Preparo do solo para o plantio de florestas

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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Campus Dois Vizinhos

Engenharia Florestal

Tratos e Métodos Silviculturais

Preparo do solo para o plantio de florestas

Eng. Ftal. Dr. Prof. Eleandro José Brun

Dois Vizinhos - PR, 2016-01.

Conceitos e objetivos

- Alguma atividade que realize a movimentação daspartículas de solo visando atender a algum objetivotécnico/econômico e/ou ambiental.

-Visa:

- Melhoria das condições físicas do solo Compactação

- Eliminação de plantas indesejáveis Incidência

- Promover o armazenamento de água no solo +infiltração

- Eliminar camadas compactadas

- Incorporar calcário, fertilizantes e restos de culturas

- Fazer o nivelamento do solo, facilitando atividadesposteriores de plantio, tratos culturais e colheita

Atendendo aos objetivos do slide

anterior, ocorre:

- Facilitação do desenvolvimento do sistema radicular

- Estabelecimento mais rápido da floresta

- Diminuem as possibilidades de tombamento de árvores

- Menor ocorrência de plantas estressadas (menor possibilidade de ataque de pragas e doenças)

Floresta com boa silvicultura aplicada (Foto: E. J. Brun).

Sistema radicular de eucalipto (Fonte: Aracruz S.A.)

Tecnologias de preparo do solo

Preparo manual

- Em áreas de topografia acidentada

- Em áreas sujeitas à erosão

- Baseada na abertura de covas grandes (30 x 30 x 30 cm) de forma manual

- Realiza-se uma capina em área de 1 m2, no meio dessa área se faz a cova.

- Essa capina também pode ser realizada em faixa de 1 m de largura.

Exemplos

Capina de 1 m2 para fazer covano centro – plantio manual

Alinhamento p/ plantio manual.

Marcação de local deplantio e coveamento.

Fotos 1, 2 e 3: Eng. Ftal. Gilson Almeida

Limpeza em faixas ecoveamento (Paiva etal., 2001).

Muda plantada dentro doquadrado limpo (E.J.BRUN).

Tecnologias de preparo do solo

Preparo semi-mecanizado

- Após controle das invasoras na forma de roçada com roçadeira costal;

- Aplica-se herbicida na linha, com aplicador costal;

- Realiza-se coveamento com motocoveador;

- Finalmente: Plantio

Exemplos

Linha de 1 m de largura com aplicação de herbicida

Coveador mecânico (Icoferme Ltda.)

Modelos de haste de moto-coveador, deve-se evitar o espelhamento das paredes da cova (Icoferme Ltda.)

Em algumas áreas, a aração com tração

animal é viável

Aração com tração animal em área rural de Agudo/RS. Foto: Celso Gonçalves

Gradagem na linha de plantio para SAF em Piratini/RS. Destorroamento.

Foto: Emater/RS

Plantio manual

Grade de discos tração animal

Destorroamento na linha

Tecnologias de preparo do solo

Preparo mecanizado

- uso de equipamentos tratorizados como:

- arado de discos (não os mais pesados)

- grade (não se usa mais as mais pesadas)

- escarificador

- subsolador

- outros.

Por que não se recomenda mais

equipamentos muito pesados?

- Ocorre revolvimento muito grande do solo

- Perda de matéria orgânica

- Compactação

- Erosão

- Exemplos:

Preparo demasiado, problemas com erosão e perdas de solo.

Arado de discos e grade pesados, uso somente em situações muito drásticas de preparo. Por exemplo:

solo mais seco, muito resíduo na superfície.

Teoria do caos?

Arado reformador

Área de reforma, onde foi recolhido oresíduo mais grosso, passado herbicida eusado arado reformador. Área pronta paraplantio manual.

1 m

Isso é necessário para plantar floresta???

-Onde pode parar a matéria orgânica do solo nesses casos?

- Onde pode parar boa parte do solo e dos nutrientes?

- Existe benefício nesse tipo de preparo do solo?

CONCEPÇÃO VIGENTE ATÉ A DÉCADA DE 60 E 70

“AS ESPÉCIES FLORESTAIS PRECISAM DE PREPARO INTENSIVO DO SOLO, COM GANHOS DE

PRODUTIVIDADE QUE JUSTIFICAM OS CUSTOS OPERACIONAIS”

Equipamento de preparo de solo para plantio de floresta?

• Baixa resistência do

equipamento, muita

manutenção

• Micropulveriza o solo

• Risco de erosão elevado

• Não recomendado seu uso em

plantios florestais

• Sistema de corte do solo pelo equipamento, com

baixa resistência a solos compactados ou presença de

pedras e tocos/raízes.

