores aconselham e assessoram as aes das subsecretarias: a de Administrao
do Sistema Educacional, a de desenvolvimento da educao Bsica, a de Gesto de
Recursos Humanos, e de Informaes e tecnologias Educacionais. Para o trabalho
com a formao dos profissionais da educao existe tambm a Escola de
Formao e Desenvolvimento Profissional de Educadores Magistra que subsidia as
capacitaes oferecidas pela SEE/MG..
Toda essa estrutura da SEE organizada para a orientao s
Superintendncias Regionais de Ensino (SRE), as quais so subdivididas em:
Superintendncias Regionais de Ensino de Porte 1 e Superintendncias Regionais
de Ensino de Porte 2. As subsecretarias, a Escola Magistra e as Superintendncias
Regionais de Ensino, para o funcionamento de seus servios, so subdivididas em
vrias diretorias de responsabilidades. Cada SRE tem um organograma estrutural de
funcionamento dos seus servidores, padro para o Estado de Minas Gerais, que
est integrado inspeo escolar, a qual est ligada diretamente Diretoria Geral e
d assistncia a todos os outros setores, de acordo com a figura 2:
Figura 2: Organograma da Estrutura organizacional da SRE de Janaba
Fonte: Elaborao prpria, com os dados internos da SRE de Janaba
Como se pode observar na figura 2, dentro de cada SRE de Minas Gerais,
encontram-se a Diretoria Educacional (DIRE), que responsvel pelos assuntos
pedaggicos e de atendimento escolar; a Diretoria de Pessoal (DIPE), que cuida da
gesto dos recursos humanos, processando o pagamento dos funcionrios, como
tambm organiza o plano de carreira, organiza toda a documentao dos
profissionais da prpria SRE e dos gestores das escolas e orienta as escolas na
24
organizao das pastas dos seus profissionais; e a Diretoria de Administrao e
Finanas (DAFI), que cuida de todo o assessoramento administrativo e
gerenciamento financeiro e prestaes de contas da prpria SRE e das escolas sob
sua jurisdio.
Na prxima seo, detalha-se um pouco mais os dados especficos da
Superintendncia Regional de Ensino de Janaba, que a 45 Superintendncia da
Secretaria de Estado de Educao de Minas Gerais, que dirige a Escola Estadual
Jos Amrico Barbosa
1.2 A Superintendncia Regional de Ensino de Janaba
A SRE Janaba integra o Plo Regional Norte na diviso dos plos da
SEE/MG. At o ano de 2004, integrava a regional da SRE de Montes Claros, quando
esta foi desmembrada devido grande extenso territorial ao qual prestava
assistncia aos municpios. Criaram-se, ento, cinco SREs independentes: Montes
Claros, Januria, Pirapora, Araua e Janaba. Assim, essa SRE, doravante
denominada SRE/JB, passou a ser independente, com sede no municpio de
Janaba.
Com a nova diviso territorial das superintendncias de ensino, Janaba,
junto com Araua, ficou com os municpios localizados mais ao norte de Minas
Gerais, regio com precrias condies econmicas e sociais, prxima ao Vale do
Jequitinhonha, que demanda maior assistncia do Estado.
De acordo com a SEE/MG, a SRE/JB de Janaba coordena 97 escolas
estaduais, 337 escolas municipais, 25 escolas particulares, que atendem a 91.011
alunos. Tais escolas encontram-se localizadas em 17 municpios, sendo eles: Catuti,
Espinosa, Gameleiras, Jaba, Janaba, Mamonas, Mato Verde, Monte Azul,
Montezuma, Nova Porteirinha, Pai Pedro, Porteirinha, Riacho dos Machados, Rio
Pardo de Minas, Santo Antnio do Retiro, Serranpolis de Minas e Verdelndia,
apresentados no mapa na Figura 3.
25
Figura 3: Mapa da Regional da SRE de Janaba inserida em Minas Gerais Fonte: SEE de MG
Pode-se observar que Mato Verde localiza-se na regio central do territrio
atendido pela SRE de Janaba, ficando a 140 km da sede, situada no sudoeste da
regio da SRE.
Quando foram iniciados os primeiros trabalhos na sede dessa SRE, no ano de
2003, realizou-se um diagnstico das condies fsicas e de funcionamento das
escolas desta regional, pelos inspetores escolares, durante as visitas em cada
escola. Foi constatada uma grande precariedade nas instalaes fsicas dos prdios
escolares, necessidade de capacitao continuada dos servidores, regularizao de
situaes de atos de funcionamento e administrativos das escolas e baixos
resultados de aprendizagem, nas avaliaes externas do PROEB/ SIMAVE.
Outros levantamentos foram feitos anualmente, os quais constataram que, at
2009, vrias escolas da SRE/JB, principalmente na zona rural, no possuam
eletricidade, banheiros com vasos sanitrios, bibliotecas, salas de laboratrio, salas
de professores e salas de aulas adequadas. Os resultados escolares, como ser
visto na seo que trata das avaliaes externas, tambm deixavam muito a desejar
em relao s metas previstas. Alm disso, essas escolas apresentavam alta
rotatividade de professores (causada pelo absentesmo de professores e
conseqente designao de substitutos) e falta do cumprimento curricular e de carga
horria mnima obrigatria. Dentre os problemas apresentados, uma das maiores
preocupaes da SRE/JB e dos diretores so os baixos ndices de aprendizagem
dos alunos, verificados nas avaliaes externas.
26
A SRE/JB no obteve, em 2011, bons resultados no Sistema Mineiro de
Avaliao (SIMAVE), na Prova Brasil e no ndice de Desenvolvimento da Educao
Bsica (IDEB), em relao s demais SREs de Minas Gerais. No entanto, tem
evoludo em relao a si mesma devido ao desenvolvimento de suas aes, como
observaremos nos dados analisados ao longo da pesquisa. Dentre os municpios
atendidos pela SRE, apresentar-se- alguns dados do municpio de Mato Verde, que
sedia a E. E. Jos Amrico Barbosa, foco dessa pesquisa.
1.3 O municpio de Mato Verde
Mato Verde3 um municpio pequeno, localizado na regio norte de Minas
Gerais. O municpio conhecido pelas suas cachoeiras, que incentivam o turismo
local, e sua principal atividade econmica agro-pecuria, sendo seus principais
produtos agrcolas so: algodo, feijo, arroz, milho, sorgo, banana, manga,
maracuj e mandioca.
No entanto, segundo os dados do IBGE (2012), as condies de trabalho rural
em Mato Verde so muito precrias. A falta de financiamento agrcola e a falta de
chuvas tornam difcil a fixao do homem no campo, o que submete muitas pessoas
migrao compulsria para a cidade, onde passam a habitar as regies perifricas,
cujas casas (prprias ou alugadas) so mais baratas, mas consequentemente
apresentam deficincias em relao ao saneamento bsico.
Na maioria das vezes, os trabalhadores partem para os grandes centros,
principalmente para o Estado de So Paulo ou para colheitas de produtos, como
caf e laranja, destinados exportao no Sul de Minas e interior de So Paulo.
