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PRÁTICAS RELIGIOSAS DE CUIDADO E CURA ENTRE MULHERES NEGRAS:
ESTUDO ETNOGRÁFICO EM UMA COMUNIDADE DE BAIXA RENDA
PATRICIA LIMA FERREIRA SANTA ROSA1
LUIZA AKIKO KOMURA HOGA2
ALESSANDRO DE OLIVEIRA DOS SANTOS3
Palavras-chave: Saúde da mulher, negros, religião, antropologia cultural, pesquisa qualitativa.
Resumo
Esta pesquisa objetivou explorar as crenças, valores e práticas de cuidado e cura entre mulheres
negras. O estudo foi realizado através da metodologia qualitativa, mediante o método
etnográfico em um bairro periférico da cidade de São Paulo. Vinte mulheres foram
entrevistadas. Três se tornaram informantes-chave e 17 informantes gerais. Os três subtemas
(SC) e o tema cultural (TC) foram: SC1 - A fé em Deus é tudo na vida – melhora a autoestima
e ajuda a superar situações difíceis; SC2 - Fé e remédios caseiros: nosso jeito de cuidar e curar
enfermidades; SC3 - Busco a religião para resolver problemas psicológicos e de saúde, mas
quando a minha religião é o candomblé ou a umbanda me sinto discriminada; TC - Deus é o
alicerce da vida: por meio da fé e dos remédios caseiros enfrento problemas e enfermidades,
mas às vezes preciso buscar ajuda médica. O aprendizado de práticas de cuidado e cura ocorreu
intergeracionalmente e por meio das religiões. Esses achados podem ter profunda relação com
determinantes sociais que permeiam a vida das informantes no contexto estudado.
Abstract
This research aimed to explore the beliefs, values and practices of care and healing among black
women. The study was conducted through qualitative methodology and the ethnographic
method in a suburb of São Paulo. Twenty women were interviewed. Three became key
informants and 17 general informants. The three cultural subthemes (CS) and a cultural theme
(CT) were: CS1 - Faith in God is everything in life - improves self-esteem and helps overcome
difficult situations; CS2 - Faith and homemade medicines: our way of caring and curing
illnesses; CS3 - I seek religion to solve psychological and health problems, but when my
religion is the Candomblé or Umbanda I do feel discriminated against; TC - God is the
foundation of life: through of the faith and of the homemade medicines I do face problems and
illnesses, but sometimes I need to seek a doctor. The learning of practices of care and healing
occurred through intergenerational and religions. These findings may have deep relationship
with social determinants that are around lives of informants in the studied context.
1 Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo – Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem;
2 Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo – Professora Doutora do Dep. de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica;
3 Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – Professor Doutor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho;
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Introdução
A religiosidade é considerada como fator relevante para avaliar as condições de saúde e a
qualidade de vida das pessoas (WHOQOL, 1995). No Brasil, as religiões são classificadas em
católica apostólica romana (64,6%), evangélicas (22,2%), espírita (2%), umbanda e candomblé
(0,3%), “outras” (2,7%) e “sem religião” (8%) (IBGE, 2012). Avalia-se que a proporção de
pessoas vinculadas às religiões de matriz africana esteja subestimada, pois muitas delas podem
não admitir tal vínculo religioso em razão do receio do preconceito ou discriminação
(SANTOS; RIBEIRO, 2014).
Acredita-se que todas as religiões ofereçam alguma resposta às questões de saúde das pessoas.
Especificamente a população negra brasileira desenvolve práticas religiosas, que são derivadas
da herança deixada por seus ancestrais. Desse modo, são alvo de estudos, sobretudo dos
sociólogos e antropólogos (SANTOS; RIBEIRO, 2014).
Observou-se, entretanto, uma escassez de dados científicos produzidos por profissionais da área
da saúde e de enfermagem. Quando se trata de focalizar a religiosidade de mulheres negras
moradoras das periferias dos centros urbanos e a sua interface com o cuidado da saúde, tal
escassez é ainda maior. Avalia-se que temáticas desta natureza com foco nesta população
específica devam ser melhor exploradas. Produtos de pesquisas com esta temática são profícuos
para que os profissionais de saúde, sobretudo os de enfermagem, que se responsabilizam pelo
cuidado direto das pessoas em seu processo saúde-enfermidade, sejam capazes de prestar um
cuidado socioculturalmente congruente, de modo a contemplar as necessidades dos pacientes
segundo a visão e demanda dos próprios sujeitos da ação profissional. Resultados desta natureza
importam também para subsidiar a tomada de decisões no âmbito da identificação,
planejamento e implementação das políticas públicas de saúde.
