Post on 29-Oct-2020
TECNOLOGIA
As sete competênciasmágicasAdepta de uma nova mentalidade de gestão, a Yunit reinventa-se constantemente na capacidadede colocar a inovação ao serviço das necessidades dos clientes. Texto Sara Fonseca. Foto Giorgio Bordino
O Ricardo Gonçalves Pereira recorda-sebem da intervenção de Gary Hamel, noWorld Management Fórum, a que assis-
tiu em Madrid, em 2010, a propósito das
mudanças necessárias nos paradigmas de
gestão. "Nós somos assim: não temos umcore business. Temos, sim, um conjuntode competêneias base a partir das quaisvamos criando empresas com determina-do tipo de core businesses"
, explica o CEOda Yunit ao definir a empresa que dirige.
Participada pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), BES e Portugal Telecom (PT),a Yunit resulta da fusão entre a Pmelinke a Tradecom, ambas lançadas em 2001,
já no final da 'bolha das dotoom', quandoem Portugal ainda se acreditava em pro-jetos capazes de aproveitarem o potencialda internet. "Na altura, criou-se um comi-té de direção entre BES, CGD e PT, em quequalquer uma das entidades podia proporiniciativas, cabendo aos restantes a deci-são de aderirem ou não, e em que pro-porção", explica. A Pmelink, direcionada
para empresas, nasceu de uma propostado BES à qual as restantes aderiram, assim
como a Tradecom, que tinha, no entanto,uma base mais tecnológica.
À semelhança do contexto interna-cional - em que foram raras as exceções
que conseguiram vingar -, dois anosmais tarde concluiu-se que os mode-los de negócio criados não eram viáveis.
Impunha-se a questão: como aproveitaro potencial de ambas? "Tínhamos recur-sos humanos com bastante capacidade de
pensar sobre as coisas, assim como umconjunto de processos muito bem monta-do", continua Ricardo Gonçalves Pereira,
que havia assumido a Pmelink à data. A
resposta encontrada foi precisamente a
fusão, com sucesso, na Yunit, que assu-me o seu ADN tecnológico, utilizando a
internet como ferramenta para potenciarnegócios. A bordo continuaram os trêsacionistas que ainda hoje são parte fun-damental da estrutura da empresa, queevoluiu de comercializadora de produtospara fornecedora de serviços, ajudandooutras empresas a melhorarem os seus
processos de compra e venda. "A matrizbase de competências manteve-se", conti-nua o CEO. "Embora hoje tenhamos pou-co a ver com o que éramos na altura."
# A EMPRESA
Soluçõespor medidaA criatividade é o limite num
vasto portefólio de serviços
disponibilizados
Fundação: 2003Acionistas: Caixa Geral de
Depósitos, Banco Espírito Santo
e Portugal Telecom.
Colaboradores: Mais de 100em Lisboa, Porto e Coimbra.
Áreas de negócio: Coporate,renováveis, comunicação e 4U.
Serviços: Soluções inovadoras
que ajudem à otimização dos
processos de compra e vendadas empresas nos mais variados
sectores.
Clientes: Hyundai, Ministério
da Educação, Hotéis Tivolí,Banco Popular, Lavazza, grupoChamartin, Lexmark, Sport Lisboa
e Benfica, entre outros.
Cultura: Metas definidas
por projeto, com equipasindependentes, num climade flexibilidade total.
Ricardo Gonçalves Pereira. CEO, naotem dúvidas, quanto à importância
da flexibilidade e do apoio dosacionistas no alcance das metas
Em busca constanteSão precisamente as sete competênciasfundamentais (capacidade de negocia-ção, de catalogação, de transacionalidade,gestão de pagamentos, gestão operacional,tratamento de informação e capacidadede gestão de projetos) que a Yunit apli-ca a cada um dos seus diferentes negó-cios. A empresa está hoje subdividida em
quatro áreas distintas, cada uma com a
sua vertente específica de atuação: copo-rate (especializada em soluções de ?