Enquanto isso, sozinhas, as mulheres trabalham como domsticas, executando
tarefas diversas como: lavadeiras, arrumadeiras, cozinheiras, etc. Isso implica que
do total de mulheres 25% so chefes de famlia. Conforme o site oficial de Mato
3 Conforme seu site oficial (2012), Mato Verde possui aproximadamente 13.185 habitantes (IBGE,
2000), sua rea de 474,45 Km. Seu ndice de desenvolvimento Humano IDH de 0.669 segundo o Atlas-PNUD (2000). Localiza-se a aproximadamente a 150 Km de Janaba.
27
Verde (2012),4 a mdia salarial dos homens de R$ 283,73, enquanto das mulheres
de R$ 210,05. Recebendo at um salrio mnimo esto 3.860 habitantes.
Na Figura 04 est representado o Mapa do ndice de Desenvolvimento
Humano IDH no qual se pode observar que o Norte de Minas Gerais localiza-se
em uma regio clara da legenda, o que significa que possui baixo IDH.
Figura 4: Mapa IDH no Brasil Fonte: Atlas PNUD, 2010.
O municpio de Mato Verde, conforme dados do IBGE (2012), j teve perodos
de desenvolvimento na agricultura. Houve um progresso em relao ao plantio do
algodo entre as dcadas de 1950 e 1990. No entanto, a praga do bicudo do
algodoeiro dizimou as lavouras da regio. Atualmente, Mato Verde investe na
4Site oficial do municpio de Mato Verde. Disponvel em:
http://www.matoverde.mg.gov.br/portal1/dado_geral/mumain.asp?iIdMun=100131476.
http://www.matoverde.mg.gov.br/portal1/dado_geral/mumain.asp?iIdMun=100131476
28
criao de gado, produo de leite, em pequenas lavouras de subsistncia e no
comrcio local, de supermercados, vesturio e bens de consumo em geral.
Quanto ao sistema educacional, o municpio possui poucas escolas
vinculadas a trs redes, conforme pode ser visto na tabela 2:
Tabela 2 Nmero de escolas por rede do municpio de Mato Verde
DEPENDNCIA NMERO DE
ESCOLAS
Estadual 5 Municipal 7 Privada 4
Fonte: Adaptado dos dados do Cadastro de estabelecimentos de ensino SEE-MG.
Na rede estadual, so quatro escolas na zona urbana e uma na zona rural;
pertencente rede municipal, uma escola na zona urbana e seis na zona rural; na
rede particular, duas escolas de educao infantil, um colgio de ensino mdio
profissionalizante, uma faculdade de ensino superior presencial e um polo de
faculdade de ensino superior de Educao a Distncia (EAD). Essas faculdades
atendem no apenas os moradores do municpio, mas tambm a estudantes
oriundos de municpios vizinhos, posto que se trata de uma das poucas
oportunidades de ensino superior da regio. Alm dessas faculdades o acesso ao
ensino superior presencial mais prximo fica a uma mdia de 150 km.
No total, segundo dados do IBGE de 2012, o municpio de Mato Verde possui
1.658 alunos matriculados. No entanto, as turmas dos cursos vm-se reduzindo,
indicando diminuio paulatina dessa demanda, conforme dados da Tabela 3:
Tabela 3 Total de escolas, docentes e alunos matriculados do municpio de Mato Verde de acordo
com o censo IBGE 2012
Ensino fundamental N de escolas N de docentes N de matrculas
Rede estadual 05 33 1.202
Rede municipal 11 00* 456
Rede privada 00* 00* 00
TOTAL 16 33 1.658
Dados no informados.
Fonte: IBGE 2012. INEP - Censo Educacional 2012
As escolas estaduais do municpio de Mato Verde, mesmo estando inseridas
nesse contexto de dificuldades, vm buscando uma forma de gesto participativa,
29
que envolve toda a comunidade escolar e tambm a articulao entre as escolas,
gerando um clima favorvel para a melhoria educacional, constatado com a
satisfao da comunidade com a melhoria dos seus resultados das avaliaes
externas demonstrados nos questionrios da pesquisa.
A seo a seguir abordam-se especificamente os dados da escola estudada,
detalhando os projetos desenvolvidos e os resultados obtidos em avaliaes
externas.
1.4 A Escola Estadual Jos Amrico Barbosa
Na condio de observadora participante, a pesquisadora percebe a
existncia de diferenas nas escolas do municpio de Mato Verde em relao s
demais escolas da regio. Nas reunies dos gestores das cinco escolas estaduais
do municpio de Mato Verde, observou-se uma constante troca de experincias,
relacionadas a aes de gesto, e tomadas de deciso em conjunto, configurando
uma forma de gesto democrtica, conforme proposio de Luck (2009, p. 69):
escola democrtica aquela em que os seus participantes esto coletivamente
organizados e compromissados com a promoo de educao de qualidade para
todos.
A Escola Estadual Jos Amrico Barbosa foi escolhida, dentre as demais
escolas do municpio, conforme destacado na introduo, por ter conseguido
transformar suas aes de gesto em resultados positivos na avaliao do IDEB, e
na do SIMAVE/PROEB Matemtica e Lngua Portuguesa Anos Finais 9 ano do
Ensino Fundamental. Essa escola vem desenvolvendo aes que geraram
melhorias nos seus resultados superando suas metas educacionais.
30
A Escola localiza-se no centro da cidade, de Mato Verde h 46 anos,
conforme informaes do regimento escolar de 2013:
[...] em 1892 existia uma s escola, [...]. Em 18 de Novembro de 1953, houve a transformao de Escolas Reunidas para o Grupo Escolar com a denominao de "Eduardo Frieiro" e contava na poca com 1.053 alunos. Em 30 de Agosto de 1966, houve desmembramento, formando um novo grupo escolar de Estrutura Metlica, (Lata Pavilho nico com quatro salas de aula), conforme decreto 10011/66, de 29 de Agosto de 1966, passa a denominao de Grupo Escolar Professor Jos Amrico Barbosa. No dia 06 de Maro de 1967, oficialmente instalou-se o Grupo Escolar Professor Jos Amrico Barbosa. Em 13 de Fevereiro de 1981, conforme a resoluo n 3802/81, expedida pela SEE/MG, foi criada a extenso de 5 8 srie. Em 15 de maro de 1995,[...] foi desmembrada, sendo que de 29 turmas ficaram apenas com 17, do CBA 8, funcionando em trs turnos na sede local. Dentre os alunos 12 turmas do Pr 4 srie, juntamente com alguns servidores, foram transferidos para a E. E. Ione Silveira Mendes. Em fevereiro de 1998, a E. E. Professor Jos Amrico Barbosa [...] passou a funcionar somente com 14 turmas de alunos do 1 e 2 anos do 2 Ciclo, na faixa etria de 10 a 13 anos de idade. Com o fortalecimento da autonomia da escola e a implantao da gesto democrtica do ensino, atravs da eleio do colegiado escolar acontece a primeira eleio direta do diretor, ocorrida em 24 de novembro de 1991(ESCOLA ESTADUAL JOS AMRICO BARBOSA, 2013).