De modo a contribuir no preenchimento desta lacuna no conhecimento científico, foi realizada
a presente pesquisa, que teve o propósito de buscar respostas ao seguinte questionamento: Quais
são as crenças, valores e práticas de cuidado e cura desenvolvidas por mulheres negras?
Objetivo
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O objetivo deste estudo foi explorar as crenças, valores e práticas de cuidado e cura
desenvolvidas por mulheres negras.
Metodologia
Este estudo foi desenvolvido mediante abordagem qualitativa, considerada apropriada para
explorar aspectos subjetivos das experiências vividas. O método de pesquisa foi a etnografia,
cujo principal pressuposto é a exploração das crenças e valores que embasam as práticas
cotidianas dos membros de uma cultura (GEERTZ, 2008).
O processo de observação participante (OP), essencial para coletar dados etnográficos, foi
desenvolvido. A OP foi iniciada por meio do predomínio da observação, e esta estratégia é
gradualmente substituída pela participação do pesquisador no desenvolvimento de atividades
próprias da cultura (LEININGER, 2006). A OP foi desenvolvida em uma comunidade de baixa
renda localizada em uma região periférica da cidade de São Paulo.
O foco nesta comunidade se deveu ao fato dela ter uma grande proporção de negros na
composição de sua população. Dados recentes indicaram que mais de 40% da população
residente nesta comunidade é constituída por negros (GESP, 2005), e apresenta um Índice de
Vulnerabilidade Social, considerado elevado (GESP, 2010).
Convém destacar que o conceito de raça adotado nesta pesquisa compreende uma construção
social, que no campo da sociologia ou das ciências sociais, se refere às identidades sociais na
perspectiva da cultura (GUIMARÃES, 2003). Os termos negro, população negra ou
afrodescendente, por sua vez, são utilizados aqui de forma análoga, designando pessoas, ou
grupo de pessoas, que fazem parte do seguimento populacional brasileiro pertencente à
população negra ou afrodescendente. Esses termos tem sido são empregados em estudos que
focalizam a questão da negritude enquanto categoria de análise étnico/racial. Quando
utilizamos esses termos nos referimos também à parcela da população brasileira que se
autodeclara preta ou parda, segundo os quesitos de raça/cor disponibilizados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta estratégia costuma ser empregada em razão
das similaridades existentes entre os indicadores sociais característicos das duas populações em
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estudos epidemiológicos (PAIXÃO; CARVANO, 2009). Com base nessa prerrogativa foi
adotada a mesma linha de raciocínio.
Para registrar os dados observados, foi elaborado um diário de campo (LEININGER, 2006;
GEERTZ, 2008). O fato de uma das pesquisadoras ter residido no local sob estudo por quase
duas décadas facilitou a inserção no cenário cultural e a abordagem das informantes desta
pesquisa. Levou-se em conta o fato de, quando um pesquisador pertence ou algum dia fez parte
da cultura, ele esteja impregnado pelas crenças e valores próprios da cultura. Desse modo,
atentou-se para o cuidado de assumir atitude de estranhamento em relação a todas as práticas
culturais próprias do cotidiano de vida dos nativos da cultura (MUNHALL, 2007). Por outro
lado, o fato da pesquisadora conhecer a comunidade abreviou o período de observação, tendo
sido possível passar rapidamente para a fase de participação ativa nas atividades cotidianas da
cultura estudada e dar início às entrevistas etnográficas.
Em estudos etnográficos, informantes são os membros da cultura que possuem conhecimentos
sobre o assunto focalizado e demonstram interesse em compartilhá-los com o pesquisador.
Tornam informantes-chave, os membros da cultura que possuem conhecimentos mais
profundos da temática. Estes são, em geral, os moradores mais antigos da cultura. Os que
possuem conhecimentos genéricos sobre o assunto estudado são denominados informantes
gerais (LEININGER, 2006).
O foco nas mulheres negras deveu-se ao fato da discriminação racial ser reconhecida como
determinante das iniquidades étnicas e raciais no âmbito da saúde, em nível nacional e
internacional. A existência de associações entre discriminação racial e seus efeitos na saúde das
pessoas, independentemente da faixa etária, se tornou evidente (BASTOS; FAERSTEIN, 2012;
PRIEST et al., 2013). Além dos elementos ora citados, reconhecemos também a necessidade
de relevar a perspectiva de gênero envolvida nas práticas de cuidado e cura. Desse modo, foram
entrevistadas apenas mulheres pelo fato delas, via de regra, tomarem para si as
responsabilidades no âmbito do cuidado e cura no processo saúde-enfermidade, nos contextos
familiar e social (HOGA, 2008).
