Promotoria de Justiça de Combate a Violência Doméstica e ......e Familiar contra a Mulher....

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•Promotoria de Justiça de Combate a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Salvador-Bahia.•MÍDIA E VIOLÊNCIA SIMBÓLICA CONTRA AS MULHERES

O discurso publicitário para representar homens e mulheres, utiliza padrões, capazes de significar os contextos desejados de forma a torná-los compreensivos e consumíveis. Dessa maneira, as propagandas vendem estilos de vida, sentimentos, visões de mundo, fazendo com que, mesmo que não compremos os seus produtos, estamos consumindo e reproduzindo os seus discursos.

Por décadas a mídia limitou a mulher ao papel da dona de casa

Cujo ideal de vida era casar e ter muitos filhos (e muitos eletrodomésticos!)

Ensinando suas filhas as tarefas do lar, para que arranjassem um marido e

pudessem servi-lo

Deveriam manter a aparência impecável para o Marido

E sempre submissa

Mas não só as propagandas engessavam as mulheres nesses estereótipos. As revistas femininas o faziam de forma muito mais contundente

Jornal das Moças, 1955:“A esposa deve vestir-se depois de casada com a mesma elegância de solteira, pois é preciso lembrar-se de que a caça já foi feita, mas é preciso mantê-la bem presa.”

“ Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas”

''É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido.”

Jornal das Moças, 1958:

“Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite, espere-o linda, cheirosa e dócil”

Jornal das Moças, 1959:

“A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas”

Revista Querida, 1955:

“O lugar de mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza”.

E as revistas de hoje impõem:

A mídia, por estar presente no cotidiano das pessoas, contribui para a formação do senso comum.98% dos lares brasileiros possuem televisão. Há mais TVs do que geladeiras.

A Mídia nos diz que

mulher é burra, e

incapaz de operações complexas

Fúteis e interesseiras

E se ela se comportar mal, apanha em horário nobre e o agressor é aplaudido por milhões de

espectadores.

“A violência simbólica é suave, insensível, invisível às suas próprias vítimas, e se

exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da

comunicação e do conhecimento.”

92% das mulheres brasileiras não estão totalmente satisfeitas com

seus corpos

O Brasil é o campeão mundial em cirurgias plásticas

A violência simbólica está tão assimilada pela sociedade, que até mesmo propagandas que naturalizam ou estimulam o estupro, são produzidas para vender produtos

Mas nada é tão ruim que não possa piorar...

A MULHER NA PROPAGANDA DE CERVEJA

E o que dizer da violência simbólica

contras as meninas que são precocemente

erotizadas?

LEI MARIA DA PENHA Art. 8o  A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:(...) III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;

REALIDADE: tudo quanto vimos aqui e muito mais...

Se a comunicação é efetivamente um direito humano, e se temos todos constitucionalmente direito a ela, é hora de darmos um salto e incluí-la enquanto demanda em nosso cardápio de lutas. (Rachel Moreno)

OBRIGADA!!!

Sara Gama Sampaiosara@mpba.gov.brTel (71) 3328-1551