Em 2014, conforme Quadro de Identificao da Escola, a escola atende a 428
alunos nos anos finais do Ensino Fundamental, nas modalidades regular e
Educao de Jovens e Adultos EJA, organizados em 14 turmas. Possui tambm
quatro turmas do Projeto Estratgico Educao em Tempo Integral PROETI, com
um total de 100 alunos. Ao todo, a escola atende a 17 turmas e 528 alunos, como
pode ser visualizado na Tabela 4:
31
Tabela 4: Nmero de turnos, turmas e alunos da E. E. Jos Amrico Barbosa, em 2014
Turnos Turmas N de alunos
Matutino
6 36
7 35
8 35
8 35
8 35
9 35
9 35
Vespertino
6 36
7 35
7 35
PROETI 25
PROETI 25
PROETI 25
PROETI 25
Noturno
EJA 1 perodo 35
EJA 2 perodo 16
EJA 3 perodo 25
TOTAL 17 528
Fonte: Elaborao da autora a partir dos dados do Quadro de Identificao de turmas e alunos da escola.
Todos os professores da escola so formados em nvel superior. Dos 19
professores que responderam os questionrios da pesquisa, sete deles possuem
ps-graduao lato sensu. O processo de seleo do diretor realizado por eleio
direta, contando com a participao de todos os segmentos da comunidade escolar.
O resultado dessa eleio homologado pelo Governador do Estado e pela
Secretaria de Estado de Educao. O mandato de diretor tem durao de quatro
anos e, aps esse perodo, ele revisto em um novo processo de escolha de diretor,
mantendo ou trocando o diretor da poca, dependendo do seu desempenho e
satisfao da comunidade. Conforme Luck (2009, p.9),
na medida em que a comunidade escolhe o seu diretor, compromete-se em apoiar a implementao de projeto poltico-pedaggico construdo coletivamente, e passa a sentir-se parte atuante desse processo e da comunidade escolar.
32
O quadro de funcionrios composto por 48 servidores, sendo que os 21
regentes de aulas dos componentes curriculares so distribudos em: cinco de
Lngua Portuguesa, quatro de Matemtica, dois de Cincias, dois de Lngua
Estrangeira Moderna Ingls; dois de Educao Fsica, dois de Histria, dois de
Geografia, um de Ensino Religioso e um de Artes. A tabela 5 detalha o nmero de
funcionrios da Escola Estadual Jos Amrico Barbosa em 2014:
Tabela 5: Nmero de funcionrios da E. E. Jos Amrico Barbosa, em 2014
Categoria N de funcionrios
Diretor 01
Secretria 01
Vice Diretores 02
Especialista/supervisora escolar 02
Assistente tcnicos da educao bsica 03
Auxiliares gerais da educao 09
Regentes de aula 21
Professores de uso da biblioteca 01
Regentes de turma do PROETI 04
Professores de apoio a alunos com necessidades especiais 02
Professoras em ajustamento funcional atuando na secretaria 02
Professora afastada da docncia atuando na secretaria 01
TOTAL 49
Fonte: Elaborao prpria, a partir dos dados do Quadro de Identificao de Turmas e alunos da escola.
A escola conta com uma rea de 3.600 m. A sua rede fsica apresenta um
prdio j um pouco antigo e que atualmente passa por algumas reformas. A escola
possui sete salas de aula, uma sala de diretoria, uma secretaria, uma sala para os
professores, um laboratrio de informtica, uma sala de multimeios, uma sala para
especialistas de educao, uma cantina, um banheiro para uso dos servidores, uma
biblioteca e dois banheiros para uso dos alunos, um masculino e outro feminino.
A escola est inserida em uma regio de nvel socioeconmico baixo em
relao s demais regies do Estado de Minas Gerais. Alguns problemas que tem
enfrentado dizem respeito ao absentesmo de professores, a alunos com pouca
assistncia familiar e professores que trabalham em mais de uma escola, em dois ou
trs turnos. No entanto, mesmo diante dessas dificuldades, desde 2008, a instituio
vem melhorando seus resultados e superando suas metas educacionais, fato que
inclusive tem levado a diretora da regional de Janaba a buscar mais verbas para
33
reformas da escola. A infraestrutura predial vem passando, desde 2012, por
reformas, priorizando seu telhado, sua rede eltrica e seu muro que estavam em pior
estado, e incio da construo da quadra poliesportiva.
No decorrer da pesquisa, procurou-se identificar as vrias aes dos gestores
da escola estudada e confrontar suas opinies com as respostas dos questionrios
que foram aplicados aos funcionrios, alunos e comunidade escolar. Algumas
dessas aes podem ser melhor visualizadas a partir dos projetos implementados na
escola, os quais sero descritos na prxima seo.
1.4.1 Projetos desenvolvidos
A escola desenvolve vrios projetos, alguns oriundos da SEE/SRE, como
tambm do governo federal, alm dos que foram criados pela prpria escola (citados
nas entrevistas e nos questionrios), tais como:
Participao Ativa nas Olimpadas Brasileiras de Matemtica (OBMEP)
Escola de Tempo Integral (PROETI);
O Programa de Interveno Pedaggica (PIP);
Frum da Paz nas Escolas (FORPAZ);
Programa de Educao Sexual (PEAS);
Conferncia Infanto-Juvenil;
Capacitaes continuadas nas reunies de Mdulo II;
Jogos Escolares de Minas Gerais JEMG;
Projeto de Valorizao dos Profissionais da Escola;
Projeto Vai e Vem de Lngua Portuguesa/Leitura;
O Show da Matemtica;
Show da Lngua Portuguesa;
Show da Lngua internacional;
Cultura da conversa. Regras de convivncia.
Planejamentos pedaggicos;
Folclore em agosto;
34
Conscincia Negra;
Preservao do Patrimnio;
Comemoraes festivas;
Programa de erradicao das drogas (PROERD);
Atividades de dana interdisciplinares;
Soletrando;
Festa junina (dentro da escola, aberta comunidade;
Festa do Halloween;
Pscoa (entre as escolas estaduais do municpio e a igreja catlica);
Gincana de 7 de setembro
Projeto do passeio.
Todos esses projetos contam com a participao ativa dos gestores na
idealizao, planejamento, coordenao, monitoramento da execuo junto aos
demais profissionais da escola.
Apresenta-se, a seguir, algumas descries detalhadas de alguns desses
projetos:
a) Olimpadas Brasileiras de Matemtica
As Olimpadas Brasileiras de Matemtica (Obmep) so promovidas pelos
ministrios da Educao e da Cincia e Tecnologia e realizadas pelo Instituto
Nacional de Matemtica Aplicada (Impa) e pela Sociedade Brasileira de Matemtica
(SBM). Possui duas fases: a primeira, com prova objetiva para todos os alunos
inscritos na escola e a segunda, na qual 5% dos alunos com as maiores notas de
cada escola fazem uma prova discursiva. As provas da primeira fase so realizadas
na prpria escola com todos os alunos inscritos pela escola. Os alunos classificados
para a segunda fase estudam na escola no contraturno, em grupos de estudo.
