Post on 27-Dec-2018
O USO DAS TICS PARA PROMOVER A INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL
DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS – PNE’S
Elisa Tomoe Moriya Schlünzenelisa@prudente.unesp.br
Flávia dos Santos Silvaflaviasansi@terra.com.br
Klaus Schlünzen Juniorklaus@prudente.unesp.br
Flaviana dos Santos Silvaflaviana.dos@terra.com.br
Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT/UNESP
Rua Roberto Simonsen, 305
190060-900
Presidente Prudente – SP –Brasil
RESUMO
Este trabalho visa descobrir metodologias de ensino-aprendizagem para promover a Inclusão
Digital e Social de 16 Pessoas com Necessidades Especiais – PNE’s–, (das quais são surda,
atraso cognitivo, trissomia no 14p e no 21p e paralisia cerebral), articulando o uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs –, tendo como estratégia o desenvolvimento
de projetos, segundo a abordagem Construcionista, Contextualizada e Significativa – CCS. Para
tanto, foi criado o “Ambiente Potencializador para a Inclusão” – API –, instalado em um
laboratório Pedagógico de Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT/UNESP de
Presidente Prudente/SP. Cabe salientar que, com os resultados obtidos, adquirimos uma nova
perspectiva de nossos alunos serem incluídos, uma vez que a aprendizagem significativa permite
aflorar habilidades.
Palavras Chaves: Inclusão Digital e Social, Tecnologia de Informação e Comunicação – TICs –, Abordagem
Construcionista, Contextualizada e Significativa – CCS –, Desenvolvimento de Projetos.
Área Temática: BLOCO III. COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA PARA TODOS
O USO DAS TICS PARA PROMOVER A INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL
DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS – PNE’S
RESUMO
Este trabalho visa descobrir metodologias de ensino-aprendizagem para promover a Inclusão
Digital e Social de 16 Pessoas com Necessidades Especiais – PNE’s–, (das quais são surda,
atraso cognitivo, trissomia no 14p e no 21p e paralisia cerebral), articulando o uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs –, tendo como estratégia o desenvolvimento
de projetos, segundo a abordagem Construcionista, Contextualizada e Significativa – CCS. Para
tanto, foi criado o “Ambiente Potencializador para a Inclusão” – API –, instalado em um
laboratório Pedagógico de Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT/UNESP de
Presidente Prudente/SP. Cabe salientar que, com os resultados obtidos, adquirimos uma nova
perspectiva de nossos alunos serem incluídos, uma vez que a aprendizagem significativa permite
aflorar habilidades.
Palavras Chaves: Inclusão Digital e Social, Tecnologia de Informação e Comunicação – TICs –, Abordagem
Construcionista, Contextualizada e Significativa – CCS –, Desenvolvimento de Projetos.
Área Temática: BLOCO III. COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA PARA TODOS
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, tem se notado uma constante preocupação das autoridades
governamentais e Educadores em relação à situação dos PNE’s na sociedade, no sentido de terem
as mesmas oportunidades de pessoas consideradas normais, e de exercerem seu papel de cidadão
comum, além de se relacionar e se desenvolver em sua totalidade independente de suas
limitações e/ou dificuldades.
Neste sentido, a participação dos PNE’s nos diferentes setores da sociedade, vem sendo
acompanhada de questionamentos e desafios, pois grande parte da população não foi preparada
para recebê-los, deixando de adquirir estratégias para amenizar e solucionar o quadro de
exclusão que se encontra as PNE’s nos dias de hoje.
Portanto, para que esse quadro seja revertido, acreditamos que deve existir uma parceira
entre os profissionais da Educação e a comunidade em geral, para que juntos descubram
caminhos e estratégias para motivar e garantir a participação das PNE’s na sociedade, não
expondo suas limitações, mas valorizando e acreditando em suas potencialidades e habilidades,
considerando seus desejos mais profundos, promovendo assim, a Inclusão Digital e Social1.
De acordo com [Mantoan 2000] a
Inclusão não é simplesmente inserir uma pessoa na sua comunidade e nos ambientes destinados a sua educação, saúde, lazer, trabalho. Incluir, implica em acolher a todos os membros de um dado grupo, independente de suas peculiaridades; é considerar que as pessoas são seres únicos diferentes uns dos outros, e, portanto, sem condições de serem categorizadas. Já é tempo de reconhecermos que todos estamos juntos e nascemos neste mundo, e que por isso não podemos excluir ninguém e nem mesmo convidar a que se aproximem os que estão à margem, pelos mais diferentes motivos entre os quais as incapacidades físicas, intelectuais sensoriais, sociais.