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Os critérios de inclusão no estudo foram a autodeclaração enquanto pessoa de raça/cor negra
ou preta, possuir características fenotípicas de afro-descendência associado ou não com a
textura dos cabelos e o formato do nariz.
A primeira informante foi uma pessoa que pertencia à rede familiar de uma das pesquisadoras.
A estratégia da bola-de-neve, em que a primeira informante indica a próxima, foi empregada
para incluir as demais informantes (POLIT et al., 2004). Durante o processo de inclusão das
informantes, tomou-se o cuidado de incluir mulheres com características diversas quanto à
idade, escolaridade, religião, existência de trabalho remunerado formal ou informal.
Para facilitar a expressão das crenças, valores e práticas cotidianas do grupo cultural, perguntas
etnográficas, que possuem caráter descritivo e exploratório, foram empregadas para dar início
às entrevistas. As perguntas feitas foram as seguintes: Fale-me sobre os cuidados com a saúde
adotados no seu dia-a-dia em relação a você e às demais pessoas que moram com você; O que
aprendeu sobre as práticas de cuidado e cura e o uso de plantas nas situações de doença? Antes
de dar início às entrevistas, foram obtidos dados relativos à caracterização sóciodemográfica,
como idade, religião, estado civil, anos de estudo, trabalho, renda, lazer, pessoas com que
morava e tempo de moradia no bairro.
Vinte e duas mulheres foram convidadas a participar desta pesquisa, mas duas recusaram
alegando inibição para falar diante de um gravador. Dentre as 20 informantes, três se tornaram
informantes gerais e três, informantes-chave. Os parâmetros para incluir esta quantidade de
informantes foram a ocorrência da repetição contínua no conteúdo das narrativas, observado a
partir da 15ª entrevista, e a obtenção da saturação teórica, compreendida como a possibilidade
de descrever o tema estudado com abrangência e, sobretudo, profundidade (LEININGER, 2006;
MORSE, 2012). Algumas informantes se emocionaram ao compartilhar suas histórias e
experiências. Estratégias de comunicação terapêutica foram utilizadas para confortá-las, e elas
apresentaram experiências pessoais intensas, a ponto de influenciar a visão de mundo da
entrevistadora.
As entrevistas foram agendadas pessoalmente ou por via telefônica e feitas face-a-face e
individualmente, entre os meses de agosto e setembro de 2013, na residência ou local de
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trabalho das informantes, e segundo as preferências das próprias informantes quanto à data,
horário e local.
As entrevistas tiveram a duração entre 40 minutos e uma hora e dez minutos, com média de 50
minutos. Elas foram integralmente gravadas em áudio, transcritas em seu inteiro teor e, na
sequência, as perguntas foram suprimidas. A análise das entrevistas foi feita de modo indutivo
e interpretativo, para construir subtemas e temas culturais. Estes, simbolizam as práticas
religiosas desenvolvidas elas informantes. Embora as informantes não tenham utilizado
exatamente as mesmas palavras para expressar suas experiências, aquelas cujas narrativas eram
similares quanto ao tópico focalizado, foram identificadas na sequência de cada exemplo,
mediante citação dos números sequenciais (I1, I2, I3...), conforme a ordem das entrevistas. Esta
estratégia, importante para elucidar os componentes dos subtemas e tema cultural, representa
um dos principais aspectos de rigor no desenvolvimento da pesquisa etnográfica (LEININGER,
2006). Os subtemas culturais são agrupamentos de ideias com significados semelhantes,
provenientes dos depoimentos dos informantes, que culminam em uma assertiva, representando
um discurso coletivo dos informantes em estudos culturais. O tema cultural, por sua vez, é a
uma assertiva que representa simbolicamente as ideias expressas nos subtemas culturais.
Outro aspecto de rigor, essencial na pesquisa etnográfica, é a validação dos resultados
produzidos junto às informantes. Desse modo, os títulos dos subtemas e o tema cultural e seus
principais conteúdos foram apresentados, de forma esquemática, para as informantes-chave.
Todas demonstraram satisfação em relação aos resultados pelo fato destes representarem o
cotidiano vivido por elas em relação ao tópico pesquisado.
O projeto de pesquisa foi avaliado e seu desenvolvimento aprovado (Protocolo 403369) por um
Comitê de Ética em Pesquisa credenciado no Conselho Nacional de Ética em Pesquisa. Todos
os aspectos éticos descritos no projeto foram obedecidos.