Na escola estudada a gesto coordena o projeto junto com as professoras de
matemtica. A professora de matemtica fica com a organizao das atividades.
Essa escola que desde 2010 no esteve ausente em nenhuma edio tem
conquistado, na OBMEP, medalhas de ouro, prata, bronze, menes honrosas e
35
premiaes para professores e alunos, como notebooks e dinheiro. Em 2014, estar
novamente na competio, como atesta a reportagem abaixo:
Na Escola Estadual Professor Jos Amrico Barbosa, em Mato Verde, no Norte de Minas, h tambm a preocupao com a hora da prova, principalmente a concentrao dos alunos enquanto respondem as perguntas que, na 1 fase, so fechadas. Falamos da importncia da prova, procuramos despertar o interesse do aluno, o empenho de fazer a prova, afirma a professora de Matemtica da Escola, Las Conceio Silva de Souza. [...] Para a professora, esses alunos mudam com a participao na competio. Eles ganham conhecimento, o interesse deles na Matemtica se torna outro. Giordano Gardel dos Santos Almeida, aluno da Escola Estadual Professor Jos Amrico Barbosa, est no 8 ano. Na prova do ano passado conseguiu o prmio mximo: uma medalha de ouro. Esse ano, seu objetivo chegar mesma conquista. No ano passado eu estudei bastante, procurei ficar tranquilo e, no dia da prova, eu estava bem concentrado. Esse ano, estou fazendo como no ano passado para conseguir passar para a segunda fase e conseguir uma medalha de ouro. Esse ano, Giordano vai para o Nvel II e a competio fica mais difcil. Com certeza fcil no vai ser, tenho que me preparar mais que me preparei no ano passado. [...] Agora estou no pique da Obmep e vou fazer mais exerccios. (Reportagem do Site da SEE/MG, 28 de Abril de 2014)
A participao nas olimpadas incentivada pela gesto da escola. Um outro
fato importante a ser ressaltado que, desde 2009, a Escola Estadual Jos Amrico
Barbosa tem melhorado seus ndices de proficincia em matemtica no SIMAVE,
mais at do que os de Lngua Portuguesa, diferentemente de outras avaliaes
nacionais e estaduais, em que a matemtica fica em segundo lugar na pontuao
geral. Provavelmente essa participao, assim como os demais projetos tem
impulsionado tais resultados. Essa anlise poder ser observada na seo 1.5 da
presente dissertao e especificamente da E. E. Jos Amrico na tabela 06:
Tabela 6: SIMAVE PROEB 9 ano Anos finais do Ensino Fundamental
Disciplina 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Lngua Portuguesa 252,6 250,8 245,1 263,4 261,2 273,6
Matemtica 270,3 271,8 267,9 283 280,9 287,8
Fonte: Elaborao da autora, com dados da SEE/MG.
Em todos os anos apresentados pela tabela 6 a proficincia em matemtica
da escola foi superior de Lngua Portuguesa no PROEB. Alm do trabalho
desenvolvido no projeto para a participao na OBMEP, existem outros projetos na
escola que impulsionaram os ndices de desempenho em matemtica na escola, tais
36
como os que sero comentados nos prximos itens dessa seo: PIP, PROETI,
Jogos como ao ldica na aprendizagem matemtica.
b) O programa de interveno pedaggica:
O Programa de Interveno Pedaggica (PIP) foi criado pela SEE/MG no ano
de 2008. Trata-se de um projeto estruturador que prev aes para melhorar o
desenvolvimento do processo de aprendizagem dos alunos, nas escolas estaduais
de Minas Gerais.
Na escola estudada, o Projeto de Interveno Pedaggica tem como objetivo
promover um atendimento diferenciado a todos os alunos que no conseguiram um
resultado recomendvel nas avaliaes externas e internas da escola. O referido
projeto, atravs das aulas de Lngua Portuguesa e Matemtica, prope estratgias
de aprendizagem para desenvolver diversas habilidades, como, por exemplo,
estabelecer relaes entre textos, localizar informaes, calcular o resultado de uma
multiplicao, ler e selecionar informaes em tabelas, dentre outras.
O Plano de Interveno Pedaggica estabelece aulas de Portugus e
Matemtica para os alunos do 6 ao 9 ano atravs do atendimento do Momento
PROEB, em que so realizadas atividades de interveno pedaggica com
recuperao dos descritores no consolidados pelos alunos no qual so revistos. O
trabalho (Momento PROEB) consolidado da seguinte forma: os componentes
curriculares de Portugus e Matemtica so recapitulados uma vez por semana; os
de Educao Religiosa e Educao Fsica, uma vez por ms, e os demais, a cada
quinze dias, durante os horrios dos prprios professores. Abordam contedos no
consolidados, focando descritores de Portugus e Matemtica (trabalho com
interpretao de textos, diversos gneros textuais, tabelas, grficos, imagens, entre
outros).
A equipe gestora da escola participa ativamente do desenvolvimento do PIP e
em assembleia marcada previamente pela SEE/MG, com a presena de pais, alunos
e funcionrios, a diretora apresenta os resultados do projeto, analisando os dados,
definindo aes e prioridades para o ano corrente, elaborando assim o Plano de
Ao Anual. A prtica da equipe gestora na gesto dos resultados fica ressaltada
nesse projeto, com o acompanhamento sistemtico dos processos educacionais e
do desempenho da escola.
37
A diretora delega as responsabilidades das aes entre os profissionais da
escola. Uma vice-diretora acompanha o desenvolvimento pedaggico dessas aes
e a outra acompanha o desenvolvimento administrativo. As especialistas discutem o
planejamento das aulas, junto aos professores, nos horrios de planejamento
extraclasse (mdulo II). Os alunos que precisam de atendimento individualizado (em
processo de alfabetizao) so atendidos pela Professora de uso da Biblioteca pelo
menos uma vez por semana, no horrio extraturno s aulas regulares.
c) Escola de Tempo Integral
A Escola de Tempo Integral um dos projetos estruturadores do PIP
concebido pela SEE/MG. O projeto iniciou a partir do Projeto Aluno de Tempo
Integral (PATI) em 2004 em algumas escolas do Estado, sendo ampliado
gradativamente atravs da rede.
Coerente com o objetivo da rea de resultado Educao de qualidade, o Projeto Educao em Tempo Integral PROETI foi concebido com a finalidade de aumentar o aprendizado dos alunos por meio da ampliao do tempo dirio de permanncia na escola, com prioridade para o atendimento de crianas e jovens em reas de vulnerabilidade social e com a participao da comunidade escolar no acompanhamento de seus resultados (MINAS GERAIS, 2013).
Durante a idealizao do Projeto Estratgico Educao em Tempo Integral
(PROETI) pela SEE/MG foram elaboradas cartilhas para distribuio nas escolas,
esclarecendo a forma de organizao do projeto:
Em um turno ser desenvolvido o Currculo Bsico do Ensino Fundamental, compreendendo os componentes curriculares da base nacional comum e da parte diversificada. Em outro turno, conforme projeto apresentado pela escola, sero realizadas atividades que ampliaro as possibilidades de aprendizagem dos alunos, com o enriquecimento do Currculo Bsico, com nfase na alfabetizao, letramento, matemtica e ampliao do universo de experincias artsticas, socioculturais e esportivas (MINAS GERAIS, SEE/MG, 2009, p.08).