? compras para empresas), comunica-
ção (agência de marketing digital focada
em comunicação on-line), renováveis
tque ajuda os clientes a reduzirem custos
energéticos) e 4U (que absorveu o negócio
originário da Pmelink e cuja loja on-line
continua a ser líder nacional). "Um dos
nossos maiores desafios é que trabalha-
mos por projeto. Temos uma componenterelativamente baixa de receitas recorren-
tes, o que nos obriga a estarmos continua-
mente atentos ao mercado e a propor o
que for mais adequado a cada momento",
explica Ricardo Gonçalves Pereira. Não
estar parado e manter a cabeça erguida na
deteção continua de novas oportunidade é
o lema da Yunit, que lançou em 2011 novas
ofertas em todas as frentes (veja caixa).A empresa optou por uma lógica de
teoria de gestão da carteira, ou seja, não
ter uma "estrela", mas,, sim ofertas quefuncionem melhor ou pior, mas que
garantam sempre a nossa sustentabilida-
de. "I listoricamente somos uma empresa
que deu prejuízo durante bastante tem-
po, até 2007. Apenas somámos lucros pela
primeira vez em 2008, por isso, sabemos
bem que, ou nos reinventamos constan-
temente, ou nada funciona."
Ao sabor da flexibilidade
Esta capacidade de procura e adaptação às
necessidades momentâneas de mercado
só é possível graças a uma estrutura orgâ-nica dotada de grande flexibilidade. O ano
2011 caracterizou-se tanto pelo lançamen-to de novos projetos, como pela anulaçãode negócios e, embora terminem o ano
praticamente com o mesmo número de
colaboradores, a Yunit sofreu alteraçõesem um terço da sua estrutura.
Ricardo Gonçalves Pereira não temdúvidas de que cada projeto exige hojeum esforço de vendas muito superior do
que há um ou dois anos, até porque a pre-disposição dos clientes para investirem é
bastante mais reduzida, dados os receios
quanto ao atual contexto económico.
Mas nada que desmoralize a equipa da
Yunit. Todos sabem que a forma de estar
e trabalhar tem de ser diferente. "Antes
pediam-nos que os ajudássemos a ope-racionalizar projetos para aumentar as
vendas, hoje querem sobretudo reduzircustos." A empresa sente que, para aju-dar os outros, foi retirada da sua zona de
conforto, tal como todas a grande maioriado tecido económico nacional, indepen-dentemente da área de atuação, no entan-to este desafio não é olhado como umadificuldade. "Estamos numa maratona e
sempre a sprintar. É de facto cansativo,
mas não nos podemos esquecer de que,no fim deste sprinl, convém não ter esgo-tado todas as energias e sacrificado algo
que nos impeça de chegar ao final, pois a
corrida continua."
Segundo o CEO, a lógica de modelos
de negócio abertos conta com o apoiototal dos três acionistas, com cada umdos grupos a ter responsáveis de acom-
panhamento do que é feito. "Desde quedemonstremos valor, CGD, BES e PT são
recetivos a cooperantes."
Projetar o futuro
Subjacente a cada uma das áreas está a
Yunit Serviços, responsável pela delinea-
ção da estratégia futura. E 2012 não será
muito diferente de 2011, com grande enfo-
que em fazer crescer os projetos lançadosrecentemente. "Estamos também a criarredes de agentes Yunit pelo país fora, emcada uma das áreas, numa tentativa de
descentralização do negócio em Lisboa
e no Porto", avança Ricardo GonçalvesPereira. Com os pés bem assentes na Ter-
ra, a empresa não tem grandes expectati-vas de resultados para os próximos meses,
que acredita serem de enrijecimento, comcontrolo de custos e fomento de criativi-dade. A internacionalização está, parajá, descartada a curto prazo, mas não a
possibilidade de alguns dos investimen-tos recentes se poderem tranformar em
spin-offs levando à criação de outras áreas
de negócios."Não é fácil ser diferenciador e inova-
dor, sobretudo trazendo um lastro de pre-juízos significativos, mas o balanço é até
agora muito positivo. É com orgulho queestamos a contribuir com a nossa quota
parte para criar valor para Portugal e paracriar uma mentalidade de gestão que não
esteja instalada", conclui. O
Esta iniciativa resulta de uma parceria entre a
EXAME e a Espírito Santo Ventures para divulgarcasos de sucesso e promover a inovação do
tecido empresarial português. As empresas foramescolhidas pela EXAME e pela Espirito Santo
Ventures de entre as várias participadas por esta.