Resultados
As características do cenário sociocultural
Os seguintes dados referem-se à OP e às anotações efetuadas no diário de campo:
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O bairro estudado localiza-se a uma distância aproximada de 30 km do centro da cidade de São
Paulo. Morar neste bairro significa ter que fazer longos descolamentos para conseguir acessar
recursos considerados básicos como os serviços de correios, postos de gasolina, cartórios,
agências bancárias, hospitais, pronto socorros, entre outros. Ele se expandiu em uma área de
mananciais e, consequentemente, há escassez de equipamentos sociais em razão das barreiras
impostas pela legislação ambiental. Associam-se, também, problemas relacionados ao acesso,
difícil e perigoso, derivado das estradas sinuosas que margeiam o bairro, além do risco eminente
de cair na represa que beira a região.
As informantes eram originárias dos estados da Bahia (10), Minas Gerais (5), Pernambuco (3)
e uma natural de São Paulo. O motivo da migração, quando ainda adolescentes ou adultas
jovens, foi o desejo de usufruir de melhores condições de vida em São Paulo. Desse modo,
adquirir um imóvel próprio representou ter vencido a especulação imobiliária prevalente na
capital paulista, o que significou a possibilidade de se livrar do aluguel e poder sair das favelas,
onde muitas residiam antes de chegar ao bairro. As informantes mais antigas no bairro relataram
que, há cerca de quinze ou vinte anos, o local possuía características próximas às das zonas
rurais e, no decorrer deste tempo, passou por intenso processo de urbanização, mas sem o
devido planejamento urbanístico. Consequentemente, sofrem também com a escassez de
equipamentos de lazer e de mobilidade urbana.
No Quadro 1, estão sintetizadas as características sóciodemográficas das informantes-chave e
das informantes gerais.
Os subtemas e o tema cultural
Conforme apresentado no Quadro 1, dezenove entre as 20 informantes possuíam religião e
referiram assiduidade aos cultos e práticas religiosas. As religiões às quais eram adeptas eram
a católica (10), evangélica (6), candomblé (2) e umbanda (1). Três subtemas e um tema cultural
foram elaborados e representam, simbolicamente, as crenças, valores e práticas de cuidado e
cura desenvolvidas pelas mulheres negras de baixa renda, moradoras de uma área periférica de
São Paulo.
Quadro 1 – Características sociodemográficas das informantes.
Informantes
Chave (C) ou Gerais (G)
Idade
(anos) Religião
Estado
civil*
Estudo
(anos) Ocupação
Renda familiar
(sal. mín.)** Lazer
Pessoas na
mesma
moradia ***
Tempo de
moradia no
bairro (anos)
I1 - C
58 Católica C 3 Do lar 2,2 Assistir TV M e F 22
I2 - G 32 Católica S 13 Desempregada 2,2 Visitar parentes P e O 22
I3 - G 27 Católica UE 11 Desempregada 2,2 Visitar parentes, ler, parque M e F 11
I4 - G 28 Candomblecista UE 11
Comerciante
Cabeleireira
14,7 Ir ao shopping, ler, ouvir música M 23
I5 - G 54 Católica C 4 Comerciante
Bar e mercearia 5,9 Assistir TV M 16
I6 - G 32 Evangélica C 9 Comerciante
Cabeleireira Sem renda - M 15
I7 - C 46 Católica C 14 Pedagoga 6,6 Assistir futebol de, várzea, religião,
cinema, fazer trilha, festas em casa M e F 15
I8 - G 51 Católica C 8 Do lar 5,9 Ginástica, dança, viajar, festas em
casa M e 2 F 15
I9 - G 30 Evangélica UE 11 Do lar 2,2 Religião M e 4 F 23
I10 - G 36 Evangélica UE 11 Comerciante
Manicure Não declarada
Passeio em parque ou shopping
M e 2 F 15
I11 - G 64 Evangélica C 8 Aposentada 2,1 Assistir TV M 14
I12 - C 62 Evangélica C 5 Do lar Não fixa Assistir TV, ler M e F 15
I13 - G 50 Católica C 8 Do lar 2,9 Ir ao cinema, assistir TV M, P, F e O 13
I14 - G 32 Católica C 7 Do lar 1,3 Assistir futebol de várzea, passear na
casa de parentes, assistir TV M e 3 F 06
I15 - G 28 Umbandista C 11 Do lar 1,3 Assistir futebol de várzea, assistir TV M, O e F 01
I16 - G 56 Sem religião C 3 Diarista 4,4 Assistir TV, ouvir música, visitar
amigas/vizinhas M 17
I17 - G 23 Católica S 11 Desempregada 3,7 Passear na casa de parentes, ir à
balada, assistir TV P, e O 05
I18 - G 43 Católica C 11 Do lar 1,8 Passear na casa de parentes M e 2 F 04
I19 - G 26 Candomblecista UE 8 Do lar 1,7 Assistir TV 2 F
11
I20 - G 47 Evangélica C 11 Téc. Enfermagem 4,4 Clube, passear na casa de parentes,
almoçar fora 2 F e M 17
* Solteira (S), Casada (C), União Estável (UE) ** Valor do salário mínimo vigente na época das entrevistas: R$ 678,00.