A escola em foco aderiu ao PROETI por iniciativa da Diretora, cuja gesto foi
de 2088- 2013 e da inspetora escolar responsvel pelo projeto na SRE/JB. O projeto
se iniciou em agosto de 2008 e continua em vigor. A escola segue as orientaes da
SEE-MG e orienta o planejamento dos professores para o desenvolvimento de
38
atividades de auxlio na aprendizagem e reforo escolar, mantendo um
acompanhamento da direo. Conforme depoimento da especialista em entrevista:
Ao longo desses seis anos fomos aprimorando algumas prticas e descartando outras em um laboratrio de experimentaes. A escola acredita no desenvolvimento da aprendizagem do aluno ao participar das atividades desenvolvidas e percebe que a cada ano que se passa os prprios alunos querem se inscrever para participar do PROETI, o que no incio era por indicao dos professores e um rduo trabalho para convencer os pais a deixar que seus filhos participassem, e aos poucos a escola foi conquistando a confiana dos pais e criando a cultura da educao em tempo integral. (depoimento da Especialista em entrevista realizada em 06/06/2013).
Na escola analisada, o PROETI tem funcionado com duas turmas de 25
alunos, do 6 ao 9 ano, cada. A escolha dos alunos participantes do PROETI
preferencialmente se d para aqueles com menor desenvolvimento na
aprendizagem na sala de aula. As aulas ampliam o horrio regular de quatro para
nove horas dirias e no repetem a sistemtica do ensino regular: so realizadas
oficinas das reas de Lngua Portuguesa, Matemtica, Cidadania, atividades
esportivas e artsticas.
A equipe gestora da escola participa na organizao das turmas do PROETI
cotidianamente. A diretora e a vice-diretora realizam a reunio no incio do ano com
os pais dos alunos que participaro do projeto explicando o funcionamento, horrios
e atividades. Os pais dos alunos assinam um termo de compromisso de
envolvimento no projeto, responsabilizando-se por enviar e dar apoio a seus filhos
todos o dias para o PROETI, acompanhando as atividades escolares e dando apoio
aos filhos.
O projeto prev um professor regente de turma, formado em Pedagogia ou
em Normal Superior, para ministrar as atividades das oficinas na rea de linguagem
de Lngua Portuguesa e Matemtica, e um professor habilitado em Educao Fsica
para as oficinas esportivas, de psicomotricidade e de artes.
Visto que a escola ainda no possui quadra, a diretora firmou uma parceria
com a Prefeitura Municipal para que as aulas esportivas sejam realizadas na quadra
de uma escola municipal vizinha Escola Estadual Jos Amrico Barbosa. Firmou
tambm uma parceria com os agentes de sade que desenvolviam palestras
educativas para os alunos do projeto.
39
Alm de atividades escolares, o PROETI oferece financiamento do Estado
para a oferta de trs refeies dirias especficas para os alunos do projeto (lanche
matutino, almoo e lanche vespertino) e para a compra de materiais pedaggicos
para os projetos desenvolvidos. Durante as oficinas do PROETI so realizados
vrios subprojetos (como por exemplo o Sem higiene, no h sade, apresentado
em anexo5.
d) Programa de Educao Sexual:
O Programa de Educao Sexual (PEAS) um programa da SEE/MG.
Segundo relato da Vice-Diretora, a escola foi inscrita no PEAS Juventude pela
diretora em 2007 e o programa comeou a ser desenvolvido na escola em 2008, sob
a coordenao da professora de Cincias e a participao de todos os professores e
dos alunos selecionados de acordo com os critrios do programa (expor quais
critrios so esses). O programa foi desenvolvido seguindo o roteiro do material
disponibilizado pela SEE-MG, que orientou todo o trabalho de palestras, dinmicas
e teatros.
Essa mesma diretora reinscreveu a escola no programa em 2012 e foi
novamente contemplada, de modo que em 2013 iniciou-se uma nova etapa do
PEAS, que continua em atividade, contando inclusive com a participao dos alunos
do PROETI nas oficinas e demais atividades desenvolvidas.
e) Frum da Paz nas Escolas (Forpaz) Trabalho integrado para a promoo da
paz
Segundo descrito no site da SEE/MG, o Forpaz nasceu de um trabalho
idealizado pela Defensoria Pblica de Minas Gerais, no ano de 2007, e foi
implementado em escolas da Regio Metropolitana de Belo Horizonte.
O programa funciona com uma comisso da escola que faz a mediao de
conflitos quando surgem, por qualquer motivo que seja. O trabalho baseia-se no
5 Algumas snteses dos projetos originais encontram-se em anexo
40
dilogo com as partes envolvidas, podendo ser entre alunos, profissionais da escola,
ou com os pais.
Em 2011, o Frum ampliou-se e ganhou fora com a adeso da Secretaria de Estado de Educao e com as aes propostas no Frum Tcnico de Segurana nas Escolas, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, promovido pelas Comisses de Educao e Segurana Pblica. Atualmente, 22 instituies, organizaes, entidades e rgos atuam junto ao Forpaz, com destaque para a adeso do Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais, por meio da Promotoria Especial da Educao (Proeduc) (SEE/MG, 2014).
Na escola enfocada, o programa se iniciou em 2009 e coordenado pela
diretora, que chama as pessoas para conversar, uma de cada vez, e depois rene
os envolvidos para resolverem as questes com calma, buscando a melhor soluo
cabvel. Antes desse programa, a direo da escola j costumava utilizar o dilogo
para resolver os conflitos, mas a ideia foi institucionalizada com o FORPAZ.
O projeto demonstra a ao da equipe gestora, dada a prtica do dilogo
como constituinte de uma gesto participativa e com uma forte liderana nos
problemas cotidianos.
f) Projetos de incentivo leitura
Na escola h vrios projetos e atividades que incentivam leitura, dentre os
quais se destacam entre eles trs projetos: O Projeto Leitura Vai e Vem, O Projeto
Leitura Viva e o Projeto Leitura em ao, solte sua imaginao! Todos foram criados
na prpria escola e so coordenados pela direo, por especialistas, professoras de
uso da biblioteca e professores regentes de aulas. Tais projetos so desenvolvidos
durante todo o ano letivo e seu pblico alvo so os alunos do Ensino Fundamental
Os projetos de incentivo leitura buscam:
a formao geral, que possibilite cidados crticos, autnomos e atuantes, nesta sociedade em constante mutao, com a prtica de leituras variadas que promovam, de maneira direta ou indireta, uma reflexo sobre o contexto social em que esto inseridas. (ESCOLA ESTADUAL JOS AMRICO BARBOSA, 2013)
oportuno citar aqui que os resultados das avaliaes sistmicas apontam
para a necessidade de se reverem as prticas escolares, reservando leitura um
lugar preponderante no processo de ensino-aprendizagem. Os testes de Lngua
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Portuguesa do SIMAVE/PROEB esto estruturados com o foco em leitura, j que
essa uma habilidade fundamental para o desenvolvimento de outras reas do
conhecimento e tambm para o exerccio da cidadania.