O descontentamento com a situação de passividade vivênciada pelas PNE’s, fez com que
refletíssemos sobre a nossa prática pedagógica e buscássemos elaborar estratégias na criação de
um ambiente Construcionista, Contextualizado e Significativo - CCS2 de aprendizagem para
promover a Inclusão Digital e Social de 16 PNE’s, usando como estratégia o desenvolvimento de
projetos e as TICs como ferramenta. Nossos alunos tinham diferentes patologias, tais como:
Atraso Cognitivo, Necessidade Auditiva, Paralisia Cerebral e Trissomia no 14p e 21p.
1 - A “Inclusão Social é o processo pelo qual a sociedade e o PNE’s procuram adaptar-se mutuamente tendo em vista a equiparação de oportunidades e, conseqüentemente, uma sociedade para todos” [Gil 2002].
- Inclusão Digital é o “direito de acesso ao mundo digital para o desenvolvimento intelectual (educação, geração de conhecimento, participação e criação) e para o desenvolvimento de capacidade técnica e operacional” [Sampaio 2001].
2 Construcionista porque o aluno usa o computador como uma ferramenta para produzir um produto palpável na construção do seu conhecimento e que é de seu interesse [Valente 1997].Contextualizado porque o tema do projeto parte do contexto da criança, desenvolvendo-se a partir da vivência dos alunos, relacionando-o com a sua realidade; [Schlünzen 2000].Significativo por dois motivos: primeiro no desenvolvimento do projeto, os alunos irão se deparando com os conceitos das disciplinas curriculares e o professor mediará a formalização dos conceitos, para que o aluno consiga dar significado ao que está sendo aprendido; segundo, porque cada aluno atuará conforme as suas habilidades e o seu interesse, resolvendo o problema de acordo com aquilo que mais se identifica. [Schlünzen 2000]
Desta forma, surgiu uma grande preocupação do grupo em criar um Ambiente
Potencializador para a Inclusão – API –, em continuidade a pesquisa desenvolvida por [Portela
2001] no laboratório Pedagógico de Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT–
UNESP de Presidente Prudente/SP, tendo como entidade financiadora a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP – durante o ano de 2001, com o intuito de usar o
computador como instrumento potencializador de habilidades no processo de inclusão de uma
aluna de 31 anos com Paralisia Cerebral.
No ano de 2002, o API iniciou um trabalho de pesquisa que contou com a participação de
9 (nove) voluntários, dentre eles, alunas do curso de Pedagogia e Licenciatura em Matemática, e
duas alunas do programa de Mestrado em Educação da própria Instituição. Para um maior
enriquecimento do grupo, tanto na prática como na teoria, nos momentos de reflexão, tivemos
como parceiros 3 profissionais de uma instituição filantrópica da Associação de
Desenvolvimento de Crianças Limitada – Lúmen et Fides.
Neste trabalho, tínhamos como principal objetivo buscar estratégias para promover a
Inclusão Digital e Social de nossos alunos. Para tanto, buscávamos descobrir os projetos mais
íntimos para aflorar os interesses, sonhos e desejos dos alunos, considerando seus valores e
importantes experiências de vida. Nesse sentido, articulamos o uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação – TICs como um meio para potencializar as habilidades de cada
aluno.
Segundo [Almeida 2002], as TICs:
São utilizadas para expandir o acesso a informação atualizada e principalmente para promover a criação de ambientes de aprendizagem que privilegiem a construção de redes de conhecimento e comunicação, cuja tecitura é favorecida pelo desenvolvimento de projetos para compreender e resolver problemas.
Logo, com o novo fazer para o processo de ensino-aprendizagem, com o uso das TICs,
materiais pedagógicos, diálogos, passeios e confraternizações com o grupo percebemos seus
avanços, uma vez as atividades propostas eram enfocadas de acordo com o seu interesse. Com
esta nova prática, foi possível ultrapassar barreiras, descobrindo talentos e tendências naturais, de
forma que as necessidades específicas não fossem evidenciadas, propiciando uma mistura de
talentos e histórias individuais e coletivas, fazendo com que caminhássemos cada vez mais em
direção de nossa intenção de nos apoiarmos mutuamente.
Assim, neste artigo faremos uma breve descrição das PNE’s inseridas no API, transpondo
seus desejos e expectativas, dos projetos desenvolvidos e dos softwares utilizados durante a
realização das atividades. Além disso, relataremos os principais resultados alcançados e os
avanços dos alunos em seu processo de aprender, ressaltando um uso adequado de tecnologia no
processo educacional, uma vez que é necessário envolver os aspectos técnicos e pedagógicos.
