Post on 21-Jul-2020
PREVENÇÃO DOS ACIDENTES E TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES EM CIRURGIA ORAL
VITOR PEREIRA RODRIGUES
Qual o melhor e mais fácil caminho para controlar uma complicação cirúrgica??
PREVENIR QUE A COMPLICAÇÃO OCORRA!!!
AS COMPLICAÇÕES, NA MAIORIA DOS CASOS, SÃO CAUSADAS POR ACIDENTES TRANS-OPERATÓRIOS
• Avaliação minuciosa (Anamnese completa + exame físico, exame de imagem e laboratorial (S/N*);
• Treinamento e execução CUIDADOSA do procedimento cirúrgico;
➢ PREVENÇÃO DAS COMPLICAÇÕES
MESMO COM PLANEJAMENTO E EXCELENTE TÉCNICA CIRÚRGICA COMPLICAÇÕES OCASIONALMENTE OCORREM!!!
COMPLICAÇÃO FREQUENTEMENTE PREVISÍVEL E QUASE SEMPRE
CONTROLÁVEL!!!
Hupp, 2009
Pós-operatório esperado X Complicação pós-operatória
X
ORIENTAR O PACIENTE: CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
E PÓS-OPERATÓRIO ESPERADO – DE FORMA CLARA, VERBAL E ESCRITA.
PÓS-OPERATÓRIO ESPERADO
• DOR LEVE/MODERADA BEM CONTROLADA COM ANALGÉSICOS DE AÇÃO PERIFÉRICA;
• EDEMA LEVE/MODERADO E LIMITAÇÃO DE ABERTURA BUCAL NAS PRIMEIRAS 24-72
HORAS;
• SANGRAMENTO DISCRETO NAS PRIMEIRAS 24-48 HORAS – BEM CONTROLADO COM
COMPRESSÃO com GAZE E ORIENTAÇÕES DE DIETA;
Miloro, 2008
• EQUIMOSE (MENOS COMUM) -> PACIENTE COM
PELE CLARA/IDOSOS (FRAGILIDADE CAPILAR);
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
• Lesão dos tecidos moles:
➢Laceração do retalho mucoso;
➢Esgarçamento e abrasão;
➢Lesões perfurantes;
Reposicionar e suturar cuidadosamente;Abrasões na mucosa -> higiene – clorexidina aquosa 0,12%;Abrasões na pele -> pomada ATB – evitar exposição solar
Apoio correto dos afastadores;Proteção dos tecidos ao usar a alta rotação;Acessos/retalhos de dimensões adequadas;
Hupp, 2009
• Acidentes/complicações durante a exodontia:
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
FRATURA DE DENTES/RESTAURAÇÕES/PRÓTESES ADJACENTES
LUXAÇÃO DO DENTE ADJACENTE
EXODONTIA DO DENTE ERRADO
MANOBRAS INTEMPESTIVAS;FORÇA EXCESSIVA;APOIO ERRADO DOS
ELEVADORES
FALTA DE ATENÇÃOABSURDO MAS ACONTECE!
Hupp, 2009
• Acidentes/complicações durante a exodontia:
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
FRATURA RADICULAR
•Um dos acidentes mais comuns;
• Tentativas agressivas e destrutivas para remover pequenos fragmentos em precárias posições podem ser mais danosas que benéficas;
• Raízes sem patologias deixadas no osso alveolar tem mostrado ficar no local sem complicações – raízes incorporam-se ao tecido ósseo,
• Acompanhamento radiográfico;
• Caso haja sinal de infecção – remoção se faz necessária; Hupp, 2009
SEGUIR CORRETAMENTE OS PRÍNCIPIOS DE
EXODONTIA;
OSTECTOMIAS E ODONTOSECÇÕES CORRETAMENTE;
USO CORRETO DOS ELEVADORES;
COMUNICAÇÕES BUCOSINUSAIS
• É resultante de um acidente cirúrgico,
comumente ocorre durante uma uma
exodontia.
• Relação entre os ápices dos dentes
posteriores e o assoalho do seio;
• Lesões periapicais;
PREVENÇÃO
• Observação cuidadosa e planejamento adequado da cirurgia;
• Avaliação de radiografias de boa qualidade, antes do início da cirurgia;
• Odontosecção na maioria dos casos previne possíveis comunicações.
Confirmar se houve comunicação?