Os projetos de leitura externas e conforme seu projeto original tem como
objetivo geral: Promover a ocorrncia constante da leitura no espao escolar como
atividade imprescindvel de interveno pedaggica para a melhoria dos resultados
das avaliaes internas, e tem como objetivos especficos:
1. Ampliar as experincias de leitura do aluno; 2. Oportunizar os diferentes objetivos de leitura; 3. Favorecer a ampliao do repertrio de leitura do aluno; 4. Favorecer a descoberta do prazer de ler; 5. Proporcionar atividades para desenvolver as competncias bsicas para
a leitura e a escrita; 6. Reconhecer os diferentes gneros de textos; 7. Formar alunos leitores; 8. Reduzir a indisciplina escolar; 9. Favorecer o desenvolvimento intelectual e cultural do aluno; 10. Proporcionar o contato constante do aluno com o texto escrito. (ESCOLA ESTADUAL JOS AMRICO BARBOSA, 2013)
A Escola, como espao que proporciona a socializao do conhecimento, fica
com a tarefa primordial de assegurar aos seus alunos o aprendizado da leitura,
devendo fazer circular em seu meio uma diversidade de materiais, com contedos
ricos e variados, que promovam a formao de leitores livres. Concebe-se assim a
prtica da leitura no apenas como uma habilidade lingustica comum s aulas de
Lngua Portuguesa, mas como um processo de descoberta e de atribuio de
sentidos que venha a possibilitar a interao leitor-mundo. Conforme Freire (2003,
p.11): O ato de ler no se esgota na decodificao pura da palavra escrita [...] A
leitura do mundo precede a leitura da palavra. Por isso, cabe aos professores de
todas as disciplinas aprimorar a capacidade de leitura de seus alunos, expondo-lhes
cotidianamente a diferentes gneros textuais em sala de aula.
O projeto tem o foco no investimento da gesto pedaggica para o processo
de aprendizagem dos alunos.
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g) Projeto S O L E T R A R: Soletrando conhecimentos na Z
Amrico.
O projeto foi inspirado no quadro Soletrando, exibido no Programa Caldeiro
do Huck, da TV Globo, com o intuito de usar esse jogo de palavras como uma forma
ldica de se ensinar a ortografia da lngua portuguesa em sala de aula., valorizando
a leitura, ampliando a ortografia e sobretudo utilizando o jogo e a competio a favor
das capacidades de oralidade, o respeito s regras e a convivncia com situaes
que envolvam preparao e estudo autnomo por parte dos envolvidos. O projeto
consiste num jogo, cujos alunos-competidores individualmente devem soletrar
palavras diversas, de modo correto. Aqueles que cometem algum erro so
eliminados, at restar apenas um, vencedor.
A comisso organizadora composta pelas professoras de Lngua
Portuguesa e pelas especialistas, sendo todo acompanhado e monitorado pela
direo da escola e assistido pelos pais e alunos.
Ensinar um desafio e os educadores esto cada vez mais imbudos em
aes pedaggicas, que visam deixar o processo ensino e aprendizagem mais
interessante. Educar exige criatividade e trabalhos com a finalidade de fazer com
que os alunos saiam do Ensino Fundamental sabendo falar e escrever o mais
corretamente possvel.
h) Projeto Jogos como ao ldica na aprendizagem matemtica
Esse projeto foi desenvolvido pela professora de matemtica e planejado em
conjunto com a especialista do turno matutino, com incentivo da direo. Segundo
definido pela professora de matemtica responsvel pelo projeto, os jogos nas aulas
de matemtica estimulam os alunos a estudar a matria, tornando-lhes as aulas
mais interessantes atravs do desenvolvimento ldico do raciocnio lgico. Alm
disso, tal projeto ainda torna o convvio social mais amigvel, devido interao que
tais jogos proporciona aos alunos.
O projeto prev a utilizao dos jogos uma vez por semana. Na opinio da
especialista da escola, os trabalhos com jogos matemticos em sala de aula
trouxeram muitos benefcios para a escola:
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Conseguimos detectar os alunos que estavam com dificuldades. O aluno demonstra para seus colegas e professores se o assunto foi bem assimilado. Os jogadores e os adversrios, pois almejam vencer e por isso aperfeioam-se e ultrapassam seus limites. Durante o desenrolar de um jogo, observamos que o aluno se torna mais crtico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando concluses sem necessidade da interferncia ou aprovao do professor. No existe o medo de errar, pois o erro considerado um degrau necessrio para se chegar a uma resposta correta; O aluno se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que aprenda sem perceber. Os alunos tornaram mais confiantes para participar de outros projetos como a OBMEP (Depoimento da Especialista em 06/06/2014).
Em vista dos resultados positivos dos Jogos de Matemtica e com o objetivo
de despertar o interesse do aluno para a aprendizagem, a escola ampliou a
execuo dessa estratgia para outras disciplinas, considerando que os jogos
podem colaborar no processo ensino e aprendizagem de forma diferenciada,
dinmica e atrativa. Por meio de tais jogos os professores podem elaborar conceitos;
reforar contedos; promover a sociabilidade entre os alunos; trabalhar a
criatividade, o esprito de competio e a cooperao.
Os jogos foram elaborados em conjunto pelo corpo docente, podendo ser
utilizados por diversos professores em suas aulas, tornando-as mais dinmicas e
atraentes o que tem resultado numa aprendizagem de melhor qualidade
A utilizao de Jogos, que pode ser considerada uma boa prtica pedaggica
tem garantido escola resultados positivos nas suas aes. Os jogos matemticos
abriram, assim, as portas para o trabalho interdisciplinar. Os professores
consideraram o trabalho com os jogos ferramenta nmero um para auxiliar suas
aulas. Alm de proporcionar prazer e diverso gerando um clima positivo
expectativas de sucesso, o jogo pode representar um desafio, provocar o
pensamento reflexivo do aluno e torn-lo mais confiante para atingir a eficincia na
aprendizagem.
i) Cultura da conversa. Regras de convivncia. Projeto do Campeonato Interno de
Futsal (2012 a 2014).
No ano de 2012, foi elaborado o projeto Cultura de Conversa, sob a
responsabilidade do professor/educador fsica. O objetivo do projeto ajudar,
atravs do campeonato de futebol, a desenvolver o esprito competitivo dos alunos
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que gostam de praticar esportes, de maneira sadia, controlada e cooperativa,
respeitando as regras; ao mesmo tempo em que se observam potenciais talentos
para representar a escola em competies externas no esporte de rendimento.
O projeto se desenvolve por meio do campeonato de futsal, masculino e
feminino. As equipes so formadas atravs de alunos lderes, que escolhem seus
companheiros e posteriormente nomeiam esses grupos. A partir da, so sorteados
os grupos e montada a tabela de jogos. Os jogos so realizados durante oito dias,
intercalando os turnos matutino e vespertino ao longo de duas semanas e na quadra
poliesportiva do Ginsio Municipal Baianinho, utilizando-se materiais da prpria
escola. A arbitragem e a organizao ficam a cargo do professor de educao fsica.