2. DESCRIÇÃO DAS PNE’S E DOS PROJETOS DESENVOLVIDOS NO API
A seguir faremos uma breve descrição das 16 PNE’s de acordo com a patologia
apresentadas por elas e suas principais áreas de interesse e os projetos desenvolvidos no API,
para que se compreenda o porque de determinados projetos desenvolvidos:
O aluno P.A.(06), o aluno W.(16), o aluno R.I.(20) e o aluno O.(26) portadores de atraso
cognitivo. O aluno P.A. demonstra grande interesse em atividades lúdicas, pinturas, músicas,
etc. O aluno W. além de pesquisar e participar de chats na Internet sente satisfação em ouvir
músicas, especificamente das bandas de rock Raimundos e Rodox. O aluno R.I. gosta de
futebol e de fórmula 1, além de jogos interativos. Finalmente, o aluno O. mostra interesse por
músicas sertanejas e equitação.
O aluno P.(17) e o aluno A.N. (17) portadores de necessidade auditiva. O aluno P., em
específico, apresentava interesse por carros, pela banda de rock Nirvana e futebol, além de
fazer pesquisas na Internet. O aluno A.N. gosta de jogar na Internet.
A aluna C.(16), a aluna D. (18), o aluno A.(21), a aluna M.(28), a aluna R.(31) e a aluna G.
(33) portadores de paralisia cerebral. A aluna C. manifesta interesse e alegria em freqüentar
chats na Internet, e ouvir músicas do grupo KLB. A aluna D. gosta de jogos, de fazer
pesquisas na Internet e das músicas do cantor Mauricio Manieri. O aluno A., além de gostar
de futebol e torcer para o time do São Paulo, faz pesquisa na Internet sobre a dançarina
Sheylla Carvalho. A aluna M. demonstra grande interesse pela escrita, e por assuntos
voltados para a sua religião. A aluna R., gosta de musicas da cantora de rock Rita Lee, de
fazer pesquisa na Internet e veicular e-mails para amigos e parentes. A aluna G. sente grande
satisfação pela escrita, na participação de cursos à distância e assuntos voltados para a
Psicologia, curso que não pode e freqüentar devido a sua patologia e pelo seu poder
aquisitivo.
A aluna R.O.(06), a aluna G.A.(11), a aluna C.A.(20), e o aluno L.(30) portadores de
trissomia no 14p (C.A.) e no 21p. A aluna R.O. empenha-se na realização de atividades
lúdicas incluindo danças e pinturas. A aluna G.A. gosta de músicas do cantor Daniel e do ator
Henri Castelli da novela Malhação. A aluna C.A. sente atração por músicas de diversos
artistas e por atividades lúdicas que explorem expressão corporal. O aluno L. demonstra
interesse pelo herói japonês “Jaspion”, além de disso, adora novelas.
Assim sendo, levando em consideração os interesses dos alunos descritos acima, no
decorrer do ano de 2002, realizamos diferentes projetos no API, tais como: “Projeto Rádio
Virtual,“Auto-biografia”, “Home-page”, nos apropriando das TICs para criar o ambiente CCS. A
seguir, faremos uma breve descrição dos projetos desenvolvidos.
Projeto “Radio Virtual”;
Esse projeto nasceu devido ao grande interesse por músicas demonstrado pela maioria
dos alunos. A partir de então, foi proposta a criação de rádios virtuais. Com este projeto, usando
como ferramenta à rede Internet, por meio do portal www.usinadosom.com.br3, tínhamos a
intenção de descobrir mais sobre a personalidade de cada um, de desenvolver sua autonomia e
diferentes formas de expressão corporal e ainda, propiciar o desenvolvimento maior na leitura e
na escrita.
Assim sendo, a aluna R. criou a rádio “Comercial-R.”, inserindo músicas da cantora
brasileira Rita Lee; o aluno P.A. criou a rádio “Augusto”, com músicas da cantora Xuxa e temas
de novelas atuais; a rádio da aluna C. recebeu o nome de “Sempre Amigos”, com músicas de
vários estilos e que são indispensáveis em todas as aulas; P. criou a rádio “P. Mascavo”, com
músicas do Nirvana, Pato Fu e Raimundos; a rádio “G.” foi criada pela aluna G. e engloba
músicas de Cássia Eller e Djavan; R.I. criou a rádio “Rubinho” em função do piloto de Fórmula
1, sendo este esporte uma paixão do aluno.
Dentre os vários resultados obtidos com este projeto, o mas marcante foi quando o aluno
P., criou seu caminho istrópico4 para ouvir as músicas de sua rádio, conforme ilustra a figuras1 e
a figura 2 é visualização de sua rádio.