*** Pais (P), Marido (M), Filhos (F), Outros (O)
Esses dados relacionam-se aos achados da OP, diário de campo e, principalmente das
entrevistas.
Subtema cultural 1 – A fé em Deus é tudo na vida – melhora a autoestima e ajuda a
superar situações difíceis
A fé em Deus representa o principal suporte para a vida das informantes. É por meio da fé que
elas buscam atingir seus objetivos. Para as informantes candomblecistas, existem muitos
deuses, mas o principal é Oxalá, que para elas é sinônimo de Deus.
“Eu acho que acima de tudo está a fé, a fé em Deus porque eu acho que sem a fé em Deus nós não
conseguimos nada” (I1, I2 - Católicas); “Nós, primeiramente, pedimos a ajuda de Deus, que para nós é
Oxalá, são vários, é porque a gente acredita em muitos deuses, mas, o principal é Oxalá, na umbanda
também é Oxalá. Ele é Deus, não tem ninguém acima de Deus, só muda de nome” (I4 – Candomblecista).
A fé em Deus, que significa ter fé nos elementos que são sinônimos dele, foi essencial para
superar os obstáculos enfrentados, em todos os aspectos da vida cotidiana. Foi atribuída à esta
fé, a melhoria da autoestima, a superação das situações difíceis de racismo enfrentadas, e a
aquisição dos elementos materiais e imateriais até então conquistados, sempre mediante um
processo de luta e superação das dificuldades.
“Mas, eu hoje sou superação! E para me cuidar tenho que manter o equilíbrio de tudo que está girando
perto de mim (...) A vida que eu tenho hoje (...) foi superação em cima de superação. Sem Deus não sou
ninguém. (I18 – Católica); “(Após uma situação de discriminação racial sofrida em uma fila para compra
de passagem de ônibus, onde se sentiu humilhada e chorou...): Eu sou assim, foi assim que Deus me fez, é
assim que o meu Pai Omulu me ajuda a viver e eu não vou tentar mudar por causa disso, não. Não tem um
dia que eu não acorde e que eu não agradeça a Ele por aquele dia e, que eu vá dormir e que não agradeça
a ele por estar indo dormir de novo (...) ele é muito protetor (I19 – Candomblecista).
A espiritualidade, que está constantemente presente na vida das informantes, resultou dos
ensinamentos que foram transmitidos de uma geração até a outra no contexto familiar e social.
Muitas pertenciam à famílias, cujos ancestrais eram benzedeiros, curandeiros e pais ou mães de
santo. Portanto, a espiritualidade estava presente, de forma concreta nas práticas religiosas de
cuidado e cura, no cotidiano de vida das famílias de muitas informantes deste estudo.
“Sobre espiritualidade... isso a minha mãe me ensinou, os meus pais me ensinaram” (I1, I2, I3, I5, I13;
“Na verdade, a figura de espiritualidade que eu tenho mais forte é a da minha avó. É como a minha mãe
havia falado sobre esta questão dos benzimentos, da fé dela em Nossa Senhora... toda noite ela ia lá, pedia
proteção, ela passava em todas as portas onde tinha gente dormindo e, pedindo para deus tomar conta da
nossa noite de sono. A gente vendo isso, vai ficando firme, e tantas coisas aconteceram que a gente dobra
o joelhos, e pede para Deus tomar contar para que nada de mal aconteça, e isso vai deixando a gente mais
forte” (I2); “A minha mãe era mãe de santo. Quando a minha mãe raspou para o santo (rito de passagem
onde, dentre outras coisas, se raspa a cabeça), ela estava grávida de mim, automaticamente, eu sou mãe
de santo, mas eu não posso raspar a minha. E, de sempre frequentar com a minha mãe, eu fui aprendendo
algumas coisas que ela fazia” (I15 – Umbandista).
Subtema cultural 2 – Fé e remédios caseiros: nosso jeito de cuidar e curar enfermidades
A associação da fé em Deus com os remédios caseiros é o primeiro recurso utilizado pelas
informantes para cuidar e tentar curar as enfermidades que afetam os membros da família e dos
amigos e conhecidos, antes mesmo de procurar os equipamentos de saúde institucionalizados
e, independentemente da religião professada e/ou seguida por elas.