Entretanto, como o projeto tem sido renovado nos anos subsequentes ao do incio
em 2012, o planejamento tem sido feito em conjunto com a equipe gestora.
importante salientar que a escola ainda no possui sua quadra e que as
aulas de esporte so desenvolvidas em parceria com a prefeitura, utilizando a
quadra de outra escola municipal. Conforme informao da Diretora II da SRE, em
2014, a quadra est sendo construda, sendo que o seu financiamento se deu com
vrias solicitaes da SRE/JB SEE/MG em 2013, como recompensa escola pelo
seu desenvolvimento nos prmios de gesto regional e crescimento nas avaliaes
externas.
Percebe-se que a realizao desse projeto desenvolve o esprito de equipe e
de liderana entre os alunos. Pressupe-se que a clareza nos seus objetivos e o
envolvimento da equipe gestora na gesto administrativa para a logstica e recursos
materiais necessrios so primordiais ao desenvolvimento do projeto .
j) Projeto de Preservao do Patrimnio Escolar:
Esse projeto de Preservao do Patrimnio Escolar vem sendo desenvolvido
na escola desde o ano de 2010 at os dias atuais. J passou por quatro verses e
ao longo dos anos vem sendo reformulado e suplementado por novas prticas e
reorganizaes. O projeto desenvolvido em todas as turmas da escola e foi
elaborado inicialmente pela diretora e sua vice durante a realizao do Projeto de
Capacitao de Gestores do governo estadual em parceria com o governo federal
(PROGESTO). Posteriormente, foi reorganizado junto com as especialistas e todos
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os professores da escola. Como consta em sua verso original, o projeto tem como
objetivos:
Conscientizar o aluno sobre a importncia de preservar o patrimnio pblico a fim de garantir uma boa qualidade de vida escolar; Mostrar aos alunos a importncia da higiene mental, pessoal, do ambiente familiar e da escola, para melhorar suas condies de vida; Conhecer e refletir sobre os patrimnios material e imaterial para manter a sua preservao; Valorizar a sociabilidade e a higiene no ambiente escolar, adotando modos de agir, tais como: jogar lixo no lixo; organizar as carteiras na sala; limpar a lousa; manter as carteiras organizadas , o cho e as paredes limpas; preservar os trabalhos expostos pelos colegas; devolver os vasilhames para a cantina, desligar e as luzes os ventiladores, organizar a sala de aula e o material antes de sair ao final do turno; Criar hbitos de conservao do livro Didtico, dicionrios, livros de literatura, revistas e outros; Estabelecer normas de Preservao do Patrimnio Escolar.(ESCOLA ESTADUAL JOS AMRICO BARBOSA, 2013)
Conforme os dados dos projetos, o acompanhamento e outros registros se
fazem necessrios e so levados em considerao nas suas avaliaes, os
seguintes questionamentos: Quais os conhecimentos adquiridos? As questes
levantadas foram esclarecidas? Que mudanas de atitudes foram observadas? Que
crescimento os alunos tiveram? A equipe pode, no decorrer do projeto, avaliar
aes, reformulando, acrescentando ou subtraindo aes, de acordo com a
flexibilidade que todo projeto deve ter em razo de eventuais situaes no contexto
escolar. A avaliao se d forma contnua, atravs de observao e da participao
de todos os envolvidos. Para isso a equipe gestora planeja e acompanha junto com
cada professor a execuo das atividades propostas no projeto, contextualizando
com o cotidiano escolar.
Dentre as prticas da equipe gestora destaca-se o foco na gesto
pedaggica, inserindo no currculo da escola, as questes ambientais de forma
prtica, com acompanhamento sistemtico do processo, como tambm favorece a
gesto participativa com o envolvimento dos alunos, professores e comunidade
escolar na preservao do patrimnio pblico.
k) Projeto 7 de setembro
O projeto foi criado em 2011, para trabalhar a comemorao da
independncia do Brasil em 7 de setembro. Durante a semana da ptria so
desenvolvidas tarefas interdisciplinares em comemorao da data, tais como: o
hasteamento dirio da bandeira nacional, declamao de poesias sobre a ptria com
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os professores de portugus, e desenvolvimento de um Bingo da Ptria, que conta
com a participao dos professores de Matemtica e Histria, com perguntas
voltadas para os temas: a Independncia do Brasil, os problemas ocorridos no Brasil
na atualidade e conhecimentos gerais.
O planejamento vem sendo reeditado em conjunto pela equipe gestora,
Assistentes Tcnicos da Educao Bsica (ATBS), alunos e professores.
Conforme o registro do projeto constante no arquivo da escola, as aulas se
tornam mais dinmicas e envolvem a todos no desenvolvimento das atividades.
Na edio de 2013 foi includa uma gincana para desenvolvimento da
temtica e para realizao do desfile nas ruas da cidade de forma contextualizada
apresentando cartazes que foram produzidos em sala de aula.
O foco do projeto na pratica gestora no incentivo ao desenvolvimento de
uma ao comemorativa de forma contextualizada, com objetivos claros e
metodologia dinmica que favorece a formulao de novos conceitos sobre a
concepo da aprendizagem.
l) Projeto A conscincia afrodescendente
O projeto envolve os professores de histria, cincias, matemtica, portugus,
educao fsica, artes, diretora, supervisoras e demais profissionais da escola.
Em observncia aos Contedos Bsicos Comuns (CBCs) do Estado de Minas
Gerais, que fundamentam o PPP dessa escola e determinam a insero de
contedo relativo conscincia negra no planejamento curricular, o objetivo desse
projeto oferecer uma
[...] educao voltada para conscincia da importncia do negro para a constituio e identidade da nao brasileira e principalmente, do respeito diversidade humana e a abominao do racismo e do preconceito, desenvolvido por meio de um processo educativo do debate, do entorno, buscando nas nossas prprias razes a herana biolgica e cultural trazida pela influncia africana (arquivo da ESCOLA ESTADUAL JOS AMRICO BARBOSA, 2014 s/publicao).