Técnicas de preparo de solo

-Preparo em área total – somente onde existe altaincidência de vegetação concorrente

- Preparo na linha de plantio (Cultivo mínimo)– mais usado atualmente

- Subsolador de 3 hastes ou 1 haste;

- Depende do nível de compactação.

- Abertura de covas: áreas declivosas

- Preparo na linha com arado de boi: pequenapropriedade

Preparo do solo na linha de plantio: Subsolador com três

hastes acoplado a trator de esteiras

1 m

Indicado para solos muito compactados ou com camada de impedimento.

Outros implementos de preparo do solo para plantio de

florestas

Rompimento de camadas compactadas até 50 cm ou mais,com preparo na linha de plantio

Raízes na linha do subsolador:

1 haste. Solo muito compactado

Influência da subsolagem na conformação do sistema radicular das árvores

Raízes com distribuição em todo o

entorno da planta: Solo com menor

compactação – preparo em linha mais

larga

1,20 1,25

1,55 1,51

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

0,0-10,0 10,0-20,0 20,0-30,0 30,0-40,0

Profundidade do solo (cm)

g c

m-3

Densidade básica do solo e o crescimento das árvores

(tombamento de árvores de Acacia mearnsii)

Fonte: Schumacher et al. (2000)

Camada compactada

Alto risco de perda de solo por erosão hídrica.

Preparo de solo de forma inadequada.

O que pode causar o preparo do solo “morro abaixo”.

O PREPARO EM NÍVEL É SEMPRE

RECOMENDADO.

Variação no volume de madeira, entre parcelas de um povoamento de

E. camaldulensis e na densidade aparente do solo.

Fonte: Gonçalves et al. (1990)

Parcelas

Densidade básica do solo (g cm-3

) Volume de madeira

(m3 ha

-1) 0-20 cm 20-40 cm

1 1,26 1,23 24,7

2 1,14 1,18 39,3

3 1,13 1,24 63,3

4 1,06 1,18 89,7

Qual o efeito do preparo do solo:1 –2 –3 –4 –...

Sistema radicular

limitado

Preparo de solo em terrenos alagadiços: Problemas

no futuro, estabilidade e desenvolvimento da planta

Flutuação do lençol freático

Mortalidade de raízes

entrada de patógenos

Escarificação na linha de plantio, com marcador de linha

Situação adequada para área com gramíneas?

Preparo reduzido ou cultivo mínimo

Preparo do solo e plantio na

mesma operação

Mecanizado: plantadeira “artesanal”

Adubadeira

Subsolador 1 haste

Disco de corte

Realiza o preparo do solo e junto faz a primeira fertilização na linha de plantio

Preparo do solo e fosfatagem

na mesma operação

Adubadeira

Em cada linha:

1º Disco de corte

2º Subsolador 1 haste

3º Aplicador de adubo

4º Compactador

5º Pulverização de

herbicida na linha

Bico de

pulverização

de herbicida

Tanque herbicida

Plantadeira tratorizada de mudas. Após limpeza da área (roçada, aplicação de herbicida), a operação de preparo, plantio e adubação é feita em apenas uma operação.

DETALHES: aula de plantio/replantio, mais adiante no semestre.

Influência do preparo do solo na

produtividade da floresta.

Stape et al. (2002): Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla

- Argissolo:

- Coveamento: altura de 7,1 m

- Subsolagem: 8,1 m

- Latossolo vermelho amarelo:

- Coveamento: altura de 6,0 m

- Subsolagem: 5,7 m

- Qual solo apresenta maior resistência a penetração de raízes?

- Porque o efeito é mais pronunciado em solo mais compactado?

STAPE, J. L.; ANDRADE, S.; GOMES, A. N.; KREJCI, L. C.; RIBEIRO, J.A. Definição de métodos de preparo do solo para silvicultura em solos coesos do litoral norte da Bahia. In: GONÇALVES, J.L.M.; STAPE,J.L. (Coord.). Conservação e cultivo de solos para plantações florestais. Piracicaba: IPEF, 2002.

Influência do preparo do solo na

produtividade da floresta.

As respostas da planta não ocorrem diretamente ao preparo do solo

Ocorrem em função do ambiente criado pelo preparo:

- maior infiltração de água

- maior aeração

- maior disponibilidade de nutrientes

Variável mais importante: PROFUNDIDADE

Fonte: DEDECEK et al. (2007).

Autores relacionam o chamado “efeito bonsai” aum menor volume de solo explorado pelas raízes,ou seja, preparo menos intenso e área de solocompactado (Passioura, 2002).

Influência do preparo do solo na

produtividade da floresta.

Bernardi (2010):

Eucalyptus benthami em LATOSSOLO BRUNO Álico, A proeminente e relevo forte ondulado

Tratamentos

Variável – Idade: 12 meses

Dc Ht D copa* B. raízes**

cm m cm g/árv.