“(...) a gente se vira muito com receita caseira de remédio” (I1, I2, I3, I4, I5, I7, I8, I9, I10, I11, I12, I13,
I14, I16, I17, I18, I20)
Embora a associação da fé religiosa e os remédios caseiros seja uma prática comum entre as
mulheres independe da religião, tal prática possui especificidades características de cada
religião.
Assim sendo, as mulheres evangélicas tinham o costume de orar, frequentar cultos religiosos e
empregar remédios recebidos dos pastores para as finalidades de cura e benção. Um exemplo
desta prática é o uso do óleo ungido para aliviar sintomas no caso de acometimento por alguma
enfermidade.
“Minha filha estava com febre. Eu ungi ela e coloquei ela para dormir. Graças a Deus, no outro dia, ela
acordou super bem” (I9 – Evangélica); “Quando eu me machuco e não é nada grave, eu passo um óleo
ungido, (...), esfrego e no outro dia eu já estou boa” (I11- Evangélica).
As informantes candomblecistas e umbandistas, usavam ervas, folhas e outros elementos da
natureza em seus rituais de cuidado e cura. Antes do uso, estes elementos eram benzidos,
conservados, por fim, utilizados por via oral ou na forma de banhos. Quando se deparam com
enfermidades de difícil cura, as mulheres recorrem a todos os recursos conhecidos e acessíveis
no contexto familiar e social na tentativa de dar resolutividade ao problema de saúde.
Tive uma doença de pele que a minha pele soltava, descamava. Eu já tinha feito vários tratamentos, tudo
o que você possa imaginar na época (...) Aí eu cheguei lá e eu fiz o que a gente conhece por "ebó", tomei
um banho, aí ele me passou um sabonete chamado sabão da cobra para mim trocar. Que é um sabão feito
à base de cinza. Quando eu voltei no médico, nem o médico acreditava! Era uma coisa do outro mundo,
de você pegar a pele e puxar até onde você quisesse, não doía, era como se fosse uma pele morta, queimada
de sol e que descascava. A aparência era feia, mas depois ficava normal, como se fosse uma cobra. Aí foi
quando começaram a falar: "Você é de Oxumarê". "Você é de Oxumarê (o orixá representado por
serpentes)" (I4 - Candomblecista)
Entre as informantes católicas, ou que já foram católicas no passado, observou-se que o uso de
receitas caseiras, elaboradas por meio de ervas e outros elementos acessíveis no ambiente
familiar, é prática comum adotada na tentativa de solucionar problemas de saúde.
“(Há mais de 50 anos, em Pernambuco). No sentido da religião e saúde a gente procurava o padre, pedindo
ajuda e ele ensinava uns remédios caseiros. Foi assim que a gente se criou, com esse hábito de usar
remédios caseiros” (I11 – Evangélica atualmente, mas sua mãe era Católica); “(Nos dias atuais) Faço
parte da Pastoral da igreja católica e lá fazemos cursos de capacitação sobre como tratar crianças e
gestantes e a gente aprende muito sobre remédios caseiros: para aliviar cólica menstrual, para um
resfriado... Aprendi na Pastoral e na minha família, aprendi com minha mãe” (I8).
Subtema cultural 3 – Busco a religião para resolver problemas psicológicos e de saúde,
mas quando a minha religião é o candomblé ou a umbanda me sinto discriminada
A religião é um recurso acessado para tentar resolver problemas de saúde, sobretudo os que
envolvem a dimensão psicológica. Os líderes das várias religiões desempenham o papel de
psicólogos informais, pois eles acolhem, se disponibilizam a escutar os problemas enfrentados
pelas informantes e dão aconselhamentos sobre como agir diante das variadas situações com as
quais elas se deparam. Muitas vezes, os representantes das religiões são o único recurso de
apoio para os momentos de aflição vivenciados pelas informantes. Assim sendo, a escuta atenta
e acolhedora demonstrada pelos líderes religiosos é muito valorizada e considerada como
suporte essencial para o enfrentamento das situações difíceis.
“A minha filha mais nova estava com depressão e ela ia ao grupo de oração, ia na igreja para se sentir
melhor, mas, isso é para quando é uma coisa tipo depressão, que mexe mais com o sentimento...” (I13 -
Católica); “Eu também procuro a religião quando eu estou com algum problema de saúde, tanto os
pastores, os obreiros, como outros membros da igreja. Essas pessoas me ajudam dando muita atenção.