O projeto desenvolvido em todas as turmas da escola e o tempo de execuo
previsto de uma semana, culminando sempre no dia 21 de novembro (Dia
Nacional da Conscincia Negra). A pratica gestora evidenciada o
desenvolvimento de valores e atitudes de respeito a todos sem distino de raa
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ou cor e valorizao da cultura afrodescendente, nos alunos e comunidade
escolar no desenvolvimento curricular da escola.
m) Projeto O caminho seguro para o seu sucesso
Esse projeto foi elaborado e executado pela especialista e pela vice-diretora
do turno matutino e teve como objetivo registrar e avaliar os projetos realizados na
escola para realiment-los com o envolvimento e o compromisso dos profissionais
da escola, dos pais e alunos com o Projeto Poltico Pedaggico. No relato do projeto
consta que os especialistas buscam no cotidiano do trabalho:
Dilogo argumentativo; Promoo do Relacionamento interpessoal afetivo como famlia; Acolhimento de todos como seres humanos capazes de desenvolver seu potencial com empenho e dedicao; Reflexo das aes desenvolvidas no mbito educacional; Orientao do Planejamento Semanal com motivao para a busca de atividades inovadoras que despertem o interesse do aluno no processo ensino/aprendizagem; Reunies com mensagem de autoestima, reflexo e motivao; Confraternizaes para promover envolvimento da equipe, interao, descontrao e motivao para o trabalho, sendo o foco o trabalho com a idealizao de sonhos. Tem como misso oferecer um ensino de qualidade para o aluno, sendo seu propsito maior, enriquec-lo como ser humano e cidado, entendendo seus interesses, desejos e necessidades, tornando-o capaz de interagir no meio social. [...] envolve o compromisso dos profissionais da escola, dos pais e alunos com o Projeto Poltico Pedaggico. [...] pautado na construo de um clima organizacional e afetivo com o objetivo que o cotidiano se transforme num lugar de formao continuada de todos, a partir das necessidades apresentadas no Projeto Poltico Pedaggico e situaes corriqueiras que por ventura surgirem na escola (Depoimento da especialistas, 2013).
O foco do projeto melhorar as relaes interpessoais da escola,
desenvolvendo um clima harmonioso, e valorizar as aes dos alunos, pais e
profissionais da escola. Numa perspectiva da gesto participativa que investe na
liderana relacional.
Observa-se que todos esses projetos tm em comum uma gesto
colaborativa, democrtica, investindo no clima organizacional da escola, a
valorizao dos profissionais, no comprometimento conjunto das aes
desenvolvidas na escola e a aprendizagem dos alunos. Para Lck (2009, p.24):
Quando uma mesma fundamentao e entendimento so compartilhados por vrias pessoas empenhadas na mesma tarefa, elas passam a manifestar comportamentos convergentes e a adotar representaes semelhantes sobre o seu trabalho, reforando uns o trabalho dos outros e, dessa forma, construindo um processo educacional unitrio. Mediante orientao por uma concepo comum de ver o universo educacional e atuando a partir de objetivos comuns reconhecidos como valiosos por todos os que compartilham da mesma viso, a educao ganha efetividade.
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Segundo a Diretora, em entrevista concedida pesquisadora:
No temos grandes projetos, temos atividades de sala de aula, elaborao de ideias coletivamente, que se modificam com as ideias de todos, o tempo todo. Se no acreditar, no funciona [...] Sempre tem algo acontecendo na escola, com pontos de culminncia, mas so atividades integradas aos contedos e que, s vezes, envolvemos a comunidade. O objetivo no o projeto em si, mas a dinamizao da aprendizagem com atividades culturais (entrevista com a diretora em 2013).
O desenvolvimento dos projetos tambm contribuiu para o destaque da
escola no Prmio de Gesto Regional.
1.4.2 O prmio de gesto escolar
A Escola Estadual Jos Amrico Barbosa concorreu com suas prticas de
gesto no desenvolvimento dos projetos educacionais, ao Prmio de Gesto Escolar
(PGE), nas edies de 2009, 2010, 2011, 2012 e de 2013 (em processo de
avaliao), tendo vencido os trs ltimos anos consecutivos, o Prmio a nvel
regional da SRE/JB, 2, 1 e novamente 1 lugar respectivamente, proporcionando
comunidade escolar reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Para a avaliao
do Plano de Gesto Educacional (PGE) foram avaliados os seguintes indicadores: I -
Indicadores de planejamento e aes pedaggicas (Nvel A - Planejamento e Aes
Pedaggicas e Nvel B - Indicadores de Resultados Educacionais); II - Gesto
Participativa; III - Gesto de Pessoas e Liderana; IV - Gesto de Infraestrutura:
recursos e servios.
A seguir apresentada uma sntese de prticas de gesto da escola
registradas no formulrio de inscrio do PGE 2012.
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Quadro 1: Evidncias dos Indicadores I - Planejamento e aes pedaggicas Nvel A Planejamento e aes Pedaggicas
Indicadores Evidncias dos Registros do processo Fontes
1. Proposta curricular contextualizada
Ata de Mdulo II - Estudo do CBC e Planejamento Bimestral
Livros de Ata de Mdulo II/2012 e Pasta de Planos de Curso 2012.
2. Acompanhamento da aprendizagem
Ata de Conselho de Classe do 9 ano Turno Vespertino/ 3 Bimestre Ficha Diagnstica de Leitura da Turma do 6 ano Aristteles; Atividades de Interveno Pedaggica para aluno atendido no PIP.
Pasta de Aes Pedaggicas 2012. Caderno de Atendimento do PIP
3. Inovao pedaggica
Projeto Excurso Escolar: Viagem Cultural alunos do 9 ano. Fotos de alunos e professores na viagem cultural; Cpia do Agendamento de Recursos Didticos utilizados pelos Professores Data Show
Pasta de Aes Pedaggicas 2012 Pasta de aes Pedaggicas 2012
4. Incluso com equidade
PDI (Plano de Desenvolvimento Individual do aluno) de um aluno Turno Matutino; Projeto Conscincia Negra - Idealizado pela Professora de Histria. Palestra A importncia do Negro Cpia do atendimento em grupo dos alunos do PIP (Plano de Interveno Pedaggica.
Pasta individual do aluno; Pasta de Aes Pedaggicas 2012.
5. Planejamento da prtica pedaggica
Plano de Aula da Professora- Disciplina Portugus Fonte: Caderno de Plano da Professora rica 9 ano.
6. Organizao do espao e do tempo escolares
Utilizao do Laboratrio de Informtica, quadra Poliesportiva, e mapeamento da sala de aula.
Foto do laboratrio com os alunos e do formulrio de mapeamento de uma turma.
Fonte: elaborao da autora com os dados do formulrio de inscrio ao PGE
Conforme relatrio da escola enviado ao PGE (2012), alguns dos impactos
causados pelas prticas pedaggicas foram:
1. As reunies de Conselho de classe ofereceram diagnstico das turmas e
aes a serem desenvolvidas, para sanar as dificuldades e problemas
encontrados no processo de ensino e aprendizagem da instituio;
2. Atravs da aplicao do Projeto Excurso Escolar: Viagem Cultural, os alunos
tiveram mais empenho para desenvolver as atividades propostas em sala de
aula, o que diminuiu a evaso escolar e infrequncia nas aulas. Com essa
excurso, os alunos aprenderam que o conhecimento acontece de forma
gradual e concomitante, e que preciso muito mais do que apenas ler os
fatos, preciso vivenci-los de forma prtica, no cotidiano, para se tornar
mais evidentes. Pois aliar a teoria pratica de fundamental importncia para
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todos, visto que a teoria subsidia a prtica com novos conhecimentos e a
pratica d sentido ao fazer. Assim, ficou claro que esse projeto foi muito
impactante na vida dos nossos alunos e professores, pois foi uma
oportunidade de conhecer lugares histricos de Minas Gerais. A metodologia
de visita in locu dos locais estudados nos livros tornaram a aulas mais
prazerosas e dinmicas, proporcionando melhor aprendizado e qualidade de
ensino.
3. Com a elaborao do Pl