Figura 1. Mostra o aluno P. “ouvindo” sua rádio. Figura 2. Visualização da rádio virtual do aluno P.
3 Com este portal o usuário tem a possibilidade de criar uma ou várias rádios virtuais, nomeando – a , e colocando músicas de artistas de sua preferência, uma vez que a navegação é facilitada por links e explicações encontradas na página.4 [Vygotsky 1993 apud Schlünzen 2000] afirma que as PNE’s tem seus próprios caminhos para processar o mundo. Para o autor a dificuldade de individuo faz com que ele se desenvolva por meio de um processo criativo (físico e psicológico) definindo-os como caminhos isotrópicos, ou seja, as PNE’S encontram seus caminhos por rotas próprias e diferentes.
Logo, com a realização desse projeto, percebemos que os alunos sentiram alegria e
motivação ao ouvir as músicas de uma rádio que foi criada com autoria própria, evidenciando
assim, os benefícios trazidos pela música, como afirma [Bueno 2002] a
“música envolve os alunos, serve de motivação, estimula diferentes áreas do cérebro, aumenta a sensibilidade, a criatividade, a capacidade de concentração e fixação de dados.”
Projeto “Home Page”;
A nossa prioridade nesse projeto era o de desenvolver a escrita e a leitura, pois os alunos
tornaram-se pesquisadores, editores e criadores de seus textos, uma vez que eles teriam que
definir um tema, relacionar e especificar o conteúdo que nele seria colocado. Os temas
escolhidos foram diversificados e de acordo com a área de interesse de cada um. Assim, o aluno
P. escolheu como título de sua página “Automóveis”, a aluna D. os “Pontos turísticos da cidade”
e a aluna R. criou sua “Página Pessoal” conforme mostra a Figura 3 e a Figura 4, fortalecendo
assim, a idéia de aprendizagem por projetos.
Figura 3. A aluna R. construindo sua “Página Figura 4.Página Inicial do seu site Pessoal” ww.ritasousa.kit.net.
Ao verem o seu nome na Internet e a possibilidade de divulgar os seus trabalhos e
pesquisas, os alunos sentiram-se motivados e estimulados, gerando assim, o auto-conhecimento e
um encontro com sua auto-imagem, possibilitando-lhes a descoberta de suas habilidades e
potencialidades.
Projeto Auto Biografia;
Para a realização desse projeto usamos como ferramenta o software Word. Nele tínhamos
como objetivo principal de fazer com que os alunos transcrevessem suas histórias, experiências
de vida e fatos que marcaram sua trajetória de vida, aproximando-nos de cada um deles, podendo
assim, conhecê-los melhor e diagnosticar os seus desejos e expectativas.
A aluna G. demonstrou grande interesse em escrever sua auto-biografia intitulada como
“Orgulho de uma Vida”, ilustrado logo a seguir na figura 4. Com este projeto a aluna pode ter
uma nova perspectiva de seu potencial e acreditar que era capaz de produzir algo que partiu de
seu interesse e vida pessoal, uma vez que inicialmente havia perdido sua auto-estima ao
abandonar o curso de graduação em Psicologia em uma Universidade por suas condições físicas
e financeira.
Figura 4. Mostra a capa da Auto-Biografia produzida pela aluna G.
Logo, o uso dessa ferramenta possibilitou-nos a utilização da escrita para descrever/reelaborar
idéias, comunicar, trocar experiências, e produzir histórias. Assim, em busca de resolver
problemas do próprio contexto, cada aluno representou e divulgou seu próprio pensamento,
trocando informações e construindo conhecimento, num movimento de fazer, refletir, e refazer,
favorecendo o desenvolvimento pessoal, profissional e grupal, bem como a compreensão da
realidade como destaca [Almeida 2001]. Além dos projetos descritos acima, vale salientar que
foram realizadas atividades lúdicas, em grupo, participação em cursos a distância,
confraternizações e passeios que visavam melhorar a Inclusão Social das PNE’s.
3. RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização deste trabalho, percebemos que o uso das TICs no processo de ensino-
aprendizagem foi uma ferramenta que potencializou as habilidades e favoreceu a construção de
amplos conhecimentos nas mais diversas áreas do saber. No decorrer de nossas vivencias
verificamos que o uso das mídias digitais facilitou a produção, expressão, criação e
comunicação. Cada software, aplicativo ou ferramenta foi usado para aproveitar as
possibilidades que eles ofereciam e de acordo com a necessidade e desejo de cada um, sendo um
meio de construção e não um fim, ou seja, o ensino de conteúdos de Informática, como ocorre
normalmente.Além disso, descobríamos nossos alunos cada vez mais como pessoas capazes, não
evidenciando suas limitações e/ou necessidades, tornando-os seres de seu próprio processo de
aprender.