Elas me ouvem, me falam palavras que me fortalecem e fazem oração por mim.” (I11 – Evangélica;
“Ansiedade e depressão é uma coisa cotidiana das pessoas pela loucura do dia-a-dia, por exemplo, eu
tenho uma vida muito louca, muito corrida mesmo! Isso vai deixando a gente com um cansaço psicológico,
você vai ficando irritada (...) Eu cuido da minha saúde mais em casa mesmo... eu faço chás, coisas que me
acalmam” (I4– Candomblecista).
Informantes cujas religiões eram de matrizes africanas, como o candomblé e a umbanda, se
sentiam discriminadas pelos próprios familiares e vizinhos, sobretudo quando estes eram
seguidores de religiões, como o catolicismo e o protestantismo.
“Eu queria voltar a ir com mais frequência na minha religião (frequenta quinzenalmente). A minha religião
também é muito discriminada, porque todo o mundo aqui é evangélico (mora na casa de parentes) ... Meu
sogro não gosta, mas, ninguém tem que gostar quem tem que gostar sou eu. Eu gosto da minha religião,
ela é muito discriminada, mas eu gosto” (I15 - Umbandista); “Eu sinto muita falta de ir na casa do meu
pai de santo. Já faz dois anos que eu não vou na casa dele. Provavelmente, em setembro, pode ser que eu
vá porque é a festa do meu santo, Festa de Pai Omulu, mas vou uma vez e não posso ir mais. Não tenho
ido frequentemente porque prefiro evitar brigas e confusões com o meu marido, ele não aceita e fala que
lá só tem coisa errada, coisas de macumba. Nem quando ele está ausente eu não posso ir porque as tias
do meu marido moram aqui perto, tenho medo de elas verem e acabarem contando para ele, entendeu? Ai
a confusão está feita! Está doendo não poder ir... esses dias me deu uma saudade tão grande que comecei
a chorar” (I19 - Candomblecista).
Apesar da discriminação mencionada, uma informante relatou que sua religião de matriz
africana, o candomblé, muitas vezes, é procurado como o último recurso para enfrentamento de
doenças, sobretudo, quando as outras possibilidades, por exemplo, de natureza biomédica, ou
mesmo relacionada à prática de outras religiões, já tinham se esgotado.
“Então, a maioria vem para a religião, mais por saúde mesmo. Os motivos para entrar na religião, é como
a gente diz: umas vêm pelo amor e outras vêm pela dor. Por alguma coisa que não conseguiu uma solução,
é até como eu brinco com os meus amigos, tipo: todo mundo tem a sua religião, mas recorre à nossa
quando as coisas não tiveram solução!” (I4 - Candomblecista).
Tema cultural - Deus é o alicerce da vida: por meio da fé e dos remédios caseiros enfrento
problemas e enfermidades, mas às vezes preciso buscar ajuda médica
A cura de determinadas enfermidades era atribuída à fé em Deus. Entretanto, esta fé não
representava um obstáculo quando desejavam buscar assistência à saúde nas instituições.
Mesmo quando as mulheres recorriam aos tratamentos de saúde disponibilizados nas
instituições e obtinham sucesso terapêutico, esta ocorrência era atribuída à providência divina.
“Eu recorro à religião mais para o meu desenvolvimento mesmo, para defesa contra qualquer coisa ruim:
inveja, doença, ou qualquer outra coisa... Faço banho com ervas. As ervas que se usam, depende da sua
necessidade, para defesa, posso usar arruda, espada de São Jorge...” (I15 – Umbandista).
As próprias informantes ficam atentas ao fato de manter a necessária prudência nos casos em
que os problemas de saúde não melhoram após algumas tentativas. As informantes
demonstraram preocupação com este aspecto e admitiram a necessidade de procurar ajuda
médica, pois avaliaram que o uso das ervas não é suficiente para resolver alguns tipos de
problemas de saúde.
“Quando uma pessoa segue uma religião eu acho que ela tem que ser muito equilibrada nesse sentido, de
saúde, porque assim... as folhas estão aí, a religião está aí, mas tem algumas coisas que é de médico, não
adianta. Você sozinha não vai conseguir. Vamos supor, você tem uma inflamação aí você tomam chá ou
coisa assim e, depois de uma semana e você não vê o resultado, é médico!” (I4 - Candomblecista).
Discussão
O TC “Deus é o alicerce da vida: por meio da fé e dos remédios caseiros enfrento
problemas e enfermidades, mas às vezes preciso buscar ajuda médica! alicerçado nos três
subtemas culturais simboliza as crenças, valores e práticas de cuidado e cura desenvolvidas
pelas mulheres negras.
