Rainha de todos os Santos A oitava das doze invocações de Maria como “Rainha” saúda a Mãe de...

Post on 21-Apr-2015

124 views 3 download

Transcript of Rainha de todos os Santos A oitava das doze invocações de Maria como “Rainha” saúda a Mãe de...

Rainha de todos os Santos

A oitava das doze invocações de Maria como “Rainha” saúda a Mãe de Deus como “Rainha de todos os Santos”, em latim Regina Sanctorum omnium. Após os apóstolos, mártires, os confessores da fé e as virgens, chegamos a todos os que viveram uma vida exemplar de

configuração a Cristo: os santos.

Santidade é isso: “amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, viver como Jesus viveu, sentir o que Jesus sentia, sorrir como Jesus sorria!” (Pe. Zezinho, scj). É poder repetir as

palavras do apóstolo Paulo: “Já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).

Com Maria não foi diferente. Em sua vida de santidade ela foi se tornando cada vez mais parecida com seu filho. É um caso único. Normalmente os filhos é que nascem parecidos com a mãe. Príncipes são os filhos das rainhas. Mas Jesus não herdou sua realeza de Maria. Ela é

que se tornou rainha por ter sido a mãe do Rei dos reis.

Canta-se por aí que Jesus é o “Filho da Rainha”. Fico me perguntando por que a Igreja não utilizou este título em 2.000 anos de história. Pessoalmente não o utilizaria e se corrigisse a

canção sugeriria a mudança para “o Filho de Maria”. Mas não acho que exista um erro teológico na expressão e nem mesmo uma heresia.

Somente não é usual, é impreciso e pode exagerar o valor de Maria diante do primado do Filho, que é Rei. As metáforas próprias da expressão poética sempre escondem alguma

imprecisão, e talvez seja isso que lhes dê a capacidade de revelar algo a mais do Mistério, muitas vezes inacessível à reflexão teológica. A liturgia é repleta de metáforas. Os salmos

exageram nas comparações.

Não podemos negar que Maria é chamada de Rainha em toda a Tradição da Igreja. No tempo Pascal rezamos o Regina Coeli. No final do Rosário rezamos a Salve Rainha. A ladainha

mariana exagera no reinado de Maria, chamando-a até de Rainha dos Apóstolos (Regina Apostolorum). Temos até mesmo uma esclarecedora Encíclica de Pio XII (1954), sobre a realeza

de Maria.

A encíclica se reporta a Maria como rainha com expressões como: Mãe do Rei divino, bem-aventurada rainha virgem Maria, Mãe do céu, Mãe do meu Senhor”, “mãe do Rei”, a mãe do

Rei, Virgem augusta e protetora, rainha e senhora, Mãe do Rei de todo o universo”, “Mãe virgem, [que] deu à luz o Rei do todo o mundo”, senhora,

“dominadora” e “rainha”, “Senhora dos mortais, santíssima Mãe de Deus, rainha do gênero humano, “Senhora de todos aqueles que habitam a terra”, “rainha, protetora e senhora”,

senhora de todas as criaturas “ditosa rainha”, “rainha eterna junto do Filho Rei”, rainha de todas as coisas criadas, rainha do mundo e senhora do universo Mãe e Rainha, Mãe do Rei

dos reis etc.

Todos estes títulos apenas encontram justificativa na íntima união entre Maria e seu Filho Jesus, no horizonte da doutrina da recapitulação já delineada por Santo Irineu no século II. É por isso que Pio XII afirma de modo bastante claro: “É certo que no sentido pleno, próprio e

absoluto, somente Jesus Cristo, Deus e homem, é rei; mas também Maria – de maneira limitada e analógica, como Mãe de Cristo Deus e como associada à obra do divino Redentor, à

sua luta contra os inimigos e ao triunfo deles obtido participa da dignidade real.

De fato, dessa união com Cristo-Rei deriva para ela tão esplendente sublimidade, que supera a excelência de todas as coisas criadas: dessa mesma união com Cristo nasce aquele poder real, pelo qual ela pode dispensar os tesouros do reino do Redentor divino; finalmente, da mesma

união com Cristo se origina a inexaurível eficácia da sua intercessão junto do Filho e do Pai” (nº 37).

Recordo que quando era criança, em Brusque, a todos que perguntavam quem eu era, respondia: “O filho da Dona Glória”. Hoje minha mãe costuma ter que se apresentar dizendo

que é a mãe do Padre Joãozinho. Mas realmente existe alguma diferença? Rainha de todos os Santos, rogai por nós!

Texto – Pe. Joãozinho – Música – Ave Maristela E. Grieg – Imagens – GoogleFormatação – Altair Castro