No decorres deste período, o uso das TICs permitiu a criação de um ambiente
verdadeiramente de Inclusivo, pois os alunos por meio das atividades desenvolvidas adquiriram
uma nova perspectiva de serem inseridos na sociedade, na escola, e no mercado de trabalho,
além de reconhecerem suas habilidades mais profundas, tendo uma formação integradora. Esses
fatos foram evidenciados na medida em que cada um sentiu-se capaz para construir algo, que na
maioria das vezes, partiu do interesse de cada um. Tudo isso contribuiu para aumentar a auto-
estima de nossos alunos especiais, modificando assim, a maneira de ser, agir, pensar, se
comunicar e de mudar sua relação com familiares e amigos.
Assim, o contato com o mundo virtual permitiu que fossem resgatado a afetividade e a
cordialidade, uma vez que ao se comunicarem virtualmente com o outras pessoas, por meio do
chat’s e e-mails, descobriram que são vistos e aceitos, como pessoas que possuem ideais, sonhos
e desejos como qualquer outro ser humano. Além disso, esses encontros virtuais favoreceram o
crescimento intelectual, sendo que, teriam que depurar e transpor de maneira clara suas idéias
para que fossem compreendidos, ocorrendo uma troca constante de vivências e valores
aumentando o laço de afinidades entre eles.
Um fato marcante dessa troca, foi quando a aluna C. totalmente comprometida, pois
move apenas o seu polegar direito, em um dos chat’s, teve oportunidade de comunicar-se com 8
(oito) rapazes, que ficaram encantados com sua maneira de pensar e de expor suas idéias,
podendo assim ser conhecida pelo seu interior, sem que a sua aparência fosse um empecilho para
que outras pessoas se aproximassem ou a vissem de maneira natural.
Com a realização deste trabalho, acreditamos que a Inclusão Digital proporcionou uma
mudança na vida pessoal e social de cada um, permitindo que revejam e assumam novas posturas
para atuarem na sociedade, deixando de levar uma vida de passividade e dependência, tornando-
se pessoas autônomas e admiradas, uma vez que todos pudemos conhece-los melhor.
Logo, com os resultados obtidos neste trabalho acreditamos que a metodologia adotada
está possibilitando elaborar estratégias para que a Inclusão Digital e Social dos alunos além, de
uma aprendizagem contextualizada, significativa e prazerosa a partir dos sonhos e dos desejos
dos alunos, o que corresponde às metas propostas.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, M. E. B.(2002) “Desafios à Educação: o trabalho com Projetos”. In: Educação,
Projetos, Tecnologia e Conhecimento. Capitulo 04. 1ª Edição. São Paulo: PROEM.
_______, M. E. B. (2001) “Tecnologia de Informação e Comunicação na Escola: Aprendizagem e Produção da Escrita”. In: Boletim do Salto Para o Futuro, TV Escola.Bueno, C. (2002) “A Função Social da Música”,
http://www.trombeta.cafemusic.com.br/trombeta.cfm?códigomatéria1160, Fevereiro.
Gil, M.(2002) “O que é inclusão Social”, http://www.tvebrasil.com.br/salto/ede/edetxt1.htm,
Fevereiro.
Sampaio, J. (2001) “O que é Inclusão Digital”,
http://dbsrv01.pol.inf.br/polserver/root/setor00/inclusaodigital/, Maio.
Mantoan, M.T.E. (2000) “O verde não é o azul listado de amarelo: considerações sobre o uso
da tecnologia na Educação/Reabilitação de pessoas com deficiência”. In: Espaço: Informativo
Técnico-cientifico do INES, nº13, Jan. - Jun, Rio de Janeiro: INES.
Portela, R. S. & Schlünzen, E. T. M. “A inclusão do Portador de Necessidades Educativas
Especiais no cotidiano escolar”. Relatório FAPESP, Presidente Prudente/SP, p. 8-30, 2001.
Schlünzen, E. T. M. (2000) “Mudanças nas Práticas Pedagógicas do Professor: Criando um
Ambiente Construcionista, Contextualizado e Significativo para Crianças com Necessidades
Especiais Físicas”. 240 f. Tese (Doutorado em Educação: Currículo), PUC – São Paulo.
Valente, J. A. (1997) “Informática na Educação: Instrucionismo X Construcionismo”.
Manuscrito não publicado, Núcleo de Informática Aplicada a Educação – NIED – Universidade
Estadual de Campinas – Unicamp.