Estes resultados reforçam a ideia de que a religiosidade representa elemento importante no
processo saúde-enfermidade e na melhoria das condições de saúde da população negra.
Evidências científicas sobre a associação entre religião e saúde mental demonstraram que a
religiosidade, assim como a adesão às religiões, estão associadas de forma positiva com os
indicadores de bem estar psicológico, entre eles, a satisfação com a vida, felicidade, afeto
positivo e moral elevado e de forma negativa com a depressão, ideação, comportamento suicida
e abuso de drogas e álcool. Os responsáveis por este estudo indicaram a necessidade de
compreender melhor os fatores que intermediam tais associações, para que este conhecimento
possa ser aplicado na pratica clínica (MOREIRA-ALMEIDA et al., 2006).
Os resultados deste estudo foram de encontro aos achados de outras pesquisas, demonstrando
que as crenças e práticas religiosas, apesar de fazerem parte do itinerário terapêutico, não
resultavam necessariamente na interrupção do tratamento biomédico que já estivesse em curso,
sendo assim, o êxito no tratamento, quando atingido, era predominantemente atribuído à
providência divina (RABELO, 1993; FERREIRA; ESPÍRITO SANTO, 2012).
O emprego de remédios caseiros foi reiteradamente citado pelas mulheres como recurso para
tratar problemas de saúde. Este costume pode estar sendo influenciado pelas condições
contextuais à que esta população está exposta, ou seja, as dificuldades derivadas do isolamento
territorial, problemas relacionados ao transporte, má qualidade das estradas e da assistência,
sobretudo às famílias que dependem unicamente dos recursos do Sistema Único de Saúde
(SUS) para tratar doenças, além das diversas formas de discriminação a que estão submetidas
(SANTA ROSA et al., 2014).
Quanto às religiões de matrizes africanas, as informantes pertencentes ao candomblé e à
umbanda referiram ser vítimas de discriminação, corroborando dados revelados por outras
pesquisas (SANTOS; RIBEIRO, 2014). Por outro lado, estas mesmas informantes
demonstraram uma certa satisfação ao relatarem que são procuradas, pela mesma sociedade que
as discrimina, para a execução, ou participação, em rituais de cura quando os tratamentos
biomédicos não surtiram o efeito desejado. Este achado revela uma relação de ambiguidade
entre membros de religiões de matrizes africanas e católicos e/ou protestantes, pois, é como se
os primeiros fossem detentores de um conhecimento “proibido”, mas que é necessário em
alguns momentos aos últimos.
Resultados desta pesquisa também reforçaram a importância de considerar as preferências dos
pacientes nas práticas profissionais do âmbito da assistência à saúde. Relevar a perspectiva dos
usuários dos serviços de saúde, suas preferencias e necessidades individuais, assim como os
elementos envolvidos no contexto geográfico e sociocultural é fundamental para a prática
baseada na evidência (PEARSON et al., 2010). Contatou-se que a identificação de tais
preferencias e necessidades, levando em conta a religiosidade das pessoas é aspecto
fundamental para a concretização da prática baseada na evidência no cotidiano assistencial.
Importa também relevar assumir uma postura de alteridade, para com as mulheres negras,
sobretudo das camadas de baixa renda, face ás evidências demonstrando a religiosidade
enquanto elemento fundamental para promover o bem estar biopsicossocial (CORUH et al.,
2005; BOUSSO et al., 2011).
Considerações finais
Este estudo etnográfico qualifica dados quantitativos que demonstraram a importância da
religiosidade na melhoria da saúde e na qualidade de vida das pessoas.
Com relação às mulheres negras, especificamente, foram exploradas as crenças, valores e
práticas de cuidado e cura, que foram provenientes de um aprendizado intergeracional e também
das religiões. Esses achados podem ter profunda relação com determinantes sociais que
permeiam a vida das informantes no contexto estudado.
Professar religiões que possuam matriz africana pode significar mais um determinante que
potencializa desigualdade. No entanto, observou-se também uma certa satisfação quando estas
religiões são procuradas como último recurso por membros de outras religiões ou quando a
terapêutica biomédica não surtiu efeito.
Ter realizado a entrevistas somente com mulheres autodeclaradas negras pode ter direcionado
os resultados desta pesquisa. Nesse sentido, estudos que focalizem as crenças, valores e práticas
de cuidado e cura entre mulheres pertencentes à outros grupos étnicos, dentro ou não do mesmo
contexto sociocultural, seriam pertinentes.
Agradecimentos
À Mônica Feitosa Santana pelo auxílio das entrevistas e Pâmela Adalgisa Lopes Silva pela
ajuda com as transcrições.
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