*Sensibilidade tátil*
*inspeção visual*
? Manobra de Valsalva ?
MANEJO IMEDIATO DAS COMUNICAÇÕES BUCOSINUSAIS
Pequenas exposições/rompimentos da membrana sinusal
(sem doença sinusal ativa/aguda) *alvéolos preservados*
• Curetar PAREDES LATERAIS do alvéolo para estimular formação do coágulo e sutura oclusiva;
Antibióticoterapia + descongestionante nasal + ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS
• Acompanhamento periódico até que ocorra reparo
total do alvéolo!
Exposições/rompimentos MAIORES da membrana sinusal
E/OU alvéolo não preservado*
• Lançar mão de retalhos/técnicas para obtenção de fechamento primário sem tensão dos tecidos -> evitar que o
quadro evolua para formação de uma fístula oroantral e possíveis quadros de infecção sinusal!
Antibióticoterapia + descongestionante nasal + ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS
MANEJO IMEDIATO DAS COMUNICAÇÕES BUCOSINUSAIS
TÉCNICAS MAIS SIMPLES: RETALHO VESTIBULAR OU PALATINO
RETALHO VESTIBULAR
TRATAMENTO DAS COMUNICAÇÕES BUCO SINUSAIS
• Fechamento primário
• Retalho vestibular
• Retalho palatino
• Recomendações pós-operatórias importantes:
• 10 a 15 dias : espirrar com as boca aberta;
• Evitar de assoar o nariz e uso de canudo;
• Não Fumar;
• Evitar pressões entre o nariz e a boca;
• Antibiótico 10 a 14 dias:
• Antibiótico de amplo espectro;
• Amoxicilina + clavulanato (Clavulin);
FÍSTULAS BUCO SINUSAIS
• A sequela de uma comunicação buco-sinusal é a formação de uma fístula (comunicação de caráter crônico).
• Tratamento :• Técnicas para fechamento envolvendo mobilização e rotação de
retalhos de grandes retalhos de mucosa, para cobrir o defeito ósseo com tecidos moles, cujas margens são suturadas sobre osso intacto.
• Se existe doença no seio pode ser necessário remover o tecido alterado do seio maxilar utilizando a técnica de Caldwell-Luc na parede lateral do seio maxilar acima dos dentes remanescentes.
TÉCNICAS DE FECHAMENTO DE FÍSTULAS BUCO SINUSAIS
CORPO ADIPOSO – BOLA DE BICHAT
ATB TERAPIA +
LAVAGEM SINUSAL
COM SF 0,9% POR
10 DIAS
• Acidentes/complicações durante a exodontia:
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
Deslocamento de dentes
e/ou raízes
Uso de força excessiva;
Uso incorreto dos elevadores;
Mais comum de ocorrer com dentes
superiores posteriores
*SEIO MAXILAR*
Remoção imediata sempre que possível!
FOSSA PTERIGOPALATINA
ESPAÇO
BUCAL
FOSSA INFRATEMPORAL
• Acidentes/complicações durante a exodontia:
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
DENTES
INFERIORES
ESPAÇO SUBLINGUAL
ESPAÇO SUBMANDIBULAR
ESPAÇO
PTERIGOMANDIBULAR
ESPAÇO
PARAFARÍNGEO
• Remoção:- Imediato (se possível);- Segundo tempo cirúrgico (fibrose) – localização tridimensional (TC);*Proservar/acompanhar -> trauma cirúrgico para remoçãonão se justifique -> assintomáticos -> acompanhamento à longo prazo!!
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢* Trismo:
• Ocorre pela resposta inflamatória ao procedimento;
• Ligamento pterigomandibular;
• Músculos masseter e bucinador;
• Cirurgia traumática;
• Início 2º dia -> regressão espontânea na 1ª semana;
Hupp, 2009
SABER DIFERENCIAR O TRISMO (TRAUMA OPERATÓRIO) E ASSOCIADO À INFECÇÕES
PÓS-OPERATÓRIAS
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢ Infecção pós-operatória:
• Índice baixo – 1,7 a 2,7 %;
• 50% são localizadas (maior parte dos casos ocorrem após a 2ª semana de pós-operatório):
- ex. abscessos sub-periósticos;- resíduos (osso/tecido inflamatório/granulação) sob o retalho;- tratadas com drenagem, debridamento local e ATB terapia V.O.;
Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢ Infecção pós-operatória:
• Outros 50% podem ser mais significantes;
• Infecção pode se disseminar para espaços fasciaisprimários, secundários e cervicais*;
• Tratamento: Hospitalização -> exames de imagem mais acurados (TC de face) -> cirurgia/drenagem agressiva, antibioticoterapia EV;
Hupp, 2009
• Pacientes imuno-comprometidos (mas também ocorre em pacientes hígidos);
• Quadros pré-existentes de pericoronarite aguda (exodontia contra-indicada);
• Instrumental contaminado/não esterilizado;
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢ Osteomielite:
• Complicação rara (grande maioria dos casos ocorre namandíbula);
• Inoculação de bactérias nos ossos maxilares – terapiaendodôntica, exodontias e fraturas;
• Características: dor, edema, febre, parestesia, trismo, mal-estar, fístula.