Testemunha (T 0) 8,42 a 5,49 a 219,9 b 402,9 b

Coveamento (T 1) 8,12 ª 5,62 a 225,6 ab 468,4 ab

Subsolagem - trator de esteira (T 2) 8,06 a 5,74 a 233,0 ab 564,1 a

Subsolagem - trator de pneu (T 3) 8,19 a 5,69 a 236,4 a 554,0 ab

* Aos 10 meses; ** aos 8 meses de idade.

Influência do preparo do solo na

produtividade da floresta.

Finger et al. (1996):

Eucalyptus grandis em ARGISSOLO Bruno Acinzentado

Avaliação aos 43 meses de idade.

Tratamento DAP (cm) Ht (m) Sobr %

Subsolagem até 60 cm - linha 9,8 10,0 97,6

Coroa (50 cm) e cova (13 cm) 6,5 6,9 92,9

Densidade do solo antes e depois da colheita em plantio de Pinus

taeda (CP: com passagem de harvester e forworder; SP: sem

passagem; E: estaleiro de madeira)

Ocasião /

umidade

Densidade (Mg m-3

) – camada 0-5 cm Média CV%

CP SP E

Antes 1,02 B b* 1,04 B a 1,11 A a 1,06 3,07

Chuva 1,02 1,00 1,14 1,05

4,55 3 dias 0,96 1,05 1,10 1,04

7 dias 1,08 1,07 1,09 1,08

Depois 1,19 A*a 1,04 Ca 1,11 Ba 1,11 6,74

Chuva 1,20 1,05 1,12 1,12

5,16 3 dias 1,19 1,02 1,07 1,09

7 dias 1,17 1,06 1,15 1,13

Média 1,10 1,04 1,11 1,08 3,49

CV% geral 5,49

* Médias não seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, para antes e depois da colheita, são

diferentes entre si pelo teste Scott-Knott em nível de 5% de probabilidade de erro. Obs.: Para os diferentes níveis de

umidade do solo (chuva, 3 e 7 dias), não ocorreram diferenças estatísticas significativas entre as médias; Valores

sombreados são aqueles onde houve diferença significativa entre as médias

Ocasião /

umidade

Densidade (Mg m-3

) – camada 5-10 cm Média CV%

CP SP E

Antes 1,03 Bb* 1,06 Ba 1,13 Aa 1,09 4,43

Chuva 1,05 1,07 1,16 1,09

4,49 3 dias 1,01 1,07 1,12 1,07

7 dias 1,03 1,04 1,11 1,06

Depois 1,17 Aa* 1,05 Ca 1,12 Ba 1,11 5,41

Chuva 1,15 1,09 1,11 1,12

4,62 3 dias 1,16 1,03 1,13 1,11

7 dias 1,18 1,04 1,12 1,11

Média 1,10 1,06 1,13 1,10 3,20

CV% geral 4,79

Densidade do solo antes e depois da colheita em plantio de Pinus

taeda (CP: com passagem de harvester e forworder; SP: sem

passagem; E: estaleiro de madeira)

Abaixo de 10 cm de profundidade, não houve diferença significativa entre os

tratamentos, mostrando que o efeito da colheita mecanizada ocorre na camada

superficial.

Fonte: Brun et al., 2013); Szymczak et al. (2014)

Algumas Bibliografias da aula

FINGER, C. A. G.; SCHUMACHER, M. V.; SCHNEIDER, P. R.; HOPPE, J. N.Influência da camada de impedimento no solo no solo sobre ocrescimento de Eucalyptus grandis (Hill) ex Maiden. Ciência Florestal,Santa Maria, v.6, n.1, p.137-145, 1996.

DEDECEK, R. A.; BELLOTE, A. F .J.; MENEGOL, O. Influence of residuemanagement and soil tillage on second rotation Eucalyptus growth.Scientia Forestalis, n.74, p. 09-17, 2007.

PASSIOURA, J. B.; Soil conditions and plant grouth. BlackwellScience Ltd: Plant, Cell and Enviromenment (2002) 25, p. 311-318.

BERNARDI, C. A. O efeito de diferentes preparos do solo nodesenvolvimento inicial de Eucalyptus benthamii Maiden atCambage. 2010, 59 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais).Unicentro Campus Irati. 2010.

SZYMCZAK, D.A.; BRUN, E.J.; REINERT, D.J.; FRIGOTTO, T.; MEZZALIRA,C.C.; LUCIO, A.D.; MARAFIGA, J.A.S. Compactação do solo causada portratores florestais na colheita de Pinus taeda L. na região sudoeste doParaná. Revista Árvore, v. 38, n. 4, p. 641-648. 2014.