• Mais comum em pacientes imuno-comprometidos;
Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢Osteíte alveolar/alveolíte seca:
• Incidência – 3 a 25%;
• Lise/degradação do coágulo antes que ele seja substituído por tecido de granulação;
• Fibrinólise ocorre entre 3 º e 4º dia de pós – operatório;
• Dor intensa, mau odor, exposição óssea alveolar;
• Fonte dos agentes fibrinolíticos (sangue, saliva ou bactéria);
• ATB após exodontia de 3º’s impactados - reduz índice em 50 a 75%;
Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢ Osteíte alveolar/alveolite seca:
• Fatores associados: • tabagismo;• uso de contraceptivos;• pacientes com idade avançada;• trauma cirúrgico excessivo;• má higiene;• pericoronarite prévia;
• Tratamento:
• irrigação farta com SF 0,9%;• ATB terapia;• curetagem não é consenso na literatura;• aplicação de ATB local/curativos a base de eugenol;
Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢ Fratura de instrumentos:
• Brocas – fadiga do material, irrigação inadequada;- broca pode soltar-se da alta rotação;- * risco de aspiração/deslocamento para espaços
fasciais;
• Elevadores/fórceps: força excessiva nos movimentos de luxação;
➢ Fratura do processo alveolar/túber:
• odontosecção e ostectomia insuficientes/incorretas;• força excessiva;
Verificar a hemostasia
Realizar sutura oclusiva por primeira intenção -> comunicações bucosinusais
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢ Fratura de mandíbula:
• Alling, C.C. et. al, 1993 – 0,0075%;• Lisbersa, P. et. al, 2002 - 0,0049%;• Perry, P.A. et. al, 2000- 0,0046%;
• Pacientes com mais de 40 anos, com dentição completa;• Mandíbulas atróficas, manobras intempestivas, força excessiva;
• Fraturas imediatas (trans–operatória) 1/3 dos casos;• Fraturas tardias são mais comuns;
• Tratamento: redução e contenção da fratura (imediata se possível);• Bloqueio maxilo-mandibular por 45 a 60 dias (fraturas sem grandes deslocamento**);
• Redução aberta e fixação interna rígida;
• HEMORRAGIA trans e pós-operatóriA:
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
• Boa técnica cirúrgica;
• Evitar lacerações nos retalhos;
•Compressão com gaze – meio mais efetivos de hemostasia no pós-operatório;
• * Pacientes que possuam coagulopatias congênitas ou adquiridas – extensa preparação eplanejamento (COAGULOGRAMA/INR, reposição de fatores, consulta hematológica).
IDENTIFICAR NO TRANS-OPERATÓRIO A FONTE DO SANGRAMENTO (ARTERIAL/VENOSO/TECIDO ÓSSEO/MOLE);
COMPRESSÃO COM GAZE*HEMOSTÁTICOS -> ESPONJA DE COLÁGENO, GELFOAN, CERA PARA OSSO,
EM HIPÓTESE ALGUMA FINALIZAR A CIRURGIA ANTES DE ATINGIDA HEMOSTASIA TRANS-OP;
REAVALIAR O PACIENTE ANTES DE LIBERÁ-LO!
• realizar cirurgias que estejam dentro das limitações de suas habilidades;
• ter em mente que recomendar um especialista é uma opção que deve ser sempre
exercida se o plano cirúrgico estiver além de sua própria habilidade;
• Em algumas situações não é apenas uma obrigação moral, mas também uma prudente
administração do risco legal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
vitorprodrigues@usp.br
@vitorprodrigues
www.burimrodrigues.com.br